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Dom Diego, o Penitente – pág.

Dom Diego, o Penitente


Amparo
- Julho de 2010 -

Personagens:

N Narrador Sr. Thales


DD Dom Diego Sr. Douglas V. B.
J José Sr. Armando
MI Mestre Isaac Cyrilus Sr. Reinaldo Sales
G Golem Sr. Roberto C.
Ab Monge Sr. Marcos Enoc
SI Servidor de Isaac Sr. Caio César
F Fidalgo Sr. Fãnner

001 - Entrada do Narrador - 2:02


N – Jovens! Eis que hoje contarei uma história que muito servirá de
exemplo para todos!
Se não tomamos cuidado, às vezes, vivemos como se Deus não
existisse, mas saibam: as coisas espirituais são o que há de mais
importante! Deus nos assiste em todos os momentos de nossa vida, e a
proteção de Nossa Senhora sempre nos acompanha!
A fim de que essa verdade fique gravada em nossas almas, contarei
para vocês a história dos sofrimentos e dificuldades de um grande cavaleiro
de Espanha: Dom Diego Lopes, senhor das terras de Biscaia.

002 - Dom Diego Lopes - 1:46


[Abre solenemente um grande livro sobre um púlpito]

N - Este nobre senhor, que era um rico e descendia de uma importante


família! Herdou de seu pai um poderoso castelo, inúmeras cabeças de gado
e muito ouro!
De sua piedosa mãe, herdou um tesouro ainda maior: a Fé Católica
Apostólica e Romana!
Feliz homem! — dirão vocês. Guardai, porém, suas palavras, pois os
passos dos homens nessa vida são incertos e inseguros.

003 - Vale de Lágrimas - 2:27


Seus pais morreram cedo, e Dom Diego Lopes viu-se rico e poderoso,
mas jovem e sem juízo!
Durante muitos e muitos anos viveu tranquilo e alegre entre festas e
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divertimentos. Tinha ouro e saúde, que mais lhe faltava? Contraiu algumas
dívidas, mas isso não tinha problema...
Não tinha problema, até que certo, durante o inverno, Dom Diego foi
verificar as últimas arcas de ouro que ainda restavam e encontrou-as vazias!
Ladrões!!! Bradou! Mas não havia ladrão algum... Se o ouro sumiu, foi
porque o próprio Dom Diego o havia gastado.
E isto, ele logo compreendeu!

[Entra Dom Diego Lopez, nervoso e deprimido]

004 - Azar e Pobreza - 1:28


N - Desde então, a sorte voltou-se contra Dom Diego e os desastres se
deram um após o outro. Como será que ele enfrentará a dificuldade?

DD - Ah... desgraça! Acabou-se o ouro! Bem que meu pai podia ter deixado mais! Ah!
Acabaram-se as festas! Há meses que não há mais bailes neste salão. Servos egoístas e
interesseiros! Foram-se todos embora, só porque eu não tinha mais dinheiro para pagá-los. Só
ficou o meu fiel José... (senta-se, levanta-se, pensa um pouco e grita:)
DD - José! José!
Jo - Sim, senhor!

005 - Calamidades - 1:20

DD - Meu bom José, você sabe que eu estou ficando pobre e endividado. Já tive que me
desfazer de quase todo os meus bois. E agora terei que vender mais uma parte... Quantos bois
ainda tenho?
Jo - (Sem jeito) Senhor... só haviam seis bois! Três, foram vendidos há 10 dias para pagar os
últimos pastores que se foram, os outros... morreram esta semana, de uma doença
desconhecida...
DD - Que lástima! Que lástima! Se pelos menos houvesse alguns camponeses, poderiam
talvez colher o trigo nas poucas terras que ainda me restam...
Jo - Senhor... no último verão a seca arruinou toda a plantação e... aliás, o senhor já vendeu as
últimas terras que o senhor possuía...
DD - E do dinheiro desta venda? Não sobrou nada?
Jo - Senhor, mal deu para pagar as dívidas...
DD - Sou um desgraçado... que mais me pode acontecer?! José, é bom você ficar sabendo... o
próprio castelo, praticamente já não é mais meu, tive que deixá-lo para os banqueiros de
Toledo, para assegurar de que eu pagarei as minhas dívidas!
[José fica espantado e com pena de D. Diego. Cai numa poltrona inteiramente
desanimado e derrama num copo um restinho de vinho que há numa garrafa.]

Cortar a Música

DD - José... não há mais vinho?!


Jo - Não senhor... os dois últimos barris de vinho, não sei como... viraram vinagre, tão azedo e
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tão malcheiroso, que nem os ratos quererão...


DD - Saia José, deixe-me só!
Jo - Talvez se o senhor fizesse uma novena a Nossa Senhora de...
DD – Cala-se!!!! O que eu preciso agora é de umas 50 moedas de ouro e não de rezas...vá
embora! Vá embora!

006 - Desespero - 1:37

N – Talvez, vocês digam: “É Deus que está castigando Dom Diego!” —


e vocês dizem isso com razão. Mas é porque vocês têm Fé, e a Fé havia
muito tempo que esse infeliz a perdera...

DD - (De costas para o crucifixo) - Que saída há para mim?!

N - Quando sobre um homem ruim, cai a desgraça, ele não tem a


quem recorrer, nem onde se apoiar...

DD - (Chuta a brasa da lareira) - Nem fogo tem mais na minha lareira... esta é a minha
história... eu sou agora menos que um pedaço de lenha queimada...

N - Então se deixa tomar pelo desânimo... e chega até mesmo ao


desespero!

DD - (Pega uma corda) - Que saída há para mim? (Olha para a corda, olha para uma trave no
teto, subentende-se que pensa no suicídio)

N - Quando o homem não espera em Deus, é capaz das maiores


loucuras...

DD - (Começa a fazer um nó de forca) - Há muito tempo que penso nisso...é a única fuga para
minha desgraça!!!
[Quando se prepara para jogar a corda por cima da trave, entra falando alto José]

Corta a Música
Jo - Senhor! Senhor! (assustado D. Diego esconde a corda) - Aqui fora há um homem que
quer falar com o senhor!
DD - Quem é?
Jo - Ele disse que se chama Isaac Cyrilus.
DD - Ah! É o velho mestre Isaac, o comerciante de pedras preciosas... Que azar! - será que
devo também a este homem também?! Não é possível... não o vejo desde menino... Bem,
vamos, faço-o entrar!
(José retira-se e faz mestre Isaac)

007 - Entra Mestre Isaac - 1:54


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MI - (Inclina-se numa reverência um tanto fingida, sem ser cômica) - Salve, nobre D. Diego,
senhor de Biscaia! Há muitos anos não lhe vejo, e senti que hoje lhe deveria fazer uma visita...
DD - (Entre indiferente e um pouco incomodado) - Boa noite, Mestre Isaac. Não sei o que
você quer de mim. Não o vejo desde que você vinha tratar com meu falecido pai...
MI - É verdade. Muitas vezes negociei com seu pai. Era um homem muito sério. Comprava
minhas pedras, mas nunca quis dar ouvido aos meus conselhos... Talvez você... senhor barão,
queira me ouvir agora...
DD - (Um pouco intrigado) Não sei bem o que você quer dizer... E na verdade... estou
precisando de outras coisas e não de conselhos!
MI - Eh, eh, eh... bem sei, bem sei nobre cavaleiro... você está tremendamente atormentado,
vítima de uma atroz situação da qual não saída; as suas antigas alegrias se foram, e tal é a sua
situação, que nem mesmo este grande castelo, a bem dizer, não pertence mais a você!
DD - (Surpreso e um tanto indignado) - Como você sabe disso?! É um segredo que só eu e os
banqueiros de Toledo conhecemos!

008 - Conheço muitas coisas - 1:22


MI- Ah... nobre senhor... sei muitas coisas. Vejo muito, conheço homens e cidades. Muito
aprendi de meu pai e também de meu avô. Conheço o Oriente e coisas que ninguém sabe.
Conheço a fraqueza dos poderosos, o caminho que leva aos reis, sei como o mendigo se torna
rico, e como o nobre cai na miséria... Converso com as sombras, ouço a voz da noite, sei
como viver muitos anos e como viajar sem se cansar. Se quiser posso acabar com a tristeza e
trazer de volta a alegria...
DD - Não sei bem o que você quer dizer com todas essas palavras, mas, se de fato, você pode
me ajudar, estou disposto a qualquer coisa! Mas em que consistiria a sua ajuda?
MI – Precisamos conversar a sós...

[Diego faz sinal para que saia José. - Mestre Isaac tira uma bolsinha do cinto e joga-a
sobre a mesa, de maneira que se espalham algumas moedas]

009 - Coisa de nada - 1:33


DD - (Põe avidamente as mãos sobre o dinheiro) – O que você quer de mim?!
MI - (Contente, mas simulando quase indiferença) - Coisa de nada, coisa de nada, apenas algo
que a sua mãe te deixou... Se você me conceder o que vou pedir, você terá não só isso, mas
seguro sustento por muito e muito tempo... Estarei à sua disposição, e juro, nada faltará!
DD - Ora, por que não daria algo que ainda me tenha restado?
MI- Você me dá, então, a sua palavra de que fará o que eu quero?
DD – Dou não só uma, mas mil palavras!

010 - Esqueças da Cruz - 1:50

MI- Pois bem... o que eu peço é... que você se esqueça do Sinal da Cruz! Prometa que nunca
mais há de te benzer! Você deve tirar esse velho símbolo do teu castelo (apontando para o
crucifixo), e ainda os outros que possam existir aqui. Então, você terá as suas mãos cheias de
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ouro... se andar como eu quero... Voltarei daqui a seis meses, para que você assine um
documento. Depois, você terá novas instruções... você será rico e poderoso... até o fim de sua
vida...

N- Dom Diego, no caminho do pecado, perdeu o caminho para o céu!


Não media o horror do que estava fazendo, e pensava consigo mesmo: “Que
me servem rezas e benzeduras? É pouco o que esse homem pede e muito o
que eu tenho a lucrar...”

DD - Seja assim. Está dito! Eu farei o que você me pede!

011 - Retira a Cruz - 1:21


[Pega o ouro, aperta a mão de Mestre Isaac, que sorri maliciosamente, em seguida retira
o crucifixo da parede e saem juntos.]

012 - Fortuna - 1:55


N - Desde então a fortuna voltou a sorrir a Dom Diego. Pagou suas
dívidas, mandou reformar e mobiliar o castelo.

[Aqui podem entrar 2 pajens com mobília e tecidos de decoração]

N - Mandou vir da França ricas vestimentas. Os mercadores o


bajulavam, gente perdida frequentava seu castelo. Na verdade, Dom Diego
estava mais rico do que antes. E, quando o ouro estava para acabar,
inesperadamente chegava um mensageiro de mestre Isaac com uma nova
bolsa de moedas.

[Entra um mensageiro e DD vai recebê-lo]

N - Só que desta vez, vinha junto uma carta que dizia o seguinte:

013 - Carta de Cyrillus - 2:09


“Caríssimo Dom Diego, escrevo está carta para ordenar difícil tarefa.
Mora próximo à aldeia de Bajanes um pequeno fidalgo que é muito meu
inimigo e me atrapalha muito nos meus trabalhos. Quero que vá lá, em noite
sem lua e o mates com uma punhalada no coração, pois vive sozinho e
ninguém saberá! Prove que você sabe retribuir o bem que eu tenho feito. Do
contrário, perderás tudo que o que você tem! Faça o que eu estou
mandando, e será recompensado.
De seu amigo,
Isaac Cyrillus.”

014 - Assassinato - 1:57


N - Dom Diego tomou-se de espanto. Mas a ideia de cair novamente na
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miséria pareceu-lhe um mal maior e com o espírito confuso e atormentado,


decidiu por fim pelo crime!

[Cena do assassinato]

N - E a voz de sua consciência, este imprudente homem, afogou em


suas bebedeiras!
Passaram-se assim os seis meses marcados pelo misterioso
personagem. E no dia fixado, por volta da meia noite, bate às portas do
castelo de Biscaia o próprio Mestre Isaac.

Jo - Meu senhor Dom Diego, está aqui novamente o mestre Isaac!


DD - (Um tanto nervoso) - Faça-o entrar logo!

015 - Entra Mestre Isaac - 1:23

MI- Salve, oh nobre barão (olhando em redor) vejo que o salão esta novo e bem decorado...
nada como levar uma vida boa e despreocupada... (mudando de tom e ficando sério) Dom
Diego, você sabe muito bem porque vim aqui hoje!

016 - O Pergaminho - 2:38

DD - (Inseguro e um pouco contra feito) - Sim, eu sei. Você quer que eu assine um
documento, cujo conteúdo eu não conheço.

N - O sinistro personagem tirou então de seu casaco um pergaminho


enrolado, e decidido o entregou a Dom Diego para que o lesse. Dom Diego
começa a ler... e subitamente, arregala os olhos... empalidece... o sangue
lhe gela nas veias... abre a boca sem conseguir articular palavra alguma...
Por meio daquele documento, ele, Dom Diego Lopes, senhor e barão
de Biscaia, em troca de numerosos bens terrenos, entregava a sua alma ao
demônio, que a viria buscar no prazo de sete anos!

DD - Não... não posso... não posso assinar... não queria chegar a isso... não... não me peça
isso... não!!!
MI - (Malicioso) - Se você assinar agora, você terá riquezas e poder como nunca sonhou, e
prazeres sem conta, como eu prometi, até o fim da vida (irônico)... daqui a sete anos. (sério e
ameaçador) Se você não assinar... você perderá tudo o que tem! Você vai se tornar um
miserável, um pobre desgraçado! E mais - amanhã mesmo, todos saberão de seu crime, do
assassinato que você cometeu! E além da desonra você acabará numa forca!!!

017 - Unido por um destino comum - 1:45


N - Dom Diego compreendeu então, o fundo do abismo para o qual
conduzia o caminho de delícias que havia tomado.
Sem ânimo para resistir... preso às correntes com as quais ele mesmo
se prendeu... por fim, assinou o documento.
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MI - Estamos agora unidos por um destino comum! (pega e guarda o pergaminho com
satisfação) - Nada mais temos a tratar. Você receberá o ouro que prometi. Até mais Dom
Diego! Até daqui a sete anos... Ha, ha, ha, ha!

018 - Vida Infeliz - 2:41


N - Desde então, uma vida diferente começou para Dom Diego: suas
riquezas e poderes aumentaram. Porém, seu coração se endureceu;
começou a perseguir os pobres e os senhores mais fracos; prejudicou
monges e religiosos; dava péssimos exemplos e entre os camponeses
passou a ser conhecido como “Dom Diego, o precito”, ou seja, o coindenado
ao Inferno.
E ele nunca mais conheceu a paz de alma...
Tinha horríveis pesadelos, pavor da escuridão; ao ouvir os uivos dos
lobos na floresta, acordava assustado, dando gritos horríveis.
Nas festas era o que menos comia. Proibiu que houvessem calendários
no castelo; e nas passagens de ano tinha acessos de fúria e de desespero.
Somente seu fiel servo José entendia o que se passava com seu
senhor. Em silêncio rezava o Rosário da Santíssima Virgem, e apesar de
tudo ainda esperava sua conversão.
E, desta trágica maneira, passaram-se sete anos... Quanto mais se
aproximava a tão temida data, mais se tornava carrancudo e atormentado o
senhor de Biscaia.

[Dom Diego entra em cena cabisbaixo, com o bigode embranquecido e acompanhado de


José que estará com bigode]

DD - (Afunda-se na poltrona, fica certo tempo em silêncio, depois diz:) - José, esta próximo o
fim de minha existência... daqui a sete dias termina o prazo fixado, eu sou um desgraçado...
não sei o que será de mim! (cobre o rosto com as mãos)
[Neste momento, toca ao longe um sino, repetidas e espaçadas vezes]

019 - Sinos - 0:57


DD - (Levanta o rosto, ouve um pouco o sino e pergunta:) - José, que sino é este que toca de
maneira tão bela? Pela alma de minha mãe... há quantos anos eu não ouço um sino!

020 - Uma pequena graça - 2:37


N - O fiel José pressente que talvez seja este o momento pelo qual há
anos ele esperava.

Jo - Senhor barão, no fundo do vale habita um santo monge, abade de um antigo mosteiro
cujos religiosos foram expulsos... pelo senhor... é... anos atrás... Ele porém se recusou a sair
dali, e desde então, vive nas ruínas do abandonado mosteiro, entre orações e penitências,
pedindo pela conversão dos... pecadores... Este sino que o senhor está escutando é,
certamente, ele que está tocando.
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021 - Chame o Abade - 2:02

N - No fundo de seu desespero, o infeliz Dom Diego, sente brilhar em


seu coração uma pequenina, mas promissora esperança.

DD - Chamai-o! Chamai-o! Preciso falar com este homem imediatamente!


Jo - (José sai correndo - momentos depois volta com o Santo Abade que entra devagar e com
solenidade - vale a pena ter um báculo, ou cajado comprido e na outra mão um crucifixo)

022 - O Santo Abade - 2:19


N - Mal vê o Santo abade, Dom Diego cai de joelhos, entre lágrimas e
e suspiros.

Ab - A paz de Deus esteja convosco, meu filho... Mas antes que você fale qualquer coisa,
quero que você faça um sinal, que sei que há muito tempo você esqueceu e abandonou (dá
uma grande bênção com o crucifixo) In nomime de Patris e Filii et...
DD - Meu Deus... há quantos anos não sinto o que estou sentindo agora!!! Santo Abade, sou
um grande pecador, um condenado ao Inferno, o último e mais infame dos homens... (chora)

023 - Confiança - 5:21


Ab - Filho, sei melhor do que você a sua situação, pois vejo a cor de tua alma, e vejo
claramente os horríveis laços que loucamente você estabeleceu com o demônio!!!
DD - (Chora alto) - Ah... não há mais salvação para mim!
Ab – Você se engana, meu filho! Não permitirei que você cometa um pecado pior do que
ofender a Deus, que é não confiar em Sua infinita misericórdia! A maldade dos homens é
muito grande, mas a bondade de Deus e de sua Santíssima Mãe, são insondáveis! São Pedro
apóstolo negou o Divino Mestre por três vezes, e foi por Ele perdoado porque se arrependeu!
E eu digo mais: se o próprio Judas - o traidor - se arrependesse e pedisse perdão, não estaria
no Inferno.
Em sua infinita bondade, Nosso Senhor Jesus Cristo deixou para nós um Sacramento para que
possamos nos reconciliar com Deus: é o Sacramento da Confissão! Através da Confissão
opera-se um milagre maior do que ressuscitar um morto, pois todos os crimes e pecados são
perdoados, mais do que isso, a graça de Deus volta a habitar em nossas almas!
Vejo pelas suas lágrimas de que você está arrependido! Você deve agora confessar os seus
pecados e depois fazer o que eu vou ordenar.
[Confissão]

024 - Conselhos - 2:13


DD - Por Deus, que alegria! Sinto a alma limpa... Mas oh, santo Abade, sinto ainda um grande
medo! Assinei um maldito documento e daqui alguns dias o demônio virá me buscar. O que é
que eu vou fazer?!?!
Ab- Dom Diego, lembre-se de que você é um cavaleiro e não mais uma criança medrosa! E é
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como um cavaleiro de Deus que você deverá enfrentar o poder das trevas! Eu deixarei com
você algumas coisas muito úteis e importantes:
Primeiro! esta relíquia de São Domingos! Que lutou inúmeras vezes contra o demônio e tinha
contra ele um terrível ódio!
Segundo! Vou te revestir com o manto protetor de Nossa Senhora, impondo em você o Santo
Escapulário de Nossa Senhora do Carmo, sinal certo de proteção e salvação!
Terceiro! Esta espada benta, forjada pelos antigos monges da Abadia de São Gabriel, com ela
enfrentarás o inimigo!
E ainda, vou dar para você um tesouro: o Santo Rosário! Ele foi entregue pela própria Mãe de
Deus a São Domingos em uma aparição! Ele é a maior arma contra os Infernos e a melhor
maneira de alcançar as graças para a salvação eterna!
Reafirmai a Fé que você abandonou rezando o “Creio em Deus Pai...”, mostrai dor pelos seus
pecados rezando o “Pai-nosso”, pedi um amor cheio de entusiasmo e confiança a Nossa
Senhora rezando a “Ave-Maria”, e peça forças para enfrentar a luta pronunciando as belas
palavras da “Salve-Rainha”!

025 - Recoloca a Cruz - 2:01

Ab - Recoloca o crucifixo na parede, receba a comunhão todas as manhãs e passa o dia


rezando o Rosário, isso até o prazo fatal! Depois, à noite, enfrentarás as forças do mal! Mas
eu te aviso: há certos poderes infernais, contra os quais você não poderá lutar sozinho! Confia,
pois, em Deus e em Nossa Senhora!
[Dá outra bênção, asperge a sala com água benta, e retira-se]

N - Assim passaram-se os dias, nos quais Dom Diego, transformado


pelo arrependimento e pela oração sentia crescer em si a força e a
confiança!
Porém, ele esteve muito tempo no mau caminho... conseguiria vencer a
terrível provação pela qual iria passar?
Eis que, por fim, chegou o dia fatal!

[Batem à porta, forte e espaçadamente três vezes — Dom Diego encontra-se rezando o
terço]

Jo - (assustado) - Senhor! É Mestre Isaac! Ele chegou!!!


DD – Que Jesus e Maria me protejam, pois grande provação agora, eu irei enfrentar! Faça-o
entrar, já terminei minhas orações!

026 - Salve Regina - 2:56


DD - Salvai-me Rainha, Mãe de Misericórdia, vida, doçura e esperança nossa, salvai-me!
Protegei-me nesta dura batalha que agora travarei contra as forças infernais! Sede Vós
Senhora, o meu Escudo e a minha Espada!

[Entra Mestre Isaac, acompanhado de Golem]


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027 - Entra Mestre Isaac - 2:46


MI - Salve, Dom Diego!
DD - Vejo que você vem acompanhado! (sério e seguro).
MI- É meu guarda costas. Chama-se Golem. É quase um filho, para mim... Mas, vejo que
você está calmo... é estranho... todos os homens, neste dia, normalmente estão apavorados!
Este castelo... está diferente! Sinto forças estranhas aqui!
[Dom Diego, com a mão que segura o terço, aponta para o crucifixo e diz:]

DD – Você está notando algo de diferente?!

028 - A Cruz - 1:12

MI - Ahhhhhhhhhh! Maldito! Traidor! Chamou o Crucificado para te ajudar! E ainda você


está... está com este... este... terço!!! Ah, mas você não escapará! Você, agora, irá saber porque
vim acompanhado por Golem! (Grunhido) Golem! (Grunhido) Cumpra a sua tarefa!
(Grunhido, apruma-se e levanta a espada)

029 - Golem - 2:34


[Golem puxa a espada e avança sobre Dom Diego - este puxa jaculatórias e enfrenta-o.
No fim da luta, o Golem está prestes a vencer, mas Dom Diego puxa com fervor
jaculatórias e mata o monstruoso Golem]

030 - Ira de Isaac - 1:22


MI - (espantado e cheio de ódio) - Como você conseguiu vencer o meu indestrutível Golem!
Golem, a quem eu fiz com as minhas próprias mãos, tirado das profundezas da terra?! Ah!
Jesus e Maria, deram para você forças sobre-humanas?! Ha, ha, ha, ha!!!! Vejo que a sua alma
está limpa, mas eu ainda não estou derrotado! Eu tenho forças que você não conhece!!!
DD - Maldito! Vá para o Inferno, junto de Satanás a quem você serve!

031 - Eu já morri – 2:01

[Salta sobre Mestre Isaac e crava-lhe no peito uma faca. O mesmo vacila, parecendo que
de fato vai morrer, mas se põe ereto novamente e solta uma pavorosa gargalhada]

032 - Forças infernais - 1:55


MI - Hahahaha! Você pensa que pode me matar?! Eu morri há muito tempo! O meu nome é
Isaac Cyrillus! Sou sustentado pelo príncipe das trevas! Ha, ha, ha, ha! (tira a faca do peito e
joga-a de lado com desprezo - Faz gestos cabalísticos e pronuncia palavras incompreensíveis -
deve assustar e não fazer rir - subentende-se que chama demônios).

N - E, para espanto de Dom Diego, de repente, mãos invisíveis


agarram a sua garganta e começam a estrangulá-lo.
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DD - (gesto de quem é estrangulado) - Socorro!


MI- Ha, ha, ha, ha... o desespero entrará em sua alma e você irá para o Inferno. Ha, ha, ha,
ha... não adianta rezar! Você é um pecador, Deus não te ouve, Deus te despreza! Desespera!
Ah, ah, ah... Desespera! Ah, ah, ah...

033 - Exorcismo - 0:55


[Subitamente, abre-se a porta com grande barulho e entra o Santo Abade com o
crucifixo na mão. Mestre Isaac dá um grito de pavor, fora ouve-se os sinos. O abade
ergue solenemente o crucifixo para Dom Diego, e este vê-se livre, em seguida avança
para mestre Isaac, crucifixo em punho, falando alto, solenemente e com santo ódio]

Ab - Pare, servidor do mal! Fuja, agora, do preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus
Cristo, que abriu as portas do Céu! Foge, eterno derrotado! Foge do Imaculado Coração de
Maria, que com seu puríssimo calcanhar, esmagou a tua cabeça cheia de orgulho! Foge,
escravo das trevas! Foge em nome de Jesus e de Maria e dos três arcanjos São Miguel, São
Gabriel e São Rafael!
[Mestre Isaac cai pela janela gritando, estoura uma bomba de pólvora e relampejam
luzes vermelhas em meio à fumaça]

034 - Vitória do Bem - 2:13

Ab - O demônio está expulso para sempre deste castelo! É necessário agora, cavaleiro,
completar a sua conversão! De hoje em diante, a sua vida será toda voltada para a maior
glória de Deus! De fato, você venderá tudo o que tem, e com uma parte do dinheiro, repararás
a todas as pessoas a quem fizestes o mal, sejam nobres ou plebeus, religiosos ou leigos. E com
a soma restante, armarás uma tropa, com a qual farás guerra aos inimigos da Igreja até o fim
do seus dias! Assim, estará resgatada a glória de Deus! E você também deve ser um grande
propagador da devoção do Santo Rosário!
[Dá uma bênção solene a Dom Diego e a José e retira-se. Dom Diego e José permanecem
ajoelhados]

DD - Meus amigos! Foi através da Confissão que obtive o perdão de meus pecados e foi
através do Santo Rosário que adquiri forças para perseverar na graça de Deus, no caminho do
bem, até o fim! Portanto, tenham confiança! E é por isso que sempre devemos pedir: Dai-nos,
ó Virgem pura: fé, pureza e bravura!

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