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Capítulo 7
CISALHAMENTO EM VIGAS
7.1 – Introdução
Uma viga submetida a cargas transversais está sujeita a momentos fletores e forças
cortantes. Em cada ponto da viga esses esforços causam tensões normais (x) e tensões de
cisalhamento (, a partir das quais obtêm-se as tensões principais. As direções das tensões
principais numa viga feita de material homogêneo estão representadas na Figura 7.1, onde se
observam tensões de tração ao longo do bordo inferior e tensões de compressão ao longo do
bordo superior, paralelas a esses bordos (trecho central da viga). Na alma da viga, as tensões
principais são inclinadas; ao longo do eixo baricêntrico essa inclinação é de 45o (trechos entre a
carga e o apoio).
diagrama
cortante
Figura 7.1 – Direção das tensões principais numa viga carregada transversalmente
Como se pode verificar da Figura 7.2.a, no eixo da peça as tensões principais (𝜎1 𝑒 𝜎2 )
possuem valor igual, em módulo, às tensões cisalhantes (𝜏).
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Este capítulo trata da verificação do estado limite último de vigas sujeitas força cortante.
Inicialmente são descritos os mecanismos de transferência da força cortante e os modos de
ruptura, estabelecendo-se assim as situações correspondentes ao esgotamento da capacidade
resistente à força cortante. Em seguida são formulados os métodos de cálculo preconizados em
norma para o dimensionamento.
𝑑𝑀
𝑉= Eq. 7.1
𝑑𝑥
Seja um trecho de uma viga de concreto armado situado entre duas fissuras, tal como o
representado na Figura 7.4.
C C + C
V M M+M
z z
V
a b
T c d T + T
x
Figura 7.4 – Tensões de cisalhamento num trecho de uma viga entre duas fissuras
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T + x . bw = T + T
de onde se obtém
T
Eq. 7.2
x bw
Δ𝑀 𝑉
𝜏= =
Δ𝑥. 𝑏𝑤 . 𝑧 𝑏𝑤 . 𝑧
V
Eq. 7.3
bw z
A tensão de cisalhamento ( atua não apenas no plano horizontal, mas também no plano
vertical, de acordo com a lei da reciprocidade das tensões de cisalhamento (Figura 7.2.a). Essa
tensão se distribui conforme o indicado na Figura 7.4, quando a viga já está fissurada.
Ruptura por tração diagonal, ou por força cortante-tração, que ocorre em vigas sem
armadura transversal ou com armadura transversal insuficiente;
Ruptura por compressão diagonal, ou por força cortante-compressão, que ocorre devido
ao esmagamento da diagonal comprimida de concreto; este modo de ruptura é mais
comum em vigas com alma esbelta (seções T, I etc).
Estribos seguram
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Ainda no início do século XX foi idealizado um modelo de cálculo para vigas sujeitas a
momento fletor e força cortante, e tal modelo ainda é hoje o que melhor retrata o comportamento
de vigas de concreto armado. Trata-se do modelo da treliça de Ritter-Mörsch, o qual sofreu
alguns ajustes ao longo do tempo, de modo a levar em conta os resultados de ensaios mais
recentes. Este modelo de cálculo também é utilizado por grande número de normas estrangeiras
e internacionais.
CONCRETO ARMADO
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A partir do equilíbrio de forças nos nós da treliça, podemos obter os esforços e as tensões
nas diagonais comprimidas de concreto (bielas) e nas diagonais tracionadas, assim como a
quantidade de armadura transversal necessária.
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Esta parcela (Vc), que se soma àquela resistida pela armadura, e que é denominada
“parcela devida a mecanismos complementares da treliça” tem como origem os seguintes
fenômenos (vide também a figura a seguir):
Na faixa de concreto do banzo superior da viga, comprimido pela flexão, surgem tensões
cisalhantes que contribuem para a resistência ao esforço cortante.
O banzo comprimido não é horizontal, mas sim inclinado, à medida que se aproxima do
apoio, região dos maiores cortantes; sendo inclinada, uma componente vertical contribui para
a resistência ao esforço cortante.
As bielas de concreto possuem certo engastamento no banzo superior comprimido.
Há um engrenamento promovido pelo agregado graúdo ao longo das fissuras inclinadas.
A armadura longitudinal tracionada tende a ser desviada de sua retilineidade na fissura, mas,
tendo em vista seu diâmetro, opõe reação a este movimento (efeito de pino).
Os valores a serem utilizados para esta parcela (Vc) foram obtidos a partir de inúmeros
ensaios à ruptura de vigas sem armadura transversal.
A norma prevê a possibilidade de utilização de dois diferentes modelos de cálculo,
dependendo da inclinação das diagonais comprimidas do elemento estrutural (inclinação que
pode variar de 30º a 45º), como será visto a seguir.
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Para assegurar que não ocorre ruptura por compressão diagonal no concreto, o cortante
deve ser limitado a
O baixo valor de tensão de compressão na biela admitida pela norma se deve ao fato de
que na diagonal comprimida há a atuação concomitante de tensões de tração no outro sentido
(tensões principais de tração, combatidas pela armadura transversal), ou seja, há um estado
múltiplo de tensões, e com tensões de tração.
Vc = zero (elementos tracionados, com linha neutra fora da seção) Eq. 7.8
Vc = Vco = 0,6 . fctd . bw . d (flexão simples e flexo-tração com LN cortando a seção) Eq. 7.9
𝑀𝑜
Vc = Vco (1 + ⁄𝑀 ) ≤ 2. 𝑉𝑐𝑜 (flexo-compressão) Eq. 7.10
𝑆𝑑,𝑚á𝑥
Onde
𝑀𝑜 – momento fletor que anula a tensão normal de compressão na borda da seção (tracionada
por 𝑀𝑠𝑑,𝑚á𝑥 ), provocada pelas forças normais de diversas origens concomitantes com Vsd.
𝑀𝑆𝑑,𝑚á𝑥 – momento fletor de cálculo máximo no trecho em análise.
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c) Armadura transversal
𝐴𝑠𝑤 𝑉𝑠𝑤
= Eq. 7.12
𝑠 0,9 .𝑑 .𝑓𝑦𝑤𝑑 .(𝑠𝑒𝑛 𝛼+cos 𝛼)
Onde
𝛼 − â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑎 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑢𝑟𝑎 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑣𝑒𝑟𝑠𝑎𝑙 (geralmente 90º, 45º ou 60º)
𝐴𝑠𝑤 𝑉𝑠𝑤
= Eq. 7.13
𝑠 0,9 .𝑑 .𝑓𝑦𝑤𝑑
Nas expressões acima, as tensões nas armaduras devem ser limitadas a (item 17.4.2.2):
Estribos: fywd ≤ 435 MPa
Barras dobradas: 0,7.fywd ≤ 435 MPa
Logo, mesmo que a armadura transversal seja de aço CA-60 (tipo de aço que tem fios de
pequeno diâmetro, usual em estribos), o cálculo será efetuado como se fosse aço CA-50, tendo
em vista a limitação de tensão imposta pela norma.
Exercício 1
Seja uma viga contínua, com dois vãos de 7,0 metros, carregamento uniforme de 41,3 kN/m.
Calcular a armadura para esforço cortante na seção mais solicitada.
Dados:
Concreto classe C30 Aço CA-50
Seção da viga 15x70 cm2 Adotar modelo de cálculo I, estribos verticais
SOLUÇÃO
Esforços solicitantes:
VRd2 = 0,27 . v2 . fcd . bw . d = 0,27 x 0,88 x 30.000 x 0,15 x 0,62 / 1,4 = 473 kN
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fctd = 0,7 x 0,3 x fck 2/3 / 1,4 = 1,448 MPa = 1.448 kN/m2
Espaçamento dos estribos de duas pernas: 1,00 m/11,5 estr.= 0,087 m = 8,7 cm
Adotado 6,3 c. 75 cm
a) Parcela complementar Vc
Vc = zero (elementos tracionados, com linha neutra fora da seção) Eq. 7.16
𝑀𝑜
Vc = Vc1 (1 + ⁄𝑀 ) ≤ 2. 𝑉𝑐1 (flexo-compressão) Eq. 7.18
𝑆𝑑,𝑚á𝑥
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A interpolação acima é dada por (válida para Vco < VSd < VRd2):
𝑉𝑅𝑑2 − 𝑉𝑆𝑑
Vc1 = Vco x Eq. 7.20
𝑉𝑅𝑑2 − 𝑉𝑐𝑜
De modo a dar uma melhor noção da faixa destas grandezas, a tabela a seguir fornece
valores usuais de (Vco) e de (VRd2), para diferentes classes de concreto, ângulos da armadura
transversal e das diagonais comprimidas.
VRd2
Estr. 90º Estr. 45º Estr.60º Estr. 90º Estr. 45º Estr. 60º
fck Vco Biela 45º Biela 45º Biela 45º Biela 30º Biela 30º Biela 30º
20 0,663 3,548 7,097 5,597 3,073 4,847 4,097
25 0,769 4,339 8,678 6,844 3,758 5,927 5,010
30 0,869 5,091 10,182 8,031 4,409 6,955 5,879
35 0,963 5,805 11,610 9,156 5,027 7,929 6,703
40 1,053 6,480 12,960 10,221 5,612 8,852 7,482
45 1,139 7,116 14,232 11,225 6,163 9,721 8,217
50 1,222 7,714 15,428 12,168 6,681 10,538 8,907
Obs: Valores da tabela dados em MN/ m2, a serem multiplicados por (bw.d) em m2
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c) Armadura transversal
𝐴𝑠𝑤 𝑉𝑠𝑤
= Eq. 7.22
𝑠 0,9 .𝑑 .𝑓𝑦𝑤𝑑 .(𝑐𝑜𝑡𝑔 𝛼+𝑐𝑜𝑡𝑔 𝜃) .𝑠𝑒𝑛 𝛼
Onde
Biela comprimida: ângulo 𝜃 entre 30º e 45º
Armadura transversal: ângulo 𝛼 (geralmente 90º, 60º ou 45º)
𝐴𝑠𝑤 𝑉𝑠𝑤
= Eq. 7.23
𝑠 0,9 .𝑑 .𝑓𝑦𝑤𝑑 .𝑐𝑜𝑡𝑔 𝜃
Para uma inclinação de 45º da biela comprimida, a armadura transversal (estribos verticais) será:
𝐴𝑠𝑤,90 𝑉𝑠𝑤
= Eq. 7.24
𝑠 0,9 .𝑑 .𝑓𝑦𝑤𝑑
Para uma inclinação de 30º da biela comprimida, a armadura transversal (estribos verticais) será:
𝐴𝑠𝑤,90 𝑉𝑠𝑤
= Eq. 7.25
𝑠 1,56 .𝑑 .𝑓𝑦𝑤𝑑
Exercício 2
SOLUÇÃO
Para 𝜽 = 45º
VRd2 = 0,54 x 0,88 x (30.000/1,4)x 0,15 x 0,62 x 0,5 𝑥 (0 + 1,0) = 473 𝑘𝑁/𝑚2
Vd = 253 kN < VRd2 = 473 kN Biela de compressão OK
Não alterou
Para 𝜽 = 30º
VRd2 =0,54x0,88x(30.000/1,4)x 0,15 x 0,62 x 0,25 𝑥 (0 + 1,73) = 410 𝑘𝑁/𝑚2
Vd = 253 kN < VRd2 = 410 kN Biela de compressão OK
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Necessário interpolar
Para 𝜽 = 45º
VRd2 = 473 𝑘𝑁/𝑚2
Para 𝜽 = 30º
VRd2 = 410𝑘𝑁/𝑚2
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Modelo I Modelo II
Grandeza 𝜃 = 45º 𝜃 = 30º
VRd2 (kN) 473 473 410
Vc (kN) 80,8 45,3 38,5
𝑉𝑠𝑤 (kN) 172,2 207,7 214,5
Asw / s (cm2/m) 7,1 8,56 5,11
De modo a impedir uma ruptura brusca por tração devida ao esforço cortante, deve ser
disposta uma quantidade de armadura transversal capaz de resistir às tensões de tração liberadas
pelo concreto, quando da abertura da primeira fissura inclinada na alma.
A armadura transversal mínima, constituída por estribos, deve ter uma taxa geométrica
de (item 17.4.1.1.1):
𝐴𝑠𝑤 𝑓𝑐𝑡,𝑚
𝜌𝑤 = ≥ 𝜌𝑤,𝑚𝑖𝑛 = 0,2 Eq. 7.26
𝑏𝑤 .𝑠.𝑠𝑒𝑛𝛼 𝑓𝑦𝑤𝑘
onde
32
fct,m = 0,3 √𝑓𝑐𝑘 (MPa)
A tabela a seguir mostra os valores de (ρw,min ) para tipos usuais de concreto, com aço CA-50:
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Não estão sujeitos aos valores mínimos acima indicados, de acordo com a norma
(17.4.1.1.2):
Elementos estruturais lineares com bw > 5 d (tratados como laje).
Nervuras de lajes nervuradas.
Pilares e elementos lineares de fundação submetidos predominantemente à
compressão, atendidas as condições específicas.
Caso sejam usadas barras dobradas para o combate ao esforço cortante, estas podem
suportar no máximo 60% de Vsw (item 17.4.1.1.3). NÃO
FUNCIONA
7.5.1.5 – Armadura de cisalhamento ao longo do vão
Dependendo da intensidade dos esforços cortantes, e da importância da viga, geralmente
são calculadas as armaduras de cisalhamento para os cortantes máximos no vão, nas suas duas
extremidades. Caso ambos sejam superiores àquele que corresponde ao uso da armadura mínima,
é possível delimitar três trechos ao longo da viga: um, central, com armadura transversal mínima,
e dois outros, com armadura acima da mínima, como mostrado na figura a seguir. A fixação do
número de trechos vai depender da importância da viga em análise, pois, em alguns casos, pode-
se optar por prescrever a maior armadura transversal em todo o vão da viga, o que facilita
execução (não só do desenho de armação, mas também da execução da viga na obra em si – e
diminui a possibilidade de erro). Já em outras vigas, como nas de pontes, um vão pode ser
dividido em mais de três trechos, tendo em vista a grande quantidade de armadura transversal
próximo aos apoios, e a necessidade de se ter um projeto econômico.
Para o modelo de cálculo I (𝜃 = 45º) e estribos a 90º, o valor de esforço cortante que
conduz à necessidade de armadura mínima será:
2 3
𝑉𝑠𝑑,𝑚𝑖𝑛 = 𝑏𝑤 . 𝑑 . (0,9 . 𝜌𝑤,𝑚𝑖𝑛 . 𝑓𝑦𝑤𝑑 + 0,09 . √𝑓𝑐𝑘 ) (MPa)
3 2
𝑓𝑐𝑡,𝑚 0,3 √𝑓𝑐𝑘
3 2 3 2
𝑉𝑠𝑑,𝑚𝑖𝑛 = 𝑏𝑤 . 𝑑 . (0,9 . 0,2 . 𝑓𝑦𝑤𝑑 + 0,09 . √𝑓𝑐𝑘 ) = 𝑏𝑤 . 𝑑 . (0,9 . 0,2 . 𝑓𝑦𝑤𝑑 + 0,09 . √𝑓𝑐𝑘 )
𝑓𝑦𝑤𝑘 𝑓𝑦𝑤𝑘
2 3
𝑉𝑠𝑑,𝑚𝑖𝑛 = 𝑏𝑤 . 𝑑 . (0,137 . √𝑓𝑐𝑘 ) (𝑓𝑐𝑘 em MPa) Eq. 7.28
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Obs: expressão válida somente para o modelo de cálculo I, toda a armadura composta de
estribos verticais, concretos até a classe C50, coeficientes (𝜸𝒄 = 𝟏, 𝟒 e 𝜸𝒔 = 𝟏, 𝟏𝟓).
Nota: modelo de cálculo I, bielas comprimidas com 45º e estribos verticais, concretos até a
classe C50, coeficientes (𝜸𝒄 = 𝟏, 𝟒 e 𝜸𝒔 = 𝟏, 𝟏𝟓).
Para obter (𝑽𝒔𝒅,𝒎𝒊𝒏 ), em kN, multiplicar os valores da tabela por (bw.d), em metros.
7.5.2.1 – Estribos
São admitidas armaduras constituídas por estribos, combinados ou não com barras
dobradas ou barras soldadas. Os estribos devem ser fechados (através de um ramo horizontal) na
região de apoio das diagonais, envolvendo as barras da armadura longitudinal de tração, e
ancorados na face oposta (itens 17.4.1.1.3 e 18.3.3.2).
Os estribos para resistir ao esforço cortante devem ter a forma indicada na figura a seguir,
podendo ser abertos somente quando ancorados em zona comprimida pela flexão (item 18.3.3.2).
Preconiza a norma, em seu item 18.3.3.2, quanto aos estribos para esforço cortante:
5 mm DIAMETRO
∅𝑡 ≥ MINIMO
4,2 mm (telas soldadas, c/ precauções contra corrosão)
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Espaçamento longitudinal:
smin – suficiente para permitir a passagem do vibrador, garantindo bom adensamento do concreto.
Caso a viga tenha armadura dupla (barras comprimidas), devem ser respeitadas as restrições de
espaçamento máximo de estribos em pilares, de modo a evitar a flambagem das barras comprimidas (item
18.4.3).
Para atender a esta última limitação, pode haver necessidade de uso de estribos múltiplos
(4, 6, 8 pernas) em vigas largas – vide figura a seguir.
Tal exigência se deve ao fato de que os estribos de duas pernas proporcionam suporte
adequado para as bielas comprimidas somente nos dois pontos próximos aos dois ramos
verticais. Em vigas de pequena largura estas duas pernas podem ser suficientes.
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Se a viga for muito larga, os estribos de duas pernas não seriam suficientes, necessitando de mais
ramos verticais para proporcionar suporte adequado para as bielas comprimidas.
Barras dobradas, para resistir a esforço cortante, são muito pouco usadas em edificações,
tendo em vista que seu comportamento mostra-se menos eficiente em ensaios do que o
apresentado pelos estribos: dificuldade de execução, barras de grande diâmetro, má limitação da
fissuração nas faces laterais da viga, concentração de tensões e fendilhamento do concreto no
ponto de dobramento da barra, más condições de suporte das bielas comprimidas de concreto etc
(vide figura a seguir). Mas ainda podem ser usadas (associadas aos estribos) em peças com
esforço cortante muito elevado, como é o caso de vigas de pontes, por exemplo.
Figura 7.15 – Más condições de apoio das bielas em barra dobrada (Leonhardt)
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Havendo cargas próximas aos apoios diretos (carga e reação de apoio aplicadas em faces
opostas do elemento estrutural), valem as seguintes prescrições quanto ao cálculo da armadura
transversal (item 17.4.1.2.1):
Para carga uniformemente distribuída, a força cortante pode ser considerada
constante no trecho até uma distância d/2 da face do apoio.
Para carga concentrada aplicada a uma distância (𝑎 ≤ 2𝑑) do eixo teórico do
apoio, o esforço cortante dela decorrente pode ser reduzido, multilplicando-o por
[a/(2d)].
Estas prescrições são só para o cálculo da armadura transversal, e não podem ser usadas
para a verificação da compressão na diagonal comprimida de concreto. Também não é permitido
se for apoio indireto.
Em elementos estruturais com altura variável, o esforço cortante deve ser corrigido, de
acordo com o que consta de item mais adiante.
Havendo protensão, a componente vertical da força de protensão pode ser computada no
dimensionamento a esforço cortante (item 17.4.1.2.2).
Exercício 3
Prosseguir o exercício 1, calculando as armaduras transversais no restante do vão.
SOLUÇÃO
Esforços solicitantes – seção de extremidade da viga:
Vmáx = 41,3x7,0/2 - 253/7,0 = 108,4 kN Vd = 1,4x108,4 = 155,8 kN
Armadura mínima
𝐴𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛
sw,min = 0,12% (tabela) = = 𝑏𝑤 .𝑠.𝑠𝑒𝑛𝛼
Asw,min = sw,min. bw.s.sen = 0,0012 x15 cmx100 cmx1,0 = 1,80 cm2 / m (<2,93 cm2 / m)
OK
Quantidade de barras por metro: 1,80/(2x0,31) = 2,9 c/ duas pernas
Adotado c. 30 cm
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Tendo em vista esta orientação, é praxe, nas lajes de edificações, principalmente nas lajes
maciças de pequena espessura, não se usar armaduras para esforço cortante. Tal dispensa da
armadura transversal, entretanto, submete-se a determinadas condições, como se verá a seguir.
Verifica-se que, nas lajes maciças, especialmente nas de pequena espessura, forma-se um
mecanismo resistente diverso daquele observado nas vigas (treliça de Mörsch). Na ausência de
armadura transversal, forma-se um modelo resistente como mostrado a seguir, com um
comportamento semelhante ao de um arco atirantado, através do qual as cargas aplicadas são
transmitidas aos apoios.
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Na verdade, mesmo nas vigas, até certa intensidade do carregamento, não haveria a
necessidade de armaduras de cisalhamento, pois, como já comentado, a parcela redutora da
armadura transversal (parcela Vc) é um valor obtido a partir de inúmeros ensaios à ruptura de
vigas sem armadura transversal. Mas a norma estabelece uma armadura transversal mínima para
as vigas, que deve ser respeitada. Para as lajes, entretanto, há a permissão para que o esforço
cortante seja totalmente resistido pelo concreto, sem armadura transversal.
Nas lajes, para que o modelo de arco atirantado se forme, há a necessidade de que seja
levada até o apoio uma quantidade razoável de armadura longitudinal, capaz de resistir aos
elevados esforços a que estará submetida, como mostrado na figura a seguir.
De acordo com o item 19.4.1 da norma, as lajes maciças ou nervuradas podem prescindir
de armadura transversal quando a força cortante de cálculo, VSd, a uma distância “d” da face do
apoio, atender ao limite:
𝑉𝑆𝑑 ≤ 𝑉𝑅𝑑1 Eq. 7.29
onde
𝑉𝑅𝑑1 = [𝜏𝑅𝑑 . 𝑘 (1,2 + 40 . 𝜌1 ) + 0,15 . 𝜎𝑐𝑝 ] 𝑏𝑤 . 𝑑 Eq. 7.30
com
𝜌1 = 𝐴𝑠1 ⁄(𝑏𝑤 . 𝑑) ≤ 0,02 (2%) Eq. 7.31
𝜎𝑐𝑝 = 𝑁𝑆𝑑 ⁄𝐴𝑐 Eq. 7.32
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Exercício 4
Verificar se há necessidade de armadura para esforço cortante para a reação de apoio de uma laje
maciça, com os dados abaixo, e, caso seja necessária, determine-a.
SOLUÇÃO
Apoio 1:
Vsd = 1,4 x 6,5 = 9,1 kN/m
𝑉𝑆𝑑 ≤ 𝑉𝑅𝑑1
3 3
Para concretos até classe C50: 2
𝜏𝑅𝑑 = √𝑓𝑐𝑘 ⁄26,7 = √202 ⁄26,7 = 0,276 𝑀𝑃𝑎
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ℎ−15
𝑓𝑦𝑤𝑑 = 𝑥 185 + 250 (MPa) Eq. 7.36
35−15
No mais, o cálculo das armaduras transversais nas lajes deve seguir o item 17.4.2 da
norma, ou seja, adotam-se os mesmos procedimentos de cálculo já estudados para as vigas.
Exercício 5
Verificar se há necessidade de armadura para esforço cortante para a reação de apoio de uma laje
maciça em prédio industrial, com os dados abaixo, e, caso seja necessária, determine-a.
Espessura da laje: h = 25 cm d = 22 cm
Concreto classe C20 Aço CA-50
Armadura levada até os apoios (> 50% As,long): c. 15 cm (5,23 cm2/m)
Reação no apoio 1: V1k = 135 kN/m
SOLUÇÃO
Apoio 1:
Vsd = 1,4 x 135 = 189 kN/m
𝑉𝑆𝑑 ≤ 𝑉𝑅𝑑1
CONCRETO ARMADO
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3 3
2
𝜏𝑅𝑑 = √𝑓𝑐𝑘 ⁄26,7 = √202 ⁄26,7 = 0,276 𝑀𝑃𝑎
ℎ−15 25−15
𝑓𝑦𝑤𝑑 = 𝑥 185 + 250 = 𝑥 185 + 250 = 342,5 𝑀𝑃𝑎
35−15 35−15
𝑉𝑠𝑑 ≤ 𝑉𝑅𝑑2
3
/c x bw x d = 0,6 . 0,7 x 0,3 √202 / . 1,0 . 0,22 = 0,146 MN
3
2
Vc = 0,6x0,7x0,3 √𝑓𝑐𝑘
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na mesa se instala, como mostrado na figura que segue, que representa uma viga, no trecho que
vai do apoio ao meio do vão.
Pode-se constatar que, num elemento de área (dx por dy) da mesa, mostrado na figura
acima, atuam as tensões normais e cisalhantes, mostradas a seguir.
A figura a seguir mostra como, a partir do apoio da viga T, as tensões vão se distribuindo
também pela mesa da viga. Observar, na seção transversal mostrada, que as ligações da alma
com a mesa são pontos perigosos, pois neles há transmissão de tensões importantes para um
comportamento estrutural adequado.
Tais seções de ligação alma-mesa devem ser convenientemente armadas, com uso de
armadura de costura, perpendicular à seção a ser costurada.
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Seja uma viga, onde há um acréscimo de momentos fletores (∆𝑀𝑑 ) entre duas seções
distantes “dx” entre si.
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Esta variação do esforço de compressão na aba decorre das tensões cisalhantes na ligação
“aba-mesa”.
∆𝑅𝑐𝑑,𝑎 = 𝜏𝑐𝑑 . ℎ𝑓 . 𝑑𝑥 Eq. 7.40
Pela figura a seguir, que mostra a treliça formada na mesa de viga T, constata-se que a
variação de força de compressão na aba (∆𝑅𝑐𝑑,𝑎 ) é igual à força de tração despertada entre a aba
e a alma (𝑅𝑠𝑑,𝑎 ), num comprimento “dx”.
1,15.𝑉𝑑 .𝑑𝑥 𝐴𝑎
𝑅𝑠𝑑,𝑎 = 𝑥 Eq. 7.42
𝑑 𝐴𝑡𝑜𝑡
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𝐴𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛
= 1,5 𝑐𝑚2 ⁄𝑚 Eq. 7.45
𝑠
𝐴𝑎
𝑉𝑑,𝑎 = 𝑉𝑑 𝑥 ≤ 0,27 . (1 – fck/250). fcd . hf . d (fck em MPa) Eq. 7.46
𝐴𝑡𝑜𝑡
De modo idêntico, no caso de vigas com talão, ou mesa de viga T na região tracionada,
em que parte da armadura seja posicionada fora da alma, haverá necessidade de uma armadura
de costura, como indicado a seguir.
Exercício 6
Dados:
Vk = 220 kN
bf = 0,8 m hf = 0,08 m
bw = 0,25 m h = 0,5 m
𝑥 = 0,22 𝑚
Concreto C25 Aço CA-50
CONCRETO ARMADO
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99
SOLUÇÃO
d = 0,9 . h = 0,9 . 0,50 = 0,45 m
y = 0,8 . x = 0,8 x 0,22 = 0,176 m
𝐴𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛
= 1,5 𝑐𝑚2 ⁄𝑚 𝑂𝐾
𝑠
220
𝑉𝑑,𝑎 = 1,4𝑥220 𝑥 = 77 𝑘𝑁
880
CONCRETO ARMADO
100
100
Vão menores
= maior rigidez
nas vigas
Sendo as alturas das vigas V1 e V2, respectivamente hI e hII, (figura a seguir) a quantidade
de armadura de suspensão será dada pela expressão:
𝑅𝑑 ℎ𝐼
𝐴𝑠,𝑠𝑢𝑠𝑝 = 𝑥 Altura viga i/altura da viga II Eq. 7.48
𝑓𝑦𝑤𝑑 ℎ𝐼𝐼
Tal armadura (geralmente composta de estribos verticais) deverá ser disposta como
mostrado na figura a seguir, de cruzamento das vigas. Segundo Leonhardt, não é necessária
armadura de cisalhamento adicional nesta região, devendo ser adotada a maior das duas
armaduras. (Süssekind recomenda que 70% de 𝐴𝑠,𝑠𝑢𝑠𝑝 seja colocado na viga que recebe a reação
da outra – na figura, viga V2). Nesta região de interseção são os estribos da V2 que seguem
diretos, com os estribos da viga V1 parando na face da viga V2, como mostrado na figura.
Neste caso, sendo o apoio indireto, não podem ser utilizadas as reduções do esforço
cortante nas regiões próximas aos apoios, para fins de determinação da armadura transversal,
como visto anteriormente, tendo em vista que tal redução só é permitida para apoios diretos (item
17.4.1.2.1).
CONCRETO ARMADO
101
101
Armaduras de suspensão serão necessárias também quando a viga receber uma reação de
apoio de lajes em sua parte inferior (caso de lajes rebaixadas ou de vigas invertidas). Esta
armadura deve ser disposta em toda a extensão da viga, ou da carga distribuída inferior (caso
atue somente em parte do vão). A área de aço necessária, por unidade de comprimento da viga,
será:
𝐴𝑠,𝑠𝑢𝑠𝑝 𝑝𝑑
= Eq. 7.49
𝑠 𝑓𝑦𝑤𝑑
Tais detalhes devem constar dos desenhos de armação, em corte, de modo a evitar uma
execução errada na obra. A execução na forma errada das figuras pode conduzir a um colapso
prematuro da estrutura, pela eventual fissuração em uma superfície ausente de armadura
suficiente.
CONCRETO ARMADO
102
102
O empuxo no vazio também pode surgir onde há pontos de mudança brusca de direção
de uma das faces da peça. Neste caso, a força que tende a arrancar parte da peça é concentrada,
e não mais uma carga distribuída, como nos casos anteriores. Algumas possibilidades, assim
como as armaduras recomendadas parta evitar uma ruína prematura estão mostradas na figura a
seguir.
CONCRETO ARMADO
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Caso a altura da viga seja variável, tal situação influenciará o dimensionamento a esforço
cortante (NBR 6118/14, item 17.4.1.2.3).
Se a altura aumentar à medida que o momento fletor também aumenta, o esforço cortante
poderá ser reduzido, para fins de dimensionamento. Sendo (𝛾) o ângulo da face inferior da viga
(e da armadura longitudinal) com a horizontal, tem-se (vide figura a seguir, à esquerda):
𝑀𝑑 𝑀𝑑
𝑅𝑠𝑑 = ≅ ∆𝑉𝑑 = 𝑅𝑠𝑑 . sen 𝛾 Eq. 7.50
𝑧 .cos 𝛾 𝑑 .cos 𝛾
Logo:
𝑀𝑑 . sen 𝛾 𝑀𝑑
∆𝑉𝑑 = = . tg 𝛾 Eq. 7.51
𝑑 .cos 𝛾 𝑑
A figura a seguir mostra como fica a composição de forças na seção transversal, em que
resulta um esforço cortante para fins de dimensionamento (𝑉𝑟𝑑 ), diferente do esforço cortante
(𝑉𝑑 ) obtido no diagrama de esforços da viga.
CONCRETO ARMADO
104
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Capítulo 8
ADERÊNCIA ENTRE O CONCRETO E O AÇO
Figura 8.1 – Deformações na armadura longitudinal, com aderência e sem aderência, numa
viga de concreto armado
CONCRETO ARMADO
105
105
u x T
onde u é o perímetro da barra (ou barras) e T é o acréscimo de força na armadura causado pelo
acréscimo de momento M. Ainda da Figura 8.2,
M
T
z
Substituindo-se esta expressão na expressão anterior, e tendo em vista que (V=M/x), obtém-
se
V
(8.1)
u z
Tensões de aderência entre a armadura e o concreto estão presentes não apenas em vigas,
que foi o caso aqui analisado. Elas estão presentes também em lajes, pilares, tirantes, etc.
CONCRETO ARMADO
106
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Figura 8.4 – Tensões no concreto que envolve a barra de aço e modos de ruptura do concreto
CONCRETO ARMADO
107
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Numa barra nervurada, por exemplo, as forças exercidas pela barra sobre o concreto que
a envolve estão mostradas na Figura 8.4a. Essas forças inclinadas têm uma componente radial
que causa tensões r sobre o concreto (Fig. 8.4b), e também tensões circunferenciais ct que,
dependendo da espessura do concreto, podem causar um dos modos de ruptura indicados na
Figura 8.4c, o que deve ser evitado.
Devido à segregação do concreto, nas camadas superiores pode haver acúmulo de água
sob as barras horizontais, e, após endurecimento, formação de vazios e poros, o que diminui a
aderência da barra (Figura 8.5).
A Figura 8.6 mostra a grande variação das tensões de aderência, em função da posição e
inclinação da barra quando da concretagem.
CONCRETO ARMADO
108
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Os trechos das barras em outras posições, e quando são empregadas formas deslizantes,
devem ser consideradas em má situação quanto a aderência (item 9.3.1).
CONCRETO ARMADO
109
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onde
3 2
𝑓𝑐𝑡,𝑚 = 0,3 √𝑓𝑐𝑘 - até C50 ou 𝑓𝑐𝑡,𝑚 = 2,12 ℓ𝑛 (1 + 0,11 . 𝑓𝑐𝑘 ) – a partir de C55
(tensões em MPa)
CONCRETO ARMADO
110
110
𝜋. ∅2
ℓ𝑏 . 𝜋 . ∅ . 𝑓𝑏𝑑 = 𝑃 = 𝐴𝑠 . 𝑓𝑦𝑑 = . 𝑓𝑦𝑑
4
Tirando-se
𝜋. ∅2
ℓ𝑏 = = .𝑓
4 . 𝜋 . ∅ . 𝑓𝑏𝑑 𝑦𝑑
Logo, o comprimento de ancoragem básico vale, de acordo com o item 9.4.2.4 da norma:
∅ 𝑓𝑦𝑑
ℓ𝑏 = . . ≥ 25 . ∅ (8.3)
4 𝑓𝑏𝑑
Há situações em que pode haver uma quantidade de armadura superior à necessária, ou optar-se
por adotar gancho na extremidade da ancoragem. Nestes casos, o comprimento de ancoragem
necessário pode ser reduzido, sendo calculado por:
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐
ℓ𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼 . ℓ𝑏 . . ≥ ℓ𝑏,𝑚𝑖𝑛 (8.4)
𝐴𝑠,𝑒𝑓
onde
1,0 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑠𝑒𝑚 𝑔𝑎𝑛𝑐ℎ𝑜
CONCRETO ARMADO
111
111
0,3 . ℓ𝑏
ℓ𝑏,𝑚𝑖𝑛 ≥ 10 . ∅
100 mm
Com exceção das regiões situadas sobre apoios diretos, as ancoragens por aderência
devem ser confinadas (9.4.1.1):
CONCRETO ARMADO
112
112
a ≥ 5cm para gancho de estribo a ≥ 5cm para gancho de estribo a ≥ 7cm para gancho de estribo
Figura 8.11 - Possíveis tipos de ganchos
Para os estribos, os diâmetros de dobramento dos ganchos devem atender aos limites a
seguir (Tabela 9.2 da norma):
CONCRETO ARMADO
113
113
Caso a largura do apoio seja insuficiente, será necessário promover uma curva da
armadura, antes do final da ancoragem. Neste caso, o comprimento de ancoragem terá um
segmento horizontal e outro vertical (ℓ𝑏 = 𝑎 + 𝑏), como mostrado na figura a seguir.
Neste caso, para evitar o fendilhamento do concreto decorrente da curvatura (vide figura
acima), o diâmetro de dobramento deverá atender aos limites da tabela abaixo (item 18.2.2 da
norma).
CONCRETO ARMADO
114
114
ℓ𝑏 = 10∅
n n (8.5)
CONCRETO ARMADO
115
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0,3 . 𝛼𝑜𝑡 . ℓ𝑏
ℓ𝑜𝑐,𝑚𝑖𝑛 ≥ 15 . ∅
200 mm
CONCRETO ARMADO
116
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Figura 8.15 - Armadura transversal nas emendas por traspasse - barras tracionadas
A norma permite que todas as barras comprimidas sejam emendadas na mesma seção da
peça (item 9.5.2.1). Nas emendas por traspasse de barras comprimidas, temos (item 9.5.2.3):
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐
ℓ𝑜𝑐 = ℓ𝑏,𝑛𝑒𝑐 = ℓ𝑏 . ≥ ℓ𝑜𝑐,𝑚𝑖𝑛 (8.7)
𝐴𝑠,𝑒𝑓
0,6 . ℓ𝑏
ℓ𝑜𝑐,𝑚𝑖𝑛 ≥ 15 . ∅
200 mm
Devem ser previstas armaduras transversais, como mostrado na Figura 8.15 (item
9.5.3.4):
Figura 8.16 - Armadura transversal nas emendas por traspasse - barras comprimidas
CONCRETO ARMADO
117
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Para barras de grande diâmetro, as emendas por traspasse podem levar a grande perda de
material, tendo em vista os comprimentos exigidos por norma. Além disso, há a necessidade de
se prever armaduras transversais em maior densidade, o que dificulta os trabalhos de armação e
de concretagem. Para barras de diâmetro (∅ > 32𝑚𝑚), a emenda por traspasse nem mesmo é
admitida.
Nestes casos, é comum a adoção de emendas mecânicas ou por solda. Alguns destes tipos
estão mostrados na Figura 8.15.
CONCRETO ARMADO
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CONCRETO ARMADO