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FLAVIA MARIA CRUVINEL

EFEITOS DO ENSINO COLETIVO NA INICIAÇÃO


INSTRUMENTAL DE CORDAS: A EDUCAÇÃO MUSICAL COMO
MEIO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL

Dissertação apresentada como requisito parcial


para a obtenção do título de Mestre em Música,
Programa de Pós-graduação stricto-sensu,
Mestrado em Música na Contemporaneidade,
Escola de Música e Artes Cênicas, Universidade
Federal de Goiás.

Orientadora: Profª Drª Eliane Leão

GOIÂNIA
2003
iii

TERMO DE APROVAÇÃO

FLAVIA MARIA CRUVINEL

EFEITOS DO ENSINO COLETIVO NA INICIAÇÃO INSTRUMENTAL DE


CORDAS: A EDUCAÇÃO MUSICAL COMO MEIO DE TRANSFORMAÇÃO
SOCIAL

Dissertação defendida e aprovada em 28 de abril de 2003, pela Banca Examinadora


constituída pelos professores.

______________________________________
Profª Drª Eliane Leão
Presidente da Banca

______________________________________
Profº Drº Antônio Ibañez Ruiz

_______________________________________
Profª Drª Maria Helena Jayme Borges
iv

À minha família, meus pais Neil (in memoriam) e Maura; aos


irmãos Fabiana, Flávio e Nara e aos meus queridos sobrinhos
Gabriel e Isabela.

A todos os alunos que participaram dessa experiência.

A todos os alunos que já tive e que terei.


v

AGRADECIMENTOS

À querida Profª Dr. Eliane Leão, pela amizade e confiança depositada; por me permitir
desenvolver todas as idéias, pelo “sonhar” junto;

Ao João Maurício Galindo, educador musical, por ser meu primeiro incentivador nesse
projeto e por toda a atenção dispensada;

Ao Prof. Dr. Paulo César Rabelo, Coordenador das “Oficinas de Música e Teatro”, por
todo apoio, confiança e amizade;

À Profª Drª Sônia Ray, Coordenadora do Mestrado, pelos constantes incentivos e


confiança depositada;

À Profª Drª Glacy Antunes de Oliveira, Diretora da EMAC/UFG, por incentivar e apoiar o
Projeto “Oficinas de Música e Teatro”, através do Programa de Extensão da EMAC/UFG,
por ser sabedora da importância do mesmo para a comunidade local;

Aos Educadores Musicais entrevistados, Abel, Carmen, Luciano, Marcelo, Cristina, Joel,
Alípio, Marcos, Thelma e Enaldo por permitir a coleta desse material precioso;

A todos da Sociedade Cidadão 2000, em especial Sr. Joseleno Vieira dos Santos
(Presidente), Sra. Rosa Helena de Paula Parreiro (Coordenadora Geral) e Sra. Edivânia
Lúcio (Coordenadora do CEACA). Aos educadores Vanderley, José Carlos e Marlene; e a
todos os funcionários da Sociedade Cidadão 2000/CEACA, que de alguma forma
contribuíram para a presente pesquisa.

A todos os professores que trabalham e trabalharam no projeto: Aneir de Freitas, Vandair


Lima, Guilherme Klava, Cindy Folly, José Sarto da Silva, e em especial Esther Ormond,
Leandro Valério Silva e Jailton de Oliveira Teixeira - pela participação no experimento
que resultou na presente pesquisa - pelo aprendizado mútuo, pelo companheirismo e por
acreditarem nesse ideal;

À Claúdia Zanini e Marisa Damas Vieira, pela ajuda, pelos conselhos e incentivos;

À Ivete F. C. Roriz por fazer o contato com CEACA, Sociedade Cidadão 2000;

Aos diretores, coordenadores e educadores do Projeto Guri de São Paulo, em especial


Nurimar Vasick e Silvana Cardoso;

A todos os professores do Programa de Pós Graduação – Mestrado em Música da


Contemporaneidade;

À Elaine Maria Guimarães Monteiro, secretária do mestrado e ao Maurício Ramos,


secretário das “Oficinas de Música e Teatro”, pelo apoio precioso durante essa jornada;

A todos os colegas, pela amizade e pela a oportunidade do aprendizado em grupo.


vi

“A existência, porque humana, não pode ser muda, silenciosa, nem


tampouco pode nutrir-se de falsas palavras, mas palavras
verdadeiras, com que os homens transformam o mundo. Existir
humanamente, é pronunciar o mundo, é modificá-lo”. (Paulo
Freire)
vii

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS..........................................................................................................x
RESUMO...........................................................................................................................xiii
ABSTRACT........................................................................................................................xiv
1. INTRODUÇÃO..............................................................................................................01
2. O ENSINO MUSICAL COMO MEIO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL.........09
2.1. EDUCAÇÃO E SOCIEDADE......................................................................................09
2.2. CULTURA E SOCIEDADE.........................................................................................19
2.3. MÚSICA E A SOCIEDADE........................................................................................26
2.3.1. As funções sociais da música.....................................................................................26
2.3.2. A educação musical na sociedade contemporânea.....................................................32
2.3.2.1. Pressupostos teóricos...............................................................................................32
2.3.2.2. O papel da universidade frente aos novos fenômenos musicais............................39
3. O ENSINO COLETIVO DE INSTRUMENTOS MUSICAIS...................................42
3.1. ASPECTOS HISTÓRICOS..........................................................................................42
3.2. ASPECTOS PEDAGÓGICOS DO ENSINO COLETIVO DE INSTRUMENTOS
MUSICAIS...........................................................................................................................47
3.2.1. Metodologia do Ensino Coletivo de Cordas...............................................................47
3.2.2. Vantagens pedagógicas do Ensino Coletivo de Instrumentos Musicais....................50
3.3. ASPECTOS PSICOLÓGICOS DO ENSINO COLETIVO DE INSTRUMENTOS
MUSICAIS...........................................................................................................................52
3.3.1. Desenvolvimento da personalidade............................................................................52
3.3.2. Ambiente receptivo, Clima social e Psicologia do professor....................................53
3.4. A CONTRIBUIÇÃO DE GALINDO ..........................................................................55
4. O ENSINO COLETIVO NA VISÃO DOS EDUCADORES MUSICAIS................58
4.1. ENTREVISTAS COM EDUCADORES MUSICAIS QUE ATUAM NA ÁREA......58
4.2.ROTEIRO DA ENTREVISTAS....................................................................................59
4.3. ANÁLISE DOS EXCERTOS.......................................................................................60
5. METODOLOGIA..........................................................................................................83
5.1. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS.....................................................................................83
5.1.1. A PESQUISA EM EDUCAÇÃO NA ATUALIDADE.............................................83
viii

5.1.2. A PESQUISA-AÇÃO...............................................................................................84
5.2. DESCRIÇÃO DO EXPERIMENTO............................................................................87
5.3. PERFIL DOS GRUPOS E DOS SUJEITOS................................................................89
5.3.1. Grupo COMUNIDADE.............................................................................................90
5.3.2. Grupo CEACA...........................................................................................................91
5.3.3. Análise do perfil dos grupos e dos sujeitos................................................................93
5.4. INTERVENÇÕES/AULAS..........................................................................................95
5.4.1. Intervenções/Aulas do grupo COMUNIDADE.........................................................97
5.4.2. Observações e/ou análises das Intervenções/Aulas do grupo COMUNIDADE......114
5.4.3. Intervenções/Aulas do grupo CEACA.....................................................................115
5.4.4. Observações e/ou análises das Intervenções/Aulas do grupo CEACA....................143
5.5. PROTOCOLOS: DEPOIMENTOS E RECITAIS......................................................145
5.5.1. Depoimentos.............................................................................................................145
5.5.1.1. Roteiro para a coleta dos depoimentos..................................................................145
5.5.1.2. Depoimentos dos sujeitos do grupo COMUNIDADE..........................................146
5.5.1.3. Depoimentos dos sujeitos do grupo CEACA........................................................163
5.5.1.4. Observações e/ou análises dos depoimentos dos sujeitos.....................................175
5.5.2. Recitais.....................................................................................................................179
5.5.2.1. Descrição dos recitais ...........................................................................................179
5.5.2.2. Observações e/ou análises dos Recitais ................................................................180
5.6. OBSERVAÇÕES DO JÚRI........................................................................................182
5.7. ANÁLISE DAS OBSERVAÇÕES DO JÚRI.............................................................186
5.8. RESULTADOS...........................................................................................................190
5.9. ANÁLISE FINAL ......................................................................................................191
6.CONCLUSÃO...............................................................................................................195
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................207
FONTES E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................210
REFERÊNCIAS AUDIOVISUAIS.................................................................................216
ANEXO 1 – ENTREVISTAS COM OS EDUCADORES MUSICAIS............................218
ANEXO 2 - EXCERTOS DAS ENTREVISTAS DOS EDUCADORES MUSICAIS.....277
ANEXO 3 - AUTORIZAÇÃO DOS EDUCADORES MUSICAIS................................314
ANEXO 4 – AUTORIZAÇÃO DOS SUJEITOS..............................................................316
ANEXO 5 - QUESTIONÁRIO (SUJEITOS)....................................................................319
ix

ANEXO 6 - CARTAZ/FOLDER DE DIVULGAÇÃO DAS OFICINAS DE MÚSICA E


TEATRO............................................................................................................................321
ANEXO 7 - PARTITURAS DAS PEÇAS (GRADE).......................................................326
ANEXO 8 - PROGRAMA DE RECITAIS........................................................................347
ANEXO 9 - CARTAZ DE DIVULGAÇÃO DO RECITAL NO CENTRO CULTURAL
“MARTIM CERERÊ”........................................................................................................354
ANEXO 10 - CONVITE DE DIVULGAÇÃO INTERNA (CEACA)..............................356
ANEXO 11 - DIVULGAÇÃO INTERNA CEACA..........................................................358
ANEXO 12 - DIVULGAÇÃO NA IMPRENSA ESCRITA............................................360
ANEXO 13 – DESENHOS DOS SUJEITOS DO CEACA...............................................376
x

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Roteiro das entrevistas....................................................................................59


FIGURA 2 – Quadro de alunos do grupo COMUNIDADE................................................90
FIGURA 3 – Quadro de influências musicas I.....................................................................90
FIGURA 4 – Quadro sobre a Oficina de Ensino Coletivo de Cordas I................................91
FIGURA 5 – Quadro de alunos do grupo CEACA.............................................................91
FIGURA 6 – Quadro de influências musicais II..................................................................92
FIGURA 7 – Quadro sobre a Oficina de Ensino Coletivo de Cordas II.............................92
FIGURA 8 - 1ª Intervenção/Aula: 21.08.02.........................................................................97
FIGURA 9 - 2ª Intervenção/Aula: 23.08.02.........................................................................98
FIGURA 10 - 3ª Intervenção/Aula: 28.08.02.......................................................................98
FIGURA 11 - 4ª Intervenção/Aula: 30.08.02.....................................................................100
FIGURA 12 - 5ª Intervenção/Aula: 04.09.02.....................................................................100
FIGURA 13 - 6ª Intervenção/Aula: 06.09.02.....................................................................101
FIGURA 14 - 7ª Intervenção/Aula: 11.09.02.....................................................................102
FIGURA 15 - 8ª Intervenção/Aula: 13.09.02.....................................................................102
FIGURA 16 - 9ª Intervenção/Aula: 18.09.02.....................................................................103
FIGURA 17 - 10ª Intervenção/Aula: 20.09.02...................................................................104
FIGURA 18 - 11ª Intervenção/Aula: 25.09.02...................................................................105
FIGURA 19 - 12ª Intervenção/Aula: 27.09.02...................................................................105
FIGURA 20 - 13ª Intervenção/Aula: 02.10.02...................................................................106
FIGURA 21 - 14ª Intervenção/Aula: 04.10.02...................................................................106
FIGURA 22 - 15ª Intervenção/Aula : 09.10.02.................................................................107
FIGURA 23 - 16ª Intervenção/Aula: 11.10.02...................................................................107
FIGURA 24 - 17ª Intervenção/Aula : 16.10.02..................................................................108
FIGURA 25 - 18ª Intervenção/Aula: 18.10.02...................................................................108
FIGURA 26 - 19ª Intervenção/Aula: 23.10.02...................................................................108
FIGURA 27 - 20ª Intervenção/Aula: 30.10.02...................................................................109
FIGURA 28 - 21ª Intervenção/Aula: 01.11.02...................................................................109
FIGURA 29 - 22ª Intervenção/Aula: 06.11.02...................................................................110
FIGURA 30 - 23ª Intervenção/Aula: 08.11.02...................................................................110
xi

FIGURA 31 - 24ª Intervenção/Aula: 13.11.02...................................................................111


FIGURA 32 - 25ª Intervenção/Aula : 20.11.02..................................................................111
FIGURA 33 - 26ª Intervenção/Aula: 22.11.02...................................................................111
FIGURA 34 - 27ª Intervenção/Aula : 27.11.02..................................................................112
FIGURA 35 - 28ª Intervenção/Aula: 29.11.02...................................................................112
FIGURA 36 - Semana Ensaio (29ª e 30ª Intervenção/Aula): 03 e 04.12.02 (Apresentações
e ensaios)............................................................................................................................112
FIGURA 37 - Ensaio (31ª Intervenção/Aula): 06.12.02 ..................................................113
FIGURA 38 - Ensaios Finais: 07 e 08.12.02......................................................................113
FIGURA 39 - 1ª Intervenção/aula: 28.08.02......................................................................115
FIGURA 40 - 2ª Intervenção/aula: 30.08.02......................................................................115
FIGURA 41 - 3ª Intervenção/aula: 04.09.02......................................................................116
FIGURA 42 - 4ª Intervenção/aula: 06.09.02......................................................................118
FIGURA 43 - 5ª Intervenção/Aula: 11.09.02.....................................................................119
FIGURA 44 - 6ª Intervenção/aula: 13.09.02......................................................................121
FIGURA 45 - 7ª Intervenção/aula: 18.09.02.....................................................................123
FIGURA 46 - 8ª Intervenção/aula: 20.09.02......................................................................124
FIGURA 47 - 9ª Intervenção/aula: 25.09.02......................................................................126
FIGURA 48 - 10ª Intervenção/aula: 27.09.02....................................................................128
FIGURA 49 - 11ª Intervenção/aula: 02.10.02....................................................................130
FIGURA 50 - 12ª Intervenção/aula: 04.10.02....................................................................132
FIGURA 51 - 13ª Intervenção/aula: 09.10.02...................................................................132
FIGURA 52 - 14ª Intervenção/aula: 16.10.02....................................................................133
FIGURA 53 - 15ª Intervenção/aula: 30.10.02....................................................................134
FIGURA 54 - 16ª Intervenção/aula: 01.11.02 ...................................................................136
FIGURA 55 - 17ª Intervenção/aula: 06.11.02....................................................................136
FIGURA 56 - 18ª Intervenção/aula: 08.11.02....................................................................137
FIGURA 57 - 19ª Intervenção/aula: 18.11.02...................................................................138
FIGURA 58 - 20ª Intervenção/aula: 20.11.02....................................................................138
FIGURA 59 - 21ª Intervenção/aula: 22.11.02....................................................................138
FIGURA 60 - 22ª Intervenção/aula: 25.11.02....................................................................139
FIGURA 61 - 23ª Intervenção/aula : 27.11.02...................................................................140
xii

FIGURA 62 - 24ª Intervenção/aula : 29.11.02...................................................................141


FIGURA 63 - 25ª Intervenção/aula: 04.12.02....................................................................142
FIGURA 64 - 26ª Intervenção/aula: 06.12.02....................................................................143
FIGURA 65 – Roteiro dos depoimentos dos sujeitos........................................................146
FIGURA 66 – Depoimento 1.............................................................................................146
FIGURA 67 – Depoimento 2 ............................................................................................148
FIGURA 68 – Depoimento 3.............................................................................................150
FIGURA 69 – Depoimento 4.............................................................................................152
FIGURA 70 – Depoimento 5.............................................................................................154
FIGURA 71 – Depoimento 6.............................................................................................156
FIGURA 72 – Depoimento 7.............................................................................................157
FIGURA 73 – Depoimento 8.............................................................................................158
FIGURA 74 – Depoimento 9.............................................................................................160
FIGURA 75 – Depoimento 10...........................................................................................163
FIGURA 76 – Depoimento 11...........................................................................................164
FIGURA 77 – Depoimento 12 ..........................................................................................166
FIGURA 78 – Depoimento 13...........................................................................................168
FIGURA 79 – Depoimento 14...........................................................................................169
FIGURA 80 – Depoimento 15...........................................................................................171
FIGURA 81 – Depoimento 16...........................................................................................172
FIGURA 82 – Depoimento 17...........................................................................................173
FIGURA 83 – Observação 1..............................................................................................182
FIGURA 84 – Observação 2..............................................................................................183
FIGURA 85 –Observação 3...............................................................................................184
xiii

RESUMO

A presente pesquisa, resultado da dissertação de mestrado em Educação Musical, Mestrado


em “Música na Contemporaneidade” da EMAC/UFG, visou comprovar a eficiência da
metodologia de Ensino Coletivo de Cordas (violino, viola, violoncelo e contrabaixo) na
iniciação instrumental. A democratização do ensino musical através da metodologia, que
promove a transformação do indivíduo e conseqüentemente, a transformação da sociedade,
foi analisada e discutida, chegando-se às conclusões finais. A importância da educação, na
sociedade como instrumento de transformação social, é abordada por FREIRE (1975,
1996, 1997), LUCKESI (1994), LIBÂNEO (1996), GOHN (1999), GIROUX (1999),
MCLAREN (1999), VILANOVA (2000), MACEDO (2000), SAVIANI (2001). As
relações existentes entre música e sociedade, bem como o papel da Educação Musical no
contexto social contemporâneo, FREIRE (1992), SOUZA (2000), foram alguns dos
referenciais específicos que embasaram as discussões. Necessário se faz ressaltar a
importância da pesquisa em Educação Musical, visando um maior entendimento dos
processos pedagógicos em andamento, das suas relações com a sociedade, auxiliando a
criação de metodologias inovadoras, que auxiliam a transformação social. A presente
pesquisa-ação existencial (BARBIER, 1997), com abordagem qualitativa, delimitou como
objeto de estudo – o ensino coletivo de instrumentos de cordas, como uma metodologia de
ensino eficiente para a iniciação instrumental, sendo um dos meios de democratização do
ensino musical. Realizou-se levantamento da literatura na área específica e áreas afins,
bem como, entrevistas com 11 pedagogos que trabalham com o ensino coletivo, para
fundamentar as discussões. Participaram do experimento 29 sujeitos, com faixa etária entre
12 a 46 anos. Delimitou-se um semestre letivo, agosto a dezembro de 2002, para a
realização da pesquisa de campo do experimento. O experimento de estudo foi desenhado
para dois grupos de perfis diferentes. O primeiro, trabalhando pré-adolescentes e
adolescentes em situação de rua. O segundo, trabalhando com pessoas da comunidade com
perfis diversos. Após a descrição e análise dos dados, chegou-se aos seguintes resultados e
conclusão: 1) Comprovou-se que: o aprendizado em grupo privilegia um melhor
desenvolvimento da percepção e dos elementos técnico-musicais elementares para a
iniciação do instrumento; a teoria musical aplicada é associada à prática instrumental
facilitando o entendimento dos alunos; o resultado musical acontece em menos tempo que
nas aulas individuais motivando os alunos a darem continuidade ao estudo do instrumento;
2) Constatou-se: o desenvolvimento musical em 100% dos sujeitos; o ensino coletivo de
cordas desenvolve uma maior concentração, disciplina, auto-confiança, autonomia e a
independência nos alunos; o ensino coletivo de cordas promove um processo de interação
entre os alunos, sociabilizando-os e desenvolvendo o senso-crítico causados pelos
estímulos e condução democrática por parte da professora/pesquisadora; a metodologia e
estratégias de ensino devem se adequar às condições sócio-econômicas e culturais de cada
grupo; as relações interpessoais entre os sujeitos do grupo contribuem de maneira
significativa no processo de desenvolvimento de aprendizagem de cada sujeito; 3) Sugeriu-
se que: o educador musical deve estar atento às manifestações musicais da
contemporaneidade para um melhor diálogo com os alunos; o educador musical deve
compreender o contexto sócio-econômico, político e cultural em que está inserido, para
que sua atuação seja crítica e eficaz, para promover a transformação social.
xiv

ABSTRACT

The present research, the master's degree dissertation in Musical Education results,
Mestrado em Música na Contemporaneidade da EMAC/UFG, sought to prove the Group
Strings Teaching (violin, viola, cello and bass) methodology efficiency in the instrumental
initiation. The musical teaching democratization through the methodology, that promotes
the individual's transformation and consequently, the society transformation, was analyzed
and discussed, being reached the final conclusions. The education importance in society as
social transformation instrument is approached by FREIRE (1975, 1996, 1997), LUCKESI
(1994), LIBÂNEO (1996), GOHN (1999), GIROUX (1999), MCLAREN (1999),
VILANOVA (2000), MACEDO (2000), SAVIANI (2001). The existent relationships
between music and society, as well as the Musical Education role in the contemporary
social context have been discussed by FREIRE (1992) and SOUZA (2000). They were
some of the specific references used in the discussions. It is necessary to emphasize the
research in Musical Education importance, seeking a larger understanding of the pedagogic
processes in practice, their relationships with the society, aiding the innovative
methodologies creation, which helps the social transformation. The present existential
research-action (BARBIER, 1997), with qualitative approach, delimited a study object –
the group strings teaching instruments, as an efficient teaching methodology for the
instrumental initiation, being one of the musical teaching democratization way. A large
search about the literature in the specific area and similar areas was developed, as well as,
interviews with 11 educators that work with the group teaching was provide to support the
discussions. Twenty-nine (29) individuals had participated in the experiment, with age
group from 12 to 46 years old. A school semester, August to December of 2002, was
delimited for the accomplishment of the experiment field research. It was chosen in
delimiting as experiment of study two groups of different profiles. The first one worked
with preadolescents and adolescents in street (misery) situation. The second one worked
with people (in general / all sort of people) of the community with several profiles. After
the description and analysis of the data, it was reached the following results and
conclusion: 1) it was proven that: the learning in group privileges a better perception and
elementary technician-musical development for the instrument initiation; the applied
musical theory is associated to the instrumental practice facilitating the students'
understanding; the musical result happens in less time than in the individual classes
motivating the students to give continuity to the instrument study; 2) it was verified that:
the musical development in 100% of the subjects; the group strings teaching develops in
the students a larger concentration, it disciplines; develops self confidence, autonomy and
the independence; the group teaching of strings promotes an interaction process among the
students, socializing them and developing the sense-critical caused by the
teacher/researcher incentives and democratic conduction; the methodology and teaching
strategies should adapt to the socioeconomic and cultural conditions of each group; the
group individuals interpersonal relationships contributes in a significant way in the
development learning process of each subject; 3) It was suggested that: the musical
educator should be attentive to the contemporary musical manifestations for a better
dialogue with the students; the musical educator should understand the context
socioeconomic, political and cultural in that it is inserted, so that its performance can be
critical and effective to promote social transformation.

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