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LAXE36(2011) Comparaçãoentreosjazigosdeourodotipo1
Fig. 1. Profundidade de formação e ambiente estru-tural dos jazigos de ouro mesotermais (ou orogéni-cos),
formados nas margens de placas convergentes(deGrovesetal.,1998).
2Inverno CAD.LAB.XEOL.LAXE36(2011)
Fig. 2. Distribuição geográficade alguns dosmaiores jazigos mesotermais deouro (de Hutchinson,1987).
4Inverno CAD.LAB.XEOL.LAXE36(2011)
Ambientegeotectónico
1993; Groves et al., 1998, 2003). Comple-
mentarmente,ambientesdevariaçãodomo-
Estesjazigosformam-
vimento das placas, tais como de
seaolongodemargensconvergentes,najunçãoa
mudançadevelocidaderelativadeplacasedeân
rco-fossa,duranteainstalaçãode terrenos
gulosde convergência das mesmas
acresci-dos do lado do mar em relação às
favorecem aformação deste tipo de jazigos
margenscratónicasantigasouaquandodacolis
(Goldfarb etal.,2001).
ãocontinente-continente(Fig.4;Hodgson,
Fig. 4.Diagrama esquemático do ambiente geotectónico de vários tipos de jazigos de ouro, incluindo os jazi-
gosdeouroorogénicoseosjazigosdeouroassociadosaintrusão(deGrovesetal.,2005).
Ambientegeológico-estrutural/Rochasen-
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caixantes vulcânicaou sedimentar, e fazem-no
geralmente
No Arcaico e em parte no naproximidade(ounointerior)dumstockintrusiv
Proterozóicoas associações litológicas o de rocha ácida porfirítica e dumnível pouco
enquadrando estetipo de jazigos são as espesso de rocha vulcaniclás-
próprias das cinturasde rochas verdes ticaácida.Ominérioencontra-
(“greenstone belts”) seaindageralmentenainterfaceverticaloulateral
noscratões,enosjazigosmaismodernossãoas- derochavulcânicaesedimentar,muitasvezes
sociaçõesparcialmentesemelhantes.Aquelas sublinhada por um alinhamento, fa-lha ou
são constituídas por pilhas de zona de cisalhamento regional (Fig.5B),
komatiitosnabase,basaltostoleíticos(queenca geralmente paralelo ou subparalelo
ixamos maiores jazigos deste tipo) e rochas àestratificaçãonosterrenosvulcânicosdo
vul-cânicas ácidas a topo. Lateralmente à Précâmbricoouàsmargensdosterrenos
pilhavulcânica ocorrem sucessões de acrescidos no Paleozóico, estando os jazi-gos
grauvaquese xistos, incluindo xistos deste tipo em zonas de falhas ou cisa-
carbonosos, grafi- lhamentos secundários (Hutchinson,
tososepiritosos,eaindaconglomeradospo- 1993;Hodgson, 1993; Goldfarb et al., 2005).
limícticos e formações ferríferas exalativas. Aestes acidentes estão também muitas
(Fig.5A;Hutchinson,1993). vezesassociados não só os stocks félsicos
acimareferidos, mas também diques de
lampró-firos (Hodgson, 1993; Groves et al.,
1995).Intrusõesmaisabundantesdegranitóidesp
odemtambémocorrernestasprovínciasauríferas,
como consequência dos proces-sos de colisão
– acreção nas margens con-vergentes
(Goldfarb et al., 2001; Groves etal.,2003).
Fig.5.A)Distribuiçãodosjazigosdeouroorogénicoseoutrosem:(A)Pilha(meta)vulcano-sedimentares-
quemáticadascinturas derochasverdes (“greenstonebelts”)do Arcaico(deHutchinson, 1993).
Fig. 5. B) Distribuição dos jazigos de ouro orogénicos e outros em: (B) Subprovíncia de Abitibi da
provínciaSuperior do Canadá, mostrando a relação dos jazigos de ouro orogénicos (c/ círculos negros, ≥ 100
ton. ouro;c/círculosbrancos,<100 ton.ouro)comas grandeszonasdefalha (deHagemannandCassidy,2000).
Graumetamórfico
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Todosostiposderochasacimareferidossofr
eram invariavelmente o efeito do meta-
morfismo regional, estando estes jazigos fácies de xistos verdes)[Fig. 6A], mas po-
deAu do tipo orogénico na maioria dos dendo ocorrer em terrenos desde a fácies
casos(que incluem os de maiores dimensões) daprenite-pumpeleite (ex.: Wiluna, no
asso- cratãode Yilgarn, Austrália Ocidental) até à
ciadosaterrenosnafáciesdexistosverdesefácie fá-
sanfibolíticasuperior(transiçãoparaa ciesgranulítica(ex.:GriffinsFind,AustráliaOc
A) idental) [Gebre-Mariam et al., 1995; Ha-
gemann and Cassidy, 2000; Goldfarb et
al.,2001, 2005; Groves et al., 2003;Gauthier
et
al.,2007].
Fig. 6. A) Reconstrução esquemática dum hipotético sistema hidrotermal contínuo, em diferentes níveis
(erespectivas fácies metamórficas) da crusta, estendendo-se até 25 km de profundidade, mostrando: (A)
fluidospotenciais e origem (setas) dos fluidos mineralizadores dos jazigos de ouro orogénicos (de Groves,
1993). B)estilostectónicosedosfilõesdequartzoauríferosnosdiferentesníveisdacrusta(deGrovesetal.,1995)
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Tempo da mineralização
A)
B)
Tabela1.Características(A)minera-lógicase(B)geoquímicasdosjazigosdeouromesotermais(ouorogénicos),essencialmente quand
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Fig.7.SequênciaparagenéticagenéricadosjazigosdeouroorogénicosdoFanerozóico(deBierleinandCrowe,2000).
Associaçãogeoquímica
Au-Fe-As-
B±Sb±Bi±Hg±Cu±Pb±Zn±Te±W±Mo±Agé
aassociaçãogeoquí-
mica(Tabela1A,B).ArazãoAu/Agpodeche-
gara9:1,implicandoumafinura(“fineness”)doou
rode600-940,dominandoosvaloresmaisal-
tos(Berger,1986;Hutchinson,1993;Cox,2000;Gr
ovesetal.,2003;Goldfarbetal.,2005).
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Génese tes,querdiscordantes,taiscomfilõeseveiost
ransgressivos. Nalguns casos a
Inúmeras hipóteses genéticas têm mineraliza-ção ter-se-á formado a
sidoavançadas para explicar a formação temperaturas maisbaixas, em 60 – 120°C,
dos ja-zigos de ouro mesotermais do que a temperatu-ra do pico do
(Pirajno, 1992;Kerrich, 1993; Groves et metamorfismo (Elmer et al.,2007)
al., 1995; Ridleyand Diamond, 2000; b) Modelo magmático: quer o fluido
Goldfarb et al., mi-neralizado quer o próprio Au
2005;Pitcairnetal.,2006;Elmeretal.,2007): derivariam degranitóides ou sienitos
a) Modelo metamórfico: as rochas porfíriticos associa-
vul- doscomestesjazigosdeouro.
cânicasesedimentares,nascondiçõesdemet c) Modelo dos lamprófiros: a
amorfismo da fácies anfibolítica ou instalaçãodediquesdelamprófiroscalco-
datransição da fácies de xistos verdes alcalinos,muitas vezes associados a este
para afácies anfibolítica, sofreriam tipo de jazi-gos de ouro, promoveria a
desvolatiliza-ção das águas durante a fase circulação hidro-termal, com lixiviação
prógrada de talmetamorfismo, com do Au, S e
lixiviação do Au, Si eoutros elementos da CO2dospróprioslamprófiroseincorporação
sucessão vulcano-sedi-mentar e numfluido hidrotermal que se misturaria
deposição do conteúdo de tais flui-dos em com osfluidos gerados durante o
zonas estruturalmente metamorfismo re-gional. Este modelo
preparadas,cisalhadas e brechificadas, combina assim os doismodelosanteriores.
formando d) Modelodadesgasificaçãodomantoeg
querzonasmineralizadas(“lodes”)concord ranulitização:segundoestemodelo,só
an-
aplicávelajazigosdeouromesotermais,quan forme,piritosoeaurífero(comcercade1g/tAu)
dodoArcaico,asrochasdacrustainferior nofundodomar.Duranteadiagéneseecompact
sofreriam granulitização durante oArcaico açãodestenível,formar-se-
tardio, enquanto os fluidos hidro-termais iamneleveiostransgressivos,assimcomoapost
transportando Au e CO2proviriamdum eriordeformação, instalação de rochas
reservatório do manto, tornando-se intrusivasemetamorfismodesenvolveriasuces
adesgasificação de CO2do manto a sivossistemashidrotermaisquelixiviariamAu
principalcausa da importância da doexaleto primitivo e formariam filões e
carbonatizaçãona alteração deste tipo de veiosdiscordantes mais enriquecidos em Au
jazigos. Por ou-tro lado, a pobreza dos (Fig.8;Hutchinson,1993).
granulitos arcaicostonalíticos em f) Modelo meteórico:águas
elementos litófilos seria ex-plicada pelo meteóricascirculariamatégrandesprofundida
enriquecimento destes mesmoselementos desnacrusta, vindo a constitutir o fluido
nos jazigos mesotermais de hidroter-mal mineralizador que depositaria o
ouro,contemporâneosdessesgranulitos. ouronestetipodejazigos.
e) Modelo singenético-epigenético:a cir- g) Modelo contínuo da
culaçãoconvectivadaáguadomarcomlixi- crusta:baseadono modelo metamórfico, o
viação do basalto toleítico marinho levaria modelo
àdeposição dum exaleto chértico (± contínuodacrusta(Groves,1993;Grovesetal.,1
argiloso,carbonoso; Wood and Large, 995),que é aquele que tem hoje maior
2007), estrati- aceitação,constata a existência de jazigos de
12Inverno
ouro dotipo orogénico em terrenos desde a passan-
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Transporteedeposiçãodoouro
transportaAupassaaseressencialmenteAuCl-
(Seward, 1991; Hutchinson, 1993;
Cálculos termodinâmicos e estudos ex- 2
Mikucki,1998;Large,2000).Noprimei-ro
perimentaisindicamqueasolubilidadeetransp
caso, mais comum, abaixo dos 550°C,
ortedoAuqueoriginaosjazigosmesotermaisde
adeposição de ouro neste tipo de jazigos
ouroéfeitaessencialmen-te através do ião
vaiocorrer perto do limite entre os campos
complexo bissulfureto deouro,Au(HS)
dasespécies iónicas de S reduzidas e os
-
,atéumatemperaturade550°C (Fig. 10A) –
2 camposdas oxidadas, mas do lado das
apesar do ião AuHS 0
também o fazer a <
reduzidas, eperto do limite entre o campo de
400°C e pressão baixa(Evans et al., 2006) -,
estabilida-de da pirite (com pirrotite na parte
abrangendo a maiorparte dos jazigos de
superiordointervaloaté550°C)eodamagnetite
ouro deste tipo. Para oscasos em que os
(ouhematite) [Fig. 10B; Hodgson, 1993;
jazigos mesotermais se for-
Miku-
memacimade550°C,oiãocomplexoque
cki;1998;Large,2000;Dugdaleetal.,2006].
A) B)
Fig. 10. Transporte e solubilidade do ouro:(A) Distribuição dos iões complexos transportadores de
Au(abaixo de 550°C) em função da temperatura e de a H2S . Campo dos fluidos auríferos orogénicos
(arcaicos)indicado a cinzento;(B) Isolinhas (a tracejado) de solubilidade do Au em função da temperatura e de
aH2S.Oscálculosassumemumfluidoaurífero(dotipoorogénico)médio,comCO2/
CH4=10,pH=5.5eP=2kbar.Campos de estabilidade da magnetite (mt), pirrotite (po) e pirite (py) limitados por
linhas a cheio. Campo dosfluidosauríferosorogénicos(arcaicos)indicadoacinzento(deMikucki,1998).
Osmecanismosmaisimportantesdedeposi
de ouro deste tipo. Envolve essencialmentea
ção do ouro neste tipo de jazigos
sulfuretização dos minerais contendo Fenas
sãodiversificados(Fig.11;Hodgson,1993;Mi-
rochas encaixantes por efeito do
kucki; 1998; Hagemann and Cassidy,
fluidomineralizador rico em S, o que leva à
2000;Vosetal.,2005;Goldfarbetal.,2005):
deses-tabilizaçãodoiãoAu(HS) 2
-
nofluidoede-
- interacção fluido – rocha posiçãodoouro;
encaixante(sulfuretização):estepareceseroún - interacção fluido – rocha
icomecanismo de deposição comum a todo encaixante(acidificação):este mecanismo é
oespectrodeP-Tdeformaçãodosjazigos aplicávelapenasaosjazigosdeformaçãomaiss
uper-
14Inverno CAD.LAB.XEOL.LAXE36(2011)
Fig.11.Importânciarelativadosváriosmecanismosdedeposiçãodeouronosjazigosdeouroorogénicos(arcaicos)
[deMikucki,1998].
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