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INTRODUÇÃO

O exame de urina fornece uma ampla variedade de informações úteis no que


concerne as doenças envolvendo os rins e o trato urinário inferior. Pode ser utilizado
para elucidação diagnóstica de distúrbios funcionais (fisiológicos) e estruturais
(anatômicos) dos rins e trato urinário inferior, bem como para acompanhamento e
obtenção de informações prognósticas (HENRY, 1999).
Sua formação pelos rins é contínua. Trata-se, de um ultrafiltrado de plasma a
partir do qual foram reabsorvidos glicose, aminoácidos, água e outras substâncias
essenciais ao metabolismo do organismo. O processo fisiológico através do qual
aproximadamente 170.000 mL de plasma filtrado são convertidos no débito urinário
médio de 1.200 mL (STRASINGER, 1996).
Em geral, a urina é constituída por uréia e outras substâncias químicas
orgânicas e inorgânicas dissolvidos em água. Podem ocorrer grandes variações na
concentração dessas substâncias, devido à influência de fatores como a ingestão
alimentar, a atividade física, o metabolismo orgânico, a função endócrina e até
mesmo a posição do corpo (STRASINGER, 1996)..
Muitas técnicas laboratoriais encontram-se envolvidas na avaliação da urina.
Entre elas, incluem-se a química, microbiologia, urinálise de rotina, citologia e outras
seções especializadas (HENRY, 1999).
A análise de coleta de urina tipo 1, pede-se sempre que seja a primeira da
manhã, embora isso, possa exigir que o paciente vá ao laboratório. Trata-se de uma
amostra ideal para o exame de rotina. Também é essencial para evitar resultado
falsos-negativos. A primeira amostra da manhã é uma amostra concentrada, o que
garante a detecção de substâncias que podem não estar presentes nas amostras
aleatórias mais diluídas (STRASINGER, 1996).
Antes de se realizar qualquer teste, a amostra de urina deve ser avaliada no
que concerne a sua aceitabilidade, deve-se considerar uma identificação adequada,
amostra conveniente para o teste requerido, recipiente adequado, condições de
armazenamento e de preservação, sinais visíveis de contaminação e qualquer
retardo no transporte da amostra até o laboratório (HENRY, 1999).
A observação das características físicas é mantida até hoje, porém com uma
análise mais precisa, devido ao uso de tecnologia por laboratórios altamente

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equipados e complementada pela análise bioquímica e exame microscópio do
sedimento urinário (STRASINGER, 1996).
A análise dos constituintes bioquímicos da urina, normalmente, é realizada
através de tiras reagentes, objetivando tornar a determinação de elementos da urina
mais rápida, simples e econômica. As tiras reativas de urina constituem um meio
prático, capaz de realizar dez ou mais análises bioquímicas clinicamente
importantes, como pH, ácido ascórbico, proteínas, glicose, cetonas, hemoglobina,
bilirrubina, urobilinogênio, nitrito, densidade e leucócitos (LIMA et al., 2001).
A análise microscópica do sedimento urinário consiste na busca de células e
partículas presentes na urina (eritrócitos, leucócitos, bactérias, cilindros, entre
outros). Embora a análise do sedimento forneça informações essenciais sobre o
estado funcional dos rins, o exame de urina é um procedimento de alta demanda
que requer trabalho laboratorial manual intenso, é pouco padronizado e gera um
custo elevado aos laboratórios, pois para se que obtenha resultados de qualidade há
a necessidade de mão de obra qualificada (BOTTINI et al., 2006).

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OBJETIVO

Realizar as técnicas laboratoriais no setor de urinálise, com foco de instruir o


conhecimento sobre os exames físico, químico e sedimentoscópio e identificação de
características morfológicas normais e alteradas.

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METODOLOGIA

Recebeu-se as amostras de urina dos pacientes e realizou-se os seguintes


procedimento para análise e liberação de resultados após identifica-las
sequencialmente:

 Exame Físico
Pegou-se as amostras e cuidadosamente homogeinizou-se e observou-se a
cor e anotou-se (amarelo palha, claro, ouro, cítrico, escuro, avermelhado,
esverdeado, etc), posteriormente analisou-se o aspecto que tinham (límpido,
levemente ou ligeiramente turvo) e para finalizar o processo de análise física
observou-se se estavam com algum tipo de depósito (leve, moderado ou intenso).

(Fonte: http://www.ufrgs.br/lacvet/urina_fisico.html)

 Exame Químico
Pegou-se tubos falcon e numerou-se sequencialmente para respectivas
amostras a serem analisadas. Cuidadosamente transferiu-se para o tubo 10 mL de
urina e passou-se a fita reativa levemente sobre um papel absorvente colocou-se a
fita posta lateralmente para retirada do excesso de urina que pode ocorrer a
contaminação de outras reações químicas a serem analisas na mesma fita.
Realizou-se a leitura dentro de 30 a 60 segundos para que não ocorra falsos
resultados e contaminação exterior e anotou-se os resultados.

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(fonte: www.saudecominteligencia.com.br)

 Procedimento técnico
Logo após da realização do exame químico colocou-se os tubos com as
amostras em uma centrífuga e centrifugou-se entre 1.500 a 2.000 rpm durante 5
minutos. Posteriormente transferiu-se 2 mL das urinas centrifugadas para outros
tubos identificado para realizar-se a confirmação de proteína.
Deixou-se 1 mL das urinas no tubo falcon juntamente com o sedimento
urinário.

 Análise microscópica
Homogeneizou-se a urina junto ao sedimento e logo após colocou-se 2 uL do
em uma câmara K-cell para leitura. Iniciou-se a análise na objetiva de 10x até
focalizar-se os círculos (campos) delimitadores de leitura, após a focalização mudou-
se a objetivo de 40x e iniciou-se a contagem presencial de hemácias, leucócitos,
cilindros, células epiteliais, filamentos de muco, bactérias, parasitas e cristais nos 9
círculos. Posteriormente multiplicou-se os números achados de hemácias e
leucócitos por 1.000x e identificou-se a presença dos outros achados de raros,
frequentes e numerosos.

(fonte: http://www.equiparlab.com.br/produtos/detalhes/1338-l-mina-an-lise-de-sedimentos-urin-
rios-precision-cell)
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 Teste de Proteína:
Após separar-se 2 mL das urinas centrifugadas em outro tubo, colocou-se 0,5
mL de ácido sulfossalicílico 3% escorrendo-o pela parede do tubo. Contra a luz
observou-se o aparecimento ou não de um halo com aspecto turvo, se o resultado
for positivo o resultado é expresso como: traços ou cruzes (+, ++, +++) de proteínas.

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RESULTADO E DISCUSSÃO

CASO 1

Cód. 012405-25
KBL, 18 anos, sexo feminino

URINA TIPO 1

Exame Físico Valor de Referência


Cor: Amarelo Citrino Variável
Densidade: 1020 1005 a 1025
Aspecto: Turvo Límpido
Depósito: Intenso Leve

Exame Químico
pH: 6.0 5.0 a 7.0
Glicose: negativo negativo
Proteínas: negativo negativo
Cetonas: negativo negativo
Hemoglobina: negativo negativo
Bilirrubinas: negativo negativo
Nitrito: positivo negativo

Sedimentoscopia
Leucócitos: 191.000/ mL até 7.000/ mL
Hemácias: < 5.000/ mL até 5.000/ mL
Cilindros: ausentes
Cristais: frequentes oxalatos de cálcio
Filamento de muco: frequentes
Células epiteliais: raras
Parasitas: ausentes

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Bactérias: numerosas

UROCULTURA

Resultado: Escherichia coli


Método: Cultura em meio específico

ANTIBIOGRAMA

Amicacina: Sensível
Amoxicilina/Ácido Clavulânico:Sensível
Ampicilina: Sensível
Aztreonam: Sensível
Cefalotina: Intermediário
Cefotaxina: Sensível
Ciprofloxacina: Sensível
Cloranfenicol: Sensível
Gentamicina: Resistente
Imipenem: Sensível
Kanamicina: Sensível
Sulfazotrim: Sensível
Tetraciclina: Sensível
Ticarciclina: Sensível
Ticarcilina/Ácido Clavulânico: Sensível
Tobramicina: Intermediário
Ácido Nalidixico: Sensível
Ácido Pipemídio: Sensível
Nitrofurantoína: Sensível
orfloxacina: Sensível
Cefoxitina: Intermediário

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Discussão:
Analisando os resultados obtidos, pode-se notar que a amostra se encontra
fora dos padrões de normalidade de uma pessoa saudável.
O caso tem uma sugestiva de uma infecção urinária, devido a diversos
achados que característica de primeiro momento, como leucócitos em altos níveis e
presença numerosa de bactérias. Para confirmação de um resultado positivo é
devido que a análise, seja prolongada para outro setor como a microbiologia onde
será feita uma cultura de meio específico para analisar se encontra algum tipo de
crescimento bacteriano fora flora normal e a realização de um antibiograma para
observar a sensibilidade que a possível bactéria terá ao entrar em contato com o
antimicrobiano.
As alterações de uma urina, pode ser por diversos fator, como:
 Segurar por muito tempo
 Fístulas no sistema urinário ou digestivo
 Limpar-se de trás para frente após evacuar (mulheres)
 Baixa da imunidade, como ocorre na gravidez ou no uso de
imunossupressores, por exemplo
 Pré-disposição genética
 Uso de sondas
 Alterações hormonais
 Doenças neurológicas
 Infecção ginecológica

A infecção do trato urinário (ITU) é afecção muito comum, e responde por grande
parte dos processos infecciosos, comunitários e hospitalares. Caracteriza-se pela
presença de microrganismos nas vias urinárias, habitualmente, bactérias, seja na
bexiga, próstata, sistema coletor ou rins (CORREA, 2010).
Os microrganismos uropatogênicos colonizam o intestino grosso e a região
perianal. Nas mulheres, pode haver colonização do vestíbulo vaginal e do introito
uretral e, posteriormente, ocorre ascensão para a bexiga e/ou rins. Em condições
normais, há competição entre esses uropatógenos e a flora vaginal, constituída
predominantemente por lactobacilos. A colonização da vagina é facilitada,
principalmente, pelo uso de antibióticos e pela má higiene perineal. A migração para

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a uretra e bexiga é desencadeada, principalmente, pela atividade sexual, pelo uso
de contraceptivos com espermicida, e pela alteração do pH vaginal, que pode
ocorrer com a alteração da flora pelo uso de antibióticos e pelo hipoestrogenismo
que, habitualmente, ocorre na menopausa (CORREA, 2010).
Portanto, após a realização dos exames de urocultura e antibiograma, com a
confirmação da presença de bactéria (Escherichia coli) e sua sensibilidade
antimicrobiana, a sugestiva é que o paciente encontra-se dentro de um quadro de
infecção decorrente de uma bactéria intestinal e presença de oxalatos de cálcio
frequentemente deve ao caso do paciente não estar se hidratando corretamente ou
pode ser devido à alimentação.

CASO 2

Cód.: 132411-25
G. F. F. C, 26 anos, sexo feminino

URINA TIPO 1

Exame Físico Valor de Referência


Cor: Amarelo Citrino Variável
Densidade: 1030 1005 a 1025
Aspecto: Ligeiramente Turvo Límpido
Depósito: Moderado Leve

Exame Químico
pH: 5.5 5.0 a 7.0
Glicose: negativo negativo
Proteínas: negativo negativo
Cetonas: negativo negativo
Hemoglobina: (+) negativo
Bilirrubinas: negativo negativo

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Nitrito: negativo negativo

Sedimentoscopia
Leucócitos: < 7.000/ mL até 7.000/ mL
Hemácias: 42.000/ mL até 5.000/ mL
Cilindros: ausentes
Cristais: ausentes
Filamento de muco: raros
Células epiteliais: raras
Parasitas: ausentes
Bactérias: ausentes

BACTERIOSCOPIA

Resultado: Frequentes bacilos Doderlein


Frequentes bacilos Difteroides
Raros cocos gram positivos
Frequentes bacilos gram negativo
Material: Secreção vaginal

EXAME A FRESCO – DIRETO

Resultado: Frequentes células epiteliais descamativas


Raros leucócitos
Material: Secreção vaginal

CULTURA

Resultado: Escherichia coli


Material: Secreção vaginal
Método: Cultura em meios específicos

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ANTIBIOGRAMA
Amicilina/Ácido Clavulânico: sensível
Ampicilina: resistente
Aztreonam: resistente
Cefalotina: resistente
Cefataxina: sensível
Cefoxitina: resistente
Ciprofloxacina: sensível
Gentamicina: sensível
Imipenem: sensível
Kanamicina: sensível
Sulfazotrin: sensível
Tetraciclina: sensível
Tobramicina: sensível

TESTE DE GRAVIDEZ – BETA HCG

Resultado: negativo
Material: sangue
Método: Imunocromatografia

Discussão:
Analisando o caso, pode-se notar que o paciente está com a urina fora do
padrão normal de um saudável.
A presença anormal de sangue (hematúria) na urina é um caso que se deve
ser estudado de perto por especialistas segundo os urologistas.
A urina é produto da filtragem do sangue por parte dos rins e é constituída
por água onde se encontram diluídas substâncias eliminadas pelo seu organismo. A
urina é depois transportada pelos ureteres até à bexiga, onde é armazenada até
haver a oportunidade de uma micção. Aí, a urina atravessa a próstata e a uretra,
nos homens, e apenas a uretra, nas mulheres. A hematúria pode, assim, ter origem

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em todas estas estruturas e é importante que se saiba qual a sua origem (LEITÃO,
2010).
Ela poder ser um sinal de doença grave, nomeadamente de neoplasias do
aparelho urogenital. Deve, portanto, haver um elevado grau de suspeição na sua
abordagem e diagnóstico. A causas pode ser: Infecção urinária, prostatite, uretrite,
neoplasias da bexiga ou de próstata, traumatismo, medicamentos anticoagulantes
ou antiagragantes plaquetário entre outros (LEITÃO, 2010).
A hematúria pode ser macroscópica, ou seja, visível a olho nu, ou
microscópica, ou seja, apenas detectada com uma análise de urina.
Em condições normais, aproximadamente um milhão de eritrócitos são
eliminados pela urina diariamente, o que corresponde, num sedimento urinário
centrifugado examinado ao microscópio, a 1 a 3 eritrócitos por campo. Embora
exista alguma controvérsia, considera-se que estamos na presença de hematúria,
quando se detecta um número superior a este, numa amostra de urina (ABREU;
REQUIÃO-MOURA; SESSO, 2015).
Portanto, a sugestiva do caso é um problema renal que o paciente se
encontra no momento ou início/fim do período menstrual e não informou o
laboratório e o médico responsável.

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CONCLUSÃO

As atividades realizadas permitiram uma compreensão melhor sobre os


fundamentos estabelecidos para análise setorial de urina.
O exame de urina tem grande fundamento na medicina laboratorial, pois, é
um meio valioso de avaliação renal e/ou de identificação de outras disfunções
metabólicas.
Vale-se ressaltar que podem ocorrer possíveis interferências que podem
ocasionar falsos resultados. Portanto deve ter muito cuidado de ter a liberação de
resultados foras dos padrões de qualidade.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, Patrícia Ferreira; REQUIÃO-MOURA, Lúcio R.; SESSO,


Ricardo. Avaliação Diagnóstica de Hematúria. Disponível em:
<http://www.jbn.org.br/detalhe_artigo.asp?id=171>. Acesso em: 15 set. 2015.

BOTTINI P. V.; GARLIPP C. R.; Urinálise: comparação entre microscopia óptica e


citometria de fluxo. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, v. 42, n. 3,
p. 157-162, 2006. Disponível em: . Acesso em 16 de setembro de 2015.

CORRÊA, Eliene Ferreira; MONTALVÃO, Edlaine Rodrigues. Infecção do Trato


Urinário em Geriatria. Estudos, v. 37, n. 4, 2010.

HENRY, John Bernard. Diagnósticos Clínicos e Tratamento por Métodos


Laboratoriais. 19. ed. São Paulo: Manole Ltda, 1999. 1551 p.

LEITÃO, Tito. Hematúria. 2010. Disponível em:


<http://www.apurologia.pt/publico/frameset.htm?http://www.apurologia.pt/publico/
hematuria.htm>. Acesso em: 16 set. 2015.

LIMA, O. A.; SOARES J. B.; GRECO J. B.; GALIZZI J.; CANÇADO J. M. Métodos de
laboratório aplicados à clínica: Técnica e interpretação. 8. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2001, 231p.

STRASINGER, S.K. Uroanálise e Fluidos Biológicos, 3. ed, Editoria Premier, São


Paulo, 1996, p233.

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