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RENEST

IMPLANTAÇÃO DE DUTOS

DETERMINAÇÃO DOS RAIOS MÍNIMOS DE CURVAMENTO ASSOCIADOS AO


RESPECTIVO ÂNGULO CENTRAL DA CURVA.

1. OBJETIVO

O objetivo desse trabalho é estabelecer o raio mínimo de curvamento associado ao ângulo da


curva, para o duto de diluentes, e especificações para o solo e a vala nos locais das curvas, a
fim de ser mantida a estabilidade do sistema.

2. CONSIDERAÇÕES

2.1 O duto possui diâmetro nominal de 12 polegadas, com isolamento térmico de 2 polegadas de
PU.
2.2 Anteriormente, no ano 2008, havia sido feito um estudo semelhante ao ora apresentado
considerando espessura de 0,203 da polegada e em aço API 5L X52. Recentemente, por
solicitação da obra, passou-se a admitir a possibilidade de uso de tubo Gr. B na espessura de
¼ da polegada, sendo este o escopo deste parecer técnico.
2.3 O presente trabalho não substitui um projeto mecânico do duto. Sua função é meramente
orientadora para o projeto geométrico do duto, de modo idêntico ao assumido no passado.
2.4 Um projeto mecânico de um duto aquecido é muito mais abrangente do que o que aqui se
propõe; pois, inclui o dimensionamento da espessura de parede, a definição da diretriz, a
análise de flexibilidade dos trechos aéreos e enterrados, o cálculo das forças de restrição, a
localização dos pontos fixos (ancoragens), o dimensionamento do aparelho de ancoragem, e
ainda algumas outras condições.
2.5 Especificamente falando, o projeto mecânico completo do duto de diluentes requer
preliminarmente, no mínimo, o levantamento topográfico da diretriz e a sondagem à
percussão e caracterização do solo, elementos esses que não fizeram parte dos dados básicos
de projeto fornecidos pelo campo. Os valores utilizados no estudo foram assumidos com
base na experiência de implantação de dutos em solos pobres e na visão in situ de alguns
locais do traçado quando de nossa visita ao local, em meados de 2008.
2.6 Naquela ocasião, conscientes da imensa dificuldade de construir e estabilizar o duto no solo
pouco resistente da região portuária do SUAPE, propôs-se a implantação de um aterro, ao
longo da diretriz, capaz de proporcionar a base de trânsito dos tratores de esteira e o meio
adequado para estabilizar as curvas tubulares.

3. CONDIÇÕES DE PROJETO

3.1 Assume-se 1 kgf/cm2 como a pressão admissível para a solicitação de compressão lateral do
aterro nos locais de existência de curvas horizontais; embora, pela correlação de Bowles,
baseada no ensaio SPT, se possa contar com uma capacidade de carga de até 2 kgf/cm2.
3.2 Assume-se 21 kgf/cm a carga distribuída admissível, ao longo da geratriz superior da curva
vertical over, para combater a tendência de rompimento da cunha de solo.
3.3 Em princípio, as restrições para as curvas verticais sag são mais brandas, possibilitando raios
menores. Mas, como não se esperam situações de traçado no SUAPE que exijam das curvas
sag curvaturas maiores que as das curvas over, não houve preocupação em se verificar o raio
mínimo para a situação sag. Portanto, pode-se limitar a sag da mesma forma que a over e
estar-se-á numa condição comodamente conservadora.
3.4 Na tabela 1 constam os dados de projeto do duto.

37 kg/cm2 P (pressão interna)


32,39 cm D (diâmetro externo = 12,75")
43,75 cm D0 (diâm. revestimento = 12,75"+ 4")
0,635 cm e (espessura de parede = 0,250")
2.040.000 kg/cm2 E (módulo de elasticidade do aço)
0,0000117 / ºC a (coef. dilatação térmica do aço)
62 ºC DT = (80 -18) ºC
63,34 cm2 Am (área de metal)
2
760,38 cm Af (área de fluxo)
4
7.984 cm I (momento de inércia do duto)
3
493 cm Z (módulo de resistência do duto)
3
2,2 kgf/cm ks (mód. reação do solo) - N=8 golpes (correlação de Terzaghi)
2,85 kgf/cm fa (coef. atrito, m = 0,2)
0,3 adim. relação de Poisson
2.461 kgf/cm2 Material: SMYS do Gr. B
0,524 rad f = 30° (ang. atrito interno)
0,0019 kgf/cm3 g (peso espec. do solo)
5,83 m Rmin do ASME B31.8 = 18 D
120 cm H (cobertura)
3
0,0008 kgf/cm peso específico do diluente

Tabela 1 – Dados utilizados no estudo.

4. CONCLUSÃO

4.1 A seleção de um tubo Gr. B limitou bastante o nível de tensão admissível, embora o aumento
da espessura de 0,203 para ¼ da polegada tenha contribuído para reduzir um pouco a tensão
circunferencial de pressão interna, a qual, como se sabe, é uma das parcelas da tensão
combinada.
4.2 A cobertura mínima deve ser de 120 cm para as curvas verticais over; para as curvas
horizontais e as curvas verticais sag, esta cobertura poderia ser algo menor. Entretanto, não é
boa prática construtiva a variação da cobertura para um mesmo duto, em função do tipo de
curva. Portanto, deve ser adotada uma única cobertura mínima de 120 cm, para todo o
duto.
4.3 O material do aterro deve ter características granulométricas que propiciem um adensamento
capaz de dar ao solo uma resistência equivalente (no ensaio Nspt) a N = 8 golpes, na
profundidade de 1,2 m. Esse valor de N corresponde, para areias, a um solo de compacidade
em transição de fofa para média.
4.4 Para as curvas horizontais, a nova análise mostrou que o ângulo máximo de curvamento
deve ser limitado em 20°. Onde for imperativa a manutenção de um PI  20°, um módulo de
reação de solo mais elevado deve ser obtido por meio do tratamento do aterro.
4.5 Para as curvas verticais, a nova análise mostrou que o ângulo máximo de curvamento deve
ser limitado em 9°. No caso das curvas verticais over, uma maior compactação do aterro não
produzirá condições significativamente mais favoráveis ao aumento do ângulo de
curvamento, dado que o que estabiliza a curva é o ‘peso’ de terra da cunha de rompimento
do solo, o qual varia pouco com o adensamento.
4.6 Os raios estão associados aos ângulos através da seguinte relação geométrica:

Onde:

L = comprimento do arco; R = raio de curvamento;  = ângulo central (radiano).

Obs: O comprimento do arco é uma fração do comprimento do tubo, pois as extremidades do


mesmo não são curvadas para permitir a união soldada com os segmentos retos de tubulação
situados a vante e a ré da curva. A extremidade não curvada é dita tangente, e a regra prática
para estabelecer sua dimensão mínima é que, após o curvamento do tubo, a secção transversal
da extremidade não sofra uma ovalização comprometedora da sua união com o segmento
reto.

CARLOS HENRIQUE C. M. LOUZADA – 26/12/2011

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