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Unidade Orgânica de Xai-Xai

Centro Aberto de Ensino À Distância (CAED)


Cadeira de Contabilidade Geral
2 Ficha de Leitura

1.Inventário

Inventário é uma lista ordenada de todos os elementos patrimoniais pertencentes a uma


Empresa (singular ou colectiva) em determinado momento com a indicação do seu valor. Portanto,
dentro de uma empresa, a realização de um inventário é feita para que seja possível obter um balanço
real.
Proceder a inventário consiste, pois, em analisar os elementos de um dado património, descrevê-los
e atribuir-lhes um valor. No inventário devemos considerar três fases:
 Identificação, em que se verifica quais os elementos patrimoniais existentes;
 Descrição e classificação, em que os elementos serão apresentados e repartidos pelas classes
a que dizem respeito
 Valorização, acto de atribuição de valor a cada elemento patrimonial.
Quanto ao âmbito, os inventários podem classifica-se em gerais e parciais. Um inventário diz-se geral
quando abarca todos os valores que constituem um dado patrimonial. Diz-se parcial quando abrange
apenas alguns dos elementos patrimoniais. No inventário geral figuram todos os elementos
patrimoniais, no parcial figura apenas uma parte deles.
Quanto à disposição dos elementos patrimoniais, podem considerar-se dois casos distintos:
 Os elementos aparecem dispostos sem obedecer a qualquer ordem. Neste caso o inventário
diz-se simples;
 Os elementos aparecem agrupados, segundo a natureza, característica ou função. Se isto
acontece, o inventário diz-se classificado.
Como exemplo, teremos um caso de inventário simples e de inventário classificado, referente a um
mesmo património.
 Inventários Simples:

Contabilidade Geral Docente: dr. Hermes Abraão O. I N. Deve


Inventário do Comerciante Namburete, em 30/12/2019
Activo
Dinheiro em caixa………………………. 50.000
2 máquinas de escrever……………….. 6.000
4 máquinas calculadoras………………. 30.000
1 edifício ………………………………….. 400.000
1 frigorífico…………………………………. 25.000
Conjunto de estantes……………………. 40.000
1 máquina registadora………………….. 12.000
1 viatura……………………………………… 120.000
Dívidas de:
J. Makandze……………………………….. 3.000
H. Mabutane……………………………….. 15.000
Saques no
5 s/ Mércia …………………………………. 17.000
12 s/Sabe tudo……………………………… 13.000
2 secretárias ………………………………… 12.000
4 Cadeiras …………………………………… 1.000
Depósito no BCI………………………… 145.000
2 Sofás…………………………………………. 8.000
Material diverso……………………………. 3.000
Total do activo 900.000
Passivo
Dívidas a:
H. Fagundes………………………………… 16.000
S. Antunes……………………………………. 9.000
Aceites no .

11, saque de J. Fernandes……………….. 18.000


12, saque de M.Pereira…………………… 12.000
Dívida à Papelaria Progresso…………… 10.000
Emprést. Contraído no BCI…………… 150.000
Total do Passivo 215.000

Contabilidade Geral Docente: dr. Hermes Abraão O. I N. Deve


 Inventário classificado
Activo
Disponível
Dinheiro em caixa………………………. 50.000
Depósito no BCI………………………. . 145.000 195.000
Clientes
J. Makandze……………………………….. 3.000
H. Mabutane………………………………. 15.000 18.000
Letras a receber
Saque no 5 s/ Mércia ……………………. 17.000
Saque no 12 s/Sabe tudo………………… 13.000 30.000
Equip. de escritóriov
1 máquina registadora………………….. 12.000
1 frigorífico…………………………………. 25.000
Conjunto de estantes……………………. 40.000
2 secretárias ………………………………… 12.000
4 Cadeiras …………………………………… 1.000
2 Sofás…………………………………………. 8.000 98.000
Material Diverso
Material diverso……………………………. 3.000 3.000
Imobilizados
1 edifício ………………………………….. 400.000
1 viatura……………………………………… 120.000 520.000
Mercadorias
2 máquinas de escrever……………….. 6.000
4 máquinas calculadoras………………. 30.000 36.0000
Total do activo 900.000
Passivo
Letras a pagar
Aceite no 11, saque de J. Fernandes..….. 18.000
Aceite no 12, saque de M.Pereira…..…… 12.000 30.000
Fornecedores
H. Fagundes……………………………….…… 16.000
S. Antunes……………………………………. 9.000
Papelaria Progresso………………………. 10.000 35.000
Empréstimos banários
Emprést. Contraído no BCI…………… 150.000
Total do passivo 215.000

Nota: Há casos em que se poderão (e deverão) incluir valores ainda não registados e excluir outros
que embora existindo já não pertencem à empresa. Ex: podemos referir que ao proceder-se a um
inventário, os bens já adquiridos, mas que ainda não entraram na empresa, devem ser consideradas,
o mesmo não acontece àqueles que já tenham sido vendidos mas ainda não saíram.
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Os inventários efectuados periodicamente, denominam-se ordinários. Por sua vez, são
denominados inventários extraordinários aqueles que são elaboradas em consequência de condições
excepcionais. Entretanto, os primeiros são regulares e previsíveis e os segundos são excepcionais e
consequentemente, imprevisíveis.
2. Balanço Patrimonial
O Balanço patrimonial é uma demonstração estática que tem por finalidade apresentar, qualitativa
e quantitativamente, a posição patrimonial e financeira da empresa em determinada data. O Balanço
patrimonial é uma demonstração de elaboração obrigatória pelas empresas e pode ser considerado
o principal demonstrativo contabilístico, do qual são extraídas as principais análises acerca da
situação patrimonial e financeira da empresa, como níveis de liquidez, solvência e de endividamento.
2.1 Estrutura e Apresentação
Conforme estudamos anteriormente, o Balanço patrimonial é dividido em três grupos: ativo, passivo
e patrimônio líquido. As contas integrantes do ativo são apresentadas em ordem decrescente do seu
grau de liquidez (ordem crescente dos prazos de realização), e as contas integrantes do passivo são
apresentadas em ordem decrescente de exigibilidade (ordem crescente dos prazos de pagamento).
Exemplo de Balanço patrimonial:
ATIVO PASSIVO
Circulante Circulante
Disponibilidades Empréstimos e financiamentos
. Caixa Fornecedores
. Bancos Salários e encargos a pagar
Clientes Tributos a recolher
Estoques Dividendos a pagar
Tributos a Recuperar Adiantamentos obtidos
Adiantamentos concedidos Não circulante
Despesas do exercício seguinte Empréstimos e financiamentos
Não circulante Fornecedores
Realizável a longo prazo PATRIMÓNIO LÍQUIDO
Investimentos Capital Social
Imobilizado Reservas de capital
Intangível Reservas de lucro
(-) Ações em tesouraria
(+ -) Ajustes de avaliação patrimonial
(-) Prejuízos acumulados

Contabilidade Geral Docente: dr. Hermes Abraão O. I N. Deve


Exemplo concreto referente ao Inventário do Comerciante Namburete, em 30/12/2019
Balanço Patrimonial do Comerciante Namburete em 30/12/2019
ATIVO Passivo
Disponibilidades Dívidas a pagar
Caixa…………………………………….. 50.000 Fornecedores……………………………………….. 35.000
Depósito no BCI………………………. . 145.000 Letras a pagar……………………………………….. 30.000
Bancos Empréstimos………………………………………. 150.000
Dívidas a receber
Cliente………………………………………… 18.000 Total do passivo…………………….…………… 215.000
Letras a receber…………………………… 30.000 Capital/SL …………………………………………. 685.000
Existências
Mercadorias…………………………………. 36.000
Imobilizado
Material administrativo………………….. 101.000
Imóveis………………………………………… 520.000
Total……………………………………………. 900.000 Total……………………………………………….. 900.000
É evidente que este balanço também poderá ser representado sob a forma vertical mas utilizamos a
horizontal por ser a mais corrente.
Sendo o balanço um mapa de origens e de aplicação de fundos, facilmente se depreende que ele
está sujeito a constantes mutações, ou seja, um balanço constitui uma fotografia da situação
patrimonial da empresa, na medida em que dá esta última num dado momento. Estas mutações são
motivadas pela própria actividade da empresa, pois ela submete a uma constante alteração os seus
elementos patrimoniais.
Usualmente o balanço é só elaborado com uma certa periodicidade em geral um ano. Entretanto,
estando o património em contínua transformação (alteração), o balanço apenas nos dá a conhecer
os valores nas datas da sua elaboração. Portanto, um só balanço corresponde a uma situação estática,
porquanto que a comparação de balanços sucessivos representa uma situação dinâmica, porquanto
vai dando a conhecer a evolução patrimonial da empresa.
3. Contas
3.1 Conceito de Conta
Os elementos patrimoniais (bens, direitos, obrigações, receitas e despesas) de uma entidade são
representados por meio de contas. Contas são nomes técnicos dados a elementos patrimoniais, os
quais são determinados com base na natureza desses elementos. O nome de uma conta é aquele
que melhor representa a natureza de um elemento, de forma a permitir que o usuário da informação
contabilística entenda o que a conta representa.
Assim, por exemplo, se uma empresa concede um empréstimo a um de seus directores, o direito
que a empresa tem de ser reembolsada pelo director pode ser representado por uma conta no activo
com o nome “Empréstimo à directoria”. Todos os factos contabilísticos promovidos por uma
entidade, tais como vendas, compras, obtenção de empréstimo, pagamento de salários, são
registrados em suas respectivas contas.
4. Plano De Contas
4.1 Conceito
Toda empresa possui uma relação de contas já predeterminada, customizada, de acordo com as
características e natureza de seu negócio. Essa relação de contas é denominada plano de contas.

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Em suma, plano de contas é uma relação padronizada, ordenada, codificada, customizada de contas,
previamente estabelecido, que norteia o registro dos factos contabilísticos de determinada entidade,
além de servir de parâmetro para a elaboração das demonstrações financeiras.
Vide o exemplo de um plano de contas ou PGC-NIRF disponível na Biblioteca da instituição.
5. Débito e Crédito
A Contabilidade regista os factos contabilísticos de acordo com a natureza das contas, e essas são
movimentadas por meio de débitos e créditos. Quando falamos em natureza das contas, temos de
considerar o que elas representam para a entidade. Assim, as contas do ativo têm natureza devedora
por representarem débitos com a entidade. Já as contas do passivo e do patrimônio líquido têm
natureza credora por representarem créditos com a entidade.
Podemos também fixar a natureza das contas, colocando como referência os terceiros em relação à
entidade. Como o ativo registra débitos (dívidas) de terceiros (direitos de receber de clientes que
compraram a prazo, por exemplo) com a entidade, o ativo tem natureza devedora. Como o passivo
e o património líquido registam créditos (direitos) de terceiros (empregados, bancos, fornecedores,
sócios) com a entidade, o passivo e o património líquido têm natureza credora. As receitas têm
natureza credora e as despesas têm natureza devedora.
Podemos resumir a natureza das contas e os efeitos dos registros de débitos e créditos:
Saldo da conta
Contas Natureza
Aumenta com Diminui com
Activo Devedora Débito Crédito
Passivo Credora Crédito Débito
Património líquido Credora Crédito Débito
Receitas Credora Crédito Débito
Despesas e custos Devedora Débito Crédito

6. Princípios Básicos da contabilidade


Os princípios básicos de Contabilidade representam a essência do conhecimento e teorias relativas
à Ciência de Contabilidade.
São Princípios básicos de Contabilidade:
 Princípio da Entidade;
 Princípio da Continuidade;
 Princípio da Oportunidade;
 Princípio do Registro pelo Valor Original;
 Princípio da Atualização Monetária;
 Princípio da Competência; e
 Princípio da Prudência.

Princípio da entidade
O Princípio da entidade reconhece o Património como objeto da Contabilidade e afirma a
autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Património particular no universo
dos patrimónios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de
pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade com ou sem fins lucrativos.

Contabilidade Geral Docente: dr. Hermes Abraão O. I N. Deve


Por consequência, o património não se confunde com aquele dos seus sócios ou proprietários no
caso de sociedade ou instituição.
Princípio da continuidade
A continuidade ou não da entidade, bem como sua vida definida ou provável devem ser
consideradas quando da classificação e avaliação das mutações patrimoniais, quantitativas e
qualitativas.
A observância do Princípio da continuidade é indispensável à correta aplicação do Princípio da
competência, por efeito de se relacionar diretamente à quantificação dos componentes patrimoniais
e a formação do resultado, e de constituir dado importante para aferir a capacidade futura de geração
de resultado.
Princípio da oportunidade
O Princípio da oportunidade refere-se, simultaneamente, a tempestividade e a integridade do registo
do património e das suas mutações, determinando que este seja feito de imediato e com a extensão
correta, independentemente das causas que as originaram.
Princípio do registro pelo valor original
Os componentes do património devem ser registados pelos valores originais das transações com o
mundo exterior, expressos a valor presente na moeda do País, que serão mantidos na avaliação das
variações patrimoniais posteriores, inclusive quando configurarem agregações ou decomposições no
interior da entidade.
Princípio da atualização monetária
Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registos
contabilísticos através do ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes
patrimoniais.
Princípio da prudência
O Princípio da prudência determina a adoção do menor valor para os componentes do activo e do
maior para os do passivo, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a
quantificação das mutações patrimoniais que alterem o Património Líquido.

“Leitura é a chave para se ter um universo de ideias e uma tempestade de palavras”


Pedro Bom Jesus

Contabilidade Geral Docente: dr. Hermes Abraão O. I N. Deve

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