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(Algumas Notas)
No séc. XIII a disputatio tornou-se uma forma de ensino universitário, distinguindo-se três espécies de
disputationes: a disputatio ordinaria, que era realizada cada semana ou cada quinzena, acerca de determinado
tema; a disputatio solemnis, que tinha lugar duas vezes por ano (antes do Natal e da Páscoa), com a presença do
bispo, do chanceler e de toda a corporação escolar, devendo o magister (que presidia) dar resposta a qualquer
assunto que fosse proposto, «de quo libet»; e a disputatio magistralis, que tinha lugar entre dois mestres.
Depois da descoberta da «Logica nova» (entre 1120 e 1160), o método escolástico adquiriu
maior rigor, passando a ter a utilização sistemática da dialéctica aristotélica como um dos seus
elementos característicos; o principal cultor desta foi S. Tomás de Aquino (séc. XIII), que dela
se serviu, designadamente, na Summa Theologiae.
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discurso no qual, sendo afirmadas certas coisas, resulta necessariamente delas algo de
diferente, pelo simples facto desses dados» – Analytica Priora, I,1,24b), que pode ser
concretizada através da exemplificação que dela deu: a inferência silogística é aquela que,
partindo de duas proposições que unem dois termos (sujeito e predicado) a um terceiro, conduz
ao estabelecimento de uma nova proposição que une aqueles dois termos, mediante um
processo dedutivo, em que a conclusão é inferida de duas premissas, a premissa maior e a
premissa menor. Como a conclusão é única para cada silogismo, se se quiser fazer outro
silogismo é preciso dispor de, pelo menos, uma premissa diferente de qualquer das duas usadas
imediatamente antes ou de ambas (no caso de ser utilizada como premissa a conclusão anterior).
Vejamos um exemplo de silogismo (categórico) e como se formaliza (ou seja, como os termos de cada
proposição se traduzem por símbolos literais, variáveis), para compreender em que consiste.
Importa, todavia, ter presente que, em virtude de o valor das premissas não ser sempre o
mesmo, o silogismo é mais amplo do que a demonstração, pois se esta é uma espécie de
silogismo, nem todo o silogismo é demonstração. A par do silogismo demonstrativo
(necessário ou científico) – que parte de proposições verdadeiras –, Aristóteles admite, na
verdade, o silogismo dialéctico – que parte de proposições prováveis, de opiniões geralmente
aceites. Como «o filósofo» escreve nos Tópicos (104 a), «uma proposição dialéctica destina-se
a indagar o que todos os homens, a maioria deles ou os filósofos aceitam, admitindo que não
irão contra a opinião geral».
Ora, foi precisamente o recurso a este silogismo dialéctico que caracterizou o método
escolástico utilizado pelos comentadores no estudo do direito.