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A EDUCAÇÃO DA SOCIABILIDADE

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A EDUCAÇÃO DA SOCIABILIDADE

“Aproveita e cria os meios adequados para relacionar-se com distintas pessoas e grupos, conseguindo
se comunicar com elas, a partir do interesse e preocupação que mostra pelo que são, pelo que dizem, pelo que
fazem, pelo que pensam e pelo que sentem”.

***

A sociabilidade recobra seu sentido real ao considerar a pessoa humana como ser social. A pessoa
necessita dos demais para seu próprio processo de melhora, e tem o dever de ajudar os demais a
desenvolverem-se o melhor possível. Se não chega a haver uma comunicação entre os distintos membros de
uma sociedade ou de um grupo, não pode haver, tampouco, algumas relações mais profundas e específicas
como são a amizade ou a relação conjugal. Inclusive a possibilidade de atuar a favor de outras pessoas
depende de que tenha havido uma comunicação prévia de suas necessidades.

Por um lado, a sociabilidade é uma virtude que permite o desenvolvimento de outras muitas virtudes
em nível de relação pessoal, mas, por outro, se traduz em atos concretos a favor de distintos agrupamentos de
pessoas reconhecidas como semelhantes, sem chegar a uma relação de intimidade com elas. Neste sentido, a
sociabilidade se orienta para a solidariedade altruísta, baseada nos princípios supremos da caridade e do amor
ao próximo, superando qualquer estabelecimento utilitário.

Vamos comentar quatro aspectos no desenvolvimento desta virtude:

- como educar os filhos, para que aprendam a conviver com um grupo de pessoas, e que se
interessem por elas,

- como desenvolver nos filhos a capacidade de comunicar-se com os demais,

- como aproveitar e criar os meios adequados para ser sociável,

- como relacionar a sociabilidade com a solidariedade.

Conviver e interessar-se pelos demais

A criança pequena estabelece seus primeiros contatos com os outros membros da família em um
ambiente de intimidade e, somente depois de alguns anos, começa a ter contatos com outras crianças fora do
ambiente de sua família. Além disso, nestas primeiras etapas, a criança não pode considerar a existência das
demais crianças, Isto é, brincar jogar no mesmo lugar que outros, mas não jogará com eles. O contato se
limitará a reações afetivas, enquanto seu próprio espaço vital foi invadido, ou alguma observação acerca das
atividades dos demais. Em princípio, pode parecer que estas atividades não estão preparando os pequenos a
conviverem e interessarem-se pelos demais. Entretanto, não é assim. Em primeiro lugar, a criança tem que
aprender a estar fisicamente em um mesmo lugar com seus semelhantes, ainda que a comunicação não se dê
com intencionalidade. A seguir, as crianças aprenderão que é necessário contar com os demais para realizar
certas atividades atrativas -jogar algum jogo ou alcançar algum objetivo em comum- e, então, a comunicação
se faz necessária. Nestes momentos, pode-se observar como as crianças começam a aceitar as regras do jogo
e a reconhecerem que, dentro da semelhança que possuem com os demais, são diferentes. Cada um dos
companheiros tem qualidades distintas. Portanto, a criança recorrerá a cada um para distintas atividades, de
acordo com as qualidades descobertas ou com a simpatia despertada. Assim, o capitão de uma equipe
escolherá as pessoas que melhor sabem jogar ou escolherá a pessoa que lhe é mais simpática. São dois
aspectos do outro que os pequenos podem reconhecer desde muito cedo: sua eficácia e sua simpatia. O
reconhecimento da simpatia conduz a criança para os primeiros passos da amizade, e o reconhecimento da
eficácia dos demais conduz, talvez, mais para a sociabilidade. Porque a sociabilidade não supõe que tenha que
compartilhar a própria intimidade, e sim aprender a interessar-se pelos demais, aprender deles e ajudá-los.

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A convivência entre as crianças muito pequenas será governada, principalmente, pelas regras do jogo,
impostas pelos educadores. Por isso, um dos estímulos mais importantes para conseguir que uma criança
aceite, sem problemas, o estar em contato com um grupo de desconhecidos (a primeira vez que vai ao colégio,
por exemplo), consiste em que a pessoa em que confia a introduza com carinho, indicando-lhe quem é a
pessoa que o substitui -neste caso, o professor- e que conheça, em seguida, algumas regras do jogo a que
pode restringir-se. Estes detalhes incluem, por exemplo, o lugar próprio onde sentar-se, indicações claras
sobre como participar em alguma atividade, etc.

O problema da adaptação a um grupo novo de pessoas pode dar-se em todas as idades. Pode ser uma
questão de timidez natural ou da “frustração” de reconhecer que a importância que tinha antes, agora, no grupo
novo, é menor.

A timidez de uma criança pode ser compensada, em grande parte, ajudando-a a cofiar mais em suas
próprias possibilidades. Isto supõe observá-la e encontrar quais são as coisas que sabe fazer bem. A seguir,
talvez sem chamar a atenção dos demais, animá-la a realizá-las e apoiá-la afetivamente, mostrando que fez
bem. Neste momento, é possível chamar a atenção dos demais, para que vejam o que fez. Os demais se
fixaram nele pelo que fez bem, não pelo que fez mal. Em troca, a pessoa maior terá que utilizar sua própria
vontade para dominar sua timidez. É normal que muitas pessoas se sintam nervosas, ou pouco à vontade em
situações novas, com pessoas novas. E, para alguns mais, à medida que vão passando os anos. Reconhecer
que é assim, é uma ajuda inicial, e é outra ajuda o dar-se conta que a maioria das pessoas no grupo vai sentir-
se igual. Às vezes, os gestos faciais dos demais ou seu modo de andar ou falar fazem pensar que não tem
nenhum problema para comunicar-se com os demais. Entretanto, pode ser um ato que encubra sua
insegurança.

As dificuldades da pessoa que aprendeu a supervalorizar-se são diferentes. Talvez desejará mandar no
grupo e busca nele uma satisfação para seus caprichos. É uma forma de soberba que dificulta a comunicação,
porque não se reconhece o valor real dos demais. Por isso, é bom que a criança pequena aprenda logo que
não é a “única” no mundo. Se os pais podem incorporar seu filho na vida de família de alguns amigos, talvez
isto possa ajuda-lo, porque não só vê que não é o mais importante, mas também que existem distintas regras
do jogo nessa casa. Conviver supõe aprender as regras do jogo do grupo correspondente.

Falamos especialmente das crianças pequenas, mas continua existindo problemas a respeito da
convivência com os filhos maiores, a respeito de como ajudá-los a interessarem-se positivamente pelos
demais.

Antes do descobrimento da própria intimidade, a criança pode ter falhado no que se refere à virtude da
sociabilidade, por ter-se isolado do grupo ou por ter tentado quebrar as regras do jogo que os membros do
grupo permitem conviver. Ao chegar à pré-adolescência, pode ser que o jovem continue com estes problemas
ou que busque o modo de estabelecer algumas relações íntimas para esquecer-se do grupo.

Os motivos para este “exclusivismo” são, em parte, naturais. Quer compartilhar os aspectos de sua
intimidade com as pessoas escolhidas como amigos. Necessita contar suas experiências, seus sentimentos,
etc., a pessoas que não vão julgá-lo. Entretanto, a sociabilidade supõe que não abandone suas relações com
os demais. É bom que fale com distintas pessoas, que participe em distintos grupos, a fim de realizar algum
esporte ou alguma preferência. Mas estas atividades não são um fim em si. Melhor dizendo, podem ser
utilizadas não só para o objeto imediato da atividade, mas também para preocupar-se e interessar-se pelos
outros. Os filhos aprenderão a interessar-se por outras pessoas se compreendem que os demais têm algo
interessante para fornecer. E isto supõe aprender a perguntar. Concretamente, muitas pessoas têm a tentação
de classificar outras pessoas como “chatas”, por exemplo, simplesmente porque jamais pararam para
perguntar-lhes sua opinião ou suas experiências. Sempre pode-se aprender com os outros, e os filhos poderão
captar este fato, se seus pais se preocupam em mostrar-lhes os resultados de interessar-se por outras
pessoas, mediante a pergunta.

Em síntese, o que dissemos até aqui é que a missão dos pais na educação desta virtude será:

- introduzir seus filhos, desde pequenos, em grupos alheios à família, no que terão oportunidade de
aprender as regras do jogo,

- ajudar os filhos a superarem qualquer timidez que possam ter, apoiando-os afetivamente e
explicando-lhes as regras do jogo, para a vivência correspondente,

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- ajudar os filhos a reconhecerem que cada um é, de fato, interessante e se trata de buscar os meios
para “tirar” de cada um o melhor que tem, sem deixar de estimulá-los para que vão adquirindo amigos
mais íntimos.

Mas a sociabilidade depende, em grande parte, da capacidade de relacionar-se adequadamente. E isto


supõe saber comunicar-se.

A comunicação com os demais

Na descrição inicial da virtude, dizíamos que se trata de comunicar-se com os outros, a partir do
interesse e da preocupação que se mostra pelo que são, pelo que dizem, pelo que fazem, pelo que pensam e
pelo que sentem. Entretanto, não pode manifestar-se este interesse se não se aprendeu a expressar
verbalmente e também com gestos. Tampouco podem ser oferecidos os próprios pensamentos, etc., de um
modo atrativo, sem contar com estas capacidades. Em uma palavra, trata-se de saber perguntar, e de saber
informar com graça sobre temas interessantes. E creio que é mais importante aprender a perguntar que
aprender a informar. Ainda que, evidentemente, tem que haver um equilíbrio.

Para perguntar, de acordo com o que dissemos, será necessário conhecer a outra pessoa em algum
grau. Porque se não conhecemos alguns dados básicos sobre sua profissão, sua procedência, seus interesses,
seus hobbies, etc., não será possível perguntar sobre temas que possa fornecer alguma informação
interessante. Por exemplo, se se começa perguntando a um desconhecido sobre sua opinião a respeito das
vantagens e inconveniências do mercado comum, é possível que não tenha nenhuma opinião nem saiba nada
do tema. Por isso, as conversas entre desconhecidos costumam começar pelas trocas de informação básica ou
se discute algum tema conhecido por todos, ainda que seja de um modo superficial e sem conhecimento de
fundo. Refiro-me a temas tais como a educação, a política ou a vida social e características da região
correspondente. Se a comunicação trata sobre um tema em que todo mundo sabe pouco, costuma ser muito
insatisfatório. Em troca, se o tema tratado é da especialidade de uma pessoa, pode ser que termine dando uma
“conferência” aos demais.

Destas considerações, poderemos tirar uma série de conseqüências. A sociabilidade supõe saber
corresponder a atenção personalizada, com a que se pretende deixar o outro compartilhar o que ele sabe, o
que ele considera importante pessoalmente, com a atenção ao grupo, buscando o modo de coletar opiniões em
torno de temas de interesse generalizado.

O saber perguntar implica, talvez, pensar em algumas perguntas ou temas com anterioridade ao
encontro e, a seguir, escutar a contestação, voltando a perguntar para adiantar a discussão e expressando a
própria opinião com antecedência, em algum momento. Neste sentido, ser sociável supõe ser generalista; ser
uma pessoa com interesses gerais amplos.

Por outro lado, não se deve esquecer dos sentimentos dos demais. Não é fácil reconhecer como
raciocina cada pessoa a respeito da temática que se discute. Entretanto, a sociabilidade significa preocupar-se
por seus sentimentos.

Estas capacidades podem desenvolver-se em situações familiares, animando os filhos a perguntarem-


se, entre si, coisas interessantes depois de um programa de televisão ou a partir de qualquer acontecimento
conhecido por todos. A seguir, ao ver algum convidado, explicar aos filhos adolescentes quem são e sugerir-
lhes perguntas que lhe possam fazer. Deste modo, o jovem ganhará confiança em saber perguntar, e se
interessará pelos demais, porque consegue que digam coisas interessantes.

Por outro lado, dissemos que também se trata de aprender a expressar-se pessoalmente. É uma
capacidade pouco atendida nos colégios, em geral. Os alunos não podem ter soltura para expressarem-se. As
causas desta situação são múltiplas. Entre elas, a insistência na memorização de conhecimentos, sem
estimular o próprio pensamento; a aceitação, por parte do jovem, de alguns “slogans” que repete
continuamente sem matizar; o uso freqüente de “palavrões” e de expressões vulgares e, em conseqüência, o
desejo de convencer pela “força” com a qual dizem as coisas, mais que pela força do argumento.

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Sendo consciente desta situação, os pais podem estimular seus filhos para que aprendam a expressar-
se entre eles. Desde pequenos, podem contar contos a seus irmãos, organizar algum jogo em que os filhos
tenham que falar durante um tempo limitado sobre um tema que tiram de uma relação aleatória, pedir-lhes que
contem o que passou em um programa de televisão; deixá-los ler o jornal e que, a seguir, contem quais são os
acontecimentos mais importantes, etc. E nunca deve ser esquecido como a leitura é importante para que os
filhos vão aprendendo vocabulário e estilo em sua expressão. Não é necessário insistir aqui que estas leituras
necessitam ser orientadas, não só por seu conteúdo, mas também pelo mesmo estilo do autor.
Já falamos dos problemas da timidez na convivência, mas também existe com respeito à expressão
verbal, o problema dos que são “anti-sociais” por não saberem calar-se. Com os filhos tratar-se-á de falar-lhes
a sós e tentar conseguir que sejam mais reflexivos. E, na medida do possível, deve-se fazer isto mesmo com
os amigos.
Resumindo, os problemas mais importantes que destacamos, com respeito à capacidade de
comunicar-se, são: informar muito ou informar mal, por falta de vocabulário ou de reflexão; informar sobre os
próprios interesses sem considerar os dos outros; não informar por timidez ou por soberba; não saber
perguntar; não escutar, não saber ir a diante na conversa; e não saber falar de temas que são, em si,
interessantes.

O aproveitamento e a criação dos meios para ser sociável.


Mencionamos, de passagem, distintas situações que são meios naturais para o desenvolvimento da
virtude da sociabilidade, como por exemplo a própria família, as famílias dos amigos e o colégio. Entretanto,
pode-se favorecer o processo da sociabilidade, criando meios ou aproveitando outros que surjam por iniciativa
alheia.
As crianças pequenas acostumar-se-ão à convivência com os demais, ao viver em diferentes grupos
criados por seus pais e educadores, mas chegará o momento em que a vida social dos filhos tem que
desenvolver-se por iniciativa própria. Costuma começar este processo nas festas de aniversários em que o
filho convida seus companheiros à sua casa ou a algum lugar onde possam estar juntos. Isto custa pouco
esforço por parte dos filhos -mais para os pais!-, porque já conhecem as pessoas que convidaram. A prova da
sociabilidade surge quando convidam desconhecidos, ou quase desconhecidos, como pode ocorrer ao estarem
em férias em algum lugar longe de sua casa. E pode ocorrer já na adolescência, quando começam a
relacionar-se com pessoas que não são do mesmo colégio ou do mesmo bairro. Orientar os filhos para que
organizem estas atividades sociais é bom, contanto que mantenha o direito de estar presente ou de estar
próximo, para controlar qualquer atuação “fora do tom”. Há pais que acreditam que nunca devem estar
presentes, quando os filhos maiores convidam seus companheiros para virem em casa. Mas entendo que não
é assim. Desde cedo, não se trata de estar presentes sempre. Entretanto, estar com eles de vez em quando,
perguntando-lhes sobre suas opiniões, fazendo-os pensar, etc., pode ajudar os jovens nas relações entre si.
Por outro lado, tratar-se-á de estar pendente de outras iniciativas, atividades de clubes, excursões
paroquiais, atividades esportistas, adequadas para os filhos, para animá-los a participarem em grupos de
pessoas menos conhecidas, mas em um clima de confiança. E o mesmo pode-se dizer a respeito de festas
organizadas por amigos seus. Seria imprudente deixar filhos adolescentes freqüentarem a uma festa se se
sabe que os pais ou alguma pessoa de confiança não iria estar presente. Não é problema de confiar ou não
confiar nos próprios filhos, e sim de ter a responsabilidade de assegurar, na medida do possível, que as
condições em que vão relacionar os filhos com os demais sejam adequadas. Esta mesma preocupação, por
um ambiente adequado, pode e deve aplicar-se às atividades sociais dos pais.

A sociabilidade e a solidariedade
Ao final destas considerações, sobre a virtude da sociabilidade, parece conveniente fazer um
esclarecimento sobre sua relação com a solidariedade, porque este último conceito está muito em moda hoje.
Normalmente, se entende como o apoio de distintas pessoas com interesses comuns para manter ou
reivindicar seus direitos. Deste modo, a solidariedade de um grupo de pessoas se enfrenta automaticamente
com a solidariedade de outro grupo, limitando, assim, o conceito a algo exclusivista e temporal. Enquanto a
meta tem sido alcançada, já não é necessário continuar sendo solidário. Estabeleceu-se como um meio para
conseguir um fim delimitado no tempo. Entretanto, a solidariedade pode entender-se como algo muito superior
a isto. Para as pessoas que admitem a transcendência do homem e sua ordenação a Deus, a questão se
centra na fraternidade humana. A unidade de origem, natureza e destino, entre outras coisas, permite à pessoa
reconhecer o campo ilimitado que tem para unir-se com os demais. E, em termos educativos, a solidariedade
levará o ser humano a relacionar-se com todas as pessoas que possa para prestar-lhes seu melhor serviço.
Neste sentido, pode-se afirmar que a “solidariedade é, ao menos logicamente, anterior à própria sociabilidade
humana. Os homens não são solidários porque são sociáveis, mas que são sociáveis porque previamente são
solidários”.
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Por tudo o que dissemos, pode-se entender que a sociabilidade tem que basear-se em um profundo
respeito aos demais. E este respeito não apenas significa não atuar para não prejudicá-los, mas também atuar
em favor dos demais, para não deixar de beneficiá-los.

AUTO-AVALIAÇÃO

A MANEIRA PESSOAL DE VIVER A SOCIABILIDADE

1. Entendo que necessito dos demais para crescer como pessoa e que tenho o dever de ajudar aos
demais a melhorar.
(Este é o sentido do termo “ser social”. A sociabilidade, entendida como virtude , não terá nenhum
sentido se não se trata de melhorar).

2. Em minha vida habitual faço esforços para relacionar-me com diferentes pessoas e grupos.
(Estes contatos permitem a vivência de outras virtudes, como a amizade, a responsabilidade
social ou a compreensão. Habitualmente as pessoas, a medida que vão avançando em idade, se
restringem cada vez mais nos novos contatos. Muitas vezes é pelo esforço para adaptar-se às
pessoas ou situações desconhecidas).

3. Ao colocar-me em contato com pessoas desconhecidas ou pouco conhecidas, me intertesso pelo


que são, pelo que fazem, pelo que dizem e pelo que sentem.
(Se não existe este interesse em conhecer a outros ou não o manifestamos, não poderá começar
nenhum tipo de comunicação nem de relação).

4. Aproveito diferentes situações da vida habitual para estabelecer estes tipos de relação.
(Existem muitas oportunidades que alguns aproveitam e outros não. Por exemplo, em um
encontro de pais no colégio há alguns que sempre falam com os conhecidos e, em troca, outros
pais fazem um esforço por conhecer a uma gama mais ampla de pais. O mesmo acontece em um
ato social, em uma reunião de vizinhos ou em um congresso. Alguns aproveitam as viagens para
conhecer pessoas novas e outros preferem não dirigir-se a ninguém).

5. Crio situações com o propósito de conhecer mais pessoas.


(Uma coisa é aproveitar as situações que vão surgindo e outra é organizar alguma atividade
propósito. Me refiro a convidar pessoas pouco conhecidas para vir a própria casa, um convite para
praticar algum esporte, a organização de alguma atividade em grupo - uma viagem ou uma
excursão para os pais de alunos do mesmo colégio -).

6. Faço esforços para superar a timidez ou insegurança própria, com o fim de relacionar-me com os
demais.
(Há causas diferentes de falta de sociabilidade. Algumas são as mencionadas, mas também pode
ser por preguiça, ou por auto-suficiência).

7. Habitualmente faço um esforço para perguntar aos demais para conhecer-lhes melhor e lhes
escuto atentamente.
(Em termos muito práticos significa pensar em algumas perguntas que se podem fazer antes dos
encontros, até que se chegue a ter esta capacidade desenvolvida).

8. Tento expressar-me de uma maneira atrativa e com entusiasmo com o fim de despertar o
interesse dos demais no que estou dizendo.
(Evidentemente a sociabilidade requer a comunicação entre dois. Se a outra pessoa não tem
iniciativa necessito ajudar-lhe. Por outro lado, se tem iniciativa, haverá poucos problemas para
desenvolver uma relação de sociabilidade).

9. Me preocupo em ser uma pessoa culta com interesses amplos.


(A comunicação requer ter interesses em comum. Se temos alguns interesses muito limitados,
unicamente poderemos ser sociáveis com aquelas pessoas quer compartilhar o mesmo interesse
- um médico com outro médico, por exemplo -).

10. Observo atentamente as reações das outras pessoas com o fim de acertar nos temas que utilizo
na conversação, e para saber se estou falando pouco ou muito.
(Um dos problemas com respeito à sociabilidade é não saber falar mas outro, possivelmente mais
difícil de dominar, é falar demais).
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11. Ensino aos pequenos a cumprir com a regras necessárias para conviver com outros em um
mesmo espaço.
(É o primeiro passo no caminho para a sociabilidade - o saber estar juntos -).

12. Organizo atividades para os pequenos nas quais necessitam aprender a contar com os demais.
(A criança começa brincando sozinha, mas para jogos em equipe necessita dos demais. Neste
caso terão que intervir os educadores).

13. Estimulo às crianças para que vão conhecendo a seus colegas em algum grau.
(Por exemplo, ao escolher pessoas para formar parte de sua equipe estão descobrindo critérios
para conhecer e para relacionar-se com os demais. Neste caso, pode ser a eficácia do colega na
atividade a realizar ou sua simpatia).

14. Ajudo às crianças tímidas a desenvolver algumas capacidades concretas com o fim de aproveitá-
las para inserir a criança no grupo.
(Se a falta de sociabilidade está na timidez, convém não obrigar a criança diretamente para que
seja mais sociável. Assim, o mais provável será que fracasse. O importante é que saiba fazer algo
que os demais necessitam).

15. Ajudo aos filhos únicos ou auto-suficientes a dar-se conta da necessidade de adaptar-se ao grupo
e de que não se trata de que o grupo se adapte a eles.
(O filho único tem pouca experiência em adaptar-se aos demais e os auto-suficientes jamais
necessitaram dos demais. Por isso ser sociável é difícil para muitos deles).

16. Tento conseguir que os adolescentes tenham amigos íntimos – é algo natural – mas também
insisto para que se mantenham abertos aos demais.
(Cada idade tem suas dificuldades próprias com respeito à sociabilidade. Nesta etapa
seguramente o “exclusivismo” é o mais preocupante, porque leva os jovens não apenas a
abandonar aos demais mas também, em alguns casos, a desprezá-los).

17. Ensino aos jovens a perguntar, com o fim de que possam conhecer aos demais.
(Mediante a pergunta descobrem que os demais são interessantes, que têm algo interessante a
dizer).

18. Ensino aos jovens a expressar-se em público.


(Os jovens necessitam ter coisas interessantes para contar e saber contá-las. A expressão oral é
um objetivo educativo pouco atendido em muitos colégios).

19. Ensino aos jovens a buscar temas conhecidos por todos quando estão em um grupo.
(A integração do grupo depende de que haja temas de interesse comum. Com certa frequência se
nota como um sub-grupo começa a falar de temas que unicamente afeta a eles e os demais ficam
reprimidos. Isto não apenas é “má educação” mas também uma falta de sociabilidade).

20. Ensino aos jovens a aproveitar e a criar situações para desenvolver sua sociabilidade.
(Por exemplo, em reuniões para celebrar algum acontecimento, em uma viagem, em atividades
paroquiais, nas atividades de um clube, em excursões ao campo, em atividades esportivas, etc.).

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