ZONAS DE SACRIFÍCIO CRIADAS PELO AVANÇO DAS

FRONTEIRAS PRODUTIVAS DO CAPITAL: INJUSTIÇA

AMBIENTAL EM COMUNIDADES TRADICIONAIS DO
CEARÁ

Encontros Universitários da UFC 2018

XXXVII Encontro de Iniciação Científica

Lucas Leonaldo Santana Debavelaere, ANDRÉA MACHADO CAMURÇA, SAULO DA SILVA

DIÓGENES, Saulo da Silva Diogenes

Em contexto de reestruturação produtiva, visando a expansão dos grandes

empreendimentos, o capital expande fronteiras de acumulação capitalista,
articulando-se ao Estado, em busca de vantagens comparativas para manter
competitividade no mercado mundializado das commodities. Assim, são criadas
zonas de sacrifício, onde populações tradicionais e em processos de
vulnerabilização são as mais atingidas pelos riscos/ impactos socioambientais.
Objetivo: discutir como as comunidades têm sido atingidas pelo agronegócio no
Baixo Jaguaribe e pela implantação de empreendimento eólico em Itarema.
Método: pesquisa bibliográfica para contextualização dos conflitos e observação
participante em pesquisa de campo, acompanhando de perto as duas realidades
estudadas. Dos resultados, verifica-se privatização dos territórios e dos modos de
viver comunitário; violência psíquica, tentativa de cessar as falas e de
criminalização das lideranças; comprometimento da soberania alimentar ao limitar
o acesso a riquezas naturais e a processos produtivos tradicionais que
alimentavam a comunidade; assédio e exploração sexual; aumento do número de
gravidez (inclusive de adolescentes) e de agravos a saúde como aumento de
doenças sexualmente transmissíveis. Destacam-se diferenças nos riscos
socioambientais: no caso dos empreendimentos eólicos, há impermeabilização do
solo, perenização de dunas e ruído de turbinas eólicas; causando,
respectivamente, alterações na dinâmica das águas subterrâneas, na dos
sedimentos (não apenas localmente) e nos comportamentos de animais e na
saúde humana. No agronegócio, os agrotóxicos contaminam/ alteram
ecossistemas e provocam doenças, como cânceres, malformações e puberdade
precoce. As conclusões estão a indicar que os dois territórios são zonas de
sacrifício desse modelo de desenvolvimento do capital, que os impactos, custos e
riscos socioambientais desses processos produtivos recaem sobre os mais
despossuídos e/ou em situação de vulnerabilidades.

Palavras-chave: Impactos socioambientais. Agronegócio. Empreendimentos

eólicos. Zonas de sacrifício.

Encontros Universitários da UFC, Fortaleza, v. 3, 2018 2023