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Química Analítica Instrumental I

Apostila 1
 Introdução às Técnicas Instrumentais de Análises Químicas
 Classificação das Técnicas Instrumentais
 Seleção das Técnicas
 Quimiometria
 Espectrofotometria de Absorção Molecular UV-Vísivel
Introdução às Técnicas Instrumentais de Análise

Introdução
Uma técnica analítica pode ser definida como um conjunto formado por fenômenos
físicos ou processos químicos, seus procedimentos básicos e os instrumentos
adequados. As técnicas analíticas se dividem em dois grandes grupos: clássicas e
instrumentais. As técnicas clássicas são a gravimetria e a titulometria e as instrumentais
podem ser agrupadas em espectroscópicas, eletroanalíticas e mistas.
Um método é um processo químico através do quais algumas determinações ou
análises podem ser procedidas. É no método que são descritos abertura da amostra, as
interferências e os procedimentos para eliminá-las, os limites mínimos e máximos de
concentração do analito para os quais o método responde com uma determinada
precisão e exatidão, etc. Uma técnica analítica abrange vários métodos; um método
analítico pode ser aplicado a uma ou mais técnicas. Conhecer os fundamentos, campos
de aplicação e limites das técnicas clássicas e instrumentais, saber planejar e adequar as
análises é, antes de tudo, função do químico.
Enquanto as técnicas quantitativas clássicas em geral limitam-se a determinações
de constituintes presentes em frações em massa maiores que 1%, a instrumentação
analítica é geralmente utilizada nas análises de pequenos e microconstituintes. Esta é
uma das razões pelas qual a análise instrumental desenvolve importante papel na
produção e avaliação de novos produtos, na proteção de consumidores e do meio
ambiente. Não obstante, algumas técnicas instrumentais dão úteis nas determinações
dos maiores constituintes da amostra.
Desde 1930 os químicos fazem uso de algumas propriedades físicas dos analitos
nas determinações qualitativa e quantitativa dos mesmos através de instrumentos.
Entretanto, mesmo após o desenvolvimento tecnológico da instrumentação, as técnicas
clássicas não foram abandonadas. Nem sempre é possível determinar um analito através
de uma técnica de análise instrumental sem transitar pelo laboratório por métodos
clássicos. Às vezes, os processos clássicos estão inseridos nas técnicas instrumentais,
como por exemplo, na cromatografia de alta eficiência (CLAE), que emprega moderna
tecnologia de separação por extração. Atualmente, o desenvolvimento de técnicas e
métodos instrumentais cresce paralelamente ao desenvolvimento da eletrônica e da
computação.

CLASSIFICAÇÃO DAS TÉCNICAS INSTRUMENTAIS

A classificação das técnicas instrumentais está, sobretudo, ligada ao sinal analítico


a ser detectado. A tabela I contém, na primeira coluna, as propriedades físicas que são
usadas como sinais analíticos e, na segunda coluna, as técnicas instrumentais
desenvolvidas com base nessas propriedades. Apesar de existirem outros sinais que
podem ser usados para fins de análise, os sinais listados são os de uso mais corrente.
Os sinais analíticos podem ser gerados pelo analito, por uma fonte ou por alguma
variação no sinal da fonte. Nas técnicas baseadas nas radiações eletromagnéticas,
somente nos processos que envolvem emissão de radiação é que os sinais analíticos são
gerados pelo próprio analito; nos demais, os sinais são decorrentes da variação do feixe
emitido pela fonte após passagem pela amostra. No caso das técnicas eletroanalíticas, os
sinais podem ser gerados pelo analito ou pelo conjunto analito/fonte.
Observe que as técnicas cromatográficas não estão relacionadas na tabela I,
entretanto é possível afirmar que, obrigatoriamente, pelo menos um dos sinais listados
será usado para completar as determinações após os processos de separação. Os sinais

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mais usuais, entre outros, são condutividade térmica, condutividade elétrica, absorção
de radiação nas regiões do ultravioleta e infravermelho e índice de refração.

Tabela I – Sinais empregados nas Técnicas Instrumentais

Sinal Analítico Técnicas instrumentais


Espectroscopia de emissão (raios X, UV, vis, elétrons
Emissão de radiação Auger); fluorescência, fosforescência e luminescência
(raios X, UV, vis).
Espectrofotometria e fotometria (raios X, UV, vis e IV);
Absorção de radiação espectroscopia fotoacústica; ressonância magnética nuclear
e espectroscopia por ressonância do spin eletrônico.
Espalhamento de radiação Turbidimetria; nefelometria, espectroscopia Raman.
Refração de radiação Refratometria; interferometria
Difração de radiação Difração de raios X e eletrônica
Rotação de radiação Polarimetria; dispersão ótica rotatória e dicroísmo circular.
Potencial elétrico Potenciometria; cronopotenciometria
Carga elétrica Coulometria
Corrente elétrica Polarografia; amperometria
Resistência elétrica Condutimetria
Razão carga/massa Espectrometria de massas
Velocidade de reação Métodos cinéticos
Propriedades térmicas Condutividade térmica e métodos baseados na entalpia da
reação
Radioatividade Ativação neutrônica e diluição isotópica

Instrumentação

Um instrumento analítico é um comunicador entre um sistema químico e um


observador. De um modo genérico, um instrumento para a análise química converte um
sinal analítico, que geralmente não é perceptível ou decodificado pelo homem, para um
sinal acessível ao observador.

Sinal
Elétrico
Sinal Sinal de
Transdutor ou Transdutor
Gerador Analítico Processador Saída
de entrada mecânico de Saída
de Sinal de Sinal
(detector) (registrador)

Figura I – Composição básica de um instrumento analítico típico.

A tabela II relaciona alguns exemplos de instrumentos e seus componentes.


Os geradores de sinal são responsáveis pelo sinal analítico usado para transferir
informação do analito aos módulos eletrônicos do instrumento. Só existem dois modos
de se produzir um sinal: aplicação de um sinal externo à amostra e a subseqüente
modificação deste sinal pelo analito e, a criação de um ambiente na amostra que permita
que o analito produza um sinal. O gerador de sinal é único para cada tipo de instrumento

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e seu “projeto” requer a compreensão das propriedades químicas do analito e da matriz
da amostra.
Os transdutores de entrada medem, continuamente, propriedades físicas ou
químicas tais como: concentração das espécies eletroativas, atividade iônica,
intensidade de luz e temperatura. Nestes exemplos os transdutores de entrada seriam,
respectivamente: uma célula polarográfica, um eletrodo íon seletivo, um fototubo e um
termopar. Na maior parte dos casos, os transdutores produzem sinais elétricos de
potencial, corrente e resistência. Se a propriedade medida não é contínua, o detector
pode ser projetado para fornecer pulsos de saída, como no caso dos detectores de
radiação gama de alta energia. A qualidade e a capacidade dos transdutores de entrada
são fatores determinantes da eficiência do instrumento.
Os processadores de sinal ou módulos de transformação do sinal recebem as
informações do detector e as convertem em uma forma mais significativa para transferi-
las aos transdutores de saída. Os processadores são amplificadores, conversores
análogo-digital, atenuadores, comparadores, contadores, conversores corrente-potencial,
diferenciadores e conversores logarítmico. A composição do módulo de transformação
depende do detector e da forma final desejada da informação.
Os transdutores de saída convertem o sinal elétrico modificado em uma forma útil
ao analista. As informações finais podem ser armazenadas, mostradas ou registradas de
modo analógico ou digital através de osciloscópios, registradores x-y, fitas magnéticas,
monitores visuais, discos rígidos, disquetes, impressora alfanumérica, etc.

Tabela II: Exemplos de instrumentos e seus componentes

Instrumento Gerador de Sinal Transdutor Sinal de Processador Transdutor


sinal Analítico de Entrada Saída de Sinal de Saída
Fonte de luz Feixe de Luz
Fotômetro visível + filtro atenuado fotocélula Corrente Nenhum amperímetro
de vidro + elétrica
amostra
Chama +
Espectrômetro de monocromador Radiação UV Tubo Potencial Amplificador, Registrador
Emissão atômica + chopper + ou VIS fotomultiplica elétrico demodulador gráfico
amostra dor
Coulômetro Fonte DC + Corrente de eletrodos Corrente Amplificador Registrador
amostra célula elétrica gráfico
Eletrodo de
Medidor de pH amostra Atividade do vidro + Potencial Amplificador, Unidade
(potenciômetro) íon H3O+ eletrodo de elétrico digitalizador digital
referência
Difratrômetro de Tubo de raios X Radiação Filme Imagem Revelador Imagens
Raios X – p/ + amostra difratada fotográfico latente químico negras no
monocristais filme

Atualmente quase todos os equipamentos para uso em laboratórios químicos já


possuem um interface que permite a conexão a um sistema computacional ou já contêm
microprocessadores em sua estrutura. Estes arranjos têm como principais objetivos a
coleta e armazenagem dos dados, maior velocidade de processamento e menor
interferência humana. Na figura II estão esquematizados os modos de acoplamento dos
computadores aos equipamentos para medidas analíticas. No modo off-line os dados são
coletados pelo operador e transferidos para o computador para processamento. No modo
on-line existe a comunicação direta, através de uma interface, entre o equipamento e o
computador. Neste caso, o computador formata, digitaliza os sinais e armazena os

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dados; entretanto, devem ser fornecidas as instruções para o processamento desses
últimos. No modo in-line os dados são transmitidos para o computador em tempo real;
isto significa que os dados são tratados simultaneamente com a aquisição dos mesmos.
Este processo permite economia de espaço de disco e, consequentemente, economia no
custo do computador que deve ser empregado e, ajustes, entre uma coleta e outra, de
parâmetros para melhorar a qualidade dos próximos sinais de saída.

Computador e
Operador Instrumento
Armazenagem
humano analítico
de dados

Figura II a - MODO: Off-line

Operador
humano

Computador e Instrumento
Armazenagem analítico
de dados

Figura II b - MODO: On-line

Instrumento
Operador Computador
analítico
humano

Figura II c - MODO: In-line

Figura II – Modos de acoplamento de sistema computacional aos instrumentos analíticos

SELEÇÃO DA TÉCNICA ANALÍTICA

A seleção da técnica e do método analítico a ser empregado em uma análise ou


determinação não é aleatória, mas baseada em alguns parâmetros gerais e outros
específicos. As informações necessárias para determinar os limites desses parâmetros
devem ser disponibilizadas ao analista.
Após a definição da(s) espécie(s) a ser(em) analisada(s), ou seja, do(s) analito(s), o
conhecimento sobre a origem da amostra, o método de coleta, a finalidade da análise, a
quantidade de amostra disponível e o número de amostras é essencial para auxiliar na

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investigação sobre a composição geral, propriedades físicas e químicas, prever possíveis
interferências, avaliar a representatividade da amostra, a precisão e exatidão necessárias
à análise. De posse dessas informações, o analista passará a avaliar o tempo que deve
ser gasto e os cuidados necessários, a sensibilidade que o método e/ou técnica deve(m)
apresentar, a faixa de concentração que será usada, a seletividade necessária e se as
propriedades físico-químicas das amostras permitem a aplicação do método e/ou técnica
prevista. Outro fator que deve ser considerado é a relação custo/amostra. Se o número
de amostras é grande, vale a pena investir no desenvolvimento de um método que faça
uso de instrumentação cara e que demande calibração; se o número de amostras é muito
grande, deve-se optar por um método e/ou técnica que consuma menor tempo do
operador/amostra. Por outro lado se o número de amostras é pequeno, pode-se optar por
um método que faça uso de equipamento de custo mais baixo, embora, o processo possa
ser mais elaborado e, portanto requeira mais tempo. É aconselhável a utilização de
processos que não requeiram muitas etapas preliminares que possam resultar em perdas.
A tabela III contém informações sobre a aplicabilidade comparativa de determinadas
técnicas analíticas para algumas classes de amostras, e mais demoradas ao mesmo
tempo.

Tabela III – Exemplos comparativos para campos de aplicação de algumas técnicas


instrumentais

Amostra / analito Técnica Instrumental Aplicação


Espectrografia Geral; rápida
Ligas, minérios / Eletrodeposição Geral; mais lenta; equipamento baixo custo.
Principais Absorção Molecular UV- Mais específica; mais útil para determinação de
componentes Vis constituintes menores.
ou impurezas Ativação neutrônica Específica; menos conveniente a não ser em casos
especiais.
Fluorescência por Raios X Geral; rápida
Polarografia
Várias / Traços de Nefelometria São de sensibilidade e precisão comparáveis; altamente
íons metálicos específicas; instrumento de custo moderado.
Fluorimetria
Espectrofotometria Absorção
Atômica (EAA)
Coulometria Alta sensibilidade
Várias / Traços de Potenciometria Baixo custo; moderada seletividade; interferências.
íons metálicos e
não metálicos Espectrofotometria por Instrumento de custo moderado; muitas etapas
Absorção Molecular na preliminares.
região UV-Vis (EAM)
Misturas gasosas / Cromatografia gasosa Geral, alguma especificidade.
espécies Absorção molecular na Ensaios de rotina para um único componente
moleculares ou região do Infravermelho
iônicas Espectrometria de Massas Geral; instrumento de alto custo.
Absorção Molecular na
região do Infravermelho Especialmente para compostos orgânicos
Misturas (quando a (IR)
separação completa Espectrometria Raman
não é necessária) Difratometria por Raios X Sólidos cristalinos; equipamento de alto custo
Espectrometria de Massas Para compostos voláteis simples
RMN Para líquidos

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QUIMIOMETRIA

Tabela IV – Critérios Quantitativos e seus Parâmetros Estatísticos

Definição
Critérios Definição Parâmetros Estatísticos matemática
dos termos

A precisão de um dado analítico refere-se ao grau de S= ∑(x -x)


Precisão concordância mútua entre os dados obtidos do mesmo Desvio padrão absoluto (S) n-1
modo. A precisão trata dos(s) erro(s) aleatório(s) ou
indeterminado(s) Desvio padrão relativo (RSD) σ
RSD= ------
x
A exatidão fornece informação sobre o erro sistemático
Exatidão (determinado) do método. A determinação da exatidão de x-µ
um método é baseada na análise de um ou mais padrões Erro Médio Relativo (EMR) EMR=------100
de referência para os quais se conhece a concentração do µ
analito.
A sensibilidade de um método ou de um instrumento é a sa-sbr
medida de sua capacidade de descriminar dois valores de
Sensibilidade concentração do analito muito próximos entre si. Os Sensibilidade de calibração Sc= -----1
fatores que limitam a sensibilidade são a inclinações da (SC) C
curva de calibração e a reprodutividade do instrumento de
medida.
Concentração mínima ou massa isolada do analito que
Limite de pode ser determinada para certo intervalo de confiança.
Sm-Sbr
detecção Este limite depende da razão entre o sinal analítico e as Concentração mínima (LD)
LD= ----------
flutuações estatísticas do sinal do branco. O sinal analítico
a
mínimo distinguível Sm é determinado com dados obtidos
em cerca de 20 experimentos.
É a faixa de concentração do analito compreendida entre
os limites de quantificação e linearidade. O limite de
Faixa ótima de quantificação corresponde ao menor valor de Limite de quantificação (LQ)
concentração que pode ser avaliado quantitativamente. O Limite de linearidade (LL)
trabalho
limite de linearidade corresponde ao valor de LQ ≤ FOT ≤ LL
concentração a partir do qual a curva de calibração se
afasta de um comportamento linear.
Seletividade de um método é um parâmetro de avaliação aB
Seletividade do grau de interferência de outras espécies presentes na Coeficiente de seletividade, K
matriz na determinação do analito. kB,A= -------
aA

Análises Quantitativas

A análise química pode ser definida como a determinação de uma ou mais espécies
químicas presentes, em concentrações variáveis, em uma matriz complexa. A matriz é o
conjunto dos constituintes da amostra, incluindo o solvente.
As análises ou determinações realizadas através de técnicas instrumentais estão
fundamentadas na comparação de um sinal analítico oriundo da amostra com o sinal
analítico correspondente emitido por um padrão ou por uma série de padrões que
contêm a espécie que se deseja identificar ou quantificar. Uma curva de calibração pode
ser definida como uma relação entre intensidade do sinal analítico e concentração do
analito.

Padrão de Referência

Devido à presença de espécies interferentes e/ou ruídos instrumentais, o sinal


analítico de saída não varia somente em função da concentração do analito. O
procedimento adotado para corrigir a intensidade do sinal quando a concentração do
analito é nula, é o preparo de um padrão de referência ou “branco”. Este padrão é

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usado para “zerar” o equipamento. É sempre preferível preparar um padrão de
referência com todos os reagentes.

Métodos Quantitativos Comparativos

Todos os métodos quantitativos apresentam vantagens e limitações. O método de


rotina é indicado quando o número de amostras é muito grande e a matriz é conhecida.
O método de adição de padrão é útil quando o número de amostras é reduzido e/ou
quando é necessário corrigir os efeitos de matriz. O método do padrão interno é
aplicado nos casos em que podem ocorrer variações instrumentais e não existem meios
para detectá-las.

Rotina

Consiste no preparo de uma série de padrões do analito. Neste método, a matriz


dos padrões dificilmente coincide com matriz da amostra. O intervalo de concentração
dos padrões deve abranger toda a FOT. O número de padrões da série varia em função
da faixa de concentração coberta pela FOT, entretanto é razoável que cada padrão possa
cobrir de 20% a 25% da FOT, perfazendo assim, um total de 4 ou 5 padrões e um
branco.

------------------------FOT------------------------
____________________________________

0% 20% 40% 60% 80% 100%

A coleta de dados do branco, dos padrões e das amostras é sempre procedida sob as
condições instrumentais idênticas. A curva de calibração é construída tendo no eixo X
os dados de concentração dos padrões e no eixo Y os dados relativos às intensidades dos
sinais correspondentes. O cálculo da concentração do analito é feito por interpolação na
curva de calibração. As amostras que sofreram diluições devem ter seus resultados
multiplicados pelo fator de diluição.

Tabela V – Concentrações dos padrões e leitura de intensidades

A B
Concentração dos padrões A Intensidade total / ua Intensidade líquida / ua
/mg.L-1
0,000 100,00 0
1,000 271,01 171,01
2,000 444,09 344,09
3,000 610,00 510,00
4,000 794,47 694,47
Amostra 1; massa = m1 300,00 200,00
Amostra 2; massa = m2 350,00 250,00
Volume = v2
Amostra 3; massa = m3; 398,00 298,00
Volume = v3

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Figura III – Método de rotina: Curva de calibração e interpolação gráfica para a
amostra 3.

As soluções amostras foram preparadas para diferentes valores de concentração do


analito. A interpolação é procedida através do traço de uma reta paralela ao eixo X com
origem no valor de intensidade no eixo Y e prolongada até que esta intercepte a curva.
Neste ponto é traçado um segmento de reta, paralelo ao eixo Y, de comprimento
suficiente para interceptar o eixo X. O ponto de intersecção corresponde à concentração
da amostra levada ao equipamento. Este valor pode também ser calculado através da
equação da reta, Y = ax + b, onde Y= intensidade do sinal, a = coeficiente angular e b =
coeficiente linear.

Adição de Padrão

Este método tem como objetivo principal a verificação das possíveis alterações da
curva de calibração, obtida através do método de rotina, produzidas após a inserção dos
elementos da matriz da amostra nos padrões usados para construção da curva de rotina.
A variação na inclinação da curva é resultante da presença de elementos interferentes,
mas não é possível conhece-los e classifica-los.
O roteiro prático inclui a adição de alíquotas crescentes do padrão a uma quantidade
constante de amostra. O teor de analito na amostra a ser analisada por este método deve
ter sido previamente determinado pelo método de rotina.

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Padrão Interno

Este método encontra aplicação mais ampla nas técnicas relacionadas aos
fenômenos de emissão e nas técnicas cromatográficas. Nestas técnicas o procedimento
depende somente das medidas de intensidade das linhas ou das áreas dos picos do
analito e, portanto, as condições de excitação, o tempo, a natureza da exposição e as
condições de medida devem ser rigorosamente controladas. O método se baseia na
adição de uma quantidade fixa do padrão interno aos padrões e amostras.
As curvas de calibração obtidas pelos métodos de rotina e padrão interno podem ser
visualizadas na figura IV. A curva de calibração obtida pelo método de rotina sugere a
existência de erros na aquisição dos dados ou no preparo dos padrões, visto que a
regressão linear resultou em uma reta com baixo coeficiente de correlação, r. Entretanto,
após a coleta de dados usando um padrão interno, é possível observar que as oscilações
na curva de rotina foram corrigidas. O alto índice de correlação linear da curva de
regressão para o método do padrão interno justifica sua aplicação.

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Figura IV – Curvas de calibração (Intensidade Padrão Analito X Cpadrão analito),
(Intensidade Padrão Analito / Intensidade Padrão Interno X Cpadrão analito) e suas
respectivas curvas de regressão linear

INTRODUÇÃO A ESPECTROFOTOMETRIA

Introdução
Antigamente, era usada a cor para identificar substâncias químicas, a espectrofotometria
moderna é uma extensão desta técnica primitiva. Substituindo o olho humano através de
outros detectores remove a restrição à região visível do espectro, aumentando a
capacidade quantitativa, e provê sinais elétricos que podem ser processados
automaticamente através de sistemas de manipulação de dados modernos. Em uso
atual, o termo espectrofotometria sugestiona medidas até que o ponto de energia
brilhante é absorvido por um sistema químico, como uma função do comprimento de
onda (ou a frequência), como medidas de absorção a um comprimento de onda fixo,
predeterminado.

O espectro eletromagnético

Vários fenômenos ópticos (por exemplo, reflexão, refração, e difração) são melhores
interpretados em termos da ideia que a luz é propagada na forma de ondas de trans-
verso. Através de medidas apropriadas estas ondas podem ser caracterizadas com
respeito a comprimento de onda, velocidade, e as outras condições que descrevam
qualquer movimento de onda. Na figura, é indicado que o comprimento de onda recorre
à distância entre duas cristas adjacentes da onda.

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Figura onda transversal

Corpos luminosos como o sol ou uma lâmpada emite um espectro largo que inclui
muitos comprimentos de onda. Esses comprimentos de onda associados com luz visível
são capazes de afetar a retina do olho humano e consequentemente dão origem às
impressões subjetivas de visão. Mas muito da radiação emitida em espectros não são
visíveis ao olho humano, são as regiões ultravioletas e infravermelhas do espectro. Nós
vemos objetos por meio da luz transmitida ou refletida. Quando a “luz branca” contendo
um espectro inteiro de comprimentos de onda, atravessa de um meio colorido ou uma
solução química transparentes a certos comprimentos de onda mas absorvem outros, o
meio aparece colorido ao observador. Só desde então as ondas transmitidas alcançam o
olho, os comprimentos de onda ditam a cor do meio. É dito que esta cor é complementar
à cor que seria percebida se a luz absorvida pudesse ser inspecionada. Semelhantemente
objetos coloridos opacos absorvem alguns comprimentos de onda e refletem outros
quando iluminados com luz branca.

O espectro eletromagnético

Tabela: Espectro visível e cores complementares

Comprimento (nm) Cor Cor complementar


400-435 Violeta Amarelo-verde
435-480 Azul Amarelo
480-490 Verde-azul Laranja
490-500 Azul-verde Vermelho
500-560 Verde Roxo
560-580 Amarelo-verde Violeta
580-595 Amarelo Azul
595-610 Laranja Verde-azul
610-750 Vermelho Azul-verde

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Interação da energia brilhante com moléculas

Às vezes falamos de “a natureza dupla de luz”. A teoria de onda explica certos


fenômenos ópticos, há outros resultados experimentais, como o efeito fotoelétrico que é
interpretado melhor em termos da ideia que um feixe de luz é um fluxo de pacotes de
energia de partículas chamado fótons. Cada uma destas partículas possui uma energia
característica que é relacionada à frequência de luz pela equação:

E = hv

Onde h é a constante de Planck. Luz de uma certa frequência (ou comprimento de onda)
é associado com fótons cada dos quais possuem uma quantidade definida de energia, é a
quantidade de energia possuída por um fóton que determina se uma certa espécie
molecular absorverá ou transmitirá luz correspondente ao comprimento de onda.
Além da energia ordinária de movimento translacional, uma molécula possui energia
interna que pode ser subdividida em três classes. Primeiro, a molécula pode estar
girando sobre vários eixos e pode possuir uma certa quantidade de energia rotacional.
Segundo, átomos ou grupos de átomos dentro da molécula pode estar vibrando, quer
dizer, movendo periodicamente, verificando a energia vibracional na molécula.
Finalmente, uma molécula possui energia eletrônica pela qual a energia potencial
associada com a distribuição de carga elétrica negativa (elétrons) sobre os núcleos
positivamente carregados dos átomos.

Eint = Eelec + Evib + Erot

Uma das ideias básicas da teoria quântica é que uma molécula pode não possuir
qualquer quantidade arbitrária de energia interna, mas bastante que só pode existir em
certos “estados de energia permitida”. Se uma molécula absorve energia e é elevada a
um nível de energia mais alto, tem que absorver uma quantidade apropriada para a
transição. Não pode absorver uma quantidade arbitrária de energia determinada pelo
experimento. Esta quantização de energia molecular, junto com o conceito que fótons
possuem quantidades definidas de energia.
Níveis de energia vibracional são mais distantes, e são requeridos fótons mais enérgicos
se a absorção for aumentar a energia vibracional de uma molécula. É vista a absorção
devido a transições vibracionais na região infra-vermelha do espectro, grosseiramente
de 2 a 100 nm. Não são observadas puras mudanças vibracionais, porém, porque são
sobrepostas transições de rotação neles. Assim um espectro de absorção vibracional
típico está composto de faixas complexas em lugar de linhas únicas.

Espectrofotometria do Ultravioleta-Visível (UV-VIS)

Os espectros eletrônicos de combinações na fase de vapor às vezes mostram uma boa


estrutura na qual são observados contribuição vibracional individual, mas em fases
condensadas, níveis de energia moleculares são perturbados por elementos próximos
que frequentemente são faixas largas. Todas as moléculas podem absorver radiação na
região uv-visível porque eles contêm elétrons, compartilhados e não compartilhados que
podem ser excitado a níveis de energia mais altos os comprimentos de onda aos quais
absorção acontece depende de como os elétrons estão ligados na molécula. Os elétrons
com uma única ligação covalente têm radiação de energia alta, ou comprimento de onda

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curto. Por exemplo, metano mostra um cume a 122 nm que é designado um σ - σ *
transição. Isto significa que um elétron em um orbital sigma-unindo excitado de é um
orbital de σ - antibonding.
Se uma molécula contém um átomo como cloro que tem elétron não compartilhado
emparelha, um elétron pode ser excitado a um nível de energia mais alto. Desde que
elétrons não são tão firmemente ligados saltam como está sigma-unindo elétrons, a
absorção acontece em comprimentos de onda mais longos.
As transições em ch3br e ch3i acontecem em comprimentos de onda até mais longos.
Isto é porque os elétrons são ligados menos firmemente por bromo e iodo. A transição
descrita aqui é designada n-σ * indica que um elétron de nonbonding é elevado a um
orbital de σ-antibonding.
Elétrons com ligações duplas ou triplas são excitados facilmente para orbitais π
superiores. Uma transição é designada π-π * quando um π - elétron é elevado de um
orbital π - unindo um π -antibonding orbital. A absorção de energia em tal uma
transição é normalmente mais forte que transições σ-σ *. Foi achado que transições π-π
* em moléculas que tenham grupos não saturados são bem parecidos independente dos
átomos que compõem as duplas ligações. Muitos anos atrás uma associação entra em
insaturação e um absorção de luz foi reconhecida por químicos orgânicos, e o termo
chromophore foi introduzido para descrever o papel de tal se agrupa como c = c, c = o, e
n = trocando de n uma absorção de observação clara numa região visível.
A maioria das aplicações de espectrofotometria ultravioleta e visível para combinações
orgânicas está baseado em π-π* ou transições de n-n e consequentemente requer a
presença de grupos de cromoforos na molécula. Estas transições acontecem na região do
espectro (aproximadamente 200 a 700 nm) que é conveniente usar experimentalmente.

Espectrofotometria de Absorção Molecular - EAM


Introdução

A variação de cor de um sistema, com a modificação da concentração de um certo


componente, constitui a base do que os químicos denominam análise colorimétrica. A
cor é provocada pela formação de um composto corado, resultante da adição de um
reagente apropriado, ou pode ser intrínseca ao constituinte analisado. A intensidade da
cor pode ser comparada com que se obtém pelo tratamento idêntico de uma quantidade
conhecida da substância.
A colorimetria visa determinar a concentração de uma substância pela medida da
absorção relativa de luz, tomando como referência a absorção da substância numa
concentração conhecida.
A principal vantagem dos métodos colorimétricos é a de proporcionar um meio
simples para determinar quantidades diminutas de substâncias. O limite superior dos
métodos colorimétricos é, em geral, a determinação dos constituintes que estão
presentes em quantidades relativas inferiores a 1 ou 2%.

Comprimento de onda aproximados das cores

Ultravioleta <400 nm amarelo 570-590 nm


Violeta 400-450 nm alaranjado 590-620 nm
Azul 450-500 nm vermelho 620-760 nm
Verde 500-570 nm infravermelho >760 nm

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Teoria da colorimetria

Quando a luz (monocromática ou heterogênea) incide sobre um meio homogêneo,


uma parcela da luz incidente é refletida, uma outra parcela é absorvida no meio e o
restante é transmitido. Se a intensidade da radiação da luz for representada por lo, e o da
luz absorvida por la, a da transmitida por lt e a da refletida por lr, então:

lo = la + lt + lr

Para melhor entendimento sobre absorção da luz em função da espessura de um meio


é atribuído a estudos que resultaram nas leis de lambert e lei de beer.

Lei de lambert
Esta lei afirma que, quando a luz monocromática passa através de um meio
transparente, a taxa de diminuição da intensidade com a espessura do meio é
proporcional à intensidade da luz. Isto equivale a afirmar que a intensidade da luz
emitida diminui exponencialmente com a espessura do meio absorvedor.

Lei de beer
Beer estudou o efeito da concentração do constituinte corado, numa solução, sobre a
transmissão ou absorção da luz e a descobriu a mesma relação entre a transmissão e a
concentração que lambert havia descoberto entre a transmissão e a espessura da camada,
isto é, a intensidade de um feixe de luz monocromática diminui exponencialmente com
a concentração da substância absorvedora.
Combinando-se a lei de lambert com a lei de beer obtém-se a seguinte equação
matemática:
log lo = acL
lt
Onde:
lo é a intensidade da luz incidente sobre o meio absorvedor.
lt é a intensidade da luz transmitida.
L é a espessura do meio absorvedor.
c é a concentração.
a é o coeficiente de absorção molar e depende da unidade da concentração.

Esta é a equação fundamental da colorimetria e muitas vezes é chamada lei de beer-


lambert.

Desvios da lei de beer


A lei não vale quando o soluto corado forma complexos, cuja composição depende
da concentração. Podem também ocorrer discrepâncias quando não se usa luz
monocromática. O comportamento de uma substância pode ser sempre ensaiado pelo
gráfico de log lo/lt, ou log 1/t, contra a concentração; a lei fica confirmada quando uma
reta passa pelos pontos experimentais e pela origem.
No caso de soluções que não obedecem a lei de beer, é mais conveniente preparar
uma curva de calibração mediante uma série de padrões com concentrações conhecidas.
As leituras instrumentais são plotadas em ordenadas contra as concentrações.

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Fotômetro fotoelétrico
Em essência, a maior parte destes instrumentos é constituída por uma fonte de luz,
um filtro ótico apropriado para assegurar uma luz aproximadamente monocromática
(daí o nome fotômetro fotoelétrico de filtro), uma célula de vidro para as soluções, uma
célula fotoelétrica que recebe a radiação transmitida pela solução e um dispositivo de
medida que determina a resposta da célula fotoelétrica. O comparador é inicialmente
calibrado em termos de uma série de soluções com concentração conhecidas e os
resultados plotados na forma de uma curva determinadas pelas concentrações e pelas
leituras do instrumento de medida. A concentração da solução problema é então
determinada pelas respostas da célula fotoelétrica e pela informação da curva de
calibração.
Os instrumentos são oferecidos em diferentes modelos, com uma ou duas
fotocélulas. No tipo com uma fotocélula, mede-se em geral a absorção da luz na solução
pela comparação entre a corrente elétrica da fotocélula excitada pela luz que passa pela
solução e a corrente da fotocélula excitada pela luz que passa pelo solvente puro. É da
maior importância que a fonte de luz tenha uma intensidade constante. Se a fotocélula
apresentar um “efeito fadiga” é necessário proporcionar um tempo para que a fotocélula
atinja a corrente de equilíbrio depois de cada modificação da intensidade de luz. O
fotômetro de filtro com duas fotocélulas é usualmente considerado mais confiável
(desde que o circuito elétrico seja apropriadamente projetado), pois quaisquer flutuações
da intensidade da fonte de luz afetarão igualmente as duas fotocélulas, se elas estiverem
convenientemente casadas no que se refere à resposta espectral. Nestes instrumentos, as
duas fotocélulas, iluminadas por uma mesma fonte de luz, são equilibradas uma contra
as outra, através de um galvanômetro. A solução problema fica na célula de medida e o
solvente puro numa outra; mede-se a diferença entre as duas correntes elétricas geradas.

Espectrofotômetros
Este é indubitavelmente o método mais exato para determinar a concentração de
substâncias em solução, mas os instrumentos são, sem dúvida, mais dispendiosos. Um
espectrofotômetro pode ser encarado como um fotômetro fotoelétrico de filtro que
permite o uso de faixa de luz bastante monocromática e que podem vaiar
continuamente. As partes essenciais de um espectrofotômetro são: (1) uma fonte de
energia radiante ; (2) um monocromador, ou seja, um dispositivo que isola um feixe de
luz monocromática, ou, mais exatamente, ima faixa estreita de radiação da luz
proveniente da fonte; (3) células de vidro, ou de quartzo, para o solvente e a solução
problema; (4) dispositivo para receber ou medir o feixe, ou os feixes, de energia
radiante que passam pelo solvente e pela solução.

Célula fotovoltaica
Nestas células, a luz que atinge uma superfície de material semicondutor, como o
selênio montada sobre uma base apropriada (em geral sobre ferro), provoca uma
corrente elétrica cuja grandeza depende da intensidade do feixe de luz. Essa célula, no
entanto, tem defeitos: (1) a dificuldade de se ampliar a corrente gerada pela célula, o
que acarreta pequena sensibilidade em níveis baixos de iluminação; (2) a fadiga que,
com o tempo, acomete a célula. Por essas razões, a célula fotovoltaica foi superada, nos
dias de hoje, em grande parte, pelas células fotomultiplicadoras e pelos detectores de
diodo de silício.

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Célula fotoemissivas
A célula fotoemissiva (também chamada fotocélula) é constituída por um bulbo de
vidro que tem parte da sua superfície interna revestida por uma camada delgada,
sensível, de um material com óxido de césio, ou óxido de potássio, com óxido de prata
(isto é, um material que emite elétrons quando iluminado); uma parte da superfície do
bulbo é transparente à luz. A camada sensível é o catodo. No centro do bulbo monta-se
um anel metálico que constitui o anodo e que se mantêm num potencial elétrico elevado
mediante uma bateria apropriada. O interior do bulbo pode estar evacuado ou estar
cheio por um gás inerte a pressão baixa (p.ex., argônio a cerca de 0,2 mm de mercúrio);
as células com gás são menos desejáveis. Quando a luz entra no bulbo e atinge a
camada sensível, há emissão de elétrons que provocam a circulação de uma corrente no
circuito externo; esta corrente pode ser ampliada mediante procedimentos eletrônicos e
é uma medida da quantidade da quantidade de luz que atinge a camada fotossensível.
De outra forma, a emissão de elétrons provoca uma queda de potencial num resistor de
resistência elevada em série com a célula e a bateria; esta queda pode ser medida por um
potenciômetro apropriado e está relacionada com a quantidade de luz que atinge o
catodo.
A sensibilidade de uma célula fotoemissiva (fotocélula) pode ser consideravelmente
elevada mediante a célula fotomultiplicadora. Essa célula é constituída por eletrodo
coberto por um material fotoemissivo e por uma série de placas eletricamente
carregadas, cada qual num potencial elétrico mais elevado que o anterior. As placas
estão recobertas por um material que emite diversos elétrons (2 a 5) para cada elétron
recolhido pela placa, quando os elétrons incidem sobre a primeira placa, são elétrons
secundários em número maior que o número dos elétrons originais; o resultado líquido é
o de uma grande amplificação (da ordem de 106) da corrente gerada na célula. A saída
de corrente da célula fotomultiplicadora está limitada a alguns miliampéres, e por isso
só se podem empregar intensidades com radiação incidente com baixo nível de energia.
Podem medir intensidades cerca de 200 vezes menores que as medidas por uma célula
fotoelétrica comum acoplada a um amplificador.
Com a tecnologia moderna é possível implantar um grande número de fotodiodos
sobre a superfície de um único chip de silício. Estes chips contêm também um circuito
integrador que faz a varredura de cada fotodiodo e injeta um sinal que é transmitido a
um microprocessador. Cada fotodiodo pode ser programado para responder a uma certa
faixa estreita de comprimentos de onda, de modo que se pode fazer a varredura
praticamente instantânea de todo o espectro.

Seleção do comprimento de onda


Tendo em conta que a cor de uma substância reflete a sua capacidade de absorver
seletivamente na região visível do espectro eletromagnético, é claro que, depois de ter
conseguido medir com elevado grau de exatidão a intensidade da luz, a exatidão das
medida, na análise de uma solução corada, em virtude da absorção seletiva de um dos
seus componentes, será aumentada se forem feitas no comprimento de onda da radiação
absorvida. A respeito, deve-se acentuar que a cor que se observa provém da radiação
que não é absorvida, ou, em outras palavras que é transmitida pela solução corada. Esta
cor, ou a cor correspondente a esta radiação, é a cor complementar da cor
correspondente à radiação absorvida.

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Cores complementares

Comprimento de ondas (nm) Cor (transmitida) Cor complementar


400-430 Violeta Verde amarelado
435-480 Azul Amarelo
480-490 Azul esverdeado Alaranjado
490-500 Verde azulado Vermelho
500-560 Verde Púrpura
560-580 Verde amarelado Violeta
580-595 Amarelo Azul
595-610 Alaranjado Azul esverdeado
610-750 Vermelho Verde azulado

Os procedimentos que podem ser adotados para selecionar regiões particulares de


comprimento de onda na região visível do espectro eletromagnético incluem o uso (1)
de filtros, (2) de prismas e (3) de redes de difração.

(1) Filtros óticos: os filtros óticos são usados nos colorímetros (absorciômetros) para
isolar uma região espectral desejada. Consistem em películas delgadas de gelatina com
diferentes corantes, ou lâminas de vidro colorido.
(2) Prismas: para se ter uma resolução maior do espectro, não só no visível, mas
também na região ultravioleta, é preciso adotar sistemas óticos de qualidade melhor que
a possível de alcançar com os filtros. Em instrumentos, manuais e automáticos,
consegue-se esta melhoria mediante prismas que dispersam a radiação de uma fonte
luminosa de tungstênio incandescente ou de deutério. A dispersão depende de o índice
de refração n do material prisma variar com o comprimento de onda.
(3) Redes de difração: este método de dispersão usa o princípio da difração da radiação
por uma série de ranhuras finas, paralelas, pouco espaçadas, marcadas numa superfície.
As primeiras redes de difração eram feitas de vidro, através do qual passava a radiação
que era difratada; eram redes de transmissão. A fim de conseguir a difração da radiação
ultravioleta, as redes modernas dos espectrofotômetros são redes metálicas de reflexão
que refletem a luz incidente na superfície graças a uma série de ranhuras paralelas. Estas
redes são conhecidas como redes echelette.
O princípio da operação da rede de difração é a diferença de caminho ótico das
diversas partes de uma frente de onda que incide obliquamente sobre as superfícies
individuais das ranhuras da rede.

Fontes de radiação
A fonte usual de iluminação nos absorciômetros simples é uma lâmpada de
tungstênio. Nos espectrofotômetros, para cobrir todo o intervalo de comprimento de
onda dos instrumentos, opera-se com duas lâmpadas. A primeira, usualmente uma
lâmpada de tungstênio-halogênio (ou de quartzo-iodo), cobre os comprimentos de onda
da extremidade vermelha do espectro visível (750-800 nm) até o ultravioleta próximo
(300-320 nm). A lâmpada tem um bulbo de quartzo a fim de permite a passagem da
radiação ultravioleta. Uma segunda lâmpada, de hidrogênio ou de deutério, é usada para
medidas no ultravioleta remoto (até 200 nm). A de deutério é preferida em virtude de a
intensidade da radiação ser mais elevada. Esta lâmpada tem, também, um bulbo de
quartzo. Também se usam lâmpadas de xenônio, com domínio espectral de 250 a 600
nm.

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Escolha do procedimento colorimétrico
1. Um método colorimétrico dará, muitas vezes, resultados mais exatos, em
concentrações baixas, que os procedimentos titrimétricos ou gravimétricos
correspondentes. Pode também ser mais simples de executar.
2. Um método colorimétrico pode ser adotado, freqüentemente em circunstâncias nas
quais não existem procedimentos titrimétricos ou gravimétricos apropriados, como
por exemplo para certas substâncias biológicas.
3. Os procedimentos colorimétricos possuem vantagens sobre determinações rotineiras
de alguns componentes de amostras semelhantes, em virtude da rapidez da sua
execução. Não há sacrifício sério da exatidão em relação aos procedimentos
titrimétricos ou gravimétricos, desde que as condições experimentais sejam
rigidamente controladas.

Critérios de uma análise colorimétrica

1. Especificidade da reação corada: muito poucas reações são específicas para


uma certa substância, mas muitas dão cores com um pequeno grupo de
substâncias aparentadas, ou seja, são seletivas. Mediante artifício como
introdução de compostos formadores de complexos, a alteração de estado de
oxidação e o controle de ph, pode conseguir, muitas vezes, uma boa
aproximação da especificidade.
2. Proporcionalidade entre a cor e a concentração: nos colorímetros visuais, é
importante que a intensidade de cor cresça linearmente com a concentração da
substância a ser determinada. Isto não é essencial par os instrumentos
fotoelétricos, pois é possível construir uma curva de calibração que relaciona a
leitura instrumental da cor com a concentração da solução. Ou seja, é desejável
que o sistema obedeça a lei de beer mesmo quando se usam colorímetros
fotoelétricos.
3. Estabilidade da cor: a cor produzida deve ser suficientemente estável para
permitir a execução de uma leitura exata. Esta observação aplica-se também às
reações nas quais as cores tendem a atingir um máximo depois de um certo
tempo. O período de permanência do máximo de cor deve ser suficientemente
dilatado para que possam fazer medições exatas. Também é necessário conhecer,
a este respeito a influência de outras substâncias e a das condições experimentais
(temperatura, ph, estabilidade no ar, etc.)
4. Reprodutibilidade: o procedimento colorimétrico deve proporcionar resultados
reprodutíveis em condições experimentais determinadas. A reação não deve
necessariamente constituir uma transformação química quantitativa
estequiométrica.
5. Limpidez da solução: a solução deve estar isenta de precipitado, quando a
comparação for feita com padrão límpido. A turvação provoca espalhamento de
luz, além da absorção da luz.
6. Sensibilidade elevada: é desejável, especialmente quando se determinam
quantidades muito pequenas de substâncias, que a reação corada seja muito
sensível. É também desejável que a reação tenha produtos que absorvam
fortemente na região visível do espectro e não no ultravioleta. O efeito da
interferência de outras substâncias, no ultravioleta, é usualmente mais acentuado
do que no visível.

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Escolha do solvente
As exigências a serem satisfeitas pelo solvente de uma determinação colorimétrica,
devem ser: (1) o solvente deve ser um bom solvente para a substância que se quer
determinar; (2) o solvente não deve interagir com o soluto; (3) o solvente não deve ter
absorção significativa no comprimento de onda empregado na determinação; para os
compostos inorgânicos a água preenche usualmente estas exigências, mas no caso da
maioria dos compostos orgânicos é necessário usar um solvente orgânico.

Comprimento de onda de corte de alguns solventes comuns

Solvente (nm) Solvente (nm)


Água 190 Diclorometano 233
Hexano 199 Triclorometano (clorofórmio) 247
Heptano 200 Tetraclorometano (ccl4) 257
Éter dietílico 205 Benzeno 280
Etanol 207 Piridina 306
Metanol 210 Propanona (acetona) 331

Procedimento geral para as determinações colorimétricas

1. Iluminação: a emissão de qualquer lâmpada tende a diminuir com a idade, e a


lâmpada deve ser substituída quando a idade máxima de vida útil for alcançada;
deve-se manter um registro do tempo de operação efetiva de cada lâmpada.
2. Escala de comprimento de onda: é de grande importância que esteja ajustada
corretamente. Muitos instrumentos são fornecidos com filtros de ensaio, e pelas
medidas dos valores do comprimento de onda dos máximos dos picos de
absorção dos filtros máx. A escala pode ser verificada. Nos instrumentos com
uma lâmpada de hidrogênio, ou de deutério, a verificação pode ser feita com
maior exatidão mediante as raias vermelha (656,1nm) e azul esverdeada (486,0
nm) do espectro de hidrogênio. Ou, então, pode-se substituir a fonte luminosa
normal do instrumento por uma lâmpada de neônio ou de mercúrio, que emitem
um espectro com muitas raias de comprimento de ondas conhecidos, que podem
servir para verificação da escala.
3. Escala de absorbância: esta escala pode ser verificada mediante uma ou mais
de uma solução padrão cuidadosamente preparadas. Entre estas soluções
incluem o dicromato de potássio, em meio ácido ou alcalino, e o permanganato
de potássio.
4. Células: a menos que se usem células emparelhadas, as células devem ser
ensaiadas para se ter a segurança de exibirem a mesma transmissão, dentro de
limites muito estreitos, quando operam em condições idênticas. Isto se faz
mediante a colocação da escala de comprimento de onda para que a leitura seja
de 0% na escala de absorbância ou de 100% na escala de transmitância. As
células escolhidas, que devem estar limpas e secas, são então cheias pelo
solvente a ser usado e enxugado por um papel apropriado. Toma-se o maior
cuidado em segurar as células pelas faces despolidas e em evitar o toque do dedo
nas faces polidas. Verifica-se a transmissão de uma célula tornando-se a segunda
célula como o branco e, depois de anotar a resposta do instrumento, esvaziando-
se a célula, enchendo novamente com solvente e repetindo a leitura, que deve ser
coerente com a primeira leitura. Substitui-se depois o solvente na segunda célula
e repete-se a leitura. Se a diferença de absorbância das duas células for menor

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que 0,02, as células serão apropriadas para o uso; muitos instrumentos modernos
podem corrigir automaticamente uma pequena diferença entre as células.
Quando se usa um instrumento de feixe duplo, a diferença de absorbância das
duas células se obtém diretamente, e o procedimento do ensaio é mais imediato.

A determinação exigirá, normalmente, a preparação de soluções:

1. Com uma quantidade do material investigado, num solvente apropriado;


2. padrão com um composto investigado, no mesmo solvente que a solução anterior;
3. do reagente necessário;
4. de reagentes auxiliares, tampões ácidos e álcalis indispensáveis para estabelecerem-se
as condições corretas de formação do produto corado que se deseja. Se as medições se
fizerem no ultravioleta, as determinações podem ser realizadas, muitas vezes, com a
solução da substância pura, sem a necessidade de adição de reagentes. Em virtude da
sensibilidade dos métodos colorimétricos, as soluções usadas nas medições de
absorbâncias são usualmente diluídas. Para que se possa pesar uma quantidade de
material, com exatidão, ao se prepararem as soluções da substância analisada ou as
soluções padrão, é comumente preparar soluções muito concentradas para as medidas de
absorbância e depois efetuar a diluição exata até a concentração apropriada.

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