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Como gerir o meu dinheiro?

Workshop de finanças pessoais

Davide Morais Pires


2023
Índice
Introdução.............................................................................................................................................3
1. Gestão do dia-a-dia..........................................................................................................................3
1.1 As pequenas despesas................................................................................................................3
Quanto custa um café?................................................................................................................3
Quando a sorte (não) bate à porta...............................................................................................3
1.2 Orçamento doméstico................................................................................................................4
1.3 Método de envelopes.................................................................................................................5
1.4 Como definir objetivos? Seja SMART!.....................................................................................5
2. Poupança: pague-se a si mesmo primeiro!.......................................................................................6
3. Conclusão.........................................................................................................................................7
Referências bibliográficas...................................................................................................................9
Anexos................................................................................................................................................10
Introdução
Desde a última crise financeira que a preocupação com as finanças pessoais tem sido mais
expressiva, em virtude dos constrangimentos económicos provocados pela pandemia e pelo
agravamento da inflação provocada pela Guerra da Ucrânia. Não obstante, a correta gestão das
finanças pessoais permite conhecer os hábitos de consumo individual, estabelecer objetivos
pessoais, encontrando a melhor forma de os alcançar e criar o hábito da poupança (financeira e não
só).
Existem várias publicações sobre este tema, demonstrando a sua importância, contudo não está
integrado em currículos escolares, nos quais se poderia incrementar a literacia financeira. Este
workshop tem por objetivos:
• introduzir temas relacionados com a gestão de fundos, nomeadamente, entradas e saídas,
utilizando o orçamento mensal;
• introduzir o método de gestão por envelopes, permitindo uma gestão eficaz das
despesas/categorias identificadas no orçamento;
• dar a conhecer o método SMART de elaboração de objetivos;
• dar a conhecer produtos simples de aforro.

1. Gestão do dia-a-dia
Quando abordamos o assunto das finanças pessoais, é necessário ter uma compreensão de que
existem três fases diferentes: curto-prazo, médio-prazo e longo-prazo. Para cada um destes
momentos existem objetivos e instrumentos diferentes que mobilizamos com o objetivo de realizar
os objetivos definidos. Contudo, uma das formas de organizarmos a nossa situação financeira
começa com o presente, nomeadamente, com as despesas do dia-a-dia.

1.1 As pequenas despesas


Quanto custa um café?
O preço médio de um café é de 0,70€. De acordo com as estatísticas, cada português bebe em média
5 kg de café por ano, que dá entre 2 e 3 chávenas de café 1. Nesta caso, gasta-se diariamente, entre
1,40 € e 2,10 € em café; se ampliarmos a margem temporal para um mês gastámos entre 42 € e 63
€. Num ano gastou-se entre 504 € e 756 €. Uma despesa que parece insignificante individualmente,
assume proporções que nem imaginaríamos num cenário de um mês ou um ano.

Quando a sorte (não) bate à porta


Segundo estatísticas da Marktest2, cerca de 50% dos portugueses aposta em jogos de sorte, como o
Euromilhões e raspadinhas; com isto em mente, é possível identificar que as vendas brutas do
Departamento de Jogos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa foi de 2.768 Milhões de euros (a
raspadinha é o jogo mais popular com vendas em 1.440 milhões de euros).

1 (Associação Industrial e Comercial do Café, sem data)


2 (Metade dos portugueses apostam na lotaria ou noutros jogos de sorte, 2022)
Para nos contextualizarmos, se cada residente 3 jogasse, seria o equivalente a 267,62 €/pessoa 4. Ou
seja, o equivalente a jogar 5,15 € por semana.
Sejamos realistas, de todas as vezes que jogou, qual foi o total de retorno que obteve? Se foi
inferior, desafio-o a colocar de lado o dinheiro nas apostas ou raspadinhas e ao final de um ano tem
um prémio bom.

Vimos que as pequenas despesas, quando somadas, transformam-se em valores expressivos.


Algumas vezes nem nos apercebemos do real custo de algo tão barato. Por isso é necessário
localizar onde gastamos e perceber onde podemos gerir eficazmente o que temos. Por exemplo, se
deixar de beber um café na rua e tomar em casa, já conseguiu poupar5 188,52 €.
Neste ponto, uma ferramenta essencial que devemos usar para diagnosticar como está o nosso
dinheiro é o orçamento doméstico.

1.2 Orçamento doméstico


O orçamento é a ferramenta central na correta gestão das finanças pessoais. Isto significa que, se
queremos ser bem-sucedidos financeiramente temos de saber construir orçamentos e ter disciplina
para nos atermos a eles. Isto significa que dever ser uma ferramenta ativa na gestão e não passiva,
porque um orçamento não ser um resumo do recebemos e gastamos, mas uma ferramenta para
alocarmos eficazmente os fundos e tomarmos as melhores decisões6.
Essencialmente, fazemos um orçamento colocando de um lado o que são entradas, como o salário,
e, do outro lado, as saídas de fundos (despesas domésticas, com o carro, entre outras).
As entradas de fundos, regra geral, resumem-se ao salário ou ao produto de vendas feitas. Deverá
ser introduzido o valor com a maior precisão possível.
Já as saídas de fundos podem dividir-se em: despesas fixas e variáveis (onde também se inclui as
despesas inesperadas). As despesas fixas são todas aquelas que sei que vão ser cobradas e já temos
uma noção do valor a pagamento esperado. Por exemplo, o pagamento da renda, carregamento do
passe, combustível para o carro, despesas de telecomunicações e domésticas, como a água, gás e
eletricidade.
As despesas variáveis/inesperadas são aquelas em que não é possível prever qual o valor a pagar.
Aqui inclui-se, por exemplo, se irei pagar IRS ou não, a avaria de um eletrodoméstico ou
manutenção urgente ao carro.
No caso de despesas esperadas de maior valor, por exemplo, seguro do carro de 300 €, podemos
dividir mensalmente esse montante. Por exemplo, se alocar 25 €/mês durante 12 meses, terá este
valor disponível. São pequenos passos que permitem trazer alguma ordem e tranquilidade na hora
de pagar as contas.

3 População residente corresponde a 10 343 066 pessoas, segundo INE (2022)


4 (Departamento de Jogos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, 2021, p. 26)
5 Se tiver uma máquina de café em casa e comprar uma caixa de 30 cápsulas de café, que custa em média 5,29 €, tem
uma despesa anual de 63,48 € por comparação com 252 € gastos na rua.
6 (Taillard, 2015, p. 11)
O saldo que resultar das entradas menos as saídas é a poupança (“parte do rendimento que não é
consumida”7), que pode ser positiva ou negativa. Positiva nos casos em que da diferença “sobra”
dinheiro e negativa quando as entradas não são suficientes para cobrir as saídas.
Fazer um orçamento permite8:
• perceber no que gasta o seu dinheiro;
• apurar as e as despesas estão alinhadas com os objetivos de vida;
• controlar e acompanhar os gastos;
• saber se está a viver acima das suas possibilidades;
• quantificar as poupanças conseguidas;
• quantificar as necessidades de rendimento adicional e formas de as colmatar.

1.3 Método de envelopes


Este método é muito simples de se usar e praticar. Basta ter envelopes, uma carteira com várias
divisórias ou mesmo criar várias contas poupança na conta bancária para divisão do dinheiro.
Tal como fazemos nos orçamentos, classificando as despesas e inserindo o valor que a elas
pertence, com o método de envelopes escrevemos em cada um a despesa/categoria e depositamos o
valor correspondente. Por exemplo, se sei que pago de renda 350 €, então vou colocar no envelope
“Renda” esse valor e espero pela data do pagamento. Em alternativa, caso não queira ter o dinheiro
em numerário, pode colocar numa conta poupança e, quando chegar o devido momento, transferir.
Isto permite disciplinar como gastamos e introduz a necessidade de disciplinar-mo-nos. Por
exemplo, se crio uma categoria “Cafés” e atribuo o valor de 20 €, quando este valor se gastar espero
pelo próximo mês. Claro que ajustes têm e devem ser feitos. É necessário ter sensibilidade de ver
qual o envelope que precisa ser ajustado, isto é, sensibilidade para distinguir entre despesas
necessárias, acessórias ou supérfluas.

1.4 Como definir objetivos? Seja SMART!


Todos, sem exceção, definimos objetivos. Seja porque queremos comprar algo ou porque queremos
fazer determinada viagem ou ter de lado uma poupança para situações de emergência. Porém, já
todos definimos objetivos e nunca os cumprimos. E isso deve-se à forma como os definimos.
Por outras palavras, não basta saber o que quer alcançar, é preciso criar objetivos que tenham
subjacente um plano de ação para os atingir. Resumidamente, podemos encontrar 2 etapas:
objetivos e metas. Sabendo que um objetivo é o que eu vou fazer/quero atingir, então o plano de
ação o conjunto das metas, ou seja, como vou fazer9.
Se tiver o objetivo de emagrecer, estou a ser muito vago, mas se disser que vou perder 20 kg em 2
meses e, para isso, correrei durante meia hora duas vezes por semana, já estou a ser específico
quanto ao final e quanto à execução.

7 (Rivoire, 1996, p. 44)


8 Adaptado de (DECO PROTESTE, 2013, p. 26)
9 (Carvalho et al., 2015, p. 79)
Este último exemplo baseia-se no método de Objetivos SMART1011. Este método prepõe que os
objetivos têm de ser:
• eSpecíficos: deve-se pensar no resultado desejável de forma mais precisa possível;
• Mensuráveis: deve haver uma forma de medir o desempenho alcançado até ao momento;
• Atingíveis: definir objetivos que sejam passíveis de serem alcançados;
• Realistas/relevantes: os objetivos definidos devem trazer algo para a pessoa que o definiu
• Temporais: todos os objetivos devem ter uma data na qual o resultado foi alcançado.
Aplicando às finanças pessoais, podemos colocar como objetivo tudo que seja relevante. Por
exemplo, se já sei que pagarei todos os anos IRS, numa média de 200 €, então podemos aplicar o
método SMART do seguinte modo: Quero ter disponíveis em agosto 200 € para pagar o IRS, para
isso irei guardar 16,66 € mensalmente até agosto. Pode separar este dinheiro com o método de
envelopes, assim já sabe que não irá gastar.
Este método pode ser aplicado em qualquer área da vida individual ou profissional e permite que
possamos delinear um plano de ação para atingir um objetivo concreto.

2. Poupança: pague-se a si mesmo primeiro!


Sabemos que a poupança resulta da diferença entre as entradas e saídas de fundos, mas sabemos,
também, que nem sempre “sobra” dinheiro após pagamento das contas; por vezes, ainda, nem há o
suficiente para pagar as contas. É importante que, assim que tiver conhecimento do que sobrará,
guarde logo esse montante. Isto para evitar que chegue ao final do mês e o use os fundos que tinha
dedicados à poupança para outras coisas12.
Por isso, devemos adotar comportamentos que nos permitam poupar, mesmo que sejam apenas 20,
10, 5 ou mesmo 1 euro. A ideia é, como vimos com os objetivos SMART, definir um lugar onde
queremos estar futuramente e, depois, definir um plano de ação.
Idealmente, no mínimo deveríamos poupar 10% do tudo o que ganhamos. Por exemplo, se ganhei
500 €, devo poupar 50 €. Este dinheiro não deve ser mexido e deve ser mantido num fundo de
emergência. Este fundo tem o objetivo de cobrir uma despesa inesperada ou se ficar desemprego e
sem acesso a qualquer fundo, seja ele subsídio ou outra fonte de rendimentos. Por isso, só deve
utilizar os fundos poupado em situações específicas, como nos exemplos dados.
Por vezes, enquanto visitamos lojas, somos pressionados pelo que se chama vendas por impulsos.
Ou seja, um produto está com um desconto sensacional, mas tem de ser comprado agora. É como o
tudo ou nada, ou compra, ou perde a oportunidade. Será que precisa realmente daquele produto?
Como aquele produto se insere na escala de gastos? É indispensável?
Nem todas as compras por impulso são más, contudo é necessário ter disciplina para não cair na
armadilha do consumo supérfluo. Se realmente precisa daquele produto, não existe alternativa com
preço inferior e está, realmente, com bom preço, então faça uso da oportunidade.

10 Do inglês: Specific, Measurable, Achievable, Realistic e Time-bound


11 (Chartered Management Institute, 2014, pp. 1–2)
12 (DECO PROTESTE, 2013, p. 29)
Em qualquer dos casos, não se esqueça de pagar-se a si mesmo primeiro. Ou seja, quando receber o
seu salário, ou outros fundos, procure guardar uma parte. Esta deve ser a primeira coisa que deve
fazer quando receber. Se não conseguir colocar de lado 10%, então coloque outro valor que não
comprometa o seu equilíbrio financeiro. Não é proveitoso colocar uma grande quantidade de lado,
se mais tarde estou sempre a recorrer àquele fundo de poupança para pagar despesas; porém,
quando colocar a quantia certa de lado, “esqueça-se” que tem aquela poupança e só recorra a ela
quando precisar mesmo.
Algumas dicas para aumentar a taxa de poupança passa por:
• Reveja os contratos que possui e verifique se pode trocar por uma companhia mais barata;
• Reveja as subscrições contratadas;
• Leve a refeição para o trabalho;
• Prepare as refeições com antecedência;
• Quando for às compras leve um lista do que precisa e dirija-se só a estes produtos.
• Recorra a marcas brancas, nos supermercados;
• Quando visitar alguma loja e algum vendedor o pressionar a comprar determinado produto,
faça-se estas perguntas: preciso deste produto assim tanto? Se precisasse de justificar esta
compra a alguém, de que forma demonstraria que preciso deste produto? Existe alternativa
mais barata?
• Não vá às compras porque se encontra triste, existem outras atividades, algumas gratuitas,
que permitem levantar os ânimos;
• “Esqueça-se” do cartão/dinheiro em casa.
• Mude de fornecedor de telecomunicações, gás ou eletricidade para conseguir poupar nestas
despesas. Se conseguir poupar 10 no total, no fim de um ano já conseguiu guardar 120 €;
• Desligue tudo o que não é essencial quando sair de casa, como, por exemplo, o router, box
da TV;
• Junte os trocos e guarde-os num mealheiro ou bolsa;
• Não vá às compras do supermercado com fome. “A vontade de comer leva à compra por
impulso e, consequentemente, a gastar mais dinheiro do que o necessário”13
• No caso do transporte, há que repensar os hábitos de consumo e racionalizar a utilização do
carro (em curtas distâncias não use o carro, use preferencialmente transportes públicos)
• Faça uma lista de compras a fazer e compre apenas o que aí constar.

3. Conclusão
Todos os ensinamentos sobre o tema das finanças pessoais assentam em conhecer o que ganhamos e
o que gastamos, numa primeira fase, e, depois, planear o futuro (próximo e distante). Nem sempre
temos as condições ideais para realizarmos o que pretendemos, mas está ao nosso alcance iniciar o
processo de organização e planeamento do dinheiro que temos ao nosso dispor.

13 (DECO PROTESTE, 2013, pp. 36–37)


Para construir um fundo de emergência, que idealmente deverá ter, pelo menos, o equivalente a 3
meses de despesas, pense, com a ajuda do orçamento que criou, onde está a gastar. Se possível
reduza ao indispensável a rubrica de gastos supérfluos. Comece com o que tem e não desista com a
ideia de que o que poupa é pouco. Lembre-se do ditado: grão a grão a galinha enche o papo.
O importante é dar o primeiro passo e continuar nesse rumo até que atinja o objetivo. Faça sempre
um orçamento para diagnosticar onde gasta e como gasta, por comparação com os rendimentos.
Uma das formas de se organizar financeiramente é com recurso ao método dos envelopes, onde
coloca em cada depósito o valor que orçamentou para aquela despesa/categoria.
O tema das finanças pessoais, entre outros, que está sempre em constante atualização e hoje não
temos de recorrer a bibliotecas ou grandes livros para aprendermos algo. Cada pessoa, de um modo
ou outro, tem acesso à internet, faça uso desta fonte de recursos. Consulte websites, blogs ou vídeos
sobre este tema. Se optar por livros, também existem alguns disponíveis na internet e, seguramente,
numa qualquer biblioteca.
Lembre-se que os tempos nunca são os mesmos, ou seja, nem sempre teremos anos de vacas gordas
e nem sempre perdurarão os anos de vacas magras. Contudo, seja previdente, como a formiga que
trabalha de verão para ter algo no inverno, e quando conseguir poupar um pouco mais, procure
guardar esse dinheiro para uma eventualidade futura. Nunca sabemos quando iremos precisar do
dinheiro e é, seguramente, muito melhor do que pedir emprestado e ter de devolver com juros.
Se puder, pense um pouco nos outros e retribua do que lhe foi dado, ajudando alguém que precisa.
Seja com dinheiro, alimentos, bens materiais ou um pouco de conhecimento que obteve.
Referências bibliográficas
Associação Industrial e Comercial do Café. (sem data). PORTUGUESE COFFEE – a blend of

stories. AICC. http://aicc.pt/apresentacao/

Carvalho, L. C., Bernardo, M. do R. M., Sousa, I. D. de, & Negas, M. C. (2015). Gestão das

Organizações—Uma abordagem integrada e prospetiva (2a Edição). Edições Sílabo.

Chartered Management Institute. (2014). Setting SMART Objectives.

https://www.managers.org.uk/wp-content/uploads/2020/03/CHK-231-

Setting_Smart_Objectives.pdf

DECO PROTESTE. (2013). O meu dinheiro: Finanças pessoais ao alcance de todos. DECO

PROTESTE, Editores, Lda.

Departamento de Jogos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. (2021). Relatório e Contas 2020.

https://www.jogossantacasa.pt/Content/images/uploadedImages/content/pjmc/gc/cont/

44292/SCML_Jogos_Relatorio-e-Contas_2020.pdf

Metade dos portugueses apostam na lotaria ou noutros jogos de sorte. (2022, novembro 29).

https://www.marktest.com/wap/a/n/id~293b.aspx

Portal do INE. (2022, novembro 23). https://www.ine.pt/xportal/xmain?

xpid=INE&xpgid=ine_indicadores&contecto=pi&indOcorrCod=0011628&selTab=tab0

Rivoire, J. (1996). Introdução à economia de mercado. Publicações Europa-América.

Taillard, M. (2015). Budget, invest, spend: A practical guide to personal finance. Icon Books.
Anexos
Exemplo de um orçamento

Entrada de fundos Saída de fundos

Salário 750 € Renda 350,00 €

Água 15,90 €

Luz 50,00 €

Passe 40,00 €

Telemóvel 15,00 €

Alimentação 150,00 €

TV e Internet 32,99 €

Crédito 46,11 €

Total 800,00 € Total 700,00 €

Diferença 100,00 €

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