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Guia de Estudo de Relações Humanas e Liderança - 2021
Guia de Estudo de Relações Humanas e Liderança - 2021
MARINHA DO BRASIL
GUIA DE ESTUDO
RELAÇÕES HUMANAS E LIDERANÇA
CURSO ESPECIAL DE HABILITAÇÃO PARA PROMOÇÃO A
SARGENTO
2021
OSTENSIVO REV-3
OSTENSIVO CIAA-112/017
MARINHA DO BRASIL
2021
FINALIDADE: DIDÁTICA
3ª REVISÃO
ATO DE APROVAÇÃO
ÍNDICE PÁGINAS
Folha de rosto........................................................................................…................…………...I
Ato de Aprovação...................................................................................................……………..II
Índice.........................................................................................................................……….….III
Introdução....................................................................................................................…………..IV
CAPÍTULO 1 – RELAÇÕES HUMANAS
1.1 – Introdução a personalidade............................................................….............. 1 – 2
1.2 – Incentivação x Motivação...........................................................…………….1 – 4
1.3 – Comportamento individual e coletivo (princípios e valores nas relações
humanas)...........................................................................................……....…...1 – 5
1.4 – Importância das relações humanas no trabalho.....................................… ... 1 – 6
CAPÍTULO 2 – LIDERANÇA MILITAR NAVAL
2.1 – Fatores da liderança.................................................................................… . 2 – 1
2.2 – Estilos de liderança...................................................................................… ..2 – 3
2.3 – Qualidades do líder..................................................................................… ...2 – 6
2.4 – Distinção entre Líder e chefe..................................................................… ..2 – 10
2.5 – Hierarquia, disciplina, autoridade e responsabilidade............................… .. 2 – 11
2.6 – Valores militares e ética militar..............................................................… ..2 – 14
2.7 – Delegação de competência e delegação de autoridade...........................… . .2 – 15
2.8 – Métodos de condução e direção.............................................................… ....2 – 17
2.9 – Condução de pequenos grupos..................................................................… .2 - 22
CAPÍTULO 3 – ROSA DAS VIRTUDES E A PRÁTICA DE LIDERANÇA.
3.1 – Situação prática de relacionamento interpessoal.....................................… ... 3 – 1
3.2 – Avaliação do tipo de liderança exercida em uma situação apresentada....… ..3 – 1
3.3 – Importância da liderança no desempenho das funções de Sargentos do CAP e
CPA...........................................................................................................................3 – 1
INTRODUÇÃO
1 - PROPÓSITO
Esta publicação foi elaborada para fornecer uma orientação básica de Relações Humanas e
Liderança. Os assuntos nela contidos foram extraídos de publicações de fácil compreensão,
preenchidos pelas exigências dos currículos com o propósito de facilitar a aprendizagem por
parte dos alunos.
2 - DESCRIÇÃO
Esta publicação está dividida em três capítulos. No capítulo 1 são apresentados aspectos
significativos de relações humanas relacionados com a personalidade, motivação e
comportamento, bem como com o trabalho; capítulo 2 procurou-se sintetizar o que há de mais
importante sobre liderança, seus fatores e estilos, bem como a atuação do líder na condução de
grupos, segundo os preceitos da ética militar e da hierarquia, entre outras particularidades; e,
finalmente, no capítulo 3 teremos a apresentação da Rosa das Virtudes, seu contexto na prática
da liderança e a sua importância no desempenho das atribuições de Sargentos do CPA e CAP.
3 - AUTORIA E EDIÇÃO
Esta publicação foi organizada pelo SO MO (Refº) WILSON LIRA LEMOS e editada no
CENTRO DE INSTRUÇÃO ALMIRANTE ALEXANDRINO.
4 - DIREITO DE EDIÇÃO
Reservado para o CENTRO DE INSTRUÇÃO ALMIRANTE ALEXANDRINO é Proibida a
reprodução total ou parcial, sob qualquer forma ou meio.
5 - CLASSIFICAÇÃO
Esta publicação é classificada de acordo com o EMA-411 Rev.6 (Manual de Publicações da
Marinha) em: publicação da Marinha do Brasil, não controlada, ostensiva, didática e manual.
CAPÍTULO 1
RELAÇÕES HUMANAS
1.1 – INTRODUÇÃO A PERSONALIDADES
Este termo origina-se do vocábulo persona. Segundo a tradição, persona designava a
máscara utilizada pelos atores teatrais – especialmente no teatro grego – que exprimia os
sentimentos preponderantes em cada personagem. Na linguagem corrente, diz-se que
alguém tem personalidade quando impressiona fortemente seus semelhantes. Uma pessoa
apática, que passa despercebida, é considerada sem personalidade.
Do ponto de vista da Psicologia, todos têm personalidade. Esta poderá ser mais ou menos
atraente, mais ou menos marcante, mas sempre existe. Excetua-se, porém, o caso de alguns
poucos seres humanos que desde a mais tenra idade foram privados do convívio com outros
homens e assim cresceram isolados ou em contato apenas com animais. Nas obras de
Sociologia e de Psicologia, tais casos são narrados e seus protagonistas recebem a
denominação de homens-fera (singular em latim – homo ferus). Do exposto, conclui-se que
a personalidade se estrutura através da vida social. Devemos compreender também que a
personalidade depende de certos traços inatos e hereditários.
Ela é a “organização dinâmica dos sistemas psicofisiológicos individuais, que determinam a
maneira única pela qual cada pessoa se ajusta ao ambiente”. Tal definição é aceitável e
bastante completa, pois considera muitos aspectos:
- que na personalidade interferem traços psíquicos e físicos;
- que a personalidade é uma síntese única, distinguindo cada ser humano de seus
semelhantes;
- que a personalidade é uma síntese dinâmica, estruturando-se e reestruturando-se
continuamente; e
- que a personalidade sofre influência do meio físico e sobretudo do meio social.
Em outras palavras, a personalidade é um conjunto característico de reações e de modos
de ser de cada indivíduo, decorrente da herança biológica e da ação ambiental.
1.1.1 - FORMAÇÃO DA PERSONALIDADE
Na busca da personalidade real muitos autores levantaram questões entre os aspectos do
Somatotipo (constituição física), Temperamento, Caráter, Inteligência e Cultura, com
o objetivo de construir a “Tipologia da Personalidade”. Estes aspectos mencionados
passaram posteriormente a ser focalizados como elementos da personalidade.
d) Instável - É característica das pessoas inquietas, que não conseguem se fixar em coisa
alguma. É mais comum nas mulheres do que nos homens e às vezes vem acompanhada de
certos traços de infantilismo orgânico.
e) Histérica - Estas pessoas caracterizam-se essencialmente por:Acentuada tendência a
sonharem acordadas; Casos de dupla personalidade são encontradas com frequência entre
as mulheres e os indivíduos afeminados.
f) Cicloide- Indivíduo que tem maior predominância de alegria ou tristeza e, pode ser:
1- Pessimista Angustiado (depressivo)
Fatalista: atribui a fatalidade ao destino, negando o livre arbítrio.
Cético: duvida de tudo.
2 - Hipomaníaco - São altamente sociáveis, tende ao alcoolismo e vício sexuais.
g) Paranoide - Trata-se de personalidade psicopática das que mais perturbam a vida em
comum.
- Apresenta acentuada hipertrofia do eu, amor-próprio excessivo.
- São indivíduos muito suscetíveis a qualquer crítica ou restrição.
- Apresentam grande insegurança, sendo então muito desconfiados.
- São sujeitos a delírios de grandeza e a manias de perseguição.
- São querelantes, prontos a discutir por qualquer coisa e a iniciar ações judiciais
sem motivos justificáveis.
h) Perversa - São desprovidos de senso moral, apresentando, portanto, uma perturbação
psíquica relacionada com o juízo ético (incapacidade de distinguir o bem do mal) e são
incapazes de sentir simpatia ou compaixão pelo seu semelhante.
i) Esquizoide - Apresenta traços temperamentais do esquizotímico (normal), com
desproporcionalidade mais acentuada. Tem reações inesperadas e incompreensíveis e,
vive em um mundo próprio à margem da realidade. Dele, toda reação estranha pode ser
esperada.
j) Hipocondríaca - Preocupação exagerada com a saúde. Acerca de medicamentos e
sente dores imaginárias e psicológicas.
A simples reunião de pessoas, seja qual for seu número, não constitui, só por si, uma
multidão. Além da quantidade e da proximidade física é necessário que exista tensão
emocional e um interesse comum.
Quando uma multidão se enfurece e passa a agir violentamente, depredando bens
materiais ou linchando pessoas, transforma-se em motim ou quebra-cabeça (o mob dos
escritores de língua inglesa).
Donald Pierson considera quatro tipos de multidão:
a) Casuais - São aquelas cujo comportamento tem pequena carga efetiva; resultam do
aparecimento de algo que chame momentaneamente a atenção, sem provocar fortes
reações. Exemplo: a exibição da Esquadrilha da Fumaça, atraindo por momentos o
interesse geral das pessoas.
b) Multidões Convencionais - Ocorrem sempre em um período e data marcada.
Ex: Parada militar, Dia do Marinheiro, Batalha Naval do Riachuelo e etc.
c) MOBS - multidões agressivas. Ex. MST, Torcida Organizada, Baile Funke etc.
d) Multidões Expressivas- em que as tensões emocionais se descarregam em atos
inofensivos. Ex: Eventos religiosos, Reunião na Academia Brasileira de Letra e etc.
1.3.2 - O comportamento nos mobs
Três fatos concorrem para que a conduta dos homens, envolvidos em um motim, se afaste
da que apresenta em situações normais: a interação intensa, o sentimento de anonimato e
a diminuição das inibições.
1.4 - IMPORTÂNCIA DAS RELAÇÕES HUMANAS NO TRABALHO
A psicologia aplicada ao estudo dos problemas do trabalho e da vida profissional visa a
ajustar o indivíduo à sua atividade produtiva no campo econômico.
A socialização é um processo recíproco de dar e receber. Cada pessoa sofre influencias
de tudo e de todos que a cercam, e, de sua parte, exerce alguma influência sobre aqueles
com quem entra em contato.
1.4.1 - A antecipação social e a posição do indivíduo no grupo
O processo de socialização é facilitado ou dificultado pelo meio social em que se
desenvolve o ser humano. Se ingressarmos em um grupo e as pessoas que dele participam
nos recebem com simpatia e boa vontade, as probabilidades de nos ajustarmos são maiores
do que na hipótese contrária.
CAPÍTULO 2
LIDERANÇA MILITAR NAVAL
2.1 - FATORES DA LIDERANÇA ( introdução )
A maior parte das definições de liderança oscila entre as duas condições essenciais à
caracterização do líder, influência e proeminência, as quais foram pela primeira vez
demonstradas como inseparáveis e inerentes à liderança por Arthur Jones.
Um homem sozinho ou um animal solitário não pode ser líder. Falta-lhe o essencial: o em
que se destacar e sobre quem exercer influência.
É a forma de dominação baseada no prestígio pessoal e aceita pelos dirigidos (Aurélio
Buarque de Holanda).
a) Liderança
É em função da situação, da cultura, do contexto e dos costumes, tanto quanto é uma
função de atributos pessoais e estrutura de grupos, é a combinação equilibrada de três
elementos vitais e dinâmicos: o lider, o grupo e a situação. (indivíduo, grupo e
situação); e
b) Líder
É a pessoa que, investida ou não da função de mando, detém a arte de se destacar
(proeminência) e influenciar a conduta humana, conseguindo obediência voluntaria,
respeito e leal cooperação.
FATORES DA LIDERANÇA (LÍDER, GRUPO E SITUAÇÃO)
Em princípio, liderança não é outra coisa senão a função exercida pelo líder. O líder lidera.
Líder, liderar, liderança – destas três palavras apenas está claro o significado da primeira:
pessoa que se destaca e influencia o grupo. Levanto-me entre os companheiros e grito:
Para a frente! Todos me seguem. Destaquei-me. Influenciei-os. Sou o líder. Disponho de
um atributo, que ao mesmo tempo estabelece uma relação.
Quando eu grito: - Para a frente! E todos me seguem, exerci o que chama domínio, palavra
que se sintetiza dois significados diversos, mas, complementares: ter influência sobre e
elevar-se acima de. Liderança é uma forma de dominação, o exercício de um poder sobre
indivíduos ou grupos. Liderança é uma forma de dominação. Dominação significa
exercício de poder. Poder prende-se à autoridade. Autoridade significa domínio. Domínio
quer dizer influência. Sabemos que o líder exerce influência sobre o grupo.
Neste modo de liderança, o indivíduo é o centro livre do grupo. O líder, neste caso,
também parte de um objetivo preestabelecido que será alcançado por apenas um
membro do grupo, ou pelos membros, individualmente, de acordo com as suas aptidões
e interesses. Em geral, na liderança livre observa-se a iniciativa dos membros do grupo.
Liderança liberal
1 - Completa liberdade para as decisões individuais ou do grupo, sem qualquer
participação do líder.
2 - O material de trabalho é fornecido pelo líder, o qual esclarece que dará informações
a quem pedir.
3 - Total omissão do líder no desenvolvimento das tarefas.
4 - Raros comentários do líder sobre as atividades dos membros, salvo quando
diretamente interrogado.
c) Liderança democrática
O líder democrático já foi considerado por muitos como o autentico líder e o método de
liderança por ele empregado tem o grupo como centro, sendo o líder apenas um
membro com um pouco mais de responsabilidade. A liderança democrática implica
cooperação e participação de todos no estabelecimento e na consecução dos objetivos
do grupo.
Liderança democrática
1 - Todo procedimento é objeto de discussões do grupo, agindo sob estímulo do líder.
2 - Os objetivos das tarefas são claros para todos os membros do grupo desde o início.
3 - O líder apresenta alternativas de ação, as quais são escolhidas pelo grupo.
4 - O líder entrega a cada subordinado a escolha dos companheiros de trabalho.
5 - O líder é objetivo nas críticas e nos elogios atendo-se aos fatos.
6 - O líder procura ser acima de tudo um membro do grupo.
Por volta do ano 1939, a Universidade de Iowa realizou pesquisas objetivando
estabelecer relações entre os processos de liderança e o comportamento do grupo.
Utilizou para isso, quatro grupos de meninos de 10 anos de idade, executando um
determinado trabalho. A cada seis semanas, líderes diferentes assumiam a direção de
cada grupo, alterando os processos de liderança autocrática, democrática e liberal
(Laissez-Faire).
manter-se nela custe o que custar, suceda o que suceder. Ser firme é também saber esperar
quando, ao seu redor, todos já cansaram.
Para o líder exercitar a capacidade de convencer os seus liderados, antes, deve ter a firme
certeza de que seus objetivos na aplicação da verdade serão em função do grupo
evidentemente alcançados.
O líder deve ter fé e acreditar, mais do que ninguém, que a sua missão vale a pena e, assim,
transformar nos seus liderados a dúvida em confiança. Se alguém perguntar, todavia, em
que ou em quem o líder precisa ter fé, a resposta é uma só: o líder precisa ter fé em Deus,
em seus objetivos e depois nas pessoas. Lembre-se que “o bom vendedor é aquele que
vende para quem não quer comprar”.
2.3.3 - Capacidade para decidir
Nada mais é do que o poder de decisão. Substituir indecisão por decisão, galvanizar a
diferença e transformar dúvida em ação constituem prerrogativas do líder.
É natural que o líder com isso se arrisque a ser arbitrário, teimoso ou rígido nos métodos;
entretanto, quando coloca um indivíduo em evidencia, o mundo espera sua presteza em agir
sempre com acerto.
Para decidir, o líder aprende a raciocinar através de um processo constituído por seis
elementos:
a) Reconhecimento
Dos problemas a serem enfrentados.
b) Acumulação
De fatos, de todo material relevante.
c) Classificação
Através da organização de tudo quanto se reuniu a respeito do assunto.
d) Hipótese
Tentativa de solução que pareça mais provável à luz dos fatos que se dispõem.
e) Colaboração
Confirmar solução hipotética.
f) Aceitação da hipótese
Tentativa de solução como válida e útil.
2.3.12 - Lealdade
São exemplos de atos que denotam lealdade: o juramento militar, honras aos símbolos
nacionais, etc.
O uniforme revela publicamente a sua lealdade, fidelidade, obediência aos órgãos que
constituem os instrumentos de defesa das instituições e da pátria. Existe ainda a lealdade à
família, igreja, amigo, etc.
2.3.13 - Sentimento de responsabilidade e dever
Não há liderança sem que exista responsabilidade; o líder sabe que é assim e assim serão as
responsabilidades inerentes à graduação ou posto. Nenhum dever é degradante e quem o
executa lhe confere dignidade.
2.3.14 - Sinceridade, franqueza
Um líder de fato lidera quando se torna depositário da fé e da confiança de seu grupo, e
pela sinceridade e franqueza que esta fé é adquirida.
2.3.15 - Autodisciplina e autocontrole
A autodisciplina constitui a virtude de disciplinar a si próprio sem que haja necessidade de
controle de outrem. Autocontrole significa não se descontrolar. A liderança sobre outros
não dispensa o controle de si próprio. Quem cumpre leis, ordens e regulamentos
naturalmente desenvolveu seu autocontrole.
2.3.16 - Autocrítica
Aprenda à custa dos seus erros e quando assim o fizer, cada erro significará uma lição para
si próprio. Procure identificar os seus defeitos nas falhas.
2.3.17 - Bom humor, otimismo, disposição
Exercite seu autocontrole e não permita que problemas extra trabalho se projetem sobre
aquele ambiente. Sempre que possível, não descarregue raivas particulares sobre os outros.
2.3.18 - Amizade, afeição, interesse, cordialidade
O líder deve tocar a razão e o sentimento do liderado, conviver em cooperação. Não deve,
contudo, quebrar o respeito mútuo ou exteriorizar fraquezas. Faz parte do exercício da
liderança o interesse por dificuldades de aspectos pessoais, particulares, familiares, etc. dos
liderados.
2.3.19 - Coesão e coerência
Significa pensar certo, falar corretamente, agir de acordo com o que pensou, agir de acordo
com o que disse.
OSTENSIVO 2-10- REV - 3
OSTENSIVO CIAA-112/017
2.3.20 - Inteligência
Constitui a habilidade mental para aprender as coisas, perceber as semelhanças, contrastes
e relações, deduzir e tirar conclusões.
2.3.21 - Justiça, equidade, imparcialidade
Falta de justiça e equidade ferem a alma do ser humano e provocam revolta e desconfiança.
Tanto o elogio quanto a censura e punição devem ser referendados por medidas que sejam
judiciosas.
2.3.22 - Capacidade técnico-profissional, habilidade, competência, cultura geral
Constituem o auto aperfeiçoamento do líder, o seu esforço para melhorar o seu nível
pessoal.
2.3.23 - Capacidade administrativa
Constituem elementos da administração: o planejamento, a execução, a coordenação e o
controle. O líder administra quando lidera, chefia, comanda e dirige.
2.3.24 - Habilidade para educar
Quando o líder exercita a liderança, ele a faz educando o liderado.
2.4 - DISTINÇÃO ENTRE LÍDER E CHEFE
Por conta do que já foi comentado, esta diferença é destacada pelos próprios conceitos
estabelecidos:
Chefe - É a pessoa formalmente investida da função de mando na escala hierárquica.
Líder - É a pessoa que investida ou não da função de mando, detém a arte de se destacar
(proeminência) e influenciar a conduta humana, conseguido obediência voluntária, respeito
e leal cooperação.
CHEFE LÍDER
Manda Orienta
Amedronta Entusiasma
Diz: vá! Diz: vamos!
Faz o trabalho aborrecido Faz o trabalho interessante
Baseia-se na autoridade Baseia-se na cooperação
Diz: eu Diz: nós
Atrapalha Ajuda
Procura “culpados” Assume responsabilidades
Faz mistério Comunica
Fiscaliza Acompanha
Desmoraliza Confia
Promete e não cumpre Nunca promete o que não possa cumprir
orgulho de si mesmo e de cada homem, de seu uniforme, de seu navio, bandeira, nação
e país.
Pela disciplina, um time fraco pode se transformar em um bom time e um time
excelente em invencível.
A disciplina fortalece não só o indivíduo mas, também, um conjunto de indivíduos, o
grupo, a equipe.
d) Técnicas para desenvolvimento da disciplina consciente
Consistem em desenvolver hábitos, pensamentos, ações No conteúdo psicológico dos
exercícios militares reside a importância da ordem unida,
do uso da continência e sinais de respeito, das formaturas, do cerimonial;
todos são meios de fortalecer a disciplina e constituem manifestações que,
exteriorizadas, denotam e revelam a disciplina regulamentada em dispositivos
preestabelecidos.
Os eventos mencionados acima constituem formas visíveis de disciplina e devem ser
vistos com instrumentos de ensino para doutrinar e educar homens; os procedimentos
corretos são fixados, impressos e gravados nos homens, sem que eles sintam e, aos
poucos, hábitos sadios de disciplina são neles consolidados.
e) Cumplicidade
Existe uma cumplicidade implícita, uma enorme intimidade de relação entre o moral e a
disciplina consciente. Disciplina e moral se acompanham já que o fortalecimento de um
ilumina e realça imediatamente o outro.
Os oficiais, suboficiais e sargentos têm expressiva influência no desenvolvimento e
fortalecimento do moral e da disciplina consciente, pois constituem elos de ligação
entre o alto comando, chefes e os marinheiros. Os atos e atitudes de quem comanda,
mesmo de forma imperceptível, são captados pelos subordinados e isto, certamente,
terá efeito sobre o moral.
2.5.6 - Sinais de indisciplina
Os padrões disciplinares desejáveis de uma unidade militar não se coadunam com
as seguintes manifestações:
o relaxamento do gestual da continência, de uniformes, da limpeza e do asseio
pessoal;
e) Atitude
É a maneira de proceder, agir, comportar-se ou de reagir a determinada situação, pessoa ou
objeto, segundo um estímulo súbito e inesperado, instintivo do ser humano.
Com relação ao militar, uma atitude deve ser sempre assumida de acordo com os bons
preceitos morais da ética militar.
2.7 - DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA E DELEGAÇÃO DE AUTORIDADE
Delegação é o recurso que a hierarquia lança mão para que os líderes possam estender sua
influência além dos seus limites de tempo, energia e reconhecimento pessoais.
Delegar é a função do líder de transferir aos subordinados certos deveres, certas
responsabilidades, certa autoridade.
A maior dificuldade na compreensão da delegação consiste no fato do líder não transferir
todos os deveres, responsabilidades e autoridade ao subordinado.
Porém, sem ela, o subordinado não pode agir como delegado do líder. Feita a
transferência, entretanto, fica em poder do líder um cordel invisível, mais firme, de
deveres, responsabilidade e autoridade que são compartilhados com o subordinado.
2.7.1 - Delegação de autoridade
Ocorre quando o líder transfere para seus subordinados a obrigação de responder pelo
cargo que ocupa, sem perder suas responsabilidades e sua autoridade.
A autoridade deve ser delegada metodicamente. No princípio, o subordinado deve receber
bem pouca e o líder deve estar atento ao exercício dessa autoridade restrita.
Com o passar do tempo, ela poderá ser gradualmente aumentada porque o poder costuma
influenciar o comportamento das pessoas que o detém. Não é raro que quem nunca teve
autoridade, ao recebê-la exorbite, já que ela foi definida como “o direito formal de exigir
ação dos outros” enquanto o poder “é a habilidade de fazer acontecer às coisas”.
2.7.2 - Delegação de competência
Ocorre quando o líder transfere para seus subordinados a sua aptidão e a sua capacidade
para decidir em certas situações.
2.7.3 - Delegação de responsabilidade
O grande líder é aquele que não teme colocar sobre os ombros toda a responsabilidade.Nas
vitórias, todos disputam fatias de responsabilidades. Na derrota, os líderes responsáveis
mostram suas dimensões de grandeza. O líder delega porque sua responsabilidade é sempre
muito maior do que a capacidade individual de carregá-la.
OSTENSIVO 2-17- REV - 3
OSTENSIVO CIAA-112/017
d) Exemplo
Chamar o liderado à imitação deve ser um paradigma.
e) Exortação
Chamar ao sentimento, tocar no íntimo do indivíduo.
f) Persuasão
Chamar à razão; levar o liderado ao raciocínio lógico.
g) Publicidade e informação
Chamar atenção tornando algo público e informando a necessidade de determinado
procedimento.
h) Prestígio
Chamar à afeição. Usar a consideração que os liderados têm pelo líder.
2.9 - Condução de pequenos grupos.
A INICIATIVA.
Revela-se quando o líder se encarrega de um novo empreendimento sem que receba
expressamente uma ordem para tal.
Em várias funções inerentes à vida militar, indiferentemente de postos ou graduações,
muitas vezes o início e término de um trabalho qualquer, tanto aos meios flutuantes
(navios) como nos estabelecimentos de terra, depende do desprendimento e da iniciativa
do líder do grupo.
Observa-se ainda que nos casos de perigo e emergência, principalmente em combate, é
diante do inimigo que se torna imprescindível a iniciativa do líder. A história nos mostra
que muitas vitórias em combate foram assim conseguidas, pois o sucesso ou o fracasso de
uma missão estará sempre nas mãos do líder respectivamente com ou sem iniciativa.
Quem se defende com uma ordem ou aprovação superior não terá nunca iniciativa.
CAPÍTULO 3
ROSA DAS VIRTUDES (EMA 137) E A PRÁTICA DA LIDERANÇA
Subordinado leal cumpre as ordens que recebe sempre com o mesmo ardor, quer esteja perto
ou longe de quem as deu, ainda que, por vezes, intimamente não as compreenda. A Lealdade
é mais do que a Obediência, porque esta se refere à vontade expressa pelo superior e aquela,
ao firme propósito de honestamente interpretá-la e fielmente cumpri-la. É o sentimento que
leva, pois, o subordinado a fazer tudo quanto for humanamente possível para bem cumprir
uma ordem ou desempenhar uma dada missão. A Lealdade exige que se manifeste ao
superior, disciplinadamente e no interesse do serviço, toda eventual incompreensão em
relação à determinação ou orientação recebida. A franqueza respeitosa, oportuna e justa é uma
autêntica expressão de lealdade. Mantida, porém, a ordem, a mesma lealdade exige que se
cumpra rigorosa e interessadamente o que foi determinado.
c ) INICIATIVA
A Iniciativa é o ânimo pronto para conceber e executar. É uma manifestação de inteligência,
imaginação, atividade, saber e dedicação ao serviço. Um militar cumpre de forma
conscienciosa as obrigações, as rotinas de seu cargo, faz o treinamento regular de seus
homens, etc. Um outro faz tudo isto e vê onde um aperfeiçoamento pode ser introduzido. Não
só o concebe, como se interessa por sua adoção. Se for coisa que só dele dependa e a sua
idéia não vai ferir a conveniência da uniformidade dos diversos serviços, nem a harmonia da
cooperação, ele adota, estuda e a desenvolve. A Iniciativa, em um plano mais elevado, é a
faculdade de deliberara certadamente em circunstâncias imprevistas ou na ausência dos
superiores, agindo sob responsabilidade própria, mas dentro da doutrina, a bem do serviço.
Para assim fazer, é preciso ter capacidade profissional, confiança em si e estar bem orientado.
d) COOPERAÇÃO
Cooperar é auxiliar eficiente e desinteressadamente; é esforçar-se em benefício de uma causa
comum. O militar deve sempre agir no interesse maior do conjunto dos serviços. É a
Cooperação que faz a eficiência da Marinha. Em todas as atividades, o trabalho deve obedecer
a esse espírito de comunhão de esforços, a fim de que a potencialidade do conjunto, como um
todo, seja a mais elevada possível. Assim, superiores e subordinados não devem limitar-se
apenas ao cumprimento das tarefas que lhes tiverem sido cometidas, mas, sim, procurar ajudar
se mutuamente na execução das mesmas, buscando compreender as necessidades e
prioridades da instituição como um todo.
A Cooperação é uma exigência imperiosa para a eficiência da instituição, mas só possui esta
qualidade quem não dá guarida às influências perniciosas do egoísmo, da intriga ou da
indiferença, em prol de um sincero e profissional desprendimento.
e) ESPÍRITO DE SACRIFÍCIO
O Espírito de Sacrifício é a disposição sincera de realmente oferecer, espontaneamente,
interesses, comodidades, vida, tudo, em prol do cumprimento do dever.
O cultivo do Espírito de Sacrifício é praticado vencendo os pequenos incômodos pessoais, os
menores percalços do dia a dia. “Quem não é fiel no pouco, certamente não será no muito”.
Somente percebendo o valor das coisas é que se desenvolve o Espírito de Sacrifício e se torna
capaz de dar um passo a mais na formação do caráter marinheiro.
f) ZELO
O Zelo é atributo que não depende, em alto grau, de preparo profissional, de predicados
especiais de inteligência e de saber. É, por isso mesmo, virtude que deve ser comum a todos
os que servem à Marinha. Essa qualidade é consequência direta do “amor próprio”, do amor à
Marinha e à Nação. É o sentimento que leva a não poupar esforços para o bom desempenho
das funções que lhes são atribuídas. É o sentimento que conduz à dedicação ao serviço, como
autêntica expressão do Dever. No Zelo, está implícita a aceitação de que se serve à Nação e
não a pessoas. Ninguém tem o direito de deixar de zelar por suas obrigações, por motivos
circunstanciais, alheios ou não à sua vontade. O Zelo está intimamente ligado à probidade,
vista
como a capacidade de bem administrar os bens, fundos e recursos que nos foram confiados.
Faz-se presente, assim, no exato cumprimento de orçamentos e planos financeiros e no atento
cuidado com o patrimônio da Marinha.
g) CORAGEM
A Coragem é a disposição natural que nos permite dominar o medo e enfrentar qualquer
perigo. É a força capaz de fazer com que aquele que ama a vida, e que nela é feliz, saiba
arriscá-la e se disponha a morrer por uma causa nobre. A Coragem é o destemor em combate.
Há também a coragem moral não menos imprescindível e valiosa, a força psíquica que
ampara os homens nas crises do pensamento e do caráter. É a sustentação das próprias ordens,
atitudes e convicções; o saber assumir a responsabilidade dos seus atos; o afrontamento à
perfídia, à inveja e à incompreensão; a manutenção intransigente do rumo moral custe o que
custar.
OSTENSIVO 3-3- REV - 3
OSTENSIVO CIAA-112/017
A coragem tem de andar de mãos dadas com a sabedoria, a prudência, o bom senso e a
calma. O militar corajoso é otimista; confia em si; é eficiente; acredita no valor de seus
companheiros. Comanda seus subordinados, certo de conquistar o êxito.
h) ORDEM
A Ordem é diligência, porque economiza o tempo, e é previdência, porque o conserva.
Como exemplo de disciplina e método, a ordem orienta o espírito e promove segurança,
porque resguarda e alinha em lugar próprio aquilo que será utilizado no futuro. A sua falta
traz o desperdício e a perda do tempo, bem precioso, e que, uma vez perdido, não há como
reaver.
A arte de organizar, pôr em ordem, é essencial em um condutor de homens. O aprendizado
da arte de organizar inicia-se individualmente na ordenação do próprio trabalho;
organizando o material, os livros, os uniformes; encontrando o tempo necessário para se
ocupar adequadamente dos estudos e das demais atividades de formação.
i) FIDELIDADE
Ser fiel é ser honesto, ter têmpera forte para opinar e agir sempre pelo bem, mesmo, e
principalmente, quando não favorecer ou até contrariar as conveniências pessoais. A
fidelidade ao serviço impede que o militar cuide de afazeres e atividades estranhos à
Marinha, enquanto estiver ao seu serviço, e negligencie as suas obrigações. Executar
ordens que são agradáveis, ou que partem de pessoas a quem se dedica estima, é um dever
fácil de cumprir. Mas, cumprir ordens difíceis, arriscando a vida, contrariando os próprios
interesses e opiniões, por fidelidade ao serviço, é muito mais digno, porquanto implica
sacrifício, que caracteriza a virtude militar.
j) “FOGO SAGRADO”
O “Fogo Sagrado” é a paixão, a fé, o entusiasmo com que o militar se dedica à sua carreira;
é o seu intenso amor à Marinha, o seu devotamento pela grandeza da sua profissão; é
alarga medida de uma verdadeira vocação e de um sadio patriotismo; é o supremo amor
pelo serviço. É essa crença que anima a ponto de, naturalmente, julgar que os deveres que
a lei marca é o mínimo, e que para bem servir cumpre ir além do próprio dever, fazer tudo
quanto é humanamente possível, à custa, embora, de ingente labor. O “Fogo Sagrado” é
essa força misteriosa que, dominando a alma do verdadeiro marinheiro, o conduz sempre
ao sacrifício com inexcedível vibração e estórica resignação.
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O “Fogo Sagrado” transmite-se, mas para tanto é preciso possuí-lo em grande intensidade e
demonstrá-lo mais por atitudes e ações do que por ordens e palavras. O “Fogo Sagrado” é a
alma da Marinha!
k) TENACIDADE
Aplicação é uma forma de dedicação, de amor ao serviço. É a disposição para estudar tanto
o material em si como também a maneira de utilizá-lo; para estar o par das rotinas, da
organização interna de bordo, da ordenança, dos regulamentos e das leis; para bem
conhecer tudo referente aos aspectos essenciais da profissão. Na arte de conduzir os
homens, o campo é mais profundo: faz-se necessária a tenacidade, o poder da vontade.
É o saber querer longamente, sem desfalecimento e sem trégua. É a presença de ânimo
perante qualquer obstáculo ou dificuldade, a vontade constante de tudo superar e bem
desempenhar a tarefa ou função, de caráter operativo ou administrativo. O espírito de
tenacidade transmite-se, pois, exatamente, pela continuidade da ação.
l) DECISÃO
Decidir é tomar resolução, é sentenciar, é orientar a ação. Não há qualidade, no trato geral
dos militares para com seus subordinados, que mais tenda a aumentar o respeito e
confiança desses subordinados, do que sua capacidade de decidir. O irresoluto, o perplexo,
jamais poderá conduzir homens ou comandar navios. Uma orientação insegura é tão nociva
quanto à ausência de orientação. Uma decisão vigorosa é a característica dos vencedores.
Evidentemente, para acertar, é necessário meditação, cálculo, considerações cuidadosas e
reflexão a respeito das circunstâncias, a fim de chegar a uma decisão conveniente. Tal
“exame de situação” deve preceder à emissão da ordem. O verdadeiro chefe medita bem
antes de chegar a uma decisão. Se sabe dizer sim ou não, com serena energia e acerto, e
mantém-se firme em sua posição, ganha confiança de seus subordinados. A menos que
novas circunstâncias se apresentem, a modificação de uma decisão tomada dá a impressão
de que houve precipitação ou leviandade em formulá-la. O hábito constante de examinar
todas as possíveis situações e analisar todos os dados disponíveis é muito recomendável.
Assim procedendo, há sempre certeza de decisões oportunas e adequadas.
m) ABNEGAÇÃO
A Abnegação é o esquecimento voluntário do que há de egoístico nos desejos e tendências
naturais, em proveito de uma pessoa, causa ou ideia. É a renegação de si mesmo e a
disposição de se colocar a serviço dos outros com o sacrifício dos próprios interesses.
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ANEXO A
BIBLIOGRAFIA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Indispensáveis:
a) EMA-137. Doutrina de Liderança da Marinha. Brasília, 2013.
b) Diretoria de Ensino da Marinha. DEnsM-1005. Manual de Liderança. Rio de
Janeiro, 2018.
Complementares:
a) BOCK, Ana M., FURTADO, Odair, TEXEIRA, Maria de L. Psicologias. 13ª Ed.
São Paulo: Saraiva, 2001.
b) MELLO, Fernando A. Faria, Técnica de Chefia e Liderança. 9ª Ed. São Paulo:
Biblioteca Pioneirade Administração e Negócios. SÃO PAULO, Mcgraw Hill, sed.
c) URIS, A. Relações Humanas na Família e no Trabalho. 51ª Ed. Rio de Janeiro:
Editora Vozes, 2002.
d) BRASIL, Centro de Instrução Almirante Alexandrino. CIAA- Apostila de Relações
Humanas, Rio de janeiro, 2014.