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Jung: arte,

corpo e
imaginá rio
Estrutura Psíquica I
Prof. Ma. Flávia de Macedo Cavallini
flaviademacedoartes@gmail.com

Gustav Klimt- “Judith I”; óleo sobre tela. Osterreichische Galerie, Viena, 1901 .
Estrutura psíquica I
1) PRELÚDIOS

1.1 Contexto artístico da Europa do final do século XIX;


1.2 Influências artísticas, filosóficas e científicas na construção do
pensamento junguiano.

2) PENSAMENTO JUNGUIANO: CONSTRUINDO OS ALICERCES

2.1 A teoria dos complexos e o teste de associação de palavras;


2.2 Energia psíquica;
2.3 Estudos dos sonhos e dos símbolos.

3) DESENVOLVIMENTO DOS CONCEITOS

3.1 A consciência;
3.2 O Inconsciente;
3.3 Inconsciente pessoal e inconsciente coletivo;
3.4 Enantiodromia e função transcendente.
1) Prelúdios

Eu pinto o que eu vejo, e não o que os outros gostariam de ver” - Edouard Manet (1832-
1883)

Edouard Manet- Um Bar no Folies-Bergère (Un Bar aux Folies-Bergère), 1882, Courtauld Gallery, London.
1.1 Contexto cultural da Europa do final do século
XIX/ início do século XX:
A arte da 1ª metade do séc. XIX
estava vinculada aos cânones
neoclássicos, com grandes
pinturas de paisagens, alegorias
históricas e retratos; buscavam
exatidão e harmonia das formas e
cores. Os artistas recebiam
encomendas da aristocracia e
organizavam salões com
novidades para atrair seu público.
Paris a esta altura era a capital da
arte na Europa.

Jean-Auguste Dominique Ingres (1780-1867).


“A Banhista”, óleo sobre tela, 1808, Museu do Louvre,
Paris.
Marx e Engels publicaram o Manifesto Comunista em 1848,
que analisava o contexto da revolução industrial inglesa
emergente e os artistas europeus começavam a questionar a
produção em massa das fábricas e o distanciamento do
artesanato. Além disso, com o surgimento da fotografia, os
pintores começaram e redefinir o campo da pintura.

Cena do filme “Tempos Modernos” (Modern Times), de Charlie Chaplin, 1936, EUA.
“Assim, o trabalho do artista se torna o paradigma
do verdadeiro trabalho humano, entendido como
presença ativa ou mesmo indistinção entre o
homem social e a realidade. O artista é um
trabalhador que não obedece à iniciativa e não
serve aos interesses de um patrão, não se submete
à lógica mecânica das máquinas. É, em suma, o tipo
de trabalhador livre, que alcança a liberdade na
práxis do próprio trabalho”.
(ARGAN, 1992, p.34).
“Bom dia, Sr. Courbet”, Gustav Courbet- óleo sobre tela, Museu Fabre, Montepellier, França, 1854.
Renoir (1841-1919) e Monet (1840-1926),
fundadores do movimento impressionista,
também se aproximavam de um fazer mais
fluido, afastados de seus ateliês, procurando
captar as impressões imediatas da paisagem de
forma itinerante, ao ar livre; afastavam-se do
apelo religioso em torno da arte, assim como da
busca do prestígio proveniente da participação
em salões e em outras instituições artísticas da
época.
“A Ponte Japonesa” (The Water-Lily Pond), Claude
Monet,
óleo sobre tela, 1900- Museum of Fine Arts, Boston.

“Mulher amamentando” (Maternité)-Pierre Auguste


Renoir,
óleo sobre tela, 1886 – Museum of Fine Arts,
St. Petersburg, Florida.
A natureza é um pretexto, talvez um meio; a finalidade é o quadro:
um tecido denso, animado, rico, vibrante de notas de cor sobre
uma superfície (ARGAN,1992, p.102).

Claude Monet “Nenúfares ”, óleo sobre tela,1904, Pierre Auguste Renoir- “O Balanço”, óleo
Coleção Particular- Monet, Paris sobre tela,1876, Museu D’Orsay, Paris
Georges Seurat (1834-1917), detalhe de “O Circo”,
Edgar Degas (1834-1917), “A Primeira óleo sobre tela, 1891 - Museu D’Orsay, França.
Bailarina”,
giz pastel, 1878 - Museu D’Orsay, França.
Havia um descontentamento dos pintores em relação à academia e a
necessidade de construção de novos parâmetros a partir de outras culturas
que não a europeia. Um certo exotismo colonialista, que nasceu com as
expedições e escritos antropológicos, contribuiu para que várias linguagens
artísticas fossem ao encontro da cultura de outros continentes. Alguns
deles, como Picasso, frequentaram o Musée Etnographique du Trocadero
(hoje chamado Museu do Homem), aberto em Paris em 1878,
influenciados pelas teorias de Charles Darwin (1809-1882).

Máscara nigeriana, séc.XVI, Máscara cultura Fang,séc Pablo Picasso, “Les Demoiselles
Corte de Benin, marfim, XIX, D’Avignon,
Metropolitan Museum of Art madeira, Museu do Louvre, óleo sobre tela, 1907, MoMA, New York.
New York. Paris.
Os artistas desta época se tornaram cada vez mais inventivos nas
escolhas dos materiais e nas experimentações pictóricas.

Gustav Klimt (1862-1918)- “O Retrato de Adele Blocher Bauer”(1907) e “Pallas Athene”, 1908, Viena, Áustria.
Anteriormente, as gravuras japonesas e a cultura oriental
já haviam ganhado a atenção de vários artistas, apontando
para uma referência estilística apelidada de "japonismo.

Hokusai- “A Grande Onda de Kanagawa”,


xilogravura
Como Camille Claudel, afastavam-se também dos grandes temas
históricos e mitológicos europeus, aproximando-se da arte
japonesa,
dos pequenos formatos e das cenas do cotidiano.

Camille Claudel (1864-1943), “A Onda” ou “As Banhistas”, Capa da publicação dos esboços sinfônicos
bronze e ônix verde, 1897, Museu Rodin, França. de Claude Debussy, intitulado La Mer,
1905.
Vincent Van Gogh abandonou o viés panfletário contido na
sua pintura anterior e passou a adotar cores vibrantes,
pinceladas curtas e impastadas e um apreço pelo japonismo,
ao lado dos franceses Toulouse Lautrec e Gauguin, este
último com quem Van Gogh dividiu moradia e cultivou uma
forte amizade em Paris.

Vincent Van Gogh (1853-1890)- “Quarto em Arles”, óleo sobre


tela, Paul Gauguin (1848-1903)- “Autorretrato com auréola”,
1888, Museu Van Gogh, Amsterdã, Holanda. óleo sobre tela,1889. National Gallery of Art, EUA.
Questionavam valores hegemônicos da sociedade moderna
ocidental: o capital, o patriarcado, a indústria, a família, a
heterossexualidade, a sobriedade, a normalidade; "[...] uma
sociedade pragmatista que atribui ao trabalho a finalidade
exclusiva do lucro não pode senão rejeitar aquele que,
preocupado com a condição e destino da humanidade,
desmascara sua má consciência" (ARGAN, 1992, p.123).

Henri Matisse, “Madame Matisse”,


Henri de Toulouse-Lautrec (1864-1901), “ O Salão da rua Des óleo
Moulins,óleo sobre tela, 1894.Musée Toulouse-Lautrec, e têmpera sobre tela, 1905, Museu
França. Nacional de Arte da Dinamarca.
Emil Nolde, Paul Gauguin , Henry Moore , Henri Rousseau,
Paul Klee, Henri Matisse, Marc Chagall, Max Ernst, Joan
Miró, Amedeo Modigliani, Pablo Picasso, Vassily Kandinsky
foram alguns dos artistas que buscaram suas referências
nas culturas africanas, indígenas, folclóricas e nos desenhos
infantis.

Wassily Kandinski, “O Cavaleiro Azul”, Henri Rousseau, “A Cigana Adormecida”, óleo sobre tela,
óleo 1897. MoMA, New York.
sobre cartão, 1903. Coleção particular.
Essa necessidade de rompimento ou ao
menos de transgressão não se limitava ao
campo da técnica: os artistas modernos
procuraram vivenciar ao máximo suas
poéticas, trazendo para o próprio cotidiano
formas singulares de estar no mundo. Modos
de vestir-se e de comportar-se passaram a
fazer parte do dia a dia de vários pintores,
escritores e poetas. Baudelaire, Cézanne,
Artaud, entre tantos outros, passaram a
incorporar o material artístico para a própria
vida; procuravam fazer dela suas obras de
arte.
Paul Cezanne (1839-1906), “As Banhistas”-óleo sobre tela, 1874. The Metropolitan Museum of Art,
EUA.
A procura de padrões alternativos aos acadêmicos levou
vários artistas a pesquisar estéticas de povos não-
europeus, apesar de persistir a marginalidade destas
artes dentro da visão eurocêntrica, comumente
consideradas "artes primitivas”.

Pintura rupestre, Caverna de Lascaux, França- cerca de 15.000 anos


atrás
Wassily Kandinski, “ Fuga”,óleo sobre
Edvard Munch, “ O Grito”,óleo sobre tela,
tela, 1915. Beyeler Foudation.
1910. Galeria Nacional, Oslo.
Vincent Van Gogh, “ A Igreja de Auvers Sur
Oise”,
óleo sobre tela, 1890. Musée D’Orsay, Paris.

Henri Matisse, “ A Dança” ,óleo sobre tela,


1910.
Paul Gauguin, “ Arearea”,óleo sobre tela, The Hermitage, St. Petersburg.
1892.
Museu D’Orsay,.
A liberdade de criação e de experimentação dos
artistas, músicos, poetas e escritores esbarrava e
tentava resistir aos duros limites das normas
sociais europeias, das quais os manicômios
representavam uma pequena parcela; a relação
entre arte e clínica nas instituições de saúde era
uma relação disforme, desigual, com os artistas
sendo, como tantos outros internos, emudecidos,
(des)configurados, apagados em seus talentos,
enquanto a religião e a ciência estabeleciam
normas para a arte e para a vida.
Vincent Van Gogh, “Ala do Hospital de Arles,”óleo sobre tela, 1889. Coleção particular .
“Nós europeus não somos as únicas criaturas do mundo.
Somos apenas uma península da Ásia e naquele continente
há velhas civilizações, onde as pessoas treinaram suas
mentes em psicologia introspectiva durante milhares de
anos, enquanto nós começamos nossa psicologia não
ontem, mas hoje de manhã. Tive que estudar coisas
orientais para entender certos fatos do inconsciente (…)
Tive que estudar não só literatura chinesa e hindu, como
também literatura sânscrita e manuscritos latinos de origem
desconhecida.”

(JUNG , Fundamentos de Psicologia Analítica, p.77).


1.2 Principais influências filosó ficas e científicas:

Pierre Janet
William James Eugen Bleuler Schiller
Sabina Spielrein

Goethe

Carl Gustav
Carus

Kant

Freud
Nietzsche
Schopenhauer
Otto Gross Wundt
O problema da equação pessoal

Em 1796, Royal Nevil Maskeleyne, astrônomo


no observatório de Greenwich, percebeu que
existiam diferenças significativas entre as
anotações das transições estrelares feitas por
ele mesmo e por seu assistente Kinnebrook.
Duas décadas mais tarde, o astrônomo Bessel
percebeu que tais diferenças eram frequentes e
não poderiam ou deveriam ser atribuídas a
Kinnebrook ou a Maskeleyne. Interessado
nestes erros de mensuração em astronomia,
Bessel fez testes entre medições feitas por ele e
por outras pessoas, pesquisou outros casos de
erros de medida e cunhou o termo equação
pessoal.
Em 1846 a Neuroanatomia descobre que a
atividade motora nem sempre está ligada à
consciência, por não estar necessariamente na
dependência dos centros cerebrais superiores(por
exemplo, o ato reflexo de se tirar a mão de uma
chapa quente).

Os fisiologistas debruçavam-se em estudos sobre


percepção das cores; as cores eram estudadas
como fenômenos da física e a percepção como
fenômeno da psicologia.
Wilhelm Wundt (1852-1920) cria, em 1879, na
Universidade de Leipzig, na Alemanha, o que foi
considerado, pela comunidade científica, o primeiro
laboratório de experimentos na área de psicofisiologia; a
nova psicologia experimental reunia a psicofisiologia e a
psicobiologia evolutiva. Leipzig tornou-se um dos
maiores centros de treinamento para esta nova
psicologia, cuja tentativa principal era de separar a
psicologia de uma “metafísica” especulativa ligada à
filosofia e a aproximá-la do empirismo da
experimentação. Seu método chama-se
Introspeccionismo.
Seu método, assim como de outros psicólogos experimentais
como Weber e Fechner, foi criticado por William James (1842-
1910), em 1890, pelas armadilhas nas quais que ele podia cair:

“A interpretação das psicoses de animais, selvagens e bebês é


necessariamente um trabalho insano, no qual a equação pessoal
do pesquisador enxerga as coisas basicamente do jeito que as
quer ver. O selvagem será descrito como desprovido de moral ou
de sentimento religioso, se suas condutas chocarem
indevidamente o observador. Presumir-se-á que a criança não
tem consciência de si mesma porque fala a seu respeito na
terceira pessoa…a única saída então é usar de tanta sagacidade
quanto possível e ser tão ingênuo quanto se puder.”
William James também procurava não se
desvencilhar da filosofia e compreendia o
papel da equação pessoal na observação
psicológica, assim como natureza de seu
relacionamento pessoal dos sujeitos que
estudava.

Em 1909 fez um estudo chamado “Relato


sobre o controle de Hodgson aplicado à
sra Piper”.
Em 1900, William Stern, professor de filosofia
na Universidade de Breslau, Polônia, em seu
livro “A Psicologia das diferenças individuais”,
afirmou que a individualidade seria o grande
problema do século XX, considerando as
questões geradas pelo introspeccionismo :

“O psicólogo que tenha nascido cego jamais


entenderá a constituição do tipo visual” –
William Stern
No início do século XX, Jung começou a estudar as
diferenças individuais com o teste de associação de
palavras. O teste é composto de uma lista aleatória de
palavras, do pesquisador e do sujeito experimental. O
sujeito experimental é aquele que responde às
perguntas do pesquisador e é o objeto do estudo. A
cada palavra-estímulo (escolhida ao acaso), o sujeito
experimental deve dizer uma nova palavra, do seu
repertório de associações. Em algumas das palavras-
estímulo, notou-se que o sujeito experimental
simplesmente não conseguia responder, demorava
excessivamente, apresentava a mesma palavra ou uma
palavra com som parecido.
Em 1920, Jung escreve:

"Um processo psíquico pode-se explicar, por duas


teorias opostas que mutuamente se excluem sem
que se possa afirmar, de uma ou de outra, que são
inexatas, uma vez que a exatidão de uma é
demonstrável pela semelhança e a exatidão de
outra pela dessemelhança das psiques"

(Jung,Tipos Psicológicos, p. 559).


2) PENSAMENTO JUNGUIANO:
CONSTRUINDO OS ALICERCES

Marc Chagal, “Eu e a aldeia”, óleo sobre tela, 1911.


(detalhe)
2.1 A teoria dos Complexos e o teste de associação de palavras

“Faz-se a experiência com uma lista de digamos, cem


palavras. Diz-se à pessoa que se submete ao teste para reagir
com a primeira palavra que lhe passe pela cabeça, e o mais
depressa possível, depois de ter ouvido e entendido a palavra
estímulo. A experiência só é começada depois de se ter
certeza que a pessoa entendeu o mecanismo. Marca-se o
tempo de cada resposta num cronômetro. Depois de
terminadas as cem palavras, parte-se para outra experiência:
repetem-se as palavras-estímulo e a pessoa tem que repetir
as suas respostas anteriores; em algum lugar a memória falha,
tornando-se a reprodução incerta ou errônea. Tais erros são
da maior importância”.

JUNG, Fundamentos da Psicologia Analítica, p.43.


Jung iniciou seus estudos com o teste de
associação de palavras em Zurique, quando ainda
era um jovem médico recém-formado. Através dele
percebeu a existência dos complexos; diz ele:

“Um complexo é um aglomerado de associações


(…)O complexo, por ser dotado de tensão ou
energia própria, tem a tendência de formar,
também por conta própria, uma pequena
personalidade.”
(JUNG, Fundamentos da Psicologia analítica, p.66).
2.2 A Energia Psíquica

Energia psíquica = “libido”, porém não circunscrita aos


aspectos sexuais da psique;

“(…) Concepções semelhantes se utilizaram de


denominações parecidas, desde tempos remotos, tais como
‘vontade’ de Schopenhauer, a μ de Aristóteles, o eros de
Platão, o “amor e o ódio dos elementos” de Empédocles, ou
o elán vital de Bergson” ( JUNG, A Energia Psíquica, 2002,
p.22).
“Freud foi quem primeiro observou e expôs, de maneira
coerente, determinadas relações psicológicas, servindo-
se, então, do termo conveniente de ‘libido’, embora
acompanhado de uma definição, em correspondência,
com seu ponto de partida que era da sexualidade. Além
de ‘libido’, Freud emprega também as expressões
‘instinto’ (‘instinto do eu’) e ‘energia psíquica’ (como,
por ex., na Interpretação dos Sonhos). Como Freud se
limita exclusivamente, por assim dizer, à sexualidade,
para o fim a que ele se propunha era suficiente a
definição sexual da energia como uma força instintiva
específica.”

(JUNG, Energia Psíquica, 2002, p.21).


Jung adota um ponto de vista energético para se referir à energia
psíquica, ou seja: é um conceito quantitativo e não causal-
qualitativo. Assim, ele se distancia da Psicanálise de Freud, cujo
método investigativo se apóia no ponto de vista causal.

“O defeito da concepção de Freud consiste na unilateralidade


para a qual sempre tende o ponto de vista mecanicista-causal, ou
seja, na reducio ad causam simplificadora, que, quanto mais
verdadeira, mais simples e mais abrangedora prtende ser, tanto
menos justiça faz à importância do aspecto analisado e reduzido.”

JUNG, A Energia Psíquica, 2002, § 35.


“A concepção causal-mecanicista vê a sequência dos fatos
da seguinte maneira: a causa b, b causa c, e assim por
diante. Aqui, a noção é uma designação qualitativa e, por
consequinte, uma virtus [força] da causa, ou, em outros
termos, um dinamismo. A concepção energético-finalista,
pelo contrário, vê a seguinte série da seguinte maneira: a-
b-c são instrumentos das transformações energéticas que
fluem causalmente de a, o estado improvável, para o estado
provável, passando entropicamente por b-c. Aqui abstrai-se
por inteiro, de um efeito causal, considerando-se apenas as
intensidades dos efeitos.”

JUNG, A Energia Psíquica, 2002, § 54.


2.3 Estudos dos sonhos e dos símbolos

Marc Chagal, “Eu e a aldeia”, óleo sobre tela, 1911.


"Há um caso que me alegra muito. É um texto que adoro, de Jung,
que rompeu com Freud, depois de uma longa colaboração. Jung
conta a Freud que teve um sonho, um sonho de ossuário, sonhou
com um ossuário. E Freud não compreende nada, literalmente, ele
diz o tempo todo: se sonhou com um osso, é a morte de alguém,
quer dizer a morte de alguém. E Jung não para de lhe dizer: não
estou falando de um osso, sonhei com um ossuário… Freud não
compreende. Não vê a diferença entre um ossuário e um osso, ou
seja, um ossuário são centenas de ossos, são mil, dez mil ossos.
Isso é uma multiplicidade, é um agenciamento, é… passeio em um
ossuário, o que significa isso? Por onde o desejo passa? Em um
agenciamento é sempre um coletivo. Coletivo, construtivismo, etc.
É isso o desejo. Onde passa meu desejo entre os mil crânios, os
mil ossos? Onde passa meu desejo na matilha? Qual é minha
posição na matilha? Sou exterior à matilha? Estou ao lado, dentro,
no centro dela? Tudo isso são fenômenos de desejo. É isso o
desejo. E a psicanálise nos reduz sempre a um único fator, e
sempre o mesmo, ora o pai, ora a mãe, ora não sei o que, ora o
falo, etc. Ela ignora tudo que é múltiplo, ignora o construtivismo,
ou seja, agenciamentos"

( DELEUZE, 1988).
Vários estudiosos, entre os séculos XVIII e XIX, debruçaram-se
sobre os sonhos; entre eles, segundo um manuscrito não datado
de Jung:

Breuler, Blobbs, Burdach, Carus, Delage, Delboeuf, Erdman,


Eschenmayer, Fechner, Fichte, Frazer, Freud, Gassendi, Kant,
Lélut, Lemoine, Wagner, Maudsley, Maury, Michelet, Mourley
Vold, Rabier, Radestock, Rasmunsen, Sherner, Schleiermacher,
Schopenhauer, Schubert, Seafield, Siebeck, Spitta, Steffens,
Steckel, Strumpell, Sully, Thurnwald, Tissiié, Troxler, Ulrici,
Vaschide, Volket, Weygandt, Wundt.

SHAMDASANI, 2005, p.120.


Além deles Descartes, John Locke e os estudiosos
associacionistas também escreveram sobre os sonhos;

Descartes inclusive afirmou que não havia sinais claros que


distinguissem a vigília do estado onírico, portanto o sonho
era o argumento de Descartes de que não deveríamos
confiar em na experiência sensorial para afirmar nossa
existência;

Locke, por sua vez, entendia que o pensamento onírico é


uma continuidade do pensamento do homem acordado.
Paralelamente aos tratados filosóficos e às experiências dos
psicólogos associacionistas, surgiram, no século XIX,
numerosos “dicionários de sonhos”, baseados na cultura
popular, na astrologia, numerologia, entre outras
abordagens espiritualistas e esotéricas.

A medicina, no entanto, procurava entender os sonhos em


termos fisiológicos, como o médico Pierre Cabanis (1757-
1808).
Com a filosofia romântica alemã, o sonho deixou
de ter um caráter secundário e passou a um estado
superior, a ser considerado a essência da alma.
Schubert (1780-1860), que foi discípulo de
Schelling, por exemplo, dizia que no sonho a alma
falava outra linguagem, universal e hieroglífica de
imagens e símbolos.
A psiquiatria alemã, muito provavelmente também
entendia os sonhos como “espelhos de estados
psicológicos”, como o psiquiatra Ernst von
Feuchetersleben (1806- 1849), que os considerava como
“ocupação da mente no sono pelo mundo pictórico da
imaginação”.

Na psiquiatria alemã também já havia a relação entre


sonhos e enfermidade psíquica; Griesinger (1817-1868),
por exemplo, acreditava que os sonhos arrebatadores
eram a realização de desejos das pessoas enfermas,
apesar de não usar os sonhos como ferramenta
terapêutica.
No século XIX, entre os psicólogos (Sully,
William James, Francis Galton, por ex.) ocupar-
se dos sonhos não era incomum, e cada vez
mais os conceitos sobre eles foram sendo
construídos junto com os conceitos sobre
inconsciente.

O filósofo Johannes Volket, em 1875, produziu


um estudo intitulado “Fantasia Onírica”, onde
relacionava sonho e inconsciente; Freud citou
este estudo várias vezes em “A Interpretação
dos Sonhos” (1899). Para Freud, os sonhos eram
a realização de desejos reprimidos.
Pierre Janet (1857-1947) adotou como trabalho central
a terapêutica dos sonhos, e foi mestre de Jung.
Inicialmente formado em filosofia, tendo como amigo o
filósofo Henri Bergson (que também estudou os
sonhos), em 1889 Janet publicou “Automatismo
Psicológico” e ampliou suas pesquisas junto com o
neurologista Jean-Martin Charcot no Hospital
Salpêtriére em Paris, formando-se em medicina. Em
1893 Janet apresentou seu trabalho de graduação “Os
estados mentais dos histéricos”.

Em seus estudos Janet pesquisava os sonhos do ponto


de vista das modificações espontâneas da
personalidade.
Freud discordou de Janet e de outros estudiosos, como
Flournoy, que estabeleciam que os sonhos estavam
intimamente ligados à recuperação de memórias e
subjetividades ocultas; afirmou que os sonhos eram a
realização de desejos reprimidos, o que gerou, por sua
vez, réplicas, como a de Flournoy, em 1901:

“Sem dúvida, muitos de nossos sonhos, quando vistos mais


de perto, são certamente a realização disfarçada de um
desejo reprimido, mas dizer que todos são isso, é mais difícil
de aceitar.”

( SHAMDASANI, 2005, p.148).


Jung também discordou de Freud no tocante aos sonhos.
Em 1902 ele escreveu que os sonhos não eram sempre a
realização de um desejo; frequentemente não eram
distorcidos; o conteúdo dos sonhos tinham relação com o
estado da consciência.

Em 1906 Jung escreveu um artigo intitulado “Associação,


sonho e sintoma histérico”, baseado num estudo de caso
em que ele refazia o trajeto dos sonhos de uma paciente,
ligando-os a um complexo sexual.
No entanto, para Jung, os sonhos são a expressão
simbólica de complexos que, por sua vez, nem
sempre são de ordem sexual.

Jung diferencia sonhos com conteúdos pessoais, e


alguns com conteúdos mitológicos, que apontam,
neste último caso, para uma compreensão do
Inconsciente coletivo.
Em 1909, durante a viagem aos Estados Unidos feita com Freud para as
conferências na Clark University, Jung teve um sonho:

“Eu estava numa casa desconhecida, de dois andares. Era a ‘minha’ casa. Estava
no segundo andar onde havia uma espécie de sala de estar, com belos móveis
em estilo rococó. As paredes eram ornadas de quadros valiosos. Surpreso de
que a casa fosse minha, pensava: ‘nada mau!’ De repente, lembrei-me de que
ainda não sabia qual era o aspecto do andar inferior. Desci a escada e cheguei
ao andar térreo. Ali, tudo era mais antigo. Essa parte da casa datava do século
XV ou XVI. A instalação era medieval e o ladrilho vermelho. Tudo estava
mergulhado na penumbra. Eu passava pelos quartos, dizendo: ‘quero explorar a
casa inteira!’. Cheguei diante de uma porta pesada e a abri. Deparei com uma
escada de pedra que conduzia à adega. Descendo-a, cheguei a uma sala muito
antiga, cujo teto era em abóbada. Examinando as paredes descobri que entre as
pedras comuns de que eram feitas, havia camadas de tijolo e pedaços de tijolo
na argamassa. Reconheci que essas paredes datavam da época romana.
Examinei também o piso recoberto de lajes. Numa delas descobri uma argola.
Puxei-a. A laje deslocou-se e sob ela vi outra escada de degraus estreitos de
pedra, que desci, chegando enfim a uma gruta baixa e rochosa. Na poeira
espessa que recobria o solo havia ossadas, restos de vasos, e vestígios de uma
civilização primitiva”.
Jung não ficou satisfeito com a interpretação dada por
Freud ao seu conteúdo onírico e a partir daí foi cada vez
mais se afastando das concepções psicanalíticas até que,
em 1913, ele e Freud romperam definitivamente.

“Em vez de apresentar sua psicologia como


desmascaramento das supertições populares, como Freud
tinha feito, Jung começou a apresentá-la como validação
delas, já que expunha mecanismos psicológicos capazes de
explicar as crenças populares, pelo menos até certo ponto”.

SHAMDASANI, 2005, p.166.


Neste texto publicado em 1916, Jung afirma:

“(…)podemos discernir uma função equilibradora do


inconsciente, que consiste no fato de aquele pensamentos,
propensões e tendências da personalidade humana, que na
vida consciente raramente se traduzem como vantajosas,
entrarem em atividade na forma de indícios quando a pessoa
está dormindo, momento em que, em grande medida o
processo consciente está desconectado…é evidente que essa
função do sonho significa uma equilibração psicológica,
absolutamente necessária a uma ação ordenada”.

SHAMDASANI, 2005, p.164


3) Desenvolvimento dos conceitos

Ossuário de Sedlec, República


Checa
3.1 A consciência
"A consciência é um processo momentâneo de
adaptação.”
JUNG, A Natureza da Psique, 2000, prefácio

As atitudes conscientes são sempre complementares ao


inconsciente, e vice-versa.
 
A unilateralidade da consciência é um processo
inevitável, pois direção implica em unilateralidade; é
uma vantagem e também um inconveniente.
“No tempo de nossos ancestrais essa mesma
consciência derivaria de um relacionamento sensorial da
pele com o mundo exterior.(…) Psicólogos franceses e
ingleses do século XVII e XVIII tentaram derivar a
consciência especificamente dos sentidos, a ponto de
considerá-la um produto exclusivo dos órgãos sensoriais
(…). Vocês podem notar qualquer coisa parecida em
modernas teorias psicológicas − Freud não deriva a
consciência de dados sensoriais, mas ele concebe o
inconsciente como derivado do consciente, o que seria
seguir a mesma linha de raciocínio. Eu consideraria a
questão pelo seu reverso: coloco o inconsciente como
elemento inicial, do qual brotaria a condição
consciente.”
JUNG, Fundamentos da Psicologia Analítica, p.6
Para que haja conciência, necessariamente tem que haver a
mediação do ego; assim, para Jung, o ego é um complexo
formado pela percepção geral do corpo e existência e
também pelos registros de nossa memória; é o centro de
nossas atenções e de nossos desejos, configurando, assim, o
centro da consciência.

Jung afirma ser a consciência dotada de funções, a saber:

A sensação;
O pensamento;
O sentimento;
A intuição.
Esquema da Psique proposta por Jung em 1935:
(Fundamentos da Psicologia analítica- p.39)
“O homem desenvolveu vagarosa e laboriosamente a sua
consciência, num processo que levou um tempo
infindável, até alcançar o estado civilizado
(arbitrariamente datado de quando se inventou a escrita,
mais ou menos no ano 4000 A.C.). E esta evolução está
longe da conclusão, pois grandes áreas da mente humana
ainda estão mergulhadas em trevas. O que chamamos
psique não pode, de modo algum, ser identificado com a
nossa consciência e seu conteúdo”.
JUNG, O Homem e seus Símbolos, p.23.
3.2 O Inconsciente
“ O inconsciente, com efeito, não é isto ou
aquilo, mas o desconhecimento do que nos
afeta imediatamente”. Ele nos aparece como
de natureza psíquica, mas sobre sua
verdadeira natureza sabemos tão pouco −
ou, em linguagem otimista, tanto quanto
sabemos sobre a natureza da matéria”.
( JUNG, 2000, A Natureza da Psique, Prefácio).
3.3 Inconsciente Pessoal e
Inconsciente Coletivo
Podemos distinguir um inconsciente pessoal que engloba
todas as aquisições de existências pessoais: o esquecimento,
o reprimido, o subliminarmente percebido, pensado e
sentido.

Ao lado desses conteúdos inconscientes pessoais, há outro


conteúdo que não provêm das aquisições pessoais, mas da
possibilidade hereditária do funcionamento psíquico em
geral, ou seja, da estrutura cerebral herdada. São as conexões
mitológicas, os motivos e imagens que podem nascer de
novo, a qualquer tempo e lugar, sem tradição ou migração
histórica. Denomino este conteúdo de inconsciente coletivo.

JUNG, Tipos Psicológicos, 2009, § 851


“O inconsciente coletivo compreende toda a vida psíquica
dos antepassados desde seus primórdios. É o pressuposto e
a matriz de todos os fatos psíquicos e por isso exerce
também uma influência que compromete altamente a
liberdade da consciência, visto que tende constantemente a
recolocar todos os processos conscientes em seus antigos
trilhos. É este perigo positivo que explica a extraordinária
resistência que a consciência contrapõe ao inconsciente.
Não se trata aqui da resistência à sexualidade, destacada
por Freud, mas de algo muito mais geral: o medo instintivo
de perder a libedade da consciência e de sucumbir ao
automatismo da psique inconsciente” ( JUNG, A Natureza
da Psique, § 230).
3.4 Enantiodromia

Símbolo do Tao e suas metades Yin e Yang, contendo o seu contrário


Jung observou a inversão espontânea da libido, por ele
denominada de enantiodromia. Esta ocorrência de um
"retorno ao oposto" caracteriza a natureza do fluxo da
libido e foi descrita na literatura e na mitologia como o
retorno do sol do interior da noite, a viagem de retorno
do centro da terra ou a ascensão do poeta do Inferno,
de Dante.

Este mecanismo crucial de auto-regulação pode explicar


a remissão espontânea da depressão e dos episódios
psicóticos, e põe um fim à regressão. Quando ele falha,
a regressão se torna um evento muito perigoso.
A questão central permanece a mesma: manter
uma tensão dinâmica e um relacionamento
flexível entre o ego e o resto da psique. A
análise junguiana não está primordialmente
preocupada em tornar consciente o
inconsciente (o que é impossível na concepção
de Jung), ou simplesmente analisar as
dificuldades passadas (um possível impasse),
embora estas duas coisas entrem em jogo.
“ Quando se trata de explicar um fato psicológico, é
preciso não esquecer que todo fenômeno
psicológico deve ser abordado sob um duplo ponto
de vista, ou seja, do ponto de vista da causalidade e
do ponto de vista da finalidade. É de propósito que
falo de finalidade, para evitar toda a confusão com
o conceito de teleologia. Por finalidade, pretendo
simplesmente designar a tensão psicológica
imanente dirigida a um objetivo futuro” (JUNG, A
Natureza da Psique, 2000, § 456).
O objetivo é um processo: encontrar um modo de se
reconciliar com o inconsciente bem como de lidar com
dificuldades futuras. Este processo consiste em manter
um diálogo contínuo com o inconsciente que facilite a
integração criativa da experiência psicológica.
“O mecanismo psicológico que transforma a
energia é o símbolo (JUNG, Energia Psíquica, 2002, § 88).

Mandala tibetana do século


XIX
" O que chamamos símbolo é um termo, um
nome ou mesmo uma imagem que nos pode ser
familiar na vida diária, embora possua
conotações especiais além do seu significado
evidente e convencional. Implica alguma coisa
vaga, desconhecida ou oculta para nós".
 
"Assim, uma palavra ou uma imagem é simbólica
quando implica alguma coisa além do seu significado
manifesto e imediato. Esta palavra ou esta imagem têm
um aspecto "inconsciente" mais amplo, que nunca é
precisamente definido ou de todo explicado. E nem
podemos ter esperanças de defini-la ou explicá-la.
Quando a mente explora um símbolo, é conduzida a
ideias que estão fora do alcance da nossa razão. A
imagem de uma roda pode levar nossos pensamentos
ao conceito de um sol "divino'’ mas, neste ponto, nossa
razão vai confessar a sua incompetência : o homem é
incapaz de descrever um ser "divino".
"Por existirem inúmeras coisas fora do alcance da
compreensão humana é que frequentemente utilizamos
termos simbólicos como representação de conceitos que não
podemos definir ou compreender integralmente. Esta é uma
das razões por que todas as religiões empregam uma
linguagem simbólica e se exprimem através de imagens. Mas
este uso consciente que fazemos de símbolos é apenas um
aspecto de um fato psicológico de grande importância: o
homem também produz símbolos, inconsciente e
espontaneamente, na forma de sonhos".

JUNG, O Homem e seus Símbolos, pp20-21.


"(...) ao atribuirmos ao símbolo um valor, seja grande ou
pequeno, adquire um valor consciente de motivo, isto é, ele
é percebido e é dada à carga inconsciente de libido ocasião
de expressar-se na conduta consciente da vida. Ganhamos
assim segundo penso - uma vantagem prática essencial: a
colaboração do inconsciente, sua junção com o trabalho
psíquico consciente e, com isso, a eliminação de influências
perturbadoras do inconsciente. Esta função comum, a
relação com o símbolo, eu a denominei - como já ficou dito
- de função transcendente".

( JUNG, Tipos Psicológicos, §128).


“Por ‘função transcendente’, não se deve entender algo de
misterioso ou por assim dizer suprassensível ou metafísico,
mas uma função que, por sua natureza, pode-se comparar
com uma função matemática de igual denominação, e é
uma função de números reais e imaginários. A função
psicológica e transcendente resulta da reunião de
conteúdos conscientes e inconscientes”.

Exercício de leitura e discussão do texto: A Função


Transcendente, In: JUNG,C.G., VIII/ §131 a §193.
Estudo dirigido:

JUNG, Carl G. Fundamentos da Psicologia Analítica. [tradução de


Araceli Elman]. 7ª edição, Petrópolis : Editora Vozes, 1996.

SILVEIRA, Nise de. Jung: vida e obra. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.

JUNG, Carl G. A Energia Psíquica. / CG. Jung ; v.VIII/1–[tradução de Pe.


Dom Mateus Ramalho Rocha]. Petrópolis : Editora Vozes, 2002.
Referências
ARGAN, Giulio C. Arte Moderna. Companhia das Letras, 2008.

CHEVALIER, J; GHEERBRANT. Dicionário de Símbolos: (mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores,
números). Tradução: Vera da Costa e Silva...[et al].8 .ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1994.
 
JUNG, Carl Gustav.Os arquétipos e o inconsciente coletivo / CG. Jung ; [tradução
Maria Luíza Appy, Dora Mariana R. Ferreira da Silva]. – Petrópolis : Editora Vozes, 2000.

________________. A Energia Psíquica. / CG. Jung ; V.VIII/1–[tradução de Pe. Dom Mateus Ramalho Rocha].
Petrópolis : Editora Vozes, 2002.
 
________________. A Natureza da psique/ CG. Jung ; Obras Completas - V.VIII/2[tradução de Pe. Dom Mateus
Ramalho Rocha]. – Petrópolis : Editora Vozes, 2000.

_________________. Fundamentos da Psicologia Analítica. [tradução de Araceli Elman]. 7ª edição,


Petrópolis : Editora Vozes, 1996.

_________________. O Homem e seus símbolos/ CG. Jung, Von Franz, Joseph L. Henderson, Jolande Jacobi,
Aniela Jaffe. [tradução de Maria Lúcia Pinho]. 6ª edição, Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira,

_________________. Tipos Psicológicos. CG. Jung ; Obras Completas [tradução de . – Petrópolis : Editora
Vozes, 2009.

 
Referências
LOPES, Anchyses Jobim. Breve introdução a uma história da libido: Poetas Latinos, Santo Agostinho
e Freud (via Foucault). Estud. psicanal.,  Belo Horizonte ,  n. 35, p. 23-39, jul.  2011 .   Disponível
em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
34372011000200003&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  21  jul.  2018.

Manual de Cambridge para Estudos Junguianos / Organizado por Polly Young-Eisendrath e Terence
Dawson; trad. Daniel Bueno - Porto Alegre : Artmed Editora, 2002.

SAMUELS, A; SHORTER, B; PLAUT, F. Dicionário Crítico de Análise Junguiana. Rio de Janeiro:


Imago Editora, 1988.

SHAMDASANI, S. Jung e a Construção da Psicologia Moderna: O Sonho de uma Ciência.


( Tradução: Maria Silvia Mourão Netto- Aparecida, SP: Ideias &Letras, 2005.
 
SILVEIRA, Nise de. Jung: vida e obra. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.

SOUZA, Felipe Luís Melo de. A Psicologia da Religião em Carl Gustav Jung: a equação pessoal.In:
Sacrilegens, Juiz de Fora, v.8, n.1, p.95-109, dez/2011 - F. Souza -
http://www.ufjf.br/sacrilegens/files/2011/02/8-8.pdf

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