Ann e, principalmente, a Cólquida é sua ligação com o ouro. Grandes nomes, acontecimentos e desenvolvimento ao longo da História não apenas da cultura colquiana antiga como do Cáucaso em si está atrelado aos metais e pedras preciosas. A riqueza no que tange esses dois símbolos está profundamente entrelaçado com o ambiente da região como um todo: estrutura geológica, clima, hidrografia, relevo, vegetação, diversidade faunística e aspectos paisagísticos. Esse post vai se limitar em apresentar por ora apenas os supracitados metais e pedras preciosas e seu impacto na cultura colquiana, vez ou outra pode ocorrer de envolver outros temas porque é muito complicado falar sobre a riqueza kavkasiana sem mencionar o tripé magia, natureza e engenharia (ciência, tecnologia e artes avançadas). Quando falamos sobre o episódio do Velocino de Ouro, existe também uma infinidade de desdobramentos que renderia um novo post falando apenas sobre a expedição Argonauta e o real significado para a Cólquida e a Invasão Grega.
❝Embora existam muitas variantes da explicação do fenômeno do ❛Velocino de Ouro❜ na literatura histórica, de acordo com uma das teorias, tê-lo como símbolo do ouro da Cólquida não se limitava apenas a representações da mineração de ouro real. [...] O fenômeno do ❛Velocino de Ouro❜, de acordo com nossa pesquisa, está relacionado com a técnica da pele de carneiro para recuperar ouro de aluvião. O resultado final desta técnica de recuperação do metal em cascalhos fluviais foi uma pele de carneiro estampada em ouro, dando origem aos fenômenos românticos no mundo civilizado.❞
fonte: Gagnidze, Nona E.; Akimidze, Karlo; Okrostsvaridze, Avtandil V.
Como mencionado anteriormente existe uma espécie de tripé que forma a cultura egrisiana; portanto estamos falando de magia, natureza e engenharia. Algumas lendas, mitos e divindades pertencentes ou originárias no cenário lázico sintetizam bem sobre o que estou falando: Medeia, Circe, Dionísio, Prometeu, Velocino de Ouro, Dragão Colquiano, Khalkotauroi (Touros de Bronze), Spartoi e por aí vai, são alguns exemplos da riqueza que essa região traz ao imaginário de algum mitólogo. Na grande maioria desses contos iremos encontrar a presença do ouro, bronze, prata, ferro e pedras preciosas, seja como fator corriqueiro (Khalkotauroi e Spartoi) ou como principal motivo de expedições (Velocino de Ouro).
Pois bem, geograficamente quando pensamos na Cólquida ela está muito bem assentada. À Oeste está localizado o Mar Negro, ao Norte as Montanhas do Cáucaso, à Leste a Cordilheira Surami e as Montanhas da Mesquita ao Sul. Detém clima ameno, planícies férteis e bem irrigadas graças a riqueza fluvial em sua topografia. Sua localização única dá acesso a um pedaço territorial extremamente rico de metais e pedras preciosas que são fartos até hoje, quando datamos evidências arqueológicas de desenvolvimento sofisticado já na Idade do Bronze (cerca do séc XV a.C.) e considerando as insistentes invasões, é possível crer que nessa época o ouro era ainda mais abundante.
Ainda mencionando a Idade do Bronze é possível datar que nessa época os colquianos já dominavam técnicas requintadas na fundição de metais, muitos séculos antes da habilidade ser dominada na Europa (os Touros de Bronze de Hefesto são evidências disso). Segundo o Professor Doutor F. Khakhutaishvili tal qual autores da antiguidade como Xenofonte, Aristóteles e Strabo, a região do Cáucaso foi um dos primeiros lugares onde a metalurgia foi estudada e desenvolvida. Sendo considerada por séculos pioneira e produtora dos melhores profissionais, processos e resultados dos objetos cujo a principal base eram metais e pedras preciosas. Desde a joalheira e ourivesaria até itens bélicos e artísticos.