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“Recebemos os números de abril como sinal positivo, mas infelizmente ainda não
podemos falar em tendência de queda de desmatamento na Amazônia. Os números estão
num patamar muito alto e a temporada da seca, favorável ao desmatamento, não
começou”, afirma Mariana Napolitano, gerente de Conservação do WWF-Brasil.
Cerrado
Já no Cerrado, a situação é claramente mais alarmante. De acordo com o DETER, nos
primeiros quatro meses de 2023 foram devastados 2.133 km2, um valor 17% maior que o
registrado no mesmo período do ano passado e 48% maior que a média histórica.
Somente em abril, esse aumento foi de 31% em relação a abril de 2022, passando de 541
para 709 km², área cerca de duas vezes maior que na Amazônia Legal.
Além disso, os valores podem estar subestimados por conta da cobertura de nuvens que
permaneceu bem acima da média durante os quatro últimos meses.
“Só entre janeiro e abril, o Cerrado perdeu 2.133 km². Infelizmente, este número está num
contexto de destruição contínua e crescente que já vem ocorrendo há muito tempo. Essa
devastação já consumiu metade do bioma que é muito pressionado pelas atividades
agrícolas”, declara Edegar de Oliveira, diretor de Conservação e Restauração de
ecossistemas do WWF-Brasil.
De acordo com ele, apesar de toda atenção para a Amazônia, não se pode esquecer
que no Cerrado nascem as principais bacias hidrográficas do país. “O desmatamento
ameaça a segurança hídrica das grandes cidades e principalmente o setor agrícola que
necessita de um regime de chuvas seguro para manter sua produtividade", afirma.
Nos dois biomas, a explosão do desmatamento está ligada a várias ações da gestão
anterior: o enfraquecimento do arcabouço da proteção ambiental no Brasil; as ações de
desregulamentação que reduziram os direitos dos povos indígenas em relação à
demarcação de suas terras; ao discurso do governo, totalmente permissível a ilegalidades
em relação ao uso da terra; e a cortes orçamentários sucessivos e substituição de cargos
de chefia em órgãos que contribuem para ações de monitoramento, de gestão de recursos
naturais e de combate ao desmatamento.