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FETREMIS – FACULDADE DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA DA RELIGIÃO

MISSIONEIRA MARIANA MENDES COSTA

LIZA IOLE DA SILVA CAETANO

A ORIGEM DOS CONFLITOS DO ORIENTE MÉDIO

CONTAGEM

2017
FETREMIS – FACULDADE DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA DA RELIGIÃO
MISSIONEIRA MARIANA MENDES COSTA

LIZA IOLE DA SILVA CAETANO

A ORIGEM DOS CONFLITOS DO ORIENTE MÉDIO

Artigo científico apresentado aos cursos de Pós-Graduação em


Ciência da Religião e Psicopedagogia, ministrada pelo
professor Leonardo José Ferreira da Faculdade de Educação e
Tecnologia da Região Missioneira – FETREMIS.

Acadêmica: Liza Iole da Silva Caetano

CONTAGEM

2017
A ORIGEM DOS CONFLITOS DO ORIENTE MÉDIO
CAETANO, Liza Iole da Silva1

RESUMO

O artigo procura interpretar a origem dos conflitos do Oriente Médio fazendo uma
retrospectiva desde a origem dos ismaelitas e israelitas. O texto objetivou-se abordar os
principais acontecimentos que acarretaram o início dos conflitos. A pesquisa
inicialmente apresenta um histórico usando a Bíblia na tradução de João de Almeida
como fonte historiográfica, assim como os autores O.S. Boyer, Massoulié Françóis,
Camila Werner e Bruno Alexander, a pesquisa bibliográfica objetiva ao trazer reflexões
sobre a temática e descrever parte da história das religiões abraâmicas: o judaísmo,
cristianismo e islamismo. Esse estudo permite a refletir sobre conhecimento histórico,
conforme o tempo e o lugar, pode-se constatar que não basta apenas assistir às
notícias da contemporaneidade e estudarmos os conflitos do nosso século é necessário
retroceder às fontes históricas mais antigas, como a Bíblia o código Hamurabi para
compreendermos melhor os conflitos entre judeus e palestinos.

Palavras-chave: Oriente Médio. Conflitos. Abraão.

RESUMO

The article seeks to interpret the origin of conflicts in the Middle East, looking back at the
origins of the Ismailis and Israelites. The text aimed to address the main events that led
to the beginning of conflicts. The research initially presents a history using the Bible in
the translation of João de Almeida as a historiographical source, as well as the authors
OS Boyer, Massoulié Françóis, Camila Werner and Bruno Alexander, the bibliographical
research objective by bringing reflections on the theme and describing part of the history
of the Abrahamic religions: Judaism, Christianity and Islam. This study allows us to
reflect on historical knowledge, according to time and place, we can see that it is not
enough to just watch the news of contemporaneity and study the conflicts of our century,
it is necessary to go back to the oldest historical sources that we have as the Bible, the
code Hammurabi to better understand the conflicts between Jews and Palestinians.

Keywords: Middle East; Conflicts. Abraham

1
Aluna do Curso de Pós graduação em Ciência da Religião e Pscicopedagogia do Instituto Educacional Logus em
parceria com a Faculdade FETREMIS. Graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário Internacional UNINTER.
Artigo apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso, nos Cursos de Pós Graduação. 1º semestre - 2017.
SUMÁRIO

1. Introdução
2. A ORIGEM DOS CONFLITOS DO ORIENTE MÉDIO...............05
2.1- A descendência de Abraão...............................................05
2.1.1– Origem dos Ismaelitas...................................................06
2.1.2- Origem dos Israelitas.......................................................09
2.2- Primeiro conflito entre irmãos...............................................09
2.2.1- O nascimento da nação árabe.......................................10
2.3- Religiões Abraâmicas............................................................11
2.3.1- O judaísmo.....................................................................11
2.3.1.1 – O holocausto..................................................,.....11
2.3.1.2 – O movimento sionista...................................,.......12
2.3.2- O cristianismo..............................................................13
2.3.3 – O islamismo...............................................................13
2.3.3.1 – Islamismo Sunita.........................................,.........14
2.3.3.2 – Islamismo Xiita.........................................,............14
2.3.3.4- Jihad – A guerra santa............................,...............14
3. METODOLOGIA........................................................,,.............15
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................,,..............15
Referências.................................................................,,............17
5

1- INTRODUÇÃO

São objetivos deste artigo, responder a seguinte problemática: Qual


a origem dos conflitos no Oriente Médio? Em concomitância, compreender
se os principais conflitos são de cunho religioso, político, comercial ou
geográfico. Assim como contribuir para a formação de professores como
Ensino Religioso, História, Geografia, Sociologia e Filosofia.

A escolha do tema justifica-se no fato de que os conflitos entre


palestinos e israelitas são um dos principais problemas mundial na
contemporaneidade.

2- A ORIGEM DOS CONFLITOS DO ORIENTE MÉDIO


2.1- A descendência de Abraão
No que tange à origem do povo árabe e judeu, Werner e Alexander
(2016) referencia as fontes histográficas datadas há 2000 A.C. dentre elas
estão a Bíblia e a Torá. A Bíblia utilizada nesta pesquisa foi traduzida por
João Ferreira de Almeida. No livro de Gênesis e capítulos 10 ao 19, retrata
a nação descendente de Sem, filho de Noé, também conhecidos como
semitas. Entre eles encontra-se Abrão que mais tarde passou a ter o nome
de Abraão, Davi e Jesus como seus descendentes.

Abrão nasceu em Ur dos Caldeus, uma importante cidade do mundo


antigo localizada, na região da Mesopotâmia, privilegiada por estar entre
dois grandes rios, Tigre e Eufrates, terra fértil e conhecida como berço das
civilizações, ocupada a 4000 A.C pelos sumérios. Atualmente constitui
território do Iraque, região rica em petróleo e cobiçada pelo mundo inteiro.

Conforme o profeta Moisés, em Gênesis 12.1 “Ora, o Senhor diz a


Abrão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de seu pai, para a
terra que eu te mostrarei”. Ao ser chamado por Deus, Abrão mudou-se de
Ur, estabeleceu-se um tempo em Harã (Atual Curdistão), como diz a Bíblia
em Gênesis 11:31. “E tomou Terá a Abrão seu filho, e a Ló, filho de Harã,
filho de seu filho, e a Sarai sua nora, mulher de seu filho Abrão, e saiu com
eles de Ur dos caldeus, para ir à terra de Canaã; e vieram até Harã, e
habitaram ali.”
6

Conforme Moisés, em Gênesis capítulo 11, Abrão seguiu pelo


caminho mais longo, seguindo pelos rios ao invés de cruzar o deserto em
busca de Canaã, atual Estado de Israel, tão disputado até os dias atuais.

O Estado de Israel faz parte de uma ponte que liga três


continentes: Ásia, África e Europa, tornando-se geográfica e politicamente
disputada desde o início das civilizações. Foi o foco principal da maioria
dos conflitos e do surgimento das religiões abraâmicas. A cidade herdada
por Abrão causa impacto na história mundial desde os primórdios.

2.1.1- Origem dos ismaelitas

De acordo com Moisés, em Gênesis capítulo 12:2,3, Deus fez


uma grande promessa a Abrão, prometendo fazer dele uma grande nação:
2
E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu
nome; e tu serás uma bênção.
3
E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te
amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra. “E farei
a tua descendência como o pó da terra; de maneira que se alguém puder
contar o pó da terra, também a tua descendência será contada” (Gn
13.16).

Mesmo após ouvir a promessa de Deus, Abrão se demonstrava


preocupado, haja vista, que já era avançado em idade e ainda não tinha filho,
então disse a Deus como não tinha filhos, tornaria o mordomo Eliézer seu
herdeiro, o mesmo era servo de confiança de Abrão e de acordo com os
costumes da época, por meio do código Hamurabi¹2, conjunto de leis babilônicas
criadas na Mesopotâmia por volta do século XVIII a.C., caso ele morresse sem
filhos, seu servo mais velho tornaria o herdeiro de seus bens. Então de acordo
com Moisés em (Gn 15:2,6) Deus lhe responde, de fato Eliézer não seria o
herdeiro; mas aquele que fosse seu filho de sangue, este seria o herdeiro. E, mais
uma vez, reforçou sua promessa dizendo: “Olha agora para os céus, e conta as
estrelas, se as podes contar. E disse-lhe: Assim será a tua descendência.” (Gn
12.5).

2
Código de Hamurabi: promulgado por volta dos 2000 a.C.; o mais remoto documento legislativo
de que se tem notícia; já prescrevia a pena de morte. (SANTOS, Washington, 2001, p.53)
Atualmente, o monumento com o Código de Hamurabi está em exposição do Museu do Louvre,
em Paris, França.
7

Com o passar do tempo, Sarai, mulher de Abrão já era avançada em


idade e ainda não tinha gerado filhos, estava ansiosa com sua situação de
não conseguir dar um filho a seu esposo. Naquela época se a mulher não
gerasse filhos era mal vista pela sociedade e tinha obrigação de arrumar
uma substituta para gerar filhos para o marido, em conformidade com o
Código Hamurabi:

144º - Se alguém toma uma mulher e esta dá ao marido uma serva e


tem filhos, mas o marido pensa em tomar uma concubina, não se lhe
deverá conceder e ele não deverá tomar uma concubina.
145º - Se alguém toma uma mulher e essa não lhe dá filhos e ele pensa
em tomar uma concubina, se ele toma uma concubina e a leva para sua
casa, esta concubina não deverá ser igual à esposa.
(KHAMMU-rabi, rei da Babilônia no 18º século A.C., DIREITOS
HUMANOS NET, Código Hamurabi acesso, 20 de dez 2016)

Então Sarai ofereceu a Abrão sua serva Hagar que era egípcia
conforme diz a Bíblia em Gênesis 16:1-3:

“Ora Sarai, mulher de Abrão, não lhe dava filhos, e ele tinha uma serva
egípcia, cujo nome era Agar.
E disse Sarai a Abrão: Eis que o Senhor me tem impedido de dar à luz;
toma, pois, a minha serva; porventura terei filhos dela. E ouviu Abrão a
voz de Sarai.
Assim tomou Sarai, mulher de Abrão, a Agar egípcia, sua serva, e deu-a
por mulher a Abrão seu marido, ao fim de dez anos que Abrão habitara
na terra de Canaã.”

Por conseguinte ele possuiu a Agar, e ela logo engravidou,


percebendo a gravidez, começou a desprezar a Sarai, sua senhora. Porém,
Sarai não agradou da forma como Agar a menosprezava e recorreu-se a
Abrão dizendo a ele:
[...]Caia sobre ti o meu agravo; minha serva pus eu em teu regaço;
vendo ela agora que concebeu, sou menosprezada aos seus olhos; o
Senhor julgue entre mim e ti.
E disse Abrão a Sarai: Eis que tua serva está na tua mão; faze-lhe o que
bom é aos teus olhos. (Gênesis 16:5,6)

O código Hamurabi já previa tal situação conforme a cláusula 146:

“146º - Se alguém toma uma esposa e essa esposa dá ao marido uma


serva por mulher e essa lhe dá filhos, mas, depois, essa serva rivaliza
com a sua senhora, porque ela produziu filhos, não deverá sua senhora
vendê-la por dinheiro, ela deverá reduzi-la à escravidão e enumerá-la
ente as servas.” (KHAMMU-rabi, rei da Babilônia no 18º século A.C.,
DIREITOS HUMANOS NET, Código Hamurabi acesso, 20 de dez 2016)
8

Como Sarai não podia vendê-la, começou a maltratá-la de tal


maneira, que Agar decidiu fugir da casa de sua senhora, conforme o
contexto bíblico, o anjo do Senhor apareceu a Agar no caminho e a pediu
que voltasse para a casa e se humilhasse para Sarai, o Senhor ainda fez
uma promessa a Agar semelhante a de Abrão, "Multiplicarei sobremaneira
a tua descendência, que não será contada, por numerosa que será.” (Gn
16.10). Disse ainda o anjo do Senhor a Agar seu filho chamará Ismael². 3
“Ele será, entre os homens, como um jumento selvagem; a sua mão será
contra todos, e a mão de todos, contra ele; e ele viverá em hostilidade
contra todos os seus irmãos.” (Gn 16:12)
E Agar deu à luz um filho conforme o anjo havia dito, e deu a ele o
nome de Ismael, Abrão tinha 86 anos, quando nasceu seu primeiro filho.
Em conformidade com a Bíblia no livro de Gênesis capítulo 17, após
treze anos, quando estava com 96 anos, o Senhor fez uma nova aliança
com Abrão, afirmando-o que multiplicaria sua descendência, e mudou seu
nome para Abraão.
E não se chamará mais o teu nome Abrão, mas Abraão será o teu nome;
porque por pai de muitas nações te tenho posto.
E te farei frutificar grandíssimamente, e de ti farei nações, e reis sairão
de ti;
E te darei a ti e à tua descendência depois de ti, a terra de tuas
peregrinações, toda a terra de Canaã em perpétua possessão e ser-lhes-
ei o seu Deus. (Gn 17.5-8)

Então, Abrão passou a chamar-se Abraão, que significa pai de


numerosas nações. Conforme Moisés Deus fez um pacto com ele, no qual
ele teria que circuncidar4 todos os machos em sua casa, como um sinal de
obediência, já que uma vez circuncidado era irreversível, o homem seria
identificado como judeu para sempre. Ismael foi um dos primeiros
experimentar o sinal físico do pacto de Deus, a circuncisão. (BÍBLIA, A. T.
Gênesis. Tradução de João Ferreira de Almeida. Edição ver. E atualizada
no Brasil 1995, p.28, 29)

3
A História de Ismael pode ser encontrada em Gênesis 16.17; 21.8-20; 25.12-18; 28.8,9; 3.1-3.
Ele também é mencionado em 1 Crônicas 1.28-31; Romanos 9.7-9; Gálatas 4.21-31(Almeida
Revista e Corrigida,1995, p.29)
4
Circuncisão: Cerimônia religiosa dos Judeus e mulçumanos, que consiste em cortar o prepúcio
dos neófitos. Gn 17.10, 23-25; Jo7.22; At 7.8; A maneira de circuncidar: Gn 17.12, 12.23; Êx 4.25;
Js 5.3; Lc 1.58-61; Jo 7.22,23. (O.S. BOYER, Pequena Enciclopédia Bíblica, 1995, p.144)
9

2.1.2 - Origem dos israelitas


Após o pacto de aliança entre Deus e Abraão, o nome de Sarai foi
mudado para Sara e o Senhor reforça sua aliança dizendo que iria
abençoá-lo com um filho de sua esposa e, ela seria mãe de muitas nações
e reis de povos sairiam dela. (Gn 17.15,16)
Naquele momento, Abraão desacreditou e duvidou da possibilidade
de um homem de cem anos e uma mulher de noventa anos gerar filhos
ainda, então propôs a Deus o qual Ismael fosse o herdeiro. Segundo
Moisés “Deus disse: quanto a Ismael, ele iria ouvi-lo e também iria
abençoá-lo e multiplicar sua descendência fazendo-o gerar 12 príncipes
dariam uma grande nação”. Ratificou que o filho de Sara chamaria Isaque e
com ele estabeleceria a aliança perpétua para a sua descendência depois
dele. Disse Deus: “A minha aliança, porém, estabelecerei com Isaque, o
qual Sara dará à luz neste tempo determinado, no ano seguinte.” (Gn
17.17-21).
E no ano seguinte, a promessa foi cumprida, e Sara deu um filho a
Abraão na sua velhice, e ele deu ao bebê o nome de Isaque e o
circuncidou conforme seu pacto com Deus. Estava ele com cem anos
quando teve o filho da promessa. E sua esposa pôde amamentar mesmo
estando com mais de noventa anos. (Gn 21.1-7).

2.2- Primeiro conflito entre irmãos


Isaque cresceu, e no dia em que ele foi desmamado, Abraão deu um
grande banquete para festejar, foi quando Sara percebeu que Ismael, o
filho de Agar, a egípcia, zombava de seu meio irmão Isaque. Então Sara
enfureceu-se e disse a Abraão: “Ponha fora esta serva e o seu filho; porque
o filho desta serva não herdará com Isaque, meu filho.” (Gn 21.8-10).
Abraão não agradou das palavras de Sara, uma vez que falava de
seu filho primogênito, de acordo com o código Hamurabi teria direitos
iguais aos de Isaque conforme a cláusula 176:
176º Quando a primeira esposa de um nobre lhe gerar filhos e sua
escrava também lhe gerar filhos, se o pai em vida declarar: “[estes] são
meus filhos' - referindo-se aos filhos que ele teve com a escrava - então
estes serão contados com os filhos de sua primeira esposa quando ele
morrer. E os filhos da primeira esposa e os filhos da escrava terão
direitos iguais, salvo o primogênito da primeira esposa: este terá a
10

preferência na partilha dos bens. (KHAMMU-rabi, rei da Babilônia no 18º


século A.C., DIREITOS HUMANOS NET, Código Hamurabi acesso, 20
de dez 2016)

Porém, Deus disse a Abraão para não preocupar-se com o filho da


escrava, porque Ele também faria dele uma nação, visto que Ismael
também era seu descendente, pediu a ele para ouvir as palavras de Sara e
fazer conforme a sua vontade e reforçou que Isaque era o filho da
promessa, “...porque em Isaque será chamada a tua descendência”.
(Bíblia, Gn 21. 12-13).

2.2.1- O nascimento da nação Árabe

Por conseguinte, Abraão levantou-se pela madrugada, pegou pão e


um odre de água, entregou Ismael à Agar e despediu-se. Ela saiu andando
perdida no deserto de Berseba, ao sul de Israel, andou até acabar toda a
água. Sem ter o que comer ou beber, deixou seu filho embaixo de uma
árvore e deu uma longa distância, para não ver o menino morrer.
Deus ouviu o choro do menino e enviou um anjo para falar com sua
mãe e disse para ela não ter medo por ele faria daquela criança uma
grande nação, ela levantou-se, pegou o menino, e Deus abriu seus olhos e
ela viu um poço de água e saciou a sede do menino e dela, encheu o odre
de água e prosseguiu com a viagem. Ismael cresceu no deserto e tornou-
se arqueiro. (Gn 21.13-21).
Atualmente, esse poço é conhecido como “Poço de Zanzam”, que é
considerado sagrado pelos mulçumanos, está localizado em Meca, na
Arábia Saudita, dentro da mesquita. De acordo com a crença islâmica,
essa fonte foi aberta pelo anjo Gabriel em sua visita Agar no momento de
sua aflição no deserto. (WERNER,2016, P.269)
As promessas de Deus foram cumpridas, e o filho de Agar tornou-se
líder de uma grande nação, fundador das nações árabes. Os ismaelitas
eram nômades, viviam no deserto do Sinai, ao sul de Israel. Ismael
conforme promessa de Deus teve doze filhos, por conseguinte se tornaram
11

líderes de suas tribos, e habitaram entre Havilá 5 até Sur6. Viveu Ismael por
130 anos.
Segundo François Massoulié (1997), o arabismo abrange a todos os
países que falam a língua árabe, sejam eles egípcios, kuwaitianos,
marroquinos, mulçumanos, católicos ou cristãos. Qualquer pessoa pode
ser considerada árabe enquanto estiver ligada a um país árabe e falar a
língua árabe. Para o arabismo, o islã é patrimônio cultural da história
nacional dos árabes. (MASSOULIÉ,1997, p. 33,34).

2.3- Religiões Abraâmicas

Abraão foi pai de uma multidão, conforme promessa feita por Deus,
é um nome célebre em todo o Oriente, tornou-se o fundador da nação
judaica. São seus descendentes, o povo judeu e os árabes. A partir de
Abraão, surgiram-se três religiões monoteístas de origem semítica: o
judaísmo, cristianismo e o Islamismo, ambas realizaram a separação entre
o plano da natureza e o da sociedade, concentram a dimensão do sagrado
unicamente na espécie humana.

2.3.1- O judaísmo

O judaísmo originou-se das crenças do povo de Canaã, no Sul do


Oriente Médio, conhecido atualmente como Estado de Israel. O patriarca
dessa religião é Abraão, seu filho Isaque, conforme Moisés teve seu nome
mudado para Israel. Devido à aliança de Deus com ele, todos são
circuncidados. Para os judeus, a identidade judaica é transmitida pela
maternidade. (WERNER,2016, p.166)
Em 1300 a.C., os israelitas foram libertos por Moisés da escravidão
do Egito e conduzidos a Canaã, a terra prometida, onde o mesmo recebe a

5
Havilá: Território rico em ouro e pedra de ônix e banhado pelo rio Pisom (. (O.S. BOYER,
Pequena Enciclopédia Bíblica, 1995, p.306)
6
Sur: O deserto entre a Palestina e o Egito (. (O.S. BOYER, Pequena Enciclopédia Bíblica, 1995,
p.593)
12

Torá7. Conforme WERNER e ALEXANDER, 2016, “O filho de Davi,


Salomão, construiu um templo em Jerusalém, como símbolo de soberania
do povo judeu”, porém, depois de um tempo, os babilônios conquistaram o
reino de Davi, expulsando os judeus da terra prometida e destruíram o
templo, o mesmo foi reconstruído e destruído em I d.C. pelo Império
Romano. (WERNER, 2016, p.166)
Em decorrência do domínio estrangeiro, aconteceu a diáspora do
povo judeu, e eles fixaram-se principalmente na Europa Central e Oriental.
Ao longo dos anos, com as imigrações em países distintos, os judeus
foram muito perseguidos, sofrendo graves difamações e ataques. A partir
do século XVIII, a França e os EUA começaram a garantir os direitos do
povo judeu.

2.3.1.1 – O holocausto
Conforme Werner e Alexander (2016) na década de 1930, Hitler
torna-se chanceler alemão e inicia uma campanha de maus-tratos e
genocídio do povo judeu, cerca de seis milhões de judeus, ou dois terços
da população judaica foram mortos. (WERNER, 2016, p.198)
Passados quinze anos de perseguições contra os judeus, em 1945,a
opinião pública mundial é abalada pela descoberta da existência dos
campos de concentração onde os nazistas exterminaram milhares de
judeus. (MASSOULIÉ, 1997, p.48)

2.3.1.2 – O movimento Sionista

De acordo com Massoulié (1997), o termo sionismo surgiu por volta


de 1890, refere-se à Sion, colina de Jerusalém onde foi construído o
primeiro templo de Salomão, que simbolizava a “Terra prometida”. O
movimento sionista buscava o reestabelecimento da soberania política do
povo judeu e o retorno à terra dos seus antepassados, e idealiza a “saída”
da Europa e o reagrupamento dos judeus na Palestina.

7
Torá: Possui cinco livros escritos por Moisés
13

E aos poucos os sionistas foram infiltrando-se na Palestina usando o


slogan “Uma terra sem povo para um povo sem terra”, dessa forma os
imigrantes sionistas contribuíram, sem querer, para um novo problema
nacional: o do povo palestino. (MOSSOULIÉ, 1997, p.50)

Trata-se do reconhecimento do Estado de Israel onde foi idealizado


não contra os árabes da Palestina, mas contra um Ocidente que rejeitava
os judeus. O movimento foi por um tempo minoritário, por insistir mais no
caráter nacional ao religioso, somente depois das perseguições hitleristas e
o silêncio das nações, os judeus uniram-se no sionismo como seu último
recurso. (MASSOULIÉ, 1997, p.45,47)

2.3.2- O cristianismo

O cristianismo é uma religião em que baseia sua crença na vida e


nos ensinamentos de Jesus, considerado o filho de Deus em forma
humana. De acordo com ALMEIDA 1966, em Jerusalém, Jesus foi morto e
crucificado, mas ao terceiro dia ele ressuscitou e ascendeu aos céus. Em
313 d.C, o imperador romano Constantino publica autorizando a prática
livremente da fé cristã e alguns anos depois o cristianismo foi reconhecido
como a religião oficial do Império Romano. (WERNER, 2016, p.202).
Ao longo dos anos, a Igreja católica empreende as Cruzadas, uma
série de guerras religiosas para livrar Jerusalém da ocupação mulçumana.

2.3.3 – O islamismo
O islamismo foi criado no Séc VII, mas é visto por seus seguidores
como uma religião milenar, Abraão foi o primeiro profeta enviado para
revelar a religião, seguido por Moisés, Jesus e o último profeta foi Maomé o
mediador das revelações contidas no Alcorão. Com base em WERNER,
(2016), o Alcorão para os mulçumanos é a palavra literal de Deus (Alá), foi
enviada do céu para a humanidade em árabe, uma língua que não possui
vogais. Os capítulos (suratas) e versículos não seguem a ordem
cronológica, mas de acordo com o tamanho, primeiro os maiores capítulos
e no final os menores. (WERNER, 2016, p.257)
14

A prática religiosa acontece em mesquitas, desde suas origens o


islamismo teve forte relação com a vida civil e política do povo. O próprio
Maomé era um grande líder político, religioso, além de um notável
pensador e estabeleceu em Medina a primeira cidade-Estado islâmica,
sendo que era líder espiritual, político e militar da região, onde a religião
mulçumana cresceu. Atualmente, na Arábia Saudita, Meca é a cidade mais
sagrada do islamismo, por ser o local de nascimento de Maomé.
O islamismo possui cinco pilares: a profissão de fé, na qual não
existe nenhum outro Deus além de Alá e tem Maomé como mensageiro de
Alá; a oração, reverenciando Deus por cinco vezes ao dia; a caridade,
reconhecendo a soberania de Deus e cuidando dos necessitados, o jejum,
pelo qual purificam-se perante Deus, sobretudo no mês do Ramadã onde
todos os mulçumanos abstêm-se de comida, bebida e relações sexuais
durante o dia; e a peregrinação em Meca, acredita-se na aproximação de
Deus.
O foco da peregrinação é a Caaba, uma construção quadrada de
pedra que antecede o islã por muitos séculos, de acordo com a tradição foi
construída por Abraão e seu filho Ismael para guardar uma pedra negra
recebida pelo anjo Gabriel. A pedra simboliza a aliança entre Deus e
Ismael. (WERNER, 2016, p.265-269)
Com a morte de Maomé em 632, houve uma divisão no Islamismo
proveniente os sucessores. (WERNER, 2016,p.251).

2.3.3.1 – Islamismo sunita

O islamismo sunita é liderado por um indivíduo escolhido por


consenso, o escolhido foi Abu Bakr um dos melhores amigos de Maomé,
seus seguidores acreditavam que a escolha do líder pelo consenso
condizia com as ideias da Suna8 e dos ensinamentos do profeta. É
predominante na Arábia (WERNER 2016, p. 270,271). Os sunitas são
cerca de 85% dos mulçumanos de todo o mundo. (MASSOULIÉ,1997,
p.37).

8
Suna: Conjunto de tradições corânicas e dos “ditos” do profeta. (MASSOULIÉ, Françóis, 1997, p.37)
15

2.3.3.2 – Islamismo xiita

O Islamismo xiita acredita que Deus indicou uma linha sucessória


dentro da família do profeta, ou seja, são liderados por um indivíduo
escolhido por Deus. Uma minoria de mulçumanos alegava a indicação de
um sucessor por Maomé, seu genro e primo ‘Ali ibn Abi Talib’, como tinha
somente uma filha o ideal seria o marido assumir o lugar do profeta.
Aos cinco pilares o xiitas acrescentaram mais um “Fazer o bem,
proibir o mal” para eles, quando no Alcorão fala “A procura o bem e a
perseguição do mal” autoriza a revolta contra um injusto. Mais
predominante no Irã, 90% dos xiitas estão no Irã, Iraque, Golfo Pérsico,
Líbano, Síria, Índia, Afeganistão e Paquistão.
(MASSOULIÉ, 1997, p.37).

2.3.3.3- Jihad – A guerra santa

Werner, no livro das religiões ainda diz “O ativista egípcio


Sayyid Qutb defende a Jihad como a missão de fazer com que o islamismo
prevaleça no mundo inteiro” (WERNER, 2016, p. 278). O Jihad é uso da
força militar quando a religião Islã está sobre ameaça ou contra aqueles
que fazem o mal, os mulçumanos precisam estar sempre na luta contra o
pecado para permanecerem junto a Deus e longe do mal. (WERNER,
2016, p.278)

3. METODOLOGIA

A metodologia bibliográfica direcionou esta pesquisa, com base nos


pensamentos dos Orland Spencer Boyer, Françóis Massoulié, Camila
Werner e Bruno ALEXANDER, nos livros, Livro das Religiões, e a Bíblia
com a tradução de João Ferreira de Almeida ano 1966, como fonte
historiográfica.
16

Fez-se um levantamento de estudos sobre o tema, os livros foram


lidos, alguns por completo e outros capítulos específicos e em
subsequência foram feitos fichamentos e resumo dos mesmos

A pesquisa visa promover reflexões e descrever a origem dos


conflitos no Oriente Médio, compreender parte da origem de alguns
conflitos de cunho religioso, político, econômico e geográfico dessas
subversões entre árabes e judeus.

4- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta pesquisa, foi abordada a origem dos conflitos no Oriente


Médio, por meio da leitura de diversas bibliografias, embora existam
diversas controvérsias sobre o uso da bíblia como fonte de pesquisa, é
possível associar parte da história descrita por Moisés aos conflitos
contemporâneos. Constata-se que esses conflitos vêm se arrastando a
milhares de anos e vitimaram milhões de pessoas, por meio de guerras
santas, cruzadas, guerras diversas, conflitos e discriminações.

Por meio da pesquisa, pode-se constatar que, não se trata apenas


de uma guerra religiosa, mas os motivos são bem mais amplos, dentre eles
estão a guerra por território, pela localização privilegiada de estar próxima
a crescente fértil desde a formação da civilização na região mesopotâmica,
a abundância de petróleo na região, o nacionalismo, a busca pelo poder e
a concorrência entre os povos Ismaelita e Israelita.

Conforme Moisés havia prenunciado, em Gn 16.12, na Bíblia e Torá,


o povo ismaelita viveria em hostilidade para com Israel (Sl 83, 5-6), assim
seguiram dois povos árabes e judeus disputando a mesma terra a
Palestina, que possui significado sagrado para ambas as religiões
abraamicas, para os judeus trata-se da “Terra prometida” aos seus
antepassados e local onde foi construído o grande templo de Salomão,
para os mulçumanos é sagrada por ser o local de onde o profeta Maomé
ascendeu ao céu e para os cristãos, por ser o cenário da crucificação e
ressurreição de Jesus Cristo.
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Durante a elaboração da pesquisa, houve algumas dificuldades em


selecionar as bibliografias a serem utilizadas, já que existe um amplo
acervo relacionado ao tema, o assunto abrange desde a história bíblica
cerca de 2500 a.C até a contemporaneidade. Pretende-se aprofundar essa
pesquisa futuramente por meio de uma pesquisa de campo, fornecendo
dados estatísticos.
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