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UNICATHEDRAL

CENTRO UNIVERSITÁRIO CATHEDRAL


CURSO DE DIREITO

ALESSANDRA SOARES DOS SANTOS

O TRABALHO ESCRAVO CONTEMPORÂNEO À LUZ DO


ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

Barra do Garças – MT
Abril – 2023
1

ALESSANDRA SOARES DOS SANTOS

O TRABALHO ESCRAVO CONTEMPORÂNEO À LUZ DO


ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

Artigo Científico elaborado sob a orientação


da Prof.ª. Ma. Thaís Assunção Nunes, para
obtenção do título de Bacharel em Direito, do
Centro Universitário Cathedral - UniCathedral.

Barra do Garças – MT
Abril – 2023
2

UNICATHEDRAL
CENTRO UNIVERSITÁRIO CATHEDRAL
CURSO DE DIREITO

A Banca Avaliadora, abaixo assinada________________________,


com a nota _____, o Artigo:

O TRABALHO ESCRAVO CONTEMPORÂNEO À LUZ DO


ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

ALESSANDRA SOARES DOS SANTOS

como requisito parcial para obtenção do grau


de Bacharel em Direito.

BANCA AVALIADORA

_______________________________________________
Prof. Ma. Thaís Assunção Nunes

______________________________________________
(Assinatura por extenso do Membro Convidado)

Barra do Garças – MT
Abril – 2023
3

O TRABALHO ESCRAVO CONTEMPORÂNEO À LUZ DO ORDENAMENTO


JURÍDICO BRASILEIRO

Alessandra Soares dos Santos1


Thaís Assunção Nunes2

RESUMO: Este estudo versa sobre o trabalho escravo contemporâneo à luz do ordenamento
jurídico brasileiro, visa compreender como os órgãos fiscalizadores poderão estar atuando
para erradicar o trabalho escravo contemporâneo no Brasil. Para tanto utilizou-se uma
pesquisa básica, com abordagem qualitativa; e procedimento técnico bibliográfico. Para
fundamentar este estudo foram essenciais a Constituição Federal de 1988, textos, artigos e
teses, além dos doutrinadores como Trevisam (2015), Delgado (2009), Figueireda (2004),
entre outros. Foi possível concluir que um dos maiores desafios dessas fiscalizações é
combater as violações dos princípios e direitos fundamentais no trabalho, entre os quais está o
enfrentamento ao trabalho escravo. Em que pese a quantidade de normativas que abrangem a
matéria e a histórica luta para abolição do trabalho escravo ou análogo a escravo, a situação
ainda é uma realidade no Brasil e merece a atenção devida com base numa fiscalização
atuante, criação e desenvolvimento de políticas públicas e punições rigorosas dos envolvidos,
tanto na esfera trabalhista fazendo uso de condenações monetárias (de natureza remuneratória
e indenizatória) e medidas de obrigação de fazer, quanto pela seara penal, por meio da
aplicação de pena pela prática de crime.

PALAVRAS-CHAVE: trabalho escravo contemporâneo; erradicação; direitos fundamentais.

1
Acadêmica do curso de Direito, do UniCathedral – Centro Universitário Cathedral. E-mail:
alessandra- ssd@hotmail.com
2
Mestre em Direito Constitucional Econômico pelo Centro Universitário Alves Faria-Unialfa.
Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Docente do Curso de Direito do
Unicathefral- Centro Universitário Cathedral. E-mail: thais.assuncao@unicathedral.edu.br
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1 INTRODUÇÃO

Há 134 anos a escravatura foi abolida do Brasil. A Lei nº 3.353, de maio de 1888, foi
decretada e assinada pela princesa Isabel. Esta lei concedeu liberdade total aos escravos que
existiam no Brasil naquela época. Em decorrência disso, presumiu-se que o trabalho escravo
estava extinto, porém, em pleno século XXI ainda é possível encontrar trabalhadores em
condições análogas àquelas vividas no período colonial.
Neste ano no Brasil, uma média de 500 (quinhentos) trabalhadores foram resgatados
de condições de trabalho análogo ao de escravo. Embora haja prescrição jurídica da
escravidão, isso não foi suficiente para impedir a exploração do trabalho análogo ao de
escravo.
Embora o Brasil seja considerado um dos países mais avançados em esforços
governamentais e não governamentais para erradicação do trabalho análogo à escravidão,
ainda há uma grande quantidade de trabalhadores escravizados no país. Por isso, é
imprescindível discutir e dar visibilidade as condições de trabalho análogo à escravidão, para
que haja conscientização de que o trabalho decente é um direito fundamental inquestionável.
Nesse contexto, o artigo tem como tema o trabalho escravo contemporâneo à luz do
ordenamento jurídico brasileiro, com vistas a compreender o seguinte problema: como os
órgãos de fiscalização podem atuar para erradicar o trabalho escravo contemporâneo no
Brasil?
Diante disso, este trabalhou buscou compreender como os órgãos fiscalizadores
poderão estar atuando para erradicar o trabalho escravo contemporâneo no Brasil.
Para alcançar tal objetivo, entendeu-se necessário a utilização de uma pesquisa
básica, cuja finalidade será a de contribuir com informações a respeito das possíveis formas
de combate ao trabalho análogo à escravidão no Brasil nos dias atuais e, diante das
indagações acerca do assunto, a forma de abordagem foi a qualitativa, buscando expor os
fenômenos que contribuem para incidência dessa prática.
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Empregou-se uma pesquisa exploratória, posto que o intuito era a familiarização com
o tema proposto. Para tanto, foram analisados dados a partir de casos práticos julgados no
Brasil. A pesquisa bibliográfica foi fundamental para a realização deste artigo, e teve como
ponto de partida a consulta em obras relacionadas ao tema proposto, consulta à Constituição
Federal de 1988, textos, artigos, teses, além de doutrinas, jurisprudência e demais fontes
necessárias que contribuíram grandemente para o desenvolvimento do tema.
O método de abordagem foi o dedutivo, o qual partiu de análise de teorias e leis,
como a Constituição Federal e a Consolidação das Leis do Trabalho, para a ocorrência de
fenômenos particulares.
Por fim, como método de procedimento, o método monográfico foi o que melhor se
adequou, por se tratar de um estudo que tem um valor representativo para o meio social.
No campo doutrinário, foi fundamental o estudo de autores como Trevisam (2015),
Delgado (2009), Figueireda (2004), entre outros.
A princípio, foi necessário conhecer o histórico do trabalho escravo no Brasil, a fim
de compreender como surgiu e se desenvolveu essa prática no país. Foi necessário também
apresentar o conceito de trabalho escravo contemporâneo, bem como, relacionar o princípio
da dignidade da pessoa humana com o trabalho análogo à escravidão. Posteriormente,
analisou-se a atuação dos órgãos de fiscalização para erradicar o trabalho escravo no Brasil.
Nessa perspectiva, é sabido que essa questão é de suma importância, uma vez que o
cerne da temática não é só o direito à liberdade, mas também a dignidade da pessoa humana.

2 HISTÓRICO DO TRABALHO ESCRAVO NO BRASIL

O trabalho é um importante fator de desenvolvimento social e um meio para a


sociedade alcançar produção e lucratividade. Em outras palavras, é a “moeda de troca” que
as pessoas usam para adquirir capital, ou seja, moradia, vestuário, alimentação e outros,
assim como resultado do trabalho de progresso social, através da construção civilizatória e
inovação tecnológica.
Assim, de fato, tudo o que as pessoas usam hoje para viver surgiu ou envolveu o
trabalho de alguém, geralmente de um grande número de pessoas, em vários estágios
diferentes. A Consolidação das Leis do Trabalho, Decreto-Lei n° 5452, de 1° de maio de
1943, elenca em seu dispositivo uma série de direitos trabalhistas a serem respeitados, órgãos
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fiscalizadores, sanções e outros direitos, representando a seriedade com que o tema é tratado
no Brasil.
Porém, ao observarmos as práticas humanas ao longo da história podemos perceber
que a escravidão vem de longa data. Contudo, com o decorrer dos anos muitas coisas
mudaram. Conforme diz Elisaide Trevisam (2015), “é de grande dificuldade tentar precisar o
exato momento da história mundial quando se iniciou o regime escravocrata, uma vez que tal
prática é tão anciã quanto à própria humanidade.”
Na antiguidade povos como os assírios, egípcios, babilônios, hebreus, gregos e
romanos tinham a escravidão como prática. Em cada uma dessas regiões a escravidão tomou
contornos específicos e foi se transformando ao longo do tempo. Algumas das regiões como a
romana, a mão de obra escrava era utilizada em grande escala, enquanto em outras áreas isso
acontecia em menores proporções.
De forma geral, os escravos exerciam funções em campos, minas, cidades, comércio
e até mesmo no serviço militar. Alguns desfrutavam de regalias mínimas, como poder juntar
valores para comprar sua liberdade, mas como a maioria vivia sob condições extremamente
precárias, conseguir a liberdade era uma realidade distante. Grande parte dos escravos eram
prisioneiros de guerras ou indivíduos endividados que trabalhavam para pagar essas dívidas.
Já durante a idade moderna, no mesmo período que ocorreram as grandes
navegações, a escravidão ganhou contornos muito mais específicos. Nesse contexto, a
montagem do sistema colonial inserido na ideia mercantilista tornou a escravidão uma
atividade muito rentável. Com o novo panorama histórico a questão racial foi introduzida para
justificar a escravização de africanos. A partir daí a escravidão foi adotada em termos
continentais e milhões de escravos foram trazidos para as três américas. Estima-se que um
total de 12 milhões de escravos, dos quais 4 milhões vieram para o Brasil. Houve modelos de
trabalhos compulsórios como mita3 e a encomienda4 na américa espanhola através das quais
se explorava a mão de obra dos povos indígenas.
No caso da américa portuguesa, ou seja, no Brasil, a escravidão concentrava-se
também na mão de obra dos indígenas. A escravização dos indígenas aconteceu
principalmente na extração do pau-brasil e a partir do momento que a produção de açúcar se

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Os indígenas eram escalados através de um sorteio para trabalhar nas minas por um período de tempo,
como forma de trabalho compulsório.
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Era o direito dado ao colono espanhol de explorar o trabalho indígena nas minas, plantações e
fazendas. Em troca, o colono devia pagar tributos à metrópole espanhola e ensinar-lhes a religião
católica.
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tornou o principal produto econômico da colônia ocorreu a transição para utilização da mão
de obra escravo africano. Para explicar este processo, ocorreu uma redução demográfica
gigantesca por causa de doenças que dizimavam a população nativa, as fugas e principalmente
a rentabilidade do tráfico interatlântico de escravos africanos. Na costa africana, os traficantes
trocavam os escravos por produtos como fumo ou armas de fogo. Vale frisar que a escravidão
era uma instituição presente nas sociedades africanas, mas não tinham fins comerciais e
representavam dominação e poder do mais forte sobre o mais fraco, ou seja, era uma lógica
completamente diferente da estabelecida com o sistema colonial.
Os portugueses chegaram ao Brasil em 1500, neste período não só iniciaram a
colonização, mas também estabeleceram relações mercantis com os povos indígenas que aqui
viviam. Desse modo, no decorrer dos anos houve a expansão europeia na América e com isso
eles começaram a escravizar os nativos.
Porém, a tentativa de escravização dos índios não foi tão bem-sucedida quanto a
escravização dos negros.
De acordo com Elisaide Trevisam:

Os colonizadores portugueses principiaram a colonização utilizando-se da


mão de obra escrava dos índios para a exportação de madeiras e especiarias
para a Europa. Os motivos que levaram os portugueses a essa utilização de
servidão eram a contribuição de baixo custo, uma vez que o pagamento era
feito por objetos. Não contavam, porém, com o fato de que com o passar do
tempo os índios perderiam a disposição de continuar a realizar tais trabalhos
servis e, desse modo, os colonizadores viram-se obrigados a substituírem a
mão de obra. (TREVISAM, 2015. p. 89.)

Assim, como a escravização indígena não proporcionou o lucro esperado aos


lusitanos, essa prática prosseguiu por um certo período, mas de forma mais branda. Com isso
a escravização dos negros foi uma opção de mão de obra mais explorada que gerou grandes
lucros aos portugueses.
O trabalho compulsório já existia na África, principalmente como espólio de guerra,
mas a escravidão imposta pelos portugueses ao povo africano teve características e dimensões
únicas.
O comércio e a desumanização dos negros tiveram como consequência o sequestro
de milhões de pessoas que foram levadas para América em navios negreiros e vendidas para
colonos escravocratas. Além disso, os lucros que esse mercado conseguia eram gigantescos,
inclusive sendo fundamental para muitas relações comerciais internacionais, sobretudo, entre
o Brasil, Caribe, 13 colônias, África e Europa.
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A resistência foi imprescindível para que os escravos de alguma forma não se


sujeitassem a aceitar as condições que viviam. Foram diversas ferramentas estratégicas de
resistência, como as fugas, a formação de esconderijos, os conflitos com os escravistas, a
conquista da liberdade. Os esconderijos criados pelos escravos fugidos, tornaram-se essencial,
pois eram considerados núcleos de resistência, sendo que permitiam não só sentir-se liberto de
opressões dos colonos, mas também possibilitava de os negros retomarem as práticas de sua
cultura africana.
Diante das grandes dificuldades enfrentadas pelos cativos na Terra Nova, destaca-se
a idealização de outra resistência, qual seja, o abolicionismo. O movimento abolicionista foi
um marco para a conquista da liberdade, uma vez que, a contar do período de colonização,
muitos movimentos, que tinham como líderes os próprios negros, apoiavam a extinção da
instituição escravagista. No entanto, somente no século XIX esse assunto ganhou repercussão
nos meios oficiais e grande suporte da população.
No século XIX, já na contemporaneidade, iniciaram os debates em torno da
proibição do tráfico de escravos. Além da questão ideológica, muitos historiadores apontam
os elevados preços da mão de obra escrava como justificativa para o fim da exploração em um
período de crescente industrialização.
Em 1807 o tráfico de africanos foi considerado ilegal por ingleses e no mesmo ano
pelo governo dos Estados Unidos da América (EUA). No Brasil, a proibição ocorreu em 1850
com a Lei Eusébio de Queiros ao passo que a escravidão só foi extinta legalmente em 1888
com a Lei Áurea. Já no século XX, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH),
proclamada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1948, tornou a escravidão uma
prática ilegal no mundo todo. Conforme prevê o art. 4 ° da DUDH: “ninguém será mantido
em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as
suas formas.”
Considerando exclusivamente o que prevê a lei, não deveria existir mais escravos no
mundo contemporâneo, no entanto, estima-se que ainda há mais de 40 milhões de pessoas no
mundo vivendo em regime de escravidão, incluindo ¼ de crianças, mais da metade deles na
Ásia e no Pacífico.
O governo brasileiro recebeu pressão da Inglaterra pela abolição. Criou-se a Lei Bill
Aberdeen, em 1845, que impedia a circulação das embarcações que transportavam os negros
escravizados no Oceano Atlântico. Assim, nesse cenário, o sistema libertador ganhou grandes
proporções entre a humanidade, obtendo préstimo de políticos e cientistas renomados. Além
9

de tudo, a continuidade das fugas e das revoltas construíam um cenário de forte pressão sobre
o congresso e os escravocratas brasileiros, provocando um processo de abolição vagaroso.
Gradualmente, normas como a do Sexagenário, do Ventre Livre e a própria Lei
Áurea impetraram o fim do escravismo. Entretanto, anteriormente à Lei Áurea, diversos
escravos já se libertavam, em decorrência das compras de alforria por abolicionistas e pelas
próprias lutas.
Enfim, a escravidão no Brasil, seja de negros ou de nativos deixou sérios problemas
para o país. Pela forma como se enraizou na estrutura social e pela sua crueldade, indivíduos
sofrem com essas heranças até hoje, pois, legalmente a utilização de mão de obra escrava
chegou ao fim com a decretação da Lei Áurea, mas é possível notar, com os acontecimentos
midiáticos, que a escravização perdura até os dias atuais.

3 CONCEITO DE TRABALHO ESCRAVO CONTEMPORÂNEO

Consoante a redação do artigo 149 do Código Penal, conferida pela Lei n° 10.803, de
11 de dezembro de 2003, a definição de trabalho análogo à escravidão inclui o trabalho
forçado e as condições degradantes de trabalho. Além disso, o artigo estipula penalidades para
os indivíduos condenados pela prática de escravização e aliciamento de pessoas para trabalhos
forçados. Importante salientar que a ONU (Organização das Nações Unidas) e a OIT
(Organização Internacional do Trabalho) reconhecem o conceito de trabalho escravo disposto
no Código Penal Brasileiro.
Vejamos o artigo 149 do Código Penal:

Art. 149.Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer


submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando- o
a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua
locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à
violência[...]. Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível
em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm. Acesso
em 26 jan. 2023.

Apesar do legislador ter elencado uma série de possíveis situações em que o


exercício de labor venha a ferir a dignidade da pessoa humana, por certo que a norma penal
visa não apenas garantir a liberdade ao indivíduo, mas também proteger estes daqueles que
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utilizam de meios para reduzir um ser humano dotado de capacidade e discernimento à


condição análoga a de escravo, ferindo seus direitos fundamentais básicos.
Em 13 de maio de 1888, após três séculos de escravidão, foi editado o texto legal da
Lei Áurea, que declarou extinta a escravidão no país. Interessante notar que no documento
assinado pela Princesa Isabel já havia a preocupação com o cumprimento de tal legislação ao
prever em texto seguido aos artigos a seguinte recomendação: “Manda, portanto, a todas as
autoridades a quem o conhecimento e execução da referida lei pertencer que a cumpram e
façam cumprir e guardar tão inteiramente como n’ella se contém.”
Há alguns termos utilizados indistintamente pela sociedade, bem como pelos meios
de comunicação ou até mesmo pelos doutrinadores, para tratarem da situação humilhante a
qual vivem vários trabalhadores, principalmente na zona rural do Brasil, tais como: “trabalho
escravo”, “trabalho forçado”, “escravidão branca”, entre outros.
Ao ouvirmos algumas das expressões citadas acima é normal que venha à mente a
imagem do negro africano, acorrentado em senzalas, ou seja, a escravidão tradicional,
utilizada em larga escala no período colonial. No entanto, tal associação é totalmente errônea,
pelo fato de que essa forma de exploração humana é juridicamente proibida em todo o mundo,
há décadas.
Com o decorrer do tempo surgiram várias expressões para descrever a exploração
dos trabalhadores. Além dos termos mencionados anteriormente, outras nomenclaturas
passaram a ser utilizadas, como “escravidão contemporânea” e também “trabalho degradante
ou análogo à condição de escravo”.
O termo “escravidão contemporânea” é livremente empregado para caracterizar o
desrespeito aos direitos do trabalhador e à dignidade humana, pois apesar da “escravidão
antiga” não existir juridicamente desde abolição da escravatura, é possível constatar ainda
hoje a utilização de mão de obra escrava.
De antemão, podemos concluir que todas as expressões mencionadas são utilizadas
para descrever espécies de desrespeito aos direitos basilares dos trabalhadores, ainda que em
diferentes graus.
Portanto, tal escravidão perdura, porém com outros traços, dentre os quais podemos
destacar: o trabalhador não é mais parte integrante do patrimônio do patrão e a exploração não
ocorre mais em razão da cor ou da raça da pessoa, mas por questões de endividamento e
degradação social.
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4 O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E O TRABALHO


ANÁLOGO AO DE ESCRAVO

A Constituição Federal de 1988 estabeleceu o princípio da dignidade da pessoa


humana como valor fundamental com efeito irradiante para todos os ramos do direito.
Contudo, o trabalho análogo ao de escravo não viola apenas os princípios da
liberdade, legalidade e igualdade, mas sobretudo o princípio da dignidade da pessoa humana,
maior fundamento para a proibição de todas as formas de escravidão.
A legalidade da escravidão no Brasil terminou em 1888, porém continuou sendo
praticada de forma clandestina, porque até os dias de hoje pessoas são resgatadas em
condições semelhantes à de escravo.
A limitação da liberdade era uma das características da escravidão desde os períodos
colonial e o imperial, porque os trabalhadores estão associados a ele durante toda a vida. No
entanto, deve-se mencionar que o trabalho escravo não é caracterizado apenas por restrições à
liberdade dos trabalhadores, mas também pela falta de respeito pela sua dignidade e
integridade.
À luz do art. 149 do Código Penal, que abrange tanto o trabalho forçado como o
degradante, podemos vislumbrar que enquanto a primeira viola a liberdade e a dignidade, o
segundo afronta diretamente a dignidade da pessoa humana, não requerendo para sua
caracterização, também, a limitação ao direito de liberdade.
Há de se reconhecer que a característica primordial de trabalho análogo ao de
escravo atualmente é que a dignidade da pessoa humana é o principal bem jurídico lesado,
bem esse que repugna a redução do homem à condição análoga de escravo.
Para entender melhor como ocorre o trabalho escravo na contemporaneidade, de
acordo como ordenamento jurídico, contrapõe-se o relatório sobre uma operação de resgate
em Mato Grosso:

[..] no Mato Grosso, foram libertados 22 trabalhadores em situação de


escravidão na produção de arroz e soja. A ação foi motivada por
denúncias de condições degradantes e cerceamento de liberdade.
Algumas pessoas não eram pagas há meses, recebendo apenas comida
e alojamento – pequenas barracas de lona nas quais se amontoavam,
em redes, famílias inteiras. A água que utilizavam era imprópria e
servia ao mesmo tempo para consumo, banho e lavagem de roupa.
Inicialmente, 40 pessoas haviam sido contratadas para a empreitada
[...]. (SAKAMOTO, 2020, p. 12)
12

Percebe-se que o trabalho escravo contemporâneo vai além da violação do texto da


lei, na medida em que viola a dignidade da pessoa a quem está vinculado, não muito diferente
do período anterior a 1888. Ainda assim, no que se difere do que aconteceu quando a
escravidão era legalizada, nos tempos de hoje o trabalhador é enganado por uma falsa
promessa de que terá melhores condições de vida devido ao seu salário, que nas ofertas
costumam ser muito mais altas do que está acostumado a receber.
O trabalho escravo contemporâneo caracteriza-se por uma ou mais combinações de
violações. Algumas dessas violações estão relacionadas à perda de liberdade, que ocorre
quando a documentação do trabalhador é confiscada; dívidas abusivas e ilegais são impostas
pelo empregador; não pagamento de salários combinados e até mesmo ameaças; o trabalhador
é exposto a condições degradantes, sem acesso a água potável, alimentos de qualidade ou
atendimento médico, e também é colocado em situação de extrema vulnerabilidade; o trabalho
é exaustivo onde as jornadas de trabalho são extensas, sem direito a folgas e descansos,
ficando o trabalhador exausto e propenso a alto risco de acidentes no ambiente de trabalho; há
insegurança e risco à vida do trabalhador que pode sofrer punições severas pelo não
cumprimento de metas. Por isso é importante saber reconhecer sinais de trabalho análogo ao
escravo.
O trabalho decente promove dignidade para todos, mas, infelizmente, o trabalho
análogo ao escravo é uma prática frequente neste País, não sendo raros os relatos de resgates
de trabalhadores em condições análogas a de escravo. À vista disso, a relação entre
trabalhadores e empregadores há muito tempo é debatida na sociedade, e é cada vez mais
aprimorada à medida que os direitos essenciais dessa classe são reconhecidos, de forma a
limitar o poder do empregador sobre o empregado.
No Brasil, existem instituições democráticas específicas para proteger os direitos
trabalhistas, como Ministério do Trabalho, Emprego e Previdência, Ministério Público do
Trabalho, Justiça do Trabalho, Delegacias Superintendências Regionais do Trabalho, entre
outros.
A constituição Federal de 1988 prevê um amplo leque de direitos e garantias,
incorporando a expertise internacional ao ordenamento jurídico nacional. Estabeleceu-se um
arcabouço legal básico que, em tese, previa o combate ao trabalho escravo, o que podemos
depreender da leitura do art. 1°, III e IV; art.3º, III e IV e art. 5º, III e XIII, art. 6º, art. 7º e art.
193.
De acordo com os artigos 2° e 3° da CLT, que regulamenta os requisitos da relação
de trabalho no Brasil, verifica-se que, para se caracterizar uma relação de trabalho, do mesmo
13

modo existe obrigatoriamente o requisito da onerosidade. Aliás, a cobrança de salários,


exigida por lei, também é examinada pela leitura do art. 76 e seguintes c/c o art. 117 e
posteriores da CLT, inclusive quando há caso de hospedagem, o empregador não pode se
recusar de realizar o pagamento de uma parcela das atividades exercidas pelos empregados.
Nesse sentido, conclui-se que o princípio da dignidade humana é um requisito
fundamental a ser observado quando se trata da relação de trabalho, para que assim o
trabalhador possua um meio ambiente de trabalho saudável, tenha seus direitos preservados e
possa realizar suas atividades laborais de forma decente.

5 ATUAÇÃO DOS ÓRGÃOS DE FISCALIZAÇÃO PARA ERRADICAR O


TRABALHO ANÁLOGO AO DE ESCRAVO NO BRASIL

Apesar das disposições constitucionais e infraconstitucionais já mencionadas, em


1995 houve o reconhecimento oficial da existência de trabalho escravo no Brasil pelo governo
brasileiro perante a OIT.
Com isso, o governo brasileiro passou a tratar o assunto com mais relevância e a
partir daquele ano, ou seja, desde 1995, desenvolveu-se grupos de trabalho para entender e
combater o trabalho escravo, como por exemplo o Grupo Especial de Fiscalização Móvel
(GEFM).5
No Brasil há duas principais linhas de combate ao trabalho escravo, uma delas são as
ações de fiscalizações, que constatada a sujeição do trabalhador a condições análogas à de
escravo, há o resgate desta vítima, e a segunda linha é a implantação de políticas públicas cujo
intuito é impedir que o trabalhador entre ou retorne à situação de trabalho escravo
contemporâneo.
O resgate dos trabalhadores é o principal mecanismo utilizado pelas instituições
governamentais na luta contra o trabalho escravo contemporâneo. O Brasil tornou-se
referência mundial nessa temática graças às inúmeras fiscalizações realizadas, que resultaram
na retirada de muitos trabalhadores de condições análogas à escravidão.

5
Grupo Móvel é referência em termos de articulação interinstitucional por reunir diferentes instituições
com o propósito de fiscalizar conjuntamente denúncias de trabalho escravo. O grupo também tem por
pressuposto proceder à autuação de empregadores flagrados utilizando mão de obra escrava e prover,
na maior parte dos casos, uma reparação econômica imediata para os trabalhadores lesados, com a
recuperação das verbas rescisórias negadas durante a prestação dos serviços.
14

Por exemplo, no ano de 2020 o Tribunal Regional do Trabalho da Vigésima Terceira


Região (TRT 23) do Estado de Mato Grosso, sentenciou um caso que chegou a Justiça do
Trabalho por intermédio de Ação Civil Pública (ACP) proposta pelo Ministério Público do
Trabalho (MPT) baseado em investigação da Polícia Federal (PF). Esse caso em especial
chamou atenção, pois estava às vistas dos moradores de Sinop, cidade localizada ao norte do
estado de Mato Grosso, os trabalhadores resgatados da situação análoga a escravo estavam
comercializando panelas. O estado do Mato Grosso ocupa consistentemente lugar de
destaque no ranking recorde de trabalhadores resgatados da condição análoga à escravidão.
A notícia divulgada pelo site do TRT 23 descreve o modo como os trabalhadores
viviam:

[...] recrutados em pequenas cidades dos estados da Paraíba e do Ceará, com


promessa de emprego e bons salários, eles passaram a viver uma realidade
degradante de falta de condições básicas de higiene e pouca alimentação.
Outro elemento típico do trabalho escravo também estava presente: os
aliciados sofriam a servidão por dívida, pois o que era oferecido ficava
anotado para ser descontado do pagamento, inferior ao salário mínimo [...].
TRT 30 ANOS - TRABALHO ESCRAVO NA ZONA URBANA É A
DECISÃO HISTÓRICA DESTE MÊS. Disponível em:
https://portal.trt23.jus.br/portal/noticias/trt-30-anos-trabalho-escravo-na-
zona-urbana-e-decisao-historica-deste-mes. Acesso em 25 de abr. 2023.

O número de casos de trabalho escravo em áreas urbanas tem aumentado, como o


caso dos vendedores de panelas decidido pelo TRT 23. Da mesma forma, é cada vez mais
frequentes acontecimentos como este na indústria têxtil e no trabalho doméstico.
Foram resgatados no Brasil 60.251 trabalhadores após criação do GEFM em maio de
1995.
A criação de políticas públicas ainda é incipiente no país. A legislação que trata
desse assunto é escassa e ineficaz, e as iniciativas do poder público são fracas em seu alcance
e não abordam o assunto na medida que possui.
O ordenamento jurídico brasileiro rejeita firmemente a exploração do trabalho
escravo contemporâneo. Além de alguns dos mecanismos contidos na legislação nacional, o
Brasil é signatário de diversos acordos internacionais que não permitem a objetivação do
trabalhador.
A fiscalização do trabalho é fundamental para a realização do trabalho decente. Seu
papel é importante não só para garantir que a legislação trabalhista seja cumprida por todos os
empregadores e trabalhadores, mas também por levar ao conhecimento das autoridades falhas
na legislação brasileira. Uma vez que a comunidade internacional reconhece a importância da
15

fiscalização do trabalho, a OIT tornou prioridade a promoção da ratificação da Convenção n.


81, da qual o Brasil é signatário desde 1989.
O grande desafio dessas fiscalizações é combater as violações dos princípios e
direitos fundamentais no Trabalho, entre os quais está o enfrentamento ao trabalho escravo.
Nesse sentido, os principais instrumentos disponíveis voltados para a erradicação do trabalho
escravo no Brasil são o Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) e o cadastro de
empresas e pessoas autuadas por exploração de trabalho escravo (também conhecido como
“lista suja”).
O GEFM, é pioneiro no âmbito da fiscalização do trabalho. Desde sua criação em
1995, o grupo contribuiu para o resgate de mais de 56 mil pessoas nessa condição.
A inclusão do empregador na “lista suja” ocorre após decisão administrativa final
dos autos de infração lavrados em decorrência da fiscalização que resgatou trabalhadores em
condições análogas a de escravo.
Os trabalhadores resgatados devem ser encaminhados ao Sistema Nacional de
Emprego (SINE) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), para qualificação profissional
e recolocação no mercado de trabalho (art. 2°. -C, § 1°. da Lei n° 7.998/90). O objetivo desta
legislação é permitir que o trabalhador tenha subsídios para prestar serviços mais complexos e
não tenha que se submeter a aceitar condições de trabalho que caracterizam a escravidão
contemporânea.
O cadastro de empregadores flagrados submetendo trabalhadores ao trabalho escravo
contemporâneo é mecanismo relevante para o cumprimento dos direitos fundamentais, para
demonstrar as atividades realizadas para erradicar o trabalho escravo e para divulgar as
pessoas e empresas que se utilizam deste expediente que viola de forma inadmissível a
dignidade da pessoa humana.
O perfil dos trabalhadores resgatados demonstra que a erradicação do trabalho
escravo pressupõe não só a existência de uma atuação repressiva, mas, também, a necessidade
de enfrentamento do problema sob a perspectiva da prevenção e da assistência, para
eliminação (ou ao menos minoração) das vulnerabilidades desses trabalhadores.
Não obstante, diante dos estudos realizados, verifica-se que de acordo com o portal
de inspeção do trabalho, nos últimos 25 anos mais de 59 mil trabalhadores foram encontrados
em condições análogas à de escravo no Brasil.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Todavia, contados mais de 25 anos do reconhecimento oficial da existência de


trabalho escravo no Brasil perante a sociedade e a comunidade internacional, a erradicação de
sua prática ainda é um objetivo a ser alcançado.
Houve um significativo avanço quanto aos instrumentos legais que coíbem sua
ocorrência, sob a influência da carta magna de 1988, que é a proteção da dignidade da pessoa
humana, assim como em relação às ações de natureza repressiva, a partir da atuação das
instituições que compõem o GEFM e, ainda, outros instrumentos, como o cadastro de
empresas e pessoas autuadas por exploração de trabalho escravo.
A relação entre trabalhador e empregador é de longa data discutida na sociedade,
aperfeiçoando-se na medida em que foram sendo reconhecidos direitos essenciais para
referida classe, com vistas a limitar o poder do empregador sobre o empregado, trazendo
conceitos e garantias de dignidade, liberdade, salário, segurança e saúde, jornada laboral,
dentre outros. No que tange à tutela internacional, é tratado, normatizado e combatido pela
OIT, ONU e prevista no ODS 8 (Agenda 2030), representados pelas metas 8.7 e 8.8, como
objetivos do milênio a serem seguidos por todos os países signatários, dentre eles o Brasil.
O conceito de trabalho escravo ou de condição análoga à escravidão sofreu
modificações e atualizações, não se limitando tão somente ao trabalho forçado (privação da
liberdade) e sem o percebimento de salário, abarcando, também, o conceito de trabalho
decente, de modo que pode ser verificado também quando (a) houve intermediação de uma
pessoa física; (b) existe dívidas altas do empregado em face do empregador, que mesmo
insatisfeito não consegue encerrar o vínculo; (c) com jornada extenuante e condições ruins de
saúde e segurança do trabalho; e (d) com uma discrepância entre as condições fornecidas na
contratação e as realmente vivenciadas.
Quanto à tutela nacional a respeito do tema, ele tem relevância histórica em normas
de natureza constitucional e infraconstitucional, na seara trabalhista e penal, bem como é
fiscalizado por meio de órgãos públicos próprios, com aparato governamental para o
necessário combate. A tutela penal é realizada pelo art. 149 do CP, a qual auxilia no combate
ao trabalho escravo, demonstrando a importância do tema na legislação brasileira. Contudo,
pela principiologia utilizada pelo Direito Penal, existem tutelas mais efetivas e menos
custosas às autoridades públicas, como o compliance trabalhista e o confisco administrativo
da propriedade, além da adoção de políticas públicas para desestimular este tipo de prática e
fiscalização para preveni-la.
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Esse assunto é de extrema relevância para a sociedade brasileira, haja vista que é
considerado formalmente ilegal desde a promulgação da Lei Áurea, porém verifica-se que
isso ainda é uma realidade atual, o que decorre da leitura dos dados fornecidos pelos Grupos
Especiais de Fiscalização Móvel, os quais comprovam que ainda existe trabalho escravo ou
análogo à escravidão tanto para trabalhadores urbanos, quanto rurais, com um perfil do
trabalhador na média de 30 anos ou mais, branco, homem e migrante, em sua maioria.
Conclui-se, portanto, em que pese à quantidade de normativas que abrangem a
matéria e a histórica luta para abolição do trabalho escravo ou análogo a escravo, a situação
ainda é uma realidade no Brasil e merece a atenção devida através de uma fiscalização
atuante, criação e desenvolvimento de políticas públicas e punições rigorosas dos envolvidos,
tanto na esfera trabalhista fazendo uso de condenações monetárias (de natureza remuneratória
e indenizatória) e medidas de obrigação de fazer (ex: anotação da carteira de trabalho) quanto
pela seara penal, por meio da aplicação de pena pela prática de crime (art. 149, CP).

REFERÊNCIAS

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TRT 30 ANOS - TRABALHO ESCRAVO NA ZONA URBANA É A DECISÃO


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