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COLÉGIO ESTADUAL DOM PEDRO II

CURSO TÉCNICO INTEGRADO EM QUÍMICA

BRENDA DA SILVA TEIXEIRA


MARCELA AGUIAR EIRIZ
MARIANA NÓBREGA ROSA
MAYARA DE OLIVEIRA DOS SANTOS
RAFAEL ROCHA DA SILVA
THAIS FERNANDES SILVA
THIAGO LINHARES DE OLIVEIRA

INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

PETRÓPOLIS - RJ
2023
BRENDA DA SILVA TEIXEIRA
MARCELA AGUIAR EIRIZ
MARIANA NÓBREGA ROSA
MAYARA DE OLIVEIRA DOS SANTOS
RAFAEL ROCHA DA SILVA
THAIS FERNANDES SILVA
THIAGO LINHARES DE OLIVEIRA

INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

Trabalho apresentado ao Colégio Estadual


Dom Pedro II – EMI-Química, como avaliação
do 2॰ bimestre.

Orientador (a) : Suzana Pires

PETRÓPOLIS - RJ
2023
RESUMO

A indústria farmacêutica tem como objetivo primordial a produção de medicamentos, o


que exige, consequentemente, atividades de pesquisa e desenvolvimento, inovação,
comercialização e distribuição de produtos. Esse setor fabrica e comercializa seus produtos
somente após pesquisas, descobertas e testes, o que leva alguns meses ou anos de
investimentos. O desenvolvimento de novos remédios possui um alto custo de escala já que as
pesquisas são caras, com chances baixas de aproveitamento final, além de necessitar de mão
de obra qualificada. Na maior parte da história da humanidade, a produção de medicamentos
se baseou na utilização de produtos naturais, vegetais e minerais. Inicialmente, esses materiais
eram utilizados em estado bruto, em geral, extratos. Nos primórdios da evolução da química,
foi possível identificar e extrair os princípios ativos presentes nos extratos dos produtos
naturais responsáveis pelos seus efeitos curativos. O passo seguinte foi a utilização de
compostos sintetizados pelo ser humano, não existentes na natureza e que exerciam efeitos
mais potentes e inéditos em relação aos naturais. Atualmente a maior parte dos princípios
ativos - substâncias responsáveis pelo efeito farmacêutico - são produzidos por conversões
químicas. Após sua obtenção são adicionados excipientes - substâncias inativas - para
assegurar a estabilidade e as propriedades físico-químicas dos medicamentos finais.[37]

Palavras-chave: medicamentos, princípios ativos, naturais, substâncias.


ABSTRACT

The pharmaceutical industry has as its primary objective the production of medicines,
which consequently requires activities in research and development, innovation, marketing,
and product distribution. This industry manufactures and markets its products only after
research, discovery, and testing, which takes months or years of investment. The development
of new drugs has a high cost of scale since the research is expensive, with low chances of
final utilization, and requires skilled labor. For most of human history, the production of
medicines has been based on the use of natural products, plants and minerals. Initially, these
materials were used in their raw state, usually extracts. In the early days of the evolution of
chemistry, it was possible to identify and extract the active principles present in the extracts of
natural products responsible for their curative effects. The next step was the use of
compounds synthesized by humans, which did not exist in nature and which exerted more
potent and unprecedented effects than the natural ones. Currently, most active ingredients -
substances responsible for the pharmaceutical effect - are produced by chemical conversions.
After they are obtained, excipients - inactive substances - are added to ensure the stability and
physicochemical properties of the final drugs.[37]

Keywords: medicines, active ingredients, natural, substances.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1……………………………………………………………………………………….19
Figura 2……………………………………………………………………………………….20
Figura 3……………………………………………………………………………………….20
Figura 4…………………………………………………………………………………….…21
Figura 5…………………………………………………………………………………….…21
Figura 6…………………………………………………………………………………….…22
Figura 7…………………………………………………………………………………….…23
Figura 8……………………………………………………………………………………….23
Figura 9……………………………………………………………………………………….24
Figura 10……………………………………………………………………………………...25
Figura 11……………………………………………………………………………………...25
Figura 12………………………………………………………………………….…………..26
Figura 13……………………………………………………………………………………...26
Figura 14……………………………………………………………………………………...27
Figura 15……………………………………………………………………………………...27
Figura 16……………………………………………………………………………………...28
Figura 17……………………………………………………………………………………...28
Figura 18……………………………………………………………………………………...28
Figura 19…………………………………………………………………………………...…29
Figura 20……………………………………………………………………………………...30
Figura 21………………………………………………………………………………...……31
Figura 22…………………………………………………………………………………...…31
Figura 23………………………………………………………………………………...……33
Figura 24…………………………………………………………………………………...…33
Figura 25……………………………………………………………………………………...34
Figura 26………………………………………………………………………………...……34
Figura 27……………………………………………………………………………...………35
Figura 28………………………………………………………………………………...……36
Figura 29…………………………………………………………………………………...…37
Figura 30……………………………………………………………………………………...39
Figura 31…………………………………………………………………………………...…40
Figura 32…………………………………………………………………………...…………40
Figura 33…………………………………………………………………………...…………41
Figura 34……………………………………………………………………………...………41
Figura 35………………………………………………………………………………...……41
Figura 36…………………………………………………………………………...…………42
Figura 37……………………………………………………………………………...………46
Figura 38………………………………………………………………………………...……46
Figura 39…………………………………………………………………………...…………47
Figura 40……………………………………………………………………………...………54
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO………………………………………………………….……….…...……8
2. MATÉRIAS-PRIMAS……………………………………………………….……..…...…9
3. CLASSIFICAÇÕES……………………………..………………...….….….….….….….10
4. PROCESSOS BASEADOS EM EXTRAÇÃO……………………….……………...….11
5. PROCESSOS BASEADOS EM BIOTECNOLOGIA……………….……………....…13
6. PROCESSOS DE CONVERSÃO QUÍMICA…………………..……….……………...18
6.1. Alquilação………………………………………………………………..……..………18
6.2. Carboxilação……………………………………………………….…………...………22
6.3. Condensação e ciclização………………………………………………………....……24
6.4. Desidratação……………………………………………………………..….…..………27
6.5. Esterificação…………………………………………………………..….……..………29
6.6. Halogenação……………………………………………………..………….…..………31
6.7. Oxidação……………………………………………………….…………...…..………32
6.8. Sulfonação……………………………………………………………….……..………34
6.9. Conversões químicas complexas………………………………….……………………35
7. FORMULAÇÃO…………………………………………………….……………………43
7.1. Excipientes……………………………………………………………...………………50
7.2. Formas farmacêuticas…………………………………………………..………………54
8. ESTABILIDADE DE MEDICAMENTOS………………………………...……………55
9. CONCLUSÃO……………………………………………………………….……………58
REFERÊNCIAS…………………………………………………………………………..…59
1. INTRODUÇÃO

A indústria farmacêutica é um setor responsável por pesquisar, desenvolver, produzir e


distribuir medicamentos e outros itens relacionados à saúde como vacinas e insumos
hospitalares. A indústria farmacêutica é responsável por lidar com a fabricação de produtos
cuja matéria prima requer muito conhecimento e especialização. A partir dos fármacos que
contêm o princípio ativo são produzidos os medicamentos por esse segmento. Na indústria
farmacêutica são realizadas pesquisas complexas para a descoberta de novos medicamentos.
Quando um novo remédio é descoberto a empresa responsável pela pesquisa detém a patente
desse novo medicamento por 20 anos, e recebe royalties de outras companhias que utilizam
essa nova descoberta. Após o prazo de 20 anos, qualquer empresa do ramo farmacêutico pode
utilizar um princípio ativo sem pagar os royalties. Assim surgem os genéricos, medicamentos
que custam menos e levam o nome da principal substância, sem precisar pagar royalties para
quem a descobriu.[30]

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2. MATÉRIAS-PRIMAS

As matérias-primas químicas para a indústria farmacêutica são materiais de alta


qualidade. Os requisitos estritos para esses produtos intermediários referem-se não apenas à sua
pureza, mas também aos parâmetros técnicos específicos resultantes de seu processo de
produção específico. Segundo a ANVISA, os insumos vegetais devem ser submetidos às
normas de boas práticas de fabricação. A matéria prima de produtos farmacêuticos pode ser
vegetal ou sintética. Os insumos vegetais são benéficos e se adéquam a todos os tipos de pele.
A matéria prima de produtos farmacêuticos é um elemento que auxilia na criação de uma
substância com intenção profilática- prevenção em favor da preservação da saúde;
curativa-restabelecimento da saúde ou cuidados paliativos - acalma um mal temporariamente.

➢ Que tipo de matérias-primas químicas são usadas na indústria farmacêutica?

São bastante populares dentre as matérias primas utilizadas pela indústria farmacêutica, o
ácido clorídrico e a soda cáustica, ambos utilizados para várias sínteses necessárias para
fabricar muitos medicamentos. São utilizados como ajustadores de pH, catalisadores em
reações químicas e como agentes redutores. A oferta de matérias-primas para a indústria
farmacêutica inclui também polietilenoglicóis que são utilizados como excipientes.
„Macrogols”, de acordo com a Farmacopeia Europeia, são compostos do grupo dos
polietilenoglicóis. São utilizados como ingredientes na produção de medicamentos, pomadas,
emulsões, dermocosméticos e outros produtos farmacêuticos. Os macrogols melhoram as
propriedades reológicas dos fluidos, aumentam a viscosidade de pomadas e cremes e também
servem como solventes e solubilizantes de substâncias ativas. Esses produtos também são
utilizados como aglutinantes, devido à sua capacidade de absorver a água presente na
formulação. O uso de macrogols em formulações farmacêuticas permite que os fabricantes
distribuam uniformemente todos os componentes e alcancem a consistência uniforme do
produto. Os macrogols oferecidos pelo PCC Group (fornecedores de matérias-primas
farmacêuticas) atendem aos requisitos da última edição da Farmacopeia Europeia.[29]

9
3. CLASSIFICAÇÕES

Os medicamentos são constituídos pelo princípio ativo e excipientes. O princípio ativo é


uma substância responsável pelo efeito farmacêutico , classificada em função de aspectos
como:

● Classe química: são medicamentos classificados de acordo com sua função química.
● Classe terapêutica: é o conjunto de medicamentos que tem como objetivo curar uma
determinada doença, aliviar sintomas e atribuir bem estar.[3]
● Alvo molecular: tem o foco de combater as moléculas específicas, direcionando a ação
de medicamentos, às células tumorais, reduzindo assim, suas atividades sobre as
células saudáveis e os efeitos colaterais.[27]

➢ Tipos de medicamentos

● Manipulados : são aqueles personalizados de acordo com demandas específicas


identificadas pelo médico.[12]
● Genéricos : são medicamentos que têm as mesmas características e produzem no
organismo os mesmos efeitos que um medicamento de marca.[4]
● Biossimilares : os biossimilares são medicamentos biológicos.[16]
● Pediátricos : são medicamentos voltados para crianças.
● Plantas : são medicamentos produzidos a partir de raízes, folhas e sementes.[20]
● Homeopáticos : é um medicamento suave e sem agressão ao organismo.[19]

Esses medicamentos são classificados por:

● Utilização (analgésico, antibiótico, sedativos, anticoncepcionais, etc);


● Vendidos sob prescrição médica ;
● Conversão Química .

Os medicamentos listados acima tem sua utilização específica. Suas vendas podem ser
sob prescrição médica , de acordo com a cor da tarja ou podem ser vendidos sem prescrição
médica , quando o medicamento não tem tarja.
10
4. PROCESSOS BASEADOS EM EXTRAÇÃO

A técnica de extração de substâncias naturais (oriundas de plantas e animais) foi a


principal fonte de medicamentos nos anos 1930. Todavia, ao longo do tempo, essa técnica foi
gradativamente substituída por rotas sintéticas de produção. Atualmente, os métodos de
extração ressurgem em técnicas relacionadas à biotecnologia, em que organismos modificados
ou especialmente desenvolvidos são cultivados e produzem um produto desejado que é
coletado ou extraído para processamento posterior.[2]
Existem diversas técnicas para extrair compostos bioativos de produtos naturais, tais
como:
● Maceração: envolve o contato direto da planta medicinal com um líquido por um tempo
específico. A infusão pode ser estática ou dinâmica, com agitação da mistura. É
apropriada para produzir extratos que são sensíveis ao calor e quando se deseja
preservar as propriedades sensoriais da planta, sem comprometer a extração dos
compostos ativos. Por exemplo, um extrato de camomila.
● Infusão: Água quente ou outro líquido apropriado para extrair é adicionado à erva. É o
processo utilizado para preparar chá caseiro, mas em grandes quantidades. Esse método
também é bastante empregado em plantas que são sensíveis ao calor e que buscam uma
qualidade sensorial superior do extrato obtido. Por exemplo, o mate tostado, o hibisco e
o chá verde.
● Decocção ou refluxo: neste método, o líquido extrator entra em ebulição (fervura) em
proximidade com a planta. Indicado para extração de ativos não termossensíveis e para
extirpação de partes mais rígidas das ervas quão caules, raízes e sementes. Por exemplo,
recorte de catuaba.
● Digestão: a proximidade planta-essência extratora é mantido a uma temperatura de
40°C a 60°C. Muito empregado para ganho de extratos de frutas e vegetais. Muitas
vezes uma nível de enzimação faz pedaço da digestão, para ganho de extratos com mais
impelido sensorial e clarificados ( operação que consiste em alumiar líquidos turvos).
Por exemplo, recorte de açaí, ameixa e cacau.
● Percolação: este é o processo que permite a extração mais eficiente dos ativos pela
dinâmica e artifícios possíveis. A passagem do líquido extrator através da planta moída,
em aparelhos conhecidos como percoladores com controle de fluxo, tempo e
temperatura, otimiza o processo. Geralmente é usado para extração de ativos não
11
termossensíveis. Por este método, em muitos casos, é possível extrair em torno de 95%
dos ativos contidos no material vegetal. Por exemplo, extrato de guaraná, extrato de
quassia, oleoresinas de pimenta.
● Extração com CO2 Supercrítico: neste tipo de extração, utiliza-se fluido supercrítico
CO2 para modular extração, podem também ser utilizados co-solventes como etanol.
Esta tecnologia ainda não está muito difundida na indústria devido seu alto custo e
baixo rendimento. É usada para extração de óleos essenciais.
● Extração Assistida por Micro-ondas (ESAM): é uma técnica de extração emergente,
muito utilizada na academia e ainda pouco difundida na indústria. A utilização de
energia de micro-ondas possibilita a extração com menos líquido extrator. É utilizada
para extração de compostos mais polares, como óleos e gorduras.
● Extração Assistida por Ultrassom: outra técnica emergente que vem recebendo destaque
por se tratar de uma metodologia de intensificação do processo, possibilitando a
obtenção de elevadas taxas de extração em tempos menores. A cavitação ( fenômeno de
vaporização de um líquido pela redução da pressão, durante seu movimento) gerada
pelo ultrassom é conhecida por produzir diversos efeitos na matriz vegetal, tais como: a
circulação do líquido (agitação do líquido extrator) no sistema e geração de turbulência
que pode auxiliar no aumento da transferência de massa. Isto reduz o tempo de
extração, possibilitando o consumo reduzido do líquido, além da extração em
temperaturas reduzidas, evitando danos térmicos ao extrato e minimizando perdas de
ativos.[6]

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5. PROCESSOS BASEADOS EM BIOTECNOLOGIA

O processo de biotecnologia é baseado na cultura de microrganismos, como bactérias,


leveduras, fungos ou células vegetais, e animal. Durante o metabolismo microbiano, os
microrganismos produzem produtos que podem estar contidos em células ou são de interesse
secretada no meio. Os microrganismos requerem substratos como carbono e nutrientes por
causa de seu crescimento e processos microbianos e muitas vezes em meio aquoso. O
dispositivo no qual ocorre o processo microbiano é chamado tanques de fermentação e o
processo pelo qual os microrganismos crescem e produzem produtos. Os de interesse são
chamados de fermentação. Após a produção do produto, ele deve ser obtido a partir de
biomassa ou as mídias são processadas por meio de processos "downstream", por exemplo,
centrifugação, homogeneização ou ultrafiltração.[2]

➢ Fermentação

Fermentação é um processo realizado por alguns organismos para a obtenção de energia.


Esse ocorre na ausência de oxigênio e também não apresenta cadeia receptora de elétrons,
como ocorre na respiração anaeróbica.[11] As aplicações de fermentação em biotecnologia são
classificadas nos seguintes tipos culturas de células microbianas e de mamíferos, fermentadores
são equipamentos usados para controlar o crescimento desses microrganismos. Fermentação
microbiana para produção em massa de antibióticos produção em escala e pequena escala de
proteínas recombinantes, caracteriza-se pelo rápido crescimento da população, problemas de
transferência de calor e massa.
As culturas de células de mamíferos são caracterizadas por taxa de crescimento e alta
sensibilidade às condições operacionais. Ambos essas tecnologias compartilham princípios
comuns de design de fermentadores. O processo usa vários tipos diferentes de fermentadores.
Teste microbiano em larga escala, bem como a complexidade do projeto e construção e a
operação é mantida pela sensibilidade do processo meio no fermentador.[2]
Os tipos de fermentadores são:

● Tanque Aberto: O tipo mais simples de fermentador é o open top tank, os organismos
são distribuídos em meios nutritivos, usados em grande escala na indústria cervejeira.
Na fase anaeróbica da fermentação, tanques cobertos com espuma de dióxido de
13
carbono e previne eficazmente a entrada de ar no processo. Serpentinas podem ser
dispostas no tanque para o controle da temperatura durante o processo.
● Tanque Agitador: tanques fermentadores com agitação são agitados mecanicamente
para manter a homogeneidade, para atingir a rápida dispersão e mistura do material
adicionado e para melhorar a transferência de calor e controle da temperatura e
transferência de massa dissolvendo moderadamente gases solúveis como o oxigênio.

Para fermentações aeróbicas, o ar é injetado através de um atomizador simples ou de um


tubo perfurado posicionado bem abaixo da pá do agitador para evitar que envolva-o com o gás.
A razão de fornecimento do ar deve ser suficiente para satisfazer a demanda de oxigênio da
fermentação.[2]

● Fermentadores tipo air-lift e tanque aerado (sparged tank): este projeto não apresenta
agitador mecânico e a energia necessária para promover a mistura, transferência de
calor e dissolução do gás é promovida pelo movimento do gás através do meio líquido.

Este sistema tem algumas vantagens comparado com um sistema de tanque agitador:

● Remove o maior risco de contaminação no ponto de entrada do fermentador;


● Para tanques grandes, a energia necessária para a agitação é grande para ser transmitido
por um simples agitador;
● A evaporação da água no gás contribui um pouco para o resfriamento fermentação.[2]

➢ Condições para uma boa fermentação

Oxigenação e movimento: as células animais são afetadas pela movimentação


(requerendo movimento suave) e pela força das bolhas de ar que promovem a oxigenação. Os
meios de cultura de células contêm substâncias que tendem a formar espuma. Para minimizar
esse problema, é importante projetar sistemas de movimentação e oxigenação adequados, além
de utilizar agentes antiespuma. É essencial ter cuidado ao aplicar movimentos, pois, embora
suaves, podem causar danos mecânicos às células. Geralmente, sistemas com movimentação
suave reduzem a formação de espuma. O tipo e tamanho do agitador influenciam na mistura do

14
meio. As células de mamíferos são mais sensíveis a danos mecânicos do que as células
microbianas.
Nível de acidez: O ambiente em que as células vivem apresenta um nível de pH próximo
ao neutro, o que faz com que muitos microrganismos sejam pouco sensíveis às concentrações
externas de hidrogênio e íons hidroxila. A maioria dos microrganismos cresce bem em
ambientes com pH entre 4 e 9, no entanto, para alguns organismos específicos, essa faixa de pH
é muito restrita e o controle rigoroso se faz necessário.
Projeto estéril: A presença de qualquer tipo de contaminação pode ter consequências
desastrosas. O fermentador deve ser projetado de forma a facilitar a limpeza (superfícies lisas e
sem ranhuras) e esterilização. A forma mais eficiente de esterilização é a que utiliza vapor a
121°C por 20 minutos, capaz de eliminar tanto os microrganismos vivos quanto seus esporos.
Temperaturas mais elevadas e tempos menores podem ser empregados, mas nunca o contrário.
A qualidade do vapor utilizado é crucial; culturas de células de mamíferos demandam vapor
limpo.
Controle de temperatura: A temperatura ideal para o crescimento de microorganismos
varia de cerca de -5 a 80 ºC. O controle preciso da temperatura é de grande importância,
especialmente para a cultura de células. O limite superior depende do efeito que a temperatura
tem nos componentes vitais dos organismos, como proteínas e ácidos nucleicos, que são
destruídos na faixa de temperatura de 50 a 90 ºC.
Esterilização do meio: Os ingredientes utilizados no meio de cultura devem ser
monitorados por um rigoroso programa de controle de qualidade. No entanto, em muitos casos,
a esterilização é necessária e existem três métodos principais:

● Esterilização contínua em grande escala;


● Esterilização "in situ" por calor para pequenos lotes;
● Esterilização por filtração para produtos sensíveis ao calor.[2]

➢ Recuperação e purificação

A divisão e a limpeza do produto são áreas críticas no planejamento de uma fábrica de


fermentação. O projeto do sistema de recuperação do produto inclui produtos produzidos por
microrganismos e células de mamíferos em caldo de fermentação, tanto intracelulares quanto
extracelulares:
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Produtos extracelulares em grande quantidade: as tecnologias para recuperação de
produtos extracelulares consistem em operações unitárias tradicionais como filtragem a vácuo,
cristalização, extração líquido-líquido, precipitação e destilação.
Produtos recombinantes: produtos terapêuticos recombinantes podem ser intracelulares
ou extracelulares, dependendo do microrganismo produtor. Para produtos mais complexos,
como proteínas intracelulares, as instalações de recuperação incluem ruptura celular, remoção
dos detritos celulares, lavagem e recuperação, concentração do produto, purificação e
esterilização do produto final.
A obtenção e purificação de produtos (proteínas) a partir de caldos de fermentação requer
um amplo conhecimento das operações unitárias. A complexidade dessas operações é agravada
pela alta sensibilidade das proteínas ao calor e à agitação.
Métodos convencionais para o isolamento e purificação de produtos recombinantes
incluem:

● Rompimento celular: o produto de interesse está contido dentro das células e o objetivo
do rompimento celular é liberá-lo para posterior separação. Geralmente, isso é realizado
por meio de meios mecânicos, como homogeneizadores, moinhos de bolas ou por
impacto com líquidos em alta pressão. Outros métodos, como o uso de som, mudanças
de pressão ou temperatura e métodos químicos, também podem ser empregados. A
separação do produto dos destroços celulares (debris) após o rompimento é geralmente
realizada por centrifugação.
● Ultrafiltração: é amplamente utilizada para a recuperação e purificação de proteínas. Os
principais usos da ultrafiltração incluem a concentração de proteínas, a remoção de sais
da solução contendo o produto por diafiltração e a retirada de pirogênios das soluções
tampão utilizadas no processo.
● Eletrodiálise: empregada para retirar sais, ácidos e bases dos caldos de fermentação. A
separação é realizada através da aplicação direta de corrente elétrica utilizando
membranas de troca que alternam ânions e cátions.
● Centrifugação: geralmente utilizada para cultura de células em operações de remoção de
detritos e lavagem dos pellets. São empregadas centrífugas de disco e centrífugas
decantadoras.
● Cromatografia: é a principal técnica para a purificação final de proteínas. A separação
cromatográfica pode ocorrer de várias formas, dependendo da afinidade. Existem
16
basicamente duas formas de cromatografia: cromatografia por partição (como filtração
em gel) e cromatografia de adsorção (por exemplo, troca iônica ou por afinidade). A
filtração em gel, também chamada de peneira molecular, separa moléculas com base no
tamanho. É uma técnica de baixa capacidade e não aplicável a grandes volumes. Na
cromatografia por adsorção, o produto se liga a uma matriz no leito e é
subsequentemente eluído pela mudança na composição do tampão. As formas mais
comuns de separação incluem a cromatografia por troca iônica (que separa proteínas
com base nas cargas eletrostáticas) e a cromatografia por afinidade (que separa o
produto ou remove as impurezas por meio de atrações bioespecíficas entre as moléculas
e os ligantes no gel ou resina).[2]

➢ Soluções utilizadas nos passos de purificação

Durante as etapas de purificação, é necessário filtrar as soluções. Na preparação de


soluções tampão, pode ser necessário utilizar água para injeção. Em sistemas de cultura de
células que não produzem endotoxinas, é aconselhável preparar todas as soluções tampão com
água para injeção, a fim de evitar a introdução de endotoxinas que precisarão ser removidas
posteriormente por cromatografia. Em sistemas microbianos que produzem endotoxinas (como
a E. coli, que produz lipopolissacarídeos), a água para injeção não é necessária até que os
pirogênios sejam reduzidos a baixos níveis ou eliminados de forma eficaz.[2]

17
6. PROCESSOS DE CONVERSÃO QUÍMICA

São sempre de natureza química e visam transformar uma fração em outra(s), ou alterar
profundamente a constituição molecular de uma dada fração, sem, no entanto, transformá-la
em outra. Isto pode ser conseguido através de reações de quebra, reagrupamento ou
reestruturação molecular. Os processos de conversão normalmente são de elevada
rentabilidade, principalmente quando transformam frações de baixo valor comercial (gasóleos
ou resíduos) em outras de maior valor (GLP, naftas, querosene e diesel). De forma similar aos
processos de separação, os de conversão apresentam também como característica o elevado
investimento para suas implantações, no entanto, principalmente os processos de
craqueamento térmico ou catalítico e coqueamento retardado, apresentam baixo tempo de
retorno do capital investido. Em alguns casos o retorno do capital pode ocorrer em cerca de um
ano apenas.[9]

6.1. Alquilação

Com a alquilação pode-se obter derivados do ácido barbitúrico, fenobarbital, barbital,


cloreto de procaína, codeína, fosfato de codeína e a cafeína.[39]

● DERIVADOS DO ÁCIDO BARBITÚRICO

Os barbitúricos atuam como substâncias depressoras do Sistema Nervoso Central, são


usados como antiepilépticos, sedativos, hipnóticos e anestésicos.[25]

● FENOBARBITAL (ácido - 5 -etil 5-fenilbarbitúrico)

Este derivado possui utilidade específica no tratamento de epilepsia . Como outros


derivados do ácido barbitúrico , é feito a partir do éster , feniletilmalonato de dietila , que é
condensado com uréia para formar o produto.[39]

18
Figura 1 - Reações para obtenção de fenobarbital

Fonte : Indústrias de Processos Químicos , 4.ed.

● BARBITAL

É o ácido dietilbarbitúrico , vendido sob o nome de Veronal. É o mais antigo dos


barbituratos de ação demorada , sendo derivado do malonato de dietila pelas seguintes
reações:[39]

19
Figura 2 - Reações para obtenção do barbital

Fonte : Indústrias de Processos Químicos, 4.ed

● CLORETO DE PROCAÍNA

Este anestésico é receitado sob o nome de novocaína . É considerado menos tóxico que a
cocaína e, além disso , não forma o hábito de consumo, sendo usado frequentemente junto com
um vasoconstritor , como a epinefrina , para assegurar a ação anestésica prolongada. Uma das
reações principais da sua preparação é a alquilação. [39]

Figura 3 - Reações do Cloreto de Procaína

Fonte : Indústrias de Processos Químicos, 4.ed

20
● CODEÍNA E FOSFATO DE CODEÍNA

A codeína é uma droga sedativa e analgésica. Essa droga era obtida do ópio numa fração
de 10% da morfina produzida ; tornou-se necessário metilar cerca de 90% desta morfina , para
atender ao aumento da demanda , quando se descobriu a superioridade da codeína no alívio da
tosse , e em outras aplicações , juntamente com o aparecimento de menores efeitos colaterais.
A alquilação é difícil, pois existem três sítios em que se pode metilar a molécula da morfina : a
hidroxila alcoólica , a hidroxila fenólica e o nitrogênio terciário. Para dirigir a alquilação para
hidroxila fenólica e reduzi- la no nitrogênio terciário, emprega- se um agente alquilante com
nitrogênio quaternário , o cloreto de feniltrimetilamônio , obtendo - se rendimentos de 91 a
93% em codeína e uma certa recuperação de morfina não alquilada . A alquilação é feita com
morfina dissolvida em álcool absoluto , na presença de etilato de sódio , mediante o
aquecimento com o agente alquilante , num autoclave em cobre , a 60 psi (4,1 atm) e acerca de
130°C. A dimetilanilina e os solventes são recuperados e reutilizados. As reações são: [39]

Figura 4 - Reações de obtenção da Codeína

Fonte: Indústrias de Processos Químicos, 4.ed

Observe que a base desta reação é a morfina , obtida somente pelo isolamento a partir do
ópio ; este é o exsudato seco das incisões que se fazem na cápsula não amadurecida da papoula
do ópio . Papaver somniferum. Naturalmente , toda a codeína do ópio é isolada , juntamente
com a morfina e outros alcalóides úteis ( ver a morfina , nos extratos). A relação entre a
morfina e a codeína pode ser percebida nas seguintes fórmulas estruturais: [39]

Figura 5 - Relação entre a morfina e a codeína

Fonte : Indústrias de Processos Químicos, 4.ed


21
● CAFEÍNA , TEOBROMINA E TEOFILINA

São derivados da xantina , classificados como estimulantes do sistema nervoso central ,


mas com propriedades diferentes. Podem ser obtidos de diversas fontes . A cafeína , o mais
importante , é obtida de rejeitos de chá e na descafeinização do café ( ver cafeína nos extratos ).
A demanda de cafeína tem um volume grande. Pode ser fabricada por diferentes processos :
Alguns são usados industrialmente: por exemplo , a metilação da teobromina e a síntese total
por metilação , além de outras reações baseadas na uréia . Uma sequência típica para fabricação
da cafeína sintética é:[39]

Figura 6 - Reações de fabricação da cafeína sintética

Fonte : Indústria Farmacêutica, 2019.

6.2. Carboxilação

A carboxilação é descrita como um método de incorporação do grupo carboxila


(–COOH) em moléculas orgânicas por meio de reações com dióxido de carbono (CO2). Esse
processo é amplamente utilizado na fabricação de ácido salicílico e seus derivados (por
exemplo, aspirina, salol, salicilato de metila). A produção destes compostos envolve uma
reação de carboxilação chamada reação de Kolbe-Schimitt.[31]

22
Figura 7 - Esquema de reações químicas para a preparação do Salicilato de metila (reação de Kolbe-Schimitt).

Fonte: SEAD UFES


➢ Ácido acetilsalicílico

Para produzir ácido acetilsalicílico, um reator de aço inoxidável é utilizado para misturar
ácido salicílico e anidrido acético a uma temperatura inferior a 90°C. As substâncias são
mantidas no reator por três horas. Depois disso, a mistura é filtrada para separar o ácido
etanoico. O processo continua com a transferência da massa para um cristalizador a 0°C. Os
cristais resultantes são centrifugados para remover 0,5 de umidade e, em seguida, secos em um
secador. O produto final é o ácido acetilsalicílico. Para finalizar o produto, o ácido
acetilsalicílico seco é prensado com amido e embalado.[7]

Figura 8 - Estruturas Dos Reagentes Utilizados Para Produção Da Aspirina (Ácido acetilsalicílico).

Fonte: Querobolsa

23
6.3. Condensação e ciclização

A reação de condensação é um tipo de reação na qual duas moléculas ou grupos


funcionais se combinam para formar uma molécula maior, eliminando uma molécula menor.
Já a reação de ciclização ocorre quando uma molécula linear forma um anel ou ciclo
prêmio de ligações covalentes. Essa reação pode acontecer por meio da reação de condensação.

Hexilresorcinol

Composto orgânico que apresenta propriedades germicidas, anti-sépticas e


anti-helmínticas contra nematóides e outros.
Para a sua fabricação é necessário aquecer o resorcinol e o ácido capróico junto de um
agente de condensação, como por exemplo o cloreto de zinco formando um derivado cetônico
intermediário. Pela redução com amálgama de zinco e ácido clorídrico, obtém-se o
hexilresorcinol impuro, até que pode ser purificado por destilação a vácuo.[39]

Figura 9 - Síntese do Hexilresorcinol.

Fonte: Livro Indústrias de Processos Químicos, 1980.

Fenolftaleína

É amplamente utilizada como purgativo. É feita a partir da adição de fenol a uma solução
de anidrido ftálico em ácido sulfúrico concentrado, a mistura é então aquecida. O anidrido
ftálico sofre uma reação de condensação com duas moléculas de fenol formando
fenolftaleína.[28]

24
Figura 10 - Síntese de Fenolftaleína.

Fonte: Livro Indústrias de Processos Químicos, 1980.

Citrato de Piperazina

Composto usado como anti-helmíntico, no tratamento de infecções provocadas por


oxiúros e ascarídeos, e também utilizado na veterinária.
Para a formação da piperazina é feita a reação de ciclização do dibrômetro de etileno com
amônia alcoólica, a 100oC. O citrato é formado em solução aquosa e cristalina.[39]

Figura 11 - Síntese de Citrato de Piperazina

Fonte: Livro Indústrias de Processos Químicos, 1980.

Meprobamato

O meprobamato é um medicamento pertencente à classe dos tranquilizantes, com


propriedades ansiolíticas e sedativas. Ele é utilizado principalmente para o tratamento de
ansiedade e tensão muscular.
O dicarbamato de 2-metil 2-n-propil 1, 3-propanodiol é produzido em uma solução
toluênica pela condensação do 2-metil n-propil 1, 3-propanodiol, a mais ou menos 0oC, com o
fosgênio em presença de dimitilanilina: então se forma o éster dicloroformiato, que é sujeito a
aminólise, para formar o éster dicarbamato:[39]
25
Figura 12 - Éster dicarbamato

Fonte: Livro Indústrias de Processos Químicos, 1980.

Cloreto de Tiamina (vitamina B1)

Vitamina antineurítica, essencial para o crescimento do organismo e para a prevenção do


beribéri.
Para se obter a tiamina é feita a síntese pela condensação do brometo de 6-amino
5-bromometil 2-metilpirimidina com a 5(β-hidroxietil)4-metiltiazol; dessa reação resulta o
cloridrato de cloreto de tiamina. A última etapa é:[39]

Figura 13 - Síntese do Cloreto de Tiamina.

Fonte: Livro Indústrias de Processos Químicos, 1980.

Riboflavina (vitamina B2)

É uma vitamina essencial solúvel em água que desempenha um papel importante no


metabolismo celular. Ela é necessária para converter os alimentos em energia e também atua
como antioxidante, protegendo as células contra danos oxidativos.[41]
A riboflavina vem da fermentação butílica-acetônica dos melaços e também pela síntese a
seguir, que começa com a 1, 3, 4-xilidina, a D-ribose, a anilina e a aloxana:[39]
26
Figura 14 - Síntese de Riboflavina.

Fonte: Livro Indústrias de Processos Químicos, 1980.

6.4. Desidratação

A partir da desidratação obtém-se o éter, usado em anestesia geral e como solvente. O


éter anestésico da farmacopeia é especialmente purificado, mas também obtido com boa
qualidade como co-produto da fabricação do álcool a partir do etano, o éter e o óxido nitroso,
ambos anestésicos, são fabricados mediante reações de desidratação de acordo com as
reações:[37]

Figura 15 - Reação de desidratação

Fonte: Indústrias de Processos Químicos, 4.ed

- Desidratação de álcoois

Reação de eliminação: A desidratação (eliminação de água) de um álcool pode conduzir a


Alcino ou éter, dependendo das condições da reação.

Terciário> Secundário> Primário

27
● Desidratação intramolecular de um álcool conduz a formação de um Alcino.
Exemplo:
Figura 16 - Desidratação intramolecular

Fonte: Ômega, módulo 28

Figura 17 - Desidratação intramolecular

Fonte: Ômega, módulo 28

● Desidratação intermolecular de um álcool conduz à formação de um éter.


Exemplo:

Figura 18 - Desidratação intermolecular

Fonte: Ômega, módulo 28

- Desidratação por Liofilização

Pouco conhecida, porém considerada uma das técnicas mais eficazes de conservação e
muito utilizada pelas indústrias alimentícias e farmacêuticas, a liofilização consiste em um
processo de desidratação. O produto é congelado em uma temperatura ideal e posteriormente a
água é eliminada por sublimação (passagem direta do estado sólido para o gasoso), através de
um controle de vácuo. O equipamento para laboratório responsável pela realização deste
28
processo é o liofilizador. A sublimação ocorre quando a água congelada passa do estado sólido
para o gasoso, sem passar pelo líquido. Inicialmente, a temperatura é reduzida, proporcionando
o congelamento da amostra contida no equipamento. Em seguida, ocorre a redução da pressão,
de maneira que no momento em que a temperatura se elevar novamente, a água que se encontra
no estado sólido, passe diretamente para o gasoso. As temperaturas variam entre a escala
negativa (dependendo do modelo) durante o congelamento. Já na etapa de sublimação
(secagem) variam também, porém de maneira positiva. A liofilização é utilizada para conter a
umidade de toda amostra que esteja sujeita a degradação térmica. Já que a umidade promove o
desenvolvimento das bactérias, a ausência delas livra as amostras da deterioração. Para auxiliar
neste processo, existe um equipamento para laboratório específico para a liofilização de
materiais. A função do liofilizador é realizar as etapas de congelamento e transformação do
estado sólido para o estado gasoso, promovendo a sublimação.[13]

6.5. Esterificação

A esterificação é uma reação química utilizada para a síntese de ésteres. É um processo


onde um ácido carboxílico reage com um álcool na presença de um catalisador ácido, formando
um éster.[14]

Ácido Acetilsalicílico

O ácido acetilsalicílico, também conhecido como aspirina. É amplamente utilizado como


um analgésico, antipirético e anti-inflamatório.
O ácido acetilsalicílico é sintetizado por meio da esterificação do ácido salicílico com o
anidrido acético. A reação ocorre na presença de um ácido forte, como o ácido sulfúrico, que
atua como catalisador. O resultado é a formação do éster acetilsalicílico.[1]

Figura 19 - Síntese do Ácido Acetilsalicílico

Fonte: ENEM, 2017.

29
Acetofenetidina

Este composto funciona como analgésico e antipirético e também é utilizado por


veterinários. Ele é obtido pelo clorobenzeno pelo processo Dow. Esse processo é baseado na
alquilação do fenolato de sódio pelo cloreto de etila e no acoplamento do derivado alcoólico
com a anilina diazotada.[39]

Figura 20 - Síntese de Acetofenetidina.

Fonte: Livro Indústrias de Processos Químicos, 1980.

Cocaína

A cocaína era utilizada na medicina como anestésico local e também é um poderoso


estimulante do sistema nervoso central que afeta o funcionamento de neurotransmissores,
especialmente a dopamina, a noradrenalina e a serotonina. É classificada como uma substância
psicoativa, devido aos seus efeitos estimulantes e psicotrópicos.[15]
A cocaína é um alcalóide proveniente de folhas de espécies do gênero Erythroxylum. É
um éster metílico da benzoilecgonina. A cocaína pode ser obtida por métodos naturais a partir
da extração com solvente orgânico e reações ácido-base para purificação e produção para as
demais formas de apresentação da substância.[5]

30
Figura 21 - Fórmula Estrutural da Cocaína.

Fonte: Wikipédia.

6.6. Halogenação

A cloração ou halogenação , é usada extensamente como etapa química na fabricação de


diversos intermediários , como o cloreto e o brometo de etila ; diversos homólogos são
empregados como intermediários na fabricação de produtos farmacêuticos acabados . Em
apenas alguns , contudo , o cloro continua a comparecer no produto acabado. Um destes
compostos , de continuada presença , usado como exemplo , é o clorofórmio . O clorofórmio
foi usado como anestésico , por inalação, mas hoje é raramente empregado . É adotado como
solvente de alcalóides e de outras substâncias orgânicas, em análise química e como
preservativo , durante a percolação aquosa de drogas vegetais, pois impede a decomposição
bacteriana.[39]

● CLOROFÓRMIO

O etanol e a cal clorada eram usados para fabricar o clorofórmio ; mais recentemente ,
emprega - se como maior vantagem o hipoclorito de cálcio e a acetona, pois a reação é mais
rápida e o rendimento mais elevado . A reação pode ser representada pelas seguintes equações
simplificadas:[39]

Figura 22 - Equações simplificadas

Fonte : Indústrias de Processos Químicos, 4.ed


31
O clorofórmio absolutamente puro decompõe - se de modo rápido , em repouso ,
especialmente quando exposto à umidade e à luz solar . Por isso , a farmacopéia requer a
presença de pequena quantidade de álcool , a fim de retardar essa decomposição (de 0,5 a
1%).[39]

6.7. Oxidação

A oxidação é uma reação química caracterizada pela perda de elétrons de átomos, íons e
moléculas. O processo de oxidação também resulta em um aumento no número de oxidação
(nox) do produto químico.

➢ Tipos de oxidação:

Combustão

A combustão é a reação química da matéria com o oxigênio, que finalmente produz luz e
calor. O oxigênio é chamado de agente oxidante. A matéria carbonácea é o combustível. A
função do oxigênio é oxidar o combustível e é o agente oxidante para a combustão.A
combustão pode ser completa ou incompleta.

Combustão Completa: CH4(g) + 2O2(g) → CO2(g) + 2H2O(g) + calor

Ocorre quando há suprimento suficiente de oxigênio. Ao final da reação, formam-se


dióxido de carbono (CO2) e água (H2O).

Combustão Incompleta: CH4(g) + 3/2O2(g) → CO(g) + 2H2O(g)

Não há suprimento suficiente de oxigênio, formam-se monóxido de carbono (CO) e água


(H2O).

32
Ozonólise

Nessas reações, o ozônio é o reagente que causa a oxidação das olefinas. As ligações
duplas dos alcenos são quebradas para formar compostos carbonílicos, como aldeídos e
cetonas.

Figura 23 - Reação de ozonólise

Fonte: Elaborado pelo autor.

Oxidação branda

A oxidação leve ocorre quando o agente oxidante é um composto, como o permanganato


de potássio, presente em uma solução aquosa diluída, resfriada, neutra ou levemente alcalina.
Este tipo de oxidação ocorre quando se usa o teste de Baeyer, que é usado para distinguir
alcenos isoméricos de naftenos.

Figura 24 - Reação de oxidação branda

Fonte: Elaborado pelo autor.

33
Oxidação energética

Nesse tipo de oxidação, o permanganato de potássio fica em um ambiente mais quente e ácido,
tornando a reação mais ativa. Agentes oxidantes de alta energia podem destruir as ligações
duplas dos alcenos. Dependendo da estrutura dos alcenos, cetonas e ácidos carboxílicos podem
ser formados.[17][36][40]

Figura 25 - Reação de oxidação energética

Fonte: Elaborado pelo autor

6.8. Sulfonação

As drogas mais importantes que têm a sulfonação como conversão química predominante
são a sulfanilamida. a sulfadiazina, a sulfasuxidina, a sulfaguanidina e o sulfatiazol. A
sulfanilamida, membro inicial desta classe, é uma substância química interessante, conhecida
há muito como intermediário na fabricação de um corante alaranjado, o Prontosil, antes de suas
propriedades antibacterianas serem reconhecidas. Descobriu-se , em 1935 que a sulfanilamida
(paminobenzenossulfonamida) era a parte antimicrobiana ativa do corante. Cerca de 3.300
sulfonamidas foram sintetizadas, mas apenas algumas conseguiram superar os cuidadosos
ensaios das indústrias farmacêuticas e dos médicos. A seguinte estrutura caracteriza todas as
sulfanilamidas que têm utilidade terapêutica:

Figura 26 - Sulfanilamidas

Fonte: Guanabara dois, [1980]

34
➢ SULFADIAZINA: (farmacopéia americana). 2-sulfanilamidopirimidina. É a única
sulfonamida mais amplamente empregada atualmente, quando se desejam ter as ações sistêmica
e antibactericida destes agentes. A fabricação mediante sulfonação e condensação pode ser
representada da seguinte forma:[39]

Figura 27 - Reações de obtenção da sulfadiazina

Fonte: Guanabara dois, [1980]

6.9. Conversões químicas complexas

Muitas substâncias químicas são obtidas a partir de conversões químicas complexas,


como o ácido ascórbico, cloroanfenicol e darvon, librium, anticoncepcionais e radioisótopos em
medicina. O ácido ascórbico (vitamina C) é de fundamental importância para a nutrição
humana, uma vez que é utilizado na deficiência da vitamina, auxílio do sistema imunológico,
nas fases de crescimentos, dietas restritivas e inadequadas, anemias carenciais, como
antioxidantes, em processos de cicatrização, pós cirúrgico, doenças crônicas e convalescença. A
vitamina C é encontrada na forma de ácido L-ascórbico (ALA), que representa sua principal
forma biologicamente ativa. Comumente utilizada como antioxidante, essa vitamina preserva o
sabor e a cor natural de muitos alimentos como frutas, legumes, laticínios e produtos
processados. A produção industrial de ácido L-ascórbico pode ocorrer por síntese química,
fermentativa e por métodos mistos de ambos.[37]
É denominado de ácido 2,3-enediol-L-gulônico de acordo com a União Internacional da
Química Pura e Aplicada (IUPAC). Sua fórmula estrutural é a seguinte:

35
Figura 28 - Fórmula estrutural do ácido ascórbico

Fonte: Manual da química

O termo L em seu nome está relacionado com a atividade óptica, já que possui um
carbono quiral em sua estrutura. Pode-se observar na estrutura do ácido ascórbico a presença de
importantes grupos funcionais oxigenados, como álcool (grupo OH ligado a um carbono
saturado), enol (grupo OH ligado a um carbono que realiza uma ligação dupla) e éster (carbono
que realiza uma ligação dupla com um oxigênio e uma ligação simples com outro oxigênio.[10]
O processo Reichstein é o mais utilizado para a obtenção do ácido L-ascórbico, visto que
possui maior rendimento global, menor tempo de reação e redução dos custos de energia. Foi
criado pelo químico farmacologista Tadeusz Reichstein (1897-1996), que sintetizou a vitamina
C em 1933, sendo o primeiro passo para a produção industrial da vitamina em 1936. Consiste
em cinco etapas químicas e uma etapa fermentativa:

36
Figura 29 - Processo Reichstein

Fonte : Elaborado pelo autor.

37
Etapa 1: Hidrogenação da D- Glicose em D- Sorbitol

Começando com a D- Glicose, o grupo aldeído (CHO) é primeiro reduzido a um álcool


primário (CH2OH). Isso é realizado com alto rendimento por uma redução catalítica com
hidrogênio sob alta pressão, com catalisador CuCr. O resultado é o D- Sorbitol, substituto do
açúcar, frequentemente utilizado por diabéticos.

Etapa 2: Fermentação do D- Sorbitol em L- Sorbose

Com a ajuda de microorganismos, como por exemplo, Acetobacter suboxydans, o D-


Sorbitol é a seguir oxidado com oxigênio. Neste caso, o grupo OH em C5 é oxidado
seletivamente em um grupo ceto. O que resulta é cetohexose L- Sorbose.

Etapa 3: Acetonização da L- Sorbose

Infelizmente, não é possível oxidar seletivamente o grupo álcool primário terminal em L-


Sorbose em um ácido carboxílico, porque, independentemente de qual agente oxidante for
escolhido, os outros grupos hidroxila também são oxidados. Por esse motivo, agora é
necessário um desvio sintético, no qual quatro dos cinco grupos hidroxila são primeiro
protegidos contra a oxidação. Nesse ponto, Reichstein descobriu um grupo protetor ideal,
econômico e ecologicamente correto para essa finalidade: a acetona. O grupo ceto da acetona
pode reagir com dois grupos hidroxila adjacentes para dar um acetal cíclico, e com uma escolha
hábil das condições de reação, duas moléculas de acetona podem ser induzidas para proteger
contra a oxidação de todos os quatro grupos hidroxila em questão. O que resulta é a Diacetona -
L- Sorbose.

Etapa 4: Oxidação e Hidrólise

A oxidação com permanganato de potássio (KMnO4) produz um bom rendimento do


ácido carboxílico. Em seguida ocorre a hidrólise para retirada de ambos os grupos protetores de
uma só vez para produzir Ácido 2-ceto-L- gulônico.

38
Etapa 5: Esterificação

O Ácido 2-ceto-L-gulônico reage com metanol (CH3OH) + ácido clorídrico (HCl) +


metóxido de sódio (CH3ONa) produzindo Ácido metilester 2-ceto-L- gulônico, que passa por
uma destilação para retirada do excesso de metanol

Etapa 6: Lactonização

O Ácido metilester 2-ceto-L- gulônico segue para o último reator, onde na presença de
ácido clorídrico (HCl), ocorre a Lactonização: um ataque intramolecular da hidroxila ao
carbono da própria molécula, resultando em um rearranjo, o Ácido L- Ascórbico.[33][38]

O cloranfenicol foi o primeiro antibiótico ativo de via oral e o primeiro fármaco com
centros assimétricos a ser produzido por rota sintética, em 1947. Da mesma maneira que a
penicilina, o cloranfenicol inicialmente era produzido através de fermentação por Streptomyces
venezuela. É interessante ressaltar que o cloranfenicol possui dois centros quirais,
consequentemente 4 isômeros, onde apenas o isômero treo (R,R) apresenta atividade
antibiótica. Atualmente seu uso é restrito ao tratamento do tifo e em infecções crônicas em que
outros antibióticos se mostram insensíveis devido à sua toxicidez sobre a medula óssea e por
causar discrasias sanguíneas. Em alguns países, como no Brasil, utiliza-se o cloranfenicol sob a
forma de colírio para o tratamento de infecções oculares leves. Atualmente é fabricado, em
grande parte, por síntese química, principiando pela p- nitroacetona e terminando no
composto.[23]

Figura 30 - Obtenção do Cloranfenicol

Fonte: Elaborado pelo autor

39
O dextropropoxifeno (conhecido comercialmente por Darvon) é um analgésico da
categoria opioide , patenteado em 1955 e fabricado pela Eli Lilly and Company . É um isômero
óptico do levopropoxifeno. Destina-se a tratar a dor leve e também tem efeitos antitussígenos
(supressores da tosse) e anestésicos locais.[8] Sua síntese principia com substâncias
relativamente simples, mas estão envolvidas muitas etapas na fabricação.
Etapa 1: Acoplamento, para dar a cetona de Mannich

Figura 31 - Reação de obtenção da Cetona de Mannich

Fonte: Indústrias de Processos Químicos, 4.ed

Etapa 2: Acoplamento da cetona de Mannich com o cloreto de benzila, mediante a


técnica de Grignard (seguida por decomposição)

Figura 32 - Reação de obtenção do Carbinol

Fonte: Indústrias de Processos Químicos, 4.ed

Etapa 3: Resolução dos isômeros óticos mediante o uso do ácido d- canforsulfônico


Etapa 4: Cisão do ácido d- canforsulfônico mediante o hidróxido de amônio e conversão
do isômero alfa-dextro ao cloreto de ácido.
Etapa 5: Esterificação do isômero alfa-dextro com o anidrido propiônico.
40
Figura 33 - Obtenção do Darvon

Fonte: Indústrias de Processos Químicos, 4.ed

O Librium (cloridrato de clorodiazepóxido) é um medicamento ansiolítico de ação


tranquilizante que age deprimindo o sistema nervoso central, sendo muito utilizado no
tratamento de problemas de ansiedade, por exemplo. É produzido mediante uma série
complicada de conversões químicas:

Figura 34 - Reações de obtenção do Librium

Fonte: Indústrias de Processos Químicos, 4.ed

Os anticoncepcionais, são tomados diariamente por milhares de mulheres, e a maior parte


de suas drogas são derivadas do composto 1.

Figura 35 - Composto 1

Fonte: Indústrias de Processos Químicos, 4.ed


41
Por exemplo, uma das drogas, o Mestranol, tem fórmula:[26]

Figura 36 - Menstranol

Fonte: Indústrias de Processos Químicos, 4.ed

Radionuclídeos ou radioisótopos são isótopos instáveis, ou seja, sujeitos ao processo de


decaimento radioativo. Na medicina, os radioisótopos servem para diagnóstico e tratamento de
doenças, sendo a principal base da medicina nuclear.
Essa área da medicina utiliza materiais radioativos para acompanhar processos
metabólicos através de imagens, combater patologias e sintomas como a dor causada por
metástase. Para que sejam absorvidos pelo organismo, os radionuclídeos precisam estar
associados a radiofármacos, que são os medicamentos utilizados em medicina nuclear.
Formados por moléculas que se ligam ao radioisótopo, os radiofármacos são compostos
radioativos administrados no paciente para possibilitar exames e tratamentos. Tecnécio-99,
flúor-18, iodo-131 e gálio-67 são exemplos de radiofármacos utilizados pela medicina
nuclear.[24]

42
7. FORMULAÇÃO

➢ Produção de Sólidos Orais

Os setores para a produção de sólidos orais localizam-se centralmente na área de


produção farmacêutica. As paredes são revestidas com tintas laváveis para permitir a limpeza e
desinfecção periódica. Os pisos sofrem manutenção constantemente e não apresentam
angulações retas com as paredes, para que não haja acúmulo de impurezas. A área é
devidamente iluminada. O setor é dividido em:

- Pesagem - 120,68 m2
- Granulação - 235,01 m2
- Compressão - 146,77 m2
- Microgrânulos - 20,09 m2
- Laqueamento - 28,33 m2
- Drageamento - 129,21 m2

Equipamentos e localização

43
Saída do Almoxarifado: O Setor Produção emite uma Requisição de Produção de um
medicamento para o Almoxarifado. Este separa e transfere as matérias-primas para a Central
de Pesagem.
Pesagem: O Setor de Pesagem recebe as matérias-primas identificadas com caracteres
alfabéticos e código de barras. As matérias-primas são pesadas, lacradas e depositadas em
gaiolas lacradas, separadamente, evitando assim a contaminação cruzada. Um sistema
controlado por microcomputador somente emite a etiqueta do material pesado se o código de
44
barras corresponder ao da matéria-prima correta, aprovado e no peso solicitado na formulação.
Os recipientes com os materiais pesados são mantidos em gaiolas lacradas contendo apenas um
lote de produto em cada gaiola. As gaiolas com material já pesado são transferidas para o inter
depósito e/ou diretamente aos setores produtivos, sempre lacradas.
Granulação: O Setor de Granulação recebe suas matérias-primas específicas devidamente
pesadas por lote, confere a pesagem de cada uma e anexa as etiquetas de pesagem ao Dossiê de
Fabricação, seguindo a Folha Roteiro (Processo de Fabricação). A Folha Roteiro indica a
ordem de entrada dos ingredientes da fórmula e o método de fabricação de cada produto.
São utilizados dois tipos de granulação: por via seca e por via úmida, com adição de
soluções granulantes aquosas ou alcoólicas. São utilizados os seguintes equipamentos:
Granulador Triturador Diosna, Loedige e Misturador de Tambor. O granulado úmido é
transferido para o Secador de Leito Fluidizado (60 Kg ou 120 Kg) e é seco até a faixa de
umidade especificada, sendo o tempo de secagem definido especificamente para cada produto.
Caso seja somente necessária a mistura de pós, o produto segue para o misturador em “V” ou
de Bins.
Outro equipamento utilizado é o Misturador Triturador e Secador Roto P que realiza três
etapas em um mesmo equipamento. A Garantia da Qualidade retira amostra para análise de teor
e de umidade. Após secagem, a mistura vai para o Misturador em “V” ou para o Misturador de
Bins (Canguru), onde serão adicionados os demais excipientes e é finalizada a granulação.
Os produtos são transferidos do granulador ainda úmidos para o secador ou no caso de
granulação por via seca, do granulador para o misturador, por um sistema fechado, através de
vácuo, para evitar a liberação de pós no setor produtivo. Todo o sistema é comandado por um
PLC (Controlador Lógico Programável). O registro das temperaturas de secagem é registrado e
impresso. Os granulados dos três tipos de granulação são pesados e armazenados em depósitos
chamados “zarges” ou “bins” identificados e levados para os inter depósitos, onde aguardam a
próxima fase de produção (Compressão).

45
Figura 37 - Granulador

Fonte: Arquivo ABBOTT/KNOLL

Compressão: O granulado obtido no item anterior é comprimido em equipamento


adequado montado com punções próprios, de acordo com a especificação de cada produto.
Tanto o Setor, quanto o Controle de Qualidade, faz o acompanhamento e solicitam os ajustes
necessários ao processo em termos de dureza, friabilidade e peso do comprimido. Os
comprimidos são armazenados no interdepósito em barricas azuis de polipropileno,
devidamente identificados. Os punções e matrizes utilizados passam por um controle de
qualidade do Setor de Engenharia de modo a verificar o seu dimensional padrão. No caso de
comprimidos simples, a próxima fase é a embalagem; já no caso das drágeas ou comprimidos
revestidos, os núcleos obtidos por compressão irão para o setor de drageamento ou
laqueamento diretamente, após aprovação da Garantia da Qualidade.

Figura 38 - Compressor (Aproximado)

Fonte: Arquivo ABBOTT/KNOLL

46
Drageamento: É efetuada conferência do peso e das etiquetas das barricas contendo os
núcleos. As condições de umidade relativa do ar e temperatura ambiente requeridas são
monitoradas durante o processo para que a produção alcance padrões homogêneos de
drageamento. A primeira etapa de isolamento com aspiração de pó, ocorre na drageadeira
sempre em rotação. Depois é adicionada a pasta de drageamento, que é preparada no Setor de
Líquidos Orais e Suspensão. Na fase de acabamento, dilui-se parte da pasta em xarope de água
e sacarose, dando brilho à superfície da drágea para finalizar com o polimento. As drágeas
prontas são armazenadas em sacos de polietileno dentro de barricas no interdepósito.
Finalizando o processo, segue a fase de seleção de drágeas onde selecionam-se as drágeas fora
de especificação no que diz respeito a tamanho e formato. Ao final do processo, tem-se a
aprovação do Controle de Qualidade e o granel está liberado para seguir o processo de
embalagem.

Figura 39 - Drageadeira

Fonte: Arquivo ABBOTT/KNOLL

Revestimento de Comprimidos: Após a compressão, os comprimidos a serem revestidos


com laca passam por uma aplicação de solução de laqueamento, específica para cada produto,
no equipamento adequado ao tamanho do lote, permanecendo em rotação até adquirirem o
aspecto especificado. Os comprimidos revestidos são armazenados em sacos de polietileno
dentro de barricas no interdepósito.
Microgrânulos: Microgrânulos Neutros 26 são utilizados para a produção de Teolong
cápsulas. Os microgrânulos são colocados na drageadeira de fundo chato, adicionando-se uma
solução específica para retardar a liberação do princípio ativo e, o próprio em fases sucessivas,
de forma a se obter a liberação fracionada do princípio ativo conforme especificado. Após a
análise do Setor Físico-Químico, é calculado o título, e partir dele, serão efetuados os cálculos
para a quantidade a ser colocada em cada cápsula para obter o teor necessário em cada fase de
47
liberação. Uma vez terminado o processo, os microgrânulos são armazenados em sacos
plásticos no interdepósito, aguardando a aprovação da Garantia da Qualidade para fase de
encapsulamento.

➢ Líquidos orais, suspensões e semi-sólidos

Líquidos Orais e Suspensões

Abrange 3 salas distintas: uma com 28,75 m2 para fabricação de Líquidos Orais e
Suspensões, uma com 35,02 m2 para fabricação e preparação de Líquidos Orais, Suspensões e
Pasta para Dragear e outra para estocagem de Líquidos Orais e Suspensões de 45,49 m2.
O Setor possui 3 reatores de fabricação de 6000 L, nos quais as matérias-primas são
adicionadas por gravidade, diretamente pela escotilha (parte superior) do reator e por bomba
diafragma. Um reator de fabricação de 1000 L e um reator de 100 L, onde as matérias-primas
são adicionadas diretamente pela escotilha do reator e por bomba diafragma. A área de
estocagem de líquidos, possui: 3 reatores de 6000 L para depósito. As paredes são revestidas
com tintas laváveis, para permitir limpeza e desinfecção periódica. Estão disponíveis para o
processo: ar comprimido, água quente e purificada. O piso é polido e o local é devidamente
iluminado.
Reator: As paredes são revestidas com tintas laváveis, para permitir limpeza e
desinfecção periódica. Estão disponíveis para o processo: ar comprimido, água quente e
purificada. O piso é polido e o local é devidamente iluminado.
O Setor de Líquidos Orais e Suspensões, recebe suas matérias-primas específicas,
devidamente pesadas por lote, confere a pesagem de cada uma e anexa as etiquetas ao Dossiê
de Fabricação, seguindo a folha roteiro (processo de fabricação). A folha roteiro indica a ordem
de entrada dos ingredientes da fórmula e a metodologia de produção, durante cada fase do
processo. O processo consiste na solubilização dos diversos ingredientes nos reatores contendo
água purificada, seguindo-se várias etapas de homogeinização, aquecimento, acerto de pH e
filtração, até a obtenção de xaropes conforme as especificações internas. Após este processo, os
produtos são armazenados na área de estocagem de líquidos, aguardando envase
Preparação de Semi-Sólidos: O Setor de Semi-Sólidos recebe suas matérias-primas
específicas devidamente pesadas por lote, confere a pesagem de cada uma e anexa as etiquetas
ao Dossiê de Fabricação, seguindo a folha roteiro (processo de fabricação). A folha roteiro
indica a ordem de entrada dos componentes da fórmula dos produtos, e a metodologia de

48
fabricação para cada fase do processo. O processo consiste na fusão das bases oleosas em
reatores e a posterior transferência para o Becomix ou Moltomat, podendo utilizar água
purificada, no caso de géis, e os demais componentes da fórmula. Seguem-se várias etapas de
homogeinização, aquecimento, moagem e resfriamento até a obtenção das pomadas conforme
as especificações internas. Após este processo, as pomadas são transferidas para recipientes de
aço inox e armazenadas na sala de estocagem. Recipientes de Aço Inox
PRODUÇÃO DE COLAGENASE: Este setor está separado da Produção Farmacêutica,
ocupando no prédio K uma área de 405,34 m2, divididos em dois pavimentos e subdivididos
por sua vez, em sala de Preparação, Purificação, Moagem, Microbiologia, Fermentação, Casa
de Máquina, e Torre de Resfriamento. Todas as instalações e procedimentos de fabricação
foram idealizados dentro de um contexto de produção biotecnológica. As utilidades disponíveis
para este setor são as mesmas existentes na produção farmacêutica, excetuando-se o Sistema de
ar e Chiller. Localizada externamente em área classificada como Biolimpa, o ativo produzido é
a enzima Colagenase Clostriopeptidase A, em forma finamente granulada na coloração
castanha. O limite de fermentações semanais é de 5 e algumas fases do processo são
controladas pelo próprio setor, sendo o produto final analisado pela Garantia da Qualidade.
Descrição do Processo: Saída do Almoxarifado. Separa e transfere as matérias-primas
para a Central de Pesagem.
Pesagem: As matérias-primas são pesadas, lacradas e depositadas em gaiolas
lacradas, separadamente, evitando assim a contaminação cruzada.
Preparo do Meio: As matérias-primas são recebidas, pesadas e embaladas em sacos plásticos
de polietileno. Os meios de cultura são preparados e esterilizados por autoclavação.
Laboratório Microbiológico: Os primeiros inóculos são realizados em condições
assépticas sob fluxo laminar.
Fermentação: Fermentadores são inoculados com a bactéria específica em meio líquido
definido. A fermentação procede em anaerobiose.
Separação: O líquido enzimático é separado da biomassa por uma centrífuga Westfalia.
Esta biomassa é autoclavada e descartada.
Filtração: esterilizante do líquido coletado por filtro de placas horizontais Seitz
e por cartuchos de filtração absoluta.
Ultrafiltração; Elimina substâncias proteicas não aproveitáveis através da passagem do
líquido por cartuchos de ultrafiltração de fibra oca concentrando a colagenase e proteases.
Flotação: Ao líquido resultante é adicionado Sulfato de Amônio sob agitação, até que
49
haja a formação de flocos proteicos contendo a massa enzimática (Colagenase e
proteínas).
Diafiltração: A massa enzimática é absorvida em água isenta de íons e inicia-se o
processo de dessalinização através da diafiltração, em sistema de cartuchos de
filtração de fibra oca.
Liofilização: O líquido diafiltrado é congelado em bandejas e submetido a secagem
através de liofilização.
Moagem: O pó liofilizado é retirado das bandejas e moído em moinho centrífugo. A
granulometria do pó é atingida, de acordo com as especificações para a produção de pomadas e
géis.
Mistura: Diferentes pós provenientes de várias fermentações são misturados para a
obtenção de um lote com especificações constantes.
Embalagem: O lote moído é acondicionado em sacos de polietileno duplo e lacrado. O
lote é enviado para terceiros para realizar a sua esterilização através de radiação ionizante (Co
60). O lote esterilizado retorna a Indústria, é analisado pela Garantia da Qualidade, ficando
estocado na sala fria do almoxarifado até sua liberação.[22]

7.1. Excipientes

Um excipiente é uma substância inerte, farmacologicamente inativa, utilizada como


veículo para a substância ativa, auxiliando na sua preparação ou estabilidade. Adiciona o peso
ou volume especificado. É utilizado para obtenção da forma farmacêutica desejada, ou seja,
cápsula, sachê, xarope, gel comestível, solução capilar, creme, gel transdérmico ou outros
formatos de apresentação.
O excipiente é responsável por suplementar o peso ou volume da formulação,
proporcionando padronização do peso e teor do princípio ativo. É um dos grandes diferenciais
no manuseio, pois conseguimos adaptá-lo e manter a composição sem princípios ativos
alergênicos e sem tantos componentes químicos que encontramos em produtos industriais. É
nele que são adicionadas as substâncias ativas, sendo necessária a seleção correta para alcançar
o tratamento desejado. Ele serve como carreador do princípio ativo, portanto deve possibilitar a
liberação adequada no organismo e transportá-lo até o destino esperado. Os excipientes
precisam ser selecionados de acordo com cada ingrediente para garantir maior disponibilidade
Por exemplo, excipientes específicos que auxiliam na liberação lenta da substância ativa ou
50
excipientes oleosos para substâncias lipossolúveis. É usado para ajudar a substância ativa a
adquirir a forma correta e a potência farmacêutica, a fim de proteger o medicamento da
hidrólise ou oxidação.
Temos vários tipos de bases galênicas para uso externo e monitorizamos sempre qual a
base que será mais compatível com a área aplicada, o tipo de pele a tratar e a finalidade do
tratamento. Um excipiente amplamente utilizado para carregar hormônios e substâncias
lipofílicas é o gel transdérmico, que permite que eles atravessem a bicamada lipídica da pele e
entrem na corrente sanguínea. Para uso interno, os excipientes servem para preencher o
conteúdo da cápsula, proteger contra os efeitos da umidade e do ar, facilitar a ingestão, permitir
que os princípios ativos não grudem nos grãos durante o manuseio e atuar como adjuvante para
corrigir odores, cor e sabor. desagradável, aumentando a adesão do paciente à manipulação.[34]
Tradicionalmente, o conceito de excipiente era um simples adjuvante e veículo,
quimicamente e farmacologicamente inerte, mas atualmente tem sofrido grande
desenvolvimento. Antes eram considerados meras substâncias capazes de facilitar a
administração e proteger o medicamento, hoje são considerados componentes essenciais que
garantem a eficácia do medicamento e otimizam a obtenção do efeito terapêutico. Alguns dos
fatores que podem ser afetados pelos excipientes são: dureza, friabilidade, uniformidade de
conteúdo (UC), taxa de desagregação, estabilidade ativa, revestimento, dissolução e
biodisponibilidade, compressibilidade, fluidez, uniformidade de conteúdo, lubrificação
(drenagem e enchimento da matriz, ejeção do comprimido , preparação de cápsulas) e mistura.

➢ Tipos de excipientes e suas funções

Acidificante: É usado em formulações líquidas para criar um meio ácido que contribui
para a estabilidade do produto. Exemplos: Ácido cítrico | Ácido fumárico.
Alcalinizante: É usado em formulações líquidas para fornecer um meio alcalino para fins
de estabilidade. Exemplos: Dietanolamina | trietanolamina.
Adsorvente: É capaz de reter outras moléculas em sua superfície por mecanismos físicos
ou químicos. Exemplos: Pó de celulose | carvão ativado.
Conservante antifúngico: É usado em preparações líquidas e semi-sólidas para prevenir o
crescimento de fungos. A eficácia dos parabenos geralmente aumenta quando eles são
combinados. Exemplos: Butilparabeno | etilparabeno.

51
Antioxidantes: É usado para prevenir a deterioração de preparações por oxidação.
Exemplos: Ácido ascórbico | Palmitato de ascorbilo | Hidroxibutilanisol | Hidroxibutiltolueno |
Ácido fosfórico | Monotioglicerol | Ascorbato de sódio | Bissulfito de sódio | Metabissulfito de
Sódio | formaldeído sódico.
Plugue: É usado para resistir à mudança de pH após diluição ou adição de ácidos ou
bases. Exemplos: Metafosfato de potássio | Fosfato de Potássio | Acetato de sódio | Citrato de
sódio.
Quelante: Um agente complexante solúvel em água estável (quelato) com metais, usado
em alguns líquidos farmacêuticos como estabilizadores de metais pesados complexos que
podem promover instabilidade. Exemplos: Edta | ácido edético.
Tingir: É utilizado para colorir preparações sólidas (comprimidos e cápsulas) e líquidas.
Exemplos: Óxido de ferro | Fluoresceína | carmoisina.
Agente Emulsificante: É utilizado para promover a dispersão de partículas líquidas
finamente dispersas em um veículo no qual é imiscível. O produto final pode ser uma emulsão
líquida ou uma emulsão semi-sólida. Exemplos: Monoestearato de glicerina | monoestearato de
sorbitano | Polioxietileno 50 estearato.
Agente Encapsulante: É usado para criar embalagens finas para envolver o medicamento,
facilitando a administração. Exemplos: Gelatina | ftalato de acetato de celulose
sabor É utilizado para conferir sabor e aroma agradáveis ao produto. Além dos aromas
naturais listados, muitos outros sintéticos são usados. Exemplos: Óleo de Anis | Óleo de Canela
| Mentol | óleo de laranja | óleo de hortelã-pimenta | Baunilha.
Hidratante: É utilizado para prevenir o ressecamento de preparações, principalmente
pomadas e cremes. Exemplos: Glicerina | Sorbitol | propileno glicol.
Solvente: É usado para dissolver outra substância na preparação de uma solução; pode ou
não ser aguado. Se necessário, podem ser usados co-solventes como misturas de água-álcool e
água-glicerina. Certas preparações (como injeções) usam solventes estéreis. Exemplos: Álcool |
óleo de milho | Óleo de Semente de Algodão | Água purificada | água para injeção.
Doadores de consistência: Eles são usados para aumentar a consistência ou dureza de
uma preparação, geralmente uma pomada. Exemplos: Álcool cetílico | Parafina | álcool
estearílico.
Surfactante: É uma substância que adsorve a superfícies ou interfaces para reduzir a
tensão superficial ou interfacial. Pode ser usado como umectante, detergente ou emulsificante.

52
Exemplos: Cloreto de benzalcônio | Nonoxinol 10 | Octoxinol 9 | Polissorbato 80 | Lauril
sulfato de sódio.
Agente de Suspensão: É um agente que aumenta a viscosidade ao reduzir a velocidade de
sedimentação das partículas em um veículo no qual elas não são solúveis; a suspensão pode ser
formulada para uso oral, parenteral, oftálmico, tópico ou outro. Exemplos: Ágar | Bentonita |
Carbopol | Carboximetilcelulose sódica | Hidroxietilcelulose | Hidroximetilcelulose |
Hidroxipropilcelulose | Caulim | Metilcelulose | Adragent.
Adoçante: É usado para adicionar um sabor doce à preparação. Exemplos: Aspartame |
Dextrose | Glicerina | Sorbitol | Manitol | Sacarose | sacarina sódica.
Comprimido Antiaderente: Evite que os componentes da formulação do comprimido
grudem nas matrizes e morram durante a produção. Exemplos: Estearato de magnésio |
preenchimento infantil.
Fichários: São substâncias que provocam a adesão das partículas de pó aos grânulos
destinados à prensagem. Exemplos: Carboximetilcelulose sódica | Etilcelulose | Gelatina |
Metilcelulose | glicose líquida.
Diluente: É um material de enchimento inerte usado para produzir o volume desejado,
propriedades de fluxo e características de compressão em cápsulas e comprimidos. Exemplos:
Amido pré-gelatinizado | Celulose Microcristalina | Carbonato de Cálcio | Lactose | Caulim |
Manitol | sorbitol.
Desintegrador: Eles são usados em formas sólidas para promover sua decomposição em
partículas menores, mais facilmente dispersáveis ou solúveis. Exemplos: Ácido algínico |
Cálcio carboximetilcelulose | Celulose Microcristalina | Alginato de sódio | Amido.
Deslizando: É usado em formulações de comprimidos e cápsulas para melhorar as
propriedades de fluxo da mistura em pó. Exemplos: Sílica coloidal | Amido de milho |
preenchimento infantil.
Lubrificante: É usado em formulações de comprimidos para reduzir o atrito durante a
compressão. Exemplos: Estearato de cálcio | Estearato de magnésio | Óleo mineral | ácido
esteárico | estearato de zinco.
Doador de viscosidade: Serve para aumentar a resistência das preparações contra
vazamentos. É utilizado para retardar a sedimentação de partículas em suspensões, aumentar o
tempo de contato de preparações oculares, espessar cremes de uso tópico, etc. Exemplos:
Bentonita | Carbopol | Carboximetilcelulose sódica | Metilcelulose | Alginato de sódio |
Adragent.[35]
53
7.2. Formas farmacêuticas

As formas farmacêuticas são as diferentes apresentações físicas nas quais os


medicamentos são disponibilizados para uso. Essas formas determinam como o medicamento é
preparado, administrado e absorvido pelo organismo. Elas podem se apresentar nos estados:
sólido, semi-sólido, líquido e gasoso.[18]

➢ Tipos de formas farmacêuticas

● Sólidas: cápsulas, comprimidos, drágeas, granulados, pós, supositórios, anéis, adesivos,


óvulos, pastilhas, tabletes, filmes, dispositivos intra-uterinos, entre outros.
● Semi-sólidas: géis, pomadas, cremes, pastas, loções, unguentos, emplastro, entre outros.
● Líquidas: xaropes, emulsões, soluções, suspensões, injetáveis, extratos, tinturas, entre
outros.
● Gasosas: aerossóis e sprays.[21]

Figura 40 - Formas farmacêuticas

Fonte: Inova Farma Blog, 2022.

54
8. ESTABILIDADE DE MEDICAMENTOS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define estabilidade farmacêutica como


capacidade de um produto farmacêutico de reter suas propriedades químicas, físicas,
microbiológicos e biofármacos dentro dos limites especificados por todo o período de validade.
A perda de estabilidade do fármaco pode estar diretamente relacionada à perda do efeito
terapêutico ou formação de produtos tóxicos de degradação.
A estabilidade dos produtos farmacêuticos depende de fatores ambientais, como
temperatura, umidade, luminosidade e outros fatores relacionados ao próprio produto, como
propriedades físicas e químicas de substâncias ativas e excipientes farmacêuticos, forma droga
e sua composição, processo de produção, tipo e propriedades dos materiais embalagem
Garantir a segurança química, física, microbiológica, terapêutica e aspectos toxicológicos do
medicamento e forma farmacêutica dentro dos limites especificados, etc. influência de fatores
ambientais em função do tempo, estudo de estabilidade.
A estabilidade é dividida em física, química, microbiológica, terapêutica e toxicológica.
E os testes de estabilidade se dividem em um estudo acelerado, permanente e de longo prazo.

➢ Tipos de estabilidade

A Farmacopéia Americana define estabilidade como o período no qual um produto


retém, dentro de limites especificados, e por todo o seu período de armazenamento e uso, as
propriedades e características que o produto possuía na hora de sua produção. Segundo os
autores Garcia, Junior e Veiga a estabilidade difere-se em: estabilidade física, química,
microbiológica, terapêutica e toxicológica.

➢ Estabilidade física

A estabilidade física aborda essencialmente a integridade da substância ativa e os seus


produtos de degradação. Determina as características físicas dos medicamentos, principalmente
a solubilidade e biodisponibilidade . Os principais fatores são : vibrações e impactos, flutuações
de temperatura e umidade.

55
➢ Estabilidade química

A estabilidade química refere-se à capacidade do fármaco em manter a identidade


molecular e conformação espacial, é a mais importante e de mais fácil avaliação. Os principais
fatores são : temperatura, umidade, luz e pH.

➢ Estabilidade microbiológica

A estabilidade microbiológica refere-se apenas para preparações aquosas e a estabilidade


toxicológica traduz por uma decomposição, de substância ativa ou excipiente, capaz de gerar
maior toxicidade.

➢ Estabilidade terapêutica

A estabilidade terapêutica impede que as alterações provocadas por modificações físicas,


químicas, microbiológicas ou tecnológicas incidam sobre a ação farmacológica do produto. A
estabilidade toxicológica traduz-se por uma decomposição capaz de originar produtos
possuindo maior toxicidade.

FATORES QUE AFETAM A ESTABILIDADE: A estabilidade dos fármacos é afetada


por fatores externos e internos, dentre os quais se destacam: temperatura, umidade, luz,
hidrólise e oxidação, sendo os dois últimos classificados como fatores internos.
Temperatura: A temperatura é o fator mais importante envolvido na degradação de
produtos farmacêuticos, pois à medida que a temperatura aumenta, a degradação química
aumenta. Este efeito pode ser reduzido pelo armazenamento adequado: congelamento,
resfriamento, controle de temperatura durante todo o processo.
Umidade: A umidade pode estar relacionada ao efeito da temperatura, é outro fator
importante que afeta a estabilidade dos produtos. A adesão da água à superfície de um produto
farmacêutico pode alterar seu estado físico e afetar sua reatividade, levando à degradação
indireta, foi reduzido pela adição de produtos dessecantes às embalagens, bem como
embalagens hiper permeáveis.

56
Luz: A interferência da luz pode induzir reações de degradação, como redução e
oxidação. O efeito da luz nas drogas pode afetar a velocidade da reação. Usar um recipiente
âmbar e colocá-lo nos lugares certos pode ajudar a reduzir o efeito desse fator.
Hidrólise: A hidrólise é um dos fatores internos mais comuns, é caracterizada pela quebra
de uma molécula devido à água. Esse efeito pode ser reduzido pela substituição do solvente por
glicerina, método nem sempre possível, e pelo uso de dessecantes em embalagens ou materiais
impermeáveis.
Oxidação: As reações de oxidação são catalisadas pela luz e pela temperatura, levando à
degradação do fármaco. Evitar o contato com a luz, o oxigênio e o uso de oxidantes pode
reduzir esse efeito.[32]

57
9. CONCLUSÃO

Conclui-se que a indústria farmacêutica tem como objetivo precípuo a produção de


medicamentos, responsáveis pela manutenção da saúde de bilhões de pessoas ao redor do
planeta. Os medicamentos são constituídos por princípios ativos - substâncias que exercem
efeito farmacológico - e por excipientes - substâncias inativas para assegurar características
físico-químicas do medicamento. A química é essencial, pois ela permite estudar as
propriedades dos produtos, e fazer um medicamento que seja eficaz e seguro para uma
determinada doença ou para desenvolver fármacos cada vez mais seguros para o consumo

58
REFERÊNCIAS

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[19] INOVA FARMA. Lista dos medicamentos homeopáticos. Disponível em :


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[20] IPOG. Medicamento fitoterápico: você sabe os benefícios e qual profissional pode
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[21] LISTA Completa Com Todas As Formas Farmacêuticas, Conceitos E Abreviações. [S. l.],
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http://moldesinjecaoplasticos.com.br/fundamentos-do-processo-de-rotomoldagem/. Acesso em:
17 maio 2023.

[22] LUTEBARK, M “CONHECENDO O PROCESSO PRODUTIVO DE SÓLIDOS,


LÍQUIDOS E GRANULAÇÃO NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA”. Disponível em:
https://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/k217138.pdf. Acesso em: 21 maio.
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https://www.chemistryviews.org/details/ezine/5774991/Esthetics_of_the_Reichstein-Grussner_
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[34] Sabbag, R, Q Você sabe o que é excipiente e como ele é utilizado em seu medicamento?
https://www.farmaciaqueiroz.com.br/post/voc%C3%AA-sabe-o-que-%C3%A9-excipiente-e-c
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[35] SANTOLIA, L.Tipos de Excipientes Farmacêuticos Disponível em:


https://www.linkedin.com/pulse/tipos-de-excipientes-farmac%C3%AAuticos-luiz-felippe-santo
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[36] SANTOS, W.L.P; MOL, G.S. Química cidadã, 3. 2. ed. São Paulo: Editora AJS, 2013.

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[39] SHREVE, R. Norris; JR, Joseph A. Brink. Indústrias de Processos Químicos. [S. l.: s. n.],
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[40] USBERCO, J. Conecte química, 2: química. - 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.

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