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Mas orei por ti, para que a tua fé não falhe; e quando te converteres, fortalece

teus irmãos. (Lc 22:32)

O verso de Lucas 22:32 pode ser encontrado logo no primeiro parágrafo da Carta sobre a
tolerância, escrita por John Locke, no sec. XVII. Nesse escrito Locke utiliza os ensinos do
evangelho para explicar a necessidade da tolerância.

“...repito, apenas os lembrarei que o Evangelho declara com frequência que os verdadeiros
discípulos de Cristo devem esperar e sofrer perseguição; mas que a verdadeira igreja de Cristo
deve perseguir e censurar a outrem, ou obrigá-lo através da força, da espada e do fogo a
abraçar sua fé e doutrinas, não me recordo de ter lido isso em nenhuma parte do Novo
Testamento.” (Carta sobre a tolerância, pág. 5)

A tolerância é um termo que define o grau de aceitação diante de um elemento contrário a


uma regra moral, cultural, civil ou física.

Segundo Locke, mesmo que Cristo tivesse a possibilidade de fazer, Ele não impôs a
religião, então, muito menos devem fazer a Igreja e também o Estado

Em João 8, a bíblia nos apresenta a história de uma mulher apanhada em adultério e seria
apedrejada mas foi perdoada e salva por Jesus.

Em Lucas 19, lemos a história de Zaqueu, um homem repugnante e odiado pela sociedade
pelos erros que cometia, mas Jesus concedeu salvação a ele e sua casa.

Em João 4, conhecemos a mulher que era rejeitada pelos judeus por ser samaritana e pelos
próprios samaritanos por seus erros conjugais. Jesus lhe presenteou com a água da vida.

Em Lucas 23, Cristo concede o perdão e a salvação a um homem que foi julgado e condenado à
morte por seus erros. E isso, enquanto o próprio Cristo passava pela dor e aflição da Cruz.

Cristo veio a Terra e nos deu o maior exemplo de tolerância, o maior presente que a
humanidade recebeu, foi o ato mais puro da Graça que Deus nos dá. Com o passar dos anos, a
humanidade provou estar cega aos exemplos de Cristo.

Nos Séculos I e II, o império Romano realizou perseguição aos cristãos de forma intermitente
de 64 d.C a 313 d.C.

9 séculos depois, na Itália e na França, os valdenses foram perseguidos pela igreja católica por
praticarem “heresias”.

Mas a intolerância ao longo dos anos não se restringiu apenas à igreja.


- BRUXAS DE SALEM: Em 1692, Abigail Faulkner foi julgada por ter brigado algumas vezes com
seus vizinhos. A acusação sobre ela e milhares de outras pessoas (a grande maioria mulheres)
era de que praticavam bruxaria. Segundo seus acusadores “ficar irritada com o que as pessoas
diziam era claramente o inimigo sobrepujando-a”, o que a condenaria à forca ou fogueira, caso
não admitisse que era realmente uma bruxa. Abigail admitiu praticar bruxaria
inconscientemente enquanto esteve irritada com seus vizinhos e não foi condenada a more.
Mas o mesmo não aconteceu com, pelo menos 25 pessoas, nos anos de 1693 e 94 na cidade
de Salém (hoje conhecida como ‘Danvers’).

- ESCRAVIDÃO NO BRASIL: Entre o século XVI e meados do século XIX, cerca de quatro milhões
de escravos africanos desembarcaram em portos brasileiros.[2] Tardiamente, pela Lei 3353 de
13 de maio de 1888, foi declarada extinta a escravidão no Brasil.

- NAZISMO: Hitler cria e ensinava que os judeus eram “uma ameaça biológica mais profunda
derivada do contato, e sobretudo da relação sexual com membros da raça judaica”.[4] Em 10
de dezembro de 1948, após os horrores do Holocausto, em que cerca de seis milhões de
judeus foram exterminados durante a Segunda Guerra Mundial, 58 nações assinaram a
Declaração Universal dos Direitos Humano.

O MUNDO ESTÁ CADA VEZ MAIS INTOLERANTE

Poderíamos relatar inúmeras histórias de grandes acontecimentos motivados por intolerância.


Mas o fato é que o mundo só tem entrado cada vez mais em declínio. Precisamos, como
Cristãos, constantemente nos lembrar e pôr em prática os ensinamentos de Lucas 22:32.

“E quando te converteres, fortalece teus irmãos.”

Precisamos primeiro deixar nossa hipocrisia de lado, ou então seremos intolerantes em ajudar
os outros.

Um reavivamento da verdadeira piedade entre nós, eis a maior e a mais urgente de todas as
nossas necessidades. Buscá-lo, deve ser nossa primeira ocupação. Importa haver diligente
esforço para obter a bênção do Senhor, não porque Deus não esteja disposto a outorgá-la,
mas porque nos encontramos carecidos de preparo para recebê-la. Nosso Pai celeste está mais
disposto a dar Seu Espírito Santo àqueles que Lho peçam, do que pais terrenos o estão a dar
boas dádivas a seus filhos. 

Há na igreja pessoas não convertidas, e que não se unirão em fervorosa, prevalecente oração.
Precisamos entrar na obra individualmente. Precisamos orar mais, e falar menos.

HISTÓRIA DE PEDRO

A bíblia nos apresenta a Simão um discipulo de Jesus, era casado e possuía um pequeno
negócio no ramo da pesca com seu irmão.

Ao primeiro contato com Jesus, Simão teve seu nome mudado para Pedro (que significa
pedra).
A história de Pedro é umas das transformações pessoais mais radicais que a bíblia nos
apresenta. Mas lidar com Pedro não era uma tarefa nada fácil e gostaria de destacar a
diferença que a tolerância e o amor de Cristo trouxeram à vida de Pedro.

Mas e nós, cristãos? Nos últimos anos tem se tornado muito constante os debates sobre
tolerância religiosa. Nós, adventistas do sétimo dia, estamos no nosso direito em defender
nossa liberdade religiosa, nós buscamos tolerância por parte da sociedade mais intolerante de
todos os tempos. Se buscamos tolerância por parte do mundo, seria hipocrisia sermos tão
intolerantes com o mundo. E é o que temos sido! Mas quero ir além... muitas vezes somos
ainda mais intolerantes aqui dentro da nossa própria igreja.

Se hoje fosse o século XVII, quantas mulheres não teriam morrido queimadas pelos meus
comentários e atos intolerantes? Seja julgando o modo de vestir ou mesmo os erros cometidos
por outros.

Se vivêssemos hoje, numa sociedade com características parecidas com as do século XVIII,
quantos irmãos da nossa igreja não seriam nossos escravos, pela forma que os tratamos, que
muita das vezes demonstra soberba e auto aprovação?

Se nós tivéssemos o comportamento de hoje, na Alemanha Nazista, quantos mais não


odiariam a preço de vida, outras pessoas que apenas nasceram diferentes?

É fácil lermos todos os atos de amor de Cristo nos evangelhos e interpretarmos que Jesus foi
tolerante com Maria Madalena APESAR dos seus pecados, com Zaqueu, APESAR de sua
avareza e também que Jesus foi tolerante com a samaritana, APESAR de todos os seus atos
vergonhosos.

Mas o verdadeiro exemplo de tolerância de Cristo se deu quando Ele suportou e admoestou os
hipócritas apedrejadores. Quando ele aceita as críticas sem julgamento àqueles que não
aceitavam, em hipótese alguma, o mestre na casa de um cobrador de impostos pecador.
Quando Jesus se aproxima de alguém, que segundo a sociedade, Ele não deveria se aproximar.

A tolerância de Cristo com o ser humano caído, é manifestada no mais puro amor, quando,
apesar de todos os seus defeitos e falhas, Pedro é aceito, amado e ensinado pelo mestre.

Jesus nos ensina que a tolerância é necessária, não pra que nós tornemos nossa verdade,
menos verdadeira ou pra que aceitemos a verdade de outros como a nossa regra de vida, mas
para que nós tenhamos a oportunidade, de presentear outras pessoas com o maior presente
que o céu já ofereceu, que é Cristo Jesus.

“Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens” (Atos 5:29)

TOLERAR É ACEITAR QUE O OUTRO ERRA E ENTENDER QUE ELE TAMBÉM PODE ACERTAR.

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