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INSTITUTO MÉDIO POLITÉCNICO DA LUNDA-SUL

ÁREA DE FORMAÇÃO: ELECTRICIDADE, ELECTRÓNICA E

TELECOMUNICAÇÕES

CURSO: TÉCNICO DE ENERGIA E INSTALAÇÕES

ELÉCTRICAS

PROVA DE APTIDÃO PROFISSIONAL

TEMA:

PROPOSTA DE MELHORAMENTO DA ILUMINAÇÃO

PÚBLICA NO BAIRRO MULOMBE ZONA-A

ELABORADO POR:

1- AUGUSTO EUGÉNIO TXAMUANGANA

2- CLAÚDIO F. S. MULULICA

3- EUCLIDES Q. Y. LIVINGUI

4- VANÉSIA A MIANZE

SAURIMO/2022-2023
= INSTITUTO MÉDIO POLITÉCNICO DA LUNDA-SUL =
PROPOSTA DE MELHORAMENTO DA ILUMINAÇÃO

PÚBLICA NO BAIRRO MULOMBE ZONA-A

Trabalho apresentado no Curso


Médio de Energia e Instalações
Eléctricas do Instituto Médio
Politécnico Da Lunda-Sul, como
requesito necessário para a
Classificação da Prova de Aptidão

Orientado Por:

Eng. Gelson Juvenal Jaime Muanza


Declaração de autoridade

Em decisão conjunta, os autores Augusto Txamuangana, Claúdio Mululica, Euclides


Livingui, Vanésia Mianze e o Tutor Eng. Gelson Muanza, certificamos nossa
propriedade intelectual sobre este Trabalho de Fim do Curso com título: “Proposta De
Melhoramento Da Iluminação Pública No Bairro Mulombe Zona-A”. Somos
os únicos autores deste Trabalho de Fim do Curso, e Autorizamos ao Instituto Médio
Politécnico da Lunda-Sul, a fazer uso do mesmo para fins docentes e educativos.

_______________________ _________________________
Augusto Txamuangana Claúdio Mululica
__________________________ __________________________
Euclides Livingui Vanésia Mianze

TUTOR:

-------------------------------------------------------
Eng. Gelson Juvenal Jaime Muanza

COORDENADOR DO CURSO:

-------------------------------------------------------
José Pensamento
Epigrafe

“A verdadeira viagem de descobrimento não consiste em procurar novas paisagens, mas


em ter novos olhos”.

(Marcel Proust)

I
Dedicatória

“Pelo carinho, afeto, dedicação e cuidado que nossos pais nos deram durante toda a nossa
existência, dedicamos esta pesquisa a eles. Com muita gratidão.”

II
Agradecimento

Agradecemos primeiro a Deus por ter nos mantido na trilha certa durante este projeto de
pesquisa com saúde e forças para chegar até o final.

Somos gratos à nossa família pelo apoio que sempre nos deram durante toda vida.

Deixamos um agradecimento especial ao nosso orientador pelo incentivo e pela dedicação


do seu escasso tempo na elaboração deste projeto de pesquisa.

Também queremos agradecer à Instituto Médio Politécnico da Lunda Sul e a todos os


professores do curso de Energia e Instalações Eléctricas pela elevada qualidade do ensino
oferecido.

III
Resumo

Neste trabalho buscou-se um estudo teórico acerca de soluções para o setor de


Iluminação Pública do Bairro Mulombe Zona-A que após alterações nas normas que a
regem passa por inúmeras discussões, propondo ideias e alternativas, objetivando um
desenvolvimento da mesma, agregando eficiência energética, agilidade e facilidade em
sua manutenção, e propiciando segurança aos seus usuários. Foi abordada a importância
histórica desde sua criação, como ela chegou em Angola, e como ela vem sendo tratada
perante as organizações que controlam sua geração e distribuição. O que as recentes
alterações nas normas vigentes dizem e o que acarretam. Foram apresentadas ideias que
podem e devem ser aplicadas, como os sistemas de controle e automação para telegestão,
os novos equipamentos que podem e devem ser inseridos nos projetos de iluminação
pública, como as luminárias LED, e a utilização de fontes alternativas de energia nas
instalações do setor, como os poste solares. Por fim, foi mostrado, ainda que
hipoteticamente, a viabilidade financeira de projetos inteligentes no setor de iluminação,
apresentando uma proposta de dimerização em trechos de rodovias em horários de baixo
fluxo.

Palavras chave: Iluminação pública inteligente, eficiência energética, LED, telegestão,


segurança.

IV
Abstract

In this work, a theoretical study was sought about solutions for the Public
Lighting sector of Bairro Mulombe Zona-A, which, after changes in the rules that govern
it, undergoes numerous discussions, proposing ideas and alternatives, aiming at its
development, adding energy efficiency , agility and ease of maintenance, and providing
security to its users. Its historical importance since its creation was discussed, how it
arrived in Angola, and how it has been treated by the organizations that control its
generation and distribution. What the recent changes in current regulations say and what
they entail. Ideas were presented that can and should be applied, such as control and
automation systems for remote management, new equipment that can and should be
included in public lighting projects, such as LED lamps, and the use of alternative energy
sources in the installations sector, such as solar poles. Finally, it was shown, albeit
hypothetically, the financial viability of smart projects in the lighting sector, presenting a
proposal for dimming stretches of highways at low flow times.

Keywords: Public Lighting Smart, energy efficiency, LED, remote management,


dimerization.

V
Índice Geral

Epigrafe .......................................................................................................................................... I
Dedicatória .................................................................................................................................... II
Agradecimento ............................................................................................................................. III
Resumo ......................................................................................................................................... IV
Abstract ......................................................................................................................................... V
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 1
 Objetivo Geral: ...................................................................................................................... 2
 Objetivos Específico: ............................................................................................................ 2
CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO SOBRE IP ...................................................... 4
1.1 A História Da Iluminação Pública .......................................................................................... 4
1.2 Lâmpadas E Luminárias Aplicadas Na iluminação Pública................................................ 5
1.2.1 Lâmpadas ............................................................................................................................. 5
1.2.1.1 Lâmpadas incandescentes ................................................................................................. 6
1.2.1.2 Lâmpadas de descarga ....................................................................................................... 6
1.2.1.2.1 Lâmpada a vapor de mercúrio em alta pressão .............................................................. 7
1.2.1.2.1.1 Aspectos Construtivos ................................................................................................. 8
1.2.1.2.1.2 Princípio de funcionamento ........................................................................................ 8
1.2.1.2.1.3 Espectro de radiação.................................................................................................... 9
1.2.1.2.1.4 Principais características ............................................................................................. 9
1.2.1.2.2 Lâmpadas a vapor de sódio .......................................................................................... 10
1.2.1.2.2.1 Princípio de funcionamento ...................................................................................... 10
1.2.1.2.2.2 Principais características ........................................................................................... 11
1.2.1.2.3 Lâmpada de multivapores metálicos ............................................................................ 11
1.2.1.2.3.1 Princípio de funcionamento ...................................................................................... 12
1.2.1.2.3.2 Espectros de radiação ................................................................................................ 12
1.2.1.2.3.3 Principais características ........................................................................................... 13
1.2.1.2.4 Lâmpada fluorescente de indução magnética ............................................................... 13
1.2.1.2.4.1 Princípio de funcionamento ...................................................................................... 14
1.2.1.2.4.2 Espectro de radiação.................................................................................................. 14
1.2.1.2.5 LED .............................................................................................................................. 15
1.2.1.2.5.1 Espectro de radiação.................................................................................................. 15
1.2.1.2.5.2 Principais características ........................................................................................... 15
CAPÍTULO II: MÉTODOS E MATERIAS ............................................................................... 17
2.1. Caracterização do Bairro Mulombe ..................................................................................... 17
2.1. Estado Actual da IP do Bairro Mulombe Zona-A ................................................................ 17
2.2 Métodos de Controlo e Gestão de Iluminação Pública ......................................................... 17
2.2.1 Medidas de Eficiência ........................................................................................................ 18
2.2.1.1 Desligar focos e circuitos de IP ....................................................................................... 18
2.2.1.2 Substituição de equipamentos por mais eficientes .......................................................... 19
2.2.1.3 Manutenção dos sistemas de iluminação......................................................................... 19
2.2.3 Métodos de Controlo de IP................................................................................................. 19
2.2.3.1 Interruptores crepusculares ............................................................................................. 20
2.2.3.2 Relógios Astronómicos ................................................................................................... 20
2.2.3.3 Sistemas de Telegestão.................................................................................................... 21
2.2.3.3.1 Soluções Stand-Alone .................................................................................................. 23
2.2.3.3.2 Rede Autónoma ............................................................................................................ 23
2.2.3.3.3 Rede interativa.............................................................................................................. 24
2.3 Análise de Caso (Segurança vs Poupança)............................................................................ 25
2.3.1 Estudo de Caso ................................................................................................................... 26
2.5 Resultados da Pesquisa.......................................................................................................... 27
CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 28
RECOMENDAÇÕES ................................................................................................................. 29
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 30
ANEXOS..................................................................................................................................... 31
Anexo I – Relés Fotoeléctricos. .................................................................................................. 31
Anexo II – Estrutura básica da IP com Sistema de Controle. ..................................................... 31
Anexo II – Tipo lámpas usadas na IP .......................................................................................... 32
Anexo III – Interruptores Horários.............................................................................................. 33
Anexo IV – Interruptores Crepusculares ..................................................................................... 33
Anexo V – Interruptores Crepusculares ...................................................................................... 33
Índice de Figuras Pág.

Figura 1 Sistema de um circuito completo de iluminação básico 5


Figura 2 Modelo tradicional de lâmpada incandescente 6
Figura 3 Esquema de funcionamento simplificado de lâmpada de descarga 7
Figura 4 Lâmpada de vapor de mercúrio 8
Figura 5 Distribuição espectral típica de uma lâmpada de mercúrio em alta 9
pressão
Figura 6 Modelos tubular e ovoide de lâmpadas a vapor de sódio, 10
comumente utilizadas em iluminação pública
Figura 7 Distribuição espectral típica de uma lâmpada de vapor de sódio 11
Figura 8 Lâmpada multivapor metálico 12
Figura 9 Distribuição espectral de uma lâmpada de multivapores metálicos 13
Figura 10 Distribuição espectral de uma lâmpada multivapor metálico de 13
cerâmica
Figura 11 Lâmpada de indução magnética, com indutor externo 14
Figura 12 Espectral de uma lâmpada de indução 14
Figura 13 Distribuição espectral da lâmpada de LED 6500K 15
Figura 14 Luminária LED para iluminação pública 16
Figura 15 Uso desnecessário de energia eléctrica 18
Figura 16 Interruptores crepusculares 20
Figura 17 Relógio astronómico 20
Figura 18 Exemplo de perfil de regulação de fluxo 22
Figura 19 Exemplo de funcionamento de um sistema de telegestão com 22
sensores de movimento e direção
Figura 20 Exemplo de funcionamento 23
Figura 21 Comunicação wireless entre luminárias 23
Figura 22 Estrutura do Sistema Inteligente de controlo de IP da Solidmation 24
Índice de Tabelas Pág.

Tabela 1 Grupos de lâmpadas 7


Tabela 2 Comparação entre os 3 tipos de telegestão 25
Lista de Abreviaturas e Siglas

BT Baixa Tensão

CFL Lâmpada Fluorescente Compacta

DREEIP Documento de Referência à Eficiência Energética na Iluminação Pública

ENE Estratégia Nacional para a Energia

FM Fator de Manutenção

HID Lâmpadas de Alta Intensidade de Descarga

HPM Vapor de Mercúrio de Alta Pressão

HPS Vapor de Sódio de Alta Pressão

IP Iluminação Pública IRC Índice de Reprodução de Cor

IV Infravermelho

LED Díodo Emissor de Luz

LPS Vapor de Sódio de Baixa Pressão

MH Iodetos Metálicos

PNAEE Plano Nacional de Ação para a Eficiência Energética

PT Posto de Transformação

UE União Europeia

UV Ultravioleta
INTRODUÇÃO

A Iluminação pública é o serviço que tem o objetivo de prover luz ou claridade


artificial aos logradouros públicos no período noturno ou nos escurecimentos diurnos
ocasionais, incluindo locais que demandem iluminação permanente no período diurno.

Ampliando a definição citada acima a iluminação tem papel preponderante na


qualidade de vida dos habitantes, no aproveitamento dos espaços públicos, na melhoria
da imagem da cidade e no incremento do comércio e do turismo.

Nos últimos anos, significantes investimentos vêm sendo feitos visando melhorar
o acesso e a qualidade nos sistemas de iluminação pública do país, além dos impactos nos
aspectos socioeconômicos, tais investimentos tem como finalidade principal melhorar a
eficiência energética, reduzindo assim o consumo de energia eléctrica. Dados da ENDE
mostram que somente no ano de 2016 os sistemas de iluminação pública de Angola
geraram uma receita de fornecimento de energia eléctrica na casa dos 4 bilhões de Kz,
desse modo a introdução de energias renováveis de forma direta em situações pontuais
pode se mostrar uma alternativa considerável.

O estímulo ao uso eficiente de energia e a busca contínua por fontes alternativas


de energia é a maneira encontrada para diminuir situações causadas pelo exagerado uso
dos recursos energéticos, além de facilitar o acesso à energia eléctrica em locais que não
possuem rede eléctrica, sem comprometer o desenvolvimento econômico e a qualidade
de vida.

90% do sistema de iluminação pública em Angola e em particular na cidade de


Saurimo é feito com o uso de lâmpadas incandescentes ou lâmpadas de vapor a mercúrio.
Hoje dia, novas tecnologias de fonte luminosas estão aparecendo e transformando o
mundo da iluminação, dentre elas: lâmpadas de luz mista, a vapor de mercúrio e a vapor
de sódio de alta pressão. O aparecimento de tecnologias mais eficientes e mais
duradouras, com menor consumo de energia e menor frequência na realização de
manutenção, explica a constante mudança de lâmpadas no setor de iluminação pública.
(EPE, 2014).

1
Apresentando enorme durabilidade e eficiência energética, surge a tecnologia
LED (Light Emitting Diode - diodo emissor de luz). No atual estágio tecnológico, torna-
se possível sua implementação em grande quantidade, pois além de estar em
desenvolvimento constante, apresenta um crescimento contínuo de eficiência (Gelson
Muanza).

Em função da extensão do assunto, este trabalho retrata sobre a Proposta De


Melhoramento Da Iluminação Pública No Bairro Mulombe Zona-A, o que não
significa que os conceitos apresentados não possam ser utilizados em outras
operações, desde que se faça os devidos ajustes.

 Justificativa do Tema:
A falta de sistemas de controle e manutenção nos circuiros de iluminação pública do
Bairro Mulombe na Zona-A, levou-nos nessa pesquisa com o objetivo de melhorar o
mesmo e contribuir na eficiência e bom funcionamento da IP.

 Problema Científico:
Como contribuir para melhorar o circuito de iluminação pública do Bairro Mulombe na
Zona-A.

 Objeto de Estudo:
Circuito Eléctrico de Baixa Tensão

 Campo de Ação:
Melhoramento do Circuito de Iluminação Pública do Bairro Mulombe (Zona-A)

 Objetivo Geral:
O objetivo desta dissertação consiste em explorar a possibilidade de instalação de novas
tecnologias na IP para melhorar a eficiência energética.

 Objetivos Específico:
1 – Demonstrar aplicação de dispositivos para gestão e controle da iluminação pública em
seus vários segmentos;

2
2 – Reduzir o desperdício energético, aumentado a eficiência da iluminação pública no
planejamento de projetos inteligentes, utilizando materiais e equipamentos mais
adequados;

 Tarefas de Investigação:
1- Revisão da bibliografia sobre Circuitos de Iluminação Pública.

2- Caracterização do estado actual sobre a Iluminação Pública do Bairro Mulombe na


Zona-A.

 Hipótese do Trabalho:
Se se elaborar estudos sobre o melhoramento da IP na Zona-A do Bairro Mulombe
usando dispositivos de controle assim como novas tecnologias de iluminação pública,
ajudaria na locomução de pessoas e bens dentro da localidade isto é, no periodo noturno
e garantido eficiência energética no circuito de iluminação.

 Metodologias de Investigação:

- Método Empírico: Este método é usado para determinar o problema real.

- Análise e Sítese: O método de análisis e síntese usa-se em todo processo para a


dedução do problema real.

- Método Histórico: Usa-se este método porque permite-nos a desenvolver o objeto de


estudo.

3
CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO SOBRE IP

1.1 A História Da Iluminação Pública

A evolução humana está diretamente ligada à utilização da luz natural e artificial,


visto que a visão está relacionada ao desenvolvimento do cérebro desde as formas de vida
mais primitivas. Um dos fatores utilizados para avaliar o desenvolvimento de uma
sociedade é o nível de iluminação disponível (VASCONCELLOS & LIMBERGER,
2013).

Há indícios, que iluminação pública tem sua primeira aparição por volta de 1415,
na Inglaterra, quando comerciantes locais preocupados com a incidência de assaltos e alta
criminalidade solicitaram alguma providencia. Registros indicam ainda que Paris
(França), em 1662, foi a primeira cidade a ter um serviço público de iluminação,
composto por luminárias a azeite e velas de cera. Esta iluminação acabou proporcionando
uma sensação de segurança não existente anteriormente, assim aumentando o número de
pessoas nas ruas e incrementando as atividades comerciais até horários mais avançados
(VASCONCELLOS LIMBERGER, 2013).

Nos Estados Unidos, em 1879, foram instaladas as primeiras lâmpadas elétricas


para iluminação pública. Um conjunto de doze lâmpadas a arco voltaico foi instalado na
Public Square, Cleveland. Somente no século XX os sistemas elétricos tornaram-se
confiáveis o suficiente para que apenas lâmpadas elétricas fossem utilizadas. Até então o
sistema de iluminação pública era misto, composto por lâmpadas elétricas, alternadas
com lampiões a combustível (CLDC, 2005).

Ao longo da história, percebe-se então que a iluminação pública está associada à


sensação de conforto e segurança da população nas ruas, sensação essa devido a possível
identificação de objetos e pessoas, bem como desenvolvimento local com o aumento das
atividades comerciais noturnas, o que acabou alterando os hábitos da sociedade e seu
modo de vida (VASCONCELLOS & LIMBERGER, 2013).

4
1.2 Lâmpadas E Luminárias Aplicadas Na iluminação Pública

As tecnologias empregáveis para iluminação pública, que vivem em constantes


transformações, são amplamente usadas sem padronização. A divergência de maior
atenção é a eficiência oferecida para a mesma aplicação.

A análise técnica terá como marco inicial a análise dos dados cadastrais do sistema
de iluminação pública existente e das especificações contidas nos catálogos dos
fabricantes, onde se obtém as principais características técnicas dos componentes a serem
substituídos.

Serão descritos os componentes da iluminação pública (IP), conforme a Figura 1.

Figura 1 - Sistema de um circuito completo de iluminação básico.

1.2.1 Lâmpadas

Para as lâmpadas, levar-se-á em conta os: tipo, potência, quantidade, vida útil,
fluxo luminoso, índice de reprodução de cor (IRC), temperatura (cor).

5
1.2.1.1 Lâmpadas incandescentes

Comercializadas desde 1907, a lâmpada incandescente é a mais popular dentre


todas as tecnologias de fontes luminosas disponíveis. A produção da luz ocorre pelo
aquecimento de um filamento, normalmente fabricado em tungstênio, por corrente
elétrica. A Figura 2 representa a lâmpada incandescente. Para que não haja a queima
precoce do filamento, ele é montado dentro de um bulbo com gases inertes, como o
argônio e o nitrogênio.

Figura 2 - Modelo tradicional de lâmpada incandescente.

Para os sistemas de iluminação pública esta lâmpada não é indicada devido à sua
baixa eficiência luminosa, em torno de 20 lm/W, e baixa vida mediana, que é cerca de
1000 h. No entanto ainda são aplicadas em grande escala em residências, devido
principalmente ao baixo custo de aquisição, em comparação com as demais fontes
luminosas. Além disso, o índice de reprodução de cor é de 100 % e a temperatura de cor
é 2400 K, considerada quente, o que proporciona ao ambiente uma maior sensação de
conforto.

1.2.1.2 Lâmpadas de descarga

Nesta subseção serão apresentadas as chamadas lâmpadas de descargas. São


lâmpadas cuja produção de luz é obtida pela excitação de gases através da descarga
elétrica entre eletrodos, conforme Figura 3.

6
Figura 3 - Esquema de funcionamento simplificado de lâmpada de descarga.

São divididas em vapor metálico a alta pressão e vapor metálico a baixa pressão.
A Tabela 1 mostra estes grupos com os respectivos tipos de lâmpadas.

Tabela 1- Grupos de lâmpadas.

Lâmpadas a vapor de mercúrio


Alta Pressão Luz mista
Vapor de sódio
Vapor de mercúrio de Iodetos metálicos
Baixa Pressão Vapor de sódio
Vapor de mercúrio (fluorescente)

Dentre os tipos mencionados serão apresentados apenas aquelas comumente


utilizadas em Iluminação Pública em Saurimo. Durante a ignição aplica-se uma alta
tensão, da ordem de alguns quilovolts, por um curto período, da ordem de alguns
microssegundos.

1.2.1.2.1 Lâmpada a vapor de mercúrio em alta pressão

A lâmpada a vapor de mercúrio, comercializada a partir de 1908, tem sua produção de


luz através da excitação de gases provocada por corrente elétrica.

7
1.2.1.2.1.1 Aspectos Construtivos

É constituída de um tubo de descarga transparente, conforme Figura 3.4, de


dimensões reduzidas inserido em um bulbo de vidro, revestido internamente com uma
camada de "fósforo" para correção do índice de reprodução de cor. O tubo de descarga
contém vapor de mercúrio à pressão de 2 a 4 atmosferas e argônio a 0.03 atmosferas. O
argônio atua como gás de partida, reduzindo a tensão de ignição e gerando calor para
vaporizar o mercúrio. O tubo de descarga é de quartzo para suportar temperaturas
superiores a 340 °C e evitar absorção da radiação ultravioleta emitida pela descarga. O
bulbo de vidro transparente, com formato ovoide, contém nitrogênio, formando uma
atmosfera protetora para: reduzir a oxidação de partes metálicas, limitar a intensidade da
radiação ultravioleta que atinge o revestimento de "fósforo" e melhorar as características
de isolação térmica.

Figura 4 - Lâmpada de vapor de mercúrio.

1.2.1.2.1.2 Princípio de funcionamento

Nos instantes iniciais da descarga, a lâmpada emite uma luz verde clara. A
intensidade luminosa aumenta gradativamente até estabilizar-se após 6 a 7 minutos,
quando a luz se torna branca com uma tonalidade levemente esverdeada. A descarga de
mercúrio no tubo de arco produz uma energia visível na região do azul e do ultravioleta.
O fósforo, que reveste o bulbo, converte o ultravioleta em luz visível na região do
vermelho.

8
1.2.1.2.1.3 Espectro de radiação

A radiação é fruto da composição final da luz azulada do argônio e da luz


amarelada do mercúrio. Apresenta-se em uma luz branco- azulada, com emissões na
região do amarelo, verde e azul sem a radiação vermelha. No quadro abaixo analisa-se o
caso de uma lâmpada de 400 W onde aproximadamente metade deste valor é
transformado em radiação:

Para melhorar o aspecto da luz emitida utiliza-se uma composição fluorescente


para transformar parte da luz ultravioleta, cerca de 10 % desta, em radiação visível.

A Figura 5 demonstra a distribuição espectral de uma lâmpada típica:

Figura 5 - Distribuição espectral típica de uma lâmpada de mercúrio em alta pressão.

1.2.1.2.1.4 Principais características

A característica da impedância desta lâmpada após a partida é de alta condutância,


sendo necessária a utilização de reatores para limitar a corrente elétrica de alimentação.
Estes equipamentos são mais eficientes que as incandescentes e possuem maior vida
mediana (de 11000 a 12000 horas), sendo muito empregadas em sistemas de iluminação
públicas até os dias de hoje.

O Índice de reprodução de cor (IRC) é pouco expressivo, de 40 a 57. O rendimento


luminoso varia desde os 36 lm/W aos 60 lm/W. É uma lâmpada pouco eficiente, pois a
maior parte da potência é transformada em radiação (uma lâmpada de 400 W, cerca de
60 W é transformada em luz visível).

9
1.2.1.2.2 Lâmpadas a vapor de sódio

A lâmpada a vapor de sódio em alta pressão, comercializada a partir de 1955, tem


princípio de funcionamento muito similar a vapor de mercúrio, tendo como diferença
básica a adição do sódio, e que devido suas características físicas exige que a partida seja
feita mediante a um pico de tensão da ordem de alguns kV com duração da ordem de
microssegundos.

Figura 6 - Modelos tubular e ovoide de lâmpadas a vapor de sódio, comumente


utilizadas em iluminação pública.

1.2.1.2.2.1 Princípio de funcionamento

O funcionamento de uma lâmpada de vapor de sódio de alta pressão assenta na


ionização de uma mistura de vapores de sódio e de mercúrio metálicos obtidos a partir da
evaporação de uma pequena quantidade de amálgama de sódio mantida na parte mais
arrefecida da lâmpada. Após o arranque promovido pela ionização do xénon, a
temperatura da amálgama sobe rapidamente em função da potência dissipada pelo plasma
formado pelo xénon. À medida que a temperatura da amálgama aumenta, aumentam as
pressões parciais dos vapores metálicos no interior da lâmpada, o que por sua vez leva à
diminuição da sua resistência elétrica, com o consequente aumento da corrente e da
dissipação de energia, até ser atingida a Espectro de radiação.

Seu espectro de cor é superior ao de vapor de mercúrio, pois as condições de


pressão e temperatura a qual o sódio é submetido nesta lâmpada, fazem com que às linhas
do espectro monocromático sejam, por interferência construtiva e destrutiva, acrescidas
outras linhas espectrais.

10
Apresenta uma cor amarela alaranjada característica que em geral provoca uma
sensação mais agradável se comparada a de vapor de mercúrio. Esta característica pode
ser observada na Figura 7.

1.2.1.2.2.2 Principais características

É largamente empregada em IP devido as características de eficiência e longa


durabilidade, porém com baixo índice de reprodução de cores. É mais barata se
comparada a de vapor de mercúrio.

Possui índice de reprodução de cor (IRC) de 30, com a cor amarelada da luz
emitida. Rendimento luminoso de até 120 lm/W e vida útil mediana de 16000 h. A
eficiência da lâmpada é o dobro se comparada ao vapor de mercúrio, ou seja, de 400 W,
120 W são convertidos em luz visível.

Figura 7 - Distribuição espectral típica de uma lâmpada de vapor de sódio.

1.2.1.2.3 Lâmpada de multivapores metálicos

Esta lâmpada, comercializada a partir de 1964, é uma evolução da tecnologia a


vapor de mercúrio, sendo fisicamente semelhante a vapor de sódio.

11
1.2.1.2.3.1 Princípio de funcionamento

O princípio é semelhante ao vapor de mercúrio, porém a adição de iodetos


metálicos, conferiu à fonte luminosa maior eficiência luminosa.

A Figura 8 demonstra a lâmpada de multivapores metálicos, que de acordo com


o fabricante possui uma vida útil de 12000 h e um IRC de 69.

Figura 8 - Lâmpada multivapor metálico.

1.2.1.2.3.2 Espectros de radiação

A Figura 9 exemplifica a distribuição espectral para lâmpadas de multivapores


metálicos para duas temperaturas de cor diferentes respectivamente 3000 K e 4000 K. É
possível notar que a luz emitida ocupa praticamente todo espectro aproximando- se do
espectro da “luz do dia”.

Comparando o espectro representado na Figura 9 com o da Figura 10 podemos


afirmar que as lâmpadas de cerâmica apresentam uma maior intensidade para os
comprimentos de onda ao longo do espectro.

12
Figura 9 - Distribuição espectral de uma lâmpada de multivapores metálicos.

Figura 10 - Distribuição espectral de uma lâmpada multivapor metálico de cerâmica.

1.2.1.2.3.3 Principais características

Apresenta alto IRC e alta eficiência luminosa, 95 lm/W, IRC de 65 a 96 e vida útil
chega a 20000 h. A temperatura de cor vai de 3000 a 6000 K. A luz produzida é
extremamente brilhante, realçando e valorizando espaços; por estes motivos esta lâmpada
é empregada em sistemas de iluminação pública em locais em que se busca também o
embelezamento urbano. São muito utilizadas em estádios de futebol e vitrines de
shopping. São lâmpadas indicadas para locais onde a qualidade da luz é primordial.

1.2.1.2.4 Lâmpada fluorescente de indução magnética

Esta tecnologia foi desenvolvida recentemente e o princípio básico de


funcionamento é a excitação do mercúrio e dos gases nobres em seu interior através da

13
aplicação de um campo magnético externo oscilante de altíssima frequência, da ordem de
250 kHz.

1.2.1.2.4.1 Princípio de funcionamento

As lâmpadas de indução são fontes de luz que combinam o princípio da indução


eletromagnética com o da descarga de gás. Seu funcionamento é simples: o gás argônio
presente no interior da ampola, ao ser excitado por uma corrente elétrica produz luz
ultravioleta não visível que, ao atingir a camada interna de fósforo depositada nas paredes
internas do bulbo, se transforma na luz clara que enxergamos, conforme mostrado na
Figura 11.

1.2.1.2.4.2 Espectro de radiação

Possui aspecto de cor branca, e maior intensidade nos comprimentos de onda


entre 500 e 650 nm como observado na Figura 12.

Figura 11 - Lâmpada de indução magnética, com indutor externo.

Figura 12 - Espectral de uma lâmpada de indução.

14
1.2.1.2.5 LED

Tem-se observado a crescente evolução da tecnologia das luminárias para


iluminação pública utilizando como fonte luminosa o LED. Diferentemente das lâmpadas
incandescentes ou de descarga, que emitem luz através da queima de um filamento ou
pela ionização de alguns gases específicos, o LED produz sua luminosidade, basicamente,
através da liberação de fótons provocada quando uma corrente elétrica flui através deste
componente.

1.2.1.2.5.1 Espectro de radiação

Não apresenta emissão de raios UV ou IV pois é adicionado um composto a base


de fósforo para converter essa radiação em luz visível para se obter a luz branca, conforme
mostrado na Figura 13.

Figura 13 - Distribuição espectral da lâmpada de LED 6500K.

1.2.1.2.5.2 Principais características

Por se tratarem de fontes luminosas com facho de luz bem direcionado, livres de
metais pesados, com alta vida mediana, cerca de 50.000 h, alta eficiência – cerca de 150
lm/W, resistentes a vibrações, elevado IRC de 60 à 94 e com flexibilidade na escolha da
temperatura de cor, há a expectativa de que os equipamentos empregando estes
componentes sejam no futuro a alternativa mais viável para sistemas de iluminação. O
LED não precisa de ignitor para acender, que faz com que tenha menor distorção
harmônica na rede durante o acendimento. Na Figura 3.14 tem-se a representação de

15
luminária de LED para iluminação Pública, o qual nota-se ser mais compacta que as
luminárias de ignição.

Figura 14 - Luminária LED para iluminação pública.

16
CAPÍTULO II: MÉTODOS E MATERIAS

2.1. Caracterização do Bairro Mulombe

O bairro Mulombe é um bairro periférico pertecente na cidade de Saurimo. Este,


está composto aproximadamente com 12.050 residências (segundo os dados da
administração local).

2.1. Estado Actual da IP do Bairro Mulombe Zona-A

Quanto a serviços energéticos, este conta com um total de 149 postes com
circuitos de iluminação, sendo, 89 em bom estado de funcionamento, 20 não funcionam
e 40 funcionam 24 horas do dia. E, cada fonte de luz (lâmpada) possui de potência 400W.
O bairro em estudo é alimentado pelo PT62 e PT72.

2.2 Métodos de Controlo e Gestão de Iluminação Pública

A adoção de tecnologias energeticamente eficientes não deve, sob nenhuma


hipótese, prejudicar o conforto e a satisfação dos utilizadores. Na sua forma mais simples,
um sistema de iluminação eficiente pode ser obtido através da otimização de duas
variáveis, o tempo de utilização e a potência instalada.

O número de circuitos de IP têm continuado a crescer, tal como o preço da energia.

Com a crise económica, o sobre-endividamento de uma grande parte dos


municípios e a maior sensibilidade das populações para uma maior eficiência energética
na IP, começaram a surgir novos intervenientes, novas tecnologias e variadas soluções,
todas prometendo, mais ou menos, poupança de energia e, consequentemente, redução de
custos. Umas passam por tirar o que existe e colocar novos equipamentos enquanto outras
passam por aproveitar o que existe, substituindo um ou mais componentes para uma maior
poupança de energia.

Uma das primeiras coisas a fazer ao nível da gestão da IP de um município deve


passar pela elaboração do cadastro de IP, ou seja, fazer um levantamento de todos os
componentes de IP instalados (nº de circuitos, luminárias, tipo de lâmpadas, consumos,
balastros, sensores, etc). Foi com este propósito que o Centro Português de Iluminação
(CPI) lançou o Manual de boas Práticas para Cadastro de IP, explicitando as metodologias
17
e modelos de dados (organização, classes de objetos e atributos) que deverão ser
contemplados. Apenas com um cadastro da Iluminação Pública de qualidade e integrado
será possível tomar medidas de gestão conscientes e conducentes a uma efetiva eficiência
energética na Iluminação Pública.

2.2.1 Medidas de Eficiência

As medidas de eficiência acarretam consigo trés elementos fundamentais, que são:

 Desligar focos e circuitos de IP;


 Substituição de equipamentos por mais eficientes;
 Manutenção dos sistemas de iluminação.

2.2.1.1 Desligar focos e circuitos de IP

Uma das medidas implementadas em Saurimo nos últimos anos para reduzir
custos com a energia na IP tem sido simplesmente desligar luminárias, muitas vezes
ficando com uma ligada e uma desligada alternadamente. Outra forma passa por desligar
circuitos de iluminação inteiros (ruas, aldeias, etc). Estes métodos apesar de garantirem
poupança energética, não podem ser considerados medidas de aumento de eficiência
energética mas sim de apenas poupança energética.

Figura 15 - Uso desnecessário de energia eléctrica.

18
2.2.1.2 Substituição de equipamentos por mais eficientes

A primeira coisa que se pensa quando se quer obter eficiência ao nível de uma
luminária de IP é substituir a lâmpada por uma que garanta a mesma luminância, mas
tenha uma eficiência energética superior. Isto vem a ser feito nos últimos anos, tendo sido
substituídas as lâmpadas de HPM por HPS ou ultimamente começado a instalar-se
lâmpadas ou luminárias LED em vez de HID. Isto permite eficiência através da poupança
da diferença de energia consumida entre as duas tecnologias.

Outra forma de substituição de equipamentos consiste na substituição de balastros


convencionais por balastros eletrónicos, o que permite poupanças consideráveis de
energia ao aumentarem a eficiência das lâmpadas em cerca de 20%. Permitem a regulação
do fluxo luminoso, que pode ser conseguida através de balastros eletrónicos reguláveis.
Outra vantagem importante é o de proporcionarem arranques suaves às lâmpadas
aumentando assim a sua vida útil e reduzindo os seus custos de manutenção. A principal
desvantagem destes balastros é o seu preço superior.

2.2.1.3 Manutenção dos sistemas de iluminação

A operação e manutenção da IP é um enorme desafio devido ao vasto número de


componentes inseridos numa rede. Todos os sistemas de iluminação irão deteriorar-se
progressivamente a partir do instante inicial de funcionamento, em parte devido à
acumulação de poeiras e lixo em todas as superfícies expostas das fontes de luz e/ou das
luminárias. Uma manutenção regular é, então, extremamente importante para manter a
eficiência de uma instalação, assegurando uma aparência satisfatória e segurança para os
utilizadores.

2.2.3 Métodos de Controlo de IP

Existem diversos sistemas de controlo de IP, estando a surgir novas tecnologias


de gestão cada vez mais eficientes. Aqui serão abordados os principais usados. Existem
os que simplesmente permitem controlar o momento a que se ligam e desligam os
circuitos de IP, funcionando num sistema ON/OFF (Sensores crepusculares e Relógios
Astronómicos), e os reguláveis (Reguladores de Fluxo e Sistemas de telegestão).

19
2.2.3.1 Interruptores crepusculares

Utilizam sensores de luz ambiente, também conhecidos como sensores


crepusculares, que permitem o controlo da IP. A célula fotoelétrica existente no
interruptor crepuscular reage à mudança de luminosidade, ligando ou desligando a
iluminação conforme o nível de luminosidade estipulado, permitindo, desta forma, gerir
racionalmente o funcionamento dos circuitos de IP. A colocação da fotocélula poderá ser
no PT, enviando o sinal a um conjunto de circuitos de luminárias, ou então poderá ser
parte integrante de cada ponto de iluminação individual.

Figura 16 - Interruptores crepusculares.

2.2.3.2 Relógios Astronómicos

Os relógios astronómicos são equipamentos que efetuam o cálculo diário, com


base em fórmulas astronómicas, do número de horas de sol, da hora a que o sol nasce e
se põe, para determinada latitude de qualquer lugar da Terra. A instalação de relógios
astronómicos permite aos equipamentos de iluminação pública serem ligados ao pôr-do-
sol e desligados com o nascer do sol. Estes equipamentos permitem ser programados de
forma a ligarem ou desligarem após o pôr-do-sol ou antes do nascer do sol,
respetivamente.

20
Figura 17 - Relógio astronómico.

2.2.3.3 Sistemas de Telegestão

Os sistemas de telegestão são ferramentas usadas para gerir, controlar e


monitorizar redes de IP. Estes sistemas de telecomunicações permitem gerir remota e
individualmente as luminárias individuais fazendo pleno uso dos seus parâmetros
operacionais. Oferecem novas maneiras de lidar com o uso eficiente da energia para IP.
Quando combinada com outros componentes específicos, esta tecnologia facilita uma
precisa e seletiva variação de intensidade luminosa de cada luminária. Cada luminária
recebe individualmente informações de configuração que melhor se adaptem à sua função
específica. É possível configurar com precisão a quantidade de luz necessária em
quaisquer circunstâncias, controlando a quantidade de energia utilizada.

O uso de LEDs em sistemas de telegestão é fulcral para maximizar o potencial


destes sistemas, embora muitos deles funcionem com lâmpadas de HID.

Existem vários sistemas de telegestão desenvolvidos e vendidos por diversas


empresas. Por exemplo a Schréder disponibiliza o sistema de telegestão OWLET cujas
vantagens incluem a sua natureza open-source, transmissão bidirecional e o uso do
protocolo ZigBee. Este sistema oferece três fatores de poupança de energia:

 Fluxo Luminoso Constante (Constant Lumen Output - CLO) que controla com
maior precisão o fluxo luminoso ao longo da vida útil da luminária e fornece-lhe
apenas a energia necessária (economia de 8-10%);
 Potência Virtual de Saída (Virtual Power Output - VPO) que permite variar a
intensidade luminosa de uma luminária para que esta corresponda às

21
necessidades, sem haver necessidade de ter um sobredimensionamento de
iluminação devido às potências das lâmpadas serem definidas pelos fabricantes
(economia de até 25%);
 Saída Seletiva e Dinâmica do Lúmen (Selective Dynamic Lumen Output -
SDLO) que permite ajustar a intensidade luminosa em função da densidade de
tráfego, fazendo regulação de fluxo, sendo uma forma muito eficaz de poupança
de energia e manter segurança (economia de até 40%).

Figura 18 - Exemplo de perfil de regulação de fluxo.

Estes sistemas de telegestão, para uma maior eficácia, têm agrupado vários tipos
de equipamentos como sensores de luz, sensores de movimento, sensores de velocidade
e direção que permitem uma melhor adaptabilidade da iluminação.

Figura 19 - Exemplo de funcionamento de um sistema de telegestão com sensores de


movimento e direção.

Os sistemas de telegestão, atualmente, podem-se dividir em 3:

 Stand-Alone;

22
 Rede Autónoma; e
 Rede interativa.

2.2.3.3.1 Soluções Stand-Alone

Neste tipo de solução cada luminária comporta-se de forma independente, graças


à sua própria unidade de controlo. São soluções recomendadas para áreas de atividade
não linear, como áreas pedonais e parques. O funcionamento da luminária pode ser
desencadeado com recurso aos sensores descritos anteriormente. Um exemplo de
funcionamento pode ver-se na figura 20, onde a luminária sobre o peão está a 100% da
sua capacidade de iluminação, estando as restantes luminárias, sem ninguém, só a 50%.

Figura 20 - Exemplo de funcionamento.

2.2.3.3.2 Rede Autónoma

Oferece mais flexibilidade que a solução stand-alone e um leque mais amplo de


possibilidades em termos de interação. As luminárias comunicam entre si através de uma
rede wireless, disponibilizando assim perfis dinâmicos de dimming. O cenário de
dimming autónomo pode ser reforçado com recurso a detetores de movimento. Para
comandar a instalação, os sensores podem ser centralizados ou descentralizados. Para
garantir a segurança e conforto dos utilizadores, logo que o movimento é detetado, o
cenário de deteção impõe-se sobre o cenário de dimming. A rede autónoma Owlet é
perfeitamente adequada para praças, parques de estacionamento, parques urbanos,
armazéns, campos desportivos, estradas, ruas...

23
Figura 21 - Comunicação wireless entre luminárias.

2.2.3.3.3 Rede interativa

Numa rede interativa de controlo central, o computador central recebe informação


de todos os sensores e envia comandos para a rede inteligente de IP, com um interface
web para gerir individualmente cada luminária a partir de qualquer lugar do mundo.

Existem diversos sistemas análogos disponíveis no mercado de várias empresas,


tais como a Divamia, a Shcréder ou a Solidmation. Analisando mais em pormenor as
características do Sistema Inteligente de Controlo de IP da Solidmation, na figura 4.8,
observa-se que cada luminária incorpora um Módulo Controlador de Luminárias (MCL),
permitindo assim que o mesmo dispositivo informe o centro de controlo dos dados de
operação, alarmes e eventos. As luminárias são agrupadas em sub-redes (ou segmentos)
comandadas pelos Controladores de Segmentos de Luminárias (CSL). O tamanho da sub-
rede pode variar dependendo da disposição do grupo de luminárias. Em média existe um
concentrador de segmento a cada 150 módulos controladores de luminárias.

As luminárias e os controladores de segmentos estão conectados com a tecnologia


de comunicação ZigBee, que é o padrão mais adotado na comunicação sem fios em todo
o mundo. Segundo as suas especificações, este tipo de comunicação adapta-se bem às
características geográficas da instalação existente de IP.

Os controladores de segmento e o centro de controlo estão conectados com


ligações seguras (SSL) baseadas na Internet com comunicações TCP/IP, ADSL, 3G ou
GSM dependendo da cobertura de rede de cada região, ou pela fibra ótica nas regiões que
não tem infraestrutura de comunicações.

24
Figura 22 - Estrutura do Sistema Inteligente de controlo de IP da Solidmation.

Tabela 2 - Comparação entre os 3 tipos de telegestão.

2.3 Análise de Caso (Segurança vs Poupança)

Vários estudos efetuados ao longo das últimas décadas demonstraram que tanto o
número de acidentes como a gravidade das lesões sofridas nestes são influenciados
negativamente pela ausência de iluminação ou iluminação reduzida. Num dos maiores

25
trabalhos desenvolvidos nos últimos anos nesta área, na tese de doutoramento de P. O.
Wanvik, este concluiu que a iluminação noturna nas estradas reduz os acidentes com
ferimentos em 30%, sendo os seus principais efeitos:

 Redução de 60% de lesões fatais;


 Redução de 45% de acidentes com peões, resultando em lesões;
 Redução de 50% de acidentes com feridos.

A AFE (Agência Francesa de Iluminação) elaborou um estudo, feito num


simulador onde o ambiente e as condições do condutor (fadiga, iluminação, clima,
condição da estrada,…) foram controlados e registados, onde se recriava uma situação de
acidente para testar as reações do motorista. Nesse estudo verificou-se que nas zonas
iluminadas os condutores tinham uma melhor antecipação e um menor número de
acidentes do que nas zonas não iluminadas.

Visto que a iluminação é uma necessidade, de forma a garantir uma maior


segurança nos utilizadores das vias, deve-se procurar uma forma de manter a segurança e
garantir economia de energia.

Neste sentido surgem dois parâmetros adicionais para estimar a eficiência da


luminária ou da instalação:

Nível de serviço: percentagem de utilizadores (veículos, peões, ciclistas, etc) que


beneficiam da iluminação noturna.

Nível de perda: relação entre o tempo acumulado de ausência de utilizadores a


partir da luz ser ligada e, a duração da noite.

2.3.1 Estudo de Caso

Com vista a implementar e testar alguns dos conceitos e tecnologias descritas


anteriormente, neste ponto é feito um estudo concreto sobre IP. Serão analisados dois
casos: um em que é projetada uma requalificação total do sistema de IP existente e outro
aproveitando o que se tem e só alterando o modo de funcionamento.

26
2.5 Resultados da Pesquisa

Atendendo ao Objetivo Geral do presente trabalho, desenvolveu-se matrizes com


o intuito de fornecer informações necessárias para que os gestores urbanos possam avaliar
como implantar as tecnologias estudadas de forma ajustada ao cenário angolano e em
particular na cidade de Saurimo, de maneira que as aplicações propostas no trabalho
possam trazer benefícios diretos e indiretos para as cidades e cidadãos.

Para cada uma das soluções apresentadas no estudo realizado, foi abordado uma matriz
de critérios e suas implicações, para o setor público e para a sociedade. Por fim, foi feita
uma análise global dos critérios, que cruzam os critérios mais relevantes das adoção do
LED. Na infraestrutura de Iluminação Pública estudadas, reunidas em uma Matriz
Multicritério para Iluminação Pública Inteligente, onde são expostas as oportunidades e
riscos das soluções selecionadas, enfatizando os aspectos econômicos e regulatórios sob
a perspectiva do setor público e os aspectos sociais com uma abordagem centralizada no
interesse público.

27
CONCLUSÃO

A Iluminação Pública é um serviço essencial para as cidades. Com ela, é possível


aumentar os níveis de visibilidade no período noturno, e consequentemente o aumento da
segurança e bem-estar dos cidadãos. A utilização de fontes alternativas na IP, como os
postes solares e híbridos, é uma ideia que está sendo aceita e vista como uma solução
importante para os municípios. Dizer que, usando dispositivos capazes de controlar os
sistemas de IP ajudam a minimizar o uso abusivo de energia em periodos inadequados.
Através de investimentos no setor, as comunidades podem obter um significante retorno
com os ativos de IP. Com investimentos conscientes e ideias inovadoras, podem ser
capazes de desenvolver projetos que garantam uma melhor estrutura aos seus cidadãos.
Como demonstrado ao longo desse trabalho, uma iluminação pública de qualidade é capaz
de oferecer aos habitantes de uma comunidade, o conforto de uma cidade agradável aos
olhos durante os períodos noturnos.

28
RECOMENDAÇÕES

1- Recomendamos a todos profissionais e técnicos da Empresa Nacional de


Distribuição de Energia (ENDE), para que intensifiquem mais na manutenção das
IP.
2- Ao governo local, criar uma direção com a finalidade de estarem a fazer inspeção
nas vias públicas no que tange a IP.

29
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFIA

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5101: Iluminação Pública. Rio
de Janeiro: ABNT, 2012a. 35p.

_. NBR 15129: Luminárias para iluminação pública - Requisitos particulares. Rio de


Janeiro: ABNT, 2012b. 16p.

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High Intensity Street Lights. 2016. Disponível em: <https://www.amaassn.org/ama-
adopts guidance-reduce-harm-high-intensity-street-lights>. Acesso em: 20 jun. 2018.

ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica. Resolução Homologatória nº 2.289 de


22 de agosto de 2017. Resultado da quarta Revisão Tarifária Periódica –RTP da
Companhia Energética do Maranhão. 2017. Disponível em:
<http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/audiencia/arquivo/2017/027/resultado/reh2017
2289ti.pdf>. Acesso em: 05 de junho 2018.

CANADIAN SOLAR. CS6K- 260|265|270|275 P. Datasheet CS6K-P. Disponível em:


<https://www.canadiansolar.com/>. Acesso em: 03 junho 2018.

CIDADE SOLAR. Poste Solar Autônomo - 1 Luminária Pública – Fixação Engastado.


Disponível em: <http://www.lojacidadesolar.com.br/postes- solares/poste-solar-
autonomo-1-luminaria-publica-fixacao-engastado>. Acesso em: 04 junho 2018.

CONEXLED. Luminária Pública LED Modular Linha Una – CLU. Datasheet CLU- 200.
Disponível em: <www.conexled.com.br>. Acesso em: 03 junho 2018.

LOPES, S. B. Eficiência Energética em Sistemas de Iluminação Pública.. Dissertação de


Mestrado. Universidade de São Paulo. São Paulo, 2002.

____. Projetor LED - Iluminação Modular LED. Catálogo técnico EZL1006. Disponivel
em: <http://naville.com.br/pt/home/>. Acesso em: 05 junho 2018.

TOTAL LIGHT. Sistemas de iluminação pública. 2018. Disponível em:


<http://totallight.com.br/produtos/suportes-para-fixacao-de-4-petalas-cod-tlex-9530/>.
Acesso em: 20 jun. 2018.

30
ANEXOS

Anexo I – Relés Fotoeléctricos.

Anexo II – Estrutura básica da IP com Sistema de Controle.

31
Anexo II – Tipo lámpas usadas na IP

32
Anexo III – Interruptores Horários

Anexo IV – Interruptores Crepusculares

Anexo V – Interruptores Crepusculares

33

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