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Carlos Mairoce
Universität Witten/Herdecke
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Exercising Social Justice through Land Reform: A Dialogical Comparative Case Study of South Africa and Zimbabwe View project
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João Abílio Lázaro é docente e pesquisador moçambicano trabalhando na Universidade Aberta ISCED, em
Moçambique. Atualmente, aguarda autorização para a defesa da sua tese de Doutorado em Humanidades a
ser oferecido pela Universidade Católica de Moçambique em parceria com a Pontifícia Universidade Católica
do Paraná, no Brasil. Possui um Mestrado em Filosofia da Educação pelo Instituto da Educação da University
of Central London e uma Licenciatura em Filosofia e Humanidades, pelo Arrupe Jesuit University, em Harare-
Zimbábue.
2
Alberto Pedro Maquia, S.J. é um Padre Jesuíta moçambicano, Doutor em Ciências da Educação pela
Universidade Católica de Moçambique. Possui um Mestrado em Teologia Política e Moral pela Universidade
de Berkeley, Califórnia, uma Licenciatura em Filosofia pelo Instituto Santo Inácio, em Belo Horizonte, Brasil,
e uma Licenciatura em Teologia Moral pelo Hekima Jesuit University, em Nairóbi-Quênia.
3
Carlos António Mairoce é um pesquisador moçambicano, gestor sócio-humanitário e mentor, possuindo um
Mestrado em Política, Economia e Filosofia pela Universidade Witten/Herdecke, Alemanha, e uma
Licenciatura em Filosofia e Humanidades pelo Arrupe Jesuit University , em Harare- Zimbábue.
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Introdução
Para tanto, a educação básica passa a ser o alicerce sobre o qual se deve construir essa
transformação para a formação de cidadãos capazes de responder aos desafios acima
mencionados. É por isso que o governo de Moçambique acredita que esta forma de
educação visa ajudar os seus beneficiários a se tornarem cidadãos que saibam transformar
dificuldades em oportunidades, através da oferta de uma formação harmoniosa e integral
que lhes seja benéfica e que seja benéfica para toda a sociedade (MINED 2003). Em outras
palavras, o ensino primário deve ajudar estes alunos e as futuras gerações a construir um
Moçambique melhor, a construir um novo cidadão com uma capacidade crítica mais
apurada, acompanhada da preparação necessária para que ele/ela possa discernir a
realidade e agir em conformidade com ela. Para que estes aspetos se concretizem, no
entanto, é necessário que a educação primária cumpra o seu papel no processo de
socialização das crianças e na aquisição de competências básicas para o seu
desenvolvimento holístico, carregado com os valores da cidadania, democracia, justiça,
solidariedade, autonomia, entre outros (PCEB 2003, 16).
Para esse propósito, a educação primária constitui a base que o governo de Moçambique
procura proporcionar a cada um dos cidadãos à luz da Constituição da República de
Moçambique (PCEB 2003, 16 & C.R 1990). Esta educação desempenha um papel
fundamental no processo de socialização das crianças, na transmissão de conhecimentos
e competências fundamentais como a leitura, a escrita e o cálculo, tanto quanto se destina
a ajudá-las a adquirir alguns valores sociais habitualmente aceitos para que vivam como
bons cidadãos na sociedade (PCEB 2003).
2
No entanto, olhando para as conquistas da educação básica nacional que está sendo
oferecida no país e olhando para a qualidade dos alunos por ela produzidos, percebe-se
que o sonho traçado pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs), os quais
foram abraçados pelo governo de Moçambique, não os ajudou a adquirir os resultados os
esperados para eles serem capazes de ler, escrever e fazer cálculos matemáticos básicos
para o seu crescimento social e acadêmico. De forma a compreender as razões destes
problemas e apresentar soluções para os mesmos, este capítulo reflete sobre o sistema de
educação nacional de Moçambique apresentando, a seguir, as suas fragilidades, para que
se possa, posteriormente, propor o caminho a seguir para a sua melhoria. Para este efeito,
comecemos por compreender a filosofia por trás do sistema de educação nacional de
Moçambique.
3
• Manter e melhorar a qualidade da educação;
• Um elemento central da estratégia de redução da pobreza, uma vez que, por um lado, a
aquisição de conhecimento acadêmico, incluindo na alfabetização de adultos, visa ampliar
as oportunidades para que os cidadãos tenham acesso a empregos sustentáveis para
todos, por outro lado, é projetado para aumentar a equidade do sistema educacional
(MINED 1997);
A respeito disso, por mais que tenha sido destacado acima sobre a importância do ensino
básico, no que diz respeito aos seus objetivos, com base na Lei nº 6/92, o seguinte pode
ser destacado também como de suma importância:
4
• Educar crianças, jovens e adultos na preservação e combate às drogas e no combate a
doenças endêmicas e epidêmicas como malária, cólera, HIV/AIDS e outras doenças
sexualmente transmissíveis.
O outro problema, que ainda persiste até hoje, é que a maioria de seus professores não
tem qualificação suficiente para lidar com os conhecimentos básicos que deveriam ser
repassados aos alunos do ensino primário. Por isso, é urgente que os agentes envolvidos
na elaboração do currículo, a nível governamental, abordem estes problemas para o bem-
estar não só do sistema de ensino em si, mas também para o bem-estar do país como um
todo. Todavia, considerando a necessidade de se refletir profundamente sobre estes
problemas, analisemos, nos parágrafos seguintes, as contradições existentes entre
progressão e qualidade do ensino básico, em Moçambique.
Como foi observado acima, o governo moçambicano sempre apoiou a progressão dos
alunos na educação. Em 1980, cinco anos após a independência, a percentagem de
alfabetização de adultos era de cerca de 27% em todo o país 4. Esta percentagem deveu-
se ao fato de, ao contrário das colônias inglesas e francesas, a educação não ser uma
prioridade da administração colonial portuguesa, em Moçambique. Ao contrário das
colônias britânicas, por exemplo, os portugueses só educavam a população moçambicana
4
A taxa de analfabetismo em 1975 era de cerca de 97%. Em 1980, a taxa havia caído para cerca de 27%.
No entanto, os dados mais recentes (2017) mostram que a taxa de alfabetização de adultos não passou de
61%, quando em 2015 era de 60%. https://knoema.com/atlas/Mozambique/topics/Education/Literacy/Adult-
literacy-rate e http://www.ine.gov.mz/iv-rgph-2017/mocambique/apresentacao-resultados-do-censo-2017-1.
5
até a 4ª classe, o suficiente para se comunicar oralmente ou por escrito, em português. É
por isso que após a independência em 1975, o governo recém-formado lutou para a criação
de um sistema massivo e de boa qualidade de ensino, que ajudasse a resolver os
problemas que estavam sendo enfrentados até então, no país.
Para além deste desafio, nos anos seguintes, Moçambique viveu uma sangrenta guerra
civil que começou em 1976 e terminou em 1992, como já foi referido acima, fato que
agravou e deteriorou o sector educacional do país. É por isso que, para garantir que, no
final, houvesse elevados índices de alfabetização, em 2003, o Governo moçambicano
abraçou os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs) e desencorajou os seus
professores de reprovar alunos mesmo que estes não tivessem adquirido conhecimentos
suficientes para aquele propósito5.
Este desafio interferiu na progressão dos alunos na medida em que o rácio professor versos
alunos, nas escolas, estava acima da situação atual de 65 alunos por professor. Tal rácio
impossibilita que os alunos tenham tempo suficiente para interagir com os seus professores
e aprender como deveriam. Na verdade, é tecnicamente impossível para um professor
monitorar e acompanhar mais de 65 alunos por dia. Isso significa que a maioria dos alunos
não consegue acompanhar adequadamente suas aulas diárias, mas, no final do ano,
espera-se que eles avancem para o nível seguinte de sua vida acadêmica, mesmo que isso
seja feito à custa deles não terem cumprido os requisitos mínimos esperados. Na realidade,
depois dessas políticas terem sido implementadas, as salas de aula ficaram lotadas e os
fatores de produção tornaram-se evidentes, pois muitos alunos não conseguiram
5
O 2º Objetivo de Desenvolvimento do Milênio visa alcançar a educação primária universal.
6
desenvolver habilidades cognitivas elementares e importantes para conseguir um emprego,
por exemplo (UNESCO 2010b). Neste sentido, isso constitui um dos principais obstáculos
que exigem alguma reflexão sobre a implementação dos ODMs, nomeadamente na área
do ensino básico, em Moçambique.
O segundo desafio relacionado com a progressão dos alunos, tem a ver com o problema
de infraestruturas escolares. Na maioria das escolas primárias do estado, no país, em
particular aquelas localizadas na periferia das cidades e/ou nas zonas rurais, muitos alunos
estudam fora das salas de aula ou tem turmas mistas com os mesmos professores. Na
verdade, a falta de infraestruturas escolares adequadas é, talvez, um dos problemas mais
graves que ainda afeta o setor da educação em Moçambique (JICA, 2015). O sistema não
possui salas de aula suficientes, principalmente nas áreas rurais, para acomodar os seus
alunos por um período de 8 horas por dia. É por isso que, em algumas áreas, muitos alunos
estudam em fases e, na maioria das situações, passam menos de quatro horas no recinto
escolar ou tem de estudar à sombra das árvores disponíveis que cresceram nas instalações
das mesmas escolas. A este respeito, pode-se argumentar que o tempo acima mencionado
não é suficiente para formar um aluno que pretenda passar de um nível para outro de
ensino, no final do ano letivo (UNICEF 2017).
Todavia, de acordo com o Jornal “O País” (2011), apesar das críticas feitas pelos bispos
católicos à má qualidade do ensino em Moçambique, é de reconhecer o esforço que tem
vindo a ser empreendido pelo Governo moçambicano na busca do cumprimento dos ODMs
através da construção de mais edifícios, bem como no fornecimento de material necessário
para este propósito. No entanto, muito ainda precisa de ser feito. Por exemplo, a fim de
responder aos problemas mencionados acima, o Governo decidiu que em termos de
organização, os horários das escolas primárias deveriam ser divididos em dois ou três
períodos, por dia, conforme ilustrado nas tabelas abaixo:
Tabela 1. Distribuição das horas de aprendizagem em dois períodos para dois grupos de
alunos6
Manhã (Período 1) Tarde (Período 2)
Horário Horário
7:00 – 7:45 12:30 – 13:15
7:50 – 8:35 13:20 – 14:05
6
Fonte: Objetivo do programa do governo para o quinquénio 2010-2014. Disponível online em
http://www.mined.gov.mz/DN/INSP/Documents/OTEO%27s2010-2014.pdf.
7
8:40 – 9:25 14:10 – 14:55
9:45 – 10:30 15:15 – 16:00
10:35 – 11:20 16:05 – 16:50
11:25 – 12:10 16:55 – 17:40
Tabela 2: Distribuição das horas de aprendizagem em três períodos para três grupos de
alunos7
Horário Horário Horário
Período 1 Período 2 Período 3
6:40 – 7:20 10:40 – 11:20 13:55 – 14:35
7:25 – 8:05 11:25 – 12:05 14:40 – 15:20
8:10 – 8:50 12:10 – 12:50 15:25 – 16:05
9:05 – 9:45 13:05 – 13:45 16:20 – 17:00
9:50 – 10:30 17:05 – 17:45
Academicamente, entretanto, isso significa que o tempo e a atenção que devem ser dados
a um determinado grupo de alunos devem ser distribuídos a dois ou três grupos de alunos.
Isso, de certa forma, reduz a qualidade da educação que as três turmas deveriam receber
dos seus respetivos professores. Neste sentido, para resolver os problemas acima
mencionados, é necessário que o Governo construa mais e suficientes escolas para
garantir que cada aluno passe mais de oito horas na escola para que receba uma educação
de qualidade, como um dos requisitos para cumprir os ODMs, procurando proporcionar um
ensino primário de qualidade a todos e como forma de cumprir os objetivos que o Ministério
da Educação estabelece para os seus alunos, no país.
7
Fonte: Objetivo do programa do governo para o quinquénio 2010-2014. Disponível online em
http://www.mined.gov.mz/DN/INSP/Documents/OTEO%27s2010-2014.pdf
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usam para apoiar essa posição é que a maioria dos alunos que terminam o ensino primário
não consegue ler e escrever devidamente (ALDERUCCIO, 2010). Além disso, a maioria
deles não possui as habilidades cognitivas esperadas para interpretar textos simples
(ALDERUCCIO, 2010). Além disso, ainda, o seu conhecimento de matemática elementar é
muito limitado e, na verdade, a maioria deles alunos odeia matemática (ALDERUCCIO,
2010). Para muitos pais, isso constitui evidência suficiente para apoiar sua posição.
A perspectiva do governo, por outro lado, é que a progressão é boa em si mesma porque
ninguém é deixado para trás e analfabeto (GOVERNO DE MOÇAMBIQUE, 2006). De fato,
os relatórios oficiais nacionais e internacionais afirmam que o analfabetismo em
Moçambique é elevado, e para cumprir com os ODMs, as escolas primárias devem criar
condições acessíveis a todos tanto em termos de acesso como em termos de progressão
(UNESCO, 2004). É por isso que muitos governos, em todo o mundo, querem apresentar
uma boa imagem, fingindo que seus países estão indo bem em termos de educação e em
termos de cumprimento dos ODMs (UNESCO, 2004). No entanto, na maioria das vezes,
isso é feito em detrimento dos resultados qualitativos (UNESCO, 2004).
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há condições climáticas adversas. Por estas razões, há que se perguntar se a progressão
é o que faz com que os padrões de educação caiam no país. Se a resposta for positiva,
porque é que a progressão funcionou em alguns países e falhou em Moçambique? Na
verdade, a progressão, na educação, não é uma iniciativa moçambicana porque foi, antes,
implementada em muitos outros países como a África do Sul, Zimbábue e Botsuana, onde
não foram verificados resultados tão negativos (VSO 2010). Em vez disso, esses países
têm um sistema educacional de boa qualidade. Isso prova que o problema não tem nada a
ver com a progressão em si (VSO 2010). Pelo contrário, se condições suficientes, como
professores suficientes e qualificados, escolas suficientes e de boa qualidade, boas
políticas de educação, entre outras, forem postas em prática, a progressão pode produzir
alunos brilhantes e competentes, da mesma forma que acontece em outros países ao redor
do mundo (VSO 2010).
Por exemplo, muitos estudiosos pensam que o principal problema relativo ao declínio da
qualidade da educação em Moçambique tem a ver com professores que não são bem
treinados e não tem bons salários (VSO 2010; VSO 2002; UNESCO 2006). Para a situação
de Moçambique, como já foi referido na presente discussão, a decisão tomada pelo governo
encontrou o setor despreparado em muitos aspetos. Em relação à área de recursos
humanos, por exemplo, o setor não tinha um número suficiente de professores e
profissionais formados para monitorar um grande número de alunos que chegam às suas
aulas (UNESCO 2006). Para fazer face a este desafio, o governo decidiu contratar
massivamente licenciados do ensino secundário que nunca tinham recebido qualquer curso
de formação de professores para colmatar a lacuna criada pela elevada afluência de alunos
(UNESCO 2006). Além disso, professores não treinados não receberam orientação
especial. Consequentemente, isso contribuiu para a diminuição da qualidade dos padrões
do ensino primário. Por isso, Lázaro (2019) argumenta que “os maus resultados de
aprendizagem que o sistema produz [hoje] diminuem a contribuição intelectual e a
produtividade econômica [...] uma vez que os produtos desse sistema educacional são
incapazes de refletir sobre situações do dia a dia, bem como são incapazes de contribuir,
de forma significativa, para a configuração da agenda sociopolítica e económica do país.
Isso significa que um investimento numa educação de qualidade, que, no essencial, é uma
tarefa difícil, é o que deve ser seguido pelo governo moçambicano por garantir que os
cidadãos e decisores políticos possam contribuir na construção de um futuro melhor e
seguro, melhorando as condições de vida dos cidadãos e do país. Alternativamente, se se
pretende dar continuidade à ideia de progressão, é necessário criar as condições
necessárias que foram acima mencionadas, caso contrário, o sistema de ensino primário,
em Moçambique, continuará a produzir cidadãos que serão profissionais incapazes de
cumprir com aquilo que se espera deles no futuro. Em outras palavras, continuar com o
modelo de educação que está a ser usado irá contribuir para o subdesenvolvimento do
país. Isso irá acontecer porque o ensino primário, oferecido no país, não está a preparar os
seus cidadãos para atender às demandas da sociedade e de um mercado de trabalho que
exige profissionais altamente qualificados e capazes de desenvolver suas tarefas com
independência de pensamento, responsabilidade e criatividade. Ao contrário, percebe-se,
por exemplo, que é frequente encontrar, no país, estudantes universitários que não sabem
ler e escrever corretamente como se deveria esperar deles. Isso devia ajudar cada um a se
questionar o que será do futuro profissional dos mesmos estudantes.
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Com base na observação de Lumumba (2015) sobre a educação africana, no entanto,
Lázaro (2019) nota que o resultado do sistema de ensino decorrente da implementação dos
ODMs no sistema educacional de Moçambique vai levar o país à situação vivida por alguns
países africanos que tem “escolas e universidades que produzem engenheiros, mas que a
maioria de suas estradas não está sendo construída por engenheiros civis locais. São os
chineses que estão a construir essas estradas”. A mesma situação é observada no setor
da saúde, e em muitos outros, onde, por exemplo, esses países formaram muitos médicos
e profissionais de saúde em algumas de suas escolas e universidades, mas quando muitos
de seus empresários e políticos adoecem, estes não recebem tratamento em seus próprios
países. Eles viajam para o estrangeiro, particularmente na Europa, onde existe um sistema
de formação sólida e de qualidade no setor de saúde, para o seu tratamento (LUMUMBA,
2015 apud LÁZARO, 2019). A parte mais triste disso começa a se notar quando alguns
políticos africanos são proibidos de viajar ao exterior, para tratamento, por causa de crimes
políticos e econômicos por eles cometidos. Eles acabam sendo condenados a apodrecer
em seus próprios países com suas sacolas cheias de dinheiro quando, ao mesmo tempo,
não podem ser tratados pelos próprios conterrâneos porque não criaram as condições
exigidas, seja na educação e na saúde, para que isso não aconteça. Isso significa que,
apesar da situação descrita acima, esta é uma evidência de que as mesmas pessoas que
elaboram políticas educacionais não confiam no sistema educacional que elas mesmas
implantaram em seus países (LUMUMBA, 2015 apud LÁZARO, 2019). Sendo assim, há a
necessidade de se abandonar o atual sistema de ensino primário, que permite que todos
passem de um nível para outro sem, necessariamente, eles terem desenvolvido as
competências acadêmicas necessárias.
O segundo passo que pode ajudar o país a melhorar a qualidade de seu sistema
educacional é aumentar o número de horas de permanência dos alunos no recinto escolar
para que eles possam realizar atividades extracurriculares que possam ajudá-los a
melhorar suas capacidades intelectuais. Segundo Adelson Rafael (2010), entretanto, isso
pode não implicar, necessariamente, na melhoria da qualidade da educação. Haverá
necessidade dessa decisão ser acompanhada de uma nova visão governamental sobre o
papel que a escola deve desempenhar na vida e na formação da pessoa humana em nossa
sociedade. Nesse sentido, as mesmas horas deveriam ser utilizadas para ajudar os alunos
a desenvolverem os valores do que significa ser um bom aluno, um bom filho ou filha, um
bom membro da comunidade e, portanto, um bom cidadão. Tal educação deve ajudar
professores e alunos a explorar áreas como cultura, artes, lazer, organização coletiva e
tomada de decisão coletiva para melhorar suas vidas e a vida da comunidade onde eles se
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encontram inseridos (RAFAEL, 2010). Esta situação, no entanto, poderá exigir um
investimento em infraestruturas de qualidade e na melhoria da qualidade de formação dos
professores do ensino primário, bem como na melhoria dos seus salários, entre outras
condições que possam ajudar a sua retenção e motivação, como já foi mencionado na
presente discussão.
Conclusão
4. Referências
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World Bank.
16