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BREVE HISTÓRIA DA ARTE

BREVE
Um guia de
HISTÓRIA

Susie Hodge
bolso para os
principais movimentos,
obras, inovações DA
e temas
ARTE

editoraolhares.com.br Susie Hodge


Sumário
OBRAS
6 Introdução 50 Grande Sala dos Touros (Lascaux)
9 Como usar este livro 52 Vênus de Milo
54 Cristo Pantocrator
MOVIMENTOS 56 Lamentação, Giotto
12 Arte pré-histórica 58 Retrato do casal Arnolfini, Van Eyck
13 Arte greco-romana 60 Primavera, Botticelli
14 Arte bizantina 64 Hércules na encruzilhada, Dürer
15 Arte medieval 66 Pietà, Michelangelo
16 Renascimento inicial 68 Mona Lisa, Da Vinci
17 Renascimento nórdico 70 Cristo cai a caminho do calvário, Rafael
18 Renascimento 72 Vênus de Urbino, Ticiano
19 Alto renascimento 76 Caçadores na neve, Bruegel
20 Renascimento veneziano 78 Espólio de Cristo, El Greco
21 Maneirismo 80 Baco, Caravaggio
22 Era de ouro holandesa 82 Judite matando Holofernes, Gentileschi
23 Barroco 84 Descida da cruz, Rubens
24 Rococó 86 Apolo e Dafne, Bernini
25 Neoclassicismo 88 Autorretrato com os olhos arregalados,
26 Romantismo Rembrandt
27 Realismo 90 As Meninas, Velázquez
28 Impressionismo 92 Moça com brinco de pérola, Vermeer
29 Pós-impressionismo 94 O balanço, Fragonard
30 Neoimpressionismo 96 Juramento dos Horácios, David
31 Art Nouveau 100  Alto das cataratas de Reichenbach: Arco-
32 Expressionismo íris, Turner
33 Expressionismo alemão 102 Três de maio de 1808, Goya
34 Fauvismo 104 Massacre de Quios, Delacroix
35 Cubismo 106 Banho turco, Ingres
36 Futurismo 108 Olympia, Manet
37 Suprematismo 110 Impressão, nascer do sol, Monet
38 Dadaísmo 112 A Idade do Bronze, Rodin
39 Neoplasticismo 114 Uma tarde de domingo na ilha de Grande
40 Realismo mágico Jatte, Seurat
41 Surrealismo 116 Café noturno, Van Gogh
42 Expressionismo abstrato 118 O grito, Munch
43 Colour Field 120 Natureza-morta com cebolas, Cézanne
44 Pop Art 124 Barcos em Collioure, Derain
45 Arte performática 126 O beijo, Klimt
128 Acordeonista, Picasso
46 Minimalismo
130 Formas únicas de continuidade no
47 Arte conceitual
espaço, Boccioni
132  ua com prostituta de vermelho,
R 182 Forma e formato
Kirchner 183 Man-made
134 Quadrado vermelho, Malevich 184 Abstração
136 Fonte, Duchamp 185 Consumismo
138 Os amantes, Magritte
140 As duas Fridas, Kahlo TÉCNICAS
142 Broadway Boogie Woogie, Mondrian 188 Lápis
144 Caminhos ondulados, Pollock 189 Cerâmica
146 Sem título, Rothko 190 Mosaico
148 O caracol, Matisse 191 Giz
150 Sem título, a partir de “Marilyn”, 192 Mármore
Warhol 193 Têmpera
152 Sem título, Judd 194 Douração
154 Eu gosto da América e a América 195 Underpainting
gosta de mim, Beuys 196 Sfumato
156 A impossibilidade física da morte na 197 Óleo sobre painel
mente de alguém vivo, Hirst 198 Perspectiva linear
199 Perspectiva atmosférica
TEMAS 200 Escorço
160 Animais 201 Xilogravura
161 Figuras humanas 202 Argila
162 Religião 203 Óleo sobre tela
163 Retrato 204 Afresco
164 Autorretrato 205 Chiaroscuro
165 Interiores 206 Gravura
166 Mitologia 207 Água-forte
167 Alegoria 208 Pena e tinta
168 Paisagem 209 Câmera escura
169 Cor 210 Aquarela
170 Gênero 211 Bronze
171 Natureza 212 Pontilhismo
172 Guerra 213 Impasto
173 História 214 Ready-mades
174 Paisagens marinhas 215 Guache
175 Natureza-morta 216 Colagem
176 Isolamento 217 Serigrafia
177 Morte
178 Inconsciente 218 Índice
179 Amor 223 Museus
180 Movimento 224 Créditos das imagens
181 Paisagens urbanas
8 INTRODUÇÃO

as criaram foram por vezes ridicularizados ou desacreditados ao


produzir ou apresentar suas obras pela primeira vez. Contudo,
por fazerem algo diferente e se recusarem a seguir as convenções,
esses artistas mudaram o rumo da história da arte. Embora, do
ponto de vista atual, muitas dessas obras possam parecer banais
ou pouco revolucionárias aos olhos contemporâneos, várias delas
foram consideradas chocantes ou irreverentes quando foram
originalmente criadas.
Cada obra é discutida e analisada dentro de seu contexto, e
uma breve biografia proporciona uma compreensão maior dos
artistas e das razões pelas quais produziram sua criações de
vanguarda naquele momento específico.

Temas
EDWARD HOPPER: “SE EU PUDESSE EXPRESSAR ISSO COM
PALAVRAS, NÃO HAVERIA RAZÃO PARA PINTAR”
Representados de inúmeras maneiras por diferentes artistas,
muitas vezes os mesmos temas – ou temas semelhantes –
apareceram no decorrer da história em uma grande variedade
de contextos. Explorar a arte através dos temas pode aumentar
nossa compreensão das intenções e ideias que ela representa.
Os temas na arte são, muitas vezes, mensagens sobre a vida,
a sociedade ou a natureza humana e costumam ser mais
insinuados que explicitamente declarados. Esses temas, que não
correspondem exatamente ao assunto específico da obra, muitas
vezes são ambíguos ou vagos. Alguns temas – como paisagem,
religião ou cor – são mais prevalentes durante determinados
movimentos ou períodos.

Técnicas
GEORGES BRAQUE: “HÁ MAIS SENSIBILIDADE NA TÉCNICA DO QUE
NO RESTANTE DO QUADRO”
Do desenho a carvão à serigrafia e do afresco ao escorço,
desde que a arte foi produzida pela primeira vez, os artistas
desenvolveram inúmeras técnicas e métodos. O capítulo Técnicas
explica e explora a evolução de muitas das principais técnicas
artísticas usadas ao longo da história, como o underpainting, a
água-forte, o método da cera perdida, a pintura a óleo e o impasto.
Discutem-se também os materiais em relação aos métodos, e são
citados muitos artistas que usaram ou inventaram certas técnicas,
além de várias mudanças de abordagem e fatos relevantes.
9

Como usar este livro


Este livro está dividido em quatro capítulos importantes feitas por artistas famosos.
separados: Movimentos, Obras, Temas As referências no rodapé de cada página
e Técnicas. Cada capítulo pode ser lido conduzem o leitor de um capítulo para outro,
independentemente dos outros. A parte enquanto os blocos em destaque apresentam
central do livro – Obras – apresenta 50 obras fatos relevantes e o histórico de cada artista.

18 MOVIMENTOS MOVIMENTOS 19

Renascimento 1400

Alto renascimento 1490
– Datas importantes
1550 1530
PRINCIPAIS ARTISTAS: PIERO DELLA FRANCESCA • SANDRO BOTTICELLI • PRINCIPAIS ARTISTAS: LEONARDO DA VINCI • MICHELANGELO •
PERUGINO ANDREA MANTEGNA • FILIPPO LIPPI RAFAEL • ANDREA SANSOVINO • ANDREA DEL SARTO • PAOLO VERONESE
Principais artistas
FATOS RELEVANTES A partir do final do século xv, quando técnicas extremamente elaboradas de
Ao longo do século xv, Florença o poder papal se estabilizou em Roma, perspectiva linear e atmosférica, escorço,
foi o centro mais produtivo vários papas encomendaram obras de arte gradação tonal e a novas cores vivas e
da arte na Itália, muitas
vezes chamada de “berço
e arquitetura, determinados a restaurar a repletas de “nuances” ou “matizes”. Muitos
do renascimento”. Mas, no antiga glória da cidade. dos artistas tinham um conhecimento
século xvi, Roma e Veneza a Nos primeiros anos do século xvi (o avançado de anatomia, mostravam
ultrapassaram em importância, período do alto renascimento), progressos incríveis habilidades no uso dos materiais
e muitas outras cidades anteriores culminaram em uma síntese e empregavam grande imaginação.
italianas – especialmente
Urbino, Mântua, Ferrara,
harmoniosa e um novo estilo clássico e
Bolonha e Milão – também heroico para a figura humana. Os papas FATOS RELEVANTES
desenvolveram “escolas” Júlio ii (1503-1513) e Leão x (1513-1521), A partir das bases estabelecidas por seus
artísticas significativas. antecessores, os artistas do alto renascimento
em particular, encomendaram projetos
criaram composições ambiciosas usando efeitos
extensos e ambiciosos a artistas de enorme
Madona e o Menino com o nascimento
talento, sobretudo Rafael (1483-1520) e
Michelangelo (1475-1564) com as Stanze
precisos de perspectiva e figuras humanas
observadas atentamente. Embora reverenciassem
a Antiguidade clássica, eles refletiam novas
Fatos relevantes
da Virgem e o encontro de Joaquim e
Ana, Filippo Lippi, c. 1452, óleo sobre do Vaticano e o teto da Capela Sistina, atitudes em relação à beleza e à harmonia – todos
madeira, 135 cm de diâmetro, Galleria com extraordinárias capacidades técnicas. Pela
Palatina, Palazzo Pitti, Florença, Itália
onde eles implementaram totalmente os
primeira vez, alguns artistas se tornaram famosos
ideais do humanismo e aperfeiçoaram por suas inovações e habilidades.
os métodos do realismo e ilusionismo.
Abrangendo o renascimento inicial, o fim do século xv e início do século xvi, Havia a crença de que o passado clássico
nórdico e o alto renascimento, o termo quando os artistas procuravam capturar tinha sido não apenas igualado, como Banquete na casa de Levi, Paolo Veronese, 1573, pintura a
renascimento ou renascença descreve a experiência e a emoção humanas, e a superado. Os artistas tinham acesso a óleo, 5,55 × 13,1 m, Gallerie dell’Accademia, Veneza, Itália
o “renascer” de um novo interesse pelo beleza e o mistério do mundo natural. Pela
aprendizado e proliferação das artes na primeira vez desde a Antiguidade clássica,
Europa, assim como seu desenvolvimento. a arte se tornou convincentemente realista.
Uma quantidade surpreendente da Os temas religiosos eram os mais comuns,
arte e dos escritos renascentistas enquanto os retratos refletiam um novo
sobreviveu – e muito mais se perdeu. senso de autoestima, e histórias mitológicas
Novas tecnologias e técnicas, incluindo eram representadas por seus ensinamentos
a descoberta das leis matemáticas da morais. Os artistas alcançaram um prestígio
perspectiva linear, a invenção da prensa equivalente ao dos poetas e membros
tipográfica, um novo sistema astronômico, da corte: a genialidade de Leonardo da
a produção do lápis de grafite, o uso da
tinta a óleo e a fundição de bronze com
Vinci (1452-1519) foi reconhecida em
Florença, Milão, Roma e na França, e
Referências
cera perdida acompanharam as novas
ideias. O renascimento teve seu apogeu no
consta que o imperador Carlos v se abaixou
para apanhar o pincel de Ticiano. a temas e
FIGURAS HUMANAS p.161 RELIGIÃO p.162 PORTRAITURE p.163 MITOLOGIA p.166 AMOR p.179
MORTE p.177 AFRESCO p.204 TÊMPERA p.193 ARGILA p.202 BRONZE p.211 PERSPECTIVA LINEAR p.198
FIGURAS HUMANAS p.161 RELIGIÃO p.162 RETRATO p.163 MITOLOGIA p.166 ALEGORIA p.167 AMOR p.179
ÓLEO SOBRE TELA p.203 MÁRMORE p.192 BRONZE p.211 GIZ p.191 ESCORÇO p.200 SFUMATO p.196
técnicas

Artista, técnica, dimensões e local Data da obra


76 OBRAS OBRAS 77

Hunters in the Snow 1565


PIETER BRUEGEL, O VELHO: ÓLEO SOBRE PAINEL • 117 × 162 CM •
KUNSTHISTORISCHES MUSEUM, VIENA, ÁUSTRIA

Geralmente considerado o maior pintor flamengo


do século xvi, Pieter Bruegel, o Velho (1525-1569)
pintou cenas religiosas e mitológicas, alegorias e
sátiras sociais em um estilo narrativo original.
Também conhecida como O regresso dos caçadores,
esta obra faz parte de uma série pintada por Bruegel que
representa os meses do ano. Retratando janeiro, ela era a
primeira do friso, portanto as árvores na lateral esquerda
serviam de moldura. Como era característico de Bruegel, a
pintura é repleta de detalhes. Tendo conseguido pouca coisa
pelo trabalho do dia, três caçadores e seus cães cruzam
um vale gelado de volta para casa aparentemente exaustos.
Sobre a paisagem nevada podem-se ver várias atividades,
como pessoas andando em trenós, patinando em lagos
congelados e camponeses tentando apagar uma fogueira.
O dia está frio e calmo. Pingentes de gelo acumulam-se
numa roda de moinho, as árvores escuras estão sem folhas
e a fumaça paira no ar. A maneira como o pintor faz a
neve se ressaltar em tamanha brancura é um triunfo da
técnica. As encostas e picos montanhosos ao longe foram
baseados na visita que Bruegel fez aos Alpes em 1552-1553.

PIETER BRUEGEL, O VELHO


Famoso ainda em vida, Pieter Bruegel, o Velho era às vezes chamado
de “Bruegel Camponês” por suas representações detalhadas de

Informações gerais
camponeses e da vida nas aldeias. No início de sua carreira, ele
retratava muitas figuras humanas em dimensões bastante reduzidas,
porém mais tarde suas figuras se tornaram maiores, e suas

sobre o artista
composições, mais ambiciosas. Ele foi o primeiro de uma grande
família de pintores.
OUTRAS OBRAS DE BRUEGEL
Provérbios holandeses 1559, Gemäldegalerie, Berlim, Alemanha
Brincadeiras infantis 1560, Kunsthistorisches Museum, Viena, Áustria
O casamento camponês 1566-1569, Kunsthistorisches Museum, Viena, Áustria

RENASCIMENTO NÓRDICO p.17 ÓLEO SOBRE PAINEL p. 197 PAISAGEM p. 168 GÊNERO p. 170 UNDERPAINTING p. 195

Outras obras importantes do artista Referências a movimentos, temas e técnicas


Movimentos
ARTE PRÉ-HISTÓRICA 12 • ARTE GRECO-ROMANA 13 • ARTE BIZANTINA 14
ARTE MEDIEVAL 15 • RENASCIMENTO INICIAL 16 • RENASCIMENTO NÓRDICO 17
RENASCIMENTO 18 • ALTO RENASCIMENTO 19 • RENASCIMENTO VENEZIANO 20
MANEIRISMO 21 • ERA DE OURO HOLANDESA 22 • BARROCO 23 • ROCOCÓ 24
NEOCLASSICISMO 25 • ROMANTISMO 26 • REALISMO 27 IMPRESSIONISMO 28
PÓS-IMPRESSIONISMO 29 • NEOIMPRESSIONISMO 30 • ART NOUVEAU 31
EXPRESSIONISMO 32 • EXPRESSIONISMO ALEMÃO 33 • FAUVISMO 34 • CUBISMO
35 • FUTURISMO 36 • SUPREMATISMO 37 • DADAÍSMO 38 • NEOPLASTICISMO 39
REALISMO MÁGICO 40 • SURREALISMO 41 • EXPRESSIONISMO ABSTRATO 42
COLOUR FIELD 43 • POP ART 44 • ARTE PERFORMÁTICA 45 • MINIMALISMO 46
ARTE CONCEITUAL 47
20 MOVIMENTOS

Renascimento veneziano 1430



1550
PRINCIPAIS ARTISTAS: GIOVANNI BELLINI • GIORGIONE • TITIAN • TINTORETTO •
PAOLO VERONESE • JACOPO SANSOVINO

Nos séculos x e xvi, Veneza era a cidade nova geração de Giorgione (1477-1510),
mais poderosa da Itália, tendo enriquecido Ticiano (1488/1490-1576) e Sebastiano
graças a quase mil anos de comércio e à del Piombo (c. 1485-1547). Após a morte
recente aquisição de territórios no continente prematura de Giorgione, Ticiano passou
e colônias no Mediterrâneo oriental. a ser reconhecido como o maior pintor do
Os artistas venezianos tornaram-se século xvi, exportando suas obras para a
reconhecidos internacionalmente por França, a Espanha e o restante da Itália.
seus quadros em cores vibrantes, que Giorgione e Ticiano foram os primeiros
exploravam as novas técnicas de pintura a artistas a usar cenários de paisagens como
óleo vindas do norte. A dinastia artística elementos importantes em seus quadros. O
mais importante do renascimento inicial magnífico colorido de Ticiano (muitas vezes
em Veneza foi a família Bellini, que comparado ao “desenho” de Michelangelo)
compreendia Jacopo Bellini (c. 1400-1470) e foi continuado por Tintoretto (1518-1594)
seus filhos Gentile (c. 1429-1507) e o grande e Paolo Veronese (1528-1588), que deram
Giovanni (c. 1430-1516), que continuou início aos temas e esquemas decorativos
a inovar até a idade avançada, além da dos palácios barrocos do século xvii.

A tempestade, Giorgione, c. 1508,


óleo sobre tela, 82 × 73 cm, Gallerie
dell’Accademia, Veneza, Itália

FATOS RELEVANTES
A partir da segunda metade do
século xv, o estilo distinto da pintura
veneziana tornou-se evidente,
reconhecido por suas cores fortes,
perspectiva dramática e composições
dinâmicas. Os pintores venezianos
foram os primeiros a abandonar o
painel de madeira em favor da tela
como suporte para a tinta a óleo, com
um acabamento mais “solto”.

FIGURAS HUMANAS p.161 RELIGIÃO p.162 RETRATO p.163 MITOLOGIA p.166 ALEGORIA p.167
AMOR p.179 MORTE p.177 PAISAGEM p.168 ÓLEO SOBRE TELA p.203 GIZ p.191
MOVIMENTOS 21

Maneirismo 1520

1600
PRINCIPAIS ARTISTAS: PARMIGIANINO • ANTONIO DA CORREGGIO •
ROSSO FIORENTINO • PONTORMO • GIULIO ROMANO

A partir da década de 1520, um novo


estilo de pintura surgiu na tentativa de
levar adiante as realizações artísticas do
alto renascimento, porém, muitas vezes
perturbando sua harmonia em nome do
efeito e do virtuosismo.
Originado do termo italiano “maniera”,
que significa maneira ou estilo, o maneirismo
é um movimento pictórico que se
desenvolveu entre 1510 e 1520 na Itália,
entre artistas que valorizavam cada vez
mais a originalidade acima de tudo.
A palavra destinava-se a descrever o
padrão de excelência atingido no alto
renascimento, que toda arte deveria passar
a seguir, mas na prática levou à estilização
e ao uso da arte “para mostrar a arte”, às
vezes com grande sucesso – como na obra
do aprendiz de Rafael, Giulio Romano (c.
1499-1546), em Mântua. O maneirismo
Natividade, Antonio da Correggio, c. 1529-1530,
ganhou uma conotação negativa quando óleo sobre tela, 256,5 × 188 cm, Gemäldegalerie Alte
se tornou obsessivo e quando a arte Meister, Dresden, Alemanha
começou a ofuscar ou obscurecer o que
estava sendo representado: o Concílio
de Trento, com novas regras para a
arte sacra, reagiu contra os excessos do FATOS RELEVANTES
maneirismo. Embora o termo seja aplicado O maneirismo foi um estilo que surgiu nas cortes,
principalmente à arte italiana, houve movido por uma necessidade de competir e de
também um maneirismo nórdico. Os agradar patronos autocráticos que desejavam
usar a arte para ostentar sua magnificência. A
maneiristas do norte incluem Hendrick
pintura maneirista muitas vezes parece artificial,
Goltzius (1558-1617) e Bartholomeus com exageros que incluem figuras alongadas,
Spranger (1546-1611), artistas de enorme poses estranhas, efeitos de luz, perspectiva e
talento que criaram composições proporções incomuns e cores extravagantes.
mitológicas complexas e retorcidas.

FIGURAS HUMANAS p.161 RELIGIÃO p.162 MITOLOGIA p.166 ALEGORIA p.167 AMOR p.179
MORTE p.177 MÁRMORE p.192 BRONZE p.211 GIZ p.191 PENA E TINTA p.208
MOVIMENTOS 33

Expressionismo alemão 1905



1935
PRINCIPAIS ARTISTAS: ERNST LUDWIG KIRCHNER • MAX BECKMANN •
OTTO DIX • GEORGE GROSZ • EMIL NOLDE • MAX PECHSTEIN

Rua com prostituta de vermelho, Ernst


Ludwig Kirchner, 1914-1925, óleo sobre
tela, 125 × 90,5 cm, Museo Nacional
Thyssen-Bornemisza, Madri, Espanha
(ver Obras p. 132)

FATOS RELEVANTES
O centro de arte mais importante da Alemanha
no início do século xx era a galeria Der Sturm,
em Berlim, que exibia obras expressionistas,
especialmente pinturas de artistas do Die Brücke
e Der Blaue Reiter. A galeria foi fundada e dirigida
pelo crítico de arte alemão de esquerda Herwarth
Walden (1879-1941), que também lançou a revista
Der Sturm, defensora do expressionismo alemão.

O movimento expressionista que urbanas e paisagens, enquanto os artistas do


surgiu na Alemanha começou com dois Der Blaue Reiter procuravam injetar valores
movimentos menores: Die Brücke, em espirituais na arte por meio da cor. Na
Dresden, e Der Blaue Reiter, em Munique. década de 1920 surgiu o Neue Sachlichkeit
Com seu histórico de artistas fervorosos (Nova Objetividade), um estilo artístico que
como Matthias Grünewald (c. 1470-1528), protestava visualmente contra a corrupção e
a Alemanha era uma localização natural a desmoralização da Alemanha pós-guerra.
para o surgimento do expressionismo. Os artistas do Neue Sachlichkeit desejavam
Van Gogh e Edvard Munch (1863-1944) retratar a realidade objetiva no lugar do
– especiamente seu quadro O grito, de foco subjetivo do expressionismo. Entre
1893 – também foram fortes influências. Em eles estavam Max Beckmann (1884-1950),
1889, uma colônia de artistas formou-se em Otto Dix (1891-1969) e George Grosz
Worpswede, na Baixa Saxônia, inicialmente (1893-1959), que produziam imagens
pintando paisagens ao estilo dos franceses pungentes e satíricas da sociedade de
de Barbizon, mas logo desenvolvendo uma Weimar. Muitos expressionistas alemães
abordagem mais expressionista. Os artistas ficaram traumatizados com a Primeira
do Die Brücke expressavam visões sociais Guerra Mundial e, a partir de 1915, sua obra
radicais por meio de figuras humanas, cenas tornou-se uma forma de protesto consciente.

FIGURAS HUMANAS p. 161 FORMA E FORMATO p. 182 ABSTRAÇÃO p. 184 COR p. 169 PAISAGEM p. 168
MAN-MADE p. 183 ISOLAMENTO p. 176 GUERRA p. 172 ANIMAIS p. 160 LÁPIS p. 188 ÁGUA-FORTE p. 207
34 MOVIMENTOS

Fauvismo 1905

1909
PRINCIPAIS ARTISTAS: HENRI MATISSE • ANDRÉ DERAIN • MAURICE DE
VLAMINCK • HENRI MANGUIN • ALBERT MARQUET

FATOS RELEVANTES
Com suas inovações no
uso da cor, expressão e
enfatizando a planicidade
das superfícies pintadas,
o fauvismo tornou-se um
precursor do cubismo,
do expressionismo e da
abstração. Quando um grupo
liderado por Matisse fez uma
exposição em Paris em 1905,
o crítico Louis Vauxcelles
(1870-1943) descreveu seus
quadros como “feras”.

Barcos em Collioure, André Derain,


1905, óleo sobre tela, 38,4 × 46 cm,
coleção particular (ver Obras p. 124)

Inspirados inicialmente por diversos transmitir emoções inspiradoras. Muito


pós-impressionistas, o grupo de influenciado pelo ensinamento de Moreau,
pintores que passaram a ser chamados de que a expressão pessoal era um aspecto
de Les Fauves (“As Feras”) usava importante de um grande pintor, Matisse
cores vivas e pinceladas soltas. também foi particularmente influenciado
Vários fauvistas, como Henri Matisse pelo pontilhismo de Seurat. Abandonando
(1869-1954), Albert Marquet (1875-1947) os anseios dos artistas anteriores para
e Georges Rouault (1871-1958), haviam criar imagens realistas, os fauvistas
sido alunos do artista simbolista Gustave usaram as cores de novas maneiras
Moreau (1826-1998) e a maioria deles foi para projetar uma atmosfera positiva e
inspirada pela forma como Cézanne (1839- estabelecer um senso de estrutura sem
1906) explorou a solidez, pelas pinceladas reproduzir diretamente a realidade. Suas
expressivas de Vincent van Gogh (1853- formas simplificadas e cores saturadas
1890) e pelo uso de cores puras justapostas também chamavam a atenção para suas
de Georges Seurat. Matisse geralmente é superfícies sem profundidade, e suas
visto como líder do fauvismo, e os outros reações emocionais e sua intuição eram
artistas o acompanharam no uso de cores consideradas mais importantes do que
intensas para descrever a luz e o espaço e teorias acadêmicas ou temas elevados.

FIGURAS HUMANAS p. 161 COR p. 169 FORMA E FORMATO p. 182 ABSTRAÇÃO p. 184 MOVIMENTO
p. 180 PAISAGEM p. 168 RETRATO p. 163 ÓLEO SOBRE TELA p. 203 CERÂMICA p. 189 COLAGEM p. 216
Obras
GRANDE SALA DOS TOUROS (LASCAUX) 50 • VÊNUS DE MILO 52 • CRISTO PANTOCRATOR

54 • LAMENTAÇÃO GIOTTO 56 • RETRATO DO CASAL ARNOLFINI VAN EYCK 58

PRIMAVERA BOTTICELLI 60 • HÉRCULES NA ENCRUZILHADA DÜRER 64 • PIETÀ

MICHELANGELO 66 • MONA LISA DA VINCI 68 • CRISTO CAI A CAMINHO DO CALVÁRIO

RAFAEL 70 • VÊNUS DE URBINO TICIANO 72 • CAÇADORES NA NEVE BRUEGEL 76

ESPÓLIO DE CRISTO EL GRECO 78 • BACO CARAVAGGIO 80 • JUDITE MATANDO

HOLOFERNES GENTILESCHI 82 • DESCIDA DA CRUZ RUBENS 84 • APOLO E DAFNE

BERNINI 86 • AUTORRETRATO COM OS OLHOS ARREGALADOS REMBRANDT 88

AS MENINAS VELÁZQUEZ 90 • MOÇA COM BRINCO DE PÉROLA VERMEER 92

O BALANÇO FRAGONARD 94 • JURAMENTO DOS HORÁCIOS DAVID 96 • ALTO DAS

CATARATAS DE REICHENBACH: ARCO-ÍRIS TURNER 100 • TRÊS DE MAIO DE 1808 GOYA

102 • MASSACRE DE QUIOS DELACROIX 104 • BANHO TURCO INGRES 106 • OLYMPIA

MANET 108 • IMPRESSÃO, NASCER DO SOL MONET 110 • A IDADE DO BRONZE

RODIN 112 • UMA TARDE DE DOMINGO NA ILHA DE GRANDE JATTE SEURAT 114

CAFÉ NOTURNO VAN GOGH 116 • O GRITO MUNCH 118 • NATUREZA-MORTA COM

CEBOLAS CÉZANNE 120 • BARCOS EM COLLIOURE DERAIN 124 • O BEIJO KLIMT 126

ACORDEONISTA PICASSO 128 • FORMAS ÚNICAS DE CONTINUIDADE NO ESPAÇO

BOCCIONI 130 • RUA COM PROSTITUTA DE VERMELHO KIRCHNER 132 • QUADRADO

VERMELHO MALEVICH 134 • FONTE DUCHAMP 136 • OS AMANTES MAGRITTE 138

AS DUAS FRIDAS KAHLO 140 • BROADWAY BOOGIE WOOGIE MONDRIAN 142 • CAMINHOS

ONDULADOS POLLOCK 144 • SEM TÍTULO ROTHKO 146 • O CARACOL MATISSE 148

SEM TÍTULO, A PARTIR DE “MARILYN” WARHOL 150 • SEM TÍTULO JUDD 152

EU GOSTO DA AMÉRICA E A AMÉRICA GOSTA DE MIM BEUYS 154 • A IMPOSSIBILIDADE

FÍSICA DA MORTE NA MENTE DE ALGUÉM VIVO HIRST 156


50 OBRAS

Grande Sala c. 16 mil –

dos Touros
14 mil a.C

RECONSTRUÇÃO DE PINTURAS RUPESTRES DO PERÍODO


PALEOLÍTICO, LASCAUX • 350,5 CM DE ALTURA × 1.900 CM
DE COMPRIMENTO × 550-750 CM DE LARGURA • MUSÉE
DES ANTIQUITÉS, SAINT-GERMAIN-EN-LAYE, FRANÇA

Entre as obras mais conhecidas da arte paleolítica estão as


grandes pinturas rupestres da série de cavernas interligadas
em Lascaux, na região francesa de Dordogne.
Dentro do complexo de Lascaux fica a chamada Grande
Sala dos Touros. Ali, as pinturas preenchem os dois lados
da caverna em toda a sua extensão, compreendendo cerca
de 130 animais, figuras humanas e símbolos geométricos
abstratos. Predominam cavalos, bisões, cervos e touros.
O fato de todos os animais serem retratados de forma
realista, quase sempre de lado, e passarem a impressão de
movimento atesta a habilidade dos artistas. Entre os muitos
animais estão quatro enormes touros negros. Um deles é o
maior animal pintado já descoberto na arte rupestre, com
520 cm de comprimento.
A maioria das imagens foi pintada nas paredes com
pigmentos minerais. Alguns contornos foram entalhados.
Os pigmentos são predominantemente vermelhos,
marrons, brancos e pretos, mas mesmo com uma paleta
tão reduzida os artistas conseguiam transmitir a sensação
de textura – do pelo, por exemplo. As superfícies ásperas
e as projeções naturais das paredes da caverna foram
incorporadas na representação dos animais, enfatizando
seu contorno e estrutura. É provável que houvesse um
artista “mestre”, auxiliado por assistentes que misturassem
os pigmentos e segurassem lamparinas de gordura animal
para iluminar o espaço.

OS ARTISTAS DE LASCAUX
A Grande Sala dos Touros fica nas profundezas das cavernas de
Lascaux, razão pela qual se costuma acreditar que as imagens tenham
sido pintadas como uma forma de ritual religioso, não como ornamento.
Os instrumentos rudimentares usados para aplicar o pigmento sobre o
calcário úmido provavelmente incluíam gravetos aos quais se prendiam
pelos de animais, para pincelar a tinta entre as fendas.

ARTE PRÉ-HISTÓRICA p.12


OBRAS 51

OUTRAS OBRAS PALEOLÍTICAS


Vênus de Willendorf Naturhistorisches Museum, Viena, Áustria
Homem com cabeça de pássaro com bisão Lascaux, França
Horseshoe Canyon Utah, Estados Unidos

ANIMAIS p.160 GIZ p.191


58 OBRAS

Retrato do casal Arnolfini 1434


JAN VAN EYCK: ÓLEO SOBRE MADEIRA DE CARVALHO • 82,2 × 60 CM •
NATIONAL GALLERY, LONDRES, REINO UNIDO

OUTRAS OBRAS DE VAN EYCK Famoso pelas técnicas pioneiras no uso da pintura
Retábulo de Gante c. 1430-1432, a óleo e por explorar as múltiplas camadas de tinta
Catedral de São Bavão, Gante,
que elas permitiam, Jan van Eyck (1390-1441)
Bélgica
representou figuras humanas e objetos com detalhes
A anunciação c. 1434-1436,
National Gallery of Art, Washington,
minuciosos e cores intensas e abundantes.
DC, Estados Unidos Um dos primeiros artistas a usar tinta a óleo em
A Virgem do chanceler Rolin lugar da têmpera, as pinturas coloridas e detalhadas de
1435, Musée du Louvre, Paris, Jan van Eyck estão imbuídas de sutis efeitos de luz. Este
França é um retrato duplo de Giovanni de Nicolao Arnolfini
(1400-1452) e talvez de sua falecida esposa, Costanza
Trenta (c. 1405-1433). Arnolfini vinha de uma próspera
família de mercadores de Lucca, mas vivia em Bruges,
que era um importante centro de comércio. Costanza
não está grávida, ela apenas ergue sua farta e pesada
saia – um sinal da riqueza do casal. Eles se encontram
em um quarto do piso superior no início do verão, como
indicam os frutos na cerejeira do lado de fora. Entre os
vários sinais de riqueza incluem-se o espelho, o grande
candelabro de bronze, as laranjas e o elegante cortinado
da cama. Refletidas no espelho estão duas figuras junto
à entrada do recinto. Uma delas, provavelmente, é o
próprio Jan van Eyck. A mão erguida de Arnolfini acusa
JAN VAN EYCK
a presença das figuras. A pintura não é um simples
Nascido em Flandres, Jan van
Eyck trabalhou inicialmente retrato, mas um quadro cuidadosamente calculado
com seu irmão mais velho, para transmitir várias mensagens – nas laranjas que
o pintor Hubert van Eyck simbolizam amor e fertilidade, nos caros tamancos de
(1370-1426), mas após a morte Arnolfini, que apontam para o mundo do lado de fora,
de Hubert foi contratado pelo
insinuando sua atividade cosmopolita, e no cãozinho
poderoso duque de Borgonha,
Felipe, o Bom (1396-1467). Um que representa fidelidade e lealdade. A assinatura
homem inteligente, educado ornamentada em latim na parede “Johannes de eyck fuit
e muito viajado, Van Eyck hic, 1434” significa “Jan van Eyck esteve aqui, 1434”.
trabalhou como diplomata
além de sua atividade como
artista. Seu trabalho minucioso
era bastante admirado,
principalmente pelo uso
revolucionário da tinta a óleo.

RENASCIMENTO NÓRDICO p.17


OBRAS 59

FIGURAS HUMANAS p. 161 ALEGORIA p. 167 INTERIORES p. 165 ÓLEO SOBRE PAINEL p. 197
PERSPECTIVA LINEAR p. 198

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