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PRÁTICAS DE TOXICOLOGIA GERAL E CLÍNICA- BIOMEDICINA

Caso Clínico
Durante seu descanso após o almoço, um menino de 4 anos vomitou. Poucas horas depois, queixou-
se de dor abdominal e cefaleia, passou a apresentar tremores e a mancar. No hospital, o menino
apresentou hipotonia e entrou em coma. Suas pupilas estavam mióticas com diâmetro de 1 mm. Não
foram observadas convulsões, mas ele apresentava fasciculações em uma das coxas. Não havia
evidências sugerindo ingestão de qualquer substância tóxica ou trauma prévio. Os demais membros
da família permaneciam bem. O menino apresentava pressão arterial 125/58 mmHg, frequência
cardíaca de 128 batimentos/min e frequência respiratória de 28/min. Os achados laboratoriais não
eram dignos de nota, e um rastreamento (screening) toxicológico foi negativo para fármacos
fenotiazínicos, salicilatos e paracetamol. Duas horas após a admissão, foi determinada a atividade da
colinesterase plasmática. O resultado foi 2100 U/l. Recebeu 0,15 mg de atropina por via intravenosa
e 500 mg de pralidoxima (2-PAM). Um aumento da atividade no eletroencefalograma (EEG) foi
observado dentro de 2 minutos e, por fim, o nível de consciência foi restaurado. Uma conversa
posterior com a mãe da criança revelou que o menino estava junto enquanto ela aplicava inseticida
para combater afídeos (insetos sugadores de seiva) nas plantas do seu jardim.

DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE DA COLINESTERASE EM AMOSTRA DE SANGUE

- PRINCÍPIO DO MÉTODO:

A atividade da colinesterase no sangue é utilizada como indicador do grau de exposição dos


agentes anticolinesterásicos. Tanto a acetilcolinesterase como a butirilcolinesterase, ou colinesterase
plasmática, são inibidas por inseticidas organofosforados e carbamatos e a determinação de ambas
reflete a absorção destes compostos. Em geral, a butirilcolinesterase é inibida antes da
acetilcolinesterase. Entretanto, a acetilcolinesterase é mais efetiva como bioindicador durante o
tratamento ou a exposicão a estes inseticidas, pois há uma boa correlação entre a acetilcolinesterase
cerebral e a eritrocitária enquanto a substância estiver presente no organismo. Desta forma, a
atividade da colinesterase nos eritrócitos fornece informações a respeito da absorção sistêmica dos
carbamatos, além de exibir uma melhor associação com a recuperação clínica.
Após cessada a exposição a inseticidas organofosforados, a acetilcolinesterase deve ser
substituída por meio da síntese de novas moléculas de enzima. No caso de intoxicação por
carbamatos, a acetilcolinesterase pode ser reativada, uma vez que a inibição por esta classe de
inseticidas é reversível. Desta forma, a determinação da atividade da butirilcolinesterase e da
acetilcolinesterase pode não ser tão efetiva no diagnóstico de intoxicações agudas por carbamatos,
uma vez que a atividade retorna ao normal após algumas horas.
A colinesterase sanguínea fornece uma boa estimativa da acetilcolinesterase cerebral e é
menos influenciada por alterações fisiológicas e patológicas do que a butirilcolinesterase, pois
hepatopatias, desnutrição, alcoolismo crônico, anticoncepcionais, intoxicações por dissulfeto de
carbono e organomercuriais e variações genéticas interferem na atividade da butirilcolineseterase.
A determinação da atividade da colinesterase é considerada monitoramento de efeito dos
anti-colinesterásicos, uma vez que prova o efeito bioquímico tóxico destas substâncias na enzima
alvo do tecido neural e junções neuromusculares. Desta forma, a colinesterase sanguínea pode ser
considerada mais do que um simples indicador da dose absorvida.

- AMOSTRA:
Plasma

- REAGENTES:
1. Tampão reagente : contém pirofosfato e hexacianoferrato de potássio.
2. Substrato: butiriltiocolina
(Kit Colinestarse Bioclin)

Prof. Me. Marcelo Kneib Ferri E-mail: marcelokferri@gmail.com


PRÁTICAS DE TOXICOLOGIA GERAL E CLÍNICA- BIOMEDICINA

-PRINCÍPIO DO MÉTODO:
Enzimático cinético. Na presença de colinesterase, a butiriltiocolina é hidrolisada em tiocolina e
butirato. A tiocolina reduz o hexacianoferrato III , amarelo, a hexacionaferrato II, incolor. O
decréscimo da absorbância é medido a 405 nm.

- MÉTODO:

Branco Amostra
Amostra --- 10 ul
Água destilada 10 ul --
Reagente no. 1 400 ul 400 ul
Homogeneizar e incubar por 3 minutos a 37oC
Reagente no. 2 100 ul 100 ul
Homogeneizar novamente
Incubar por exatamente 2 minutos a 37oC
Zerar o espectrofotômetro com ar. 37oC
Realizar a leitura de absorbância
Disparar o cronômetro e repetir a leitura da absorbância a 405 nm após 1, 2 e 3 minutos.

- CÁLCULO:

Atividade da enzima (U/I) = ( A/min) x 62000

- VALORES DE REFERÊNCIA:

Homens: 4620 a 11600 U/L


Mulheres: 3930 a 10800 U/L

REAÇÕES COLORIMÉTRICAS (Análises Qualitativas)

PARAQUAT

1. Amostra: urina
2. Reagentes: Ditionito de sódio
Hidróxido de amônio 2 mol/L
3. Método:
Em 2 tubos de ensaio adicionar, em cada um deles:
 1 mL da amostra do paciente
 0,5 mL de hidróxido de amônio.
 Agitar manualmente
 Acrescentar cerca de 20 mg de ditionito de sódio (uma ponta de espátula).
 Agitar novamente.
 Coloração azul escuro indica a presença de Paraquat e cor amarelo-esverdeada,
Diquat.

Fonte: FLANAGAN, R.J. et al. Fundamentals of Analytical Toxicology. World Health Organization and
United Nations Environment Programme and the International Labor Organisation.
https://www.who.int/ipcs/publications/training_poisons/basic_analytical_tox/en/

RELATÓRIO:
Faça um laudo da análise para determinação da colinesterase, incluindo a interpretação do resultado
da amostra avaliada. Caso o resultado esteja alterado, indique as possíveis causas. Considere que a
amostra é de um paciente do sexo masculino, 34 anos.

Prof. Me. Marcelo Kneib Ferri E-mail: marcelokferri@gmail.com

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