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corpo e
imaginá rio
Estrutura Psíquica I
Prof. Ma. Flávia de Macedo Cavallini
flaviademacedoartes@gmail.com
Gustav Klimt- “Judith I”; óleo sobre tela. Osterreichische Galerie, Viena, 1901 .
Estrutura psíquica I
1) PRELÚDIOS
3.1 A consciência;
3.2 O Inconsciente;
3.3 Inconsciente pessoal e inconsciente coletivo;
3.4 Enantiodromia e função transcendente.
1) Prelúdios
Eu pinto o que eu vejo, e não o que os outros gostariam de ver” - Edouard Manet (1832-
1883)
Edouard Manet- Um Bar no Folies-Bergère (Un Bar aux Folies-Bergère), 1882, Courtauld Gallery, London.
1.1 Contexto cultural da Europa do final do século
XIX/ início do século XX:
A arte da 1ª metade do séc. XIX
estava vinculada aos cânones
neoclássicos, com grandes
pinturas de paisagens, alegorias
históricas e retratos; buscavam
exatidão e harmonia das formas e
cores. Os artistas recebiam
encomendas da aristocracia e
organizavam salões com
novidades para atrair seu público.
Paris a esta altura era a capital da
arte na Europa.
Cena do filme “Tempos Modernos” (Modern Times), de Charlie Chaplin, 1936, EUA.
“Assim, o trabalho do artista se torna o paradigma
do verdadeiro trabalho humano, entendido como
presença ativa ou mesmo indistinção entre o
homem social e a realidade. O artista é um
trabalhador que não obedece à iniciativa e não
serve aos interesses de um patrão, não se submete
à lógica mecânica das máquinas. É, em suma, o tipo
de trabalhador livre, que alcança a liberdade na
práxis do próprio trabalho”.
(ARGAN, 1992, p.34).
“Bom dia, Sr. Courbet”, Gustav Courbet- óleo sobre tela, Museu Fabre, Montepellier, França, 1854.
Renoir (1841-1919) e Monet (1840-1926),
fundadores do movimento impressionista,
também se aproximavam de um fazer mais
fluido, afastados de seus ateliês, procurando
captar as impressões imediatas da paisagem de
forma itinerante, ao ar livre; afastavam-se do
apelo religioso em torno da arte, assim como da
busca do prestígio proveniente da participação
em salões e em outras instituições artísticas da
época.
“A Ponte Japonesa” (The Water-Lily Pond), Claude
Monet,
óleo sobre tela, 1900- Museum of Fine Arts, Boston.
Claude Monet “Nenúfares ”, óleo sobre tela,1904, Pierre Auguste Renoir- “O Balanço”, óleo
Coleção Particular- Monet, Paris sobre tela,1876, Museu D’Orsay, Paris
Georges Seurat (1834-1917), detalhe de “O Circo”,
Edgar Degas (1834-1917), “A Primeira óleo sobre tela, 1891 - Museu D’Orsay, França.
Bailarina”,
giz pastel, 1878 - Museu D’Orsay, França.
Havia um descontentamento dos pintores em relação à academia e a
necessidade de construção de novos parâmetros a partir de outras culturas
que não a europeia. Um certo exotismo colonialista, que nasceu com as
expedições e escritos antropológicos, contribuiu para que várias linguagens
artísticas fossem ao encontro da cultura de outros continentes. Alguns
deles, como Picasso, frequentaram o Musée Etnographique du Trocadero
(hoje chamado Museu do Homem), aberto em Paris em 1878,
influenciados pelas teorias de Charles Darwin (1809-1882).
Máscara nigeriana, séc.XVI, Máscara cultura Fang,séc Pablo Picasso, “Les Demoiselles
Corte de Benin, marfim, XIX, D’Avignon,
Metropolitan Museum of Art madeira, Museu do Louvre, óleo sobre tela, 1907, MoMA, New York.
New York. Paris.
Os artistas desta época se tornaram cada vez mais inventivos nas
escolhas dos materiais e nas experimentações pictóricas.
Gustav Klimt (1862-1918)- “O Retrato de Adele Blocher Bauer”(1907) e “Pallas Athene”, 1908, Viena, Áustria.
Anteriormente, as gravuras japonesas e a cultura oriental
já haviam ganhado a atenção de vários artistas, apontando
para uma referência estilística apelidada de "japonismo.
Camille Claudel (1864-1943), “A Onda” ou “As Banhistas”, Capa da publicação dos esboços sinfônicos
bronze e ônix verde, 1897, Museu Rodin, França. de Claude Debussy, intitulado La Mer,
1905.
Vincent Van Gogh abandonou o viés panfletário contido na
sua pintura anterior e passou a adotar cores vibrantes,
pinceladas curtas e impastadas e um apreço pelo japonismo,
ao lado dos franceses Toulouse Lautrec e Gauguin, este
último com quem Van Gogh dividiu moradia e cultivou uma
forte amizade em Paris.
Wassily Kandinski, “O Cavaleiro Azul”, Henri Rousseau, “A Cigana Adormecida”, óleo sobre tela,
óleo 1897. MoMA, New York.
sobre cartão, 1903. Coleção particular.
Essa necessidade de rompimento ou ao
menos de transgressão não se limitava ao
campo da técnica: os artistas modernos
procuraram vivenciar ao máximo suas
poéticas, trazendo para o próprio cotidiano
formas singulares de estar no mundo. Modos
de vestir-se e de comportar-se passaram a
fazer parte do dia a dia de vários pintores,
escritores e poetas. Baudelaire, Cézanne,
Artaud, entre tantos outros, passaram a
incorporar o material artístico para a própria
vida; procuravam fazer dela suas obras de
arte.
Paul Cezanne (1839-1906), “As Banhistas”-óleo sobre tela, 1874. The Metropolitan Museum of Art,
EUA.
A procura de padrões alternativos aos acadêmicos levou
vários artistas a pesquisar estéticas de povos não-
europeus, apesar de persistir a marginalidade destas
artes dentro da visão eurocêntrica, comumente
consideradas "artes primitivas”.
Pierre Janet
William James Eugen Bleuler Schiller
Sabina Spielrein
Goethe
Carl Gustav
Carus
Kant
Freud
Nietzsche
Schopenhauer
Otto Gross Wundt
O problema da equação pessoal
( DELEUZE, 1988).
Vários estudiosos, entre os séculos XVIII e XIX, debruçaram-se
sobre os sonhos; entre eles, segundo um manuscrito não datado
de Jung:
“Eu estava numa casa desconhecida, de dois andares. Era a ‘minha’ casa. Estava
no segundo andar onde havia uma espécie de sala de estar, com belos móveis
em estilo rococó. As paredes eram ornadas de quadros valiosos. Surpreso de
que a casa fosse minha, pensava: ‘nada mau!’ De repente, lembrei-me de que
ainda não sabia qual era o aspecto do andar inferior. Desci a escada e cheguei
ao andar térreo. Ali, tudo era mais antigo. Essa parte da casa datava do século
XV ou XVI. A instalação era medieval e o ladrilho vermelho. Tudo estava
mergulhado na penumbra. Eu passava pelos quartos, dizendo: ‘quero explorar a
casa inteira!’. Cheguei diante de uma porta pesada e a abri. Deparei com uma
escada de pedra que conduzia à adega. Descendo-a, cheguei a uma sala muito
antiga, cujo teto era em abóbada. Examinando as paredes descobri que entre as
pedras comuns de que eram feitas, havia camadas de tijolo e pedaços de tijolo
na argamassa. Reconheci que essas paredes datavam da época romana.
Examinei também o piso recoberto de lajes. Numa delas descobri uma argola.
Puxei-a. A laje deslocou-se e sob ela vi outra escada de degraus estreitos de
pedra, que desci, chegando enfim a uma gruta baixa e rochosa. Na poeira
espessa que recobria o solo havia ossadas, restos de vasos, e vestígios de uma
civilização primitiva”.
Jung não ficou satisfeito com a interpretação dada por
Freud ao seu conteúdo onírico e a partir daí foi cada vez
mais se afastando das concepções psicanalíticas até que,
em 1913, ele e Freud romperam definitivamente.
A sensação;
O pensamento;
O sentimento;
A intuição.
Esquema da Psique proposta por Jung em 1935:
(Fundamentos da Psicologia analítica- p.39)
“O homem desenvolveu vagarosa e laboriosamente a sua
consciência, num processo que levou um tempo
infindável, até alcançar o estado civilizado
(arbitrariamente datado de quando se inventou a escrita,
mais ou menos no ano 4000 A.C.). E esta evolução está
longe da conclusão, pois grandes áreas da mente humana
ainda estão mergulhadas em trevas. O que chamamos
psique não pode, de modo algum, ser identificado com a
nossa consciência e seu conteúdo”.
JUNG, O Homem e seus Símbolos, p.23.
3.2 O Inconsciente
“ O inconsciente, com efeito, não é isto ou
aquilo, mas o desconhecimento do que nos
afeta imediatamente”. Ele nos aparece como
de natureza psíquica, mas sobre sua
verdadeira natureza sabemos tão pouco −
ou, em linguagem otimista, tanto quanto
sabemos sobre a natureza da matéria”.
( JUNG, 2000, A Natureza da Psique, Prefácio).
3.3 Inconsciente Pessoal e
Inconsciente Coletivo
Podemos distinguir um inconsciente pessoal que engloba
todas as aquisições de existências pessoais: o esquecimento,
o reprimido, o subliminarmente percebido, pensado e
sentido.
SILVEIRA, Nise de. Jung: vida e obra. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.
CHEVALIER, J; GHEERBRANT. Dicionário de Símbolos: (mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores,
números). Tradução: Vera da Costa e Silva...[et al].8 .ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1994.
JUNG, Carl Gustav.Os arquétipos e o inconsciente coletivo / CG. Jung ; [tradução
Maria Luíza Appy, Dora Mariana R. Ferreira da Silva]. – Petrópolis : Editora Vozes, 2000.
________________. A Energia Psíquica. / CG. Jung ; V.VIII/1–[tradução de Pe. Dom Mateus Ramalho Rocha].
Petrópolis : Editora Vozes, 2002.
________________. A Natureza da psique/ CG. Jung ; Obras Completas - V.VIII/2[tradução de Pe. Dom Mateus
Ramalho Rocha]. – Petrópolis : Editora Vozes, 2000.
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_________________. Tipos Psicológicos. CG. Jung ; Obras Completas [tradução de . – Petrópolis : Editora
Vozes, 2009.
Referências
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e Freud (via Foucault). Estud. psicanal., Belo Horizonte , n. 35, p. 23-39, jul. 2011 . Disponível
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Manual de Cambridge para Estudos Junguianos / Organizado por Polly Young-Eisendrath e Terence
Dawson; trad. Daniel Bueno - Porto Alegre : Artmed Editora, 2002.
SOUZA, Felipe Luís Melo de. A Psicologia da Religião em Carl Gustav Jung: a equação pessoal.In:
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http://www.ufjf.br/sacrilegens/files/2011/02/8-8.pdf