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PIROGÊNIOS

os pirogênios são substâncias orgânicas, provenientes da excreção ou da desagregação dos


microrganismos, que quando injetadas são responsáveis por muitas das reações febris. Sendo,
as bactérias Gram negativas as produtoras de substâncias pirogênicas mais potentes sob a
forma de endotoxinas. Geralmente, esses pirogênios são as endotoxinas e lipopolissacarídeos
(LPS) da parede celular externa da célula bacteriana. Essas moléculas são termoestáveis e
hidrossolúveis, podendo permanecer na água mesmo após a esterilização em autoclave (calor
úmido) ou por filtração.

Para a maioria das aplicações farmacêuticas, é melhor prevenir a contaminação pelos


pirogênios, principalmente através da despirogenização da água, solutos e recipientes, do que
tentar remover esses mesmos pirogênios do produto final, uma tarefa que é difícil de executar
sem afetar adversamente o produto.

Os processos de despirogenização podem se dar por inativação das endotoxinas ou pela


remoção das mesmas, principalmente da água que será utilizada para a preparação de formas
farmacêuticas parenterais. Esses processos podem ser feitos de diversas formas como:

Oxidação - Como os pirogênicos se trata de substâncias orgânicas, uma das maneiras mais
comuns de remoção consiste em sua oxidação, visando à compostos (ex: sólidos não voláteis),
que podem ser separados facilmente da água por destilação fracionada. Geralmente, o
permanganato de potássio é empregado como agente oxidante, e sua eficácia é aumentada
pela adição de pequenas quantidades de hidróxido de bário (alcalinizante), o que toma a
solução alcalina e conduz à formação de sais de bário não voláteis, com quaisquer compostos
ácidos que possam estar presentes, como os LPS. Estes sais são pouco solúveis, e acabam
precipitando, facilitando a separação da água por destilação. Esses dois reagentes são
adicionados à água previamente destilada por várias vezes, o processo pode passar por uma
osmose reversa, e no final a água estará livre de produtos químicos, sendo coletada e
armazenada em condições assépticas estritas.

Radiação ionizante - Esse método consiste em reduzir a toxicidade das endotoxinas (alterações
físicas e biológicas), contudo, aumenta a chance de alterações químicas de fármacos e
soluções parenterais. Alguns riscos de toxicidade superam o que é benéfico com relação às
propriedades do método. A radiação aplicada em produtos farmacêuticos altera as substâncias
presentes nos microrganismos ou as que os protegem. A destruição celular, que é irreversível e
completa, ocorre através de uma combinação de efeitos da radiação.

Destilação - é o método mais antigo para remoção do pirogênio na água, com mecanismo
relativamente simples. A destilação envolve a mudança de estado físico de líquido para vapor e
de vapor para líquido. Como as moléculas de LPS são grandes e de elevado peso molecular,
elas permanecem na fase líquida.

Ultrafiltração - a remoção de endotoxinas em soluções aquosas pode ser dar pela utilização de
ultrafiltros com capacidade de reter moléculas de 100.000 daltons ou maiores. A ultrafiltração
tem sido aplicada, com sucesso, a uma ampla faixa de fármacos e soluções de baixo a médio
peso molecular (ex. antibióticos). Sendo assim, as endotoxinas que excedem a um valor
limitem de peso molecular, são retidas na superfície da membrana.

Osmose reversa - pode ser utilizada para a remoção de endotoxinas quando se utiliza
membranas, constituídas de acetato de celulose ou poliamida, com poros pequenos o
suficiente para a exclusão de íons. É um dos dois únicos métodos, reconhecidos pela USP, para
a produção de água estéril para injeção, ao lado da destilação. Na osmose reversa, uma bomba
de alta pressão é utilizada para forçar a água a passar através de uma membrana
semipermeável, contra o gradiente osmótico de concentração, ou seja, contra a pressão
osmótica, promovendo a retenção de partículas por adsorção, incluindo bactérias.

Entretanto, é necessário que se realize o teste oficial para pirogênios a fim de assegurar a
ausência desses materiais produtores de febre.

DESPIROGENIZAÇÃO DA ÁGUA

A água utilizada para medicamentos parenterais deve ser estéril e apirogênica, por isso a água
deve ser purificada e com remoção de pirogênios. Como os pirogênicos se trata de substâncias
orgânicas, uma das maneiras mais comuns de remoção consiste em sua oxidação, visando à
compostos (ex: sólidos não voláteis), que podem ser separados facilmente da água por
destilação fracionada. Geralmente, o permanganato de potássio é empregado como agente
oxidante, e sua eficácia é aumentada pela adição de pequenas quantidades de hidróxido de
bário (alcalinizante), o que toma a solução alcalina e conduz à formação de sais de bário não
voláteis, com quaisquer compostos ácidos que possam estar presentes, como os LPS
lipopolissacarídeos. Estes sais são pouco solúveis, e acabam precipitando, facilitando a
separação da água por destilação. Esses dois reagentes são adicionados à água previamente
destilada por várias vezes, o processo pode passar por uma osmose reversa, e no final a água
estará livre de produtos químicos, sendo coletada e armazenada em condições assépticas
estritas.

Quando realizado de modo correto, esse método resulta em água altamente purificada, estéril
e livre de pirogênios. Entretanto, é necessário que se realize o teste oficial para pirogênios a
fim de assegurar a ausência desses materiais produtores de febre.

TESTE DE PIROGÊNIOS

O teste para pirogênios podem ser feitos de duas formas in vivo ou in vitro. O teste in vivo se
dá pela resposta febril aos pirogênios nos coelhos. Para realização do teste são utilizados
coelhos sadios que foram mantidos em condições ambientais e de dieta adequadas antes da
realização do teste. Os coelhos são usados porque apresentam uma resposta fisiológica aos
pirogênios semelhantes aos seres humanos. Dessa forma, se uma substância é injetada na veia
do coelho, ocorre uma elevação da temperatura do coelho num período de 3 horas. Se
nenhum coelho apresentar elevação de temperatura de 0,5º C ou mais, o produto atende ao
requisito de ausência de pirogênios. Entretanto, o teste de pirogênio em coelhos tem alguns
inconvenientes, incluindo baixa sensibilidade, ausência de quantificação, resistência e estresse
do animal e a questão ética do envolvimento de animais nos experimentos.

Já o teste in vitro é o teste do lisado de amebócitos de Limulus (LAL), para a detecção de


endotoxinas bacterianas, ele é realizado pela retirada de um extrato obtido de células
sanguíneas de um crustáceo (Limulus polyphemus) contém um sistema de proteínas e enzimas
que coagula na presença de baixos níveis de lipopolissacarídeos (LPS). A formação do gel firme,
num período de 60 minutos, é considerada positiva para endotoxinas. A gelificação é o sinal
analítico utilizado para a detecção tanto qualitativa, quanto quantitativa dos LPS, pois a
intensidade com que o gel é formado é semelhante à concentração das endotoxinas.

É um teste mais sensível que o teste com coelhos, dessa forma, substituindo o teste com
coelhos, sendo utilizado para vários produtos parenterais. Alguns produtos parenterais não
podem ser testados pelo método que emprega o LAL, uma vez que os componentes ativos
interferem nos resultados, tendo que utilizar o método in vivo nesses casos.

FORMAS FARMACEUTICAS PARENTERAIS

Formas farmacêuticas parenterais são preparações estéreis e apirogênicas, destinadas à


administração parenteral. A exigência de esterilidade é importante, pois o método de
administração destes produtos ignora os sistemas e as barreiras de defesa naturais do corpo
(sistema gastrointestinal ou pele) ao introduzir o medicamento diretamente na corrente
sanguínea ou em outros tecidos do corpo. Além de estéreis, preparações parenterais devem
ser isentas de pirogênios. Essas moléculas, geralmente, podem ser liberadas a partir de certos
tipos de bactérias quando estão vivas ou depois que morrem. Por conseguinte, podem estar
presentes nos produtos esterilizados como um subproduto do processo de esterilização que
mata as bactérias durante a fabricação. Quando injetados no paciente, podem causar febre e
até mesmo choque, se estiverem presentes em quantidade suficiente, por isto, devem ser
eliminados das preparações farmacêuticas parenterais. O termo parenteral refere-se às vias de
administração de medicamentos injetáveis. De modo geral, as vias parenterais são utilizadas
quando é necessária a rápida ação do medicamento, como em casos de emergência, quando o
paciente não coopera, está inconsciente ou impossibilitado de aceitar ou tolerar
medicamentos por via oral ou quando o próprio medicamento não é eficaz por outras vias. Em
suma, medicamentos passíveis de administração parenteral devem seguir as especificações
farmacopeicas de esterilidade, apirogenicidade, isotonicidade e pH (tamponamento). Para
manter as especificações das preparações parenterais alguns adjuvantes podem ser utilizados,
como tampões, estabilizantes e conservantes, desde que atendam às recomendações
específicas de uso, sendo também, atóxicos na quantidade administrada ao paciente e não
devem interferir com a eficácia terapêutica nem com o doseamento do composto
farmacologicamente ativo, e são restritos a alguns produtos parenterais. E nunca devem
possuir corantes, uma vez que estes podem induzir reações de hipersensibilidade. Produtos
parenterais são preparados em áreas ambientalmente controladas, sob padrões sanitários
rígidos e por pessoal treinado e paramentado. E devem ser acondicionados em recipientes
esterilizados herméticos especiais de alta qualidade e características específicas. Alguns
injetáveis são apresentados na forma de sólidos, em vez de uma solução ou suspensão em um
solvente ou veículo, devido à instabilidade do fármaco na presença do componente líquido (Ex:
antibióticos). Esses pós são acondicionados no recipiente separados e depois são
reconstituídos no momento de aplicação. Os recipientes podem ser de dose única ou de dose
múltiplas, no qual os dois possuem recipiente hermeticamente fechado, só que na dose única
contém uma quantidade do medicamento estéril destinada à administração parenteral como
uma única dose e que, depois de aberto, não pode ser fechado outra vez com a garantia de
que a esterilidade tenha sido mantida e o de dose múltiplas que permite a retirada de
sucessivas porções do medicamento sem alterar concentração, qualidade ou pureza das
quantidades das outras doses restantes.
Dentre as vantagens destas formas farmacêuticas estão a não passagem pelo trato
gastrointestinal, onde a molécula poderia ser degradada antes de ser absorvida ou provocar
irritação, pode fornecer efeito altamente localizado, a exemplo de injeções em espaços
articulares. A injeção intravenosa libera o fármaco diretamente no sistema circulatório, onde
é, em seguida, distribuído rapidamente por todo o corpo, o que é essencial em situações de
emergência, por exemplo. Por outro lado, escolhendo administrar um fármaco por via
intramuscular, a liberação do medicamento a partir do local de aplicação da injeção para a
circulação pode ser retardada e prolongada. É uma importante alternativa para administrar
medicamentos para paciente inconsciente, e/ou incapaz de deglutir.

Como desvantagens, esta é uma forma invasiva de aplicação de medicamentos, que pode
provocar dor e desconforto ao paciente, além do risco de inflamação e infecção no local na
aplicação, e esses são motivos de resistência de pacientes a estas formas farmacêuticas. Uma
desvantagem da administração parenteral decorre do fato de que, uma vez que o fármaco é
injetado, não há como retroceder. Isto é, uma vez que a substância ativa se encontra na
corrente sanguínea ou nos tecidos, a sua remoção é muito difícil nos casos em que um efeito
tóxico ou desfavorável, ou ainda uma overdose, são verificados. Para fabricantes, representa
operações mais complexas e custos mais altos que as formas farmacêuticas orais, por
exemplo, pelos requisitos de fabricação mais rigorosos, ambientes controlados e
especializados, devido às exigências estritas de esterilidade para todas as preparações
injetáveis, elas são mais caras do que outras formas farmacêuticas e requerem pessoal
competente e treinado para a administração correta.

As preparações parenterais podem ser administradas através de uma grande variedade de


vias: intravenosa; intramuscular; intradérmica; subcutânea, intrassinovial, intraespinhal,
intratecal, entre outras. Quando a injeção ocorre por via intravenosa, a biodisponibilidade do
fármaco ocorre imediatamente, pois não necessita de absorção.

Aquelas formas farmacêuticas destinadas à administração intravenosa devem ser isotônicas


em relação ao sangue. Isso justifica-se pelo fato de que soluções hipotônicas possuem pressão
osmótica inferior ao do plasma e, portanto, promovem hemólise. Em contrapartida, soluções
hipertônicas desidratam as hemácias. Portanto, a osmolaridade adequada das formas
farmacêuticas administradas por via IV é indispensável.

Os medicamentos administrados por via IV geralmente são soluções aquosas, e as partículas


que as compõem não devem precipitar, de modo a evitar oclusão dos vasos sanguíneos. A via
intravenosa proporciona a ação rápida de medicamentos em comparação com outras vias de
administração, e, como não passa pela etapa de absorção do fármaco as concentrações
sanguíneas são alcançadas com exatidão e de forma imediata. Como aspecto negativo, uma
vez que o medicamento é administrado por via intravenosa, não pode ser recuperado. Por
isso, a esterilidade e ausência de pirogênios é extremamente importante. Além disso, a dose é
menor comparada com a dose oral. Assim, deve ser tomado muito cuidado para prevenir a
superdosagem e a subdosagem.

A via intramuscular proporciona efeitos menos rápidos dos medicamentos, porém mais
duradouros que aqueles obtidos por administração intravenosa. Soluções aquosas ou oleosas
ou suspensões de substâncias ativas podem ser administradas por esta via. Dependendo do
tipo de preparação, a velocidade de absorção pode variar. Fármacos geralmente administrados
pela via intramuscular são lipossolúveis e, portanto, depositam-se nos músculos, onde são
liberados de maneira lenta durante longos períodos. Isso promove um efeito mais duradouro
do medicamento.

A via subcutânea pode ser utilizada para a injeção de pequenas quantidades de medicamento.
De modo geral, as vias parenterais são utilizadas quando é necessária a rápida ação do
medicamento, como em casos de emergência, quando o paciente não coopera, está
inconsciente ou impossibilitado de aceitar ou tolerar medicamentos por via oral ou quando o
próprio medicamento não é eficaz por outras vias.

A via intradérmica é a via de administração de algumas substâncias, tais como agentes para
diagnóstico, dessensibilização ou imunização.

ESTERILIZAÇÃO

O termo esterilização, conforme aplicado às preparações farmacêuticas, significa a destruição


completa de todos os microrganismos vivos e seus esporos. O processo de esterilização pode
ser feito por métodos físicos e/ou químicos. Os métodos físicos incluem métodos térmicos,
que podem ser divididos em calor seco e calor úmido, e métodos não térmicos, radiações
ionizantes e filtração. Quando usado o método térmico deve levar em conta que a eficácia letal
do calor para a destruição dos microrganismos depende da intensidade do calor, do período
de exposição e da umidade presente. E é importante saber a estabilidade térmica do material
a esterilizar, a fim de manter a sua estabilidade e integridade.

A esterilização por calor úmido ou por vapor é realizada em autoclaves e emprega vapor sob
pressão. É o método de escolha na maioria dos materiais e preparações farmacêuticas que
podem suportar as temperaturas necessárias e que não sejam afetadas pela umidade, como
por exemplos os pós e fármacos que degradam em presença de água (ácido acetilsalicílico).
Esse método também não é útil em preparações que não são penetradas pela umidade. O
mecanismo de destruição microbiana pelo calor úmido ocorre por desnaturação e coagulação
de proteínas essenciais ao microrganismo, em temperatura consideravelmente mais baixa do
que quando não há umidade. A esterilização pelo calor úmido é também aplicável aos
equipamentos (vidro, rolhas de borracha). Esse método não destrói os pirogênios.

A esterilização por calor seco é realizada em estufas específicas para esse propósito, podendo
ser de convecção natural ou forçada. A morte pelo calor seco ocorre devido à desidratação da
célula microbiana, atua por oxidação. O calor seco é menos eficaz do que o calor úmido para
matar os microrganismos, por isso temperaturas mais altas e períodos mais logos de exposição
são necessários. E as substâncias devem resistir a temperaturas acima de 140ºC sem se
degradarem.

A esterilização por calor seco costuma ser empregada para substâncias que não são
efetivamente esterilizadas por calor úmido. Tais substâncias óleos e derivados de petróleo, e
diversos pós estáveis ao calor. A esterilização por calor seco é também efetiva para a
esterilização de materiais, como recipientes de vidro, metal.

Quando os compostos ou materiais são termolábeis, pode se utilizar os métodos não térmicos.
Entre eles a esterilização por filtração, que implica a remoção física de microrganismos por
adsorção sobre um meio filtrante ou por mecanismo de tamisação, é usada para esterilizar
soluções termolábeis. As principais vantagens da filtração bacteriana incluem rapidez na
filtração de pequenas quantidades de solução, capacidade de esterilizar materiais termolábeis,
custo relativamente baixo dos equipamentos necessários, desenvolvimento e propagação da
tecnologia de membranas filtrantes e remoção completa de microrganismos vivos ou mortos e
de outros materiais particulados da solução. Uma desvantagem é o fato de as membranas
serem frágeis, sendo essencial verificar se o conjunto foi corretamente montado e se a
membrana não foi rompida durante a esterilização ou o manuseio.

As radiações ionizantes são radiações de energia elevada, por raios gama (ex: cobalto-60) e
raios catódicos, mas a aplicação dessas técnicas é limitada devido à necessidade de um
equipamento altamente especializado e aos efeitos da radiação sobre os produtos e suas
embalagens. As radiações ionizantes destroem os microrganismos por paragem da
reprodução, devido a mutações letais.

Também pode ser realizados os processos por métodos químicos por gases (Ex: óxido de
etileno). Esses gases são compostos químicos muito reativos e difíceis de ser removidos de
muitos materiais após sua exposição. Por isso não muito usado em preparações farmacêuticas,
porém o seu grande poder penetrante do gás óxido de etileno toma-o um agente esterilizante
útil em algumas aplicações especiais, como na esterilização de materiais e utensílios. A
esterilização por esse processo exige equipamento especializado, semelhante à autoclave. E
existem no mercado muitos equipamentos que combinam autoclaves a vapor com
esterilizadores a óxido de etileno.

Todas as preparações farmacêuticas que precisam ser estéreis têm que passar por testes de
esterilidade para confirmar a ausência de microrganismos.

COLÍRIOS

Os colírios são soluções farmacêuticas destinados a serem instilados no olho, de forma


tópica, para o tratamento de afecções do globo ocular (infecções bacterianas, fúngicas e virais
dos olhos ou pálpebras; conjuntivites alérgicas ou infecciosas; inflamações; pressão intraocular
elevada ou glaucoma; e síndrome do olho seco), preparo pré-operatório, para fins diagnósticos
ou para a limpeza do globo ocular. Os colírios são estéreis (livre de microrganismos), isotônicas
(deve apresentar uma pressão osmótica correspondente aquela de uma solução de cloreto de
sódio 0,9%, que é o mesmo dos fluidos corporais, incluindo o sangue e a lágrima, dessa forma,
não provocando fenômenos retirada ou ganho de água do olho que podem provocar sensação
de desconforto ou lesão ocular. Pois, soluções oftálmicas hipotônicas podem induzir edemas
oculares devido ao fluxo de água para a córnea e soluções oftálmicas hipertônicas podem
desidratar o epitélio córneo. Ambas as condições são estressantes e promovem elevação na
secreção de lágrimas na tentativa de reestabelecer a homeostasia ocular. Soluções com
tonicidade semelhante à das lágrimas são, portanto, ideais, pois reduzem a eliminação do
fármaco através da secreção reflexa de lágrimas induzida por soluções hiper ou hipotônicas),
tamponadas (pH controlado, próximo ao pH da lágrima de 7,4, para evitar irritação e
lacrimação do olho, além de estabilidade dos fármacos), com determinada viscosidade (deve
ser controlada para evitar o embaçamento ocular, mas deve ter concentração aceitável para
ter o tempo de contato do fármaco com o olho e não sejam removidos facilmente pelas
lágrimas para uma melhor resposta terapêutica) e que devem ter um acondicionamento em
embalagens pequenas para uso extemporâneo, de forma de conta-gotas, já que a sua
estrutura de bico são menos suscetíveis a entrar contaminantes do ar para dentro dos frascos
quando abertos para o uso. Para manter a esterilidade durante o uso, conservantes
antimicrobianos, geralmente, são incluídos nas formulações oftálmicas. Uma característica dos
colírios é que eles que não necessitam serem apirogênicos, uma vez que não sofrem absorção
sistêmica a partir do olho.

Devido à dinâmica do sistema lacrimal, o tempo de retenção de uma solução oftálmica sobre a
superfície dos olhos é curto. Isso requer administrar repetidamente a solução. A diminuição da
frequência da dose, maior tempo de retenção ocular são conseguidos com o uso de
formulações que aumentam o tempo de contato com o olho, como as suspensões e pomadas
oftálmicas.

Diversas classes farmacológicas podem ser utilizados, as principais classes de fármacos


aplicados topicamente no olho são: anestésicos tópicos, como tetracaína, para proporcionar
alívio da dor pré e pós-operatória no trauma oftálmico; antibióticos tópicos, para tratar
infecção bacteriana, como cloridrato de ciprofloxacino; antifúngicos tópicos, para tratar
ceratite fúngica, a exemplo da anfotericina B; Anti-inflamatórios não esteroidais (AINE), como
diclofenaco, para o tratamento de uma inflamação; corticoides, como dexametasona;
bloqueadores beta-adrenérgicos, para tratamento de glaucoma; entre outras.

Uma solução com derivados de celulose, como metilcelulose sem o fármaco é usado como
substituto da lágrima, úteis na síndrome de olho seco.

ISOTONICIDADE

Se uma solução for colocada em contato com uma membrana permeável apenas as moléculas
do solvente e não as do soluto (uma membrana semipermeável), o fenômeno de osmose
ocorrerá quando as moléculas do solvente atravessarem a membrana.

Os fluidos corporais, incluindo o sangue e a lágrima, apresentam pressão osmótica


correspondente aquela de uma solução de cloreto de sódio 0,9%. Assim, uma solução de
cloreto de sódio 0,9% é dita isosmótica ou isotônica ou com uma pressão osmótica igual aos
fluidos fisiológicos. As soluções que apresentam pressão osmótica menor que os fluidos
corporais ou que uma solução de cloreto de sódio 0,9% são frequentemente chamadas
hipotônicas, enquanto aquelas exibindo maior pressão osmótica são chamadas hipertônicas.

Na corrente sanguínea, uma injeção hipertônica pode causar murchamento (contração) das
células sanguíneas; no olho, a solução pode retirar a água em direção ao local da aplicação.
Contrariamente, uma solução hipotônica pode induzir à hemólise dos eritrócitos ou à
passagem de água do sítio de uma aplicação oftálmica através tecidos do olho.
OTÁRIO

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