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Titulo e texto
Em conformidade com as práticas do Oriente próximo de dar título a um livro por suas palavras
iniciais, o título hebraico do livro de Gênesis é bere’sît (“no princípio”). O título em português,
por outro lado, é uma transliteração via Vulgata (Liber Genesis) do grego, provavelmente tomado
de 2.4, genesis (“origem, fonte, raça, criação”). Felizmente ambos os títulos são apropriados,
pois esse livro trata dos primórdios e origens, conjuntamente do cosmo (1:1-2:3), da humanidade
e das nações, bem como de sua alienação de Deus e entre si(2:4-11:32), e de Israel (12:1-50:26),
a nova iniciativa divina de salvar o mundo.
Este comentário é baseado no códice de Samuel, filho de Jacó (cerca de 1000d.C.), que “copiou,
pontuou com vogais e massoreticamente anotou este códice da Escritura Sagrada do manuscrito
correto que professor Arão, filho de Moisés Bem-Asher, redigiu... e que constitui um exemplar
excessivamente acurado”.1
Composição e Autoria
Quem é o gênio literário desta artística obra prima, a qual, como a fuga de Bach, faz contraponto
a estes padrões de estrutura com desenvolvimento intencional? O livro de Gênesis abre i
Pentateuco, o qual, tudo faz crer, foi organizado como uma unidade. Embora se possa fazer uma
boa tese de que Moisés compôs a forma essencial de Gênesis e do Pentateuco, evidentemente ele
não é o autor do extenso texto em nossas mãos. Para entender a composição e a autoria do livro,
é útil considerar pelo menos três estágios em seu desenvolvimento.
Moisés e o Gênesis de Ur
O Pentateuco atribui a Moisés grandes porções de seu conteúdo. No Sinai, o Senhor lhe dá os
grandes código legais dos dez Mandamentos e o Livro da Aliança (ÊX 20:2-23:33; 34:11-26) e
as leis cúlticas e o código de Santidade de Levíticos (Lv 1:1; 27:34). Na viagem do Sinai a
Moabe, o Senhor dá a Moisés mais instruções, como se acha registrado em Números 1:1; 36:13.
Em Moabe, Moisés expõe a lei em seus três discursos incorporados em Deuteronômio (1:5-4:40;
5:1-26:19; 30:2-20), juntamente com as bênçãos e maldições pactuais (Dt 27,28), seu cântico
(31:30-32.43) e suas últimas palavras (33:1-29).
Jesus e seus seguidores também assumiram esse ponto de vista ( Mt 8:4; Lc 16:31; 24:27,44: Jo
1:17; At 15:1). Jesus disse que Moisés deu aos judeus a circuncisão (Jo 7:22; cf. At 15:1). As
regulamentações da circuncisão são apresentadas extensamente em Gênesis 17:9-14, não em
Levítico 12:3, o que pressupõe que Jesus cria ter sido Moisés o autor de Gênesis.
Além do mais, diz-se que Moisés escreveu explicita ou implicitamente algumas seções do
Pentateuco (ex., Êx 24:12; 34:27). O considerado deuteronomista, que durante o exílio compôs o
projeto final de Deuteronômio-Reis, também cita sua lei como anotada (Dt 28:58; 29:20,21,27;
30:10; 31:19,24: Js 1:8; 1Rs 2:3), como faz o cronista pós-exílico (2Cr 23:18;25:4: 31:3; 35:12) e
Neemias (8:14; 10:34,36). Os escritores pós-exílicos se referem ao Pentateuco como a Lei de
Moisés, o Livro de Moisés e o Livro da Lei de Moisés (2Cr 25:4; 35:12; Ed 3:2;7:6; ne 8:1).
Jesus se refere a Êxodo como o Livro de Moisés (Mc 12:26).
O cenário Histórico
Moisés escreveu o pentateuco durante os últimos os quarenta anos de sua vida. Este foi o período
em que Israel foi liberto do Egito, passou quarenta anos no deserto e chegou a conquistar uma
parte da terra prometida, a parte leste do rio Jordão. Moisés recebeu ordem de Deus para escrever
várias vezes (Êx 17:14;34:27), e as Escrituras nos diz que ele escreveu (Êx 24:4;34:28; Nm
33:2; Dt 31:9, 22). Ele escreveu leis, registro de Deus pactua do com Israel, de experiência no
deserto e de canções4. Não é registrado, explicitamente, que Moisés tenha escrito Gênesis, mas o
testemunho das Escrituras é de que Moisés deve ser considerado o autor de Gênesis 5. Israel,
peregrino no deserto do Sinai, tinha que aprender e sempre se lembrar de que o Deus Soberano
era Senhor sobre o deserto, sobre o Egito, e sobre todas as nações que Israel estava para
desposar, da mesma forma que era o Deus Soberano sobre toda criação. Os Israelitas tinham que
aprender e se lembrar de que sua existência no passado, presente e futuro era parte integral do
plano e meta do Soberano Yahweh. No deserto, sendo um povo sem um lugar fixo de moradia e
trabalho, Israel recebeu a mensagem escrita da atividade de seu Senhor.
Mesopotâmia
O termo grego “Mesopotâmia” (‘entre rios’) refere-se à grande extensão de terra entre o rio
Eufrates e o rio Tigre. Essa região estende-se desde a boca do Golfo Pérsico, a noroeste, ao longo
da curva do Eufrates e, a leste, alcança o Tigre aos pés das Montanhas Zagros. Nos doas de hoje,
todo Iraque e parte do Irã, da Síria e do Líbano compõem a área conhecida como Mesopotâmia.
Gênesis 12 dá inicio a uma nova unidade literária. As diferenças em relação a Gênesis 1-11 são
evidentes. A unidade literária de abertura de Gênesis tratava de temas amplos e universais em
termos semelhantes a outras obras literárias da antiguidade. Mas essas narrativas patriarcais têm
uma abrangência mais limitada e são singulares no mundo antigo. Elas dizem respeito aos
membros de uma única família e sua jornada de fé, em contraste com o trecho anterior que se
preocupava em narrar a criação do mundo.
No capítulo anterior, Gênesis 1-11 tinha um propósito duplo. Primeiro: esses escritos iam contra
os outros sistemas de crença do antigo Oriente Próximo, atacando-os em seu próprio território.
Segundo lugar, Gênesis 1-11 pintou um quadro terrivelmente pessimista do fracasso moral da
humanidade. Uma vez que o pecado entrou no mundo, ele se espalhou rapidamente e foi
impossível contê-lo.
Gênesis 12-50 começa a tratar do problema do pecado. Apesar de haver uma linhagem fiel (a de
Sete), até mesmo usando o dilúvio para destruir toda a humanidade, menos os daquela linhagem,
não foi possível resolver o problema do pecado. Finalmente, Deus dispersou a humanidade e
tornou confusas as línguas. Começando pelo chamada de Abraão em Gênesis 12:1-3, a Bíblia
introduz a solução para o dilema pecaminoso do mundo. A obediência fiel de um individuo
torna-se um instrumento poderoso nas mãos de Deus7.
Biografia:
2. R.Driver, The Book of Exudus ( Cambridge Bible for Schools and Colleges; Cambridge Univ.
Press, 1911), 418-25.
3. M. Sternberg, The poetics of Biblical Narrative: Ideological Literature and the Drama of
Reading (Indiana Studies in Biblical Literature; Bloomington: Indiana Univ. Press, 1987), 32. 4.
Criação e Consumação - 2002 Editora Cultura Cristã Gerard Van Groningen pg 104
6. R.K Harrison, introduction to the Old Testament (Grand Rapids : Eerdmans, 1969), 260-261.
7. Descobrindo o Antigo Testamento; Uma prespectiva crista; Bill T. Arnold e Bryan E. Beyer.
Editora Cultura Cristã. 21-45.