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o bom samaritano - lucas 10:25-27

hino: sal da terra, 269

Essa parábola tem o objetivo de mostrar a verdadeira natureza da religião: o


amor. Ela nos mostra que essa natureza não consiste em sistemas ou ritos,
mas no ato de proporcionar o bem e a bondade genuína ao nosso próximo.

Antes de falar acerca da parábola, irei contextualizar como tudo começou.


Jesus estava ensinando o povo acerca de alguns assuntos, os quais podem
ser vistos em Lucas 9. Enquanto isso, um doutor da lei levanta-se e, tentando
pôr Jesus à prova, perguntou: “Mestre, o que eu preciso fazer para herdar a
vida eterna?”. Nesse momento, Cristo fez com que o próprio doutor
respondesse à sua própria pergunta, pois fez a seguinte pergunta: “O que
está escrito na lei? Como você a interpreta?”. Essa pergunta foi de suma
importância naquele momento, pois os judeus ainda criam que Jesus
“menosprezava” a lei do Sinai, e ela fez com que Jesus atribuísse a salvação
à observância da lei. A resposta do doutor está em Lucas 10:27. Ellen
comenta que essa resposta agradou o Cristo, pois o doutor não atribuiu a
salvação aos rituais, ou crenças, ou cerimônias, mas aos dois maiores
princípios de que dependem toda a lei e os profetas: o amor supremo à Deus
e imparcial ao próximo, e a Sua resposta foi: “respondeste bem; faze isso e
viverás”. Ellen comenta que essa resposta dada ao doutor o incomodou, pois
ele não estava cumprindo com esses princípios; ela comenta que ele não
demonstrava amor pelas pessoas que o rodeavam. Porém, ao invés de se
arrepender, ele tenta se justificar fazendo outra pergunta: “Quem é o meu
próximo?”.
Essa pergunta feita aos judeus provocaria uma infindável discussão, pois
eles viam os pagãos e os samaritanos como estrangeiros e inimigos, logo,
não seriam capazes de amá-los. Os judeus e os samaritanos não se davam
por questões étnicas, religiosas e históricas. Mas falando apenas sobre a
questão étnica, após a morte do rei Salomão, o reino de Israel foi dividido
em dois, a parte Norte, cuja capital era Samaria, e a parte Sul, cuja capital
era Jerusalém. Esses dois reinos pecaram contra Deus, porém os pecados da
parte norte foram mais agravantes por conta da sequência de reis ímpios
que levaram o povo a ter uma vida de pecado. Portanto, o castigo divino
chegou ali de forma mais rápida e intensa, fazendo que em pouco tempo,
Samaria fosse tomada por estrangeiros e pelo Império Assírio. Essa tomada
gerou uma grande miscigenação de israelitas + estrangeiros, formando uma
nação mestiça. Os judeus não viam os samaritanos como um povo “puro”, e
a distinção de povos começou nesse período. Portanto, os judeus deveriam
considerar e amar um povo distinto e imundo?
Para responder a pergunta feita pelo doutor, Cristo resolveu contar uma
parábola, a parábola do bom samaritano.
Um homem estava descendo de Jerusalém para Jericó quando foi atacado
por assaltantes. Esses tiraram suas roupas, o agrediram, roubaram seus
pertences e o deixaram “semi-morto”. Essa estrada descia por um barranco
pedregoso e muito perigoso, pois era infestado de ladrões. E foi nesse lugar
que o viajante foi atacado. Aconteceu de estar descendo pela mesma
estrada um sacerdote, que apenas deitou os olhos no pobre homem e passou
pelo outro lado. Após ele, passou um levita, que teve a mesma atitude,
porém, tinha a convicção do que deveria fazer. Ele sabia que deveria ajudar
aquele homem, mas achou a situação desagradável demais para fazer isso,
e decidiu seguir seu caminho. Esses dois homens pertenciam à categoria
especialmente escolhida para representar Deus diante do povo, eles
possuíam cargos sagrados. Assim como diz em Hebreus 5:2, eles deviam
“compadecer-se dos ignorantes” para que pudessem levar os homens a
compreenderem o grande amor de Deus pela humanidade. A obra que
haviam sido chamados a fazer, era a mesma que Jesus descrevera como
Sua, quando dissera: “O Espírito do Senhor é sobre Mim, pois que Me ungiu
para evangelizar os pobres, enviou-Me a curar os quebrantados de coração
e apregoar liberdade aos cativos, a dar vista aos cegos; a pôr em liberdade
os oprimidos”. Lucas 4:18. Mesmo sendo conhecedores da lei e estando
familiarizados com histórias e conselhos como

“o Deus grande, poderoso e terrível”, “faz justiça ao órfão e à viúva e ama


o estrangeiro, dando-lhes roupa e comida”. Portanto, ordenou: “amem os
estrangeiros”. Deuteronômio 10:17-19.

“Amem os estrangeiros como a ti mesmo”. Levítico 19:34.

aqueles homens não praticavam tais conselhos, e por conta do fanatismo


social, haviam-se tornado egoístas e exclusivistas, e olhando para aquele
viajante, não conseguiram identificar a sua nacionalidade, portanto,
desviaram-se.
No entanto, por ali passou um samaritano que, ao ver o estado daquele
homem, encheu-se de compaixão. Não cogitou na possibilidade de o homem
ser judeu, nem pensou na possibilidade de estar em perigo de assalto. Para
ele, o que importava era que ali estava um homem em necessidade e
sofrimento. Então, tirou as suas roupas para cobrir o outro e usou o seu
azeite e o seu vinho para refrigerar o outro. Colocou-o sobre o seu animal e o
guiou em passos brandos, para que não aumentasse ainda mais o
sofrimento do outro. Levou-o para uma hospedaria e cuidou dele a noite
inteira de forma fraternal. Pela manhã, antes de seguir viagem, colocou o
viajante sobre os cuidados do dono da hospedaria, pagou as despesas e
ainda deixou um depósito em seu favor. E por fim, disse “Apenas cuide dele,
quando eu voltar pagarei todas as suas despesas”.

Ao concluir a história, Cristo perguntou ao doutor: “Qual destes três você


acha que foi o próximo do homem que caiu na mão dos salteadores?”
- “Aquele que mais usou de misericórdia para com ele”.
E Cristo disse: “vai e faze da mesma maneira”.

Portanto, a pergunta “quem é o meu próximo” pode ser respondida da


seguinte maneira:

1. é todo aquele que precisa de ajuda, seja ela física, emocional ou


espiritual.
2. não se limita a um espaço geográfico, portanto não são apenas os
meus.

Quando Cristo diz para eu amar o meu próximo, ou ajudar o meu próximo,
ele não está se referindo especificamente à pessoa que está ao meu lado, ou
que pertence à minha família ou ao meu ciclo social, mas sim a todo aquele
que eu posso estender a mão para ajudar.

É interessante perceber que, nesta parábola, Cristo descreve a Si mesmo e a


Sua missão. O viajante é eu, é você, é todo aquele enganado, ferido e
acorrentado por satanás. O bom samaritano é Jesus, que teve compaixão do
nosso sofrer. Ele deixou sua glória por nós; achou-nos semi-mortos e nos
tomou em fraterno cuidado. Refrigerou nossa alma, vestiu-nos com sua
veste de justiça, proveu-nos um abrigo seguro e pagou as nossas dívidas. Por
isso ele disse: “Como Eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos
ameis”. João 13:34

Aquele samaritano, diferentemente daquele sacerdote e levita, mostrou-se


observador da lei com sua fraternidade e bondade.
“Fazei, pela fé e pela oração, recuar o poder do inimigo. Profere palavras de
fé e de ânimo, que serão como bálsamo eficaz para os quebrantados e
feridos. Muitos, muitos têm desfalecido e perdido o ânimo na luta da vida,
quando uma bondosa palavra de estímulo os haveria revigorado. Nunca
devemos passar por uma alma sofredora, sem buscar comunicar-lhe do
conforto com que nós mesmos somos por Deus confortados.”

Por isso, anteriormente, eu disse que próximo é todo aquele que passa por
necessidades físicas, emocionais e espirituais.

Ao cuidar de meu semelhante como a mim mesmo, estou cumprindo o


princípio da lei. Também estou revelando o caráter de Cristo que habita em
mim, pois o espírito que manifestamos para com nossos irmãos, declara qual
nosso espírito para com Deus. O amor de Deus no coração é a única fonte de
amor para com o nosso semelhante.

Por fim, digo-lhe

Amados, se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o Seu


amor é, em nós, aperfeiçoado.

Que nós possamos amar-mo-nos uns aos outros, assim como o Pai o fez.

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