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Título: A Poesia na Escola: Uma Proposta de Leitura de Poema de Helena Kolody

Autora Claudete Sanches da Silva

Escola de Atuação Colégio Estadual Altamira do Paraná - Ensino Fundamental e


Médio

Município da escola Altamira do Paraná

Núcleo Regional de Campo Mourão


Educação

Orientadora Profª Mestre: Wilma dos Santos Coqueiro

Instituição de Ensino UNESPAR / FECILCAM


Superior

Disciplina/Área Língua Portuguesa

Produção Didático- Caderno Pedagógico


pedagógica

Público Alvo Alunos do 9º Ano do Ensino Fundamental

Localização Colégio Estadual Altamira do Paraná - Ensino Fundamental e


Médio

Rua João Aparecido de Moraes, número 12.

Resumo:
Nesse trabalho objetiva-se trabalhar com leituras de textos
poéticos da autora paranaense Helena Kolody, procurando mostrar
os ―Diálogos Literários‖ com as telas de Marc Chagall, (pintor
russo), bem como com os haicais de Paulo Leminsk, também poeta
paranaense. O trabalho será baseado na metodologia da Estética da
Recepção, que se respalda nos aportes teóricos de, entre outros, os
estudos teóricos de Jauss (1994), Zilberman (1985; 1989) e Bordini
e Aguiar (1993), também fundamentado nas DCEs de Língua
Portuguesa do Estado do Paraná. Estudos nos mostram que a
poesia tem a capacidade de sensibilizar qualquer ser humano. É a
expressão da alma, dos sentimentos, portanto, precisa ser cultivada.
Deste modo, a proposta deste material nasceu da busca de uma
postura pedagógica que propiciasse a descoberta do conhecimento,
a criatividade e a expressividade dos educandos por meio de textos
poéticos de Kolody, propiciando o trabalho com outros gêneros
textuais que trazem a mesma vertente da poeta. As poesias
kolodianas são sintéticas e expressam extrema sensibilidade,
engenho poético e lirismo contido. Os temas recorrentes na sua
lírica são universais como, entre outros, o tempo, a contemplação, a
permanência, a solidão, a memória e a transitoriedade.

Palavras-chave Leitura – Poesia – Sensibilidade – Transformação - Reflexão


APRESENTAÇÃO

Este Caderno de Atividades propõe um trabalho com leitura de poesias de


Helena Kolody no 9º ano do Ensino Fundamental, baseado na metodologia da Estética
da Recepção, que se respalda nos aportes teóricos de, entre outros, os estudos teóricos
de Jauss (1994), Zilberman (1985; 1989) e Bordini e Aguiar (1993), também
fundamentado nas DCEs de Língua Portuguesa do Estado do Paraná. Nessa perspectiva,
sabemos que a leitura é fundamental para o desenvolvimento intelectual do ser humano,
pois ela amplia e transforma a visão de mundo, proporcionando descobertas do contexto
em que vive o educando.
Sabendo da importância que a poesia tem na formação do cidadão participativo
e responsável pelas mudanças sociais, as leituras serão encaminhadas a partir de textos
poéticos, possibilitando a reflexão, a aprendizagem e o interesse pela leitura. Estudos
nos mostram que a poesia tem a capacidade de sensibilizar qualquer ser humano. É a
expressão da alma, dos sentimentos, portanto, precisa ser cultivada. Deste modo, a
proposta deste material nasceu da busca de uma postura pedagógica que propiciasse a
descoberta do conhecimento, a criatividade e a expressividade dos educandos por meio
de textos poéticos de Kolody, propiciando o trabalho com outros gêneros textuais que
trazem as mesmas temáticas desta autora.
O que provocou essa busca foi à constatação de que a poesia é pouco trabalhada
na sala de aula uma vez que este gênero textual tem sido cada vez mais esquecido no
processo de ensino/aprendizagem, tanto na leitura como na escrita. O trabalho com
textos poéticos de Helena Kolody se deu em função do centenário de nascimento desta
grande autora paranaense comemorado neste ano. Além disso, suas poesias são
sintéticas e expressam extrema sensibilidade, engenho poético e lirismo contido. Os
temas recorrentes na lírica de Kolody são universais como, entre outros, o tempo, a
contemplação, a permanência, a solidão, a memória e a transitoriedade.
Esperamos que as atividades propostas neste Caderno, por meio de reflexões dos
textos poéticos, canções, obras de arte entre outros, possa contribuir para o trabalho na
sala de aula, não só para mim, mas para outros professores que desejarem.
SUMÁRIO

1. Introdução .................................................................................................................. 04
2. Objetivos ..................................................................................................................... 05
3. Pressupostos teóricos .................................................................................................05
4. Estratégias de ações ...................................................................................................06
5. Biografia de Helena Kolody ...................................................................................... 10
6. A Importância da poesia na escola ........................................................................... 11
7. A diferença entre poesia e poema ............................................................................. 14
8. A relação intertextual entre a poesia e a imagem ................................................... 23
9. As imagens nas poesias de Helena Kolody e nas pinturas de Marc Chagall ........ 24
10. Características de haicais e tankas ........................................................................ 27
11. Obra de arte (tela) "Solitude" de Marc Chagall .................................................. 28
12. Produções de haicai .................................................................................................33
13. Apresentação de tankas para leitura e análise ...................................................... 33
14. Canção ...................................................................................................................... 34
15. Diálogos Literários entre Paulo Leminski e Helena Kolody................................ 38
15.1. Biografia de Paulo Leminski ............................................................................... 38
16. Referências Bibliográficas ...................................................................................... 42
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1. INTRODUÇÃO

Ao produzir este caderno didático, pensamos em um material que viesse colaborar


com a prática pedagógica dos professores nas aulas de Língua Portuguesa do 9º ano do
Ensino Fundamental, bem como subsidiar a Leitura de Poemas de Helena Kolody,
proposta do Projeto de Intervenção na Escola. Deste modo, o presente Caderno tem como
foco principal, o trabalho com o gênero ―poema‖, desta importante poeta paranaense, que
apresenta em sua obra poética a― inquietação existencial‖.
Identificamos nas poesias de Helena Kolody, as seguintes temáticas: a questão da
brevidade da existência e a inquietação do poeta em relação à vida, ora com a exaltação
intensa da vida, ora com o desencanto. Também percebemos a temática do amor, do desejo
de realização, da questão da vida e da morte, da solidão e busca de sentido para a
existência. Como podemos perceber a poesia de Kolody expressa um alto grau de lirismo.
A comunicação na poesia de Kolody é essencialmente lírica, pois procura
sensibilizar o leitor, mostrando que a poesia pode ser vida, poder, revelação, alquimia,
nostalgia. Ainda segundo Cruz, a arte poética Kolodyana identifica-se com certa
problemática da poesia contemporânea. Alguns compositores brasileiros, como Raul
Seixas e Wando, expressam seus sentimentos ora de alegria e otimismo, ora de tristeza e
solidão, aproximando assim, do estilo de Helena Kolody a qual é chamada de poeta da
inquietação.
A mesma vertente das poesias de Kolody também está presente nas obras de arte
do grande pintor Marc Chagall que nasceu na aldeia de Vitebsk, na Bielorrússia. As
temáticas retratadas nas pinturas de Chagall são semelhantes as que estão presentes nas
poesias de Kolody, pois tratam da vida cotidiana, solidão, religiosidade, sonhos, elementos
dramáticos com um grande recurso imagético, retratando a natureza, pequenas cidades e
flores. Deste modo, evidenciamos que Helena Kolody e Marc Chagall são dois artistas que
abordam temáticas semelhantes em suas obras. No decorrer das atividades, procuraremos
mostrar em algumas pinturas, poesias e músicas, o que há em comum, tanto como nas
imagens, quanto na temática, bem como o grau de lirismo existente. Evidenciamos que tais
artistas expressaram em suas obras de arte denominadas pinturas, poesias e músicas, o
contexto em que estavam vivendo no momento.
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2. OBJETIVOS

Partindo dos pressupostos teóricos fundamentados nas Diretrizes Curriculares da


Educação básica da Secretaria de Educação do Paraná, a qual apresenta a Estética da
Recepção como metodologia de ensino de literatura, este trabalho propõe:
 Possibilitar ao educando (leitor) o contato com a poesia contemporânea da poetisa
paranaense Helena Kolody, tendo em vista o processo de recepção catártico da poesia
como uma forma de comunicação com o mundo.
 Promover leituras compreensivas e críticas, permitindo ao educando a ser receptivo
a novos textos, bem como a leituras de outrem;
 Desenvolver no educando a capacidade de questionar as leituras efetuadas ao seu
próprio horizonte cultural e, sobretudo, de transformar os seus horizontes de expectativas;
 Proporcionar momentos de reflexões das temáticas existenciais representadas na
obra poética de Helena Kolody por meio de leitura de suas poesias;
 Possibilitar aos educandos uma fruição das imagens poéticas nos textos líricos de
Helena Kolody;
 Elaborar estratégias de leitura de poesia na sala de aula como estímulo ao
desenvolvimento do gosto pela leitura e da produção textual escrita.

3. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS

Encontramos em diversos autores, tais como Zilberman (1985), Bordini e Aguiar


(1993), Averbuck ( 1985 ), Carlos Drummond de Andrade ( 1974 ), entre outros, que a
poesia não está tendo o seu valor merecido na sala de aula,tanto na leitura como na
escrita. As justificativas para essa desvalorização também são repetidas e envolvem desde
a falta de hábito da leitura de poesia do professor até o tratamento dado ao texto poético
nos livros didáticos, que se volta para atividades de compreensão textual e interpretação.
Isto é preocupante, porque a poesia tem a capacidade de sensibilizar qualquer ser humano.
É a expressão da alma, dos sentimentos, portanto, precisa ser cultivada.
Nessa perspectiva, sabemos que a leitura é fundamental para o desenvolvimento
intelectual do ser humano, pois ela amplia e transforma a visão de mundo, proporcionando
descobertas do contexto em que vive o educando. Em virtude disso, muitas discussões têm
surgido em torno de sua importância para a formação de leitores e cidadãos críticos, bem
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como em torno da prática de ensino da língua materna. Isso se justifica devido ao fato de
que a leitura possibilita ao homem a inserção e participação ativa no meio social e, por
isso, essa prática deve ser desenvolvida desde cedo e, primordialmente, no âmbito escolar.
No intuito de propiciar aos estudantes o contato com vários gêneros textuais,
dando, assim, instrumentos para que possam enfrentar situações diversas de comunicação
com sucesso, optamos por organizar as atividades a partir das relações entre poemas,
poesias, músicas, paródias e pinturas, tratando de textos que apresentam a mesma temática
dos poemas de Kolody. As atividades serão propostas de modo que possam explorar
diversos exemplares do gênero escolhido, estudando suas características próprias e levando
os alunos a praticar diferentes escritas antes de propor uma produção escrita final.
Essa ação pedagógica norteia-se pelos pressupostos teóricos da Estética da
Recepção, a qual tem como um dos seus precursores Hans Robert Jauss. Em aula inaugural
na Universidade de Constança, na Alemanha, Jauss critica a maneira em que as teorias
literárias vinham sendo abordadas, as quais, até então, eram tradicionais, desconsiderando
o papel do leitor na recepção do texto literário. O autor propõe reflexões sobre os métodos
de ensino da literatura e assim surge a Estética da Recepção, a qual é sugerida pelas DCEs
do Estado do Paraná, como encaminhamento metodológico para o ensino de literatura.
A teoria da Estética da Recepção é uma das correntes que tem, oferecido bons
resultados na formação do leitor competente, Aquele que é ativo no processo de leitura,
que decodifique sinais e faça escolhas que é capaz de analisar criticamente um texto de
qualquer gênero. Esta teoria amplia o ―horizonte de expectativa‖ do leitor, na qual há uma
triangulação entre o texto/autor/leitor, dando condição para que a leitura seja significativa,
receptiva e comunicativa, ou seja, por um relacionamento dinâmico entre autor, obra e
leitor.

4. ESTRATÉGIAS DE AÇÕES

Assim, tendo como norte de trabalho, as etapas do método recepcional, proposto


pelas professoras Maria da Glória Bordini e Vera Teixeira Aguiar (1993), com base na
teoria da recepção de Jauss, o trabalho seguirá as cinco etapas que o método sugere que
são: (1) Determinação do horizonte de expectativas; (2) Atendimento do horizonte de
expectativas; (3) Ruptura de horizontes de expectativas; (4) Questionamento do horizonte
de expectativas e (5) Ampliação do horizonte de expectativas.
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Desta forma, para determinar o horizonte de expectativas dos estudantes, serão


feito alguns questionamentos sobre os gêneros textuais Música e Poesia, a fim de conhecer
a realidade sócio-cultural dos mesmos, bem como refletir sobre o comportamento deles na
recepção da poesia lírica.
O trabalho, empregando o gênero textual canção e o gênero textual poético, se
justifica por se tratar de uma forma de despertar nos alunos o interesse pela leitura crítica,
capaz de torná-los leitores socialmente ativos. Para a realização das atividades didáticas, a
partir dos gêneros discursivos canção, imagem e poético, serão escolhidas canções,
pinturas e poesias de Helena Kolody que dialogam entre si, isto é, que apresentam a
temática, linguagem e características parecidas. Entendemos que no caso da canção e dos
poemas, esses vão ao encontro dos interesses dos jovens.
Em um segundo momento, para que haja o atendimento do horizonte de
expectativas dos educandos, a partir dos interesses demonstrados pelos mesmos,
iniciaremos o trabalho com uma atividade com a música Tente Outra Vez, de Raul Seixas,
pois sabemos que o texto musical é um meio pelo qual os estudantes terão uma motivação
significativa na participação das aulas, possibilitando assim o processo de
ensino/aprendizagem, já que a música é um elemento indispensável e fundamental na
comunicação. Além disso, a música está presente no contexto de vida de nossos estudantes
de forma intensa, pois está nas festas, nos encontros entre amigos, nas ruas, em suas casas,
enfim em quase todos os lugares. Desta forma, o trabalho com o gênero canção na sala de
aula estimulará a participação.
A escolha da música se deu pela sua temática a qual é semelhante às da poesias de
Helena Kolody. A mesma é considerada a poeta do cotidiano, das realidades simples e
comuns, interpretadas por sua sensibilidade, lirismo contagiante e libertador. Sua poesia,
profundamente lírica, com acentos existenciais, transparentes, revela uma construção
poética alicerçada a partir das coisas simples e cotidianas. Desta forma, o texto musical nos
traz uma mensagem de otimismo perante as dificuldades da vida, pois a letra é forte, é uma
grande alavanca para quem está desmotivado, deprimido, abatido.
Muitas vezes de forma metafórica, Raul Seixas se expressava de maneira que as
pessoas de sua época não o compreendiam ou não totalmente. Ainda hoje suas letras geram
polêmica. Nossa compreensão está relacionada à nossa experiência de vida ou a coisas que
acreditamos que existam ou que possam existir. Como a mente de Raul era um terreno
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fértil e complexo, talvez ainda leve algumas décadas para compreendermos 100% do
pensamento ―Raulniano‖.
Sendo assim, veremos um clipe da música, Tente Outra Vez, procurando observar
as imagens do mesmo, no link. http://www.youtube.com/watch?v=u7eQIk1PfAs

Tente Outra Vez ( Raul Seixas)


Veja!
Não diga que a canção
Está perdida
Tenha fé em Deus
Tenha fé na vida
Tente outra vez!...
Beba! (Beba!) !)

Fonte:portaldoprofessor.mec.gov.br
Pois a água viva
Ainda tá na fonte
(Tente outra vez!)
Você tem dois pés
Para cruzar a ponte
Nada acabou!
Não! Não! Não!...
( ... )
http://letras.mus.br/raul-seixas/48334/#selecoes/48317/

Depois de ver o clipe e ler o texto musical, faremos com os educandos os


seguintes questionamentos:
1- Que mensagem esta música nos transmite? O que sentimos ao ouvi-la?

2- Que ideias nos remete a repetição do verso Tente outra vez?

3- Que atitudes devemos tomar a partir do chamamento. ―Veja! Não diga que a canção está
perdida‖?

4- A segunda estrofe do texto musical é formada por ideias metafóricas. Explique o que
esta estrofe quer dizer?

5- Que versos da música nos fazem sentir mais seguros e confiantes?


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6- Que imagens podemos perceber na música?

7- Quais estrofes remetem à religiosidade?

8- Quais são os verbos que estão no modo imperativo? Que ideias eles nos remetem?

9- Quando o Eu-lirico diz que a ―água viva ainda tá na fonte‖. Que figura de linguagem
tem nesse trecho? O que esses versos expressam? Que linguagem o autor usou para
escrever a palavra tá? Como deve ser escrita esta palavra na linguagem culta?

10- O que seria ―cruzar a ponte‖?

11- O que significa para você ser ―capaz de sacudir o mundo‖?

11- Transforme a temática dessa música em um texto narrativo, contando a história de


alguém real ou inventado ―capaz de sacudir o mundo‖.

Para atender o rompimento do Horizonte de expectativas dos educandos,


trabalharemos a biografia de Helena Kolody em forma de paródia e para que haja
compreensão de seus textos poéticos, pois o horizonte cultural conferido pela sua história
de vida é a chave para se compreender a riqueza de sua poesia. Serão feitas pesquisas
sobre a vida e obras no tempo da poeta e, posteriormente, será confeccionado um cartaz
no qual serão postadas as informações sobre a autora paranaense. O cartaz ficará exposto
na sala de aula.

Dom
Deus dá a todos uma estrela
Uns fazem dela um sol
Outros nem conseguem vê-la.
Helena Kolody

Fonte: www.diadiaeducacao.pr.gov.br
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5. BIOGRAFIA DE HELENA KOLODY

Para que haja mais interesse, enriquecimento e motivação, apresentaremos a


biografia de Helena Kolody por meio de uma paródia da música ―Cabocla Tereza‖ . A letra
da música foi feita por João Pacífico. A mesma é muito bonita e traz um significado
poético relevante. Além disso, a temática é muito semelhante às poesias de Kolody. A
paródia foi composta por mim, Claudete Sanches da Silva, tendo como apoio e pesquisas o
livro Helena Kolody: a poesia da inquietação, de Antonio Donizeti da Cruz. A mesma será
apresentada por uma dupla sertaneja , estudantes desta escola e pelos alunos desta turma.

Paródia
(declamado)
Em busca da liberdade
Sonhos e felicidades
Vieram para o Brasil,
Famílias estrangeiras
Que as terras brasileiras
Escolheram pra viver.
E junto com essa gente
Lutadora e valente
Vieram os ucranianos,
A Ucrânia estava em guerra Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.br

E o povo desta terra


Chorava a escravidão,
Lá não tinha liberdade
Era só dificuldade
Sem condições de morar.
A vida dos pais de Helena
Também era um dilema
Eles vieram de lá,
De famílias diferentes
Porém do mesmo ambiente
Aqui foram se encontrar.
Miguel Kolody e Vitória
De acordo com a história
Vieram a se apaixonar,
E como sempre acontece
Quando o amor permanece
Casaram pra completar
E desta união tão plena
Nasceu a menina Helena
Que veio para brilhar.
( cantado )
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Em um ranchinho de chão
Na colônia de Cruz Machado
No Paraná, no sertão
A família tinha se instalado.
E lá Helena Kolody
Passou a sua infância
Tem muitas lembranças dali.
Do seu tempo de criança.

Lugar cheio de magia Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.br


Em meio a natureza
Que foi tema da poesia
Que Helena viveu com certeza.
E isso influenciou
Em toda sua produção
Pois muitos temas explorou
A poeta da inquietação.

As tankas, haicais e poesias

De extrema simplicidade
Com temas de amor e alegria
De solidão, tristeza e saudade.
Mas Deus com ele a levou
Foi triste a sua partida
Ela que tanto nos orgulhou
Agora escreve do outro lado da vida
(composta por Claudete Sanches da Silva)

6. A IMPORTÂNCIA DA POESIA NA ESCOLA

Sabendo da importância que a poesia tem na formação do cidadão participativo e


responsável pelas mudanças sociais, as leituras serão encaminhadas a partir de textos
poéticos, possibilitando a reflexão, a aprendizagem e o prazer pela leitura.
Compreendemos a poesia como linguagem na sua carga máxima de significado e de
reflexão, poesia-pensante, mas também ritmo dança, música, sentimento, emoção,
revolução, poesia que tem função social, poesia de caráter humanizador, ético, capaz de
mudar o mundo. E para tudo isso é necessário que haja o contato, pois esse Gênero
Literário é pouco trabalhado pelos professores, o mesmo tem sido cada vez mais esquecido
nas práticas pedagógicas da sala de aula. As poucas vezes que se trabalha esse gênero
textual, não é levado à reflexão.
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Sabendo da importância que a poesia tem na formação do cidadão participativo e


responsável pelas mudanças sociais, as leituras serão encaminhadas a partir de textos
poéticos de Helena Kolody, poetisa paranaense cuja poesia é marcada por uma forte carga
lírica, com temas voltados ao questionamento da existência e o sentido do estar no mundo,
possibilitando a reflexão, a aprendizagem e o prazer pela leitura, a fim de fazer da leitura
um ato criador e humanizador. Deste modo, não podemos excluir o texto literário, no caso
a poesia das nossas aulas, pois a mesma propicia atividades prazerosas e lúdicas, além
disso, estimula a capacidade de criar, de expandir seu conhecimento de mundo. Como
postula Candido:

A literatura tem sido um instrumento poderoso de instrução e educação,


entrando nos currículos, sendo proposta a cada um como equipamento
intelectual e afetivo. Os que a sociedade preconiza ou os que consideram
prejudiciais, estão presentes nas diversas manifestações da ficção, da
poesia e da ação dramática. A literatura confirma e nega, propõe e
denuncia, apóia e combate, fornecendo a possibilidade de vivermos
dialeticamente os problemas. Por isso é indispensável tanto a literatura
sancionada quanto a literatura proscrita: a que os poderes sugerem e a que
nasce dos movimentos de negação do estado de coisas importantes.
(1989, p.112).

Em suma, pode-se dizer que a literatura consegue alterar não só o mundo exterior
como o interior de cada ser humano, mudando suas formas de pensar e agir. Assim, pode-
se dizer que a literatura só toma o mundo melhor tornando todos mais humanos e menos
autoritários. Para melhor entendermos essa ideia, vejamos o que diz Averbuck em seu
artigo ―A Poesia e a Escola‖:

Recuperar o conteúdo lúdico da poesia no trabalho escolar significa


resgatar sua natureza original. O que a linguagem poética faz é jogar com
as palavras. O jogo com o poema é sua desconstrução e reconstrução,
exercício de liberdade poética. (1985, p. 76).

Acreditamos que os textos poéticos de Helena Kolody por serem marcados pela
concisão, tendo sua arte poética marcada pelas ―palavras da inquietação‖, lirismo e poder
de revelação, serão uma ótima alternativa para motivar os alunos à leitura. Em suas poesias
percebemos a sensibilidade que a poeta tem em perceber o belo que para nós passaria
despercebido. Seus poemas são inspirados no seu cotidiano, nos passando uma imagem
clara que faz com que viajamos por meio da imaginação. A sua capacidade de transformar
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as palavras em imagens é sem dúvida admirável, como se fosse uma magia. Em O Jornal
do Livro, de Curitiba, Helena Kolody define a poesia da seguinte forma:

A poesia para mim é como um jogo. Mas um jogo difícil, ainda que tenha
elementos lúdicos de prazer. É como um jogo que você não consegue
armar, não consegue vencer. Às vezes não era aquela a palavra que você
queria. Então você muda, tira um verso, corta. O meu normal é cortar
muito. Poesia é um jogo no qual a gente perde sempre (1985, p.5).

Segundo Cruz (2010), Helena Kolody, em entrevista a Hamilton Faria, em O Estado


do Paraná, a 11 de outubro de 1992, afirma que:

A poesia é intrinsecamente ligada à beleza. No universo tudo é poesia de


Deus: é a sombra de Deus no mundo. O poema é como ―um jogo de
palavras que gera prazer‖ e, uma das características do poeta, é a paixão
pela palavra e pela leitura. O poeta é uma antena sensível, captando seus
próprios sentimentos, bem como os acontecimentos do mundo que lhe
ferem a sensibilidade. (2010, p. 67).

Sem dúvida, Helena Kolody tem uma grande importância na literatura paranaense,
pela qualidade de seus versos, deixando transpor o seu lado humano por meio das palavras,
arrancadas da sua intimidade e levadas ao universo dos outros como se fossem veículo de
aproximação entre os seres humanos, palavras estas que servem de instrumentos para
transformar o mundo. Rubem Alves em seu texto ―Ensinando a tristeza‖, fala de Helena
Kolody, da seguinte forma:

Fui apresentado à poesia da Helena Kolody poucas semanas atrás. Foi


uma descoberta que me trouxe alegria. Não porque seus poemas sejam
alegres. Todos eles têm uma pitada de tristeza. A Adélia sabe que o que é
bonito enche os olhos d’água. A beleza vem sempre misturada à tristeza.
(ALVES, s.d., s.p.)

Percebemos aí a ação que a poesia exerce sobre a emoção. Segundo Müller, (apud
KUNS, 2007, p.165), o trabalho com a poesia na sala de aula proporciona uma visão mais
ampla do trabalho com a leitura, que consegue fazer o aluno viajar nas asas da imaginação,
e ao mesmo tempo, fazê-lo situar-se no mundo em que vive de forma crítica e participativa,
utilizando-se da linguagem para ser mais humano.
Sendo assim, este projeto possibilita ao educando a leitura de textos poéticos, a
fim de oportunizar ao mesmo o diálogo com o texto, bem como alcançar as etapas da
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recepção propostas por Jauss e de acordo com as DCEs, com as autoras Bordini e Aguiar
(1993), propiciar ao educando reflexões e questionamentos de leituras efetuadas ao seu
horizonte cultural; transformando os próprios horizontes de expectativas, bem como os do
professor, da comunidade familiar e social.

7. A DIFERENÇA ENTRE POEMA E POESIA

As poesias de Helena Kolody se tratam de temas da vida cotidiana, o tempo, a


natureza, o amor, a solidão, alegria, tristeza, a religiosidade, a infância entre outros.
Segundo Cruz (2010), os temas recorrentes na lírica de Kolody são: o tempo; a
contemplação; a permanência; a solidão; a memória; a transitoriedade, entre outros. Com
doze livros publicados, várias antologias e obras completas, Kolody realiza um fazer
poético enquanto busca da síntese, projetada nas formas escolhidas e no enxugamento dos
textos. Os poemas sintéticos, tais como os dísticos, tercetos, quadras, epigramas, tankas e
haicais (poesia de origem japonesa), são formas poéticas escolhidas pela poetisa.
É interessante, mostrar a diferença entre poema e poesia, pois é de suma
importância para os educandos entenderem que os mesmos são distintos. Pedro Lyra
caracteriza poesia e poema da seguinte forma:

O poema é de modo mais ou menos consensual, caracterizado como um


texto escrito (primordialmente, mas não exclusivamente) em verso. A
poesia, por sua vez, é situada de modo problemático em dois grandes
grupos conceituais: ora como uma pura e complexa substância imaterial,
anterior ao poeta e independente do poema e da linguagem, e que apenas
se concretiza em palavras como conteúdo do poema, mediante a atividade
humana; ora como a condição dessa indefinida e absorvente atividade
humana, o estado em que o indivíduo se coloca na tentativa de captação,
apreensão e resgate dessa substância no espaço abstrato das palavras. Se
o poema é um objeto empírico e se a poesia é uma substância imaterial, é
que o primeiro tem uma existência concreta e a segunda não. Ou seja: o
poema, depois de criado, existe per se, em si mesmo, ao alcance de
qualquer leitor, mas a poesia só existe em outro ser: primariamente,
naqueles onde ela se encrava e se manifesta de modo originário,
oferecendo-se à percepção objetiva de qualquer indivíduo;
secundariamente, no espírito do indivíduo que a capta desses seres e tenta
(ou não) objetivá-la num poema; terciariamente, no próprio poema
resultante desse trabalho objetivador do indivíduo-poeta. Este é o
problema fundamental: se a poesia está no mundo originariamente, antes
de estar no poeta ou no poema - e isso pode ser comprovado pela simples
constatação popular de que determinados objetos/situações do mundo são
"poéticos" - ela tem a sua existência literária decida nesse trânsito do
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abstrato ao concreto, do mundo para poema, através do poeta, no


processo que a conduz do estado de potência ao de objeto. Então,
podemos deduzir que a existência primordial da poesia se vincula à
daqueles seres que exercem algum influxo sobre o sujeito que entra em
contato com eles e o provocam para uma atitude estética de resposta,
consumando o trânsito - da percepção à objetivação - mediante uma
forma qualquer de linguagem. (LYRA, 1986, P. 6-7-8).

Depois dessa discussão, começaremos realizar as leituras dos textos poéticos


―Alegria de viver‖, ―Sonhar‖, ―Infância‖, ―Lua Profanada‖ e ―Ações de graças‖, de
Helena Kolody, possibilitando aos estudantes a identificação da temática, das imagens, da
linguagem de cada um dos textos. Faremos também uma análise interpretativa e reflexiva
dos textos poéticos, procurando relacionar com a vida da autora, bem como com a nossa
realidade.
O poema ―Alegria de Viver‖ transmite otimismo e felicidade. Neste poema, a
poeta valoriza a vida, o momento presente, pois, para ela, a vida é breve e o futuro incerto.
Com uma linguagem elaborada e metafórica, a poeta celebra a vida e o canto festivo nos
versos muito bem elaborados. São versos de puro agradecimento pela vida e o mundo que
a cerca.

Vamos ler o poema abaixo e fazermos uma análise reflexiva do mesmo.

Alegria de Viver
Amo a vida.
Fascina-me o mistério de existir.
Quero viver a magia de cada instante,
embriagar-me de alegria.
Que importa a nuvem no horizonte,
chuva de amanhã?
Hoje o sol inunda o meu dia.

Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.br

1) Que sentimentos nos transmitem o poema ―Alegria de Viver"?

2) Quantas estrofes e quantos versos têm o poema?

3) Identifique o sentido metafórico presente na última estrofe do poema.


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4) Como se manifesta o eu - lírico em relação à vida?

5) Que tipo de sujeito está expresso no texto poético?

6) Identifique os pronomes existentes no poema e defina-os.

7) Qual tempo verbal a autora empregou no poema e o que ele sugere?

8) Que ―relação podemos estabelecer entre a canção ―Tente Outra Vez‖ de Raul Seixas e
o poema‖ ―Alegria de Viver‖ de Helena Kolody?

Em ―Sonhar‖ percebemos a pureza, paz, alegria, fantasia e harmonia. Também


podemos observar que os elementos da natureza estão sempre presentes nas poesias de
Kolody. Neste poema, o eu-lirico compara o sonho a um vôo onde as pessoas conseguem
se desvincular-se da realidade mundana, e assim almejarão seus mais puros e belos sonhos.
O Verso ―É ambicionar o céu; é dominar o espaço;‖, pois se entende que devemos
ambicionar grande, sonhar alto e assim conseguir alcançá-lo. O poema desperta no leitor
um desejo de realizar seus sonhos, assim como um pássaro que é livre para voar, podendo
realizar seus sonhos e suas vontades . Ao ler o poema, o leitor viaja em fantasias,
acreditando torná-las realidade. A temática expressa neste poema é semelhante à temática
do texto musical ―Tente Outra Vez‖, de Raul Seixas., pois ele nos remete coragem, força,
fé para enfrentar os possíveis obstáculos que aparecem em nossas vidas. Vamos ler e
refletir sobre a poesia.

http://nomadeescoladepoesia.blogspot.com.br/2011/01/sonhar-helena-kolody.html. Acesso em 18/10/2012.

Sonhar
Sonhar é transportar-se em asas de ouro e aço
Aos páramos azuis da luz e da harmonia;
É ambicionar o céu; é dominar o espaço,
17

Num vôo poderoso e audaz da fantasia.

Fugir ao mundo vil, tão vil que, sem cansaço,


Engana, e menospreza, e zomba, e calunia;
Encastelar-se, enfim, no deslumbrante paço
De um sonho puro e bom, de paz e de alegria.

É ver no lago um mar, nas nuvens um castelo,


Na luz de um pirilampo um sol pequeno e belo;
É alçar, constantemente, o olhar ao céu profundo.

Sonhar é ter um grande ideal na inglória lida:


Tão grande que não cabe inteiro nesta vida,
Tão puro que não vive em plagas deste mundo.

Leia o poema e responda as questões abaixo:

1) Qual é a sua interpretação sobre o poema ―Sonhar‖, da poeta paranaense?

2) O que te chamou a atenção neste poema e qual é a sua crítica?

3) A que tipo de sonho o eu-lirico está se referindo?

4) Você tem sonhos? Com que você sonha?

5) A autora faz uso de metáforas em seu texto. Explique o que quer dizer o verso: "Sonhar
é transportar-se em asas de ouro e aço".

6) O poema tem a forma de um soneto. Quais as características que ele tem que comprova
isso?

7) Identifique as temáticas utilizadas por Kolody:

8) Poesia também é arte de brincar com as palavras. Vamos fazer um acróstico com a
palavra abaixo:

S
O
N
H
A
R
18

1) Faça uma leitura da pintura de Marc Chagall relacionando com o poema "Sonho" de
Helena Kolody:

Fonte: http://www.google.com.br/imgres?q=pinturas+de+chagall+com+o+tema+sonhar+sonho&num=10&hl=pt-
BR&biw=988&bih=619&tbm=i. Acesso em 20/10/2012.

A presença da temática infância também é freqüente nas poesias de Helena


Kolody. No poema ―Infância‖ percebe-se que a criação poética é alicerçada pelo desejo de
recuperar aquele ―tempo bom‖ vivido em ―Três Barras/ plenas de sol e de cigarras‖,
expresso por uma linguagem simples, coloquial e cheia de exclamações, que denotam
surpresas nas descobertas e reticências, que apontam para uma indefinição dos bons
momentos.

Interior de Três Barras : entre Pinhão e Cruz Machado


-

Fonte: http://www.jornalfatos.com.br/modules/news/article.php?storyid=2877.Acesso em 19/10/20

Infância

Aquelas tardes de Três Barras.


Plenas de sol e cigarras.
Quando eu ficava horas perdidas
Olhando a faina das formigas
19

Que iam e vinham pelos carreiros,


No áspero tronco dos pessegueiros.

A chuva-de-ouro
Era um tesouro,
Quando floria.
De áurea abelhas
Toda zumbia.
Alfombra flava
O chão cobria
O cão travesso, de nome eslavo,
Era um amigo, quase um escravo.
Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.br

Merenda agreste:
Leite crioulo,
Pão feito em casa,
Com mel dourado,
Cheirando a favo.
Ao lusco-fusco, quanta alegria!
A meninada toda acorria
Para cantar, no imenso terreiro:
"Mais bom dia, Vossa senhoria"...
"Bom barqueiro! Bom barqueiro..."
Soava a canção pelo povoamento inteiro
E a própria lua cirandava e ria. Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.br

Se a tarde de domingo era tranquila,


Saía-se a flanar, em pleno sol,
No campo, recendente a camomila.
Alegria de correr até cair,
Rolar na relva como potro novo
E quase sufocar, de tanto rir!
No riacho claro, às segundas-feiras,
Batiam roupas as lavadeiras.
Também a gente lavava trapos
Nas pedras lisas, nas corredeiras;
Catava limo, topava sapos Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.br

(Ai, ai, que susto! Virgem Maria!)

Do tempo só se sabia
Que no ano sempre existia
O bom tempo das laranjas
E o doce tempo dos figos...
Longínqua infância...
Três Barras
Plena de sol e cigarras.
Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.br
20

Análise Interpretativa:

1) O título da poesia é condizente com o texto?

2) Quais são os sentimentos do o eu – lírico expressos na poesia "Infância"?

3) Qual imagem visual você consegue perceber através da leitura da Poesia "Infância"?

4) Quais são as temáticas contidas no texto poético e qual é a principal?

5) Que verso expressa a religiosidade? Reescreva-o:

6) Em que estrofe o eu-lirico expressa saudade do lar e da vida de criança?

7) Apesar de não aparecer no texto poético, percebemos a crítica que o eu-lirico faz em
relação ao tempo presente. Qual é a crítica que está implícita no texto?

8) Identifique na 6ª estrofe o verso em que há uma personificação. Qual sentido ela atribui
ao texto

9) Reescreva a estrofe em que o eu-lirico deixa claro que naquela época não havia
preocupação com o tempo:

10) Produza um texto, contando como foi a sua infância, o que te traz mais saudades.

Um dos temas presente na poesia de Kolody é a religiosidade, a espiritualidade. Sendo


assim, realizaremos uma discussão com o propósito de possibilitar aos estudantes a
reflexão sobre o texto poético. A poesia ―Ações de Graças‖ dá a dimensão da fé e
comprometimento pessoal por parte da poeta para com suas crenças religiosas. Devoção
completa como manifestação de graças. São versos de puro agradecimento pela vida e o
mundo que a cerca. Além deste poema, muitos outros estão relacionados à temática da
religiosidade. Sendo assim, podemos perceber que a poesia de Helena Kolody é a poesia da
inquietação, algumas vezes demonstra alegria, felicidade, paz e, outras vezes, angústias,
solidão, tristeza entre outros. Vejamos como Cruz descreve a poesia de Kolody:

A poesia de Kolody apresenta as coisas mínimas, a alegria de viver, a humildade


e plenitude, o desejo de atingir a realização pessoal, a preocupação com o tempo,
a angústia, a solidão, a melancolia, tão próprias do homem do século XX. Em
sua poesia há uma celebração e glorificação da ―palavra essencial‖, e também
uma vasta intersecção de relações infinitas entre os signos da arte e da vida
(CRUZ, 2001, p. 62).
21

Vamos Refletir

Ação de graças

1- Pela graça da beleza que me cerca


2- Pela graça da beleza, meu louvor.
3- Turíbulo de incenso
4- É o coração
5- Que pulsa diante de Ti.

6- Pela graça da bondade, meu Senhor,


7- Que me vem das almas, como vem a chuva
8- Em rechã queimada, ergo meu louvor
9 - Alta chama reverente
10- De gratidão
11- Faço arder em Teu altar.

Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.br

- Responda de acordo com o texto poético " Ações de Graças":

1) O título do poema ―Ações e Graças‖ é adequado ao texto? Comente a sua resposta.

2) Que sentimentos nos transmitem o poema?

3) Quais são as temáticas presentes no texto poético?

4) O que te chamou a atenção neste poema e qual é a sua crítica?

5) Quais são os sentimentos do o eu – lírico expressos no poema?

6) Como o eu-lirico revela a sua religiosidade na poesia ―Ação de Graças‖?

7) Qual imagem visual você consegue perceber através da leitura do texto poético?

8) Identifique o sentido metafórico presente no verso 11.

9) A quem se referem os pronomes " ti " no verso 5 e " teu " no verso 11?

10) No poema, os verbos estão predominantemente no tempo presente. Qual efeito de


sentido essa presentificação causa ao conteúdo de texto?
22

Fonte: http://www.poemasepensamentos.com.br/2010/01/lua-profana-helena-kolody/. Acesso em 20/10/2012.

Lua Profanada

Não é mais a nativa Jaci, mãe dos frutos,


nem Solene viajora das planuras siderais.

Ele é, agora, um astro morto,


um satélite explorado
pelas naves espaciais.

Helena Kolody

Atividades:

1) O tema da poesia é coerente ao texto?

2) Qual é a semelhança que há entre o texto e a imagem poética?

3) Como a natureza se apresenta no texto poético?

4) De acordo com a poesia quem é Jaci e de quem ela recebeu esse nome?

5) Qual é a crítica que a autora faz entre o passado e o presente?

6) Nas grandes cidades a lua é vista como no interior?

7) A quem se refere o pronome ―Ele‖, na segunda estrofe? Se fosse na primeira estrofe,


será que a autora poderia usar este pronome no masculino? Comente:

8) Como a religiosidade está expressa na imagem e na poesia?


23

8. A RELAÇÃO INTERTEXTUAL ENTRE POESIA E IMAGEM

De acordo com alguns críticos como SOREAU (1983), OLIVEIRA (1999),


POUND (1990) entre outros, a relação entre a pintura (imagem) e poesia, ou seja, entre o
visual e verbal é antiga. Desde os tempos mais remotos o homem já relacionava a imagem
com as palavras, pois o mesmo desenhava nas pedras das cavernas, para se comunicar e
expressar seus sentimentos, mesmo sem obedecer nenhum código de representação gráfica.
Em todos os tempos o homem se interessou pela escrita e pela imagem.
Segundo Cortez, (2009), "o texto poético deve ser lido e visto", pois quando nos
entregamos a leitura de uma poesia, podemos ver as imagens por meio da imaginação.
Deste modo, a poesia também pode ser considerada uma obra de arte. Segundo a
Wikipédia, a palavra arte, vem do latim e significa técnica e habilidade humana ligada a
manifestações de ordem estética ou comunicativa, realizadas a partir das percepções e das
emoções, dando um significado único e diferente para cada obra. A arte se vale para isso de
uma grande variedade de meios e materiais, como a pintura, a escrita, a música, a dança, a
fotografia entre outros. Como podemos ver é o conjunto de atividades que busca o belo.
Para relacionar a poesia com a pintura, Oliveira (1999), percorre a teoria
semiótica dos signos, propondo uma análise do texto, a fim de extrair da linguagem verbal
aspectos imagéticos, fazendo reflexões acerca da correspondência entre as artes da seguinte
maneira:

No encontro das artes, na inter-relação dos traços, há uma troca que


implica ganhar e perder. Aproximadas às duas artes, a determinante e
responsável pela equalização icônica é a pintura. É ela que atrai para si as
formas do verbal simbólico, e empresta a ele sua propriedade visual e
imagética. A poesia vela as imagens do mundo. Ela vê e faz ver por seu
poder de palavra. As imagens, guardadas nas palavras, tornam-se visíveis
pela força dinamogênica da própria palavra. Combinadas em jogos
translativos, elas liberam as imagens, e a poesia, revestida de olhos,
fornece a visão do que estava velado. E ela o faz pela metáfora.
(OLIVEIRA, 1999, p. 162).

Esta reflexão nos deixa claro que poesia e imagem, ou seja, literatura e pintura,
demonstram relações reveladoras, pois são artes que estão juntas, que dialogam entre si.
Faz-nos reconhecer, também, que o artista, antes de escolher uma forma de expressão, que
24

atenda aos seus propósitos, mostra-se sempre curioso e aberto às mais diferentes formas de
criação artística. Deste modo, podemos dizer que as poesias de Kolody e as pinturas de
Marc Chagall, são obras de arte que além de pertencerem à mesma vertente, dialogam
entre si. Para Cortez, (2009):

Um olhar crítico em constante movimento, capaz de ver, observar,


refletir, sentir e criar-é a atitude do leitor de sempre, uma vez que o poeta
não tem o recurso da luz, das cores, do desenho e do signo global
imediato, mas em seus versos, usa as metáforas, a adjetivação expressiva,
os contrastes e as alegorias, estabelecendo um ritmo poético que o poderá
igualar àqueles que com pincéis, traços e cores construíram paisagens e
retratos. (CORTEZ, 2009. p. 367).

Portanto, podemos dizer que entre a poesia e a pintura há uma relação muito
íntima, pois através da leitura de uma poesia podemos refletir melhor sobre a vida , bem
como viajarmos em lugares desconhecidos por meio da visualização do pensamento, ao
fazermos a leitura de uma imagem e admirarmos uma pintura, nossa imaginação nos leva
àquele lugar, ambas nos acalmam e nos transmitem paz. Em resumo, podemos dizer que
tanto a poesia como a pintura são verdadeiras obras de arte.

9. AS IMAGENS NAS POESIAS DE KOLODY E NAS PINTURAS DE CHAGALL

Podemos notar que as imagens nas poesias Kolodyanas partem das experiências
cotidianas e tem um significado puro: a presença da natureza, elementos da infância,
símbolos religiosos, o amor, entre outros. Desse modo, a linguagem é rica em recursos
imagéticos. Essa vertente está presente também nas obras de arte de um famoso pintor
chamado Marc Chagall que nasceu na aldeia de Vitebsk, na Bielorrússia, no dia 7 de julho
de 1887, o pintor, ceramista, gravador e vitralista surrealista Moishe Zakharovich
Shagalov.
Eliane Accioly (2010) comenta a biografia de Marc Chagall (1887 —1985).
Segundo Accioly, o estilo romântico e alegórico é típico de Marc Chagall. As suas obras
são visões místicas e sonhadoras, repletas de símbolos e referências à educação judaica
tradicional que Chagall recebeu na Rússia. A natureza da grande maioria das suas obras é
indefinível, enigmática, remetendo para o mundo dos sonhos e do subconsciente. Tendo
vivido em Paris, entre 1910 e 1914, foi inicialmente influenciado pelo Cubismo, mas
25

manteve um estilo único, desafiando a categorização da sua obra em qualquer movimento


artístico.
Deste modo, apresentaremos a pintura de Chagall para que possamos comparar
com a poesia de Kolody.

1) Faça uma leitura da imagem abaixo, ―Eu e a Aldeia‖ de Marc Chagall, relacionando
com a temática das poesias de Kolody, bem como suas imagens, fazendo as seguintes
observações:

―Eu e a Aldeia, 1911. Óleo sobre tela, 191 x 150,5 cm.Fonte: http://www.ricci-arte.biz/pt/Marc-Chagall.htm.
Acesso em 15/06/2012.

1) Quais são os símbolos religiosos presentes na imagem?

2) Do que se trata a construção com a presença de uma pessoa em seu interior?

3) Como você chegou a essa conclusão?

4) O que significa o anel na mão do homem?

5) Como a natureza está expressa na pintura?

6) O que nos leva a perceber as ações da vida cotidiana?

Segundo Sergio Esteban, desde o ano de 1935, com a perseguição dos judeus e
com a Alemanha prestes a entrar em mais uma guerra, Chagall começa a retratar as tensões
e depressões sociais e religiosas que sentia na pele, já que também era judeu convicto.
26

Chagall transfigura em suas obras, os acontecimentos de sua infância. A temática


figurativa de Chagall vem da sua origem russa, do pensamento anti-racional e da ausência
da arte figurativa do judaísmo. ―Neste sentido, os cenários de Chagall nunca estão isolados
de um mundo de ideias místicas, o qual transforma antes de tudo, os motivos em símbolos,
em representantes de uma realidade invisível‖ (WALTHER & METZGER, 1994, p.24).
Anos mais tarde, parte para os Estados Unidos da América, onde se refugia dos
alemães. Lá, em 1944, com o fim da guerra a emergir, Bella, a sua mulher, falece, fato que
lhe causa uma enorme depressão, mergulhando novamente no mundo das evocações, dos
chamamentos, dos sonhos. Conclui este período com um quadro que já havia iniciado em
1931, ―Autour d Elle‖ ( Em Torno Dela).
Este é um dos quadros mais belos de Chagall, pois podemos dizer que ele pintou
o mesmo como se fosse uma linda despedida a Bella que era a musa de suas pinturas.
Chagall retrata Bella flutuando no céu, distante dele, mas com um amor eternizado em um
lindo devaneio retratado na cor azul.

Fonte: Autour d' Elle http://lupacult.blogspot.com.br/2012/08/marc-chagall-o-pintor-com-tinta-cor-de.html. Acesso em


26/10/2012.

Significado de Devaneio:

Estado de espírito de quem se deixa levar por


lembranças, sonhos e imagens.
27

10. CARACTERISTICAS DOS HAICAIS E DOS TANKAS

Depois de explorar as poesias e poemas, chegaremos ao questionamento dos


horizontes de expectativas. Nessa etapa, estudaremos os Haicais e os Tankas, poemas de
origem japonesa produzidos pela autora, pois a mesma era admiradora dessa poesia
oriental. Primeiramente, definiremos as características marcantes na composição do haicai.
O mesmo tem apenas três versos de 5, 7, 5 sílabas, sem título e sem rima. O tanka também
é um poema clássico japonês, composto por trinta e uma sílabas, distribuídas em estrofes
de cinco versos. Segundo Paz (1991), o haicai e o tanka são formas de composição da arte
japonesa, que revelam momentos "tensos e transparentes", "instantes de equilíbrio entre a
vida e a morte. Vivacidade: mortalidade" (PAZ, 1991, p. 198).
Para iniciar a aula, prepararemos o ambiente, organizando um círculo com as
carteiras na sala, pois assim haverá mais interação entre os estudantes. Para apresentar os
haicais, utilizaremos a TV Pen drive a fim de mostrar, além das poesias, as imagens, de
acordo com os exemplos abaixo:

http://docecomoachuva.blogspot.com.br/2011/07/devaneio-helena-kolody.html. Acesso em 28/10/2012.

HAICAI DEVANEIO

Vejo melhor, quando sonho de olhos fechados.

Helena Kolody
28

- Faça uma leitura de imagem da pintura ―Sonho‖ de Marc Chagall, observando o que tem
em comum com o haicai ―Devaneio‖ de Helena Kolody.

11. OBRA DE ARTE (TELA) SOLITUDE DE MARC CHAGALL

O quadro ―Solidão‖ é uma das obras de arte mais conhecidas de Marc Chagall.
Nessa pintura Chagall retrata uma vaquinha deitada perto de um violino, tranquilamente,
no fundo uma paisagem com casas com características russas e a imagem de um judeu o
qual é mais destacado. O judeu é apresentado como uma pessoa solitária, triste, pensativa,
segurando uma espécie de rolo, evidencia-se que seja o livro sagrado, já que o mesmo era
judeu. Na cena também é retratado um anjo voando. Anjos e vacas são imagens recorrentes
nas pinturas de Chagall. A figura do anjo simboliza a religiosidade, a paz, a bondade, a
liberdade. A vaca conforme postula Walther (1994) simboliza o povo de Israel, ―...
correspondendo às palavras do Profeta Oséias: «Sim, Israel é teimoso como uma vaca»
Ambos simbolizam o povo de Chagall, o povo na diáspora, tal qual revela o ambiente
russo. O homem tornou-se Asevero, o judeu errante, que vagueia por esse mundo infinito
sem saber qual será seu futuro.‖(p.60)

"Solitude", 1937. 300x225 Marc Chagall Fonte: http://www. pinturasemtela.com.br

10) Vamos observar as pinturas artísticas de Marc Chagall, observando as seguintes


questões:

- Quais são as temáticas que se relacionam com as temáticas das poesias de Helena
Kolody?
29

- Que elementos são comuns nas imagens?

- O que podemos observar na expressão do personagem da pintura ―Solitude‖?

- O título das obras de artes são relevantes às imagens?

Haicai Queixa
Tu, senhor, que repartes os destinos:
Por que deste o árido quinhão
De sonho, de tristeza e solidão?

Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.br

14) Que sentimentos o eu - lírico expressa neste haicai?

15) Quais são as temáticas presentes no texto?

16) O que denotam os três signos no último verso do poema?

17) Qual é a semelhança existente entre o haicai ―Queixa‖ ( texto verbal) , de Helena
Kolody, com a imagem ―Solitude‖ ( texto não verbal ), de Marc Chagall? Escreva suas
conclusões.

18) Faça um desenho representativo do haicai ―Queixa‖ de Kolody.


30

Haicais para Leituras (apresentação na TV pen drive)

Fonte:http://nomadeescoladepoesia.blogspot.com.br/search/label/Helena%20Kolody.
Acesso em 18/10/2012.

Pássaros Libertos
Palavras são pássaros
Voaram!
Não nos pertencem mais

Fonte: http://nomadeescoladepoesia.blogspot.com.br/search/label/Helena%20Kolody.
Acesso em 18/10/2012.

Mentira
Mentira que as rosas ferem.
Rosas são de veludo.
São da roseira, os espinhos.
31

Fonte: http://nomadeescoladepoesia.blogspot.com.br/search/label/Helena%20Kolody. Acesso em 18/10/2012.

De acordo com Octavio Paz, no poema ocorre uma personificação da pereira. As


imagens são singulares. A flor da pereira é símbolo do caráter efêmero da existência. A
respeito desse haicai, Helena relata de que forma surgiu o poema:

Eu morava na Rua Carlos de Carvalho. Uma noite, ao sair da casa de uma


amiga, dei com aquela pereira completamente florescida, banhada pela luz da lua
cheia. A beleza do quadro foi um impacto na minha sensibilidade. Fiz o poema
bem mais tarde. Associei a pereira com uma noiva: a noiva toda vestida de
branco, sonhando, como a pereira ao luar (1986, p. 22).

QUESTIONAMENTOS

1) O tema do haicai "Pereira em Flor" é condizente com o mesmo?

2) O que seria a metáfora "grinalda branca" ?

3) Com qual personagem da vida cotidiana, Kolody compara a pereira?

4) Com que sonha a pereira?

5) Em que período do dia provavelmente a pereira foi admirada pelo eu - lírico? Qual
Verso prova isso?

6) Além da metáfora qual é a outra figura de linguagem expressa no haicai?

7) Releia o haicai, mentalize as imagens e faça um desenho representativo do mesmo.


32

Fonte:http://www.google.com.br/imgres?num=10&hl=ptBR&biw=988&bih=619&tbm=isch&tbnid=tKnnz4mz_PknLM:
&imgrefurl. Acesso em 20/10/2012.

Poesia mínima

" Pintou estrelas no muro


e teve o céu ao alcance das mãos ."

NOITE

Luar nos cabelos.


Constelações na memória.
Orvalho no olhar.

Fonte: http://nomadeescoladepoesia.blogspot.com.br/search/label/Helena%20Kolody.
Acesso em 18/10/2012.

Depois de apresentar alguns haicais, de falar sobre suas estruturas, temáticas e


imagens, entregaremos um haicai para cada estudante e pediremos para que cada um que
leia para a sala e comente a forma e a temática de acordo com sua compreensão. Exemplo,
no haicai “Saudades‖.
33

Saudades
Um sabiá cantou.
Longe, dançou o arvoredo.
Choveram saudades.

Este poema tematiza a saudade e a natureza. O canto do sabiá, mesmo distante, é


capaz de despertar o "canto" da poeta, em que ela transforma em palavras, esse "despertar
inquieto", sua observação atenta à natureza, linguagem simples e compreensiva.
Posteriormente, pediremos aos estudantes para que os mesmos façam um desenho
representativo do haicai que leu. Após a realização desta atividade, confeccionaremos um
cartaz para colar tais haicais ilustrados para que fiquem em exposição na biblioteca do
Colégio.

12. PRODUÇÕES DE HAICAIS

Será proposta também para os estudantes a criação de seus próprios haicais,


baseando-se nos haicais apresentados. Estes serão corrigidos e expostos em um varal no
pátio da escola para que todos do colégio possam ler.

13. APRESENTAÇÃO DE TANKAS PARA LEITURA E ANÁLISE

Após o trabalho com haicais, apresentaremos vários tankas para os educandos,


relembrando suas formas. Das muitas tankas criadas pela autora, escolhemos duas para
trabalhar. Iniciaremos as atividades com o tanka ―Aquarela‖. De acordo com Cruz,
―Aquarela‖ é um tanka que revela um grau máximo de comunicabilidade e lirismo. A poeta
trabalha a linguagem numa dimensão pessoal e síntese perfeita, enfatizandoparalelismos
em oposição. Sua poesia busca o instantâneo e a integração da vida e da natureza.

Aquarela

Sol de primavera.
Céu azul, jardim em flor.
Risos de crianças.
Na pauta dos fios elétricos,
uma escala de andorinha. Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.br
34

Trabalharemos também com o tanka ―Sabedoria‖ o qual mostra a temática do


efêmero, da brevidade da vida, do tempo e da saudade. Em seus versos predominam o
exercício lúdico, as pausas dos versos, os acentos poéticos, as ligações dos segmentos
frasais e o conteúdo das recordações do sujeito lírico, que se inquieta perante a vida.
Segundo Cruz, ―esse tanka é um hino de graça e louvor à vida.‖

Sabedoria

Tudo o tempo leva...


A própria vida não dura.
Com sabedoria,
colhe a alegria de agora
para a saudade futura.
Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.br

Questionamentos

1) Qual é a temática principal expressa no tanka ―Aquarela” ?

2) No "coração do poema" ―Aquarela”, destaca-se o verso "riso de criança". O que


simboliza esse verso?

3) Em qual verso da tanka ―Sabedoria” o eu - lírico deixa clara a temática do efêmero, da


brevidade da vida?

4) Quais são as palavras que rimam no tanka ―Sabedoria”?

5) De que forma se relacionam os elementos da natureza no tanka ―Aquarela‖?

6) Escolha um tanka e faça um desenho representativo do mesmo.

7) Produza um tanka que expresse os seus sentimentos nesta fase de sua vida
―Adolescência‖.( se preferir, pode usar outro tema).

14. CANÇÃO

Seguindo a última etapa da Estética da Recepção, para atender a ampliação dos


horizontes de expectativas dos estudantes, trabalharemos com a canção ―Chora Coração‖
de Wando, pois a letra desta música apresenta quase toda a temática de Helena Kolody,
para entendermos melhor a inquietação da autora, desta vez mostraremos o outro lado. Na
35

música ―Tente Outra Vez” de Raul Seixas mostramos o otimismo, a positividade e na


música ―Chora Coração” o sentimento da perda de um amor, a saudade, solidão. Ao
ouvirmos o som musical e ver o clipe, lembramos de vários haicais da autora, tais como:

Felicidade
Os olhos do amado
Esqueceram-se nos teus,
Perdidos em sonho.

Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.br

Repuxo iluminado

Em líquidos caules,
Irisadas flores d’água
Cintilam ao sol.

Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.br

Sem Poesia

Que fonte secou?


Que sol se apagou em mim?
Fugiu-me a poesia

Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.br

Dom
"Deus dá a todos uma estrela.
Uns fazem da estrela um sol
Outros nem conseguem vê-la".
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Saudades

Um sabiá cantou.
Longe, dançou o arvoredo.
Choveram saudades
Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.br

Os Tristes

Em caramujos,
Os tristes sonham.
Que ausência os habita?

Desafio

A vida bloqueada
instiga o teimoso viajante
a abrir nova estrada.

Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.br

Prisão
Puseste a gaiola
Suspensa dum rumo em flor,
Num dia de sol.

Sempre Madrugada

Para quem viaja ao encontro do sol,


é sempre madrugada.

Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.br
37

Fonte:http://sanbahia.blogspot.com.br/2011_09_01_archive.html. Acesso em 28/10/2012.

Texto Musical - "Chora Coração" - Wando

Um amor quando se vai,


deixa a marca da paixão
feito cio de uma loba
Feito uivo de um cão,

É feitiço que não sai,


dilacera o coração
É um nó que não desmancha,
é viver sem ter razão.

Chora, coração,
chora coração,
passarinho na gaiola,
feito gente na prisão.
( ... )
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Clipe da música Chora Coração - Wando (Saudades dos anos 80)


http://www.youtube.com/watch?v=qQ1TLDbGOdQ

- Depois de ouvir a música, ver o clipe e analisar as possíveis referências


temáticas que o texto musical tem com as poesias de Helena Kolody, faremos o seguinte
questionamento:

1) O título da música tem relação com a letra da mesma? Explique:

2) Quais temáticas presentes na letra do texto musical são semelhantes as das poesias de
Kolody?

3) Quantas estrofes formam o texto? Quais são as rimas?


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4) Que sentimentos o eu - lírico expressa na música?

5) Explique a metáfora presente na primeira estrofe, nos dois últimos versos.

6) O que o autor quis dizer nos dois últimos versos, da última estrofe : ―é o mar que sai
dos olhos‖/ ―pra banhar a solidão‖?

7) O haicai acima ―Prisão‖, está expresso em que estrofe da música?

8) Transforme o texto musical ―Chora Coração‖, do cantor Wando, em um texto narrativo,


baseado na história de vida alguém ou fictício.

15. DIÁLOGOS LITERÁRIOS ENTRE PAULO LEMISKI E HELENA KOLODY

Tanto Paulo Leminski como Helena Kolody, são poetas paranaenses, além disso,
os autores apresentam muitas semelhanças na arte de criar poesias. Ambos escrevem
haicais, tem preferências pela poesia curta e utilizam as mesmas temáticas. Deste modo
seus textos dialogam entre si.

Fonte:http://passapalavra.info/?p=42889. Acesso em 07/11/2012.

15.1. BIOGRAFIA DE PAULO LEMINSKI FILHO

Fonte:http://passapalavra.info/?p=42889. Acesso em 07/11/2012.


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Assim como Helena Kolody, Paulo Leminski Filho, também é um escritor


paranaense muito talentoso. Filho de Paulo Leminski e Áurea Pereira Mendes. Mestiço de
pai polonês com mãe negra, Paulo Leminski que nasceu em Curitiba foi um filho que
sempre chamou a atenção por sua intelectualidade, cultura e genialidade. Estava sempre à
beira de uma explosão e assim produziu muito. É dono de uma extensa e relevante obra.
Desde muito cedo, Leminski inventou um jeito próprio de escrever poesia, preferindo
poemas breves, muitas vezes fazendo haicais, trocadilhos, ou brincando com ditados
franceses. Muitos de seus haicais tem a relações temática com as poesias de Kolody.
Vejamos alguns haicais do autor paranaense Paulo Leminski que dialogam com as poesias
da poeta, também paranaense, Helena Kolody.

Haicais de Paulo Leminki para leitura e atividade

1- Leia os haicais de Paulo Leminski e escreva as temáticas de cada um que se relacionam


com a temática das poesias de Helena Kolody:

longo o caminho jardim da minha e esta vida é uma Rio do mistério que
viagem, pena eu
até uma flor amiga todo mundo seria de mim se me
estar só de passagem
só de espinho feliz até a formiga levassem a sério?

A estrela cadente Verde a árvore caída Debruçado num Hoje à noite até as
que caiu ainda vira amarelo buraco vendo o estrelas cheiram a
quente na palma a última vez na vida vazio ir e vir flor de laranjeira
da minha mão
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2- Poesia e imagem (pintura) são artes que caminham juntas. Escolha um dos haicais acima
e faça um desenho representativo do mesmo:

Haicais de Paulo Leminski : Semelhança aos de Helena Kolody

-Leia os haicais abaixo :

milagre de inverno
agora é ouro
a água das laranjas

Fonte imagem: portaldoprofessor.mec.gov.br

1) Quais as temáticas presentes no haicai de Paulo Leminski que também estão nas
poesias de Kolody?

2) O eu-lirico, usa muitos recursos metafóricos em seus haicais. O que significa: " agora é
ouro/ a água da laranja", nos dois últimos versos do haicai? Explique:

3) Que palavra do haicai remete à religiosidade?

4) Leia os haicais abaixo e produza um texto fazendo uma análise comparativa dos
mesmos, observando o que eles tem em comum:
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a estrela cadente
me caiu ainda quente
na palma da minha mão
(Paulo Leminski)

Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.br

Poesia mínima

Pintou estrelas no muro


e teve o céu
ao alcance das mãos
( Helena Kolody)

Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.br

esta vida é uma


viagem, pena eu
estar só de passagem
( Paulo Leminski)

Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.br

Viagem Infinita

Estou sempre em viagem.


O mundo é a paisagem
Que me atinge de passagem.
( Helena Kolody)

Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.br
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16. REFERÊNCIAS

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leitor: alternativas metodológicas. 2ª Ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993.

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