A Torre Das Revelações

AVENTURA BASEADA EM LOCALIDADE/EVENTOS [ASCENSÃO DIVINA]

NÍVEL MÉDIO RECOMENDADO: 20+
DIFICULDADE:
BATALHAS: Muito difícil
INTERPRETAÇÃO: Muito difícil
ENIGMAS: Médio-fácil
CAMPANHAS: Poder Elevado
MOTIVAÇÃO: Muitas, leia abaixo

Observações:
† Aventura criada estritamente para a campanha “O Orbe das Eras”, precisa de muita alteração para ser usada em outro
contexto;
† Esse deve ser o último pedaço do fragmento do Plano Material;
† A parte sobre Ascensão Divina pode ser ignorada se desejada;
† Esta aventura é recomendada apenas para grupos que estão realmente jogando RPG, todos os personagens devem ter
uma ambição ou missão pessoal extremamente importante para ele. Com isso quero salientar, que as vidas de seus
companheiros podem ser um preço justo a ser pago por aquilo;
† Jogadores: por favor, não leiam;
† Lembrete para Mestres: desencorajem SEMPRE o pensamento metajogo;
† Dentro da torre é impossível descansar, os PJs não sentem sono, fome ou sede. Magias que utilizam planos para fun-
cionar (invocar criaturas, portal, teletransporte, mansão magnífica de Mordenkainen, etc.) não funcionam;
† Se alguém não entrar num portal, ficará perdido para todo o sempre na Torre;
† Os familiares, companheiros animais e afins não podem entrar na torre, enquanto os personagens estão no interior, e-
les ficarão aprisionados, como na magia aprisionamento;
† Se for possível, tente “deixar escapar de uma maneira aparente inocente” que essa pode ser a última sessão com estes
personagens, pelo menos para quase todos. Tenha o cuidado de negar ou dizer que estava brincando depois DE MA-
NEIRA CONVINCENTE, o motivo disso está no capítulo “Revelações”;

História:
Os PdJs escutam um marinheiro comentando em alguma taverna sobre uma pequena ilha com menos de 30m de diâmetro que
apareceu no meio de um lago/mar/oceano. No topo dela há um domo reluzente com as sete cores do arco-íris, o mago que
estava sendo transportado com eles fala que num raio de 1km da ilha a magia não funciona.

Informações
MAGIAS
As magias visão ou lendas e histórias revelam isto e somente isto:
“Somente em tempos negros ela emerge das profundezas
Mortais marcados, do fundo ao zênite vós podeis chegar
As mais difíceis escolhas vós tereis de enfrentar
O sangue de muitas pessoas estará em vossas mãos
Podeis estar pronto para enfrentar o que mais odiais
Mas estaríeis prontos para sacrificar vossos irmãos?”
Conclusões: A ilha não é uma ilha, é uma torre (“...do fundo ao zênite
podeis chegar”). Tem relação com o Orbe (“Mortais marcados” refere-se à
tatuagem) e o destino deles será decidido no interior da torre.
Qualquer magia de adivinhação do estilo sim/não não traz nenhuma res-
posta, ou porque as entidades se recusam a responder ou porque elas não
possuem conhecimento acerca da ilha.
INVESTIGAÇÃO
O marinheiro indica o nome do lago/mar/oceano onde a ilha está localiza-
da, assim como sua localização aproximada. A ilha é de fácil localização.
Sob um mar de sangue
A área de 1km de raio ao redor da ilha (daqui em diante referida como
torre) está sobre um efeito permanente semelhante a um campo antimagi-
a. O domo é um efeito similar a uma esfera prismática que não pode ser
dissipado. O campo antimagia afeta somente a superfície da água, abaixo
dela a magia funciona normalmente.
A água ao redor da torre tem um tom avermelhado, se demorar muito
tempo para os PdJs chegarem à Torre, eles provavelmente verão corpos
boiando na água. Esses aventureiros foram mortos tentando atravessar a
esfera prismática ou morreram afogados mergulhando, todos eles estão
uma aparência extremamente pálida (mais informações adiante). A água
tem cerca de 400m de profundidade na borda da torre. A torre acima da
superfície se parece com uma formação rochosa, o topo dela está coberto
pelo domo. Abaixo, ela tem a textura de pedra perfeitamente polida, com
runas e outros símbolos talhados em sua superfície.
Ao mergulharem verão que não há qualquer tipo de flora ou fauna nas
proximidades da torre e o tom avermelhado é sangue – seu gosto e cheiro
estão presentes na água. Mesmo assim a água é límpida e estranhamente
iluminada, mesmo durante a noite é possível enxergar bem sem nenhum
auxílio mágico ou mundano. No fundo do corpo de água perto da borda da
torre há uma enorme quantidade de esqueletos humanóides ou não de
várias formas e tamanhos (novamente é possível ver corpos em decompo-
sição). Há uma imagem em baixo relevo na parte inferior da torre, ela
representa um portal com uma “armação” coberta de símbolos e imagens.
Quem prestou o juramento do Orbe pode ler a inscrição normalmente
embora não reconheça a linguagem (assim como o próprio juramento),
outros visitantes devem obter sucesso num teste de Decifrar Escrita (CD 40)
para conseguir entender o texto:
“Vós que estais marcados desbravai-me, vós que não estais temei-me.
Pagais vossa entrada e os maiores mistérios que vos assolaria não mais o
farão. A marca que arde em vosso braço clama por sangue, cortai vossa
carne e presenteai-me com ele. Assim as portas para o divino se abrirão.”
Também é possível ver desenhos indicando o lugar correto onde deve ser
cortada a carne: de acima do olho direito até abaixo dele, cortando o olho
junto no processo. A cicatriz e a perda do olho não podem ser reparadas
por nenhum meio mortal, nem mesmo milagre ou desejo. Perder a visão de
um olho implica em sérias penalidades (Ver LdM p.27).
Cortar-se em qualquer outro lugar não surte nenhum efeito, apenas o dano
que seria normalmente causado.
Caso estejam marcados, assim que a primeira gota de seu sangue tocar a
superfície da torre ela drenará sangue o suficiente para causar 2d6 pontos
de dano temporário de Constituição. Caso não esteja marcado o sangue
será totalmente sugado e expelido, ele não se misturará com a água e não
deixará o raio de 1km ao redor da torre. Caso a criatura não possuir valor
de Con, for imune a dano de habilidade ou imune a efeitos de morte ela é
simplesmente desintegrada e seu sangue (se existente) permanece.
Após ter “pagado o preço”, o corpo do personagem é sugado pelo portal
(que continua do jeito que era), ele sente um turbilhão de cores e formas
ao seu lado. Ele sente que vai sufocar e cai de joelhos numa pedra fria: o
interior da torre.
O Cristal da Verdade
O interior da torre é um lugar desolado e frio. As paredes de pedra parecem
espelhos ao refulgir a luz de tochas presas nelas e o reflexo de um cristal
branco de mais de 15m de altura, mesmo assim a sala permanece na pe-
numbra. Há buracos no teto, que está a quase 30m de altura, de onde
partem raios de luz em direção ao solo. A sala cheira a uma caverna úmida.
O corte no olho não sangra mais, mas qualquer tentativa de recuperar a
visão ou remover a cicatriz é infrutífera. O globo ocular não fica cortado ou
danificado de alguma forma, a íris e a pupila simplesmente desbotam
(embora a íris não perca totalmente a cor original). O dano de Constituição
pode ser curado normalmente.
Quando os PdJs se aproximarem do cristal e fitarem suas profundezas o que
verão fica a cargo do Mestre e da história do personagem, tenha em mente
isso: se alguém no passado do personagem o causou muita dor (o assassino
de seus pais ou irmãos, por exemplo) e ele deseja vingança, ele verá essa
pessoa e saberá sua localização; se ele tem uma meta verá a mais fácil
maneira de alcançá-la; se busca uma maneira de destronar um rei maléfico,
verá como fazê-lo. Se seus personagens não tem uma história ou meta leia
novamente o item 4 das observações. Se possível, tente juntar as histórias
dos personagens nesse ponto.
Os personagens não podem mentir nas proximidades do cristal, um efeito
similar à zona da verdade, porém sem direito a teste de resistência, emana
dele. Uma voz misteriosa os cumprimenta e começa a informá-los de que
lugar é aquele:
Bem vindos [nome dos personagens], esta magnífica construção onde
vós estais dentro é conhecida como “A Torre da Revelação”, aqui
vossas maiores dúvidas serão esclarecidas. O Orbe. Essa é a razão de
estardes aqui. O primeiro teste vós já passastes, mas muitos outros vos
aguardam. Vejo que já fitastes o “Cristal da Verdade”, dizem que ele
mostra o que vós mais desejais [se você conseguiu ligar o destino dos
PdJs, excelente, então você pode adicionar a frase seguinte e dará um
maior significado à ascensão divina deles], o que por uma ironia do
destino ligam todos vós a uma mesma pessoa. A marca em vossos
rostos é uma prova de que arriscastes vossas vidas para compreender o
que elas significam. O sangue que aqui deixastes provou que sois digno
de ascender até o zênite desta torre. Vistes o que acontece com pesso-
as ambiciosas lá fora, elas foram insensatas por não escutarem, preferi-
ram ignorar. Mas vosso treinamento está apenas no início, vosso po-
tencial é sublime, podem não saber, mas sois os únicos mortais a tocar
o chão desta torre em milênios. Agora partis para o vosso segundo
teste.
Um portal de energia azul clara abre-se próximo aos jogadores, ao cruza-
rem ele se deparam com um lugar totalmente branco.
Cinzas a cinzas... Pó a pó...
Esse lugar é uma imensidão branca, a sensação de desolação e abandono é
quase insuportável, não importa para onde se olhe: o chão, o teto e o
horizonte – tudo, absolutamente tudo é branco. O portal deixa uma tênue
iluminação azul até o último personagem passar, ao fechar-se essa ilumina-
ção desaparece.
A voz fala novamente, agora indagando os personagens. O que responde-
rem serve apenas para role-play. A idéia base da aventura é criar um clima
de tensão entre os jogadores, então as perguntas criarão uma certa dúvida
entre eles, questionando o que eles estão fazendo, por que o estão fazen-
do, o que desejam alcançar, por que aceitaram a busca pelo Orbe, por que
estão juntos e outras perguntas, use as questões abaixo como guias para
indagar os jogadores de maneira apropriada. Indague-os separadamente,
aproveitando o background deles, escolhendo as perguntas mais apropria-
das; argumente, replique.
† Qual foi o motivo de ter embarcado nessa jornada, onde o mais
provável é que você acabe destruído permanentemente?
† Por que você luta até a morte?
† Como se sente sabendo que muitas pessoas próximas de você cor-
rem risco de vida por você estar atrás do Orbe?
† Você é muito diferente do(a) [Nome de outro personagem], por que
vocês trabalham juntos?
† O que você busca acima de tudo?
† Matou muitas pessoas e seres até este momento. Isso nunca lhe
causou remorso?
† Quanto mata alguém, o que você sente?
† Porque você mata seus inimigos?
† O que fará quando completar o Orbe?
† Você acumulará poder com o Orbe. Como sabe que está fazendo o
correto?
 † O que a vida de seus companheiros vale para você?
† Morreria por algum de seus companheiros?
Tente criar um clima de desconfiança entre os personagens, isso tornará a
parte futura da aventura muito mais interessante. Após as indagações a voz
fala que o segundo teste foi completado. Se os personagens perguntarem
se passaram ou não, a voz responderá simplesmente, “Em breve sabereis”.
Mais um portal é aberto e antes dos PdJs passarem pelo portal ela fala que
o próximo será um teste de resistência e perseverança.
Espadas ao vento
A próxima sala é uma construção de pedra incrivelmente grande, ela é
composta por blocos de mármore negro com veias azul marinho. Cada
pedra tem quase 2m de lado. A sala deve ter quase 25m de altura, mais
surpreendente ainda é uma estátua de metal de um homem nu (parecida
com as estátuas gregas) de mais de 20m de altura, a cerca de 300m à frente
de onde os personagens saem do portal. Assim que o último deles sair, a
estátua ganha vida e a voz fala: “Encareis vosso teste”.
Guardião da Perseverança: PV 1500;
Guardião da Perseverança: ND 23; Constructo (Colossal); DV 46d12 +1200;
Ini +0; Desl 12m (8 quadrados); CA 28, toque 2, surpresa 28; BBA +34, Agr
+56; Ataque Corpo a corpo: 2 pancadas +28 (dano: 3d8 +21); Face/Alcanço
9m/9m; AE ―; QE RM 30, RD 10/―, habilidades do guardião da perseve-
rança, resistência à energia (universal) 20; Tend N; TR Fort +26, Refl +12,
Von +15; For 38, Des 10, Con ―, Int ―, Sab 10, Car 1
Habilidades do Guardião da Perseverança (Ext): Como é parte de um dos
testes da Torre das Revelações, essa estátua ganha 1200 pontos de vida
extras e recebe uma penalidade de -20 na jogada de ataque, ele é suscetível
a sucessos decisivos, mas não a ataques furtivos. Ele é imune à transmuta-
ção, drenar energia, dano e dreno de habilidade, efeitos de ação mental,
doença, veneno, atordoamento, sono, paralisia e efeitos de morte.
Essa vai ser provavelmente a batalha mais demorada dos personagens até
este momento, se já estiverem jogando a um bom tempo nesta sessão, dê
um tempo antes. Esse inimigo é para testar o quanto os personagens a-
güentam numa única batalha, se você tiver uma música tipo aquelas “che-
fão final” de RPG eletrônico, seria interessante tocá-la.
Ele não causa muitos danos, embora agüente uma grande quantidade dele
devido à redução de dano e à resistência à energia, talvez esporadicamente
um clérigo deva curar os combatentes. Se pressentir que o combate durará
pouco, acrescente cura rápida a ele. Essa batalha deve durar no mínimo
meia hora, para que os jogadores sintam um pouco do cansaço que os
personagens provavelmente estão sentindo.
Quando o inimigo for reduzido a 0 PV, ele se quebrará em pedaços e causa-
rá 15d6 pontos de dano a qualquer criatura em um espaço ocupado e/ou
ameaçado por ele devido aos pedaços de ferro cadentes.
Após a estátua desintegrar-se, a voz fala:
Sentistes agora o calor de uma batalha épica, igual a muitas outras que
ainda estão por vir. Vossa vida mudara a partir do momento em que
proferistes aquelas palavras contidas naquele pergaminho. Alguns de
vós provavelmente não estaríeis aqui neste momento se tivessem
ignorado o poder do Orbe, se preferísseis acomodar-vos em suas
famílias e cidades natais. Mas preferistes aceitar o desafio, mudar o
destino de toda a vida neste multiverso. A quantidade de seres que
conhecem sobre o Orbe é ínfima, porém existente. Alguns desses vos
ajudarão, pelo que deveis ser gratos, pois a ajuda desses seres tornar-
se-á inestimável para o sucesso de vossa campanha. Entretanto, aque-
les que não estão aqui para ajudar-vos serão aqueles que podem
destruir tudo aquilo que amais: vossas famílias, vossos amigos, todos
de vossa raça. Farão isso apenas para causar temor no vosso coração e
nublar vossas mentes. Não deveis sucumbir a esses testes, assim como
não sucumbistes a este pelo qual passaram agora.
Vós provavelmente estais curiosos para saber o que é esta torre, qual o
motivo dela estar aqui e qual o motivo de todos esses testes. As primei-
ras dessas perguntas responder-vos-ei agora:
“Essa torre existe desde o princípio dos tempos, assim que as primeiras
divindades passaram a existir, e criaram todo esse multiverso que vos
cerca, sabiam que um dia haveria alguém que iria tentar destruir o que
criaram com tanto prazer. Assim, deram forma a um artefato que
poderia ajudar os habitantes a enfrentá-lo. Assim nasceu o Orbe,
produto do amor das divindades por todos os que habitavam os planos.
Elas deram aos habitantes poder sobre o Orbe, assim como a liberdade
para usá-lo como bem desejassem, supondo que o usariam para fazer
florescer a paz. E assim foi por milênios, as divindades andavam entre
os mortais, participando de festas e ajudando-os a moldar um mundo
novo e livre.
Mas os habitantes são fracos. Todos eles o são. Usaram o poder do
Orbe para conquista, guerra e destruição, o mundo sucumbia ao poder
do Orbe, um mundo que as divindades supremas haviam criado, um
mundo livre, um mundo de paz, um mundo em que as famílias pudes-
sem viver unidas sem o temor de perder pais e filhos.
Assim, vendo o mundo queimar em meio a mares de sangue, elas
destruíram o Orbe e apagaram da lembrança de todos os habitantes a
sua existência. Essa torre ficou como um monumento àqueles tempos,
aos momentos em que as divindades aqui residiam. Elas abandonaram
este mundo e criaram novas divindades para este mundo governar. “Os
Esquecidos”, assim são conhecidos esses deuses, que fizeram muito por
este mundo, embora nada receberam em troca.”
Ali terminou a primeira era, as novas divindades tinham o poder de
construir um novo Orbe, caso necessário, mas apenas um. O conheci-
mento de como fazê-lo era obscuro e perdido, somente em tempos de
necessidade ele se revelaria.
Quando Hazul’nalab usou todo o seu poder para privar as divindades de
seu poder divino, o conhecimento se revelou a elas e um novo Orbe foi
forjado e usado para destruí-lo. O choque entre os poderes foi tanto
que o Orbe acabou sendo destruído e separado pelos planos.
A Torre foi afundada nas profundezas, apenas para reerguer-se nova-
mente quando necessário e esta é a primeira vez desde sua criação.
Vós sois os primeiros mortais a tocar seu solo e a ascender ao seu
zênite, vosso progresso é surpreendente. Não são apenas as cicatrizes e
o sangue derramado que moldam um guerreiro, vossas ações demons-
traram exatamente o que Os Esquecidos pensam sobre um verdadeiro
herói.
Mais um teste foi concluído, outros vos esperam em vosso caminho.
Mais um portal se abre na frente dos personagens.
O crepúsculo do futuro
Essa sala é muito parecida com aquela na qual os personagens foram inda-
gados sobre a sua vida, embora esta seja um cubo fechado com não mais
do que 10m de aresta. Aqui eles enfrentarão o terror psicológico, é de suma
importância que o Mestre conheça bem os personagens.
Assim que todos entrarem nesta sala, um círculo de energia de cerca de 1m
de diâmetro surge, suas bordas circulam continuamente, seu centro é feito
de uma energia mais opaca, quase sólida. A voz convida os personagens
para se aproximarem do círculo e dirige à palavra a um deles por vez.
O círculo é uma janela para um possível futuro, uma “televisão” se desejar
pensar assim. Ele mostra probabilidades, não mostra o futuro exato (a voz
comunica isso aos personagens. Ela comenta que o que vêem nele pode
acontecer caso continuem sua jornada em busca do Orbe.
O que os personagens verão fica por conta do Mestre, eles verão aquilo que
lhes causará mais dor, da pior maneira possível, eles verão sua cidade natal
queimando, aqueles que amam empalados e/ou estuprados, seu mundo
coberto pela guerra e destruição, seus filhos mortos, etc. Todos eles conse-
guirão ver o que o círculo mostra para um deles, embora as imagens de
cada um seja diferente.
Crie de antemão esses acontecimentos, durante a campanha você deve
saber o que os jogadores odeiam e abominam, use tudo que puder lhes
causar dor ou medo.
Ex: um elfo que ame sua floresta natal, a verá em chamas, todos os habitan-
tes mortos e o rio vermelho com o sangue deles, verá os animais mortos
tentando proteger seus filhotes. Verá as mães sendo estupradas na frente
de seus filhos, apenas para serem mortas juntamente com seus filhos logo
depois, verá a terra cinza e em brasas, seus amigos escravizados sendo
chicoteados e matando uns aos outros por alimento e água.
Use toda a sua criatividade maléfica para pensar nas coisas mais atrozes
possíveis, narre os acontecimentos fluentemente, tentando por a dor do
personagem em cada parte, use pausas longas para marcar os piores acon-
tecimentos, dirija-se a eles diretamente e tente manter a mesa em silêncio.
Assim que todos os personagens viram seus possíveis futuros, o círculo
desaparece e a voz comenta:
O que vistes aqui depende única e exclusivamente das escolhas que
fareis nesta torre, há mais sangue na mão de vocês do que imaginam.
Muitas pessoas já morreram ou morrerão devido às ações que realizas-
tes, mais ainda morrerão pelas ações vindouras.
Talvez fizestes o juramento pensando apenas no poder e na glória que
teríeis com o Orbe, ignorando a responsabilidade que vem com tama-
 nho poder. Agora que vistes o que poderá acontecer, talvez penseis
diferentemente sobre o que fizestes.
Entretanto, não deveis temer vosso futuro ou acreditar num destino já
pronto, vós tendes o poder de mudá-lo, basta aceitar quem sois e não
temer jamais o futuro. Como já foi dito a vós, aquilo que vistes depende
única e exclusivamente de vós. Agora como sabereis se o caminho que
tomareis vos conduzirá à salvação ou à condenação?
Continueis, vosso próximo teste aguarda.
Uma das faces internas do cubo brilha num azul claro, é o portal para o
próximo teste.
Moldados a fogo e sangue
Essa sala é completamente negra, os personagens podem ver se ver nor-
malmente e podem um chão sobre seus pés assim como uma parede aonde
o portal estava, mas a sala é um antro de escuridão e silêncio, qualquer
coisa dita aqui ecoa por toda a parte. Momentos após todos chegarem
nesta sala, a voz os aborda.
Vós que estais aqui neste momento passaram por testes e provações
por toda a vida, muitas das quais não tendes noção. Tudo o que fizes-
tes, todos aqueles que enfrentaram são pequenas peças num jogo
muito maior do que todos vós. Cada ferimento que sofreram, cada gota
de sangue e suor que derramaram não foi em vão, todas elas contribuí-
ram para formar os guerreiros que sois hoje. O Orbe é, infelizmente,
movido a sangue, por toda a história ele esteve envolvido nas maiores
batalhas já travadas por mortais.
A Guerra do Sangue entre demônios e diabos se parece com uma
disputa entre duas formigas por alimento se comparada ao caos e
horror de uma guerra travada em nome do Orbe. Nem mesmo as atuais
divindades sabem dos horrores das guerras da primeira Era, são fatos
que merecem permanecer ignorados por todos.
O preço a pagar pelo poder do Orbe é alto e muitas vezes impensável,
entretanto vós estais aqui. O preço a ser pago depende única e exclusi-
vamente de cada um de vós, e ele já começou a ser pago desde o seu
nascimento.
Até chegardes aqui, vós fostes moldados por vós mesmos, moldados a
fogo e sangue. A tatuagem que queima e arde em vosso braço é apenas
mais um sinal de vossa força e coragem. O sangue derramado para
entrar na torre mostra vossa determinação.
O fogo destrói, mas também transforma e traz alegria, uma floresta
queimada pode reerguer-se ainda mais forte e viva, uma cidade quei-
mada até suas fundações pode ser construída novamente, fazendas
queimadas tornam-se ainda mais fortes. Ele é a única salvação no frio
do inverno para os desabrigados.
Os inimigos destruídos até esse ponto deixaram uma marca em vocês,
as cicatrizes do combate devem ser encaradas com orgulho. Elas mos-
tram o quanto vocês sacrificaram por todo o multiverso, aquela que
corta vossa face mostra mais do que todas as outras vossa grandeza,
poucos seres ousam fazer isso com eles mesmos em prol de muitos
outros. O vosso sangue derramado em combate prova vossa bravura, o
de seus inimigos prova o vosso poder.
A guerra é infelizmente, apenas onde todos que vivem mostram seu
verdadeiro poder. A ameaça da morte pode tornar aquele ser pacato a
empunhar uma espada e matar seu inimigo. A guerra por uma razão
nobre torna todos mais unidos, ela faz com que antigas inimizades
tornem-se as maiores amizades.
No capo de batalha todos são iguais. Irmãos em armas, essa é a expres-
são utilizada para definir esses guerreiros que arriscariam a própria vida
pelo homem que está ao seu lado. Quando numa situação normal um
homem faria isso, quando ele abandonaria sua família a não ser quando
estivesse tentando protegê-la e a muitas outras? Eles lutam para viver
em paz, para verem seus filhos crescerem, para sentir o calor das
esposas. Lutam por um mundo melhor, mesmo que esse mundo é para
eles, sua pequena vila.
Para vós, entretanto, o mundo é todo o multiverso. O campo de bata-
lha é a vossa vida e a guerra é travada diariamente. Os inimigos enfren-
tados não são inimigos comuns, eles muitas vezes são incrivelmente
mais fortes do que vocês e apenas com inteligência e sabedoria eles
serão superados.
Esse é o próximo teste, um inimigo terrível os espera, uma coisa pode
ajudá-los contra ele – a vossa inteligência, se responderem corretamen-
te a minha pergunta, um item vos será dado para auxiliar-vos, vocês
tem dez minutos para a batalha, então penseis rápido e respondei-me:
“Juntos nós quatro somos quinze, o maior de nós é o segundo, todos os
outros juntos correspondem a duas partes em três dele nenhum de
nós é maior que a metade do segundo. Dois juntos somos iguais ao
quarto e o quarto menos o terceiro é igual ao primeiro. Somos todos
diferentes e o primeiro mais o quarto é maior que a metade do segun-
do. Pergunto-vos então, que número somos?”
A resposta correta é 2913, se os personagens acertarem a resposta um
globo de luz surge no meio da escuridão e a voz fala apenas “Atirem-no em
seu inimigo”. Respostas erradas não anulam o desafio. Assim que os dez
minutos se passarem (conte esse tempo em tempo real, pelo menos até os
personagens resolverem o enigma, diga, de vez em quando quanto tempo
se passou, assim eles ficam um pouco mais nervosos), um rugido ecoa por
toda a escuridão. Olhos brilham na distância e um dragão começa a apare-
cer gradativamente, assim que ele aparece por completo ele solta mais um
rugido e avança em direção aos personagens. O item está descrito a seguir:
Globo de Luz: Esse globo só funciona dentro da torre na batalha contra o
dragão, assim que saírem da sala ele desaparecerá também. Se atirado em
direção ao dragão (nenhuma jogada de ataque é necessária) ele choca-se
com o ele, causando uma explosão de luz bastante potente. Essa explosão
causa 130d6 pontos de dano contra o dragão. Esse dano não pode ser
reduzido ou ignorado de nenhuma maneira.
Dragão Vermelho Grande Ancião: PV 660;
Dragão Vermelho Grande Ancião: ND 26; Dragão Colossal; DV 40d12 + 400;
Ini +4; Desl 12m, vôo 60m (desajeitado); CA 41, toque 2, surpresa 41; Atq
base: +40; Agarrar: +73; Ataque Corpo a corpo: Mordida +49 (dano: 4d8
+17); Ataque total corpo a corpo: mordida +49 (dano 4d8 + 17) e 2 garras +
47 (dano: 4d6 + 8) e 2 asas +47 (dano: 2d8 + 8) e golpe com a cauda + 47
(dano: 4d6 + 25); Face/Alcanço 9m/6m (9m com mordida); AE: sopro,
presença aterradora (CD 38), esmagar, arrebatar, habilidades similares à
magia, magias, rasteira com a cauda; QE: redução de dano 20/mágica, visão
no escuro 36m, imunidade a fogo, sono e paralisia, visão na penumbra, RM
32, vulnerabilidade ao frio; Tend CM; TR Fort +32, Refl +24, Von +32; For 45,
Des 10, Con 31, Int 26, Sab 27, Car 26.
Perícias e talentos: Avaliação +41, Blefar + 44, Concentração + 42, Conheci-
mento (arcano) +38, Conhecimento (local) + 38, Conhecimento (religião) +
38, Esconder-se + 14, Identificar magia +35, Intimidar +41, Observar + 41,
Ouvir + 41, Ofícios (armadilheiro) + 26, Procurar + 41, Saltar + 52, Sentir
motivação + 38, Usar instrumento mágico +33; Golpe Avassalador, Ataque
Aéreo, Trespassar, Trespassar Maior, Iniciativa Aprimorada, Vontade de
Ferro, Reflexos Rápidos, Ataque Poderoso, Ataques Múltiplos, Arrebatar,
Investida Aérea, Inversão, Pairar.
Sopro (Sob): Cone de fogo de 21m, 24d10 de dano de fogo, Reflexos [CD
40] para reduzir à metade.
Esmagar (Ext): Área 9m por 9m; criaturas grandes ou maiores recebem 4d6
+25 pontos de dano esmagador e devem obter sucesso num teste de Refle-
xos [CD 40] ou ficarão presas. Agarrar +73.
Presença Aterradora (Ext): Raio de 108m, 39 ou menos DV. Vontade [CD
38] nega.
Arrebatar (Ext): Agarrar +73, garra contra criaturas grandes ou menores por
4d6 + 8/turno, mordida contra criaturas enormes ou menores por 4d8
+17/turno.
Rasteira com a Cauda (Ext): Meio-círculo de 12m de raio, oponentes mé-
dios ou menores sofrem 2d6 +25 pontos de dano. Reflexos [CD 40] para
reduzir à metade.
Habilidade Similares à Magia: 12/dia―localizar objeto, 3/dia―sugestão,
1/dia―encontrar o caminho, discernir localização.
Magias: Como um feiticeiro de 19º nível.
Magias de feiticeiro conhecidas (6/8/8/8/8/7/7/7/7/4, CD para o
teste de resistência à magia: 18 + nível da magia); 0 ― luz, marca arcana,
resistência, detectar magia, curar ferimentos mínimos, detectar magia, ler
magias, som fantasma, prestidigitação, globos de luz; 1 ― alarme, armadu-
ra arcana, escudo, mísseis mágicos, identificação; 2 ― raio ardente, curar
ferimentos moderados, força do touro, cegueira/surdez,vitalidade do urso ;
3 ― bola de fogo, relâmpago, dissipar magia, respirar na água ; 4 ― idio-
mas, neutralizar veneno, poder divino, invisibilidade maior; 5 ― cone glaci-
al, teletransporte, permanência, cura completa; 6 ― tarefa/missão, desin-
tegrar, corrente de relâmpagos; 7 ― bola de fogo controlável, rajada pris-
mática, desejo restrito; 8 ― limpar a mente, raio polar, terremoto; 9 ― cura
completa em massa, chuva de meteoros.
O globo tornará essa batalha incrivelmente mais fácil, ela poderá ser fatal
caso os jogadores não consigam resolver o enigma, especialmente se eles
estiverem em níveis muito abaixo de 20 ou com poucos recursos.
Após derrotarem o dragão a voz os cumprimenta (“Parabéns por mais um
teste bem realizado, deveis agora partir para o próximo”).
Mais um portal se abre, facilmente reconhecível na escuridão do local.
O brilho da destruição
Os pisos, as paredes e o teto desta sala são pedra trabalhada em blocos
irregulares. Essa sala é bastante pequena, as paredes maiores têm cerca de
dez metros enquanto as menores têm menos de 5. Não há nenhuma mobí-
lia ou decoração, embora a sala seja iluminada por um lustre rústico de
madeira no teto central.
A voz fala novamente:
Os mortais parecem cobiçar o brilho do ouro acima de tudo. Grandes
nações são destruídas apenas para serem saqueadas; mentes brilhan-
tes sucumbem ao fio da espada antes de mostrarem seu grande talento
para o mundo; vidas inocentes findam prematuramente somente por
um punhado de ouro.
Ao contrário do que muitos pensam, ouro não traz poder. O poder não
pode ser medido através de meios matemáticos. O barão rico ainda
morre com algumas palavras de um conjurador enquanto o paladino
que doou todo o seu dinheiro talvez não o faça.
O poder vem com a experiência, com o treino e com a perseverança.
Entretanto, o ouro pode vir com o poder, apenas se estes conseguem
controlar seu poder e não serem ofuscados pelo brilho do ouro.
O ouro foi o motivo da Primeira Guerra do Orbe, as nações pensaram
que com o poder dele poderiam acumular todas as riquezas e construí-
rem as maiores e mais belas cidades. Acharam que com este ouro
teriam ainda mais poder, que poderiam destruir as divindades.
Assim, nesta busca pelo ouro, grandes cidades foram destruídas, o
conhecimento de milênios perdido para sempre, bilhões de inocentes
derramaram seu sangue por um pouco mais de ouro. O mundo estava à
beira de um colapso, o peso do ouro das grandes nações era maior do
que o peso de seus habitantes juntos. Matavam-se a si mesmos por
algumas peças a mais que nunca chegaram a ser utilizadas por que o
dono seria morto pouco depois.
O que vós deveis saber é que o Orbe trará muito poder, com ele talvez
venha a riqueza e vós deveis escolher aqui qual é o mais importante
para vós. Se a riqueza para viver confortavelmente até o fim de vossos
dias ou se o poder para proteger todos os que amais.
Se estiverdes prontos para abraçar o poder, deveis livrar-vos de toda a
riqueza. Ao passar pelo próximo portal toda ela será perdida para
sempre e um próximo teste vos aguarda.
Outro portal abre-se em uma parede, assim que os personagens o cruzarem
eles estarão completamente nus e todos os outros meios de manter rique-
zas, como a arca secreta de Leomund, serão perdidos.
Conhecimento e poder
Mais uma das habituais salas brancas, embora nessa os personagens sintam
um pouco de frio (talvez por estarem completamente despidos). Essa sala
também parece infinita aos olhos dos personagens, estendendo-se por todo
o horizonte. A voz os recebe imediatamente:
Provastes que são capazes de ignorar a riqueza material, mostrando
assim, novamente vossa determinação. Entretanto, a maior riqueza
disponível a qualquer ser é conhecimento e a experiência, como já lhes
foi mostrado anteriormente.
O conhecimento e a experiência trazem o poder? Talvez. Eles são
apenas úteis quando o seu detentor souber administrá-los. O sábio e
experiente rei que administra o seu reino de maneira correta terá
súditos leais por todo o seu reinado que o seguirão até a morte, en-
quanto o experiente rei feiticeiro mesquinho que extorque seus súditos
em impostos não.
Como vêem, conhecimento muda o mundo. Vossas construções todas
foram frutos de séculos e até milênios de árduo trabalho e pesquisa de
vossos antepassados. Os magníficos castelos, cujas pedras brilham aos
primeiros pálidos raios da alvorada, foram assim construídos porque
sabia-se que naquela posição os primeiros raios bateriam.
As magníficas arquiteturas élfica e anã mostram o quanto o conheci-
mento pode tornar uma cidade bela. As cidades élficas construídas de
maneira a causar o menor impacto possível na natureza mostram a
preocupação com algo maior e mais poderoso do que todos. Os magní-
ficos salões anãos talhados durante anos mostram a resistência e o
esforço da raça para construir o conhecimento.
Para conjuradores, a frase que lhes foi dita anteriormente “Conheci-
mento é poder” tem mais significado do que para quaisquer outros
seres, é necessário primeiramente o conhecimento para somente
depois, com árduo trabalho e experiência conseguir alcançar o poder
cobiçado desde o início dos estudos.
Experiência e conhecimento também causaram a Primeira Guerra do
Orbe, reis poderosos com acesso a um conhecimento quase infinito
desejavam adquirir o conhecimento de outros. O conhecimento deve
ser compartilhado para a evolução do mundo. Mas para aqueles reis o
conhecimento era mais uma forma de acumular ainda mais riquezas,
recusavam-se a compartilhar uma pequena descoberta com nações
vizinhas.
A experiência de seus soldados tornou a batalha ainda mais catastrófi-
ca. Vidas se extinguiam com um breve gesto de alguns conjuradores
inimigos, preces eram ouvidas por todos os lados na esperança de que
os deuses ajudá-los-iam a vencer uma batalha na qual haveria apenas
perdedores.
Vós, mais do que muitos outros sabem o valor da experiência e conhe-
cimento. Sois verdadeiros heróis com o poder acumulado que possu-
em, inimigos caem a seus pés com um breve golpe. Cidades seriam
destruídas por vós com uma enorme facilidade. O poder é perigoso,
talvez até mais do que a riqueza.
Esse poder, conhecimento e experiência deveis abdicar agora. Quando
passardes pelo próximo portal, tereis todo o vosso conhecimento,
poder e experiência perdidos. Lembrar-vos-ei quem sois, mas as pala-
vras e gestos de tal magia fugirão de vossas mentes, uma espada pare-
cerá mais pesada e vossa mão não terá a força ou destreza necessária
para brandir ou disparar uma arma eficazmente. Façais vossa escolha
com sabedoria.
Os jogadores provavelmente não acreditarão que você tirará todos os níveis
deles para sempre (eles devem ser tratados como plebeus de 1º nível de
agora em diante) e claro que você nunca faria. Mas eles não podem saber
disso. Tente trazer novas fichas e deixe que eles as vejam, se for indagado
sobre o que eles devem apagar nas fichas, diga que trouxe novas fichas, já
que desse jeito é mais rápido. Mas não deixe que eles rasguem as fichas!
Essa perda é temporária (ou não, veja a seguir).
Um novo portal é aberto.
Revelações
Aqui é a parte central da aventura, se você leu as observações e estava se
perguntando a razão do item 4. Aqui ela está. Recomendo que faça essa
parte individualmente com cada jogador, peça para que saiam da sala onde
estão jogando afim de que a presença dos outros não influenciem nas
escolhas do personagem. Peça para que não comentem nada entre si, pelo
menos até o final da sessão/aventura. Aqui que a “escapada” mencionada
nas observações pode ter seu valor.
A idéia base é a seguinte: um personagem será indagado separadamente
pela voz, enquanto os outros personagens estão num estado parecido com
um coma dentro de tubos de cristal. A esse personagem será prometido
tudo o que ele sempre quis: seu sonho ou meta realizado, sua vingança
concluída, seus entes mortos ressuscitados, enfim, o que ele mais deseja. O
preço a pagar por isso é a vida de seus companheiros. Ele nada se lembrará
deles e por isso não sentirá remorso ou culpa, e ninguém se lembrará de
ver os personagens juntos. Os acontecimentos no seu futuro negro jamais
acontecerão e ele nada se lembrará do Orbe. Se ele negar, morrerá junto. O
jogador deve conhecer todos esses fatos. A voz ficará tentando convencer o
personagem a aceitar, afinal, se ele negar todos morrerão e caso aceite, ele
continuará vivo.
Os jogadores ficarão desconfiados. Por que afinal de contas você está
fazendo isso individualmente? Diga que é para os outros jogadores não
guardarem remorso off-game, que você dirá a eles apenas que fizeram as
escolhas erradas e que pagarão por esses erros com a vida, mas fará isso de
uma maneira interessante, por isso talvez demorará um pouco. Diga isso
antes de apresentar a proposta acima. Isso pode funcionar muito bem para
o primeiro, mas e para os próximos? Diga também que mandou outros na
frente para ninguém desconfiar que foi ele o responsável pela morte. Dê a
sua palavra de que nada contará aos outros jogadores, dirá a eles que ele
apenas fez as escolhas corretas enquanto que os outros jogadores não as
fizeram.
Esse é o último e derradeiro teste, embora os personagens não saibam
disso. Aceitar a proposta e trair seus companheiros resulta no fracasso
imediato embora aconteça o que exatamente foi dito: todos os seus dese-
jos serão realizados, ele esquecerá de todos e do Orbe e viverá normalmen-
te até a sua morte natural.
Reúna novamente o grupo. Eles estão em uma sala branca igual às outras.
A voz fala novamente: “Todos vocês foram submetidos ao mesmo teste e o
resultado foi o seguinte...”
Se alguém os traiu diga quem foi e que os outros estão mortos. Diga tudo
isso de uma maneira desenvolvida, como por exemplo: “Nenhum de vós
traiu vossos companheiros e preferiu viver sua vida sozinho. Por causa disso
todos vós encontrareis vosso fim aqui e agora, vossa busca pelo Orbe
fracassou e vossos espíritos estarão perdidos para todo o sempre.” ou
“Um(Alguns) de vós aceitou(aram) a oferta, este(s) viverá(ão) tranquila-
mente a(s) sua(s) vida(s) até o final dos dias dele(s), enquanto que a do
restante findará agora e a busca pelo Orbe não teve sucesso.”
«E lembre-se de dizer aos jogadores que isso é um jogo, a última coisa que
nós jogadores de RPG precisamos é uma notícia no Jornal Nacional de que
alguém foi morto durante uma sessão, já sofremos preconceito suficiente
sem isso. É claro que seja provável que isso nunca acontecerá, mas é so-
mente para deixar expresso que não desejo ser culpado pela morte de
nenhum jogador ou de uma sala destruída XD!»
E o que acontecerá com quem foi morto, ou com todos, caso ninguém
tenha traído? Aí é com você, eles podem acordar em algum lugar com o
pedaço do fragmento e com todos os seus itens e conhecimento e com a
voz em suas cabeças falando que passaram no teste e que estão prontos
para continuar a busca pelo Orbe.
Ou, caso assim foi desejado, eles podem ascender para juntar-se às divin-
dades. Abaixo está uma forma de fazer a ascensão utilizando-se do panteão
básico de D&D. Ela engloba os deuses “bonzinhos”.
Uma nova Era
Os personagens despertam numa planície de beleza inacreditável. A grama
é de um verde tão intenso que reflete o azul de um céu límpido. As cores
parecem irradiar vida. A água corre suavemente por um riacho a alguns
metros dos personagens, e para completar a paisagem épica, uma leve
brisa parece brincar com as folhas das árvores e com a própria grama
enquanto as balança num ritmo constante. E ali, na Planície das Eras, os
deuses aguardam os personagens para juntar-se a eles.
Heironeus, na sua pose imponente, escorado numa árvore, um leve sorriso
no rosto.
Moradin, apoiado sobre seu martelo, com o sorriso e os olhos característi-
cos dos anões.
Yondalla, sentada na relva, a expressão de uma mãe que vê seu filho pródi-
go retornando ao lar.
Ehlonna, sobre seu unicórnio, pássaros sobre seus ombros, um sorriso que
brilha ao sol do lugar.
Garl Glittergold, em sua pose elegante, rindo gostosamente.
Pelor, segurando seu cajado, sua expressão séria iluminando o local.
Corellon Larethian, arco e espada em punhos, parecendo satisfeito.
Kord, sentado sobre uma pedra, seus músculos brilhando a luz do Sol, um
grande sorriso em seu rosto.
Wee Jas, sentada em uma cadeira de espaldar alto, sua expressão séria de
sempre.
St. Cuthbert, em pé, de braços cruzados, sua expressão atenta e calma
estampada em seu rosto.
Boccob, apoiado em seu cajado, uma expressão incrédula e feliz ao mesmo
tempo.
Fharlanghn, sempre em movimento, seus cabelos brancos esvoaçando
enquanto se movimenta.
Obad-Hai, nas sombras de uma árvore, reservado e oculto pelas sombras.
Olidammara, tocando seu banjo, sorrindo alegremente.
Os deuses cumprimentam os personagens por terem passado nos testes.
«Aqui é um bom momento para conversar com os jogadores se eles querem
mudar algo em seus personagens, afinal, eles “nascerão de novo”. Aquele
talento indesejado, aqueles pontos de perícia inúteis podem ser trocados se
vocês assim desejarem. Mudanças mais drásticas como classe e raça,
também são possíveis, embora atributos e personalidade jamais.»
Os deuses entregam o último pedaço o fragmento para os personagens e
lhes garantem o status de divindade. Eles agora são quase-divindades, com
posto divino 0. «Não encontrei em lugar algum do Divindades e Semideu-
ses, quanto de bônus para atributos os personagens ganham quando se
tornam divindades. Olhando as fichas dos deuses cheguei a conclusão
seguinte» Eles recebem +10 para todos os atributos e podem distribuir
outros 10 como bem entenderem. O aumento de Inteligência causa o
ganho de pontos de perícia de forma retrógrada.
Eles presenteiam os personagens com itens ou bênçãos. Possíveis presentes
são os seguintes.
Heironeus, Moradin, Corellon e Kord dão a cada personagem uma arma
cujo bônus total seja +10, com bônus de melhoria máximo de +5. Essas
armas devem ser as novas armas favoritas dos personagens.
Ehlonna, Pelor, St. Cuthbert e Obad-Hai restauram a visão dos olhos dos
personagens, embora a pupila deles se torne uma difusão de cores (como o
Orbe) e a cicatriz jamais poderá ser removida (mesmo se os personagens
alterarem sua forma ela permanecerá), da mesma forma que a tatuagem.
Yondala, Wee Jas e Boccob dão a cada personagem um dos tomos ou livros
que concedem um bônus inerente de +5 numa habilidade (à escolha dos
personagens).
Garl Glittergold, Fharlanghn e Olidammara presenteiam os personagens
com um item mágico maravilhoso maior (à escolha dos personagens, com
exceção dos livros e tomos).
Eles incubem os personagens de realizarem uma missão para que se tor-
nem verdadeiras divindades. Se você conseguiu juntar o destino dos perso-
nagens em “O Cristal da Verdade”, essa pode ser a missão deles, caso
contrário você terá de pensar em algo. Quando essa missão for concluída,
os personagens serão convocados (teletransportados) novamente à planície
das eras e obterão posto divino 1.
Os deuses se recusam a ajudar na busca pelo Orbe, falam que estão proibi-
dos de auxiliá-los por forças maiores e que esta é a tarefa que foi incumbida
a eles.
Se você desejar, é possível que os deuses comentem que eles devem ser
treinados antes de embarcar nessa jornada. Eles podem ficar treinando ali
por semanas, meses e até anos para adquirir mais experiência. Com isso
podem ganhar alguns níveis. Isso pode ser interessante por ser aquela parte
chocante antes/depois. Imagine como os conhecidos dos personagens
reagiriam ao vê-los tão diferentes depois de meia década, suas famílias os
reconheceriam? As possibilidades são muitas.
Lendas Vivas
Os personagens agora são deuses, isso traz mudanças incríveis para a
jogabilidade. Portfólios, domínios, dogmas e clero tudo já deve começar a
ser pensado a partir de agora, pois serão necessários assim que adquirirem
o primeiro posto divino. Vocês devem decidir como será a presença deles,
serão deuses conhecidos?, ou só assumirão a sua divindade quando o Orbe
estiver completo.
Eles também são personagens épicos e a busca pelo Orbe apenas começou,
um fragmento está coletado, ainda faltam outros 26.
O multiverso é enorme, mas o poder e a sede de aventuras dos persona-
gens são ainda maiores e outros seres também começam a busca pelo
Orbe, ajudando ou não os personagens.
Mas antes, uma missão divina lhes foi incumbida...
Autor: The Crusader Of Metal