Você está na página 1de 14

CAD.LAB.XEOL.

LAXE36(2011) Comparaçãoentreosjazigosdeourodotipo1

JAZIGOS DE OURO DO TIPO OROGÉNICO (OU MESOTERMAIS)

Lindgren (1933) definiu


originariamenteos jazigos de ouro se que, apesar de mais abundantes na
mesotermais como aque-les que se fáciesdexistosverdes,podiamocorrerdesdeafáci
formavam a 1- 4.5 km da superfí-cie esdaprenite-pumpeleite(sub-xistosver-
topográfica (pressão moderada) e a tem- des)atéàfáciesgranulítica,comdeposiçãoa150-
peraturas de 200-300ºC, tendo um 700ºC (para a maioria a 200 - 450ºC),
conjuntodecaracterísticasdeestilodeminerali apressõesde0.5-6kbar,aumaprofundidadeaté
zação,alteração e outras bem definidas.Mais 12 - 20 km (Fig. 1). Isto levou a proporuma
tar-dereconheceu- outra classificação para todos os jazi-gos de
sequeosjazigosdeourocomidênticascaracterís ouro mesotermais, quer do Arcaico(os mais
ticassepodiamformar em intervalos de abundantes) quer do Proterozóicoou
temperatura e Fanerozóico, que os divide em
deprofundidade(atécercade20km;Grovesetal epizonais(deposição a £ 6 km de
., 1998) bem mais latos, pelo que o profundidade; 150 -300°C),mesozonais(6-
termo“mesotermais” se tornava 12km;300-475°C)e hipozonais (>12 até cerca
impreciso(Bier- de 20 km;>475°C) [Gebre-Mariam et al.,
leinandCrowe,2000).Defacto,verificou- 1985; Grovesetal.,1998;Goldfarbetal.,2005].

Fig. 1. Profundidade de formação e ambiente estru-tural dos jazigos de ouro mesotermais (ou orogéni-cos),
formados nas margens de placas convergentes(deGrovesetal.,1998).
2Inverno CAD.LAB.XEOL.LAXE36(2011)

Outros termos anglo-saxónicos que


mundial (>100 t Au), os últimos
têmsido empregues para designar os jazigos
ocorrentesem mais de 20 das 75 províncias
deouromesotermaissão“greenstone-
metaloge-néticas mundiais que contêm
hosted”e“turbidite-
jazigos destetipo. Entre os jazigos gigantes
hosted(lode)golddeposits”,consoante o
podem citar-
predomínio dumas ou doutrasrochas
se,porordemdecrescentededimensão,desde
encaixantes, mas também “slate belt-
2000 até 280 t : Ashanti, Gana; Gol-den
hostedgolddeposits” e“gold-onlydepo-sits”,
Mile, Kalgoorlie, Austrália
entre outros. Recentemente, Groves etal.
Ocidental;Homestake, South Dakota,
(1998), inspirando-se em Bohlke
E.U.A.; McIn-tyre - Hollinger, Timmins,
(1982),propôs que os jazigos de ouro
Ontário, Cana-dá; Kolar, Índia; Kirkland
mesotermaispassassem a ter a designação,
Lake, Ontário,Canadá; Berezovsk, Rússia;
talvez menosconflituosa, de jazigos de ouro
Mother
do tipo oro-génico, dada a sua génese em
Lode,Califórnia,E.U.A.;MorroVelho,Minas
zonas de pla-casconvergentes.
Gerais, Brasil; Ballarat-Bendigo,
Victoria,Austrália;DomeMine,Ontário,Cana
1.1. Característicasgerais
dá;KerrAddison,Ontário,Canada;Alaska-
Juneau, Alasca, E.U.A. (Fig. 2;Goldfarb
Conteúdo metálico e distribuição mundial
etal., 2001, 2005; Groves et al., 2003). A
maio-ria dos jazigos de Au do tipo
Este tipo de jazigos ocupa o segundo lu-
orogénico têmteores entre 4 e 21 g/t Au,
gar na produção mundial de ouro, logo
com
atrásdos paleoplacers de ouro (que têm
predominân-ciade7-12g/tAu,especialmentee
>50% daprodução mundial). Só os jazigos
ntreosja-
de
zigosgigantes.Entreosúltimosasexcepçõessão
ouromesotermaisdoArcaicosãoresponsáveis
: Ballarat-Bendigo, 13 g/t Au;
porquase20%dessaproduçãomundial(Hagem
KirklandLake,KolareBulyanhulu(Tanzânia),
annandCassidy,2000).
14-15g/t Au; Mother Lode (Grass Valley –
Entre os jazigos mesotermais de
Neva-da City), 17 g/t Au; Campbell - Red
ouro,destacam-se os jazigos gigantes ( > 250
Lake(E.U:A.),21g/tAu(HagemannandCassid
to-neladas[t]deAu)eosjazigosdedimensão
y,2000;Goldfarbetal.,2005).Historicamenteo
s teores foram de 5 – 30 g/t Au (Groves
etal.,1998).
CAD.LAB.XEOL.LAXE36(2011) Comparaçãoentreosjazigosdeourodotipo3

Fig. 2. Distribuição geográficade alguns dosmaiores jazigos mesotermais deouro (de Hutchinson,1987).
4Inverno CAD.LAB.XEOL.LAXE36(2011)

Ambientegeotectónico
1993; Groves et al., 1998, 2003). Comple-
mentarmente,ambientesdevariaçãodomo-
Estesjazigosformam-
vimento das placas, tais como de
seaolongodemargensconvergentes,najunçãoa
mudançadevelocidaderelativadeplacasedeân
rco-fossa,duranteainstalaçãode terrenos
gulosde convergência das mesmas
acresci-dos do lado do mar em relação às
favorecem aformação deste tipo de jazigos
margenscratónicasantigasouaquandodacolis
(Goldfarb etal.,2001).
ãocontinente-continente(Fig.4;Hodgson,

Fig. 4.Diagrama esquemático do ambiente geotectónico de vários tipos de jazigos de ouro, incluindo os jazi-
gosdeouroorogénicoseosjazigosdeouroassociadosaintrusão(deGrovesetal.,2005).

Ambientegeológico-estrutural/Rochasen-
CAD.LAB.XEOL.LAXE36(2011) Comparaçãoentreosjazigosdeourodotipo5
caixantes vulcânicaou sedimentar, e fazem-no
geralmente
No Arcaico e em parte no naproximidade(ounointerior)dumstockintrusiv
Proterozóicoas associações litológicas o de rocha ácida porfirítica e dumnível pouco
enquadrando estetipo de jazigos são as espesso de rocha vulcaniclás-
próprias das cinturasde rochas verdes ticaácida.Ominérioencontra-
(“greenstone belts”) seaindageralmentenainterfaceverticaloulateral
noscratões,enosjazigosmaismodernossãoas- derochavulcânicaesedimentar,muitasvezes
sociaçõesparcialmentesemelhantes.Aquelas sublinhada por um alinhamento, fa-lha ou
são constituídas por pilhas de zona de cisalhamento regional (Fig.5B),
komatiitosnabase,basaltostoleíticos(queenca geralmente paralelo ou subparalelo
ixamos maiores jazigos deste tipo) e rochas àestratificaçãonosterrenosvulcânicosdo
vul-cânicas ácidas a topo. Lateralmente à Précâmbricoouàsmargensdosterrenos
pilhavulcânica ocorrem sucessões de acrescidos no Paleozóico, estando os jazi-gos
grauvaquese xistos, incluindo xistos deste tipo em zonas de falhas ou cisa-
carbonosos, grafi- lhamentos secundários (Hutchinson,
tososepiritosos,eaindaconglomeradospo- 1993;Hodgson, 1993; Goldfarb et al., 2005).
limícticos e formações ferríferas exalativas. Aestes acidentes estão também muitas
(Fig.5A;Hutchinson,1993). vezesassociados não só os stocks félsicos
acimareferidos, mas também diques de
lampró-firos (Hodgson, 1993; Groves et al.,
1995).Intrusõesmaisabundantesdegranitóidesp
odemtambémocorrernestasprovínciasauríferas,
como consequência dos proces-sos de colisão
– acreção nas margens con-vergentes
(Goldfarb et al., 2001; Groves etal.,2003).

Os jazigos deste tipo podem ocorrer


emqualquer posição das sequências
6Inverno CAD.LAB.XEOL.LAXE36(2011)

Fig.5.A)Distribuiçãodosjazigosdeouroorogénicoseoutrosem:(A)Pilha(meta)vulcano-sedimentares-
quemáticadascinturas derochasverdes (“greenstonebelts”)do Arcaico(deHutchinson, 1993).

Fig. 5. B) Distribuição dos jazigos de ouro orogénicos e outros em: (B) Subprovíncia de Abitibi da
provínciaSuperior do Canadá, mostrando a relação dos jazigos de ouro orogénicos (c/ círculos negros, ≥ 100
ton. ouro;c/círculosbrancos,<100 ton.ouro)comas grandeszonasdefalha (deHagemannandCassidy,2000).

Graumetamórfico
CAD.LAB.XEOL.LAXE36(2011) Comparaçãoentreosjazigosdeourodotipo7

Todosostiposderochasacimareferidossofr
eram invariavelmente o efeito do meta-
morfismo regional, estando estes jazigos fácies de xistos verdes)[Fig. 6A], mas po-
deAu do tipo orogénico na maioria dos dendo ocorrer em terrenos desde a fácies
casos(que incluem os de maiores dimensões) daprenite-pumpeleite (ex.: Wiluna, no
asso- cratãode Yilgarn, Austrália Ocidental) até à
ciadosaterrenosnafáciesdexistosverdesefácie fá-
sanfibolíticasuperior(transiçãoparaa ciesgranulítica(ex.:GriffinsFind,AustráliaOc
A) idental) [Gebre-Mariam et al., 1995; Ha-
gemann and Cassidy, 2000; Goldfarb et
al.,2001, 2005; Groves et al., 2003;Gauthier
et
al.,2007].

Fig. 6. A) Reconstrução esquemática dum hipotético sistema hidrotermal contínuo, em diferentes níveis
(erespectivas fácies metamórficas) da crusta, estendendo-se até 25 km de profundidade, mostrando: (A)
fluidospotenciais e origem (setas) dos fluidos mineralizadores dos jazigos de ouro orogénicos (de Groves,
1993). B)estilostectónicosedosfilõesdequartzoauríferosnosdiferentesníveisdacrusta(deGrovesetal.,1995)
8Inverno CAD.LAB.XEOL.LAXE36(2011)

Morfologia do minério posteriores (Hodgson, 1993;Goldfarb et al.,


2001; Groves et al., 2003),apesar de nalguns
Ominérioapresentaumamorfologiamuito casos, como na área
variada: estratiforme; filões “estrati-formes” daminacanadianadeKerrAddisondoAr-
(paralelos à estratificação); filões caicoseremcontemporâneas(Hodgson,1993).
eveiostransgressivos;stockworks;corpospa- Nalguns terrenos mais modernos,
ralelosàcharneiradumadobra(“saddleree- osincronismo foi também estabelecido,
fs”);corpodesulfuretosmaciços;sistemadevei comonocasodosjazigoseocénicosdoAlaska-
os estratóides. Os veios e filões, frequen- Ju-neau em relação aos granitóides a 10 km
temente brechificados e com texturas crus- dedistânciadosmesmos(Grovesetal.,2003).
tiformes nos ricos em carbonatos (não
noquartzo),podemvariardemenosde1mmavár
iosmetrosdepossançaetêmextensõesna
vertical e horizontal até pelo menos vá-rias
centenas de metros, mas podendo atin-gir
bem mais de 1 km (Hutchinson,
1993;Hodgson, 1993; Bierlein and Crowe,
2000;Goldfarbetal.,2005).

Tempo da mineralização

Estes jazigos formam-se numa fase tar


diadecadaorogénese,podendoserparao
Arcaico de 20 a 100 Ma após a
deposiçãodasrochasmetavulcano-
sedimentaresen-caixantes (Groves et al.,
2003). Em
muitosjazigosemambientedefáciesdegrau
meta-mórfico baixo a moderado, a
respectiva for-mação é posterior ao pico
de metamorfismoregional, enquanto que
muitos outros jazi-gos em terrenos de alto
grau
metamórficosãocontemporâneosdetalmeta
morfismo(Hodgson, 1993; Groves et al.,
1995; Bier-leinandCrowe,2000).
DoArcaicoaoFanerozóico
raramentehásincronismoentreadeposiçãod
eouroe a instalação de intrusões
Mineralogia

O minério, para além do quartzo (70


granitóides ad-jacentes, que quer mais - 95% do volume total), carbonatos, felds-
comummente pre-cedem, por vezes patoalcalino(geralmentealbite),“sericite”e
dezenas (muito raramentecentenas) de Ma, clorite, contém electrum e
a mineralização de ouro,quer lhe são ouronativo,finoegrosseiro,porvezesvisívela
CAD.LAB.XEOL.LAXE36(2011) Comparaçãoentreosjazigosdeourodotipo9
maisaltos em Au ou ser estéril. Outros
olhonu,podendoserourolivre,eaindapiritee mineraisque podem estar presentes em
pirrotite, sendo a arsenopirite variável menor quan-
e,estando presente, poder ter os valores tidadenominériosãoosteluretosdeAu-Ag
(quando existem intrusões alcalinas),
(geralmente escorlo e dravite), barita e mos-
covitesricasemCr,VouBa(fuchsite,mari-
acalcopirite,esfaleriteegalena,osdoisúltimos posite; roscolite; oelacherite) [Tabela
por vezes um pouco abundantes, amagnetite, 1A,B;Fig. 7]. Também são comuns
realgar e auripigmento, antimo-nite, cinábrio, hidrocarbo-
molibdenite, bismutinite, loe-lingite, netoseoutramatériacarbonosa(Berger,1986;
tetraedrite e scheelite. Os Hutchinson,1993;Hodgson,1993;Hagemann
sulfuretosconstituem globalmente 3 a 5% and Cassidy, 2000; Goldfarb
(podendoseraindaum valor superior) do etal.,2005;Vosetal.,2005;VosandBierlein,20
minériona maioria destes jazigos. Outros 06).
mineraisassociadosnaparagénesesãoaturmalin
a

A)

B)

Tabela1.Características(A)minera-lógicase(B)geoquímicasdosjazigosdeouromesotermais(ouorogénicos),essencialmente quand
10Inverno CAD.LAB.XEOL.LAXE36(2011)

Fig.7.SequênciaparagenéticagenéricadosjazigosdeouroorogénicosdoFanerozóico(deBierleinandCrowe,2000).

Associaçãogeoquímica

Au-Fe-As-
B±Sb±Bi±Hg±Cu±Pb±Zn±Te±W±Mo±Agé
aassociaçãogeoquí-
mica(Tabela1A,B).ArazãoAu/Agpodeche-
gara9:1,implicandoumafinura(“fineness”)doou
rode600-940,dominandoosvaloresmaisal-
tos(Berger,1986;Hutchinson,1993;Cox,2000;Gr
ovesetal.,2003;Goldfarbetal.,2005).
CAD.LAB.XEOL.LAXE36(2011) Comparaçãoentreosjazigosdeourodotipo11

Génese tes,querdiscordantes,taiscomfilõeseveiost
ransgressivos. Nalguns casos a
Inúmeras hipóteses genéticas têm mineraliza-ção ter-se-á formado a
sidoavançadas para explicar a formação temperaturas maisbaixas, em 60 – 120°C,
dos ja-zigos de ouro mesotermais do que a temperatu-ra do pico do
(Pirajno, 1992;Kerrich, 1993; Groves et metamorfismo (Elmer et al.,2007)
al., 1995; Ridleyand Diamond, 2000; b) Modelo magmático: quer o fluido
Goldfarb et al., mi-neralizado quer o próprio Au
2005;Pitcairnetal.,2006;Elmeretal.,2007): derivariam degranitóides ou sienitos
a) Modelo metamórfico: as rochas porfíriticos associa-
vul- doscomestesjazigosdeouro.
cânicasesedimentares,nascondiçõesdemet c) Modelo dos lamprófiros: a
amorfismo da fácies anfibolítica ou instalaçãodediquesdelamprófiroscalco-
datransição da fácies de xistos verdes alcalinos,muitas vezes associados a este
para afácies anfibolítica, sofreriam tipo de jazi-gos de ouro, promoveria a
desvolatiliza-ção das águas durante a fase circulação hidro-termal, com lixiviação
prógrada de talmetamorfismo, com do Au, S e
lixiviação do Au, Si eoutros elementos da CO2dospróprioslamprófiroseincorporação
sucessão vulcano-sedi-mentar e numfluido hidrotermal que se misturaria
deposição do conteúdo de tais flui-dos em com osfluidos gerados durante o
zonas estruturalmente metamorfismo re-gional. Este modelo
preparadas,cisalhadas e brechificadas, combina assim os doismodelosanteriores.
formando d) Modelodadesgasificaçãodomantoeg
querzonasmineralizadas(“lodes”)concord ranulitização:segundoestemodelo,só
an-
aplicávelajazigosdeouromesotermais,quan forme,piritosoeaurífero(comcercade1g/tAu)
dodoArcaico,asrochasdacrustainferior nofundodomar.Duranteadiagéneseecompact
sofreriam granulitização durante oArcaico açãodestenível,formar-se-
tardio, enquanto os fluidos hidro-termais iamneleveiostransgressivos,assimcomoapost
transportando Au e CO2proviriamdum eriordeformação, instalação de rochas
reservatório do manto, tornando-se intrusivasemetamorfismodesenvolveriasuces
adesgasificação de CO2do manto a sivossistemashidrotermaisquelixiviariamAu
principalcausa da importância da doexaleto primitivo e formariam filões e
carbonatizaçãona alteração deste tipo de veiosdiscordantes mais enriquecidos em Au
jazigos. Por ou-tro lado, a pobreza dos (Fig.8;Hutchinson,1993).
granulitos arcaicostonalíticos em f) Modelo meteórico:águas
elementos litófilos seria ex-plicada pelo meteóricascirculariamatégrandesprofundida
enriquecimento destes mesmoselementos desnacrusta, vindo a constitutir o fluido
nos jazigos mesotermais de hidroter-mal mineralizador que depositaria o
ouro,contemporâneosdessesgranulitos. ouronestetipodejazigos.
e) Modelo singenético-epigenético:a cir- g) Modelo contínuo da
culaçãoconvectivadaáguadomarcomlixi- crusta:baseadono modelo metamórfico, o
viação do basalto toleítico marinho levaria modelo
àdeposição dum exaleto chértico (± contínuodacrusta(Groves,1993;Grovesetal.,1
argiloso,carbonoso; Wood and Large, 995),que é aquele que tem hoje maior
2007), estrati- aceitação,constata a existência de jazigos de
12Inverno
ouro dotipo orogénico em terrenos desde a passan-
CAD.LAB.XEOL.LAXE36(2011)

fáciesmetamórfica da prenite-pumpeleite, dopelasfáciesdexistosverdeseanfibolítica,


a fácies anfibolítica intermédia até à
fáciesgranulítica (Fig. 6B). A derivação do
Au se-ria possivelmente crustal, quer
até à fácies granulítica, com alguma varia-ção magmática,quer metamórfica, ou ainda a
mineralógica de fácies para fácies querno partir do pró-priomanto(Fig.6A).
próprio minério quer na alteração dasrochas Este contínuo de jazigos mesotermais
encaixantes (Fig. 6A). A deposiçãodo minério deouro, documentado nos jazigos mais anti-
seria feita em estruturas que va- gos,nãotemsido,noentanto,abertamen-te
riamdeveiosemfendasdetracçãoebrechasnos reconhecido nas fácies metamórficas degrau
jazigos na fácies da prenite- mais alto dos terrenos do
pumpeleite,passando por zonas de Fanerozóico(Grovesetal.,1998).
cisalhamento
e/ouveiosassociadosnosjazigosnasfáciesinter-
médias, até zonas de cisalhamento
dúcteislargaseveiosassociadosnosjazigosdesde

Fig. 8. Ilustração esquemática de


diferentestiposdemorfologiasdos“lodes”(filõ
es,etc.) auríferos e de estádios
mineralizadoresna génese dos jazigos de
ouro
mesotermais(orogénicos),segundoomodelosi
ngenético-epigenético (de Hutchinson and
Burlington,1984;Hutchinson,1993).
CAD.LAB.XEOL.LAXE36(2011) Comparaçãoentreosjazigosdeourodotipo13

Transporteedeposiçãodoouro
transportaAupassaaseressencialmenteAuCl-
(Seward, 1991; Hutchinson, 1993;
Cálculos termodinâmicos e estudos ex- 2
Mikucki,1998;Large,2000).Noprimei-ro
perimentaisindicamqueasolubilidadeetransp
caso, mais comum, abaixo dos 550°C,
ortedoAuqueoriginaosjazigosmesotermaisde
adeposição de ouro neste tipo de jazigos
ouroéfeitaessencialmen-te através do ião
vaiocorrer perto do limite entre os campos
complexo bissulfureto deouro,Au(HS)
dasespécies iónicas de S reduzidas e os
-
,atéumatemperaturade550°C (Fig. 10A) –
2 camposdas oxidadas, mas do lado das
apesar do ião AuHS 0
também o fazer a <
reduzidas, eperto do limite entre o campo de
400°C e pressão baixa(Evans et al., 2006) -,
estabilida-de da pirite (com pirrotite na parte
abrangendo a maiorparte dos jazigos de
superiordointervaloaté550°C)eodamagnetite
ouro deste tipo. Para oscasos em que os
(ouhematite) [Fig. 10B; Hodgson, 1993;
jazigos mesotermais se for-
Miku-
memacimade550°C,oiãocomplexoque
cki;1998;Large,2000;Dugdaleetal.,2006].
A) B)

Fig. 10. Transporte e solubilidade do ouro:(A) Distribuição dos iões complexos transportadores de
Au(abaixo de 550°C) em função da temperatura e de a H2S . Campo dos fluidos auríferos orogénicos
(arcaicos)indicado a cinzento;(B) Isolinhas (a tracejado) de solubilidade do Au em função da temperatura e de
aH2S.Oscálculosassumemumfluidoaurífero(dotipoorogénico)médio,comCO2/
CH4=10,pH=5.5eP=2kbar.Campos de estabilidade da magnetite (mt), pirrotite (po) e pirite (py) limitados por
linhas a cheio. Campo dosfluidosauríferosorogénicos(arcaicos)indicadoacinzento(deMikucki,1998).
Osmecanismosmaisimportantesdedeposi
de ouro deste tipo. Envolve essencialmentea
ção do ouro neste tipo de jazigos
sulfuretização dos minerais contendo Fenas
sãodiversificados(Fig.11;Hodgson,1993;Mi-
rochas encaixantes por efeito do
kucki; 1998; Hagemann and Cassidy,
fluidomineralizador rico em S, o que leva à
2000;Vosetal.,2005;Goldfarbetal.,2005):
deses-tabilizaçãodoiãoAu(HS) 2
-
nofluidoede-
- interacção fluido – rocha posiçãodoouro;
encaixante(sulfuretização):estepareceseroún - interacção fluido – rocha
icomecanismo de deposição comum a todo encaixante(acidificação):este mecanismo é
oespectrodeP-Tdeformaçãodosjazigos aplicávelapenasaosjazigosdeformaçãomaiss
uper-
14Inverno CAD.LAB.XEOL.LAXE36(2011)

ficial, de fácies sub-anfibolítica e somente


acima de 550°C, em que o decréscimo
nocaso das rochas encaixantes serem
detemperatura provoca a desestabilização
ultramá-ficas; o metassomatismo intenso de
doião AuCl -e a precipitação do ouro, e
CO2eCa nestas rochas pode provocar a
aindanosjazigosformadosnafáciesdesub-
acidifica-ção do fluido mineralizador, 2
xistosverdes, em que as isolinhas de
favorecendo aprecipitaçãodoouro;
solubilidadepara Au(HS) -[Fig. 10B] são
- separação de fases:este é
mais incli-nadas que as dos fluidos contendo
tambémummecanismodedeposiçãoimportant 2
Au
e,aplicável nos jazigos desde as fácies meta-
dossistemasdeouro(arcaicos)mesotermais(es
mórficas de menor temperatura até à
-tas paralelas ao limite entre os campos
fáciesanfibolítica, ao longo da qual vai
deestabilidadedeH2SeHSO-),favorecendoade
perdendoimportância; rápidas flutuações na 4
posição deouro porarrefecimento;
pressãolevam à separação de fases, com
- mistura de fluidos;é invocado
ebulição(ouefervescência)deCO2/CH4,causa
paraalguns jazigos de ouro deste tipo na
ndo fáciesde sub-xistos verdes que a mistura de
aseparação de H2Spara a fasede vapor e,
águassuperficiais (meteóricas, marinhas e
consequentemente,desestabilizandooiãoAu(
fluidosde bacias continentais) com águas
HS)2`,comdeposiçãodoouro;
profun-
- arrefecimento: este mecanismo só pa-
das,quermetamórficasquermagmáticas,prom
receserdeterminantenosjazigosformados
overia a precipitação do ouro.

Fig.11.Importânciarelativadosváriosmecanismosdedeposiçãodeouronosjazigosdeouroorogénicos(arcaicos)
[deMikucki,1998].

:711-732

Você também pode gostar