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Economia

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Por Luan Sperandio

25/08/2023

Pelo fim deste assalto chamado “imposto


sindical”
O modelo de organização sindical vigente no Brasil tem raízes na Carta
Constitucional de 1937, a qual tinha o objetivo explícito de fazer com que os
sindicatos dessem sustentação ao governo, ignorando os interesses dos
trabalhadores afiliados.

Desde então, esse arranjo se mantém.  Sindicatos continuam servindo aos


interesses de seus líderes e do governo que os apóia, e não aos interesses de seus
membros.

Esse comportamento segue impune por causa dos privilégios que as entidades
sindicais têm: são verdadeiros monopólios protegidos pelo estado, graças
à unicidade sindical.  Para piorar, são financiadas compulsoriamente com dinheiro
público, a chamada Contribuição Social Sindical -- no popular, o Imposto Sindical.

Vale ressaltar que, embora ninguém seja obrigado a se filiar a um sindicato, todos
os trabalhadores são obrigados a contribuir anualmente com o imposto sindical.

Obviamente, não deveria ser assim. A questão é simples: o trabalhador não pode ter
descontos em seu salário se ele não apóia a luta daquele sindicato.  Mais: ele não
pode ter descontos em seu salário se ele nem mesmo apóia a própria existência
daquele sindicato.

E não sou eu quem está defendendo isso: é Lula e o Partido dos Trabalhadores dos
anos 1990. No entanto, a defesa da liberdade sindical não perdurou ao longo dos
anos em que o PT esteve à frente da Presidência da República e teve maioria nas
casas legislativas.

A lei estabelece uma contribuição obrigatória equivalente a um dia de trabalho de


quem tem carteira assinada ao sindicato de sua categoria. Isto é, há o desconto em
folha do trabalhador, mesmo que ele não seja filiado, tampouco se sinta
representado por seu sindicato de classe.

Os valores do Imposto Sindical chegam a 3 bilhões de reais por ano, distribuídos


pelos mais de 15 mil sindicatos no Brasil, um sistema que possui muitas fraudes,
desde entidades que são somente um meio para que dirigentes se perpetuem em
cargos com altos salários até organizações fantasmas.

Trata-se de uma verdadeira caixa-preta, tendo em conta que, apesar de financiados


com recursos públicos, não há qualquer prestação de contas e transparência. Por
tudo isso, é comum os sindicatos brasileiros serem considerados irrelevantes.

Nesse sentido, um Projeto de Lei que visa tornar facultativa a contribuição dos
empregados aos sindicatos foi recentemente apresentado pelo Deputado Federal
Paulo Eduardo Martins (PSDB-PR). [Paulo, que é leitor do IMB, já foi duas vezes
entrevistado para o nosso podcast. Ver aqui e aqui ].

A ideia é que o empregado assine uma declaração manifestando se deseja ou não


contribuir para o seu sindicato, podendo, é claro, reconsiderar sua decisão
posteriormente.

Mas, vale lembrar, não é a primeira tentativa de acabar com esse privilégio, como
você pode conferir aqui e aqui -- afinal, a resistência à ideia é muito forte por parte
da denominada Bancada Sindical.

Todavia, pode ser um bom momento para aprovar esse tipo de projeto, tendo em
vista que nunca houve tão poucos representantes dos sindicatos tradicionais na
Câmara neste século:
Para os oposicionistas, a proposta é uma forma de acabar com a organização
sindical e extirpar trabalhadores e sua representatividade. Ocorre que a taxa de
sindicalização no Brasil é uma das menores do mundo: apenas 5% dos
trabalhadores brasileiros são filiados a alguma entidade sindical, segundo o
Ministério do Trabalho.

O ordenamento jurídico brasileiro atual contraria a Convenção 87 da Organização


Internacional do Trabalho, que prevê liberdade de escolher e contribuir para o
sindicato que o trabalhador preferir. O fim do imposto sindical e o estabelecimento
de doações voluntárias dos empregados aos sindicatos gerariam a necessidade de
sindicalistas apresentarem um trabalho de fato representativo, a fim de justificar
doações e conquistar mais filiados.

O ex-presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Almir Pazzianotto, defende


que os sindicatos e as centrais sindicais devem viver do dinheiro de seus
associados, e não dos repasses compulsórios do estado. Uma verdadeira defesa aos
interesses dos trabalhadores hoje perpassa por apoiar o fim da contribuição sindical,
uma imposição legislativa que beneficia sindicalistas que não representam ninguém
e prejudicam, principalmente, os trabalhadores mais pobres.

Esse artigo foi originalmente publicado em 30 de junho de 2016

Nota: as visões expressas no artigo não são necessariamente aquelas do Instituto


Mises Brasil.

Sobre o autor

Luan Sperandio
É graduando em Direito pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e faz MBA em
Liderança e Desenvolvimento Humano na Fucape Business School.

Comentários (20)

Raphael 01/07/2016

Hoje imposto sindical, amanhã fundo partidário. Anotem.


Gustavo A. 23/08/2018

Acertoooo mizeravi

Antonio 21/08/2023

Já estão querendo criar o imposto sindical (roubo oficializado) de novo. É um muita


falta de vergonha na cara. Os sindicatos já recebem muito ......

Responder

Rubens Bozano 01/07/2016

Agradeça ao 9fingers por esse ROUBO do dinheiro do MEU trabalho.

Responder

Márcio Rosa 01/07/2016

Estão achando ruim?

Esperem até essa maldita "contribuição" virar mensalidade...

Esquerda Canalha!

m.oantagonista.com/posts/sindicatos-querem-contribuicao-mensal-do-trabalhador/

Gabriel 01/07/2016

Pior que eu vi esse absurdo também, esses sangue-sugas são muito caras de pau. E o
pior é que essa proposta me parece ser apenas uma maneira de burlar uma decisão do
STF que disse que o sindicato não pode cobrar contribuição dos trabalhadores que
não forem filiados (desses eles sugam apenas o imposto sindical). Porque além deles
receberem o imposto sindical eles também tentavam sugar contribuições dos
trabalhadores como se eles fossem filiados ao sindicato.

Só o que falta um absurdo desses passar.

Responder
Silvio de Paula 01/07/2016

Acabar com o imposto sindical é o primeiro passo que temos que dar para acabar com a CLT.
Uma coisa que me chamou muito atenção foi que a CUT quer o fim do imposto sindical
obrigatório. Com o fim do imposto obrigatório e sua substituição pela contribuição da
negociação coletiva sugerida por eles, além de reduzir drasticamente o numero de sindicatos e
voltar a ter o monopólio dos sindicatos, eles vão pode usar esse sistema de "doações" coletivas
para lavar dinheiro.

Jean Tessaro Coutinho 01/07/2016

Interessante a sua teoria, mas esquece isso. Mais fácil Lula, Sarney, Dilma e Collor
serem presos do que esse imposto acabar.

Responder

Amadeus Von Adler 01/07/2016

Sindicalistas são criminosos; trate-os como meliantes.

Responder

GARRU JOAO LUIZ GARRUCINO 01/07/2016

SINDICATOS, ENTIDADES DE CLASSE, VÁRIAS ONGS, ASSOCIAÇÕES E ATÉ PARTIDOS


FUNCIONAM COMO IGREJAS... SEM DEMOCRACIA
29.7.15
JOÃO LUIZ GARRUCINO –

www.tribunadaimprensaonline.com/2015/07/sindicatos-entidades-de-classe-varias.html?
spref=fb

Falta arejar como tem funcionado os sindicatos, entidades de classe e associações, parecendo
igrejas com cúpulas espertas socando crenças ou ideologias de cima para baixo, para
manipularem as bases, as massas, sem refletirem as bases de baixo para cima, e até mesmo os
partidos funcionam exatamente como as igrejas.

Resta aos cidadãos somente carregarem os andores de tais cúpulas espertas socando crenças ou
ideologias, e rezarem por suas cartilhas...

Usam ainda a legislação fascista de Getúlio Vargas copiando a Carta de Lavoro de Mussolini,
com enormes chapões costurado pelos capas pretas de forma a nunca mais perderem eleições
em tais supostos aparelhos de representação das bases, dos cidadãos, e supostamente
democráticos, e as vezes ou quase sempre até com chapa única...

Após a saída dos militares ou logo no final do regime militar a esquerda (PT e CUT) começou a
tomar sindicatos e entidades de classe alegando tomarem o lugar dos "pelegos" mas desde então
acomodaram-se nas velhas estruturas sindicais do getulismo e nada mudaram e hoje então
pode-se dizer que se tomaram o lugar dos "pelegos" continuam usando a mesma estrutura
"pelega" de sempre ou são pelegos também.

E desde o golpe das elites derrubando Collor somente para impedir que Brizola pudesse ser o
próximo presidente do Brasil, e com os sociais democratas do PSDB, FHC e cia tomando o
Estado de assalto, começando a roubalheira e emtreguismo dos últimos vinte anos, os sociais
democratas do PT aderiram ao golpe friamente ou de forma oportunista.

E com a "social democracia" tupiniquim fabricaram as centrais como forma dos partidos
cabrestarem ou dominarem os sindicatos e as entidades de classe, criando um duplo
peleguismo sindical, o velho e o novo, enfim além dos patrões montados nos trabalhadores
graças aos sindicatos corruptos, também os partidos ou as cúpulas espertas dos políticos
passaram a montar nos trabalhadores atrelando-os aos seus governos e negociando
diretamente com os capitalistas ou os patrões...

As centrais anularam os sindicatos que já não eram assim tão fortes ou independentes ou
batalhadores de fato pelos cidadãos trabalhadores ou pelas bases.

E quem melhor definiu a social democracia ou a mistura de comunismo e socialismo com


capitalismo foi George Orwell no seu livro "A Revolução dos Bichos", contando a história da
bicharada insatisfeita com os abusos e a terrível exploração do fazendeiro acabando por
sublevarem-se numa "revolução" tomando o controle da fazenda e expulsando o fazendeiro, e
escolheram o porco, que parecia o mais esperto, para o lugar de líder dos bichos ou da
"revolução"...

Não demorou muito e os bichos estavam novamente sendo terrivelmente explorados pelo porco
que fumava charuto e tomava uísque com o fazendeiro unidos para maiores lucros.

Até que a bicharada se mancou e negociou a volta do fazendeiro com melhores condições de
trabalho e destronou o porco.

Mas na social democracia os partidos, sendo o porco, controlam os sindicatos, a bicharada,


negociando diretamente com os capitalistas, o fazendeiro...
Todas as categorias tem hoje cerca de 1/3 dos trabalhadores que tinham em 85 logo após o
afastamento dos militares da fachada do regime que continua intacto até hoje com suas elites
corruptas e suas mídias amestradas e seus cartéis.

Desde então começaram as rotatividades da mão de obra, e depois as terceirizações, não


revertidas até hoje, com PT e CUT e tudo o mais, e agora acabam de regularizar as
terceirizações detonando a CLT de Getúlio Vargas recuando a semiescravidão.

Antes da CLT o trabalhador era obrigado a trabalhar até 11 da noite ou meia noite e aos sábados
e domingos inclusive, e não podia reclamar senão era demitido sem direito algum.

Os que defendem a terceirização como modernidade são cínicos ao extremo pois se antes o
trabalhador quando era demitido podia acionar e garantir os direitos adquiridos da sua
categoria, conforme a CLT, agora nem isto.

Significa ainda que não tivemos distribuição de renda nos últimos vinte ou trinta anos de
suposta democracia e pelo contrário 2/3 dos trabalhadores foram rebaixados a vala comum dos
terceirizados ganhando 1/3 do que ganhavam suas categorias.

E como mudar este triste quadro de ditaduras ou ditadores ou tiranos nos sindicatos e
entidades de classe e associações?

Acabando com tais chapões.

Cada cidadão votaria livremente para um diretor como se vota para um deputado para um
parlamento e este parlamento sim escolheria o presidente.

E sem mais mandatos fixos ou vitalícios como atualmente tem até os políticos à revelia das
bases, ou distritos eleitorais, ou até dando bananas aos cidadãos depois de eleitos, e metade
mais um das bases ou dos associados sempre poderiam convocar assembleias e destituir um ou
todos os diretores, e até o presidente, e convocar novas eleições.

E sem mais diretores ou presidentes filiados a partidos e quem desejar socar crenças ou
ideologias de partidos que vá fazer isto bem longe da direção dos sindicatos e entidades de
classe e associações dos cidadãos trabalhadores.

A bicharada no Brasil parece insatisfeita com o porco no momento mas pode acabar trocando
um porco social democrata pelo outro...o regime inteiro atual é social democrata...Como na
China, na Europa e na Rússia...
www.tribunadaimprensaonline.com/2015/07/sindicatos-entidades-de-classe-varias.html?
spref=fb

Responder

Renato Andrade 02/07/2016

Imposto sindical e "direitos" trabalhistas não passam de formas de roubar o dinheiro do


trabalhador, limitar empregos e desestimular o desenvolvimento econômico.

Responder

Joao Ernesto 02/07/2016

Muito dificil um projeto de lei como esse passar no legislativo, dominado por interesses
paroquiais e pelo lobby dos sindicatos. Esses parasitas sobevivem do suor do trabalhador, e não
vão permitir o fim da mamata.

Responder

ernesto heredia dias 03/07/2016

Não vamos esquecer também da máfia dos Conselhos Regionais e Federais de profissões
(Engenharia, Arquitetura, Medicina, etc...) que cobram anualidades absurdamente elevadas para
a sua pouca serventia de "fiscalizar" o exercício profissional.
Tratam-se de aparelhos para criadouro de políticos cooptáveis, acolher apadrinhados e
políticos não eleitos.

Ribeiro 04/07/2016

Comentados em detalhes neste artigo:

www.mises.org.br/Article.aspx?id=2011

Responder

Francisco Hamilton Soares de Carvalho 06/07/2016


Uma das razões para que a taxa de sindicalização no Brasil seja uma das menores do mundo é
justamente a existência do imposto sindical, que acomoda os dirigentes sindicais, que não
precisam fazer nenhum esforço adicional para angariar novos sindicalizados, pois contam com
essa contribuição espúria, que premia unicamente a ineficiência.
Não contassem com esse dinheiro fácil, teriam que sair à caça de novos sindicalizados e
oferecer bons serviços para mantê-los.

Responder

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