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CONSTELAÇÃO FAMILIAR NO SISTEMA JUDICIÁRIO

Kelly Paiva e Silva1

RESUMO

O presente artigo visa apresentar, de forma clara e concisa, a aplicação do método de


Constelações Familiares nas atividades judiciarias do país, como forma de auxiliar nas
soluções de conflitos. Mostrando as teorias utilizadas de base para a criação de Bert
Hellinger, como também seus conceitos e aplicações. Alguns outros dados que serão
apresentados são os embasamentos legais para a utilização da técnica no judiciário, o
surgimento das Constelações aplicadas pelo Juiz Sami Storch, resultando em onde podem ser
e estão sendo aplicados. Outro dado importante é a análise dos projetos em andamentos em
comarcas do país, não todas, mas quatro comarcas nas quais os projetos mostram elementos
qualitativos e quantitativos, podendo assim estabelecer um resultado mais preciso de suas
aplicações no âmbito judiciário. Podendo assim concluir se o método traz alguma vantagem
nas resoluções dos litígios.

Palavras-chave: Constelação Familiar. Bert Hellinger. Solução de conflitos.


Autocomposição. Interdisciplinaridade. Humanização no acesso a justiça.

Data de submissão:2 (OBRIGATÓRIO)


Data de Aprovação: (OBRIGATÓRIO)

1
Direito – Centro Universitário de Barra Mansa - Pós-Graduanda em Constelações Familiares e Sistêmicas.
E-mail: kelly.ps.paiva@gmail.com
1 INTRODUÇÃO

O presente artigo se dedica a estudar o fenômeno da constelação familiar aplicada ao


Sistema de Justiça, em especial no Judiciário, como forma de tratamento dos conflitos de
interesse judicializados.
Atualmente mais de dezesseis Tribunais de Justiça além do Tribunal do Distrito
Federal e Territórios utilizam a técnica, elevando a importância da pesquisa sobre o tema,
que ainda é escassa.
A metodologia utilizada neste estudo será de revisão com análise de pesquisa
bibliográfica, usando como fontes livros, artigos científicos, entre outros, que contêm não só
informação sobre o tema proposto, mas indicações de outras fontes de pesquisa.
Para uma melhor compreensão da constelação familiar no âmbito jurídico, o artigo
foi dividido em três capítulos, sendo o primeiro uma conceituação da técnica, onde será
abordado o surgimento da teoria, sua conceituação, as leis sistêmicas que regem as
Constelações e sua forma de aplicação. No capítulo seguinte, a identificação do marco legal
que confere embasamento jurídico para que a técnica seja utilizada e seu surgimento no
Judiciário, com seu precursor, o juiz Sami Storch. No terceiro e último capítulo são
apresentados métodos e resultados da constelação familiar aplicada nos tribunais brasileiros,
em quatro regiões do país.
Por fim, serão apresentadas as conclusões obtidas diante de toda a pesquisa realizada,
analisando os resultados obtidos da Constelação Familiar e considerando se a técnica pode
ser considerada uma forma adequada para tratamento de conflitos de interesse no Judiciário.

2 A CONSTELAÇÃO FAMILIAR

Antes de fazer uma relação entre o Judiciário brasileiro e a Constelação Familiar é


preciso conceituar e explicar a Constelação Familiar para que haja o entendimento de como
uma técnica terapêutica pode ajudar nas resoluções familiares, criminais e em outras áreas
do direito.
2.1 COMO SURGIU A TEORIA

A Constelação Familiar2 é um método terapêutico, criado pelo alemão Anton Suitbert


Hellinger, conhecido como Bert Hellinger, a partir da sistematização de várias técnicas
terapêuticas que conheceu ao longo de seu desenvolvimento profissional, como a Análise
Transacional3 do psiquiatra Eric Berne; o Psicodrama4 de Jacob Moreno; a Teoria do Grito
Primal5 de Arthur Janov, a Psicanálise6 de Sigmund Freud e; principalmente, as Esculturas
Familiares7 da assistente social Virginia Satir.

Hellinger, filósofo, teólogo e pedagogo, também foi influenciado pela experiência


que teve enquanto missionário por dezesseis anos na África do Sul, convivendo esse período
em meio a tribos zulus, onde observou comportamentos, costumes e rituais.

2.2 CONCEITO DA CONSTELAÇÃO FAMILIAR

Constelação Familiar é um método terapêutico que possibilita ao indivíduo encontrar


informações ocultas em seu sistema familiar e social e que o impede de se desenvolver com

2
Por uma imprecisão na tradução do idioma alemão para a língua inglesa. In: “O nome original do trabalho
desenvolvido por Hellinger, em alemão, é Familienaufstellung, que significa “colocação familiar”, no sentido
de “lugar”, “papel” da pessoa na família por uma representação espacial. O idioma alemão é caracterizado pela
precisão linguística ao aglutinar várias palavras para designar algo muito específico. Assim, na uma tradução
para o inglês, separado o termo “stellen” foi utilizada a expressão “constellate” decorrente da expressão
“representação espacial” daí advinda a intitulação “constelações familiares” na língua portuguesa. Assim, o
termo “constelação” nada tem a ver com astrologia, mas se refere ao lugar ocupado por um indivíduo no sistema
que integra, no âmbito da família, trabalho ou escola. (SOLARIS, 2018).
3
Criada em 1965 por Eric Berne, recebe esse nome porque advém da observação da relação entre ação e reação
dos comportamentos dos indivíduos, ou seja, a transação entre eles, e tem como objetivo maior analisar os
estados de ego demonstrados pelos indivíduos nos atos de comunicação interpessoal. (MOREIRA, online).
4
O Psicodrama é uma parte de uma construção muito mais ampla, criada por Jacob Levy Moreno, [...] Ciência
das leis sociais e das relações, a socionomia é caracterizada fundamentalmente por seu foco na intersecção do
mundo subjetivo, psicológico e do mundo objetivo, social, contextualizando o indivíduo em relação às suas
circunstâncias. Divide-se em três ramos: a Sociometria, a Sociodinâmica e a Sociatria, que guardam em comum
a ação dramática como recurso para facilitar a expressão da realidade implícita nas relações interpessoais ou
para a investigação e reflexão sobre determinado tema. (FEBRAP, online).
5
A teoria divide a dor do ser em duas partes que brigam entre si. Uma é o ser real, cheio de necessidades e dor
que está submersa, o outro é o ser irreal. Essa dor é o resultado de necessidades e sentimentos que não foram
atendidos no começo da existência do indivíduo. Essas necessidades não satisfeitas do começo criam o que
Janov chamava de Dor Primal. (JANOV, online).
6
A Psicanálise de Freud é um conjunto teórico que apoia um método de investigação clínico. Um método de
cura pela palavra. Razões históricas assinalaram que o método de investigação não pode ser pensado como um
campo isento, asséptico, pois a cura está atravessada pela questão da transferência. (SKOWRONSKY, online).
7
A Escultura Familiar é uma representação simbólica do sistema familiar. Esse instrumento foi considerado
como um meio eficaz vez que combina o cognitivo com o emocional através da experimentação, no qual os
familiares posicionam a si e aos membros da família da forma como os percebem participantes na teia relacional
familiar. (OLIVEIRA, 2015).
autonomia. Assim, o indivíduo observa seu mundo interno com objetividade, vendo a si
mesmo e sua dinâmica familiar representados por pessoas ali colocadas para esse fim
específico (BARBOSA, 2011) 8.
Bert diz que alguns padrões de comportamento de grupos familiares podem ser
replicados por gerações e na prática mostra que alguns de nossos problemas, doenças,
incompreensões e sentimentos podem estar ligados a outros familiares, que passaram por
adversidades semelhantes, mesmo que não tenhamos tido contato. Explicando assim que há
uma repetição de comportamentos das gerações, de forma inconsciente.
Hellinger diz que há sistemas familiares norteados pelas “ordens do amor” ou leis
sistêmicas, como ele as chamou: pertencimento, equilíbrio e hierarquia. São ordens naturais
que não guardam correspondência com as leis positivadas ou até com regras morais, mas que
são passadas e replicadas por gerações.

2.3 AS LEIS SISTÊMICAS CONHECIDAS COMO ORDENS DO AMOR

Pela lei do Pertencimento, alguns de nós temos a grande necessidade de pertencer a


um grupo. Então, ao nascerem, precisam se sentir parte de um todo, de um sistema Familiar,
que os acolha e os ofereça o afeto que precisam, para crescer, de forma harmônica. Esta
aceitação e acolhimento precisam acontecer independentemente de suas ações,
comportamentos e atitudes, devem ser aceitos, o que muitas vezes não acontece, gerando
assim os desequilíbrios, acarretados pelos comportamentos considerados incorretos, moral e
eticamente, como roubar, matar, fazendo com que aquele que cometeu tais falhas seja
afastado do convívio familiar, ou seja, excluído.
Mas quando isso ocorre, gera neste indivíduo o que o Bert chama de “Dor dos
Excluídos”, que vai ocasionar problemas para eles e seus sucessores, para as gerações futuras
da família, que podem ser diretamente afetados pela situação, sem conseguirem, de fato,
compreender o real motivo do problema que os impacta tanto.
A resolução do problema acontece quando o membro excluído é reintegrado à
convivência Familiar, uma vez que, com isso, as injustiças cometidas passam a ser
compensadas, não havendo a necessidade de ocorrerem repetições nos destinos dos próximos
Familiares que vierem. “Quando estão a serviço do vínculo, experimentamos a culpa como
exclusão e distância, e a inocência como conforto e proximidade.” (HELLINGER, 2009).

8
BARBOSA, Ruth. Dissociação de identidade e constelação sistêmica: um caminho para o entendimento da
complexidade humana. São Paulo: Conexão Sistêmica, 2011, p. 62-66.
Pela lei da Hierarquia, cada pessoa ocupa uma posição dentro do sistema familiar,
devendo esta ser reconhecida e valorizada pelos demais membros. Onde é fundamental e
necessário que se respeite aqueles que vieram primeiro, sendo ressaltada a importância de
manter o respeito àqueles que vieram antes de nós, honrando-os e aceitando a hierarquia de
nossos antepassados, para que assim o equilíbrio da segunda ordem seja plenamente mantido.
Mesmo que este não tenha sido conhecido deve se ter gratidão, pois fez fluir a vida. “Quando
estão a serviço da ordem, vivemos a culpa como transgressão e medo de punição, e a
inocência, como retidão e lealdade.” (HELLINGER, 2009). Bert Hellinger explica que isso
se dá por que:

O ser é definido pelo tempo e, através dele, recebe seu posicionamento. O ser é estruturado
pelo tempo. Quem entrou primeiro num sistema tem precedência sobre quem entrou depois.
Da mesma forma, aquilo que existiu primeiro num sistema tem precedência sobre o que veio
depois. Por essa razão, o primogênito tem precedência sobre o segundo filho e a relação
conjugal tem precedência sobre a relação de paternidade ou maternidade. Isso vale dentro de
um sistema Familiar. (HELLINGER, 2004, p. 36-37).

Pela lei do Equilíbrio é fundamental que haja um equilíbrio entre o dar e receber. Isso
quer dizer que é necessário que todos os membros da família doem e recebam afeto de
maneira igualitária, para que assim as relações se mantenham permanentemente equilibradas.
“Quando estão a serviço do equilíbrio entre dar e tomar, vivenciamos a culpa como
obrigação, e a inocência como liberdade ou reivindicação.” (HELLINGER; BERT, 2009).
O Autor chama de herança afetiva a transmissão de gerações de conflitos emocionais
ou psíquicos, traumas de outros entes como suicídio, mortes precoces, tragédias, depressões
que podem ser passados geneticamente e afetar de forma inconsciente seus Familiares
futuros, trazendo assim possíveis repetições que são chamados de emaranhados familiares,
onde se explica que:

Alguém na família retoma e revive inconscientemente o destino de um Familiar que viveu


antes dele. [...] existe uma consciência de grupo que influencia todos os membros do sistema
Familiar. A este pertencem os filhos, os pais, os avós, os irmãos dos pais e aqueles que foram
substituídos por outras pessoas que se tornaram membros da família. [...] se qualquer um
desses membros do grupo foi tratado injustamente, existirá nesse grupo uma necessidade
irresistível de compensação. Isso significa que a injustiça que foi cometida em gerações
anteriores será representada e sofrida posteriormente por alguém da família para que a ordem
seja restaurada no grupo. É uma espécie de compulsão sistêmica de repetição. Mas essa forma
de repetição nunca coloca nada em ordem. (HELLINGER, 2004, p.13-14).
E estes emaranhados podem ser identificados pela técnica de Constelação Familiar,
analisando as possíveis causas e apontando possíveis soluções para os diversos problemas
encontrados não somente de antepassados, mas como também possíveis emaranhados criados
atualmente.
O objetivo da técnica é provocar a pessoa para que ela possa ampliar a compreensão
que tem de si e de seu espaço relacional familiar, mudando atitudes que possam lhe propiciar
bem-estar e harmonia familiar.

2.4 APLICAÇÕES DA CONSTELAÇÃO

A Constelação pode ser aplicada de várias formas, usualmente há duas formas que
são mais aplicadas, a forma individual ou em grupo, em ambas é utilizada representações
para que o constelador9 e o constelado10 possam visualizar a dinâmica oculta que ocasiona o
emaranhado11 familiar.
Em atendimentos individuais são utilizados bonecos12 para representar cada membro
da família enquanto pessoas representam esses membros familiares na modalidade em grupo.
A partir da condução e perguntas do constelador, os representantes externalizam emoções e
movimentos que sentem no dado momento.

Nos grupos de constelação o cliente não está somente exposto à sua própria dinâmica familiar,
mas também vivência, durante alguns dias, de modo intenso, como assistente e representante,
inúmeras dinâmicas familiares de outros participantes. Dessa forma tem, num curto espaço
de tempo, uma visão diferenciada de contextos sistêmicos e possíveis soluções. A ressonância
do grupo todo, as percepções corporais e as afirmações dos representantes podem dar
informações importantes quando o peso no sistema está bem distante no passado e não pode
ser acessado nem através de recordações nem de outro modo cognitivo. (FRANKE, 2006,
p.15).

As sessões individuais são adequadas para familiarizar o cliente com o método do pensamento
sistêmico e poder esclarecer outras perguntas após a constelação. Na prática, a decisão entre
o trabalho individual e o de grupo se baseia, na maioria das vezes, em circunstâncias externas
ou necessidades. A sessão individual é um bom caminho nos casos em que os clientes têm
muito medo de se expor a um grupo ou se não existirem grupos disponíveis por razões de
tempo ou de espaço. (FRANKE, 2006, p.15).

9
Profissional que aplica a técnica.
10
Pessoa atendida pela técnica.
11
Fato que possa estar gerando o desconforto ou conflito.
12
Há bonecos de diversos materiais utilizados na constelação de bonecos. Madeira, acrílico, com ou sem
desenho, flexível, rígido ou Playmobil.
As informações do constelado podem ou não ser reveladas previamente, fica a
critério do mesmo, mas ciente que no decorrer da Constelação irão surgir, caso esteja
relacionado ao emaranhamento familiar.
Os representantes fazem movimentos involuntários13 como rir, chorar, ficam tristes
ou alegres de acordo com o que sentem no momento, e são abordados pelos consteladores
com perguntas do que sentem com determinadas ações ou comandos possibilitando a
exteriorização da problemática, podendo ser excluídos ou inseridos conforme seja necessário
para o autoconhecimento e entendimento do constelado.
Cada sessão de Constelação é um momento único, permitindo que a consciência sobre
o conflito (interno ou relacional) vivenciado seja ampliada e a pessoa motivada a ter outras
interpretações de seu mundo interno que possa levá-la a alcançar a solução do conflito.
Todavia, desde sua origem na década de 80, as constelações recebem algumas críticas,
reavivadas atualmente quando imersas no sistema Judiciário e no sistema de saúde brasileiro.
Como todo tema leva a discussões, não seria diferente com as constelações, que
recebem críticas, tais como essas: 1) Qual o conceito de família utilizado, já que Hellinger
fala costumeiramente em pai e mãe representados por homens e mulheres, mostrando assim
o trato de uma família tida como tradicional; 2) Como fazer para que a mulher em si não se
sinta culpada em casos onde esteja em situação de violência doméstica, já que o entendimento
dos conflitos passados entre gerações pode fazer com que a própria mulher tome o conflito
como de responsabilidade dela? 3) E o aborto, rechaçado por Hellinger, mas uma pauta da
mulher, pois gera consequências físicas e psicológicas no corpo da própria; 4) a visão
patriarcal da constelação, pois parte de um pátrio poder e de que o método foi feito por uma
pessoa que exerceu o ofício religioso por décadas.
Embora Hellinger tenha criado a constelação pensando no tratamento das relações
Familiares, ou seja, no campo terapêutico, na atualidade essa técnica vem sendo aprimorada
e utilizada de outras formas: para melhorar as relações interpessoais de grupos e colaborar
com a consensualidade nas resoluções de conflitos no Judiciário.

13
Considerados fenomenológicos, refere-se à fenomenologia, ao tratado, à análise ou à descrição comparativa
dos fenômenos, de tudo o que pode ser observado na natureza.
3 CONSTELAÇÃO FAMILIAR E O SISTEMA JUDICIÁRIO

Em nosso ordenamento jurídico, a família é a base da sociedade sendo protegida pelo


Estado, conforme artigo 226 da Constituição da República Federativa do Brasil, dispondo
ainda sobre a proteção ao planejamento familiar, este de forma livre entre o casal,
disciplinado em sede infraconstitucional pelo Art. 1565, § 2º do CC; a proteção ao
matrimônio, in dubio pro matrimônio, em sede infraconstitucional tem-se os deveres dos
cônjuges, dentre eles o respeito mútuo; a garantia de igualdade e proteção aos filhos, crianças
e idosos.
Cabe ressaltar que a proteção data a família, em todas as suas formas, é a
consequência lógica do princípio absoluto que constitui um dos fundamentos do Estado
Democrático de Direito inerente à República Federativa do Brasil, disposto no Art. 1º, inciso
III da CRFB, qual seja: a dignidade da pessoa humana, princípio que não pode ser afastado
na busca da concretização dos direitos garantidos constitucionalmente.
O sentido da palavra família contém vários significados na linguagem jurídica.
Podemos então conceituá-la com uma versão de Silvio de Salvo Venosa (VENOSA; 2003)
“a família em um conceito amplo é o conjunto de pessoas unidas por vínculo jurídico de
natureza Familiar. Em conceito restrito, família compreende somente o núcleo formado por
pais e filhos que vivem sob o pátrio poder”.
Mas família vai muito além de que qualquer conceito jurídico, famílias não são
somente números no Judiciário em brigas intermináveis de casos que vão parar em pilhas
enormes dos defensores públicos e advogados, que ficam esperando que seus conflitos sejam
resolvidos por um juiz togado14 que vai olhar o caso dentro das normas secas brasileiras.
O Direito de Família vai muito além, pois o mesmo é acompanhado de convívio, de
sentimentos, de amor, mesmo que este amor esteja passando por algum conflito, aonde a
Justiça pura não conseguirá julgar de forma justa para ambas as partes, pois o conceito de
Justiça é diferente para cada ser.
Pois sempre estamos em evolução e o conceito de família hoje pode ser representado
por esta colocação de Gustavo Tepedino onde mostra uma nova ordem ao sustentar que:

As relações de família, formais ou informais, indígenas ou exóticas, ontem como hoje, por
muito complexas que se apresentem, nutrem-se todas elas, de substancias triviais e
ilimitadamente disponíveis a quem delas queira tomar: afeto, perdão, solidariedade, paciência,
devotamento, transigência, enfim, tudo aquilo que, de um modo ou de outro, possa ser

14
Aquele que integra a magistratura por haver ingressado na respectiva carreira segundo os preceitos da lei.
reconduzido a arte e a virtude do viver em comum. A teoria e a prática das instituições de
família dependem, em última análise, de nossa competência de dar e receber amor.
(TEPEDINO, 1999, p. 64).

E como os conflitos de família podem ser enormes emaranhados descritos nas


constelações Familiares que vão parar no judiciário, podemos buscar leis que as amparem
nesse novo modelo de assistência.

3.1 EMBASAMENTO LEGAL

Baseado em normas que versam sobre a igualdade e dignidade da pessoa humana e


estímulos para outros métodos de solução, é que se viram possibilidades para que o Direito
fosse tratado de outra forma, em outra perspectiva, conforme o artigo 3º, § 3º do CPC:

A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos


deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do
Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial. (Brasil, 2015).

A resolução nº 125, de 29 de novembro de 2010, do Conselho Nacional de Justiça dá


respaldo à utilização da técnica de Constelação Familiar no Judiciário brasileiro quando
reconhece a necessidade de outros mecanismos para proporcionar tratamentos mais
adequados aos conflitos judicializados, que podem ajudar na solução dos conflitos de acordo
com suas necessidades e peculiaridades.
Assim, dada à necessidade de se pensar os conflitos judiciais num contexto mais
abrangente e de forma sistêmica, a utilização das constelações Familiares como suporte nos
métodos de solução de conflitos já existentes como a mediação e conciliação, passou a ser
uma prática forense nos CEJUSC’S (Centros Judiciários de Solução de Conflitos e
Cidadania), tendo como objetivo ajudar as partes a terem um melhor entendimento sobre a
relação conflituosa a partir de um olhar terapêutico e buscando a conscientização dos papeis
de cada um dos componentes do grupo Familiar, de modo a tentar resolver e evitar a formação
de novos conflitos.
No Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), a constelação familiar é
expressamente reconhecida como forma de tratamento de conflito, conforme Ato Normativo
14/2017, em seu artigo 2º:
Art. 2º. As Casas da Família oferecerão, no âmbito pré-processual e no processual, serviços
que visam identificar, diagnosticar, tratar e solucionar conflitos objetivos ou subjacentes ao
processo, por meio de práticas e saberes multidisciplinares, tais como as constelações
Familiares e os círculos de convivência, ampliando o modo de solução justa através de
métodos consensuais. (TJRJ, 2017).

A constelação familiar surge como nova técnica a ajudar as partes a terem uma nova
visão da problemática e a serem tratados de forma mais humana no Judiciário, pois são vistos
como pessoas em suas angústias e não apenas como uma parte dentro de um processo
numerado.

3.2 SURGIMENTO DA CONSTELAÇÃO NO JUDICIÁRIO BRASILEIRO

No Brasil, a constelação foi inserida no Judiciário em 2012 pelo Juiz de Direito Sami
Storch no Tribunal de Justiça da Bahia, na Comarca do Município de Castro Alves, que foi
pioneiro a utilizar as Constelações Sistêmicas na Justiça nacional. Ao aplicar a constelação
como forma de tratar o conflito, o referido intitula a prática como “Direito Sistêmico”, a
seguir:

Os conflitos entre grupos, pessoas ou internamente em cada indivíduo são provocados em


geral por causas mais profundas do que um mero desentendimento pontual, e os autos de um
processo judicial dificilmente refletem essa realidade complexa. Nesses casos, uma solução
simplista imposta por uma lei ou por uma sentença judicial pode até trazer algum alívio
momentâneo, uma trégua na relação conflituosa, mas às vezes não é capaz de solucionar
verdadeiramente a questão, de trazer paz às pessoas. O direito sistêmico se propõe a encontrar
a verdadeira solução. Essa solução não poderá ser nunca para apenas uma das partes. Ela
sempre precisará abranger todo o sistema envolvido no conflito, porque na esfera judicial – e
às vezes também fora dela – basta uma pessoa querer para que duas ou mais tenham que
brigar. Se uma das partes não está bem, todos os que com ela se relacionam poderão sofrer as
consequências disso. (STORCH, 2013).

Storch utilizava em suas audiências de conciliação alguns métodos que aprendeu no


curso de constelador que fazia, pedindo para que as partes fechassem os olhos e falassem
algumas frases de reconhecimento (como são tratadas na Constelação) para saber o que
sentiam no momento com aquele determinado conflito, mas ainda não tinha feito de fato uma
Constelação. Sua primeira Constelação em 2010 foi em um caso no qual ele achou que o
resultado não seria satisfatório, como menciona:

A primeira vez que utilizei a prática verdadeiramente foi durante a disputa pela guarda de uma
menina de quatro anos em 2010. Eu trabalhava em Palmeiras (a 450 km de Salvador). Mãe e
avó queriam a responsabilidade e trocavam acusações sérias. Percebi que o caso não poderia
ser solucionado apenas com uma decisão sobre a guarda da menina, já que qualquer que fosse
a decisão, permaneceria o drama e o sofrimento da menina, causado pela disputa entre mãe e
avó.
No dia da audiência, levei comigo um kit de bonecos, que utilizo para a prática da terapia de
constelações Familiares no atendimento individual – essa terapia também pode ser feita em
grupo, com outras pessoas representando membros da família do cliente. Quando eu chamei
a menina para ser ouvida, coloquei os bonecos em cima da mesa e pedi para que ela
posicionasse os brinquedos e montasse a história da família, mostrando que bonecos eram
cada membro da família. Perguntamos onde a menina se sentia melhor, o que acontecia
quando se aproximava da mãe ou da avó e outros personagens da família. E ela pôde expressar
que ela se sentia melhor com a mãe, ainda que apresentasse um carinho grande pela avó e que
ficasse bem com as duas.
Com a prática, a mãe, a avó e os advogados viram a verdade dos fatos naquela dinâmica.
Antes, um juiz tinha tirado a guarda da mãe, mas quando a menina se expressou pela
Constelação, isso foi bem aceito por todos porque ficou muito claro e isso colaborou para a
resolução do caso. (RIBEIRO, 2014).

Abaixo, a foto ilustrando como foi realizada a referida constelação.

Foto 1 – Sessão de Constelação com uso de bonecos

Fonte: RIBEIRO, 2014.

Na foto 1, do acervo pessoal do juiz Sami Storch, que foi disponibilizada on line pela
revista Época, conseguimos visualizar a cena de uma Constelação com bonecos, utilizados
com crianças e adolescentes. (RIBEIRO, 2014).
Após os resultados obtidos, o juiz elaborou um projeto no qual foi apresentado ao
Tribunal de Justiça da Bahia, na Comarca de Castro Alves. E em outubro de 2012, foi
promovida a primeira sessão de Constelação coletiva no qual o mesmo selecionou 60
processos com assuntos de divórcios, alimentos e guarda e convidou os envolvidos a
participar dessa sessão, começando os trabalhos com uma palestra sobre o método e uma
meditação, depois dando início ao processo de Constelação em si, como pode ser visto na
foto a seguir.

Foto 2 – Sessão de Constelação coletiva.

Fonte: (RIBEIRO, 2014).

Na foto 2, do acervo pessoal do juiz Sami Storch, também disponibilizada on line


pela revista Época, vemos a meditação durante uma vivência de constelações, no Fórum da
Comarca de Castro Alves (BA). Na ocasião, casais refletiam sobre o vínculo que os filhos
representam em suas vidas. (RIBEIRO, 2014).

Relata o Juiz Storch (JTTV, 2018) que houve várias sessões e que os resultados das
atividades com as famílias eram muito bonitos e que as mudanças eram visíveis. Tendo um
índice de conciliação de 100% dos casos quando ambas as partes estavam presentes e quando
apenas uma das partes participava, o índice de acordo chegava a 91%.

Desde então, o método das constelações familiares é utilizado para auxiliar as partes
a enfrentarem traumas ou conflitos que possam ter originado o processo judicial. Durante a
dinâmica, espera que seja identificada a fonte problemática ou conflituosa mediante os
movimentos e sentimentos dos representantes escolhidos, onde as partes podem observar o
fato de outro ângulo, ou pela visão de outro membro Familiar, podendo assim trazer o
entendimento entre as partes na conciliação.

Foto 3 – Sessão de Constelação no momento da representação das partes.

Fonte: (RIBEIRO, 2014).

Na foto 3, acervo pessoal do juiz Sami Storch, disponibilizada on line pela revista
Época, na Comarca de Amargosa (BA), vemos uma Constelação que mostra como a dinâmica
Familiar tornou o jovem vulnerável diante do tráfico de drogas. Na foto da constelação, o
representante do jovem se defronta com o representante do traficante e o Juiz Storch, na
ocasião, constelador, segura o microfone enquanto conduz a sessão. (RIBEIRO, 2014).
Devido aos resultados positivos encontrados em seu projeto inicial, houve a
possibilidade de implantar a prática em outras Comarcas da Bahia, e logo após se expandindo
para todo o país.
Em entrevista ao “O Justiça do Trabalho na TV”, o magistrado relata que o método
além das Varas de Família, foi incorporado nas Varas de Infância e Juventude e nas Varas
Criminais, obtendo também resultados positivos.
Storch ressalta que o método deve ser adaptado para cada área do Direito a ser
utilizado e compreender que os resultados serão diferentes e que o método utilizado não tira
a responsabilidade legal, pois na área criminal o indivíduo necessita dessa responsabilidade
para a sua própria integridade. O magistrado finaliza ao dizer que o método se trata de uma
ciência dos relacionamentos humanos e de tudo que diz respeito às atividades humanas.
(JTTV, 2018).

3.3 ONDE A CONSTELAÇÃO ESTÁ SENDO APLICADA NO JUDICIÁRIO


BRASILEIRO

Vimos que sua origem no Judiciário foi em Vara de Família e que os temas mais
comuns aplicados nas constelações sistêmicas são: dificuldade de relacionamento,
separações, mortes na família, tragédias, problemas financeiras, doenças, heranças, traumas
e vícios. (CNJ, 2018).
Hoje há uma abrangência maior, a constelação familiar é uma realidade em pelo
menos dezesseis Estados e o Distrito Federal. A intenção do Judiciário é esclarecer as partes
sobre o que gerou o conflito de forma que possam saber a origem do problema e tentar a
pacificação social antes do processo judicial ou da sentença, além disso, a inserção do
indivíduo com pessoa, com visibilidade na qual ele deixa de ser estatística nos processos e
passa a ser visto e ouvido, buscando a tentativa de um entendimento humanizado.
Como podemos ver na figura abaixo, atualmente os Estados coloridos de azul escuro
já utilizam a constelação em seus tribunais estaduais.

Figura 1 – Mapa do Brasil com marcação dos Estados que já utilizam o método de Constelação sistêmica.

Fonte: CNJ
Além das Varas de Família, as constelações estão sendo aplicadas em outros setores
do Direito. No âmbito Penal as constelações vêm sendo aplicadas nas Varas Criminais e
Varas da Infância e Juventude, em detrimento do conhecimento do comportamento delituoso,
para o entendimento da origem, quais motivos levaram essa pessoa ao crime. Muitas vezes
existem padrões de problemas Familiares que se repetem como ausência de um dos pais na
criação da criança, o uso exacerbado de álcool ou entorpecentes no seio Familiar, violência
domestica, falta de recursos, causas essas que podem afetar o convívio Familiar saudável e o
desenvolvimento das relações Familiares.
O Juiz Sami Storch narra que em sua vivencia ao trabalhar com jovens infratores, a
pratica da Constelação teve um resultado positivo, pois dos vinte e um jovens que
participaram das sessões, dezoito deles não voltaram a reincidir, tendo os pais relatado a
melhora, inclusive na convivência diária do adolescente, positivando assim o método
utilizado. (JTTV, 2018).
A utilização da constelação com presos na Casa do Albergado Irmão Uliano e no
Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico de Santa Catarina objetiva ajudar o
tratamento dos que apresentam problemas de relacionamento familiares, problemas com uso
de substâncias entorpecentes ilícitas ou praticantes de atos de violência, com intuito de
propiciar uma história diferente, para aqueles que estão no sistema prisional.
De acordo com Lippmann e Oldoni, responsáveis pelo projeto, todos os detentos que
passaram pelas sessões de Constelação não voltaram a reincidir na prática de delitos,
relatando ainda uma melhora nas relações familiares (OLDONI, LIPPMANN, 2019).
No Estado do Ceará, a juíza Maria das Graças Quental, titular da Vara de Execução
de Penas e Medidas Alternativas, em Fortaleza/CE, utiliza o programa Olhares e Fazeres
Sistêmicos no Judiciário, aonde vem utilizando o método para tratar réus primários com perfil
de baixa escolaridade, condições de pobreza e falta de estrutura Familiar. A magistrada conta
que as sessões de constelação ajudaram a levar alento ao jovem no entendimento de que há
uma pena a cumprir, ainda que ele se sinta injustiçado. (OTONI, 2018).
No Estado do Amapá há o projeto Constelação no Cárcere, conduzido pelo Núcleo
Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos do Tribunal de Justiça do
Amapá (Nupemec/TJAP). A técnica vem sendo utilizada com um grupo de detentas com
auxílio de agentes e educadores penitenciários.
De acordo com a instrutora, essa abordagem também auxilia o corpo técnico que faz
o trabalho de acompanhamento psicológico e de reeducação com as internas:
A Constelação faz um exercício na alma das pessoas e isso ajuda muito a equipe
multidisciplinar, pois vai encontrar uma pessoa com maior entendimento de si
mesma, com mais resiliência e mais paciência, enfatizou Sônia Ribeiro, instrutora
do Nupemec, quem acompanha cada passo do trabalho desenvolvido no Iapen
(Instituto de Administração Penitenciária do Amapá). (TJAP, 2018).

Agora no ramo do Direito do Consumidor, o projeto do Tribunal de Justiça do Distrito


Federal (TJDFT), que trabalha tanto na prevenção quanto no tratamento dos problemas dos
consumidores superendividados. No programa são levados em consideração três aspectos
relevantes dos endividados, que são o financeiro, o jurídico e o psicossocial.
O modelo de tratamento é um pouco diferenciado, pois realizam curso e oficinas sobre
educação financeira, com atendimento individual psicossocial, utilizando as sessões de
constelações como forma de entender o motivo do superendividamento, tentando levar o
consumidor a origem da desordem e prepara-lo para as audiências com os credores, fazendo
que ele saiba as suas possibilidades financeiras. (TJDFT, 2018).
Esses são alguns dos casos em que a constelação tem sido adotada e ainda pode ser
abordada em várias outras esferas.
Atualmente há na Câmara dos Deputados um Projeto de Lei – PL 9444/2017 que
dispõe sobre a inclusão da constelação como um instrumento de mediação entre particulares,
a fim de assistir à solução de controvérsias, apresentado pela Comissão de legislação
participativa no dia 20/12/2017, sua situação atual está como aguardando designação de
relator na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC). (CÂMARA DOS
DEPUTADOS. 2018).
De acordo com o texto do projeto de lei, podendo ainda haver modificações, são
estabelecidos os princípios que irão nortear as sessões de Constelação, garantindo a
gratuidade no acesso à constelação aos hipossuficientes, relacionando questões da atuação
dos consteladores e regulamentando a confidencialidade das partes envolvidas nas
constelações.
O projeto de lei pode ser considerado uma importante medida no sentido de positivar
e regulamentar a prática no âmbito jurídico de forma mais ampla.
4 METODOLOGIAS APLICADAS NO PAÍS

O objetivo desse capítulo é apresentar, de forma detalhada, projetos consolidados e


aplicados há anos nos Tribunais de Justiça e que mostram de forma quantitativa e qualitativa
os resultados encontrados e com a aplicação das constelações familiares no Judiciário.

4.1 COMARCA DA CAPITAL, NATAL – TJRN

Na cidade de Natal / RN, na 6ª Vara de Família da Comarca de Natal foram coletados


em mais de dois anos de experiência dados estatísticos revelando que os processos tratados
tradicionalmente geravam lides15 conexas, pois não era atingida a causa do conflito, somente
a consequência jurídica formal.
Pensando em mudar esta realidade de resultados, a Juíza Virginia de Fátima Marques
Bezerra, que é titular da 6ª Vara de Família, decidiu implementar abordagens ainda não
utilizadas no Rio Grande do Norte. Utilizando como base a Constelação Familiar e com apoio
na doutrina da Mediação Transformativa de Bush e Folger, desenvolveu os projetos
Metamorfose Gaia e Janus em abril de 2015, cujo objetivo principal é demover16 as partes
do espírito combativo e gerar um movimento psicológico de decisão para a resolução
definitiva do conflito.
O projeto Metamorfose Gaia foi destinado às mulheres, buscando mostrar que a
mulher pode ser independente, alguém capaz de gerar a vida, sem a dependência do homem,
apta para exercer sua pluralidade de papéis de maneira forte e independente. Para que a
mulher mude a visão que tem de si mesma se valorizando e fortalecendo suas tomadas de
decisões. (BEZERRA, 2017). Já o projeto Janus segue o mesmo sentido, mas voltado apenas
para homens.
A metodologia de trabalho aplicada nos projetos era utilizar uma sessão de
constelação dentre as atividades ofertadas nos projetos, na modalidade que utiliza bonecos
como representação dos agentes envolvidos. O resultado encontrado foi um grande êxito,
retratados pela magistrada em três aspectos:

Sob o prisma dos resultados, podemos dividir o impacto das Constelações


Familiares em 3 aspectos:
a) Harmonização das partes para a Audiência: Diagnóstico prévio das questões que
estavam obstaculizando as soluções e preparo das partes para a tomada de decisões;

15
Pleito judicial pelo qual uma das partes faz um pedido e a outra resiste; pendência, litígio.
16
Provocar (em algo ou alguém) a renúncia (de intento, ideia etc.).
b) Solução Definitiva dos Conflitos: Conhecimento do impacto da polarização
versus movimento de mudança, com redução do índice de reincidência para a
mesma lide e pedidos acessórios;
c) Cumprimento de Decisão Judicial: Significativa redução de descumprimento de
pagamento de pensão e direito de visitas, pela compreensão dos papéis Familiares,
das obrigações, da importância da referência materna e paterna para os filhos.
Unidade da relação Familiar e coerência em relação à prole. (BEZERRA, 2017).

E continua:

Quanto às estatísticas, as Constelações Familiares revelaram-se viáveis, seja como


fase preparatória das audiências, em ambiente de auditório, com seleção de um
caso e realização do psicodrama com participação da plateia, ou de forma mais
restritiva, individualmente para cada processo, com recursos de bonecos
denominados Playmobil, com assunção de posições pelas partes refletindo o
contexto Familiar, trabalhando as verbalizações e sentimentos.
Na 6ª Vara de Família de Natal as práticas foram objeto de pesquisa acadêmica,
onde em 50 (cinquenta) processos que tiveram a adoção das medidas alternativas,
20 (vinte) tiveram constelações Familiares. Foi elaborado um questionário para
esses processos, havendo resposta a 33 (trinta e três). 88% das partes e advogados
desconheciam a terapia das Constelações Familiares. Foi reconhecido pelas partes
e seus advogados que em 47% dos casos as constelações contribuíram de modo
eficaz na solução, e noutros 41% ajudou de algum modo a desfazer os
emaranhados.
Seja como audiência preparatória ou não, a dinâmica das Constelações Familiares
constitui uma semente para germinar e vai reverberar no campo do constelado.
(BEZERRA, 2017).

4.2 COMARCA DA CAPITAL, MACAPÁ – TJAP

Inicialmente o projeto de constelações na comarca de Macapá foi rejeitado pelo


tribunal pelo não conhecimento do método, mas em uma palestra de Constelação Familiar na
AMA-AP (Associação de Pais e Amigos dos Autistas do Amapá) feita pela consteladora Iná
Mendes a convite de Artilamar Quintas, o juiz titular da 1ª Vara de Família de Macapá
solicitou que fizesse uma palestra a seus servidores, estendendo o convite aos demais
servidores e magistrados das Varas de Família da Capital, profissionais do Serviço
Psicossocial e Membros do Ministério Público. (QUINTAS, 2017).

Logo, a técnica teve aderência no Judiciário. A primeira audiência com a utilização


das constelações teve a participação conjunta de Artilamar e Iná, num caso da vara de família
sobre reconhecimento e dissolução de união estável, guarda e alimentos, como explicado
abaixo:

Na audiência, foi adotada a técnica com o uso de bonecos representativos e nela, com a
autorização das partes, também estavam presentes juízes, promotores e servidores de outras
Comarcas do Estado do Amapá. O caso teve uma ampla repercussão na sociedade local,
despertou o interesse da mídia e, a partir do caso, foi que a Constelação Familiar passou a ser
conhecida em nosso Estado, despertando atenção de vários Órgãos Públicos e Privados,
profissionais das mais diversas áreas, principalmente de psicologia e demais pessoas
interessadas na temática. (QUINTAS, 2017).

Em 2016 o Tribunal de Justiça, na 3ª Vara de Família de Macapá, depois da


repercussão do resultado desse trabalho, decidiu inserir a constelação como um dos métodos
alternativos de resolução de conflitos, ao lado da Conciliação e Mediação, Justiça
Restaurativa — Círculos Restaurativos e as Oficinas de Parentalidade.
Além do Tribunal, o método passou a ser utilizado pela pelo órgão do Ministério
Público no Núcleo de Mediação, Conciliação, e Práticas Restaurativas. São serviços
ofertados:

O atendimento se inicia com uma entrevista dos envolvidos no conflito feita pela promotora
que avalia qual o serviço mais adequado para aquela demanda e assim encaminha o caso para
atendimento específico. Os serviços que, atualmente, vem sendo ofertados pelo Núcleo são
os seguintes:
i) mediação transformativa;
ii) círculos restaurativos;
iii) oficina da parentalidade e
iv) Constelação sistêmica Familiar, por mim coordenada. (QUINTAS, 2017).

A metodologia adotada na abordagem dos casos que são encaminhados se dá da


seguinte forma:

i) O atendimento sistêmico é realizado sem contato prévio com as pessoas envolvidas no


conflito e com apenas uma breve informação prévia do caso, ou seja, se a demanda envolve
conflito entre mãe e filha, entre pai e filho, droga, álcool, violência doméstica,
homossexualidade, abuso sexual, etc. Isso faz com que o atendimento se dê de forma dinâmica
e personalizada a cada atendido;
ii) Os atendimentos sistêmicos são realizados com Constelação individual com bonecos ou
sessão de Constelação Familiar vivencial, conforme o caso;
iii) Há possibilidades de convidar outros membros da família para participar do atendimento,
já que nem sempre é adequado estarem juntos no mesmo atendimento. Ademais, agindo
assim, evita-se o deslocamento desnecessário de pessoas até o Núcleo, sem desperdício de
tempo de cada um;
iv) Pela experiência nos atendimentos, decido pela Constelação individual com bonecos,
geralmente quando considero a abordagem suficiente para trazer à consciência do cliente o
emaranhado Familiar no qual está inserido. Assim, ele pode se organizar dentro de seu sistema
Familiar e se liberar para viver e construir sua própria história. Em todas as vezes que decidi
adotar essa metodologia, os resultados foram eficazes, pois as partes não mais voltaram ao
Núcleo por essa demanda;
v) Já em outros casos, entendo que o melhor para aquela demanda judicial, é, em princípio,
ainda, o atendimento individual com bonecos, e isso se dá pelo estado emocional e de
fragilidade que a pessoa chega até mim, pois já percorreu por todas as outras técnicas de
resolução do conflito, oferecida pelo Núcleo e, ainda assim, não alcançara o que pretendia;
vi) Porém, mesmo tendo a pessoa, nesse caso, sido atendida individualmente, vejo, ainda, a
necessidade de se marcar uma futura Constelação com Representantes, já com a pessoa mais
fortalecida emocionalmente, para assim, alcançarmos o objetivo proposto que é a resolução
do conflito/emaranhado daquele sistema Familiar, e com isso evitar o enfrentamento de um
longo e desgastante processo judicial;
vii) Entre a Constelação com bonecos e a Constelação com representantes, é observado um
espaço de 20 a 30 dias, para que, assim, essa Constelação reverbere, ou seja, para que as
emoções se assentem e a pessoa atendida reflita sobre as questões trabalhadas.
viii) Nos casos que iniciam, desde logo, pela Constelação com Representantes, o Núcleo
convida para a sessão de Constelação do caso concreto, tanto os técnicos que atuaram
anteriormente naquele caso utilizando as demais técnicas de resolução de conflito como a
mediação ou conciliação, os círculos restaurativos ou a oficina da parentalidade, bem como
os juízes e promotores titulares das Varas de onde o caso emanou. Em todos os casos em que
atuei adotando pessoas como Representantes, nenhum deles voltou para nova Constelação.
(QUINTAS, 2017).

O Juiz Carlos Fernando Silva Ramos, titular da 4° Vara de Família da Comarca de


Macapá, também passou a utilizar o método de constelações em suas audiências onde ele
destaca que:
A prática da Constelação Sistêmica é um método que permite observar as dinâmicas ocultas
das relações de forma breve e vivencial, revelando a dinâmica por trás do conflito,
possibilitando a real percepção do problema e identificando quais atitudes facilitam a
mudança e a harmonia Familiar e comunitária. (RAMOS, 2020).

No dia 22 de abril de 2020, foi feita uma teleconferência pelo aplicativo Zoom, com
a participação da mediadora Adhara Campos do Distrito Federal, do juiz Yulli Rotter, do
Tribunal de Justiça de Alagoas e presidido por Rose Militão do Instituto Militão, todos
profissionais que utilizam a técnica da constelação no Judiciário.

Durante a teleconferência, o juiz Carlos Fernando falou que seu método não chega
ser tão completo como o do Juiz Sami Storch e nem tão complexo como Bert Hellinger, que
ele utiliza frases da Constelação e presta atenção nas reações. Além disso, o mesmo relata
que os resultados são ótimos, que ainda não catalogou esses resultados, mas que a constelação
deve ser utilizada por todo o judiciário. (RAMOS, 2020).
4.3 DISTRITO FEDERAL – TJDFT

O projeto Constelar e Conciliar foi criado no Tribunal de Justiça do Distrito Federal


e Territórios (TJDFT), iniciado em 2015 através de pesquisa acadêmica de Adhara Campos
Vieira intitulada “A Constelação sistêmica como um instrumento de mediação para a
resolução de conflitos no Poder Judiciário.”, orientada pelo Ministro do STJ Dr. Nefi
Cordeiro e autorizado pelo juiz titular da Vara de Infância e Juventude Dr. Renato Scussel,
em uma unidade de acolhimento, o Lar São José.
Com intuito de ter uma oficina vivencial para a qual as partes dos processos são
convidadas, mas cuja participação é completamente voluntária. A técnica ajuda a identificar
conflitos escondidos por trás das demandas judiciais, por meio do esclarecimento de
percepções equivocadas das relações Familiares.

A metodologia utilizada (VIEIRA, 2018) da constelação Familiar é representada em


grupo de pessoas, aberta, comunitária e com participação livre. Na ocasião, explica-se todas
as fases do processo para que todos os participantes entendessem o que estava acontecendo
através do método.

A Vara da Infância e Juventude - VIJ iniciou a aplicação da constelação em 2015 e


as varas cível e criminal começaram no início de 2016. Foi nessa ampliação que o projeto
passou a ser denominado efetivamente como Constelar e Conciliar, explica:

Após essa experiência, outras unidades, como a Vara de Família de Taguatinga, aderiram ao
projeto e, no âmbito do TJDFT, já existem oito setores participantes: Vara Cível, de Família,
de Órfãos e Sucessões do Núcleo Bandeirante; Centro Judiciário de Solução de Conflitos e
de Cidadania de Taguatinga - CEJUSC Taguatinga; 1ª Vara Criminal de Brasília; 1º Juizado
de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Brasília; Vara de Execução de
Medidas Socioeducativas do Distrito Federal; Vara da Infância e da Juventude; Programa dos
Superendividados. (VIEIRA, 2018).

Os resultados são positivos e vêm se repetindo. Um dado mencionado por Adhara


Campos Vieira na teleconferência supracitada é:

Em acompanhamento a 100 processos que passaram pela constelação no Tribunal, tivemos


um índice de 86% de acordo e acompanhando estes mesmos processos por 1 (um) ano vimos
que apenas 5% desses processos há rejudialização, pois geralmente é relacionado com
processo de partilha, tendo um resultado satisfatório e que está para lançar no mês que vem
um novo livro baseado em seu mestrado e nos resultados dos projetos no Tribunal. (VIEIRA,
2020).
4.4 COMARCA DA CAPITAL, RIO DE JANEIRO – TJRJ

No Rio de Janeiro o projeto de constelação para autocomposição de conflitos foi


proposto pelo Juiz de Direito Dr. André Tredinnick, titular da 1ª Vara de Família de
Leopoldina e coordenador do CEJUSC em que funciona no fórum. Há cinco anos as
constelações são utilizadas continuamente no fórum da Leopoldina antes das sessões de
mediação, sendo convidadas as partes de processos judiciais ou demandas pré-processuais
que versem sobre responsabilidade parental, convivência familiar e alimentos. Em entrevista,
o juiz fala como funciona e desenvolvido pela Associação Práxis Sistêmica, de forma
resumida:
O método funciona como uma dinâmica vivencial. As pessoas trazem uma questão e o
constelador organiza essa dinâmica, fazer a vivência ocorrer. Por exemplo, se ele trabalhar
com o método de pessoas, vai colocar indivíduos representando a questão que o “cliente”
trouxe, a partir da vivência dele. Outro método representa a situação com bonecos. O criador
da técnica, o alemão Bert Hellinger, criou as duas fórmulas, uma com pessoas e outra com
bonecos. Temos usado as duas técnicas no fórum. Particularmente, prefiro a com pessoas,
pois penso que, nela, a vivência é mais intensa. Já os bonecos nós usamos mais em sessões
individuais ou com crianças. Às vezes, é mais fácil a criança falar alguma coisa por meio dos
bonecos. (TREDINNICK; 2017).

A preocupação do magistrado é garantir a laicidade do Estado, defendendo métodos


que levem a autocomposição e a democratização da justiça na prática da constelação:
O que se insere em tais “Programas”? Quais são as “outras áreas de conhecimento”? Em que
limites se desenvolvem essas ações? Entre eles, sem dúvida, podemos indicar técnicas
terapêuticas e psicoterapias experienciais breves, como novos saberes que compensariam de
algum modo o rigor formal (e anti-humano) do processo adversarial, para propiciar um
mínimo de comunicação eficaz entre o casal parental (e não outro fim) e permitir algum grau
de proteção aos supremos interesses da criança. Em caso de gravidade, é evidente, recomenda-
se a todo tempo o encaminhamento da família para a psicoterapia convencional, fora do
âmbito do Poder Judiciário. (TREDINNICK, 2019).

Do projeto, resultou o livro Conversando sobre Constelação Familiar na Justiça, no


qual foi escrito por profissionais de formações diferenciadas que participaram do projeto,
mostrando os resultados obtidos no fórum de Leopoldina.

A metodologia utilizada para aplicação da constelação no âmbito Judiciário foi


desenvolvida por Ruth Barbosa e apresentada no livro. A Constelação Familiar tem seu
primeiro passo quando as pessoas chegam ao fórum. Elas são atendidas independentes de
qualquer coisa, da mesma maneira e de forma igualitária, nesse momento elas estão sendo
vistas, assinam uma lista de presença e recebem crachá com seu nome (BARBOSA, 2019).
Nesse momento elas são pessoas e não mais números nos processos judiciários, e são
levadas ao local onde se realiza a constelação (foto 4).

Foto 4 – Auditório17 da Casa de Família no Fórum de Leopoldina – RJ

Fonte: própria autora, 2019.

Nos passos seguintes, alguns temas são apresentados de forma a esclarecer o que é
conflito, depois uma reflexão a respeito da vida, de estar vivo, do valor que ela tem, da
diferença entre amor e gratidão e a explicação da dinâmica dos pais, dinâmica vivencial de
agradecimento conduzida pelas facilitadoras da constelação em grupos menores de pessoas,
divididos para esse fim (BARBOSA, 2019).
Nesse momento há um agradecimento aos pais pelo fluxo da vida, independente de
gostar, de conhecer, simplesmente é mostrar a gratidão e reconhecer que recebeu a vida, e
que é bom viver, e que se não fossem exatamente eles, não existiria você, mas esse
agradecimento deve ser visto como gratidão, pois ter essa gratidão mostra o reconhecimento

17
Foto tirada na visita que fiz e participei da sessão do projeto constelação no judiciário que aconteceu no dia
04 de dezembro de 2019, do auditório na Casa da Família, no Fórum de Leopoldina – RJ, a disposição das
cadeiras é dessa forma para que todos possam se ver e interagir. Arquivo pessoal da autora.
por seu nascimento, embora possa ter sido cuidado por outras pessoas, esse fluxo de vida foi
passado adiante.
Com esse reconhecimento da vida como bem maior, muitos podem deixar de exigir
mudanças de atitudes de sua família de origem, pois muitas vezes repetimos os
comportamentos que não concordamos.
Durante a dinâmica vivencial (constelação), a pessoa pode se perceber única e que
independente das dificuldades, nasceu e constrói sua história, que a função dos pais é de
trazer a vida e mesmo que eles não tenham sido cuidados pelos seus genitores, eles podem
fazer diferente na construção de uma relação diferente com seus filhos.
Na maioria das dinâmicas, agradecer a vida recebida pelos pais gera alívio. E aqui
eles podem ver que muitas vezes agem da mesma forma que seus pais agiam e os filhos se
sentem da forma que eles se sentiam quando menores.

Foto 5 – Sessão de Constelação Familiar na Casa de Família no Fórum de Leopoldina – RJ

Fonte: (TV BRASIL, 2019).

Depois da dinâmica é feito um intervalo com um lanche para os participantes e, ao


final, uma constelação a demonstrar a dinâmica familiar e como fica a criança ou o
adolescente quando envolvidos em brigas de convivência familiar ou alimentos, por
exemplo.
A sessão de constelação é encerrada, sendo distribuídos os questionários de avaliação
para que os participantes possam avaliar a técnica e o profissional que conduziu a técnica, de
forma anônima, avaliação do Tribunal, criada pelo magistrado idealizador do projeto. A
equipe fica disponível para conversas, explicações e agendamentos em caso de
acompanhamento individual18. Na avaliação, constam as seguintes perguntas:

Sobre o Constelador (a):

a. O constelador explicou a Constelação Familiar de forma clara?


b. O constelador foi objetivo ao citar exemplos de como a Constelação Familiar atua na
solução dos conflitos?
c. O constelador deixou você à vontade?
d. O constelador explicou que a Constelação Familiar não possui caráter religioso ou
filosófico?

Sobre a Constelação Familiar:

a. Você se sentiu satisfeito em fazer parte da sessão de Constelação Familiar?


b. A Constelação Familiar faz sentido para você?
c. Você recomendaria a Constelação Familiar para seus amigos?
d. A Constelação Familiar apresentou-se como uma pratica que pode contribuir para a
solução do seu problema?

18
Pelo pouco tempo a concluir a pesquisa, não foi possível realizar uma pesquisa participante a partir da
experiência no local, com o projeto de constelação no TJRJ. De toda forma, compartilho o relatório de minha
visita ao projeto abaixo:
Depois da constelação, você sai do fórum como alguém, pois essa foi uma sensação na qual eu pude conhecer
e experimentar, pois a grande maioria da população vai ao fórum com receio, pois há ali autoridades, muitas
das vezes se sentem menores, por achar que não são importantes. E nesse momento posso relatar que nunca fui
tão bem tratada da forma que fui tratada no fórum de Leopoldina, não importando quem eu fosse, recebi sorrisos,
bom dia de todos que passavam por mim e o oferecimento de água, café, para sentar e ficar a vontade, mesmo
antes de me identificar como estudante de direito que estava ali para conhecer o método da aplicação das
constelações. Ao entrar na Casa da Família de Leopoldina me senti digna, me senti vista, e esse é um dos
principais motivos do projeto a humanização do tratamento no judiciário. Na minha visita no fórum de
Leopoldina que ocorreu no dia 04 de dezembro de 2019, às 14hs, onde pude conhecer a estrutura da Casa da
Família, as responsáveis envolvidas Juliana Lopes Ferreira, a Ruth Barbosa, Mariângela Polastri, dentre outros
consteladores participantes voluntários do projeto.
Foto 6 – Avaliação da Sessão de Constelação Familiar na Casa de Família no Fórum de Leopoldina – RJ

Fonte: TJRJ, 2020.


Sobre os resultados das avaliações, seguem os gráficos abaixo.

Figura 2 – Avaliação do Constelador da Constelação Familiar na Justiça. (Adaptado)

PERGUNTAS SOBRE O(A) CONSTELADOR(A)

86% 90% 89% 90%

12% 8% 8% 7%
1% 1% 2% 1% 2% 1% 2% 2%

A Constelação Familiar foi Objetivo ao citar exemplos de O constelador deixou você à A prática não possui caráter
explicada de forma clara. como a Constelação Familiar vontade. religioso ou filosófico.
atua na solução dos conflitos
familiares.
Concordo Parcialmente Discordo Não respondeu

Fonte: (FERREIRA, 2019).

O resultado se mostra bem positivo em relação ao gráfico apresentado, vemos 86%


dizendo que a constelação foi passada de forma clara, 90% disseram que foram objetivos,
89% se sentiram à vontade e 90% falaram que foi explicado que não há caráter religioso ou
filosófico.

Figura 3 – Avaliação da Constelação Familiar na Justiça. (Adaptado)

PERGUNTAS SOBRE A CONSTELAÇÃO FAMILIAR

84%
78% 77%
59%

26%
17% 16%
9% 5% 11%
4% 1% 5% 2% 2% 4%

senti-me muito satisfeito em A Constelação Familiar faz Eu recomendaria para meus É uma pratica efetiva para a
participar. sentido para mim. amigos. solução do meu problema.

Sim Parcialmente Não Não respondeu

Fonte: (FERREIRA, 2019).


Neste outro gráfico, os resultados também foram muito bons e positivos, podemos
ver que 78% sentiram-se satisfeitos em participar, 77% disseram que a Constelação Familiar
fez sentido pra eles, 84% recomendariam o método e 59% disseram ser efetivo para a solução
dos problemas, visto que esse questionário foi aplicado a todas as pessoas que participaram
do projeto piloto, sendo um número total de 382 pessoas. (FERREIRA, 2019).

Outro dado muito importante em relação ao projeto é que a ferramenta apresenta um


impacto positivo e diferenciado, pois a pesquisa levou em consideração todas as audiências
das pessoas que participaram do projeto, dos 300 processos que passaram pela técnica, 85%
resultaram em acordos celebrados entre as partes ao contrário dos 300 processos que
seguiram o rito comum, que resultaram em 66% de acordos (FERREIRA, 2019).

Além disso, no livro do projeto se encontram alguns depoimentos das pessoas que
participaram da constelação, partes das ações judiciais:

O projeto ajuda a resolver os problemas com muita firmeza e segurança.


(...)
Achei muito importante às questões abordadas, pois esclarece e dá a cada um a
oportunidade de pensar sobre a sua história.
(...)
Gostei de saber que precisamos separar os nossos problemas dos filhos. Por quê?
Isso tudo pode refletir neles, eles podem se perder nos nossos erros e seguir rumos
que venha lhe causar danos, devido os traumas que muitas vezes pode destruir um
futuro.
5 CONCLUSÃO

Podemos concluir que o método criado por Bert Hellinger direcionado a conflitos
familiares, se mostrou bem mais amplo do que aparentava ser, pois o mesmo pode ser
utilizado em várias áreas, em vários aspectos e com interdisciplinaridade. No decorrer da
pesquisa foi apresentada a técnica aplicada em várias áreas do direito como direito do
consumidor, direito penal e direito familiar.
No consumidor foi considerado positivo, pois ajuda a encontrar onde as pessoas estão
se endividando, em qual momento elas se deparam com os gastos por impulsos e os ajudam
a se preparar para o enfrentamento do problema nas audiências de conciliação com os
credores.
No penal, utilizado nas casas de albergados, penitenciarias e hospitais psiquiátricos
também tem encontrado resultados positivos, trabalhando com os motivos pelos quais
aquelas pessoas cometeram os delitos, e ajudam réus primários, jovens, homens e mulheres
a refletirem sobre suas vidas e que possam almejar caminhos diferentes pelos quais trilharam,
além de levarem para seus seios familiares à nova convivência modificando as desordens
pessoais e familiares.
Em Direito de família os resultados são fantásticos como podemos ver em alguns dos
projetos utilizados no país, todos eles tiveram resultados significantes, nos quais se
ultrapassam 80% de aceitação dos que aplicam e dos que participam, aqueles que são levados
a ter uma visão diferenciada do todo e de si mesmo.
Essa visão deixa-os mais capazes de decidir sobre suas vidas, auxiliando nos
conflitos, encontrando razões para fazerem acordos, sendo mais sensíveis, se
disponibilizando a ouvir a outra parte e saindo dali com experiências que podem modificar
em grande parte suas vidas, saem satisfeitos, com outra visão do Judiciário e muitas vezes
com sentimento de que foi feita a justiça.
Assim, podemos concluir que a constelação é um método que contribui no tratamento
de conflitos, tendo em vista que seus resultados provam sua eficácia, além de colaborar com
o Judiciário para o desafogamento dos processos, a otimização das conciliações e mediações,
a celeridade nos processos e o mais importante de todos, o tratamento mais humanitário.
As Constelações lidam com a profundidade dos conflitos, mostrando sentimentos
guardados, visões do problema no qual as partes não conseguiam enxergar, dando forma a
eles de terem mais clareza e consciência das questões que resistiam, e passam a ver a
importância do bem-estar dos envolvidos, tendo assim mais empatia para com os outros.
O método deva ser aplicado por pessoas que não sejam diretamente ligadas a
resolução da lide, preservando a neutralidade do condutor das constelações e a privacidade
dos temas abordados com as pessoas durante as dinâmicas.

A constelação utilizada no transcurso do processo judicial oportuniza a população um


acesso terapêutico atrelado a sua demanda, sendo a técnica utilizada como forma de auxiliar
as resoluções de conflitos, sendo impessoal, humano, gratuito e pacificado. Além de método
inovador, busca uma ascensão na qualidade na prestação dos serviços jurisdicionais do país.

REFERÊNCIAS

BANDEIRA, Regina. Juiz consegue 100% de acordos usando técnica alemã antes das
sessões de conciliação. Agência CNJ de Notícias, 17 de nov. de 2014. Disponível em:
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