Carlos Drummond de Andrade, um dos maiores poetas do Brasil, foi
atento às dificuldades e lutas do seu tempo. No texto l, o poema “Congresso Internacional do Medo” que foi publicado em 1940 em Sentimento de Mundo, simboliza o período conturbado e dolorido da segunda Guerra Mundial, ocorrida entre 1939 e 1945. Aqui, o gênero textual poema está estruturado em uma única estrofe de onze versos; não tem sílabas métricas nem rimas. O autor utiliza a primeira pessoa do plural no poema, pois refere-se tanto a ele quanto aos leitores, sendo que todos passavam pelo mesmo infortúnio. No título, a escolha da palavra “medo” alcança a todos, é uma sensação comum. O poema reflete ainda sobre variadas questões sociopolíticas, analisando o que era vivido no período com o sujeito. Podemos, portanto, notar o aspecto da expressão, ou pensamento num estilo triste, a quantidade de palavras que estão no mesmo campo semântico de sentimentos como o “medo”, “amor” e “ódio” refletem o contexto da narrativa. Ocorre também o uso da figura de linguagem: aliteração, na repetição sonora da vogal “o”, como no trecho: “existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro.” Também há uma constante repetição do artigo definido “o”, que na maior parte das vezes acompanha o substantivo abstrato “medo” como em:” o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas.”
Se trata de um poema crítico-reflexivo e, através da linguagem simples e
de constantes repetições, provoca no leitor uma reflexão profunda. Através desse poema, concluímos que Drummond buscava transformações políticas e sociais para evitar que a realidade negativa enfrentada, não acabasse sendo uma continuação para os anos vindouros a ponto de deixar a todos inseguros e “amarelos de medo”, como aborda o poema.
No segundo texto, temos o gênero textual: artigo de opinião, que é um
texto jornalístico e possui uma base argumentativa, onde o autor defende seu ponto de vista. Quem escreve esse tipo de texto geralmente é um jornalista ou alguém com entendimento acerca do assunto tratado. Os artigos instigam discussões sobre temas polêmicos; este, por exemplo, com título: O Estado Islâmico e a Cultura do Medo, assim como o poema de Drummond, aborda um assunto delicado e universal: o medo. Nesse artigo, o autor usa um estilo de linguagem simples e objetiva; abordando um tema atual, e, usa a argumentação e persuasão para formar a opinião do leitor, como vemos no trecho:” ... o discurso do bem contra o mal é construído por meio de diferenças culturais e religiosas, quando na realidade esses conflitos surgem apenas em regiões que sofreram com as intervenções de países do Ocidente.” E em: “O ponto é que não importam os nomes dos inimigos, e sim o fator multiplicador do terrorismo: um histórico de intervenções indesejadas e malsucedidas.” O autor é publicitário e bacharelando em relações internacionais.
Segundo Birsch (1998, p.995), a visão dominante de estilo na linguística
do século XX pode ser descrita como: “[...] a soma das características linguísticas as quais distinguem um texto de outro.” Assim sendo, temos dois textos que abordam o “medo” de diferentes maneiras, em dois gêneros textuais distintos. O primeiro levando o leitor a uma reflexão mais subjetiva, e, o segundo, promovendo através de fatos, um pensamento crítico segundo a maneira do autor de ver o mundo. REFERÊNCIAS
BIRCH, D. Stylistics. In: MEY, J.L. Concise encyclopedia of pragmatics.
Amsterdam: Elsevier, 1998. p. 955-960
MARCELLO, Carolina. Poema Congresso Internacional do Medo de Carlos
Drummond de Andrade. Cultura Genial. Disponível em: https://www.culturagenial.com/poema-congresso-internacional-do-medo-de- carlos-drummond-de-andrade/ . Acesso em 18 de AGO, 2023.
ROCHA, Veridiana. Análise de “Congresso Internacional do Medo”, Drummond.
Recanto das Letras. Disponível em: https://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/392991 . Acesso em 18 de AGO de 2023.