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Os registros da primeira prática da alquimia datam dos primeiros anos da nossa era
(os anos contados depois de Cristo). A alquimia hermética vem de um conjunto de
obras chamado “Corpus Hermeticum”. São textos de sabedoria egípcia-grega escritas
por volta do século 2 DC, a partir do sincretismo de diversas elementos pertencentes a
várias culturas.
“Sincretismo é quando a gente pega um monte de referências que não
necessariamente tem uma relação formal, mas que nós somos como nossos próprios
vínculos. Dessa forma identificamos os padrões e sobrepor as camadas de
significado. Na prática isso aconteceu com as diversas religiões, sejam elas
monoteístas ou polidas. O exemplo mais palpável é o da transição dos deuses gregos
para os deuses romanos ou latinos. Hermes, por exemplo, era o deus grego da
comunicação, da magia, que levou o conhecimento aos homens. Hermes na cultura
egípcia Thoth e na romana tornou-se a era Mercúrio. Sobreposição de mitologia
para tratar do mesmo tipo de personalidade: a pessoa que está sempre em busca do
conhecimento”.
André como aponta a “cultura do remix” é muito mais antigo do que pensamos, e que
é justamente esse amálgama de conhecimentos, filosofias e culturas que vai formar o
conjunto de textos do hermetismo.
Em seu conteúdo são apresentados principalmente como diálogos em que um
professor, geralmente identificado como Hermes Trismegisto (“Hermes Três-Vezes-
Grande”), ilumina um discípulo. Marsilio Ficino produziu a primeira tradução latina
do Corpus em 1463, já no contexto do Renascimento, uma época de retomada desses
saberes da Antiguidade.
Esses são os textos que formam as bases do hermetismo. Eles discutem o divino, o
cosmos, a mente e a natureza. Ainda que tenha um tom religioso, o foco é na busca de
conhecimento. Um dos maiores exemplos nesse sentido é que um dos tradutores da
“Tábua Esmeraldina” (texto que compõe o Corpus) tenha sido o físico Isaac Newton.
“Daqui nasceu a alquimia, a ensinar a separar o sutil do mais concreto e conseguir
realizar todas as obras. Basicamente da ideia simples de análise: para você
entender algo precisa abri-lo para ele se tornar mais palpável. Como? Separando
esse algo em diversos elementos, analisando esses elementos elementares, para
depois conseguir entender-lo completamente”.
A alquimia, portanto, se tornou uma forma de colocar em prática esse
conhecimento. Um ramo antigo da filosofia natural e tradição protocientífica
praticada através da Europa, África e Ásia, originária do Egito greco-romano nos
primeiros séculos dessa era. Os todos os comuns foram criados para purificar, tornar e
transformar materiais, objetivos de “mecanismos básicos” em um elixir da
imortalidade e desenvolvimento de um solvente universal.
“No plano físico e naquilo que depois deu origem à química, os alquimistas focaram
em descobrir como substâncias, do que elas são feitas e saber como elas interagem
entre si. Mas também há um plano filosófico de uma busca espiritual de refinar
nosso ser, trabalhar os elementos internos à nossa volta ou os elementos e dimensões
internos conseguir dominar-los”.
Acreditava-se que a perfeição do corpo e da alma humanos permitisse ou resultasse na
obra máxima da alquimia e, na tradição do mistério helenístico e ocidental, a
realização dessa gnose.
Fonte: apresentação André Pimenta
Os sete princípios
André também trouxe para o encontro os sete princípios contidos no Caibalion
Kybalion). Trata-se de uma aprendizagem das suas descobertas sobre os textos
herméticos que sintetizar estes sete pontos ou Leis. A obra, ainda que mais antiga, foi
publicada apenas em 1908 por três autores anônimos (denominados “os Três
Iniciados”).
1 — A Lei do Mentalismo
“Tudo é mente”
Basicamente uma ideia de que tudo que é nossa volta e nossa própria existência, existe
a partir de nós e não do mundo exterior. De acordo com este princípio, o Universo é
uma criação mental do Todo, existindo em nossa mente.
2 — A Lei da Correspondência
“O que está em cima é como o que está embaixo”
Existe uma correspondência entre as leis e fenômenos de todos os planos de existência
e de vida. O microcosmo humano é governado pelas mesmas regras que o
macrocosmo universal e vice-versa.
3 — A Lei da Vibração
“Tudo vibra em diferentes frequências”
Todos os elementos são nada mais do que as vibrações energéticas em diferentes
frequências e disposições diferentes. Todos os objetos são energia. Tudo é feito da
mesma energia básica, mas trabalhada em diferentes graus.
4 — A Lei da Polaridade
“Tudo tem o seu contrário; extremos se tocam”
Os opostos são apenas de algo da mesma natureza, de uma mesma escala, apenas
diferenciados por graus distintos de vibração ou aplicação. Pelos extremos se tocarem
sua configuração é melhor percebida por um círculo e não pela linha. Isso se percebe
até nos e extremismos políticos da direita e esquerda no país atualmente mesmo.
5 — A Lei do Ritmo
“Existe um ritmo pendular entre cada par de opostos”
Existe uma oscilação natural, não apenas nos fenômenos da natureza, mas na vida
humana. O ruim sucede o bom, a alegria segue-se à tristeza, os períodos de animação
são precedidos e os sucessos por períodos de retração, não há um equilíbrio completo.
7 — A Lei de Gênero
“O gênero se manifesta em tudo”
Tudo e toda pessoa, assim como ideias, vontades e desejos contém os dois elementos,
masculino e feminino. Em um plano simbólico a ligação ligada à expansão e à
exploração e à ligação feminina à energia de introspecção e contracção. Obviamente
uma visão fruto de uma construção cultural de época e aberta à desconstrução. Este
princípio não é necessário com o sexo, é mais próxima da ideia de um “casamento
alquímico” para gerar uma terceira coisa. Algo como aquilo que o yin-yang representa.
“Essa perspectiva lembra o que é discutido em design ontológico. Nós não estamos
aqui questionando qual seria a melhor forma de traduzir isso, mas entendendo que
isso em algum momento foi traduzido assim e por ter sido desse jeito criou-se em
volta todo um conjunto de significações” — Gustavo Nogueira
Os elementos
Fonte: apresentação André
Os quatro elementos (terra, água,
fogo e ar) são os quatro planos de
nossa existência. Na imagem ao lado
podemos ver uma tentativa de
relacionar os símbolos, uma
tentativa de criar um animal que
codificasse nossa relação com os
planos de energia dos elementos.
No canto superior esquerdo (da
mão, uma salamandra) vê uma
representação do e no canto
superior direito (da fogo) seria uma
representação dos dois dois híbridos
como ativos e positivos, por isso
realmente na parte de cima da
figura.
Nos cantos de baixo: do lado esquerdo (o rei com um escudo sentado num monte), a
terra; e lado do direito (uma mulher com um elementos específicos) representam
ambos os indivíduos como água e passivos.
“A terra é nosso mundo físico, material. Se eu tenho uma ampola na minha mão é
porque ela existe no plano material. Depois do plano material tem o ar, um plano
mental, não tenho mais a ampulheta na mão, mas ela existe enquanto ideia na
cabeça. Quando se sente algo por essa ideia mental, alcançamos o elemento da
água, um plano emocional, que é mais abstrato que o plano mental das ideias. E o
último plano que acredita na alquimia espiritual dos valores e das crenças, no
último plano que acredita sobre a ampulheta
Ainda que o plano “real” o físico, da terra, os outros planos abstratos tem a sua
importância, justamente por partir deles a mudança que vai ter resultado no concreto.
Os três triângulos ou pontas externas ao círculo central da figura representam as três
dinâmicas nas quais esses planos podem se manifestar:
Corpus: qualquer coisa ou entidade, seja um objeto (no plano material) ou
uma ideia (no plano mental ou emocional).
Anima: é o que coloca em movimento como entidades, seja uma força física
ou expressiva e de persuasão.
Espiritus: um movimento da entidade eu mesma, uma ação ou movimento
interno.
Os quatro cruzamentos dos elementos e das três dinâmicas os passos da alquimia que
também se relacionam com os 12 signo do zodíaco, como parecem mais adiante:
Para
O impacto de aprendizagens não é algo que possa ser tomado de imediato. É algo que
envolve um tempo de afetação e de engajamento. Exige uma série de ressignificações e
uma nova perspectiva de relação entre os elementos e como forças de esforços de
nossos planos de ação. Acrescenta e sobrepõe uma camada de entendimento que pode
nos ser útil. Ao redor do que pode ser concebido à primeira vista, se pode ser de uma
visão esotérica ou mística sobre a realidade, mas não trata da nossa determinação ao
nosso e do poder da interpretação em vida e do mundo.
André Pimenta, Gustavo Nogueira, Carol Coroa, Fernanda Sigilião, Bárbara Machado, Victor
Hugo Bareto, Andreia Rocha, Rodrigo Turra, Francisco Estivallet, Anne Fonseca, Felipe
Meres, Sarah Brito, Lu Couto e Morena Mariah
Fonte: https://medium.com/torustimelab/leis-herm%C3%A9ticas-e-alquimia-algoritmos-
qualitativos-do-nosso-tempo-b5fb8597edff