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AMOR NA CAMINHADA Lc 10:25-42

QUESTÃO DE PONTUAÇÃO
Um homem rico estava muito mal, pediu papel e pena
e escreveu assim:
“Deixo meus bens à minha irmã não a meu sobrinho
jamais será paga a conta do alfaiate nada aos pobres.”
Morreu antes de fazer a pontuação. A quem deixava
ele a fortuna?
Eram quatro concorrentes.
1) O sobrinho fez a seguinte pontuação:
– Deixo meus bens à minha irmã? Não!
– A meu sobrinho.
– Jamais será paga a conta do alfaiate.
– Nada aos pobres.
2) A irmã pontuou assim o escrito:
– Deixo meus bens à minha irmã.
– Não a meu sobrinho.
– Jamais será paga a conta do alfaiate.
– Nada aos pobres.
3) O alfaiate puxou a brasa pra sardinha dele:
– Deixo meus bens à minha irmã? Não!
– A meu sobrinho? Jamais!
– Será paga a conta do alfaiate.
– Nada aos pobres.
4) Aí veio a interpretação dos pobres:
– Deixo meus bens à minha irmã? Não!
– A meu sobrinho? Jamais!
– Será paga a conta do alfaiate? Nada!
– Aos pobres.
Assim é a vida. Nós é que colocamos os pontos. E
isso faz a diferença.
A vida é uma caminhada por este mundo, na qual a
palavra central é o amor.
A Bíblia apresenta o amor como sendo o Dom
supremo, e recomenda uma convivência de amor entre
as pessoas.
Para apresentar essa responsabilidade cristã, Jesus
contou a parábola do samaritano, na qual resumiu os
valores do reino de Deus em: “Amarás o Senhor teu
Deus... Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
A cena onde se passa essa parábola é o caminho
perigoso de Jerusalém a Jericó, com cerca de 30
km.
Jerusalém está a 750m acima do nível do mar, e Jericó
a 400 m abaixo, sendo, então, cerca de 1.150m de
descida, com desfiladeiros, penhascos e curvas
perigosíssimas.
Era o lugar ideal para os assaltos e demais investidas
de inimigos.
Esse desfiladeiro tinha péssima reputação,
chegando a receber nome de Via Sangrenta, pelo
grande número de assaltos que ali se cometiam.
Os personagens envolvidos são: o viajante, os
salteadores, o sacerdote, o levita e o samaritano.
Esta parábola nos permite entender que significa a
prática do amor na caminhada.
1) AMOR NA CAMINHADA: UMA ATITUDE
OPOSTA A LEGALISMO.
Jesus foi abordado por um interprete da Lei, cujo
objetivo era colocá-lo em provas.
Sua pergunta foi feita, não à procura de informações,
mas, sim, para ver se Jesus não conseguiria responder
à altura, aproveitando a oportunidade para desmascará-
lo.
Ele diz: “Que farei eu para herdar a vida eterna?”
Pensava nalguma forma de salvação pelas obras.
Jesus respondeu com uma combinação de passagens
que resume as exigências da lei.(Lv 19:18; Dt 6:4-9;
11:13; Mt 22:37; Mc 12:30,31).
Todas estas passagens mostram que é necessário amar
a Deus e ao próximo em todo o tempo e com tudo o
que se pode, indo assim, além da lei.
Está claro que a vida eterna não pode ser conseguida
pelo esforço próprio, e nem por uma tentativa de auto-
justificação.
O sacerdote e o levita são exemplos de legalismo. A
lei que eles seguiam ao pé da letra e a risca, falava em
socorro aos animais do próximo, mas ali estava o dono
do animal e eles passaram de largo.
A lei exigia mais, pois sacerdote não devia tocar num
cadáver. O sacerdote e o levita se esqueceram do mais
importante da Lei: “Misericórdia quero e não
sacrifício”(Os 6:6).
Assim o que se percebe é que o legalismo triunfou
sobre a misericórdia.
Mas quem socorreu a vítima foi um samaritano que era
estrangeiro na raça e herege na religião, mas soube
suplantar todo legalismo reinante e agiu mostrando
amor de modo concreto.
Jesus está aqui, colocando um ponto final no
legalismo, ensinando que a vida eterna não é questão
de observar regras.
Viver no amor é viver a vida do reino de Deus. Se
realmente amamos a Jesus, amemos ao próximo
também. Para Jesus, o amor é algo que a pessoa sente
e faz.
Hoje mais do que nunca, na caminhada da igreja,
legalismo não pode estar presente, mas sim, verdadeiro
amor ao próximo, como demonstrou o bom
samaritano.
2) AMOR NA CAMINHADA: UMA ATITUDE
QUE SUPERA BARREIRAS
Na parábola, verifica-se que dois líderes religiosos não
socorreram a vítima.
Mas, qual a razão? Algumas barreiras existiam para
não se revelar amor naquela caminhada:
1) O perigo de ser também agredido pelos malfeitores;
2) O viajante era judeu, e não samaritano. Na
ortodoxia judaica havia dito que próximo devia
entender ser o indivíduo da mesma raça e religião.
3) A justificativa de que o viajante era o culpado de
tudo ou imprudente, pois deveria estar acompanhado
naquele caminho tão perigoso.
Esse amor na caminhada não tem barreiras. Como
escreveu Willian Barclay:
“Qualquer pessoa de qualquer nação que está em
dificuldade é nosso próximo. Nossa ajuda deve ser tão
ampla como o amor de Deus.
A Bíblia condena toda atitude discriminatória, pois
todos são iguais em Cristo.(Gl 3:28).
Portanto, a lição que o bom samaritano passa para a
igreja, hoje, é que os sentimentos humanos precisam
ser superiores aos preconceitos de raça, ou quaisquer
outros.
Quantos estão caídos e rejeitados por aí precisando de
ajuda. É hora de derrubar as barreiras e exercer o
verdadeiro amor na caminhada.
3) AMOR NA CAMINHADA: UMA ATITUDE
SACRIFICIAL
Quando se fala em amor, logo algo do sentimento ou
das emoções.
Mas é justamente o contrário, pois a demonstração de
amor é algo prático, e não pode consistir em apenas
em Ter dó de uma pessoa.
O sacerdote e o levita, provavelmente sentiram pena
do ferido, mas não fizeram nada.
Sabe-se que a compaixão, para ser verdadeira, deve
gerar atos sacrificiais. Em qualquer lugar é preciso
mostrar amor sacrificial.
Se o sacerdote e o levita tivessem encontrado um
homem ferido dentro de um templo sagrado, talvez
mostrassem compaixão.
Mas, como se encontravam num caminho deserto e
perigoso, onde ninguém poderia ser testemunha da
caridade, onde não estavam exercendo funções
religiosas e tinham de desenvolver uma ação
sacrificial, não sentiram obrigação alguma de socorrer
aquele necessitado.
Hoje é possível perceber muitos necessitados desse
amor sacrificial: delinqüentes, enfermos, oprimidos,
viciados, injustiçados, desamparados, pobres.
Esse e tantos outros estão gemendo e pedem a
presença de alguém que tenha azeite e vinho para suas
feridas. Cabe à igreja ir e levar o alívio e a cura para os
feridos.
É importante enfatizar que não basta uma
demonstração de amor esporádica ou, até sistemática,
para o alívio do sofrimento.
É necessário que os cristãos demonstrem a sua
compaixão no sentido de contribuir para
desaparecimento das causas do sofrimento, ou seja,
indo à raiz do problema.
Isso é mais complexo, difícil e sacrificial, mais é o
grande desafio aos cristãos.
A igreja precisa discutir as causas que geram tanta dor,
pobreza e injustiças, e procurar corrigi-las com
medidas cristãs e urgentes.
CONCLUSÃO
SEM LENHA, O FOGO SE APAGA
Seis homens ficaram presos numa caverna gelada por
causa de uma avalanche de neve. O socorro só viria
ao amanhecer.
Cada um deles trazia um pouco de lenha, mas,
quando a equipe de resgate chegou a fogueira estava
apagada e eles, mortos, congelados, cada qual
abraçado ao seu feixe de lenha.
Os soldados não entenderam o que se passou naquela
caverna, mas, se eles pudessem voltar no tempo e ler
o pensamento daquelas pessoas, talvez ficassem mais
uma vez surpresos com a raça humana:
O preconceituoso pensava: Jamais darei minha
lenha para aquecer essa gente esquisita!
O rico avarento pensava: Vou ser o último a
queimar minha lenha. Quem sabe, até posso vendê-la
para esses otários. Vai valer uma boa grana. É a lei da
oferta e procura.
O forte pensava: Não vou dar a minha lenha para
aquecer esses fracotes. Eles que façam ginástica até o
amanhecer, se quiserem se manter aquecidos.
O fraco pensava: É bem provável que eu precise
desta lenha para me defender.
O sabe-tudo pensava: Esta nevasca vai durar vários
dias. Vou guardar minha lenha por enquanto.
O alienado: … (não pensava nada, especificamente).
Por fim, um dos soldados desabafou: – Acho que não
foi o frio de fora que os matou; acho que foi o frio de
dentro. O frio do coração. O frio da alma.

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