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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Centro de Tecnologia e Ciências


Faculdade de Engenharia

Allyce Peñarrieta Messias

Projeto de cogeração de energia com gerador a biogás produzido por


biomassa

Rio de Janeiro
2023
Allyce Peñarrieta Messias

Projeto de cogeração de energia com gerador a biogás produzido por biomassa

Trabalho de conclusão de curso


apresentado, como requisito parcial
para obtenção de título de Engenheiro
Mecânico, à Faculdade de Engenharia
da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro.

Orientadora: Prof ª. Dra. Mila Rosendahl Avelino

Rio de Janeiro
2023
Ficha elaborada pelo autor através do
Sistema para Geração Automática de Ficha Catalográfica da Rede Sirius - UERJ

M585 Messias, Allyce Peñarrieta .


Projeto de cogeração de energia com gerador a
biogás produzido por biomassa / Allyce Peñarrieta
Messias. - 2023.
60 f.

Orientadora: Mila Rosendahl Avelino.


Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Faculdade
de Engenharia, para obtenção do grau de bacharel em
Engenharia Mecânica.

1. Geração de energia elétrica - Monografias. 2.


Cogeração - Monografias. 3. Biogás - Monografias. I.
Avelino, Mila Rosendahl. II. Universidade do Estado
do Rio de Janeiro. Faculdade de Engenharia. III.
Título.

CDU 621
Allyce Peñarrieta Messias

Projeto de cogeração de energia com gerador a biogás produzido por biomassa

Trabalho de conclusão de curso apresentado,


como requisito parcial para obtenção de título de
Engenheiro Mecânico, à Faculdade de Engenharia
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Aprovada em 02 de 08 de 2023.
Banca Examinadora:

________________________________________________________
Prof ª. Dra. Mila Rosendahl Avelino (Orientadora)
Faculdade de Engenharia – UERJ

________________________________________________________
Prof . M. Gustaf Aurélio Perez Akerman
Faculdade de Engenharia – UERJ

________________________________________________________
Prof. M. Adriano Gatto Lemos de Souza
Curso Técnico Energias Renováveis – CEFET

________________________________________________________
Prof ª. Dr. Paulo Sergio Rosa Fernandes
Curso Técnico Energias Renováveis – CEFET

Rio de Janeiro
2023
DEDICATÓRIA

Eu, Allyce Peñarrieta, dedico este trabalho de conclusão de curso à minha mãe, Nelly
Peñarrieta e irmão, Daniel Peñarrieta, por todo o suporte, carinho e força que me deram a seguir
com a minha formação profissional.
AGRADECIMENTOS

Agradeço em especial à minha mãe, Nelly Peñarrieta, por todo seu sacrifício para me
fornecer do melhor possível, para que eu conseguisse estar me formando nesta grande
universidade.

Agradeço à minha família que sempre esteve presente para me apoiar e impulsionar nas
minhas decisões de vida.

Agradeço ao meu amigo Matheus Silva, por todas as risadas e conversas que ajudaram
a aliviar todo o estresse do dia a dia me deixando seguir renovada e obstinada.

A todos os meus amigos e companheiros que dividiram este sonho comigo e aguardaram
a conclusão desta fase.

Agradeço a UERJ, onde passei bons momentos da minha vida, que me capacitou, que
possibilitou a minha formação, e continuará a fazer por mais tantos alunos que virão. A UERJ
resiste!
Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito.
Não sou o que deveria ser, mas graças a Deus, não sou o que era antes.

Marthin Luther King


RESUMO

MESSIAS, A. P. Projeto de cogeração de energia com gerador a biogás produzido por


biomassa. 2023. 60 f. Projeto de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Mecânica) –
Faculdade de Engenharia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2023.

Com o crescimento constante no consumo de energia elétrica no Brasil, somado ao


momento atual de pressão internacional sobre preservação do meio ambiente, que vem
discutindo assiduamente uma transição energética para fontes mais limpas e renováveis,
tecnologias de geração de energia elétrica, que não tinham um papel principal estão recebendo
maior atenção do governo, que vem desenvolvendo planos para incentivar sua expansão.
Devido a força que o agronegócio possui dentro do PIB brasileiro, a utilização de biomassa
como fonte energética tem se destacado e crescido de forma regular nos últimos anos, visto a
possibilidade de produção de variados combustíveis utilizados no dia a dia, com atenção para
o biogás e o biometano. Visando principalmente o incentivo do novo plano do governo metano
zero, a utilização de biomassa para implantação de uma usina de cogeração é uma tendencia de
aplicação, sendo no entanto, necessário o entendimento de como esta operação ocorre. Este
projeto de conclusão de curso apresenta inicialmente a explicação teórica das características
principais de cada etapa durante toda a produção, e na sequência aplica o conhecimento de
estudos prévios sobre a matéria prima utilizada, para dimensionamento dos equipamentos
necessários. Utilizando um site de tamanho de 10.000ha e a produção de biogás teórica obtida,
foram seguidas as duas etapas sequenciais de dimensionado o modelo de biodigestor, e a
seleção de um grupo motor gerador de ciclo otto, respeitando as resoluções da ANEEL para
microgeração de energia elétrica. Na finalização do dimensionamento foi apresentado uma
expectativa de receita deste modelo de negócio, assim como as características do plano de
incentivo do governo, que perante comparação afirmou a viabilização deste modelo de projeto.

Palavras-chave: Geração de Energia Elétrica; Biomassa; Biogás; Cogeração; Biodigestor;


Grupo Motor Gerador; Ciclo Otto.
ABSTRACT

MESSIAS, A. P. Gas emergency generator dimensionnement project for an business site.


2022. 60 p. Bachelor’s Dissertation (Degree in Mechanical Engineering) – Engineering
College, Rio de Janeiro State University (UERJ), Rio de Janeiro, 2023.

With the constant growth in electricity consumption in Brazil, added to the current
moment of international pressure on environmental preservation, which assiduously discusses
an energy transition to cleaner and renewable sources, electricity generation technologies,
which did not have a role are receiving greater attention from the government, which has been
developing plans to encourage its expansion. Due to the strength that agribusiness has within
the Brazilian GDP, the use of biomass as an energy source has stood out and grown regularly
in recent years, given the possibility of producing various fuels used in everyday life, with
attention to biogas. and biomethane. Aiming mainly at encouraging the government's new zero
methane plan, the use of biomass for the implementation of a cogeneration plant is an
application trend, however, it is necessary to understand how this operation occurs. This course
conclusion project initially presents the theoretical explanation of the main characteristics of
each stage throughout the production, and then applies the knowledge of previous studies on
the raw material used, for dimensioning the necessary equipment. Using a site with a size of
10,000ha and the theoretical biogas production obtained, the two sequential steps of
dimensioning the biodigester model were followed, and the selection of an Otto cycle generator
motor group, respecting ANEEL resolutions for energy microgeneration electric. At the end of
the sizing, an expectation of revenue for this business model was presented, as well as the
characteristics of the government incentive plan, which, in comparison, affirmed the viability
of this project model.

Keywords: Electric Power Generation; Biomass; Biogas; Cogeneration; Biodigestor; Motor


Generator Group; Otto Cycle.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Oferta Interna de Energia ......................................................................................... 16


Figura 2 - Perspectivas tecnológicas ligadas à biomassa ......................................................... 17
Figura 3 - Processos de Conversão Energética da Biomassa ................................................... 20
Figura 4 - Etapas de produção do biogás .................................................................................. 21
Figura 5 – Reação química na fase acidogênese ...................................................................... 22
Figura 6 – Reação química na fase metanogênese ................................................................... 23
Figura 7 - Biodigestor modelo CSTR ....................................................................................... 26
Figura 8 – Fluxograma purificação do biogás .......................................................................... 28
Figura 9 – Torre de secagem do biogás .................................................................................... 30
Figura 10 – Tempos do ciclo de operação ................................................................................ 32
Figura 11 – Nomenclatura referente as posições do pistão ...................................................... 32
Figura 12 – Funcionamento dos elementos de força e transmissão ......................................... 34
Figura 13 – Corrente contínua e corrente alternada ................................................................. 35
Figura 14 – Alternador síncrono ............................................................................................... 36
Figura 15 – Corrente alternada gerada ..................................................................................... 37
Figura 16 - Ciclo de cogeração com biogás ............................................................................. 38
Figura 17 – Modelo biodigestor CSTR .................................................................................... 44
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Reação química na fase acetogênese ...................................................................... 22


Tabela 2 – Possíveis problemas encontrados na operação de biodigestores, causas e medidas
para solucionar.......................................................................................................................... 24
Tabela 3 – Pontos importantes para escolha do sistema de biodigestão. ................................. 25
Tabela 4 – Comparação potência elétrica x consumo de combustível x eficiência ................. 40
Tabela 5 - Geração de biogás em alguns substratos ................................................................. 42
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

EPE - Empresa de Pesquisa Energética


PNE - Plano Nacional de Energia
PNPB - Programa Nacional de Produção do Biodiesel
pH - Potencial Hidrogeniônico
OD - Oxigênio Desprendido
NOX - Número de Oxidação
AOV - Ácidos Orgânicos Voláteis
SV - Sólidos Voláteis
SF - Sólidos Fixos
CSTR - Reator com Tanque Agitado Continuamente
TRH - Tempo de Retenção Hidráulica
TRS - Tempo de Retenção de Sólidos
MCI - Motores de Combustão Interna
2T - Dois Tempos
4T - Quatro Tempos
S - Curso
PMS - Ponto Morto Superior
PMI - Ponto Morto Inferior
V1 - Volume Total
V2 - Volume Morto
Vdu - Cilindrada Unitária
Vd - Volume Deslocado Do Motor
DC - Diâmetro Dos Cilindros Do Motor
Ø - Razão Equivalência
(A/F)esteq - Razão Estequiométrica
A - Ar
F - Combustível
mar - Massa Do Ar
MWa - Massa Molar Do Ar
mc - Massa Do Combustível
MWc - Massa Molar Do Combustível
ME - Máquina Elétrica
CC - Corrente Contínua
CA - Corrente Alternada
ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica
P - Polos
N - Rotação
f - Frequência
IM - Corrente Média Entra as Fases
Δ1-n - Defasagem de Cada Fase em Relação a Primeira
w - Velocidade Angular do Rotor
rP - Raio da Circunferência dos Polos
B - Intensidade de Campo Magnético
l - Comprimento do Condutor das Bobinas
Pot - Potência do Equipamento
i - Corrente
e - Tensão
GMG - Grupo Motor Gerador
PO - Potência de Operação
PN - Potência Nominal
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
ATD - Área Total Disponível
ρ - Densidade
MS% - Teor de Massa Seca
AP - Área Produtiva
BD - Biomassa Disponível
Q - Vazão de Substrato
BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
SV% - Teor de Sólidos Voláteis
MSO - Massa Seca Orgânica
PBE - Produção de Biogás Estimada
PB - Produção de Biogás
PM - Produção de Metano
PBP - Produção de Biogás Purificado
COV - Carga Orgânica Volumétrica
VL - Volume Nominal do Líquido
D - Diâmetro
HL - Altura do Líquido
HG - Altura de Gás
VG - Volume do Gás
CCE - Consumo de Combustível Do Equipamento
VB - Volume do Biodigestor
ef - Eficiência
PG - Potencial de Geração
CCE - Consumo de Combustível do Equipamento
RE - Renda Estimada
LISTA DE SÍMBOLOS

C Carbono
O Oxigênio
H Hidrogênio
S Enxofre
N Nitrogênio
Fe Ferro
k Quilo
M Mega
Hz Hertz
W Watt
h Hora
cal Caloria
m Metro
kg Quilograma
t Tonelada
L Litro
ha Hectare
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 15

1. METODOLOGIA............................................................................................................. 18

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 19

2.1. Biomassa .................................................................................................................... 19

2.2. Biodigestão ................................................................................................................ 20

2.2.1. Hidrólise ............................................................................................................. 21

2.2.2. Acidogênese........................................................................................................ 21

2.2.3. Acetogênese ........................................................................................................ 22

2.2.4. Metanogênese ..................................................................................................... 23

2.2.5. Controle de Produção ......................................................................................... 23

2.3. Biodigestor ................................................................................................................. 25

2.4. Biogás ........................................................................................................................ 27

2.5. Biofertilizantes ........................................................................................................... 27

2.6. Purificação do Biogás ................................................................................................ 28

2.6.1. Processo de Dessulfurização .............................................................................. 29

2.6.2. Processo de adsorção vapor d’água .................................................................... 29

2.7. Máquinas Térmicas .................................................................................................... 30

2.7.1. Leis da Termodinâmica ...................................................................................... 30

2.7.2. Motores a Combustão Interna............................................................................. 31

2.8. Princípio de Máquinas Elétricas ................................................................................ 34

2.8.1. Campo Magnético .............................................................................................. 34

2.8.2. Corrente Alternada ............................................................................................. 35

2.8.3. Grupo Motor Gerador ......................................................................................... 35

3. DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE COGERAÇÃO ......................................... 38

3.1. Dados Operacionais do Projeto.................................................................................. 38

3.2. Potência Grupo Motor Gerador ................................................................................. 39


3.3. Vazão de Substrato .................................................................................................... 40

3.4. Biogás Produzido ....................................................................................................... 41

3.5. Volume do Reator ...................................................................................................... 43

3.6. Dimensionamento do Biodigestor ............................................................................. 43

3.7. Geração de Energia Elétrica ...................................................................................... 44

3.8. Venda de Energia Elétrica ......................................................................................... 45

4. RESULTADO E DISCUSSÕES ...................................................................................... 46

4.1. Biomassa Disponível ................................................................................................. 46

4.2. Produção de Biogás ................................................................................................... 46

4.3. Dimensão do Biodigestor........................................................................................... 47

4.4. Produção de Energia .................................................................................................. 48

4.5. Receita Esperada ........................................................................................................ 48

4.6. Análise dos Resultados .............................................................................................. 49

4.7. Fluxograma de Desenvolvimento Lógico .................................................................. 50

5. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 51

5.1. Recomendações para trabalhos futuros ...................................................................... 51

6. REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 52

ANEXOS .................................................................................................................................. 56
15

INTRODUÇÃO

Desde o início de sua história, o Homem se utiliza de ferramentas para auxiliá-lo na


realização de suas tarefas cotidianas, sendo das mais simples até a mais complexa. Por sua vez
na competição Homem versus natureza pela sobrevivência, foi gerada a necessidade de
aprimoramento na forma de viver e melhor aproveitamento os materiais a sua disposição.
Em seu desenvolvimento contínuo nos estudos dos fenômenos físicos naturais, o ser
humano chega no século XVII em um ponto determinante na sua história, marcado pela
invenção da primeira máquina a vapor, que daria início a primeira revolução industrial do
mundo moderno. Uma mudança crucial no desenvolvimento do Homem, que dependia
inteiramente de sua força física para realização de seus trabalhos, e que após este marco teria
uma máquina que realizaria a maioria se não todos os esforços por ele [1].
Em paralelo com a evolução das máquinas se deu o estudo da eletricidade, desde seu
entendimento até a geração de fontes de energia, que futuramente atuariam no abastecimento
de energia em residências até grandes indústrias. Hoje em dia a utilização de energia elétrica é
imprescindível para a sociedade, atuando desde o carregamento de um telefone e televisão a
uma linha de produção automatizada controlada por computador e operador que esteja no outro
lado do planeta, de forma que a geração de energia se tornou um dos commodities mais valiosos
do mundo [2].
Alavancado pelo crescente aumento populacional mundial, o estudo sobre geração de
energia se mantém até a atualidade um assunto de alta criticidade, onde é associado
constantemente ao nível de desenvolvimento de um país. Na corrida pela busca de novas
tecnologias e o fator geográfico do planeta Terra, se apresenta como uma bússola, uma que cada
país possuí diferentes climas, terreno e matéria prima disponível, sendo necessário avaliar as
vantagens e desvantagens quando pensado nos diversos meios de geração do setor de energia
[3].
A matriz energética dos países é regida de acordo com seus recursos naturais e fontes
disponíveis para captar e utilizar na geração de energias química, cinética, térmica etc., que por
sua vez serão transformadas em energia elétrica e distribuídas pelo território nacional. No Brasil
a geração utilizando gás natural é a segunda maior de acordo com a empresa de pesquisa
energética (EPE), empresa responsável por acompanhar e consolidar estes dados, onde um
grande contribuinte para este fato se dá pela existência de uma rede de distribuição já
consolidada [4].
16

Atualmente a grande comoção mundial pela preservação do meio ambiente e diminuição


da dependência de energia vindas de uma fonte não renovável como o petróleo, tem mudado as
estratégias de crescimento no setor de energia, que agora visa um crescimento mais consciente
e sustentável. No Brasil, foi lançado em 2020 o plano nacional de energia (PNE) 2050, que
apresenta uma projeção para o crescimento de energias geradas por fontes renováveis, visto o
reconhecimento de suas condições de solo e clima, que permitem diversas fontes de biomassa
prosperarem de forma abrangente, e dentre elas está o biogás [5].
O biogás é considerado um biocombustível, que pode ser obtido de forma natural ou
artificial, e que possui um conteúdo energético semelhante ao do gás natural. Somado ao
pensamento de desenvolvimento ecológico, por ser uma fonte mais limpa que os combustíveis
fósseis e sua gama de aplicabilidade no ramo automobilístico, residencial e industrial, o biogás
se apresenta como um ótimo recurso para a transição das fontes não renováveis [6].
A demanda por energia no Brasil se encontra crescente e contínua nestes últimos anos
conforme apresentado na Figura 1, o que resultou na necessidade de uma expansão na geração
para atender sua população, visto que a maior matriz energética do país, as hidrelétricas, vem
sofrendo com as mudanças climáticas no planeta, causando consequentemente impactos na
distribuição pelo país em momentos de reservatório hídrico baixo. Para mitigar estas quedas na
produção de energia, junto a períodos de alta demanda, o Brasil utiliza suas termoelétricas como
fonte auxiliar, contudo no cenário atual do planeta, a utilização de uma fonte tão poluidora vai
na contramão do que se espera para redução de gases de efeito estufa, reacendem a discussão
da necessidade de aumento na matriz energética renovável [7].

Figura 1 - Oferta Interna de Energia

Fonte: [8]
17

Diante desta prospecção futura de crescente utilização biogás apresentada na Figura 2,


neste trabalho será apresentado uma proposta para aumentar o fornecimento de energia elétrica
em território nacional com a implementação de uma usina de microgeração por cogeração,
utilizando o biogás na alimentação de um grupo motor gerador de combustão interna,
apresentando seu bom potencial ramo de negócio para somar ao do agronegócio, sendo este um
dos maiores no setor econômico do Brasil [5].

Figura 2 - Perspectivas tecnológicas ligadas à biomassa

Fonte: [5]
18

1. METODOLOGIA

Para a montagem de um sistema modelo de cogeração, foi simulado um ambiente de um


produtor de silagem de milho, que será utilizada, como matéria prima para geração do biogás
que alimentará o motor do grupo gerador. O dimensionamento do sistema de biodigestão foi
realizado a partir da metodologia proposta por Airton Kunz at al [16], e o grupo motor gerador
a ficha técnica do equipamento escolhido, apresentando por fim a energia total gerada e o
benefício financeiro da implementação da cogeração para o proprietário.
19

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo são apresentados os conceitos estudados para elaboração deste projeto,
como a escolha do grupo populacional impactado, processo para geração do biogás e a
descrição dos equipamentos necessários para geração de energia.

2.1. Biomassa

A biomassa é um recurso renovável que vem da matéria orgânica de cultivos agrícolas,


resíduo urbano etc., que por meio de sua queima direta ou a partir da queima dos gases
capturados em sua decomposição, é possível conversão em energia de forma menos nociva ao
meio ambiente, podendo em alguns casos resultar em captura de carbono, traços importantes
para o período de transição energética em que o mundo está vivendo [9].
Atualmente a utilização de biomassa para produção de biocombustíveis, tem crescido
em nível mundial, visto o desejo dos países de diminuir por questões políticas e ecológicas a
dependência e a utilização de combustíveis fósseis com o petróleo. Somando o potencial da
biomassa ser a matéria prima de outros combustíveis como biogás, biodiesel, bioetanol e
hidrogênio, junto ao incentivo fiscal de projetos aprovados como o metano zero, pró-ácool e
Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), o Brasil vem se movimentando
para direção de um desenvolvimento sustentável utilizando do pequeno ao grande produtor para
alavancar esta fonte de energia [8].
Dentre os biocombustíveis originados da biomassa, o biogás em 2022 foi inserido em
um programa do governo de incentivo a sua produção, podendo ser produzido de forma natural
através de biodigestores, ou artificial por processos termoquímicos [10]. Para este projeto que
visa apresentar um projeto de cogeração de uma usina de microgeração, será apresentado o
processo de biodigestão para geração de biogás, devido a sua maior eficiência, maior controle
processual, produção contínua, além de ser o método de produção comumente associado a este
biocombustível [9].
20

Figura 3 - Processos de Conversão Energética da Biomassa

Fonte: [9]

2.2. Biodigestão

O biogás foi descoberto no século XVII, onde em determinadas regiões pantanosas foi
identificado a existência de uma substância inflamável desconhecida, que posteriormente seria
identificada como metano [11].
Desta descoberta foi gerado o estudo da decomposição de matérias orgânicas conhecido
como biodigestão, sendo este um processo que ocorre em quatro etapas: hidrólise, acidogênese
(fermentação) e acetogênese (oxidação), e metanogênese, que dão origem a formação do
biogás, através da degradação da biomassa por microrganismos em um ambiente anaeróbio,
sejam estes resíduos agrícolas, industriais ou urbanos [12].
21

Figura 4 - Etapas de produção do biogás

Fonte: [11]

2.2.1. Hidrólise

No processo de biodegradação anaeróbica, a hidrólise desempenha um papel importante


na quantidade final de biogás produzido e na taxa da reação global. Esta é a fase em que os
compostos orgânicos complexos são degradados e solubilizados, ficando disponíveis em formas
menores solúveis no meio, que servirão como fonte de energia e carbono para os
microrganismos, além de ter grande importância no tempo de todo o processo [13].

2.2.2. Acidogênese

A acidogênese representada na Figura 5 é a reação de fermentação do substrato


solubilizados na primeira etapa são degradados para geração de ácidos graxos voláteis, álcoois,
óxidos de nitrogênio, sulfeto de hidrogênio, dióxido de carbono, hidrogênio e substrato de
acetogênios. Esta fase é de suma importância e necessita de um maior controle, pois a presença
em excesso de hidrogênio no processo resultará em alterações do pH que interfere na eficiência
das bactérias acidogênicas, podendo assim reduzir a produção dos gases necessários para a
formação do biogás [13]
22

Figura 5 – Reação química na fase acidogênese

Fonte: [13]

2.2.3. Acetogênese

Esta etapa também conhecida como oxidação é de suma importância para a produção
do biogás, pois consiste na eliminação do oxigênio do meio, que é imperativo para a quarta
etapa ocorrer. Nela ocorre a degradação do substrato da etapa anterior para acetano, a
transformação de ácidos de cadeia longa a ácidos com dois ou menos átomos de carbono, assim
como a produção de hidrogênio e dióxido de carbono, conforme representado na Tabela 1 [13].

Tabela 1 – Reação química na fase acetogênese

Fonte: [13]
23

2.2.4. Metanogênese

As bactérias metanogênicas são responsáveis pela última fase do processo metabólico


de degradação anaeróbia, transformando hidrogênio, dióxido de carbono e ácido acético em
metano e dióxido de carbono, sendo o metano o principal produto do biogás. As reações (II) e
(III) representam a reação dos subprodutos obtidos na etapa anterior [13].

Figura 6 – Reação química na fase metanogênese

Fonte: [13]

2.2.5. Controle de Produção

A digestão anaeróbia é um processo bioquímico que ocorre principalmente pela ação


das bactérias presentes no tanque principal junto ao substrato, onde a eficiência na geração dos
subprodutos necessários para formação do biogás, está diretamente relacionada ao meio [13].
Para obtenção dos melhores resultados possíveis é necessário o controle destes fatores que
influenciam a produção, onde os principais são apresentados na Tabela 2.
24

Tabela 2 – Possíveis problemas encontrados na operação de biodigestores, causas e medidas para


solucionar.

Parâmetros Expressão Unidade


Medir OD
Potencial redox próximo a
Condição anóxica ou óxica Medir NOX
zero
Verificar a atividade do inóculo
Diminuir a carga orgânica
Excesso de escuma espuma Sobrecarga no sistema
volumétrica
Arraste de sólidos Vazão elevada Diminuir a vazão do sistema
Medir OD
Lodo com coloração cinza Potencial redox fora da
Medir potencial redox
claro condição de anaerobiose
Verificar a atividade do inóculo
Baixa concentração de Verificar a atividade do inóculo
Biogás não queima
metano (inferior a 15%) Diminuir a vazão de alimentação
Diminuir a vazão de alimentação
Acúmulo de ácidos
Inibição da metanogênese Verificar alterações no substrato
orgânicos voláteis
possível presença de inibidor
Falta de alcalinidade Qualidade do substrato Suplementar alcalinidade
Diminuir vazão
pH baixo Acúmulo de AOV
Ajustar alcalinidade
Temperatura abaixo
Falha no sistema Inspecionar o sistema de
condição de operação
aquecimento aquecimento
recomendada
Verificar vazão
Sobrecarga ou subcarga no
Verificar a concentração de SV no
Súbita redução produção sistema
substrato
de biogás Presença de agentes
Avaliar se houve mudança na
inibidores
característica do substrato
Descarte controlado de lodo
Elevada concentração de
Característica do substrato Pré-tratamento do substrato para
sólido fixo no lodo (> 50%)
remoção de SF
Fonte: [13]
25

2.3. Biodigestor

Todos os estágios deste processo ocorrem dentro de um biodigestor, um equipamento


de armazenamento e tratamento controlado da biomassa, que deve ser escolhido conforme
melhor enquadramento para o tipo de biomassa conforme pode ser observado na Tabela 3.
Existem diferente tipos de biodigestores que operam com finalidades diferentes como os
modelos: Chinês; Indiano, Canadense e CTRS (reator com tanque agitado continuamente). [14].
Para este projeto foi considerado o substrato silagem de milho escolhido de caráter
sólido, assim como o sistema contínuo de produção, resultando na escolha do modelo alemão
ou CSTR.

Tabela 3 – Pontos importantes para escolha do sistema de biodigestão.

Fonte: [13]

O modelo de biodigestor escolhido retratado na Figura 7, é o mais indicado para


utilização na produção de biogás que tenham como substrato resíduos sólidos, isto se dá pois
quanto maior o tamanho do substrato pode ocorrer formação de crostas, áreas mortas sem
atividade microbiana, entupimento das tubulações, até redução na quantidade de metano. Esta
26

operação conta com um sistema de agitação, que fará a mistura de todo substrato dentro do
tanque principal [13].
Em conjunto ao tanque principal o biodigestor CSTR em sistema contínuo de produção,
possui unidades operacionais auxiliares como reservatório de alimentação de substrato,
reservatório de coleta do efluente digestato, purificador de gás e gasômetro para
armazenamento do biogás produzido, formando um sistema completo de biodigestão [15].

Vantagens
• Transferência de calor homogênea pelo substrato, estabilizando a temperatura
durante todo o processo anaeróbio, melhorando o controle da operação;
• Possui o melhor tempo de contato entre o micro-organismo com o substrato,
aumentando a produção de gases auxiliares para geração de metano;
• Tempo de retenção hidráulica (TRH) e tempo de retenção de sólidos (TRS) são
iguais, pois não há acúmulo de lodo no reator, acelerando a digestão anaeróbia;
• Aumenta a produtividade de 15% a 30%;
• Facilidade na manutenção, visto ser um reator simples e com poucos componentes
móveis.

Figura 7 - Biodigestor modelo CSTR

Fonte: [15]
27

2.4. Biogás

Através do processamento de biomassa é obtido o biogás, um combustível inflamável


que possui sua forma gasosa constituída principalmente por uma mistura de dióxido de carbono
(), gás metano ( ), além de traços de gás hidrogênio ( ), gás nitrogênio ( ), gás
sulfídrico ( ) e outras impurezas. Estima-se que dentro da produção por digestão anaeróbia,
cada tipo de substrato gere uma quantidade correspondente desta concentração [16].
Estudos realizado pela Embrapa apontam que o poder calorífico do biogás está
registrado na faixa de 5.000 a 7.000 kcal/m³, um valor satisfatório de um produto de fonte
renovável, que se aproxima ao gás natural, uma fonte não renovável com poder calorífico de
9.400kcal/m³ [17].
Outra comparação apontada pelo estudo, foi a do biocombustível com combustíveis
tradicionais utilizados em larga estala no dia a dia da população brasileira, onde cada 1m³ de
biogás equivale a 0,66L de diesel e 0,7L de gasolina, o que o torna uma fonte de energia
essencial para a transição energética que o governo brasileiro busca, a fim de atingir metas
ambientais traçadas em seu plano de desenvolvimento [17].

2.5. Biofertilizantes

Também resultante do processo de biodigestão está a geração do biofertilizante, sendo


este um subproduto líquido, isento de odor, dotado de pH básico e possuidor de uma
composição rica em nutrientes, com destaque para o nitrogênio e fósforo, que em sua utilização
corrigem o pH e melhoram as condições do solo, ajudam na prevenção de pragas e no
desenvolvimento das plantas [18].
A utilização do biofertilizante de forma controlada na plantação da matéria prima do
substrato utilizado como base do processo de produção de biogás, é o fechamento de um ciclo
renovável e saudável, muito beneficente tanto ao produtor quanto ao meio ambiento, que
necessitam de um solo saudável para prosperar. Adicional ao valor ecológico, uma vez que este
subproduto tem valor comercial de mercado já estabelecido, todo excedente gerado atua como
uma fonte de renda adicional ao empreendedor [18].
28

2.6. Purificação do Biogás

Produzido junto ao componente metano, o biogás contém impurezas em sua


composição, que reduzem o poder calorífico do combustível. Dentre estas impurezas as
principais são o gás sulfídrico ( ), vapor d’água e gás dióxido de carbono 
que causam
a corrosão dos equipamentos e perda de valor energético respectivamente [19].
O processo de purificação pode ser realizado com diferentes combinações de
tratamentos conforme fluxograma apresentado na Figura 8, a fim de obter-se o biometano, um
gás composto em 94 a 99% de gás metano, que possui um poder calorífico semelhante ao gás
natural [20].

Figura 8 – Fluxograma purificação do biogás

Fonte: [20]

Neste projeto foi levado em consideração do custo de implementação dos equipamentos


necessários, resultando na seleção de processos menos complexos com bom custo-benefício,
que entregassem uma qualidade superior ao biogás bruto resultando nos processos detalhados
a seguir:
29

2.6.1. Processo de Dessulfurização

Esta primeira etapa de purificação consiste na remoção do gás sulfídrico do biogás, que
segue para um tanque onde será forçada a uma reação química com o reagente escolhido como
cloreto de ferro, hidróxido de sódio, óxido de ferro etc [13].
Para este projeto foi considerado o uso de oxido de ferro  
em forma de limalha,
onde após reação química resultará na redução da concentração de enxofre no conforme
expresso na equação (IV).

IV
  + 3  →   + 3 

Um benefício deste tratamento se dá pela possibilidade da regeneração da limalha


utilizada no processo, em que dentro de um período de 30 dias podem ser trocadas ou expostas
ar, revertendo a sua composição original conforme expresso na equação (V).

V
2  + 3 → 2   + 3

2.6.2. Processo de adsorção vapor d’água

A remoção do vapor d’água do biogás é a segunda etapa escolhida para este projeto,
tendo em vista seu bom custo-benefício que consiste na passagem do biogás em um tanque
composto por uma peneira molecular, alumina ou sílica gel sob uma pressão de 6 a 10bar,
retirando o vapor d’água contido no gás durante a sua produção, conforme equipamento
apresentado na Figura 9 Após o tratamento o biogás será novamente comprimido para
utilização.
30

Figura 9 – Torre de secagem do biogás

Fonte: [21]

2.7. Máquinas Térmicas

A primeira transição tecnológica na histórica do homem ocorreu na revolução industrial


do século XVIII, onde o sistema industrial e social passa pela implementação de maquinários
que auxiliariam no operacional e cotidiano da população. Foram denominadas como máquinas
térmicas, equipamentos que operam em ciclos capazes de transformar energia térmica em
energia mecânica na realização de trabalho [22].

2.7.1. Leis da Termodinâmica

No estudo das novas tecnológicas que foram se desenvolvendo na primeira revolução


industrial, a termodinâmica foi estudo que surgiu para que houvesse um entendimento e das
máquinas térmicas, esclarecendo como materiais ou substâncias reagiam a grandezas físicas.
31

Destes estudos foram estabelecidas inicialmente duas leis que regiam o funcionamento destes
equipamentos que prevalecem até os dias atuais.
A primeira lei da termodinâmica determinou a conservação de energia, instituindo que
a energia não pode ser criada nem destruída apenas transformada. A segunda lei apresenta
condições de funcionamento de uma máquina térmica, onde afirma que para o seu
funcionamento são necessárias uma fonte quente e uma fria, a fim de que ocorra o trabalho
desejado. A partir dessas leis, as máquinas térmicas foram diversificadas em diferentes
operações como motores de combustão interna, máquinas movidas a vapor, refrigeradores etc.,
e desenvolvidas para chegar em seu melhor ponto de eficiência [23].

2.7.2. Motores a Combustão Interna

Motores de combustão interna (MCI) são denominados como um modelo de máquina


térmica, que em seu funcionamento converte energia química em mecânica, através da queima
de combustível dentro de uma câmara de combustão, gerando movimento linear e de rotação
pelo conjunto biela e eixo virabrequim de forma cíclica e contínua [24].
O ciclo de funcionamento destes motores é caracterizado como tempos de
funcionamento, responsáveis estes por realizar a rotação do eixo virabrequim, podendo então
funcionar em 2 tempos (2T) ou 4 tempos (4T) [24]. Para este projeto foi considerado um motor
regido pelo ciclo otto ou ignição por centelha, do combustível gás em 4T, representado na
Figura 10 conforme explicação a seguir:
• Admissão – Primeira etapa do ciclo, na qual ocorre o deslocamento do pistão para
baixo junto a abertura da válvula de admissão, permitindo a entrada de ar na
câmara de combustão;
• Compressão – Segunda etapa do ciclo, na qual ocorre o deslocamento do pistão
para cima junto a injeção do combustível na câmara de combustão, quando as
válvulas de admissão e exaustão estão fechadas, comprimindo a mistura de
combustível + ar admitido;
• Expansão – Terceira etapa do ciclo, na qual ocorre o deslocamento forçado do
pistão para baixo, na decorrência da queima da mistura na câmara de combustão,
aumentando a temperatura e pressão internamente;
• Exaustão – Quarta etapa do ciclo, na qual ocorre o deslocamento do pistão para
cima junto a abertura da válvula de exaustão, permitindo a saída dos gases de
combustão, aliviando a pressão interna na câmara.
32

Figura 10 – Tempos do ciclo de operação

Fonte: [25]

O deslocamento dos pistões deste modelo de motor gerado pelo processo de combustão,
ocorrem de maneira linear dentro da câmara de combustão, isto se deve ao grau de liberdade da
combinação de montagem entre o pistão e biela. Este curso (S) linear realizado é delimitado
dentro de um espaçamento entre duas posições o ponto morto superior (PMS) e o ponto morto
inferior (PMI), na qual a diferença entre os volumes V1 e V2 representado na Figura 11, é
referente ao volume deslocado de um ponto morto do motor (Vdu) por pistão [26].

Figura 11 – Nomenclatura referente as posições do pistão

Fonte: [26]
33

A cilindrada total de cada motor é então determinada pela multiplicação de Vdu padrão
do projeto pelo número de cilindros gerando assim (Vd,) representado na Equação 1. Este valor
determina a quantidade de mistura entre combustível e ar, que são consumidos no processo de
combustão por ciclo de operação e o diâmetro dos cilindros (DC) [26].

 
Equação 1  =  .  = .  [
]


A concentração da mistura combustível e ar é um fator de combustão que está


diretamente relacionado com a eficiência do MCI, visto a necessidade de balancear a quantidade
de oxigênio inserido no cilindro para que haja a combustão completa do combustível. Esta razão
de equivalência (Ø) é denominada a divisão da razão estequiométrica (A/F)esteq pela razão de ar
(A) por combustível (F). Utilizando a massa do ar (mar), a massa molar do ar (MWa), a massa
do combustível (mc), e massa molar do combustível (MWc) representada nas Equações 2, 3 e 4
[24].

()* ,-)
Equação 2 "/
$%&$' = [ ]
(+ ,-+

(+ .
Equação 3 /"
$%&$' = =
()* //0

//0
23425
Equação 4 Ø=
//0

A partir de Ø é possível determinar o percentual de biogás por cilindrada de MCI, e


consequentemente o valor energético deste motor, conforme apresentado no tópico 2.4, onde
foi apresentado o potencial energético por combustão do combustível. Esta energia gerada por
sua vez será transmitida através do movimento entre a biela e eixo virabrequim gerando rotação
e torque, que será transmitido através do volante conforme representado na Figura 12. [24].
34

Figura 12 – Funcionamento dos elementos de força e transmissão

Fonte: [27]

2.8. Princípio de Máquinas Elétricas

A máquina elétrica (ME) é um equipamento capaz de transformar energia, podendo ser


classificada em motor, transformando energia elétrica em energia mecânica, ou gerador,
transformando energia mecânica em energia elétrica. Estas conversões ocorrem através do
campo magnético gerado em ambos os funcionamentos [28].

2.8.1. Campo Magnético

O campo magnético é a denominação de uma área na qual cargas elétricas estão sujeitas
a uma força magnética orientada, capaz de alterar sua trajetória, podendo ser gerado por um
ímã natural, ou de forma artificial pela passagem de elétrons em forma de corrente por um
condutor metálico [29].
Estudos realizados sobre o campo magnético no século XIX, resultaram na criação das
leis de Faraday e Lens, sendo estas a leis fundamentais do eletromagnetismo, que relacionam a
geração de uma tensão induzida a partir de um campo magnético, e que a força eletromotriz
induzida irá se opor à variação do fluxo magnético respectivamente [29].
35

2.8.2. Corrente Alternada

A corrente elétrica é denominada como o fluxo e orientação em que os elétrons


percorrem uma trajetória, podendo ser subdividia em duas categorias principais sendo elas
corrente contínua (CC), que não varia sua orientação no tempo, e a corrente alternada (CA),
que varia a sua orientação no tempo, representadas na Figura 13 [30].

Figura 13 – Corrente contínua e corrente alternada

Fonte: [31]

Após estudos realizados sobre a transmissão de energia em CA pelo engenheiro Nikola


Tesla, foi comprovado que a CA é a forma mais eficiente e de menor custo para a distribuição
de energia elétrica, que se predomina até os dias de hoje mundialmente [30]. No Brasil segundo
a resolução normativa ANEEL Nº 956 de 07/12/2021 [32], foi determinado que a corrente
alternada gerada deve ser entregue ao cliente final em uma frequência (f) de 60 Hz, contudo
não impossibilita a geração em 50 Hz para que posteriormente seja transformada na frequência
nominal, como é feito na usina hidrelétrica de Itaipu [33].

2.8.3. Grupo Motor Gerador

Um grupo motor gerador é composto por dois módulos com objetivo de gerar energia
elétrica, no qual a parte motora será responsável pela geração de energia mecânica cinética
36

rotativa através de seu eixo virabrequim, e o gerador ou alternador, dependendo da


nomenclatura empregada, transformará esta energia cinética em energia elétrica através de um
campo magnético [27].
Dentre os geradores, os síncronos de CA são os mais difundidos no mundo em virtude
da padronização da distribuição de energia neste modelo. Seu funcionamento consiste na
utilização de um rotor com fluxo magnético induzido acoplado a um eixo principal, que irá
rotacionar no interior da armadura do equipamento, composto de bobinas de cobre
estacionárias, gerando uma corrente induzida alternada, conforme exemplificado na Figura 14
[27].

Figura 14 – Alternador síncrono

Fonte: [34]

• Rotor – Parte rotativa do alternador, composto pelo eixo e polos(P), que rotacionam
dentro do estator;
• Bobina Polar – São as bobinas posicionadas nos polos do rotor responsáveis por
gerar um campo magnético;
• Anéis Coletores – Posicionados no eixo do rotor, responsável pela alimentação das
bobinas polares em CC, produzida por uma fonte externa ou interna auto-exitante;
• Estator – Parte fixa do alternador, onde ficam posicionadas os enrolamentos de
armadura;
• Enrolamento de Armadura – Bobinas de cobre fixadas no estator com defasagem
a 120°, responsáveis por gerar CA após a passagem do campo magnético pelo meio.
37

Para determinar o número de polos de um gerador, será necessário conhecer a faixa de


rotação (N) nominal em que o eixo irá operar, utilizando a frequência de 60Hz regulamentada
no Brasil, conforme apresentado na Equação 5.

Equação 5 f = 7:120 []

Em pleno funcionamento o alternador irá gerar uma corrente instantânea (i) dada por
uma corrente média entra as fases (IM) e sua rotação com a defasagem de cada fase em relação
a primeira (Δ1-n), conforme a Equação 6, e exemplo trifásico representado na Figura 15 [27].
Assim como a tensão instantânea gerada(e) de cada fase, um produto da velocidade angular do
rotor (w), raio da circunferência dos polos (rP), intensidade de campo magnético (B) e
comprimento do condutor das bobinas (l), conforme Equação 7.

Equação 6 i<<= >


= ?, sin B> C D.EF
[A]

Equação 7 e<<H = B. IJ . K. sin B> C D.EF


. L [V]

Figura 15 – Corrente alternada gerada

Fonte: [35]

Por fim de todo o processo de geração, é definida a potência do equipamento (Pot),


resultante do produto da corrente(i) pela tensão (e), conforme Equação 8.

Equação 8 7M>  N . O!


38

3. DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE COGERAÇÃO

Neste capítulo será apresentado todas as etapas para o dimensionamento de um sistema


de geração de energia, através do uso de um gerador alimentado por biogás produzido com
matéria prima disponível em um ambiente teórico, discriminando as condições de contorno
necessárias, cálculos de projeto e equipamento necessários para chegarmos ao modelo desejado
ilustrado na Figura 16.

Figura 16 - Ciclo de cogeração com biogás

Fonte: [36]

3.1. Dados Operacionais do Projeto

O objetivo deste projeto teórico foi elaborar um modelo padrão de cogeração de energia
elétrica para um produtor agrícola a partir da metodologia proposta pelo autor Airton Kunz at
al [13], utilizando o perfil definido foram delimitadas algumas condições necessárias para que
fosse calculado o tamanho do sistema de biodigestão e a capacidade de geração do grupo motor
gerador, sendo estas características:
• Terreno dedicado para plantação e geração de matéria prima,
• Características do substrato principal a ser utilizado e seu tempo de colheita;
• Dimensionamento do sistema de biodigestão;
• Capacidade de produção de biogás;
• Dimensionamento do grupo motor gerador.
39

3.2. Potência Grupo Motor Gerador

Para o dimensionamento de um grupo motor gerador (GMG) é necessário determinar a


demanda energética que este equipamento elétrico irá atender, e seu modelo de operação
descritos a seguir conforme manual de engenharia de aplicação da empresa Cummins [37]:
• Emergência – A energia é fornecida durante uma interrupção no fornecimento
pela fonte de energia usual (rede pública de energia). Para esta classificação, não
se admite qualquer valor para capacidade de sobrecarga sustentada (Equivalente
à Energia de Parada por Falta de Combustível de acordo com as normas
ISO3046, AS2789, DIN6271 e BS5514). Esta classificação é aplicada apenas
para instalações servidas por uma fonte usual e confiável de energia e cargas
variáveis que apresentem um fator médio de consumo de carga correspondente
à 80% da classificação emergência durante um período de tempo máximo de 200
horas de operação por ano, ou, por um período de tempo máximo de 25 horas
por ano, com consumo de carga correspondente à 100% de sua classificação;
• Prime Ilimitado - Esta classificação permite que o grupo gerador esteja
disponível por um número ilimitado de horas de operação, ao ano, em aplicações
com “carga variável”. Aplicações que exijam qualquer operação em paralelo
com a fonte usual de energia, com carga constante, estão sujeitas à limitações de
tempo de funcionamento. Em aplicações com carga variável, o fator de carga
médio não deve exceder 70% da Classificação de “Energia Prime”. Uma
capacidade de sobrecarga de 10%, é admissível, por um período máximo de 1
hora para cada de um período de 12 horas de operação, porém, não deverá
exceder 25 horas ao ano. O tempo total de operação na classificação “Energia
Prime” não deve exceder 500 horas por ano.
• Prime Limitado – Esta classificação permite que o grupo gerador esteja
disponível por um número “limitado” de horas de operação, ao ano, em
aplicações com “carga constante”, tais como, energia interrompível, redução de
carga, corte de pico e outras aplicações que, em geral, envolvem a operação em
paralelo com a fonte usual de energia. Os grupos geradores podem operar em
paralelo com a fonte usual de energia durante até 750 horas por ano, em valores
de potência que não excedam a classificação de “Energia Prime”. Deve-se
ressaltar que a vida útil do motor será reduzida caso seja utilizado de modo
constante para alimentar altos valores de carga. Qualquer aplicação que exija
40

mais de 750 horas de operação por ano conforme os parâmetros da classificação


“Energia Prime”, deverá, ao invés disso, utilizar a classificação “Energia de
Carga Básica”.

Diante das características dos modelos de funcionamento do GMG, foi definido para
este projeto a categoria prime ilimitado, no qual a potência de operação (PO) irá trabalhar com
70% da potência nominal (PN) do equipamento de 9,5 kWh/m³ retirado da ficha técnica do
fabricante, aceitando 10% de variação de cargas por períodos curtos.

Equação 9 7P  70% . 7S ±10%


UO!

Para este projeto foram feitos estudos de fabricantes de equipamento compatíveis com
a utilização de biogás como fonte de combustível, respeitando a Resolução Normativa ANEEL
nº 482/2012 [38] para microgeração independente, no qual delimitou a seleção dos geradores
Cummins C1000N6 e Jenbacher JMS320, ambos com geração de energia elétrica na faixa de
1000kW, conforme suas fichas técnicas disponíveis no Anexo A e B.
Diante dos dados apresentados na Tabela 3, foi selecionado o equipamento da empresa
Jenbacher, qual possui maior potência e eficiência elétrica A partir do modelo selecionado, foi
então determinada a PN da instalação idealizada.

Tabela 4 – Comparação potência elétrica x consumo de combustível x eficiência

Potência Consumo de Eficiência


Fabricante Elétrica Combustível Elétrica
[kW] [m³/h] [%]
Cummins 1000 263,98 36,4
Jenbacher 1036 274 40,8
Fonte: [Autora 2023]

3.3. Vazão de Substrato

Neste projeto a matéria prima escolhida para ser utilizada foi a silagem de milho, sendo
este um vegetal de produção difundida no Brasil e com boas condições de plantio por todo
território nacional, visto o seu grau de importância crescente na produção de etanol para meios
de transporte [19].
41

No Brasil, a definição de uma propriedade rural é controlada pela sua área registrada,
sendo uma chácara um lote de até 12,1 hectares, sítio um lote de 12,1 a 96,8 hectares e fazenda
um lote maior de 96,8 hectares [39]. Considerando os cenários, foi especificado para este
projeto uma fazenda com uma área total disponível (ATD) de 1.000 hectares.
De acordo com pesquisas desenvolvidas pela Embrapa [40], o plantio de milho para ter
seu melhor rendimento depende do espaçamento entre as fileiras de plantio, onde utilizando
uma distância de 0,50m entre fileiras e possui uma densidade (ρ) de 600 kg/m³. Outro fator para
obter uma safra com maior qualidade e quantidade se dá pelo teor de massa seca (MS%), que é
o material residual após retirada de toda umidade, no qual o percentual ideal está entre 33 e
35% [41].
Para uma safra de silagem de milho é esperado uma produção de 30 a 50 toneladas de
silagem de milho por hectare [42], assim como o tempo para esta colheita de acordo com
empresas produtoras de semente de milho variam de 90 a 110 dias [43].
Neste projeto foi definido que a área produtiva (AP) ocupará 90% da área total
disponível do empreendedor, uma perda de produção de 5% por safra, uma safra média de 100
dias, e uma produção média de 40 toneladas por hectare de silagem de milho, determinando
assim biomassa disponível (BD) e a vazão de substrato (Q) por dia para este projeto.

Equação 10 "J  90% . "W [ℎY]

"J . 1 C 5%
. 40 . 3:
Equação 11 K = 330 [>/\NY]

K:
Equação 12 ]= ^ [ ³/\NY]

3.4. Biogás Produzido

De acordo com estudo realizado pelo BNDES apresentado na Tabela 5, o teor de sólidos
voláteis (SV%) ou massa seca orgânica (MSo) para silagem de milho está entre 85 e 98%, assim
como a produção de biogás estimada (PBE) está entre 170 e 230 m³ por substrato [19].
Para este projeto foi utilizada a média de todos os parâmetros apontados nos estudos
apresentados estabelecendo: MS 34%, MSo 91% e PBE em 200 Nm³/t.substrato, a fim de
determinar a produção de biogás (PB) por dia, conforme a Equação 13.
42

Equação 13 7` = K . a . aM . 7`b [ ³/\NY]

Dentro de PB tem-se conhecimento que a porcentagem de metano (%M) tem uma


concentração esperada 50 a 70%CH4 contida na produção total de biogás [17]. Utilizando média
estimada de 60%M, é possível então determinar a produção de metano (PM) desta usina de
microgeração, conforme representado na Equação 14.

Equação 14 7, = 7` . %, [
/\NY]

Conhecendo a produção de metano (PM), é possível determinar por sua vez a produção
de biogás purificado (PBP) remanescente que estará disponível após o processo de purificação,
no qual estudos apontam um aumento na concentração de metano no biogás para 94 até
99%CH4 [13]. Neste projeto adotando que a purificação em torno de 94%M se obtém PBP,
conforme a Equação 15.

7,
Equação 15 7`J = :% [
/\NY]
,

Tabela 5 - Geração de biogás em alguns substratos


Massa seca
Produção Produção Quantidade
orgânica
de biogás de metano de metano
Substrato (MSo)
Nm3/ton Nm3/ton Nm3/ton
%MSo
substrato substrato MSo
Esterco líquido
75 a 82 20 a 30 11 a 19 110 a 275
bovino
Esterco líquido suíno 75 a 86 20 a 35 12 a 21 180 a 360
Esterco bovino 68 a 76 60 a 120 33 a 36 130 a 330
Esterco de aves 75 130 a 270 70 a 140 200 a 360
Silagem de milho 85 a 98 170 a 230 89 a 120 234 a 364
Silagem de gramíneas 70 a 95 170 a 200 93 a 109 300 a 338
Grãos de cereais 97 620 320 380
Beterraba-sacarina 90 120 a 140 65 a 76 340 a 372
43

Beterraba-forrageira 90 75 a 100 40 a 54 332 a 364


Fonte: [24]

3.5. Volume do Reator

O sistema de alimentação de um biodigestor é de suma importância nesta metodologia,


pois a carga orgânica volumétrica (COV) adicionada diariamente ao reator principal, é
responsável pela manutenção do processo de biodigestão, no qual para o modelo CSTR de
biodigestor a COV de funcionamento está entre 1 a 4 kgSV/m³.dia. Outra característica a ser
levada em consideração para fins de cálculos deste modelo é o tempo de retenção hidráulica
(TRH), que para este modelo está entre 15 a 20 dias [13].
Para cálculo o volume nominal do líquido (VL) do biodigestor que será calculada a
partir da concentração de SV kg/m³ obtido na Equação 16, TRH esperado em 18 dias, um COV
médio determinado em 2,5 kgSV/m³.dia, e a vazão encontrada no tópico 3.3, conforme
apresentado na Equação 17 .

ef
Equação 16 cd = gPf [\NY]

i.ef

Equação 17 h = [
]
gPf

3.6. Dimensionamento do Biodigestor

O volume por sua vez é calculado pela soma dos volumes do reator mais o volume da
doma que aloja o biogás, contudo um biodigestor CSTR, pode ter sua geometria modificada
para atender um terreno específico ou de acordo com a posição da pá do misturador do reator.
Visando maior facilidade de acesso e manutenção, foi empregado neste projeto uma condição
na qual o diâmetro (D)> altura do líquido (HL).
Utilizando o VL calculado é possível obter a altura de gás (HG) dentro do biodigestor,
na qual o biogás será liberado após geração e coletado, na qual HG que equivale a 25% da altura
do líquido (HL), conforme representado na Equação 19.

fj
Equação 18 h = /
[
]
44

Equação 19 k = 25% h [ ]

A forma da doma onde o biogás é liberado pode variar de acordo com o fabricante,
contudo no mercado o modelo escolhido é comumente associado a Figura 17, uma forma de
uma calota esférica, na qual a modelagem matemática para obtenção do volume do gás (VG)
está representada na Equação 20, onde para este cálculo foi adotado um D de 35m.

Figura 17 – Modelo biodigestor CSTR

Fonte: [44]

. 
Equação 20 k = l m k 3  C k 
[ ³]

Por fim para determinar o volume do biodigestor (VB) teórico, é realizado a soma dos
volumes do líquido e gás, representado na Equação 21.

Equação 21 ` = k + h [ ³]

3.7. Geração de Energia Elétrica

O total de energia elétrica real gerada pelo equipamento escolhido neste projeto, é
definido pelo produto da PO pela eficiência (ef) do GMG, e o consumo de combustível do
equipamento (CCE), a fim de determinar o potencial de geração (PG) desta usina de
microgeração, expressa na Equação 22.
45

Equação 22 7k = 7P . n . gb [UOℎ/ℎ]

3.8. Venda de Energia Elétrica

A venda de energia elétrica em todo território brasileiro é regulada pela Resolução nº


482 da ANEEL [38], que determina alguns modelos para venda de energia, no qual este projeto
irá adotar o mercado livre de energia. Atualmente esta comercialização de energia é baseado
pela venda do MWh produzido, e teve o seu valor R$110,00/MWh em contrato no ano de 2022
[45], sendo possível calcular a renda estimada (RE) do produtor por mês, conforme a Equação
21.

Equação 23 db = 7k . 110 . 30 [d$/ ê]


46

4. RESULTADO E DISCUSSÕES

Neste capítulo serão apresentados os resultados encontrados para as variáreis adotadas


na especificação do projeto.

4.1. Biomassa Disponível

Utilizando as equações dos tópicos 3.3 foi possível determinar a vazão esperada para
uma área de plantio delimitada, que irá preencher e alimentar o biodigestor continuamente para
produção de biogás.

"J = 90% . 1.000 → "J = 900 [ℎY]

1 C 5%
. 40 . 3: >
K = 900 . 330 → K = 310,91 r\NYs


] = 310,91:0,6 → ] = 518,18 v w Mx ] = 21,59 v w
\NY ℎ

4.2. Produção de Biogás

Para determinar a produção de biogás esperado para uma área de plantio delimitada, foi
seguida a metodologia do tópico 3.4, sendo esta informação de grande importância, pois o gás
produzido é o responsável pela alimentação do GMG, de forma que uma condição principal de
funcionamento é que a PBP fosse superior ao CCE escolhido.

 
7` = 310,91 . 0,34 . 0,91 . 200 → 7` = 19.239,05 v w Mx 7` = 801,63 v w
\NY ℎ


7, = 7` . 60% → 7, = 11.543,43 v w Mx 7, = 480,98 v w
\NY ℎ

7,
7`J = → 7`J = 12.280,25 v w Mx 7`J = 511,68 v w
94% \NY ℎ
47

Utilizando a ficha técnica do equipamento foi identificado o consumo de combustível


do motor Jenbacher, entretanto o valor apresentado é correspondente a utilização a plena carga
de 100%, contudo conforme item 3.2, este equipamento para obedecer ao regime de operação
escolhido operará em 70%. Diante da falta de uma tabela de consumo por carga aplicada, foi
utilizada uma aproximação para realizar a comparação de PBP > CE e confirmar a condição
atendida.

100% 274 
→ gb = 191,8 v w


70% gb

511,68 > 191,8 → 7`J > gb

4.3. Dimensão do Biodigestor

Tendo em vista este projeto teórico foi utilizada a Equação 16 para determinar SV kg/m³,
uma vez que não há uma amostra do substrato.

Uz
 = 18 . 2,5 →  = 45 r
s

O volume parcial do biodigestor responsável por armazenar o substrato disponível para


digestão aeróbica, foi calculado conforme apresentado na Equação17, sendo este dado
necessário para a obtenção do volume da doma onde os gases serão liberados visto a relação
entre a altura HL e HG.

518,18 . 45

h = → h = 9.327,27 [ ³]
2,5

O modelo CSTR tem seu formado parte cilíndrico parte esférico normalmente associado
no mercado, pois se aproveita do benefício de não ter cantos vivos para impedir a agitação do
substrato. Seguindo este padrão e a metodologia apresentada no tópico 3.6, foi definido a área
da seção transversal como circular, que tem sua modelagem matemática definida em πD²/4.
Foi estabelecido para fins de cálculo o diâmetro de valor inteiro de 35m, buscando trazer
maior proximidade com um tamanho padronizado para produção, chegando ao resultado de HL.
48

9.327,27
h  → h = 9,69 [ ]
35
m 4

Utilizando a Equação 19 e 20, foi realizado o cálculo para obtenção de HG, sendo esta a
altura da calota esférica, que junto ao diâmetro do corte semelhante a D, definiu-se o volume
ocupado pelo gás.

k = 25% . 9,69 → k = 2,42 [ ]

1 35
k = m 2,42 {3 C 2,42 | → k = 1.158,45 [ ³]
6 4

Por fim seguindo a metodologia apresentada no tópico 3.6, chegou-se ao volume do


biodigestor que irá processar a biomassa para produção esperada de biogás.

` = 9.327,27 + 1.158,45 → ` = 10.485,73 [ ³]

4.4. Produção de Energia

Para o cálculo de PG do projeto foi então utilizada a Equação 22, definindo assim a
potência instalada que este produtor teria em kWh por dia ou em 24h.

UOℎ
7k = 70% . 9,5 . 40,8% . 274 . 24 → 7k = 17.842 r s Mx 7k = 743,42 [UOℎ]
\NY

4.5. Receita Esperada

A partir da potência instalada foi então calculada, conforme a Equação 23, a receita que
este produtor teria junto ao mercado livre de energia por mês pela venda de sua produção de
energia elétrica em MWh.

d$
db = 17,842 . 110 . 30 → db = 58.878,61 v w
ê
49

4.6. Análise dos Resultados

Em uma análise geral dos resultados obtidos no tópico 4.2, foi possível observar que a
produção de biogás para este projeto tem um resultado superior ao consumo do motor
selecionado, de forma que pela razão de PBP por CCE é possível a utilização de um equipamento
de maior potência ou dobrar o número de máquinas.

7`J 511,68
= = 2,67
gb 191,8

Diante deste novo cenário apresentado, o PG desta usina de cogeração foi dobrado, de
forma que a potência instalada passou a ser de 1.486 kWh ou 1,486 MWh, de forma que para
determinar a nova RE foram refeitos os tópicos 4.5.

d$
db = 35,68 . 110 . 30 → db = 117.757,22 v w
ê

O dimensionamento e escolha dos equipamentos na etapa inicial de implantação de uma


usina de microgeração à biogás é bastante critica, pois são destas informações e a receita
estimada, que o produtor poderá utilizar o programa do governo brasileiro metano zero. No
qual o benefício deste programa consiste na criação de linhas de crédito diferenciadas para o
desenvolvimento de ações e atividades relacionadas ao biogás e biometano, estando as opções
listadas a seguir relacionadas diretamente a este projeto, ajudando a tornar o projeto viável [10].

• Implantação de biodigestores;
• Implantação de sistema de purificação de biogás, produção e compressão de
biometano;
• Implantação de tecnologias que permitam a utilização de combustíveis sustentáveis
e de baixa intensidade de emissões de gases de efeito estufa em motores de
combustão interna de ciclo Otto ou diesel, atendidas as normas fixadas pelos órgãos
competentes.
• Desoneração tributária para infraestruturas relacionadas com projetos de biogás e
biometano.
50

4.7. Fluxograma de Desenvolvimento Lógico


51

5. CONCLUSÃO

Este trabalho apresentou um sistema de cogeração utilizando uma combinação de uma


tecnologia mais moderna e em ascensão no território brasileiro, como a geração de biogás por
biomassa, e uma tecnologia já difundida no dia a dia como o motor de combustão interna de
ciclo otto, mostrando o resultado teórico gerado da integração do setor agroindustrial com o de
energia elétrica.
É importante ressaltar que todos os valores teóricos obtidos foram baseados em dados
de estudo prévio, sendo estes realizados por órgãos governamentais sobre modelo de plantação
de milho e capacidade de geração de biogás, se valendo destas características para trazer o
projeto o mais próximo possível de valores reais a serem encontrados, exemplificando assim
seu potencial, e a capacidade de geração de energia elétrica que este segmento possui.
Logo pode-se concluir que este trabalho alcançou seu objetivo principal, em
exemplificar a implantação de uma usina de microgeração, apresentando as características
essenciais para montagem de um modelo padrão de acordo com o potencial energético que se
deseja atingir.

5.1. Recomendações para trabalhos futuros

Este projeto de conclusão de curso, apresentou a implementação de um sistema de


cogeração de energia utilizando um grupo motor gerador movido a biogás gerado de biomassa,
para um ambiente teórico elaborado pela autora, que visava a utilização do resíduo de um
produtor de silagem de milho. Pensando na aprimoração deste tema de geração de energia
elétrica voltado para energias renováveis, as sugestões para projetos futuros estão apresentadas
nos tópicos a seguir:
• Comparação com um projeto de um sistema fotovoltaico independente para geração de
energia na mesma área e comparar suas eficiências;
• Montagem de um sistema paralelo para coleta de gás hidrogênio e sua utilização em
motores de combustão interna;
• Comparação com um projeto de cogeração de energia com um gerador utilizando
biodiesel como combustível e comparar suas eficiências;
• Comparação entre o rendimento deste projeto com um semelhante utilizando outra
máquina térmica, como a turbina a vapor à biogás, para geração de energia elétrica.
52

6. REFERÊNCIAS

[1] VOGT, C. A Revolução das Máquinas. Dossiê Indústria 4.0 (fev/2018). COM CIENCIA
Revista Eletrônica de Jornalismo Científico. Disponível em:
<https://www.comciencia.br/revolucao-das-maquinas/>. Acesso em 10 set. 2022.

[2] SO FISICA, História da Eletricidade. Disponível em:


<https://www.sofisica.com.br/conteudos/HistoriaDaFisica/historiadaeletricidade.php>. Acesso
em 10.set. 2022.

[3] EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA - EPE, Consumo Mensal de Energia Elétrica


por Classe (regiões e subsistemas). Disponível em: <https://www.epe.gov.br/pt/publicacoes-
dados-abertos/publicacoes/consumo-de-energia-eletrica>. Acesso em 10 set. 2022.

[4] EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA - EPE, Balanço Energético Nacional 2022.


Disponível em: < https://www.epe.gov.br/pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/balanco-
energetico-nacional-2022>. Acesso em 10 set. 2022.

[5] EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA - EPE. Plano Nacional de Energia 2050.


Ministério de Minas e Energia. Empresa de Pesquisa Energética. Brasília: MME/EPE, 2020.

[6] EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA - EPE, Mudanças Climáticas e Transição


Energética. Disponível em: < https://www.epe.gov.br/pt/abcdenergia/clima-e-energia>. Acesso
em 17 jul. 2023.

[7] UNIÃO NACIONAL DE BIOENERGIA, Notícias, Brasil aumentou em 121% emissões de


CO2 por uso de termelétricas em 2021. Disponível em:
<https://udop.com.br/noticia/2021/10/29/brasil-aumentou-em-121-emissoes-de-co2-por-uso-
de-termeletricas-em-2021.html>. Acesso em 17 jul. 2023.

[8] EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA - EPE, BNE2023 Relatório Síntese Ano base
2022. Ministério de Minas e Energia. Empresa de Pesquisa Energética. Brasília: MME/EPE,
2023.

[9] EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA - EPE. Plano Nacional de Energia 2030. Rio
de Janeiro: EPE, 2007.

[10] GOV, Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática. Disponível em: <
https://www.gov.br/mma/pt-br/noticias/governo-federal-lanca-medidas-de-incentivo-a-
producao-e-ao-uso-sustentavel-do-biometano>. Acesso em 25 jun. 2023.

[11] INFOESCOLA, Combustíveis, Biogás. Disponível em: <


https://www.infoescola.com/combustiveis/biogas/>. Acesso em 25 jun. 2023.
53

[12] Kretzer, S., Nagaoka, A., Moreira, T., Moraes, I., Bauer, F., Produção de Biogás com
Diferentes Resíduos Orgânicos de Restaurante Universitário, Artigo (Revista Brasileira de
Energias Renováveis) v.5, n.4, p.551-565, 2016.

[13] Kuns, A., Steinmetz, R., Amaral, A., Fundamentos da Digestão Anaeróbia, Purificação do
Biogás, Uso e Tratamento do Digestão, Embrapa Suíno e Aves, Sbera 1° ed., 2019.

[14] ENERGIAEBIOGAS, Biodigestor, Modelos e configurações. Disponível em:


<https://energiaebiogas.com.br/biodigestor-modelos-e-configuracoes>. Acesso em 17 jul.
2023.

[15] ENERGIAEBIOGAS, Biodigestor. Disponível em: <


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[16] ENERGIAEBIOGAS, Biogás, O que é Biogás, Biometano e Digestato. Disponível em:<


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[17] EMPRAPA, Agroenergia, biogás. Disponível em: < https://www.embrapa.br/agencia-de-


informacao-tecnologica/tematicas/agroenergia/p-d-e-i/biogas>. Acesso em 25 jun. 2023.

[18] EMBRAPA, Agroenergia, Biofertilizante. Disponível em:<


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[19] MILANEZ, A., MAIA, G., GUIMARÃES, D., Biogás: Evolução Recente E Potencial De
Uma Nova Fronteira De Energia Renovável Para O Brasil. BNDES Set., Rio de Janeiro, v. 27,
n. 53, p. 177-216, mar. 2021.

[20] FIGENER, Aspectos Tecnológicos do Biogás e Biometano. Disponível em:<


https://www.figener.com.br/cases/2020/11/16/aspectos-tecnologicos-do-biogas-e-
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[21] AVP, Catalog Of Natural Gas Dehydrators, Single-Tower Deliquescent Pipeline Dryers.
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[24] Simêncio, E., Motores de Combustão Interna, Editora e Distribuidora Educacional S.A.,
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[25] INSTACARRO, Tecnologia Automotiva, Quais as vantagens do motor de três cilindros.


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[26] Brunetti, F., Motores de Combustão Interna, Editora Edgard Blücher Ltda, 5° ed., 2018.

[27] MECANICACASEIRA, Como Funciona Um Virabrequim Carros Usados E Novos.


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[28] CHAPMAN, S., Fundamentos de Máquinas Elétricas, AMGH Editora Ltda, 5° ed.,2013

[29] UMANS, S., Máquinas Elétricas Fitzgerald e Kingsley, AMGH Editora Ltda, 7° ed., 2014.

[30] SADIKU, M., ALEXANDER, C. Fundamentos de circuitos elétricos. 5. ed. Mc Graw Hill,
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[31] PORTALSOLAR, Corrente Elétrica Contínua E Alternada: O Que São E Diferenças.


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[32] LEGISWEB, Legislação Federal, Resolução Normativa ANEEL Nº 956 DE 07/12/2021.


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[35] LEARNCHANNEL-TV, Engenharia Elétrica, Corrente Trifásica. Disponível em:<


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https://www.passeidireto.com/arquivo/78087203/manual-gerador-cummins-t-030-portugues>
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[38] LEGISWEB, Legislação Federal, Resolução Normativa ANEEL Nº 482 DE 17/04/2012.


Disponível em:< https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=342518>. Acesso em 19 jul.
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[39] COMPRERURAL, Artigos, Diferença entre chácara, sítio, fazenda e medidas de terra no
Brasil. Disponível em: < https://www.comprerural.com/saiba-qual-a-diferenca-entre-chacara-
sitio-e-fazendas-e-confira-as-medidas-de-terra-no-brasil>. Acesso em 10jul. 2023.

[40] EMPRAPA, Milho, Espaçamento e Densidade. Disponível em: <


https://www.embrapa.br/agencia-de-informacao-tecnologica/cultivos/milho/producao/plantio
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[42] BLOGAEGRO, Milho para Silagem, Tudo Que Você Precisa Saber Sobre Milho Para
Silagem. Disponível em:< https://blog.aegro.com.br/milho-para-
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Chuvas, Disponível em: < https://diariodocomercio.com.br/economia/precos-do-mercado-
livre-de-energia-recuam-com-chuvas/#gref>. Acesso em 27 jul. 2023.
56

ANEXOS

ANEXO A – Ficha técnica do gerador Cummins C1000N6


57

ANEXO B – Ficha técnica do gerador Jenbacher JMS320

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