Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
Presidente da Divisão de Ensino Prof. Paulo Arns da Cunha
Reitor Prof. José Pio Martins
Direção Acadêmica Prof. Roberto Di Benedetto
Gerente de Educação à Distância Rodrigo Poletto
Coordenação de Metodologia e Tecnologia Profa. Roberta Galon Silva
Autoria Prof. Mario Sergio Lepre
Profa. Priscila Maria Lapa
Profa o e a a a Go a e Co ta
Parecer Técnico Profa. Rosana Aparecida Martinez Kanufre
Supervisão Editorial Felipe Guedes Antunes
Projeto Gráfico e Capa Regiane Rosa
2
Sumário
Objetivos do capítulo 16
Tópicos de estudo 16
Contextualizando o cenário 17
Proposta de atividade 32
Recapitulando 32
Referências 33
CAPÍTULO 2 - O ESTADO – ORIGEM E FORMAÇÃO 35
Objetivos do capítulo 36
Tópicos de estudo 36
Contextualizando o cenário 36
Proposta de atividade 57
Recapitulando 57
Referências 57
Objetivos do capítulo 61
Tópicos de estudo 61
Contextualizando o cenário 61
Proposta de atividade 77
Recapitulando 77
Referências 78
Objetivos do capítulo 80
Tópicos de estudo 80
Contextualizando o cenário 80
Proposta de atividade 97
Recapitulando 97
Referências 98
Recapitulando 116
Referências 117
Recapitulando 142
Referências 143
CAPÍTULO 7 - POLÍTICAS PÚBLICAS E ESTADO DE
INTRAEMPREENDEDORISMO 146
Recapitulando 165
Referências 165
Recapitulando 186
Referências 186
TEORIA DO ESTADO
10
Compreenda seu livro: Metodologia
Caro aluno,
A metodologia da Universidade Positivo apresenta materiais e tecnologias apropriadas que permitem o
desenvolvimento e a interação entre alunos, docentes e recursos didáticos e tem por objetivo a comunicação
bidirecional entre os atores educacionais.
O seu livro, que faz parte dessa metodologia, está inserido em um percurso de aprendizagem que busca direcionar
a construção de seu conhecimento por meio da leitura, da contextualização teórica-prática e das atividades
individuais e colaborativas; e fundamentado nos seguintes propósitos:
1. Objetivos do capítulo
Indicam o que se espera que você aprenda ao final do estudo do capítulo, baseados nas necessidades de
aprendizagem do seu curso.
3. Contextualizando o cenário
Contextualização do tema que será estudado no capítulo, como um cenário que o oriente a respeito do assunto,
relacionando teoria e prática.
4. Pergunta norteadora
Ao final do Contextualizando o cenário, consta uma pergunta que estimulará sua reflexão sobre o cenário
apresentado, com foco no desenvolvimento da sua capacidade de análise crítica.
6. Boxes
São caixas em destaque que podem apresentar uma citação, indicações de leitura, de filme, apresentação de um
contexto, dicas, curiosidades etc.
7. Proposta de atividade
Sugestão de atividade para que você desenvolva sua autonomia e sistematize o que aprendeu no capítulo.
8. Recapitulando
É o fechamento do capítulo. Visa sintetizar o que foi abordado, retomando os objetivos do capítulo, a pergunta
norteadora e fornecendo um direcionamento sobre os questionamentos feitos no decorrer do conteúdo.
11
9. Referências bibliográficas
São todas as fontes utilizadas no capítulo, incluindo as fontes mencionadas nos boxes, adequadas ao Projeto
Pedagógico do curso.
Boxes
Navegue no recurso abaixo para conhecer os boxes de conteúdo utilizados.
Afirmação
Citações e afirmativas pronunciadas por teóricos de relevância na área de estudo.
Assista
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações complementares ou aprofundadas sobre o
conteúdo estudado.
Biografia
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo
abordado.
Contexto
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstram a situação histórica, social e
cultural do assunto.
Curiosidade
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado.
Dica
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o
conteúdo trabalhado.
Esclarecimento
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de conhecimento trabalhada.
12
Exemplo
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto abordando a relação teoria-prática.
Apresentação da disciplina
A Teoria do Estado é uma das disciplinas que fundamentam a compreensão do aluno acerca de temas como a
fundação do Estado, do governo e as relações de poder. Na formação profissional daqueles que vão lidar com a
efetivação de direitos e com a formulação e execução de políticas públicas, essas temáticas são imprescindíveis
para alicerçar conceitualmente as práticas profissionais.
A disciplina está estruturada de modo a possibilitar o contato com conceitos, como Estado, sociedade civil,
governo, política, poder, e proporcionar o conhecimento sobre as formas e sistemas de governo. O estudante
compreenderá que, ao longo da história, foram formuladas teorias, com base na observação da natureza humana e
da formação da sociedade, que demonstram maneiras de se pensar o equilíbrio das relações humanas, a
distribuição das riquezas e a garantia de direitos pela via da política. Assim, poderá elaborar sua visão crítica a
partir da contribuição de autores e correntes teóricas que explicam o Estado moderno e suas implicações para a
vida em sociedade.
A autoria
O Professor Mário Sérgio Lepre é Mestre em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio De
Janeiro (IUPERJ). Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Londrina (UEL, 1995) e em Direito
pela Universidade Estadual de Londrina (UEL, 2005). É autor dos livros Caos Partidário Paranaense, e Política e
Direito.
13
Dedico, com muita gratidão, ao trio da minha vida, Jaqueline, Júlia e Miguel.
Priscila Lapa
A Professora Priscila Lapa é Doutora em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), possui
mestrado em Ciência Política pela mesma Universidade. É especialista em Ciência Política pela Universidade
Católica de Pernambuco (Unicap). Graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e
graduanda em Serviço Social pela Universidade Estácio de Sá.
14
Aos que estudam a Política com serenidade e esperança.
Simone Costa
A Professora Simone Costa é graduada em Ciências Sociais pela PUC-SP, mestre em Ciências Sociais pela
Universidade Estadual de São Paulo (UNESP), com doutorado em Economia Política Internacional pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) .
15
Àqueles que se lembram que os filósofos interpretaram o mundo de muitas maneiras; o que importa agora é
modifica-lo.
Objetivos do capítulo
Ao final deste capítulo, você será capaz de:
• Discutir as teorias de origem do Estado e correntes de estudo sociais e filosóficas, relacionando-as na
teoria de formação do Estado;
• Compreender o pensamento político a partir da origem teórica, reconhecendo a sua ligação na teoria
sociológica do Estado;
• Analisar os conceitos teóricos de Estado, Nação e Política, entendendo-os como características
elementares para conceituar o Estado.
Tópicos de estudo
• Origem da Sociedade.
• O homem como ser social.
• As sociedades políticas.
• Teoria Naturalista.
• Teoria Contratualista.
• Elementos essenciais da sociedade.
• Finalidade social.
• Ordem social e Ordem jurídica.
• Poder social.
• Distinções e conceito de Estado e Nação.
16
• Estado e Política.
• Conceituação de Estado para distintos autores.
• Política e Estado segundo Aristóteles.
• Pensamento político de São Tomás de Aquino.
• Conceito de Política.
Contextualizando o cenário
Ao longo da história, diversos pensadores buscaram compreender a formação da sociedade a partir da percepção
sobre a natureza humana. As disputas pelos territórios, pela posse dos bens naturais, o domínio de classes sobre
outras estabelecido pelas relações de trabalho, a formação das leis e do direito, tudo isso formou a matéria-prima,
ao longo dos séculos, das correntes científicas que estudaram as sociedades políticas. Assim, foi sendo formulado
o conceito de Estado, de nação e o próprio conceito de política, que compreende as ações, os comportamentos,
entendimentos e conflitos entre os homens para conquistar o poder ou uma parcela dele.
Diante desse cenário, para compreendermos o atual conceito de política, a pergunta que norteia este capítulo é:
como se deu a formação do Estado a partir das relações sociais?
Uma das premissas dos estudos sobre a sociedade humana é: “o homem está no centro da sociedade; a sociedade
está dentro do homem” (AZAMBUJA, 2001, p. 18). Significa que o eu individual está intimamente ligado aos outros
homens, pois cada um é resultado da educação dada pela família e pela escola, da convivência com os amigos, da
divergência com os “inimigos” e até mesmo da influência de estranhos. Assim, chega-se ao conceito de que o
homem é um ser social.
Segundo Azambuja (2001), para que a sociedade exista, é necessário haver interações recíprocas e conscientes
entre os indivíduos que a compõem. Por isso que nem toda aglomeração humana pode ser considerada uma
sociedade. Por exemplo, um conjunto de pessoas aglomeradas aguardando um transporte coletivo não pode ser
considerado uma sociedade.
17
Por sua vez, uma sociedade política é aquela formada para o alcance de fins coletivos. Conceituando de forma
completa, é possível afirmar que “a sociedade política é um grupo humano organizado, com poder próprio, para
realizar o bem comum de seus membros” (AZAMBUJA, 2001, p. 22).
Mas como foi possível, a partir de um determinado momento histórico, constituir o que hoje chamamos de Estado
(Estado moderno)? Para responder essa questão, faz-se necessário revisitar o conceito do homem como ser social
ou animal político, conforme veremos a seguir.
A filosofia política teve como um dos alicerces o pensamento de Aristóteles, que foi um dos principais filósofos que
versou sobre a qualificação do homem como um ser que realiza os seus mais altos fins na relação indissociável
com a comunidade (polis), na efetivação de um bem comum (RAMOS, 2014).
Entre as principais concepções de Aristóteles sobre a natureza humana, temos: "O homem é por natureza um
animal político (zoon politikon)" (ARISTOTELES, 1982, p. 20).
Para Aristóteles, o indivíduo só pode se desenvolver em sua capacidade racional plena em meio à vida em
sociedade:
Quando Aristóteles definiu o homem como um animal político, queria dizer (em nosso vocabulário
atual) que o homem era parte constituinte de sua totalidade social específica, que tinha suas bases na
sociedade. Inversamente, Aristóteles não se referia ao homem concebido como um indivíduo
caracterizado por um eu privado, por ser ele mesmo e ter o direito de sê-lo. Para os gregos, ‘homem’ e
‘cidadão’ significavam exatamente a mesma coisa, assim como participar da vida da polis, de sua
cidade, significava ‘viver’ (SARTORI, 1994, p. 43).
Sendo assim, a afirmação de Aristóteles sobre a natureza social do ser humano acabou se tornando basilar dentro
da filosofia política. Diversos outros autores revistaram essa questão da natureza humana para explicar a relação
indivíduo e sociedade, assim como os fenômenos políticos, como o surgimento do Estado.
18
DICA
Marx e Engels também se debruçaram sobre a questão da relação entre indivíduo e sociedade.
Alguns estudiosos defendem que a preocupação última de Marx era com o indivíduo e com sua
libertação das condições sociais limitadoras de sua plena realização enquanto ser humano. Para
saber mais, leia Fromm (1970).
Thomas Hobbes (1979), por exemplo, rompeu com a visão aristotélica e definiu a natureza humana como belicosa,
conflituosa, com o predomínio das paixões. Já Rousseau (1996), resgatou, de certa maneira, a visão aristotélica, ao
defender que o homem nasce irrepreensível em sua conduta, honesto, incorruptível, moralmente reto.
O fato é que, ao estudar as diversas possibilidades de organização da vida em sociedade, surge a noção de poder
político e as formas de exercê-lo. Nasce o debate sobre as sociedades políticas e sobre a origem do Estado, tema
que trataremos no próximo subtópico.
A existência da sociedade pressupõe interações recíprocas e conscientes entre os indivíduos. A sociedade política
pode ser definida a partir da sua finalidade: quando uma comunidade se organiza para o alcance de objetivos
coletivos, ela se torna uma sociedade política (AZAMBUJA, 2001).
Entretanto, o debate sobre a sociedade política não se esgota aí: é que nem sempre as sociedades políticas
procuram o bem comum de seus membros. Às vezes, o que se busca é o interesse patrimonial, o prestígio dos
governantes, como ocorreu com muitos impérios ao longo da história (AZAMBUJA, 2001).O conceito de sociedade
política nos leva a dois outros conceitos: o de sociedade civil e o de Estado. Vamos compreender melhor cada um
deles. Tanto Estado como sociedade civil são conceitos utilizados para contrastar as formas de sociedade distintas
das organizações primitivas, em que imperavam as leis naturais (e não as leis instituídas pelos homens). A distinção
entre Estado e sociedade civil acontece a partir do Estado moderno (KOLODY; ROSA; LUIZ, 2011).
Dentro da Sociologia, da Ciência Política e da Teoria do Estado, o Estado é concebido como uma sociedade
política, habilitado a empregar o poder, buscando o bem-estar do povo que habita o seu território (AZAMBUJA,
2001). Todas as demais sociedades têm suas atividades reguladas pelo Estado.
Na figura abaixo, está representado como o conceito de sociedade foi sendo moldado ao longo da história:
19
A evolução do conceito de sociedade política
Inicialmente, o termo sociedade não era utilizado para se referir aos agrupamentos humanos que precederam a
existência do Estado, as chamadas “formas primitivas”, em que não havia um modelo de governo estabelecido e o
poder não estava centrado na figura de um ente, como o próprio Estado. Superada esta etapa da humanidade, a
partir do desenvolvimento das relações econômicas, por exemplo, surge a sociedade civil. A expressão “civil”
indica um formato de organização social que surgiu na era moderna, em que já há as noções de propriedade
estabelecias.
Conforme dissemos, a sociedade considerada política está relacionada ao surgimento do Estado moderno, em que
sociedade civil passou a significar uma esfera separada do Estado. Conforme ilustrado na figura abaixo, o Estado
passou a representar a esfera pública, abrangendo a própria sociedade civil, que passa a ser regulada por ele:
Inicialmente, a contraposição era entre as formas primitivas de sociedade e a sociedade civil (civilizada). A partir do
Estado moderno, passou a existir a contraposição entre a sociedade civil e o Estado (onde é exercido o poder
político). Assim, passou-se a compreender o Estado englobando as demais formas de organização social, que
passam a ser reguladas pelo Estado.
20
O Estado moderno trouxe, ainda, outra inovação: a separação entre a esfera social e a esfera política. A política,
dessa forma, passa a ser compreendida como uma função da sociedade e não mais como o seu fim. Essa visão tem
respaldo em diversas correntes teóricas que versam sobre o surgimento da sociedade política (e do Estado). A
seguir, veremos algumas dessas correntes teóricas, começando pela naturalista.
Entre as diversas teorias que versam sobre a origem das sociedades políticas, tem-se a teoria naturalista, segundo
a qual a sociedade é decorrente da natureza humana. Os seguidores dessa teoria se alinham à concepção
aristotélica de que o homem é um animal social.
DICA
Outros pensadores também defenderam a natureza sociável do homem, como Marco Túlio
Cícero (106–43 a.C), para quem a espécie humana não nasceu para o isolamento, mas com uma
disposição que, mesmo na abundância de todos os bens, a leva a procurar o apoio comum. Leia
mais em Dallari, 2011.
Assim, para os autores modernos naturalistas, o homem constitui a sociedade política como decorrência de uma
necessidade natural, porque o associar-se com outros é condição essencial de vida. A sociedade, sendo a única
maneira dos homens conseguirem satisfazer as suas necessidades, é produto da conjugação de um simples
impulso associativo natural e da cooperação da vontade humana (DALLARI, 2011).
A sociedade que se formou da reunião de várias aldeias constitui a Cidade, que tem a faculdade de se
bastar a si mesma, sendo organizada não apenas para conservar a existência, mas também para
buscar o bem-estar. Esta sociedade, portanto, também está nos desígnios da natureza [...] É, portanto,
evidente que toda Cidade está na natureza e que o homem é naturalmente feito para a sociedade
política (ARISTÓTELES, 1997, p. 12).
Na filosofia política, no entanto, existiram outras concepções sobre a formação da sociedade, como é o caso da
teoria contratualista, que veremos a seguir.
A base primária da sociedade é um pacto (contrato) firmado entre os indivíduos. Esse é o conceito base da Teoria
Contratualista, que busca explicar, de forma racional, o surgimento da sociedade, entendida como o agrupamento
organizado dos indivíduos, e do Estado (entendido como a sociedade política).
Nas palavras de Bobbio, Matteuci e Pasquino (2004, p. 272), a sociedade surge de “um acordo tácito ou expresso
entre a maioria dos indivíduos, acordo que assinalaria o fim do estado natural e o início do Estado social e político”.
Nesse modelo de explicação sobre o surgimento da sociedade, fica evidente a existência de dois estágios: um
anterior à formação do Estado (estado de natureza) e um que surge a partir do contrato social (sociedade política
ou Estado), conforme ilustrado na figura a seguir.
21
Representação da Teoria Contratualista
Fonte: VILAR-LOPES, MAXIMO, SANT´ANA, 2016. (Adaptado).
É importante salientar que não existe apenas uma visão sobre como era o comportamento humano neste estado
de natureza, nem sobre por que razão os homens decidiram firmar esse pacto. Existem convergências e
divergências entre os diversos autores do contratualismo.
DICA
Para conhecer melhor os diversos autores do contratualismo, sugerimos a leitura do artigo “O
Contratualismo e seu legado nas teorias de Relações Internacionais: um olhar a partir do Brasil”,
dos autores Vilar-Lopes, Maximo e Sant’ana (2016).
Entretanto, a essência da teoria é que existe um consentimento dos indivíduos para a formação da sociedade. E,
desse pacto, surge um modelo de sociedade que tem determinadas características. É o que veremos nas seções a
seguir.
Estado civil.
Estado político.
22
Estado jurídico.
Estado coletivo.
Estado soberano.
Diante disso, o que de fato caracteriza a sociedade? Como é possível distinguir Estado e sociedade? Bobbio (2004),
faz a distinção entre esses dois entes a partir da dicotomia público x privado. Para ele, público é aquilo que
pertence à coletividade; privado é o que se refere aos indivíduos singulares. Dessa forma, o Estado seria
caracterizado pela relação entre desiguais; já a sociedade natural seria a relação entre “iguais”.
Ainda segundo Bobbio (2004), a partir da constituição do Estado Moderno, o Estado costuma ser compreendido
restritivamente como o conjunto dos aparatos que, em um sistema social organizado, exercem o poder coercitivo,
e a sociedade civil como o conjunto das relações não reguladas pelo Estado.
Dallari (2011) investiga a origem do Estado por meio de três correntes doutrinárias. A primeira sustenta que ele
surgiu com a formação da sociedade; a segunda refere que, por um determinado período, a sociedade existiu sem
Estado, o qual surgiu para atender necessidades ou conveniência dos grupos sociais; e a terceira posição defende
que o conceito de Estado decorre da ideia e da prática da soberania.
23
Fonte: © NikomMaelao Production / / Shutterstock
A partir dessas percepções inicias, é possível elencar alguns elementos constitutivos do Estado e da sociedade.
Para Dallari (2011), para que o agrupamento humano seja reconhecido como sociedade, são necessários os
seguintes elementos: finalidade ou valor social; manifestações de conjuntos ordenadas e poder social.
Detalharemos alguns desses elementos a seguir.
A partir da concepção de São Tomás de Aquino, segundo o qual o homem tem consciência de que deve viver em
sociedade e define como objetivo da vida social atender suas necessidades fundamentais, Dallari (2011) define que
o bem comum é a principal finalidade da vida social.
Sendo assim, o que seria esse bem comum? Uma das definições, utilizada por Dallari (2011) é que se trata do
conjunto de todas as condições de vida que possibilitem e favoreçam o desenvolvimento integral da personalidade
humana.
24
Fonte: MELO, 2000. p. 15. (Adaptado).
No primeiro caso, para que seja possível alcançar esse fim político, a sociedade deve guardar um mínimo de
consenso sobre valores sociais, como o solidarismo.
O Bem Comum transmite a ideia de um arranjo social que busca resultados coletivos.
Fonte: © fizkes / / Shutterstock
A ideia de bem comum já havia sido discutida por Aristóteles, em sua obra “Política”. Para ele, a felicidade
individual e a felicidade coletiva seriam indissociáveis.
25
Trazendo o conceito do Estado moderno, o bem comum é utilizado, inclusive, para definir o que é justo e o que é
injusto. Assim, adentra-se na discussão sobre a ordem jurídica e a ordem social.
Para a consecução dos seus objetivos, há necessidade de que os membros da sociedade se manifestem por meio
de ação conjunta atendendo a três requisitos: reiteração, ordem e adequação (DALLARI, 2011). Detalhadamente,
esses requisitos seriam:
De acordo com o autor, o Estado é conceituado como a ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de
um povo situado em determinado território. Para que seja possível cumprir essa finalidade, o Estado lança mão de
outro elemento fundamental para a compreensão de sociedade: o poder.
Dallari (2011) conceitua o poder social a partir de duas características: socialidade e bilateralidade. O primeiro
significa que o poder, necessariamente, está ligado à relação entre os indivíduos, não sendo possível conceituá-lo a
partir da consideração de fatores individuais. O segundo é a correlação de vontades, em que uma predomina sobre
a outra. Assim, para o autor, o poder social é a faculdade de alguém impor o seu poder a outra pessoa.
Trazendo para o Estado, pode-se conceituar o poder como a possibilidade efetiva que ele tem de obrigar os
indivíduos a fazerem ou não fazerem alguma coisa (AZAMBUJA, 2001). A busca do bem público deve, assim, nortear
o exercício do poder.
Quatro elementos caracterizam, atualmente, o poder e seus métodos de atuação na atualidade:
26
Fonte: Dallari (2011). (Adaptado).
Por ser um elemento necessário para a vida em sociedade (garantia do bem comum), o poder ganha legitimidade,
na concepção de que ele emana do consentimento dos indivíduos que a compõem.
O poder também precisa do Direito para que se concretize. Deve haver, portanto, uma coincidência de propósitos
entre o poder (ou quem o exerce) e o Direito. Da mesma forma que o poder precede as vontades individuais e
desejos pessoais, sendo, portanto, objetivo. Por fim, tem-se o conceito de racionalização, que o torna
despersonalizado (poder do grupo, poder do sistema), ao mesmo tempo em que busca meios sutis de atuação,
colocando a coação como forma extrema.
Ao tratar das formas de relação entre os indivíduos em sociedade, chega-se ao conceito de Estado que, no senso
comum, tem o mesmo significado de Nação. Mas de fato, que distingue cada um deles? É o que trataremos na
seção seguinte.
Diversas dimensões são apontadas pelos pensadores como fundamentais para definir Estado. Três elementos, no
entanto, aparecem de forma reiterada nas definições:
27
O estudo do Estado [...] parte também do exame de seus três elementos essenciais [...] o território, o
povo e o governo soberano [...] O governo soberano, também chamado de ‘poder soberano’, é a
autoridade maior que exerce o poder político do Estado [...] a soberania é o atributo do poder estatal
que confere a este poder o caráter de superioridade frente a outros núcleos de poder que atuam
dentro do Estado, como as famílias e as empresas [...] (PORTELA, 2015, p. 168 e 169).
A população do Estado é, diversas vezes, apontada como povo ou nação. Entretanto, para Azambuja (2001), há
uma confusão de conceitos nessa visão. Assim, é possível fazer a seguinte distinção: povo é a população do Estado,
considerada a partir do conceito jurídico, ou seja, é o conjunto de indivíduos sujeitos às mesmas leis (súditos ou
cidadãos do Estado). Já nação é o grupo de indivíduos que se sentem unidos pela origem comum, pelos interesses
e aspirações semelhantes (AZAMBUJA, 2001, p. 31).
DICA
Um dos aspectos que abrangem os estudos contemporâneos sobre o Estado é o conceito de
Nação. Para conhecer de forma mais aprofundada os principais conflitos e nuances desse
debate, leia o artigo Nação, nacionalismo, Estado, de Guimarães, 2008.
Quando a população de um Estado não compartilha os mesmos interesses, não tem essa consciência comum, está
dividida por conflitos de raça, religião, interesses econômicos e morais divergentes, ela não pode ser considerada
uma nação. Da mesma forma, é possível que um Estado abranja mais de uma nação. E o que define a abrangência
da atuação do Estado? As relações políticas. É que veremos a seguir.
A política, da mesma maneira, foi alvo do estudo de diversos filósofos ao longo da história, que buscaram
investigar a natureza das relações sociais e das diversas maneiras de se organizar a vida em sociedade. Para
compreender o conceito de política e sua aplicação aos dias atuais, é preciso conhecer como os mais diversos
autores definiram o Estado, que, como vimos, é a expressão da sociedade política.
Não existe na Filosofia Política (e na Teoria do Estado) apenas um conceito de Estado. O debate sobre a formação
deste ente social é extenso e envolve circunstâncias filosóficas e históricas a respeito da organização da vida em
sociedade.
Trazemos, a seguir, uma síntese de diversas dessas definições:
28
Fonte: Orihuela, 2015. (Adaptado).
Observando o quadro acima, percebe-se que povo (ou população); território; lei (ordenamento jurídico) e poder
são elementos chave na conceituação de Estado. É importante destacar, ainda, outro elemento fundamental: a
soberania.
29
Fonte: © Khaladok / / Shutterstock
Trata-se do poder que é próprio do Estado e que revela a supremacia do ente estatal sobre os indivíduos. Também
demarca a independência do Estado perante os demais Estados (AZAMBUJA, 2001). A soberania significa, em
outras palavras, que o poder do Estado, dentro do seu território, é o mais alto de todos (soberania interna). E nas
relações recíprocas entre os Estados não deve haver dependência e sim igualdade (soberania externa).
Mas como se chegou, nos tempos atuais, a essa visão do Estado, com base nesses elementos fundamentais? É
revisitando a história que se encontra a resposta. É o que veremos a seguir.
A compreensão acerca do conceito de Política para Aristóteles inicia em sua concepção sobre o homem como um
animal social, conforme visto. Desse conceito decorre para ele que o Estado (cidade Estado ou polis) é um produto
natural dessa característica sociável do homem.
A política, para Aristóteles, é uma ciência, ou melhor, “é a ciência suprema que legisla sobre tudo o mais, e que
coordena as outras ciências” (DANNER, 2009, p.41).
Por que isso ocorre? Porque a natureza humana é uma natureza social; o caráter moral (ou imoral) do indivíduo e
mesmo relações sociais éticas ou violentas são resultado do modo em que estiver organizada a sociedade, então a
política ocupa o locus original e basilar a partir do qual a sociabilidade é realizada e o indivíduo, formado (DANNER,
2009).
Uma primeira atuação do Estado seria no sentido de satisfazer as necessidades materiais, como defesa e
segurança, que só podem ser providas por ele (e que se não for o Estado para provê-las, nenhum outro ente o fará).
No entanto, a sua essência está em promover a virtude e a felicidade dos seus súditos, alcançando uma finalidade
espiritual. Além disso, o Estado é constituído como uma síntese de individualidades, absorvendo as distinções
existentes entre os indivíduos, e não uma unidade substancial.
A visão aristotélica foi seguida por outros pensadores, como São Tomás de Aquino.
30
1.3.3 Pensamento político de São Tomás de Aquino
A obra de Tomás de Aquino (1225-1275) representa o grande expoente do pensamento cristão medieval. Até hoje,
ele é considerado a maior autoridade intelectual da Igreja Católica (POOLE, 2017).
As bases de sua doutrina sobre a natureza humana e o Estado estão na metafísica de Aristóteles, assim como a
própria concepção do bem comum como sendo o objetivo das pessoas que integram uma determinada
comunidade. A mera realização individual não é a aspiração principal das pessoas (em sua vida comunitária): a
vida em comunidade direciona os homens a buscarem o bem comum. E isso não ocorre por escolha individual, e
sim com base em uma lei natural, que dirige a razão humana para o bem comum (POOLE, 2017).
Para ele, o governo tem uma finalidade claramente estabelecida, que é guiar a sociedade para o bem comum,
conduzindo e ordenando os cidadãos para uma vida feliz e virtuosa (OCKHAM, 1979).
São Tomás considerava a lei como um elemento externo que direciona os indivíduos para o bem comum, ao
mesmo tempo que funciona como uma espécie de ajuda externa para que cada membro da comunidade possa
alcançar também a sua realização pessoal. “É uma certa regra ou medida pela qual o homem pode integrar-se
adequadamente na comunidade humana” (POOLE, 2017, p. 108).
O que garante a existência e a sobrevivência da sociedade é a presença de uma autoridade com a atribuição de
zelar pelo bem comum. Isso direciona o pensamento do autor para uma defesa da monarquia, como uma solução
para a instituição dessa autoridade. Mas isso não significa que ele defenda a tirania. Como forma de prevenir a
existência de tiranos, São Tomás de Aquino aconselha a criação de uma Constituição.
A partir desse entendimento dos autores clássicos, é possível refletir sobre o conceito de política.
O termo política deriva do adjetivo pólis (politikós), que significa tudo o que se refere à cidade e,
consequentemente, o que é urbano, civil, público, e até mesmo sociável e social (BOBBIO, 2004). Durante séculos, a
palavra Política foi empregada para designar principalmente obras dedicadas ao estudo daquela esfera de
atividades humanas que se refere de algum modo às coisas do Estado (BOBBIO, 2004).
31
Em O Príncipe, Maquiavel coloca o conceito de política como sendo a arte de conquistar, exercer o poder. Para
Azambuja (2001), política pode ser conceituada como a atividade normativa do governo da sociedade civil
(AZAMBUJA, 2001, p. 2).
De forma geral, foi-se estabelecendo ao longo da história o consenso de que a política é uma ciência (a ciência do
Estado e do poder), mas também é uma atividade humana de exercício do governo e das relações de poder, dentro
e fora do Estado.
Pode-se afirmar que o conceito de Política, entendida como forma de atividade ou de práxis humana, está
estreitamente ligado ao de poder. E poder, conforme já foi visto, pode ser conceituado de diversas formas (para
Hobbes, como os meios adequados à obtenção de qualquer vantagem; para Bertrand Russell, como o conjunto dos
meios que permitem alcançar os efeitos desejados).
A política não é uma esfera na fora da vida social ou terreno exclusivo da atividade pública. Ela abrange todas as
atividades de cooperação e conflito dentro e entre as sociedades por meio da produção e reprodução da vida
biológica e social.
Proposta de atividade
Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu nesse capítulo! Elabore uma linha do tempo, relacionando
os conceitos de Estado, Poder e Política ao longo da história, a partir das suas principais características.
Recapitulando
Observamos que a sociedade se origina na própria natureza humana, que gera a necessidade de interações entre
os indivíduos. A filosofia política buscou, ao longo da história, compreender de que maneira a natureza humana
influenciava na formação das organizações sociais. Assim, surge o conceito do homem como um animal político
(social) elaborado por Aristóteles, que gerou uma tradição dentro da Filosofia e das Ciências Sociais.
Observou-se que a relação indivíduo x sociedade tem vários desdobramentos, entre eles o estabelecimento de
relações de poder. É dessa forma que surgem as sociedades políticas. Vimos que existem correntes teóricas que
32
tratam da origem da sociedade, que são a naturalista e a contratualista. Enquanto a primeira compreende que a
sociedade decorre da natureza sociável do homem, para os contratualistas a sociedade se origina em um pacto
social firmado entre os indivíduos para a saída do estado de natureza. É com base nessas teorias que se elaboram
os preceitos acerca dos elementos essenciais da sociedade, entre eles a finalidade, a ordem social e jurídica e o
poder social. Vimos também que diversos autores contribuíram com sua visão para a conceituação de Estado, a
partir de seus elementos constitutivos, como população, território, leis e governo. Destaca-se, também, o conceito
de soberania, que caracteriza o poder do Estado dentro do seu território e na relação com os demais Estados.
Por fim, vimos a contribuição de Aristóteles e de São Tomás de Aquino para a Filosofia Política, ao conceberem a
política e o Estado a partir das suas percepções sobre a natureza humana e o comportamento moral dos homens.
Com base nesse conhecimento, foi discutido o conceito de política, que norteou as discussões deste capítulo.
Referências
ACQUAVIVA, M. C. Teoria geral do Estado. Barueri, SP: Manole, 2010.
ARISTOTLE. The works of Aristotletranslated into english. Ed. by W. D. Ross. Oxford: Clarendon Press, 1966.
______. Ética a Nicômaco. Trad. Leonel Valandro e Gerd Bornheim. Vol. IV: Os Pensadores. São Paulo: Abril
Cultural, 1973.
______. Política. Trad. Maria de Gama Kury. 3ª ed. Brasília: Editora UNB, 1997.
AZAMBUJA, D. Introdução à Ciência Política. 13. ed. São Paulo: Globo, 2001.
BOBBIO, N. Estado, governo, sociedade: para uma teoria geral da política. 11. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2004.
BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.; PASQUINO, G. Dicionário de Política. Brasília: UnB, 2004.
DALLARI, D. de A. Elementos de Teoria Geral do Estado. 30. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
FROMM, E. Conceito Marxista de Homem. 5. ed. Trad. Octávio Alves Velho. Rio de Janeiro: Zahar, 1970.
GUIMARÃES, S. P. Nação, nacionalismo, Estado. Estudos Avançados, 22 (62), 2008. Disponível em: <http://www.
scielo.br/pdf/ea/v22n62/a10v2262.pdf>. Acesso em: 06/08/2019.
HOBBES, T. Leviatã ou Matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e civil. Trad.: João Paulo Monteiro e
Maria Beatriz da Silva. 2ª ed. São Paulo: Abril Cultural (Os Pensadores), 1979.
KELSEN, H. Teoria geral do direito e do Estado. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
KOLODY, A.; ROSA, C. B. S.; LUIZ, D. S. C. Relações entre estado e sociedade civil: reflexões sobre perspectivas
democráticas. Aurora, ano V, número 8, ago. 2011. Disponível em: <http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.
php/aurora/article/view/1270/1127>. Acesso em: 05/08/2019.
33
OCKHAM, D. D. S. Tomás de Aquino. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
POOLE, D. Lei natural e realização humana em Santo Tomás de Aquino. Revista Brasileira de Estudos Políticos,
Belo Horizonte, n. 114, pp. 105-127, jan./jun. 2017. Disponível em: <https://pos.direito.ufmg.br/rbep/index.php/rbep
/article/download/464/389>. Acesso em: 06/08/2019.
RAMOS, C. A. Aristóteles e o sentido político da comunidade ante o liberalismo. Kriterion, Belo Horizonte, nº 129,
Jun./2014, p. 61-77. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/kr/v55n129/04.pdf. Acesso em: 04/08/2019.
ROUSSEAU, J. J. O contrato social. Trad. Antonio de Pádua Danesi. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
SARTORI, G. A teoria da democracia revisitada. V. 2. As questões clássicas. São Paulo: Ática, 1994.
VILAR-LOPES, G.; MAXIMO, L. M.; SANT´ANA, T. A. R. O Contratualismo e seu legado nas teorias de Relações
Internacionais: um olhar a partir do Brasil. Leviathan, Cadernos de Pesquisa Política, n. 12, pp. 89-119, 2016.
Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/leviathan/article/view/143407>. Aceso em: 06/08/2019.
34
TEORIA DO ESTADO
35
Objetivos do capítulo
Ao final deste capítulo, você será capaz de:
• Discutir as teorias de origem do Estado e correntes de estudo sociais e filosóficas, relacionando-as na
teoria de formação do Estado.
• Compreender a origem do Estado, relacionando os diferentes momentos históricos da sociedade.
• Identificar os principais pensadores clássicos que deram origem aos fundamentos da teoria sobre a origem
do Estado, reconhecendo as distintas abordagens para a formulação do arcabouço teórico.
Tópicos de estudo
• Origens e correntes na formação do Estado
• Concepção naturalista de Estado
• Concepção contratualista de Estado
• Correntes de estudo: Histórico – Indutiva
• Correntes de estudo: Lógico – Dedutiva
• O Estado ao longo da História
• Antigo
• Romano
• Medieval
• Moderno
• Principais pensadores do Estado Moderno 1469 a 18 4
• Nicolau Maquiavel
• Thomas Hobbes
• John Locke
• Immanuel Kant
• Principais pensadores do Estado Moderno 1712 a 1895
• Jean-Jacques Rousseau
• Georg Wilhelm Friedrich Hegel
• Karl Heinrich Marx
• Friedrich Engels
Contextualizando o cenário
A origem do Estado é um dos temas fundamentais da disciplina Teoria do Estado, com destaque para as diversas
correntes teóricas que, ao longo da história, buscaram justificar o poder estatal e delinear como se dá a relação
com as demais instâncias da sociedade. A discussão sobre a origem do Estado se alicerça nas concepções
naturalista e contratualista, assim como em duas correntes de estudo: histórico-indutiva e lógico-dedutiva. A
compreensão mais aprofundada dos conceitos acerca da origem e formação do Estado passa pelo estudo das
ideias dos principais pensadores que formularam distintas (e às vezes complementares) visões: Nicolau Maquiavel;
Thomas Hobbes; John Locke; Immanuel Kant; Jean-Jacques Rousseau; Friedrich Hegel; Marx e Engels.
A pergunta que norteia este capítulo é: como surgiu o ordenamento político-jurídico que chamamos de Estado
moderno?
36
2.1 Origens e correntes na formação do Estado
A partir do século XVIII, o mundo ocidental formatou o modelo de Estado, concebido como entidade política, com
uma série de atributos que estão presentes até os dias atuais: existência de uma constituição escrita, um
ordenamento legal (Direito) e uma administração com base em regras. A origem do Estado moderno está
intrinsecamente ligada ao surgimento do modo de produção capitalista, conforme aponta Max Weber
(FLORENZANO, 2007).
C TE T
Max Weber, em “A Ética protestante e o Espírito do Capitalismo”, situa o Estado como um dos
fenômenos culturais do mundo ocidental, assim como o modo de produção capitalista. Para ele,
ambos têm a mesma origem e “universalidade” em seu valor e significado, estão em todos os
países do Ocidente.
Anteriormente ao Estado moderno, o modelo que combinava monarquia com absolutismo predominou na Europa,
seguindo uma trajetória histórica após o fim da Idade Média e do Estado feudal. Contudo, uma questão
fundamental é compreender o porquê do aparecimento do Estado e sua formatação na era moderna. Diversas
interpretações marcaram a história da formação desse ente, desde aquelas que atribuem um papel determinante
ou à guerra, ou à religião, ou ainda à luta de classes, ou à própria política.
A desigualdade social foi um dos motivos para a criação do Estado como conhecemos atualmente.
Fonte: © M-S R / / Shutterstock.
37
A desigualdade social foi um dos motivos para a criação do Estado como conhecemos atualmente.
Fonte: © M-S R / / Shutterstock.
Questões fundamentais sobre a natureza humana e sobre a vida em sociedade (por exemplo, a existência de um
em omum) embasaram as diversas interpretações sobre a origem do Estado, assim como as justificativas para o
exercício do seu poder soberano, conforme veremos a seguir.
Uma das principais concepções do Estado parte da ideia de que sua origem é intrínseca à natureza humana,
portanto, o seu surgimento seria um acontecimento inevitável aos agrupamentos sociais. A necessidade dos seres
humanos de se organizarem para buscar benefícios coletivos, que vão além dos interesses individuais, seria a
causa do surgimento do Estado (RIBEIRO, 2017).
Em boa parte, a concepção naturalista concorda com a visão aristotélica de que o homem é, por natureza, um
animal social, um “animal político”, e que a opção por viver em sociedade não acontece por mero acaso. A
sobrevivência do homem é a necessidade que move a vida em sociedade, pois é no agrupamento que se torna
possível alcançar a felicidade e o bem-estar coletivo (GONZAGA, 2017).
Porém, diante deste cenário, surge o questionamento: o Estado sempre existiu ou havia algum tipo de arranjo
antes do seu surgimento? Os adeptos do naturalismo definem a existência de um estado de natureza ou “estado
natural”, no qual todos os homens são considerados livres e iguais. Não há Lei, Direito ou Estado para determinar
as relações humanas no estado de natureza. Seria um estado idealizado, hipotético, e não uma modalidade que
podemos datar e situar na história. O estado de natureza é uma abstração para se compreender e justificar a
origem do Direito e do Estado (GONZAGA, 2017).
A concepção naturalista, ao trazer um estado de natureza hipotético, que precede a existência do Estado, tem
como fundamento a ideia de igualdade: no estado natural, os homens gozam dos mesmos direitos, que são
inerentes a sua condição humana. Esse estado natural guarda certa “pureza”, pois a vida em coletividade seria
harmônica.
O Estado surge como uma necessidade humana, a partir do momento em que a vida em sociedade se torna
competitiva e que a condição do estado de natureza é violada. Outra corrente sobre o surgimento do Estado é a
contratualista, sobre a qual discorreremos a seguir.
A ideia da existência de um estado de natureza anterior ao surgimento do Estado está presente também nas obras
dos pensadores alinhados com o contratualismo, entre os séculos XVI e XVIII, como Hobbes, Rousseau e Locke.
38
Mesmo que esses autores tenham visões diferentes acerca da natureza humana e, consequentemente, da forma
como as relações em sociedade se processavam no estado de natureza, eles defendem algo em comum: o
surgimento do Estado a partir de um contrato firmado entre os indivíduos (VILALON, 2011).
DICA
Para compreender melhor o estado de natureza, é importante não confundir com o conceito de
vida selvagem. Na obra de Thomas Hobbes “O Leviatã” e em “O contrato social”, de Rousseau,
fica claro o conceito de uma sociedade pré-estatal, mas que não representa um estado
“primitivo” ou “selvagem”.
A imagem seguir indica como se deu a criação do Estado, na concepção dos autores contratualistas, como Hobbes,
Locke e Rousseau. Observe que o fluxo se dá do estado de natureza para o Estado, não sendo possível retroagir.
Mas não significa que o estado de natureza seja um momento histórico, como muitos acreditam. Ele é apenas uma
abstração racional criada para delimitar como se dá essa passagem para o Estado.
Conforme podemos observar na imagem, entre o estado de natureza e a criação do Estado em si, há o Contrato
Social. Mas em que consistiria esse contrato? Dado que no estado de natureza os homens viveriam sem poder e
sem organização, a sociedade e o Estado surgiram a partir de um pacto firmado entre os indivíduos, que
estabeleceu as regras de convívio e de distribuição do poder político (poder de um ou de uns sobre os demais).
É importante observar que o contrato representa a ruptura com o estado de natureza, em que os homens
desfrutavam de direitos naturais, pois é a partir dele que passam a conviver a partir de regras pactuadas,
estabelecidas entre todos, ainda que essas regras não necessariamente sejam redigidas ou tenham a forma de uma
Constituição, como conhecemos no mundo contemporâneo (dentro do Estado moderno). Com o contrato social,
os homens abrem mão dos direitos naturais para estabelecer seus direitos políticos, que emanam do Estado. A
soberania política é estabelecida pelo contrato.
39
PAUSA PARA REFLETIR
A ideia do Estado como um Pacto ou Contrato entre os homens se refere a um período histórico
específico ou seria adequada a qualquer contexto?
Uma questão importante que deve ser considerada para compreender de forma mais profunda os pensadores
contratualistas é que eles partem de uma visão racional para justificar a existência do Estado, e não têm como
preocupação situar historicamente nem o surgimento do Estado, nem do estado anterior da vida em sociedade.
Assim, podemos dizer que o contratualismo é um princípio filosófico do Estado moderno, e não um tratado
histórico sobre o tema (DALLARI, 2003).
A seguir, veremos algumas correntes de estudo que têm por objetivo explicar o surgimento do Estado, começando
pela corrente histórico indutiva.
Uma maneira de se situar os estudos acerca da origem do Estado é separando-os em duas grandes correntes: a
Histórico Indutiva e a Lógico Dedutiva. Os pensadores que trataram desse fenômeno são alinhados em uma dessas
duas correntes, de acordo com o método utilizado. Vamos conhecer essas duas correntes e seus pensadores
clicando nas abas abaixo:
Histórico Origina-se com Aristóteles, passa por São Tomás de Aquino, Vico, Hegel, Marx e Engels e os
Indutiva chamados filósofos pragmáticos norte-americanos.
Lógico Congrega os contratualistas, como Hobbes e Rousseau, e também Kant (PEREIRA, 1995).
Dedutiva
O que predomina na corrente histórico indutiva é a concepção do Estado como uma continuidade histórica de
algum tipo de agrupamento social anterior, que podem ser tribos, clãs ou territórios estrangeiros conquistados.
Neste contexto, o agrupamento político a que chamamos de Estado surge a partir de demandas da própria
sociedade, que, em um dado contexto histórico, vai se tornando mais complexa, dividida em classes que disputam
a hegemonia do poder.
40
A formação do Estado vista como uma continuação histórica da sociedade.
Fonte: © VectorMine / / Shutterstock.
C TE T
Os Estados europeus surgiram de maneiras diferentes, em momentos históricos distintos. Isso
reforça a ideia de que o Estado é um fenômeno histórico. Para conhecer melhor o assunto, leia
“A construção histórica dos Estados modernos (absolutistas) no mundo ocidental”, de Bruno
Albergaria.
Um exemplo de um autor que define o Estado como uma decorrência histórica da divisão de classes na sociedade é
Engels. Para ele, o Estado surgiu para proteger a propriedade privada e manter o sistema de classes vigente, em
um determinado estágio de desenvolvimento econômico que intensificava as contradições entre as classes
(BRESSER-PEREIRA, 2017; TIBLE, 2014).
A seguir, veremos como se define a corrente de estudo lógico dedutiva.
A perspectiva lógico dedutiva reúne pensadores que não recorrem à história para precisar a origem do Estado, e,
sim, à racionalidade, para formulá-lo como um ente que resulta de um contrato social entre os homens. É
claramente a visão dos autores contratualistas.
De acordo com Pereira (1995), a visão contratualista (que é lógico dedutiva) advoga que o Estado não é produto
histórico da evolução e complexificação da sociedade, mas é a consequência lógica da necessidade de ordem.
Outro pensador que formula a origem do Estado nessa perspectiva lógica é Immanuel Kant, que enxerga no ente
estatal a forma de compatibilizar as liberdades individuais. Ou seja: é pelo contrato social que se formula uma
Constituição civil legítima (um ordenamento jurídico), capaz de harmonizar as liberdades individuais existentes
(GAMBA, 2018).
No diagrama a seguir, apresentamos uma síntese comparativa entre as duas concepções sobre a origem do Estado.
Percebe-se que a primeira foca no Estado como uma continuidade histórica de algum tipo de agrupamento
humano. A segunda, apresenta uma visão racional e desprovida da visão histórica.
41
Comparação entre as duas concepç es sobre a origem do Estado.
Fica claro que as duas visões são antagônicas quanto à origem do Estado, assim como sobre o ordenamento social
que o antecede. Na lógica histórico dedutiva, o Estado é um fato histórico, enquanto na lógica indutiva o Estado é
fruto de um contrato firmado em sociedade.
No próximo tópico de estudo, veremos como se deu a concepção de Estado ao longo da história. Acompanhe!
É preciso atentar que nem sempre a variação ocorre apenas no nome. Ao longo da história, a própria forma de se
conceber a sociedade política e a distribuição do poder também variavam bastante. É o que veremos nas seções a
seguir, começando pelo período antigo.
2.2.1 Antigo
Platão desenvolveu uma das primeiras conceituações sobre o Estado. Conheça mais sobre o pensamento desse
filósofo e também sobre Aristóteles clicando nas abas a seguir:
Platão
Em um de seus diálogos (Polit ia ou República) , ele apresenta o Estado como um organismo no qual todos os
indivíduos são órgãos a desempenhar determinadas funções. A justiça e o Direito seriam os meios pelos quais se
alcançaria a harmonia nas relações tanto do homem para com seu semelhante, como do homem para com o
Estado (CASTRO, 2015).
A defesa de poderes ilimitados para o Estado partia da ideia de que ele tinha como principal finalidade promover o
bem universal para todos. Ou seja, era uma visão absolutista do Estado (PANSIERI; SAMPAR, 2016).
42
Aristóteles
Aristóteles enxergava na polis o local adequado para a plenitude da vida humana. Para ele, as cidades surgem a
partir de famílias; a formação comunitária mais básica decorrente da união de famílias é a aldeia, com um governo
monárquico. Quando várias aldeias se unem, configura-se a cidade, ou Estado (PANSIERI; SAMPAR, 2016).
Inicialmente, a garantia das necessidades vitais dos homens era a principal razão de existir da vida em
comunidade. Já a finalidade da polis seria garantir a vida boa (eudaimonia).
Os dois filósofos posicionavam a política como o centro da vida em comunidade, mas o conceito de Estado como
um ente acima dos indivíduos ou fruto de um pacto entre eles ainda estava muito distante. No próximo subtópicos,
veremos como esse conceito passou a ser tratado a partir do império romano.
2.2.2 omano
No mundo romano, originalmente, o vocábulo imperium estava associado ao poder exercido por um indivíduo
encarregado de governar (BARROS, 2009). O conceito abrangia dois aspectos: o poder de controlar a unidade do
comando militar (imperiummilitae) e a unidade de comando jurídico ( imperiumdomi).
Aos reis, cabia o controle do mperium; o poder era exercido de forma absoluta no interior do território. Mais
adiante, com a instituição da República, verificou-se a distribuição do mperium entre cônsules e pretores, de modo
a evitar a concentração do poder em um único indivíduo. Essa concentração só poderia ocorrer em casos
excepcionais, quando se fazia necessário empossar um ditador.
De qualquer modo, com o tempo a palavra imperium vai se deslocando de poder exercido por um ou
mais indivíduos, em nome do Estado, para um sentido mais amplo, de poder que emana do Estado
Romano e desdobra-se em magistraturas e poderes vários, inclusive aqueles encarregados de governar
territórios e províncias formados com a expansão das conquistas (BARROS, 2009, p.55).
Percebe-se, dessa forma, que no período do Império Romano, a ideia de Estado estava associada ao Estado
absoluto, com a concentração de poderes e funções, que tinham como propósito a conquista de territórios e a
expansão do domínio de um determinado povo. Já no período medieval, essa concepção passou por novas
mudanças, assunto que veremos a seguir.
43
2.2.3 Medie al
A Idade Média foi um período extenso da história da humanidade ocidental, divido em quatro fases. Navegue no
recurso a seguir para conhecê-las.
A primeira corresponde à fase das invasões bárbaras, em que ocorreu o desmantelamento do Império Romano.
Também se caracteriza pela expansão do cristianismo pela Europa. A Alta Idade Média foi marcada pelo
estabelecimento do Império Carolíngio, o desenvolvimento do sistema feudal e a expansão islâmica.
A partir da Idade Média Central, tem-se início o feudalismo, compreendido como uma estrutura econômica social,
política e cultural, baseada na posse da terra, que se expandiu na Europa Ocidental. Nele, havia o predomínio da
vida rural e o comércio era incipiente. Do ponto de vista da organização social, a sociedade feudal baseava-se na
existência de dois grupos sociais: senhores e servos. O trabalho era alicerçado na servidão: os trabalhadores viviam
presos à terra e subordinados a uma série de obrigações em impostos e serviços (FRANCO J NIOR, 2001).
Diversas transformações durante a Baixa Idade Média atingiram a própria essência do feudalismo, que era uma
sociedade fortemente estratificada, fechada, agrária fragmentada politicamente, dominada culturalmente pela
Igreja. Naquele contexto, ainda não havia a formação do Estado, conforme concebido nos dias atuais como ente
que detém o poder político sobre um determinado território.
44
ESCLARECI E T
A palavra Estado existe desde o latim clássico (“modo de ser”), mas era chamada “corpo místico
secular”, por analogia à Igreja (“corpo místico”). Nos fins do século XV ganhou o sentido atual:
corpo político submetido a um governo e a leis comuns (FRANCO J NIOR, 2001).
No feudalismo, ocorria a pulverização do poder. Igreja e Império estavam em choque constante, porque
reivindicavam cada um para si a herança do Império Romano. Mas quem teria vencido essa disputa? Na verdade,
ambos fracassaram, permitindo a emergência de poderes particularistas (feudos e comunas) e nacionalistas
(monarquias).
Com o final da era medieval, deu-se início à era moderna, com uma nova concepção de Estado, conforme veremos
a seguir.
2.2.4 Moderno
Vários fatores podem ser apontados como emblemáticos para permitir a transição do sistema teocrático feudal,
característico da Idade Média, para os Estados Modernos. Algumas descobertas tecnocientíficas foram
determinantes para o surgimento de uma nova forma de pensar(filosofia) e de construir novas normas de conduta
(Direito) para o mundo ocidental (ALBERGARIA, 2012).
A economia agrária (feudal) foi sendo substituída pelo modo de produção capitalista, que requeria uma nova forma
de organização social, que passava pela construção dos Estados. Assim, pode-se afirmar que o Estado moderno
nasceu no norte da Itália, no século XIV, com as cidades-estado, governadas como repúblicas, com o início da
revolução capitalista (BRESSER PEREIRA, 2017). Ele resulta da formação dos estados-nação e da Revolução
Industrial. Na visão de Skinner (1989), o Estado só se torna moderno quando também os governados dele se
distinguem, e o Estado se torna uma “entidade abstrata”, “a autoridade suprema em questões de governo civil”.
A partir desta nova concepção, surgiram alguns pensadores importantes para o entendimento do Estado Moderno,
no próximo tópico, estudaremos os principais.
Nas ilustrações abaixo, demonstramos como o Estado moderno inova na distribuição de poder dentro da
sociedade. O Estado antigo era uma esfera quase absoluta dentro da organização social. Não havia assunto
privado, tratado fora da esfera do poder político, conforme ilustrado na primeira figura. A segunda representa o
arranjo promovido pelo Estado moderno, quando o poder político exercido pelo Estado é apartado da sociedade
(denominada sociedade civil).
45
As esferas de poder do Estado Moderno.
Os filósofos contratualistas foram responsáveis por demarcar a separação entre essas duas esferas, pois colocavam
em oposição uma “sociedade natural” e uma “sociedade civil” que se confundia com o Estado (BRESSER PEREIRA,
2017). Nesse contexto, os pensadores, cada um ao seu modo “desenhou” como teria se dado a passagem da
sociedade natural para o Estado, com base em suas próprias acepções da natureza humana. É o que veremos a
seguir.
Em todas as suas obras, a principal preocupação de Maquiavel é com o Estado a partir da indagação: como fazer
reinar a ordem, como construir um Estado estável? (WEFFORT, 2004). Pondo fim à concepção de que a política
provém da ordem natural das coisas, ele propõe uma nova forma de olhar para os fenômenos: a ordem política
deve ser construída pelos homens para evitar o caos e a barbárie.
Para ele, o poder político tem uma origem mundana, visto que nasce da “malignidade” intrínseca à natureza
humana. A história repete, ciclicamente, as paixões humanas, que, às vezes, são contidas, outras vezes, não. À
anarquia decorrente da natureza, cabem duas respostas: o Principado e a República.
Neste contexto, surge a figura do Príncipe, que não era propriamente um ditador, mas um fundador do Estado
(WEFFORT, 2004). Ele seria fundamental para dar o estado de equilíbrio na sociedade, numa espécie de função
“regeneradora”. Quando, finalmente, a sociedade se encontrar estabilizada, está pronta para fazer a transição para
a República. É importante assinalar que Maquiavel defendia que a política tem uma lógica e uma ética próprias. É
uma espécie de negação do moralismo tradicional, ainda muito moldado pela visão cristã, como na Idade Média.
46
DICA
Entre as passagens mais estudadas e reproduzidas do Príncipe, de Maquiavel, está a que
menciona que “os fins justificam os meios”, assim como a própria noção de “bem” e “mal”
apresentada pelo autor. Existe uma vasta literatura que explora esses conceitos e que busca
interpretar suas principais obras.
A interpretação do real e do concreto, do aqui e do agora, do momento presente, é o único instrumento do qual o
príncipe dispõe para agir. No centro das preocupações está a estabilidade do Estado (WINTER, 2006).
2.3.2 Thomas o es
Thomas Hobbes (1588-1679) é apontado por Bobbio (1991) como o primeiro jusnaturalista moderno. Um dos
pontos principais da sua teoria centra-se na concepção do estado de natureza, que, para ele, não significava
apenas o momento anterior à formação da sociedade e do Estado.
47
Fonte: © eorgioKollidas / / Shutterstock.
Rompendo com a visão aristotélica da natureza gregária dos homens, ele concebe que os seres humanos são
naturalmente belicosos (a guerra de todos contra todos). O estado de natureza seria, portanto, aquele onde há a
ausência do Estado. No estado de natureza, predomina a natureza igual dos homens. A noção de igualdade é um
dos principais pressupostos da teoria hobbesiana. Sem o Estado para mediar os conflitos advindos dessa natureza
belicosa, egoísta, nasceria o temor nos homens, pela sua própria vida.
Para Hobbes, A solução para se restaurar o estado de paz seria a formação de um pacto que, mais uma vez,
colocasse os indivíduos em condição de igualdade, com a submissão de todos os homens a um soberano ou a uma
assembleia (GAMBA, 2018). Surge, assim, o Estado Leviatã, que é um Estado forte, capaz de conter a guerra entre os
homens. A principal função do Estado seria o de garantir a sobrevivência dos indivíduos. Está aí presente em
Hobbes a semente do Estado liberal, que seria aquele em que as funções do ente estatal se voltam para o exercício
do seu poder coercitivo.
48
AFIR A
Em Leviatã, fica explícita essa noção de igualdade na teoria hobbesiana: “[...] a natureza fez os
homens tão iguais, quanto às faculdades do corpo e do espírito [...]”. (HOBBES, T., 1979, p.11).
Hobbes não estava preocupado com o excesso de poder, conforme pontua Bobbio (1991). Ele se preocupava mais
com o problema da escassez do poder, que levaria o arranjo social de volta à anarquia (estado de natureza).
Em sua obra, Dois ratados so re o overno, John Locke faz diversas postulações que o tornam um dos principais
pensadores do Estado moderno. Ele também conceitua o estado de natureza como sendo aquele anterior à
aparição de qualquer poder político (GAMBA, 2018).
49
Fonte: © eorgiosKollidas / / Shutterstock.
• O que levaria os indivíduos a abandonarem esse estado e pactuarem um novo arranjo social, sob a
forma de um Estado
O Estado surgiu a partir da concordância dos homens em formar uma comunidade, fundando o corpo
político, como forma de preservar a propriedade (GAMBA, 2018).
É importante compreender o conceito de propriedade para Locke, que inclui a vida, a liberdade e os bens. Esse
conceito seria a síntese dos direitos naturais, na visão de Bobbio (1991). Só que essa propriedade não seria
ilimitada. Segundo ele, toda apropriação depende da existência de quantidade suficiente para os demais homens e
todo desperdício deve ser condenado (LOCKE, 1991). Quando se trata dessa questão da acumulação, Locke
concebe a possibilidade de uma desigualdade legítima.
50
PAUSA PARA REFLETIR
Desde a origem do Estado Moderno, alguns valores são considerados fundamentais para a vida
em sociedade: igualdade, liberdade, propriedade. Será que nos dias atuais esses mesmos valores
se mantêm?
A seguir, veremos quais foram as teorias criadas por Kant sobre o Estado e a forma como ele se configura.
O pensamento político de Kant funda-se em sua concepção dos homens como seres morais, comandados, a priori,
pela razão. Como um dos representantes do jusnaturalismo, ele faz a distinção entre direitos naturais e os direitos
adquiridos (lei natural x lei positiva) (ANDRADE, 2004).
51
Fonte: © Irina Borsuchenko / / Shutterstock.
Kant concebe o estado de natureza como oposto à sociedade civil. Para ele, originalmente, todos teriam a posse
coletiva de todos os bens. A posse individual dos bens ocorre por um ato da vontade coletiva, que a autoriza.
Sendo assim, o estado de natureza seria instável: nele não há um juiz dotado da força de lei para arbitrar sobre os
conflitos e definir os limites dos direitos de cada indivíduo (ANDRADE, 2004).
O direito público, na sua concepção, seria o mesmo que o direito positivo, vindo do legislador para regular os
negócios privados e as relações entre a autoridade pública e os cidadãos. Há uma convergência entre os conceitos
de sociedade civil e Estado: os indivíduos que se relacionam em conformidade com as leis publicamente instituídas
formam uma sociedade civil (status civilis). E mais: a transição para a sociedade civil se constitui um dever universal
e objetivo, porque deriva de uma ideia a priori da razão. A fundação do Estado não se daria por um motivo de
utilidade, e sim como um imperativo moral.
Dessa maneira, a legitimidade do Estado está justamente na ideia de que ele segue um padrão racional da
sociedade, por isso, para Kant, não importa precisar em que momento essa passagem do estado de natureza para
sociedade civil (Estado) se deu.
52
A seguir, apresentamos uma síntese dos principais elementos que compõem a visão dos autores estudados até o
momento acerca da origem do Estado.
Os quatro autores tinham como preocupação central compreender a origem do Estado e, a partir disso, os limites e
formatos de sua atuação. De uma forma geral, eles concordam que a ausência do Estado (estado de natureza) gera
instabilidade e leva ao conflito.
Mas o que os autores adeptos dessa concepção pensam a respeito da natureza humana, do arranjo social anterior
à formação do Estado e a configuração do poder político? As principais postulações desses autores serão
esboçadas nos subtópicos a seguir.
53
2.4.1 ean acques ousseau
Conheça, clicando a seguir, as principais concepções de Rousseau acerca do estado de natureza e da liberdade.
Estado de natureza
A concepção do estado de natureza de Rousseau é oposta à de Hobbes. Rousseau defende que homem nasce
irrepreensível em sua conduta, honesto, incorruptível, moralmente reto. A divisão do trabalho e a propriedade
privada seriam a causa da sua derrocada moral. O remédio seria o Estado, criado para dirimir as desigualdades e
restaurar a liberdade que havia no estado de natureza. Para Rousseau, o exercício da soberania do Estado é, na
realidade, a soberania do povo. Com essas ideias, ele influenciou, em termos de teoria política, a revolução
francesa.
Ideia de liberdade
A ideia de liberdade de Rousseau é a seguinte: os homens nascem livres, mas é justamente o contrato social que os
aprisiona, então, eles buscam estabelecer a legitimidade do contrato social indicando que, se por um lado, o
indivíduo perde sua liberdade natural, ganha em troca, a liberdade civil. Desse modo, o governo baseado no
contrato social não exclui a liberdade; pelo contrário, reafirma, ao assegurar os direitos civis (RIBEIRO, 2017).
A seguir, veremos quais são as teorias criadas por outro pensador, Hegel.
Hegel foi o primeiro teórico a separar os conceitos de sociedade civil e de Estado político, apesar de já haver alguns
indícios dessa distinção em alguns dos autores contratualistas. Para ele, a sociedade civil é um sistema de
dependências recíprocas onde os indivíduos satisfazem suas necessidades por meio da divisão do trabalho e da
troca. Assim também protegem suas propriedades, suas liberdades e interesses. Em resumo, seria uma esfera dos
interesses privados e econômico-corporativos (BRANDÃO, 2004).
54
O Estado seria a esfera dos interesses públicos e universais, em que as contradições estariam superadas: a marca
distintiva do Estado é essa capacidade de reunificar o corpo social em uma unidade que traz aos indivíduos de
volta a sua verdadeira liberdade. A esfera pré-estatal não seria hipotética, mas historicamente situada.
A grande contribuição de Hegel em relação aos demais contratualistas foi justamente problematizar sobre uma
possível confusão conceitual entre Estado e sociedade civil. Concebendo o stado como uma totalidade orgânica
do povo, e não o somatório das vontades e interesses individuais, ele defende que a formação estatal é a
verdadeira finalidade da sociedade (BRANDÃO, 2004).
Outro pensador que contribuiu para o entendimento moderno de Estado foi Marx, conforme veremos a seguir.
Para compreender a contribuição de Marx para descortinar a origem do Estado e conceituá-lo em toda a sua
complexidade, é necessário seguir a questão norteadora: em sua visão, qual a finalidade do Estado? Nos anos
iniciais da década de 1840, ele definiu os pilares do seu pensamento político na forma de um movimento contra o
Estado (TIBLE, 2014).
Nas mãos da burguesia, o Estado serviria, essencialmente, para a manutenção da propriedade e para preservar os
seus interesses privados. Já nas mãos do proletariado, ele serviria para “ir arrancando gradualmente à burguesia
todo o capital, para centralizar todos os instrumentos de produção nas mãos do Estado, isto é, do proletariado
organizado como classe dominante” (WEFFORT, 2004).
ESCLARECI E T
O fim do Estado está relacionado à ideia de que é um corpo parasita que “controla, regulamenta,
vigia e tutela a sociedade civil”. A sociedade estaria em “estado de dependência absoluta”,
“frente a essa “máquina governamental vasta e complicada” (MARX, 1997 [1852], p. 79-80).
Toda a leitura do Estado feita por Marx se faz pela análise histórica, inclusive sua visão sobre a dissolução dele. A
Comuna seria o que viria depois da dissolução do Estado, criado pelo absolutismo: seria a negação do poder
estatal centralizado, com seus órgãos “onipotentes”, como o Exército permanente, a polícia, a burocracia, o clero,
a magistratura.
Assim como Marx, Engels partiu de uma concepção materialista, ao defender que a produção e reprodução da vida
imediata (tanto dos meios de existência, como do homem mesmo) são fatores decisivos da história.
A noção de Estado, em Engels, em certa medida semelhante ao conceito de Marx, é de que “um dos traços
característicos do Estado é a existência de uma força pública separada da massa do povo” (ENGELS, 2002, p. 139
apud SARTORI, 2016).
Em confronto com Hegel, ele afirma:
55
O Estado não é, pois, de modo algum, um poder que se impôs à sociedade de fora para dentro;
tampouco é a ‘realidade da ideia moral’, nem ‘a imagem e a realidade da razão [...]. É, antes, um
produto da sociedade, quando esta chega a um determinado grau de desenvolvimento; é a confissão
de que essa sociedade se enredou numa irremediável contradição com ela própria e está dividida por
antagonismos irreconciliáveis que não consegue conjurar [...] (ENGELS, 2002, p. 139 apud SARTORI,
2016).
A partir da sua obra “A origem da família, da propriedade privada e do Estado”, infere-se que a civilização é o
estágio da sociedade em que a divisão social do trabalho, a troca entre os indivíduos e produção mercantil atingem
seu pleno desenvolvimento, tendo como seus sustentáculos a propriedade privada dos meios de produção
(propriedade da terra, dos escravos e dos produtos em si), a família monogâmica e o Estado (MARCASSA, 2006).
A seguir, apresentamos uma síntese dos principais elementos que compõem a visão dos demais autores que
conceberam a origem do Estado.
56
Observa-se que os quatro autores atribuem, à origem do Estado, conflitos sociais ligados às classes, até certo
ponto refletindo a disputa entre interesses individuais e coletivos. Em comum, também, está a visão de que a
divisão do trabalho e a propriedade privada de alguma forma estão relacionadas à origem e estruturação do
Estado.
Proposta de atividade
Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu nesse capítulo! Elabore um Mapa Mental, destacando as
principais diferenças entre a visão dos naturalistas e contratualistas sobre o Estado de Natureza. Deverá apresentar
ao menos a visão de quatro dos autores estudados – quatro caixas destacando as principais ideias abordadas ao
longo do capítulo. Ao produzir seu Mapa Mental, considere as leituras básicas e complementares realizadas.
Recapitulando
Observamos ao longo deste capítulo que o conceito de Estado foi sendo reformulado ao longo da história da
sociedade, com a contribuição de diversos pensadores importantes, que associaram ao surgimento do Estado
alguns elementos importantes da vida em sociedade, a partir da sua própria visão sobre a natureza humana. Vimos
que existem duas formas básicas de se separar os autores que versam sobre a origem do Estado Moderno. Uma
delas é que olha para o método utilizado para precisar a origem do Estado, tendo duas principais correntes:
Histórico Indutiva e Lógico Dedutiva. Também pode se dividir os autores em distintas concepções sobre a
formação do ente estatal: naturalistas e contratualistas. Ao final, percebemos que a ideia de que o Estado surge a
partir de um pacto firmado entre os indivíduos é predominante, ainda que as razões que levaram a isso sejam
palco de debates e divergências entre os autores.
Entre a Antiguidade Clássica e o Estado Moderno, houve diversas formas de se organizar a sociedade política, com
a tendência de se concentrar poderes na mão de um soberano.
Uma das reflexões apresentadas é se possível manter a condição de igualdade entre os homens, que haveria no
estado de natureza, após o surgimento do Estado. Para alguns autores, é justamente para isso que nasce o Estado,
como uma garantia dos direitos naturais, como a vida, a propriedade e a liberdade. Outra questão importante é se
esses direitos naturais ainda seriam o alvo de proteção do Estado nos dias atuais. Uma vez que ainda vivenciamos
o modelo do Estado Moderno – mesmo com as especificidades socioeconômicas e políticas do momento atual –
permanecem esses como os direitos fundamentais e, portanto, um dos elementos centrais da existência dos
Estados.
Referências
ALBERGARIA, B. A construção histórica dos Estados modernos (absolutistas) no mundo ocidental. Meritum, Belo
Horizonte, v. 7, n. 1, p. 81-109, jan./jun. 2012. Disponível em: <www.fumec.br/revistas/meritum/article/download
/1201/822>. Acesso em: 19/06/2019.
ANDRADE, R. de C. Kant: a liberdade, o indivíduo e a república. In: WEFFORT, F. C. Os Clássicos da Política. vol. 1.
São Paulo: Ática, 2004.
57
BARROS, J. D’A. Cristianismo e política na Idade Média: as relações entre o papado e o império. Horizonte, Belo
Horizonte, v. 7, n. 15, p. 53-72, dez. 2009.
BOBBIO, N. Thomas Hobbes. Trad.: Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Campus, 1991.
______. Estado, governo, sociedade: para uma teoria geral da política. 11. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2004.
BRESSER-PEREIRA, L. C. Estado, Sociedade Civil e Legitimidade Democrática. Lua Nova, São Paulo, n. 36, 1995.
Disponível em: <www.scielo.br/pdf/ln/n36/a06n36.pdf>. Acesso em: 19/06/2019.
______. Estado, Estado-Nação e formas de intermediação política. Lua Nova, São Paulo, 100: 155-185, 2017.
Disponível em: <www.scielo.br/pdf/ln/n100/1807-0175-ln-100-00155.pdf>. Acesso em: 23/06/2019.
CASTRO, H. L. Platão: a dialética do bem versus o caos da realidade. Revista Eletrônica de Filosofia da ESB, Ano
3, n. 2, jul-dez de 2015. Disponível em: <periodicos2.uesb.br/index.php/filosofando/article/download/2185/1851/>.
Acesso em 17/06/2019.
DALLARI, D. de A. Elementos de teoria geral do estado. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
FLORENZANO, M. Sobre as origens e o desenvolvimento do Estado moderno no Ocidente. Lua Nova, São Paulo, n.
71: 11-39, 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ln/n71/01.pdf. Acesso em: 19 jun. 2019.
FRANCO J NIOR, H. A Idade Média: nascimento do Ocidente. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Brasiliense, 2001.
GONZAGA, A. de A. Direito natural e jusnaturalismo. Tomo Teoria Geral e Filosofia do Direito, Edição 1, Abril de
2017. Disponível em: https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/63/edicao-1/direito-natural-e-jusnaturalismo.
Acesso em: 16/07/2019.
HOBBES, T. Leviatã ou Matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e civil. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural
(Os Pensadores), 1979.
LOCKE, J. Segundo Tratado do Governo. São Paulo: Nova Cultural (Os Pensadores), 1991.
LOCKE, J. Dois tratados sobre o governo civil. São Paulo, Martins Fontes, 2001.
MARCASSA, L. A origem da família, da propriedade privada e do Estado – Friedrich Engels. Revista de Educação, v.
9, n.9. São Paulo: Kroton Educacional, 2006. Disponível em: <revista.pgsskroton.com.br/index.php/educ/article
/view/2178/2074>. Acesso em: 23/06/2019.
NASCIMENTO, M. M. do. Rousseau: da servidão à liberdade. n: WEFFORT, F. C. Os clássicos da Política. vol. 1. 13. ed.
São Paulo: Ática, 2000.
PANSIERI, F.; SAMPAR, R. Direito e Filosofia Política em Platão e Aristóteles. Revista de Teorias e Filosofias do
Estado, Minas Gerais, v. 2, n.2, p. 1160-1181, jul-dez, 2016. Disponível em: <indexlaw.org/index.php
/revistateoriasfilosofias/article/download/1245/pdf>. Acesso em: 23/06/2019.
PLATÃO. A república. Trad. Enrico Corvisieri. São Paulo: Best Seller, 2002.
RIBEIRO, J. S. da P. Os Contratualistas em questão: Hobbes, Locke e Rousseau. Prisma ur., São Paulo, v. 16, n. 1,
p. 3-24, 2017. Disponível em: <www.redalyc.org/pdf/934/93453803002.pdf>. Acesso em: 23/06/2019.
58
ROUSSEAU, J. J. O contrato social. Trad. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
SARTORI, Vitor Bartoletti. Friedrich Engels e o duplo aspecto da igualdade. Rev. Fac. Direito FMG, Belo Horizonte,
n. 68, pp. 707-755, jan./jun. 2016. Disponível em: <www.mpsp.mp.br/portal/page/portal
/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_produtos/bibli_informativo/bibli_inf_2006/Rev-FD-
UFMG_68.25.pdf>. Acesso em: 23/06/2019.
SKINNER, Q. The State. In: BALL, T.; FARR, J.; HANSON, R. L. Political innovation and conceptual chance.
Cambridge: Cambridge University Press, 1989.
TIBLE, J. Marx contra o Estado. Revista Brasileira de Ciência Política, n. 13. Brasília, janeiro-abril de 2014, pp. 53-
87. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/rbcpol/n13/a03n13.pdf>. Acesso em: 23/06/2019.
WINTER, L. M. A concepção de Estado e de poder político em Maquiavel. Tempo da Ciência, (13) 25: 117-128, 2006.
Disponível em: <http://e-revista.unioeste.br/index.php/tempodaciencia/article/download/1532/1250>. Acesso em:
23/06/2019.
59