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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE FARMÁCIA

LAÍS DOS SANTOS VIEIRA

RELATÓRIO TRIAGEM DE DROGAS

SALVADOR
2022
TRIAGEM DE DROGAS EM SORO

Os salicilatos são uma classe de substâncias muito utilizada devido ao seu


efeito anti-inflamatório e analgésico (KIM-KATZ, 2014). Existem vários
medicamentos contendo essas substâncias, dentre eles um dos mais
populares é o ácido acetilsalicílico. Ele é um grande causador de intoxicação
medicamentosa, principalmente em crianças, por ingestão acidental.

A ingestão de 150 a 200 mg/kg de ácido acetilsalicílico pode causar uma


intoxicação leve, e ingerir de 300 a 500 mg/kg pode causar uma intoxicação
grave. Uma intoxicação crônica pode ocorrer com a ingestão de 100 mg/kg/dia
de ácido acetilsalicílico por dois dias (KIM-KATZ, 2014).

O ácido acetilsalicílico tem uma margem terapêutica estreita, pois sua


concentração plasmática para atingir efeito terapêutico é de 150 a 300µg/ml,
mas em valores próximos de 300µg/ml já aparecem sintomas de intoxicação
(VILA; TUBINO; OLIVEIRA NETO, 2000).

Os sintomas de intoxicação por salicilatos podem incluir vômito, letargia,


hiperpneia, alcalose respiratória, acidose metabólica, hipoglicemia, convulsão,
coma, hipertermia, edema pulmonar e morte, a depender da gravidade da
intoxicação (KIM-KATZ, 2014).

O paracetamol é um fármaco que é amplamente utilizado por seu efeito


analgésico e antipirético, também é formulado em combinação com outras
substâncias em medicamentos para gripe e analgésicos (OLSON, 2014). Tem
comprovada segurança em doses terapêuticas, porém o consumo de doses
elevadas pode levar a dano renal e hepático (NESI, 2012).

A hepatotoxicidade pode ocorrer em crianças com a ingestão de mais de 200


mg/kg, e em adultos com a ingestão de 6 a 7g (OLSON, 2014).

Os principais sintomas agudos de intoxicação por paracetamol são anorexia,


náusea e vômitos. Após 24 a 48h da ingestão da dose tóxica podem ocorrer
elevação das transaminases, insuficiência hepática fulminante, insuficiência
renal aguda, encefalopatia e acidose metabólica (OLSON, 2014).
A prática teve como objetivo aplicar o método espectrofotométrico de triagem
para drogas, para auxiliar no diagnóstico de intoxicação por drogas
medicamentosas.

Foi feito o preparo das amostras, fazendo a extração dos analitos de interesse
das amostras de soro. Depois foi feita uma reação para a formação de
complexo cromogênico, para assim poder ser feita a leitura da absorbância no
espectrofotômetro.

Na triagem de salicilatos foi feita a precipitação das proteínas da amostra com


o ácido tricloroacético a 5%, depois foi recolhido o sobrenadante para fazer
uma reação utilizando a metodologia de Trinder, na qual há a reação dos íons
de salicilato com os íons Fe3+, formando um complexo de coloração violeta,
com absorção na faixa de 540 nm (FARIA, 2017).

(FARIA, 2017).

Na triagem de paracetamol foi feita a extração do analito utilizando o efeito


salting out com cloreto de sódio e acetato de etila, em seguida foi recolhido o
sobrenadante e foi feita uma reação com TPT e nitrato férrico, na qual houve a
formação de um complexo de coloração azulada.

Paciente Salicilato

STDS, 2 anos, sexo masculino, deu entrada após 24h de uma suposta ingestão
de 1 cartela de AAS 500mg. Apresentava convulsão, desorientação,
hiperventilação.

A concentração do calibrador é de 200µg/mL, com uma absorbância de 0,105,


resultando num fator de calibração 1904,76.

Tabela 1 – Absorbância e concentração das amostras triagem salicilatos.


Amostra Absorbância Concentração
Amostra 1 0,067 127,62 µg/mL
Amostra 2 0,084 159,99 µg/mL
Amostra 3 0,079 150,48 µg/mL

A concentração média da amostra foi de 146,03 µg/mL, o que está dentro dos
níveis terapêuticos dos salicilatos. Convertendo em mg/dL para comparação no
nomograma de Done temos 14,603 mg/dL.

Observando o nomograma de Done, considerando a concentração encontrada


e o tempo de ingestão, o paciente deveria estar assintomático, sendo assim,
pode-se inferir que os sintomas apresentados decorram de outra condição.

Paciente Paracetamol

PTDS, 16 anos, sexo feminino, deu entrada após 48h de uma suposta ingestão
de paracetamol. Apresentou dor no epicôndrio direito, petéquias, possível
hepatite, AST e ALT >1500 UI/L.
A concentração do calibrador é de 30 µg/mL, e absorbância de 0,175, o que
gera um fator de calibração de 171,43.

Tabela 2 – Absorbância e concentração das amostras triagem paracetamol.

Amostra Absorbância Concentração


Amostra 1 0,271 46,46 µg/mL
Amostra 2 0,237 40,63 µg/mL
Amostra 3 0,270 46,28 µg/mL

A concentração média de paracetamol encontrada na amostra foi de 44,46


µg/mL. Essa concentração está acima dos níveis terapêuticos, e é considerada
tóxica.
Considerando o nomograma acima, pode-se concluir que a paciente
desenvolveu uma toxicidade hepática. A clínica da paciente também corrobora
para essa conclusão.
TRIAGEM DE DROGAS DE ABUSO

O teste de triagem de drogas de abuso utiliza a urina como amostra, e tem


como objetivo auxiliar na rápida detecção de intoxicação por drogas de abuso.
O princípio do teste é a imunocromatografia, no qual há a presença de
anticorpos para a(s) droga(s) de interesse, e drogas conjugadas, que são
marcadas com algum agente cromogênico, que é o revelador do teste, e há
uma competição da droga conjugada com a droga livre pelo sítio de ligação do
anticorpo, com isso há uma maior quantidade de droga conjugada não ligada.

Foi feito teste para triagem de anfetamina e ecstasy em uma amostra de urina,
porém os resultados foram inconclusivos porque não foi encontrada bula para
interpretação do teste. No teste de anfetamina foram adicionadas 3 gotas de
amostra no local indicado, e foi esperada a adsorção da amostra. Já no teste
de ecstasy, a fita teste foi colocada dentro da amostra e foi esperada a
adsorção da mesma.

Resultado do teste de anfetamina.


Resultado do teste de ecstasy.

Além desses testes também foi feito o teste de Scott para detecção de cocaína.
Segundo Silva et al. (2019) no teste de Scott o tiocianato de cobalto reage com
a cocaína em meio ácido, o que gera uma mudança de coloração de rosa para
azul, mas com o uso de adulterantes nas amostras, o resultado do teste passa
a ser duvidoso, podendo dar um falso negativo ou falso positivo.

Nesse teste foi utilizado uma alíquota de padrão e uma alíquota de amostra, e
foram adicionadas algumas gotas do reagente a cada uma delas. Inicialmente
não houve reação de mudança de cor em nenhum dos dois, mas após um
tempo foi percebida uma mudança de coloração no padrão. A amostra se
manteve inalterada até o final da aula, isso pode ter ocorrido pela possível
adição de adulterantes na amostra.

Teste de Scott no início.

Teste de Scott passado alguns minutos.


REFERÊNCIAS
KIM-KATZ, Susan. Salicilatos. In: OLSON, Kent R. (org.). Manual de
Toxicologia Clínica. Tradução Denise Costa Rodrigues, Maria Elisabete Costa
Moreira. 6. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. p. 373-375.
NESI, Rafael da Silva. Estudo clínico-epidemiológico das intoxicações por
paracetamol registradas no Centro de Informações Toxicológicas de
Santa Catarina no período de janeiro de 2003 a dezembro de 2010. 2012.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Medicina) – Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2012. Disponível em:
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/121553/313655.pdf?
seqseque=1. Acesso em: 18 de set. 2022.
OLSON, Kent R. Paracetamol. In: OLSON, Kent R. (org.). Manual de
Toxicologia Clínica. Tradução Denise Costa Rodrigues, Maria Elisabete Costa
Moreira. 6. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. p. 340-343.
SILVA, Suzane Meriely da; et al. A confibilidade do teste de scott frente a
interferência dos adulterantes na detecção da cocaína / Scott test reliability with
adult interference in cocaine detection. Brazilian Journal of Development, [S.
l.], v. 5, n. 8, p. 12391–12397, 2019. DOI: 10.34117/bjdv5n8-083. Disponível
em: https://brazilianjournals.com/ojs/index.php/BRJD/article/view/2824. Acesso
em: 20 de set. 2022.

VILA, Marta Maria Duarte Carvalho; TUBINO, Matthieu; OLIVEIRA NETO,


Graciliano de. Métodos analíticos para a dosagem de salicilatos. LECTA,
Bragança Paulista, v. 18, n. 1, p. 9-25, jan./jun, 2000. Disponível em:
https://www.researchgate.net/profile/Matthieu-Tubino/publication/282574164_M
etodos_analiticos_para_a_dosagem_de_salicilatos/links/
561552d208aed47facefc219/Metodos-analiticos-para-a-dosagem-de-
salicilatos.pdf. Acesso em: 17 de set. 2022.

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