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Palestra – Crença em Deus –Livro dos Espíritos cap.

Conta-se que existiu a seguinte passagem na vida de Sidarta Gautama,


o Buda, considerado o fundador do budismo, no séc. VI a.C.:
 
         Buda estava reunido com seus discípulos certa manhã, quando um
homem se aproximou.
            – Existe Deus? – perguntou.

            – Existe – respondeu Buda.

            Depois do almoço, aproximou-se outro homem.


            – Existe Deus? – quis saber.

            – Não, não existe – disse Buda.

            No final da tarde, um terceiro homem fez a mesma pergunta:


            – Existe Deus?

            – Você terá de decidir – respondeu Buda.

            – Mestre, que absurdo! – disse um dos seus discípulos.


Como o senhor dá respostas diferentes para a mesma pergunta?

            – Porque são pessoas diferentes – respondeu o Iluminado.


E cada uma se aproximará de Deus à sua maneira: através da certeza, da
negação e da dúvida. 

Essas três maneiras de se elaborar a crença na existência de Deus, a certeza, a


negação e a dúvida, nada mais são do que tentativas de se transferir para o
consciente a convicção, a crença, o sentimento intuitivo que o indivíduo
inconscientemente já carrega sobre essa realidade.

Conforme ensinamento constante da Doutrina Espírita, o ser humano sempre


carregou em si o sentimento intuitivo da existência de Deus.

Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec aborda como tema inicial a existência de
Deus. Alguma razão especial?

Deus é a ideia primeira, a base de nossas convicções religiosas e de nossa


orientação moral. Sem um Criador com objetivos definidos para a Criação, sem
uma meta a alcançar, a Vida perde o sentido.

Vamos a questão no. 1 do L.E.:


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1. Que é Deus?
Notemos que Kardec não perguntou “Quem é Deus” (não personificou esse Ser
Supremo) e nem “O que é Deus” (nem o considerou como objeto). E a
resposta, simples e profunda:
Resposta: Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as
coisas.

No entanto, a humanidade ainda continua dividida sobre Sua existência.


Muitos se questionam: Deus realmente existe ou Ele é apenas um ser ou de
algo que está para ser mais bem definido?

Em razão do entendimento obtido através do estudo dos ensinamentos


espíritas, pode-se afirmar que o homem somente se conscientizará de Sua
existência, quando alcançar um desenvolvimento mais equânime e equilibrado,
um engrandecimento e elevação de quatro aspectos de sua individualidade:
intelectual, emocional, moral e espiritual.
Na questão 11, de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Allan Kardec pergunta à
Espiritualidade Superior: “Um dia será dado ao homem compreender o mistério
da Divindade?” 
         Resposta: “Quando seu espírito não estiver mais obscurecido pela
matéria e, pela sua perfeição, estiver próximo Dele, então, ele O verá e O
compreenderá.”
         E, em complementação a essas palavras, Kardec explica:
 
            A inferioridade das faculdades do homem não lhe permite
compreender a natureza íntima de Deus. Na infância da Humanidade, o
homem O confunde, frequentemente, com a criatura, da qual lhe atribui
as imperfeições. Mas, à medida que o seu senso moral se desenvolve, seu
pensamento penetra melhor o fundo das coisas, e Dele faz uma ideia
mais justa e mais conforme a sã razão, embora essa ideia seja
incompleta.
 
         Dessas considerações, temos que a criatura terrestre dificilmente terá
acesso à realidade absoluta de Deus. Sendo assim, até que a humanidade
consiga desenvolver uma compreensão mais aprofundada, muito embora
sempre incompleta, do que Ele verdadeiramente é e representa, é natural que
ainda alimente algumas dúvidas quanto à Sua existência.

Na REVISTA SUPERINTERESSANTE (Jan/2001), o jornalista José Augusto


Lemos publicou a matéria intitulada “Deus existe?”.  

O jornalista observa que é a própria Ciência que não para de falar em Deus,
pois, nos últimos 20 anos surgiram uma nova linha literária, na qual vários
cientistas estão escrevendo sobre o Criador do universo, alicerçados em
conceitos de física e matemática, química e biologia. E todos esses livros se
tornaram best-sellers.
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  Por força da própria evolução, a humanidade está sentindo a necessidade
de se aprofundar num assunto que sempre a intrigou e que ainda é motivo de
tantas controvérsias...
         UMA BREVE HISTÓRIA DO TEMPO é o primeiro livro dessa nova linha
literária, lançado em 1998 e escrito pelo físico inglês Stephen Hawking – um
dos principais teóricos sobre o buraco negro, e que não se considera religioso.
Nessa obra, o cientista deixa em aberto a possibilidade de, futuramente,
conhecermos os verdadeiros propósitos de Deus:
 
         “Se chegarmos a uma teoria completa, com o tempo ela deveria
ser compreensível para todos e não só para um pequeno grupo de
cientistas. Então, toda a gente poderia tomar parte na discussão sobre
por que nós e o Universo existimos... Nesse momento, conheceríamos a
mente de Deus.”
 
         Seguindo os passos de Hawking, em 1992, outro consagrado cientista
inglês, o físico e matemático Paul Davies, lança o livro A MENTE DE DEUS,
concluindo, com convicção, que tudo no cosmo revela intenção e consciência,
uma inteligência superior.

Quanto mais as pesquisas avançam, mais os cientistas estão se


convencendo de que o universo foi criado intencionalmente!

         Alberto Einstein (1879-1955) – o mais célebre cientista do século


XX,  foi o físico que propôs a teoria da relatividade –, ao se referir sobre o
princípio inteligente que existe no universo, afirmou: “Deus não joga dados”.
Em outra ocasião, Einstein ainda declarou: “Posso afirmar que fora do
universo existe um poder pensante e atuante que independe dele (do próprio
universo)”.

         Porém, em 1857, quando Allan Kardec lançou O LIVRO DOS ESPÍRITOS,


a concepção da existência de uma intenção superior e inteligente –
descartando totalmente a hipótese do acaso na formação do universo – já
constava de sua obra, logo nas primeiras questões desse livro.
         Na questão 08, da mesma obra, Kardec pergunta:  “Que pensar da
opinião que atribui a formação primeira (do Universo) a uma combinação
fortuita da matéria, isto é, ao acaso?”
 
         Resposta:
             Outro absurdo! Que homem de bom senso pode olhar o acaso como
um ser inteligente? Aliás, o que é o acaso? Nada.

O Espiritismo surgiu para ser o traço de união entre a ciência e a religião. Ao


provar cientificamente aquilo que professa, trabalha a religiosidade e os
sentimentos humanos de modo a elevá-los. Para enfatizar a premissa de que
só devemos acreditar naquilo que possa ser comprovado ou racionalmente

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explicado, temos: “Não há fé inabalável senão aquela que pode encarar a razão
face a face, em todas as épocas da Humanidade”. 

Com os ensinamentos espíritas, Deus, por possuir todos os atributos


superiores em grau máximo, se manifesta aos homens através de leis
absolutas e imutáveis, que tanto regem o cosmo, como a vida das pessoas e a
relação do mundo espiritual com o mundo material.

Com tais concepções, a crença em Deus sai, portanto, do território das


religiões dogmáticas e ritualísticas, para o domínio racional.

Mas essa nova percepção de Deus não surgiu para que os indivíduos
simplesmente trocassem um conceito por outro, mas para que fizessem uma
total reformulação em suas convicções mais íntimas.

         O Espírito Emmanuel – Pão Nosso - afirma: “A mais elevada concepção


de Deus que podemos abrigar no santuário do espírito é aquela que Jesus nos
apresentou, em no-LO revelando Pai amoroso e justo.” 

A concepção de Deus que o Espiritismo nos apresenta é a Daquele a quem


podemos recorrer a qualquer hora, diante de qualquer situação, pois Seus
atributos superiores – que se manifestam através de leis imutáveis – agem
para que cada filho Seu encontre o caminho da felicidade, harmonia e perfeição
que o aguarda, numa sintonia direta e indestrutível com Seu poder infinito.

A Doutrina nos ensina que Ele não espera por nossos apelos para nos amar.
Nos ama incondicionalmente, independente do que somos e fazemos.
Entretanto, torna-se imprescindível nos comportarmos de maneira mais
receptiva a Ele, para melhor compreendermos Sua maneira lógica e superior
de nos guiar.

E nessa maneira tão íntima e confiante de se dirigir a Deus, abrindo o próprio


coração a Ele, torna-se imprescindível citar o exemplo de nosso Mestre Jesus.
Quando estava para ser preso, o Cristo assim ora a Deus (Evangelho de Marcos
14:36):  “Aba Pai, tudo te é possível; passa de mim este cálice; contudo, não
seja como eu quero, e sim o que tu queres.” 
A palavra aramaica aba era utilizada pelos filhos ao se dirigirem aos seus pais,
equivalendo ao nosso atual “papai”. Nem no Antigo Testamento, nem no
Judaísmo, este termo tão familiar e íntimo era usado para se invocar a Deus.
No entanto, na boca de Jesus, essa palavra expressa uma intimidade toda
especial com o Deus pai.

Assistindo uma palestra, certa feita, o palestrante dizia da alegria que a


Doutrina espírita nos proporciona que é apresentarmos aos nossos filhos, não
este Deus que castiga, mas o Pai que nos ama e aguarda o nosso retorno,
triunfantes no Bem.

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