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PROJETO ITA PARA TODOS

HOUSTON, WE
HAVE PROBLEMS
HERE
TEORIA E MAIS 90 QUESTÕES RESOVILDAS
SOBRE GRAVITAÇÃO UNIVERSAL

Por Miguel Angelo Sampaio

2016-a

LIVRO GRATUITO -PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO


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1 PREFÁCIO E MOTIVAÇÂO

O Instituto Tecnológico de Aeronáutica é a escola de engenharia da Força Aérea Brasileira. Conhecido


nacional e internacionalmente pela qualidade do ensino de engenharia. Também é conhecido pelo seu
concurso de admissão que tem a fama de ser bastante difícil. De fato é pelos seguintes motivos:
conteúdo de matérias bastante extenso, questões de nível de dificuldade elevado, trinta questões por
prova de cada matéria, apenas quatro horas para resolvê-las. As questões cobradas nas provas exigem
bastante conhecimento dos assuntos, maturidade matemática e agilidade e raciocínio rápido. Monta-se
aí um cenário complicado para um aluno de escolas públicas brasileiras, cujo ensino está aquém do
necessário para que este aluno de escola pública tenha condições de competir com os cerca de 8 mil
candidatos (média) que todos os anos concorrem a uma vaga no ITA.

Sendo o ITA, um instituição pública federal, seu acesso é gratuito e para todos os brasileiros que
desejarem desde que esteja na lista de classificados do concurso. Vemos então que este acesso não é
tão livre assim. Alunos com poucos recursos financeiros para pagar cursos preparatórios específicos e
com boas escolas saem em desvantagem com relação a alunos que puderam ter boas escolas e acesso à
material e professores capacitados para a prova do ITA. Há casos de alunos que moram em cidades
pequenas ou cidades muito distantes dos grandes centros e que também não tem acesso a uma
educação de alto nível que os prepare para o vestibular do ITA.

Dessa forma, temos muitos alunos de pouco poder financeiro que apesar de sonhar em estudar no ITA,
se esbarram na dificuldade de preparação de forma adequada. Nesse contexto, o ITA não chega a ter
em suas salas alunos de regiões mais pobres do Brasil ou alunos menos privilegiados financeiramente.
Entendo que independente da situação financeira ou região de origens, há alunos muito bons
espalhados pelo Brasil, um mar de talentos que muitas vezes não têm oportunidade de ter acesso a uma
boa educação e poder melhorar a sua vida e de sua família. O Brasil também perde ao desperdiçar
esses talentos escondidos no anonimato das dificuldades da vida.
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Vendo essa necessidade de acesso a bons materiais de estudo, há alguns anos, por volta de 2010, eu
criei um canal com vídeo-aulas no Youtube, chamado Estuda Emanuel. Esse canal surgiu de um pedido
de um dos meus primos, (Emanuel) de uma ajuda para estudar para o vestibular do ITA. Como eu estava
no sudeste do Brasil e ele em Santarém, Pará, a melhor forma seria fazer vídeos com resoluções. Alguns
vestibulandos viram os vídeos e acharam bons e com isso pediram para que fossem compartilhados e
que mais vídeos foram produzidos. Foi então que cheguei a mais de centenas de vídeos com resoluções
de questões do ITA nas matérias de Física, Química e Matemática.

Apesar do sucesso do canal, vi que as pessoas tinham dificuldades de acompanhar as resoluções por
falta de embasamento teórico. Isso era causa de desmotivação e muitas vezes desistências de alunos
que não possuíam boa estrutura de ensino. Entendi que precisava ajudar ensinando a teoria para que
pudessem compreender as resoluções. Foi então que criei um site chamado Projeto ITA Para Todos,
onde lá se concentravam os links para todas as vídeo aulas de teoria e de resolução de exercícios. Nesse
site, há matérias completas como teoria explicada e com exercícios. Atualmente não consegui cobrir
todos os conteúdos programáticos do ITA por falta de tempo. Esse é um trabalho pesado e que consome
muito tempo.

Tudo isso é feito de forma gratuita e não cobro nenhum centavo pelas vídeo aulas e nem outro tipo de
apoio. Não há motivação financeira, não propaganda envolvida. Apenas o desejo de ajudar, de
compartilhar o conhecimento e poder ajudar as pessoas melhorarem de vida.

Entendo que é muito triste estudarmos muito, aprendermos bastante para depois levarmos tudo isso
para o túmulo sem compartilhar, sem cooperar com a melhoria da sociedade, sem colocar nossos tijolos
no muro. Esse trabalho é o retorno do que tenho recebido de bom dado pela vida e espero
sinceramente que isso crie uma corrente do bem e que mais e mais pessoas se inspirem em ajudar, em
compartilhar e correr juntos.

Muito desse trabalho vem de uma promessa de juventude. Eu sou natural de Santarém, uma cidade
com muitas belezas naturais, no oeste do Pará. Igual a muitos alunos que há por aí eu sonhei em estudar
no ITA e me dedicar à Engenharia Eletrônica (uma de minhas paixões), porém eu não tinha condições
financeiras de fazer um curso preparatório e ou comprar livros e apostilas adequadas para o ITA. Além
disso, não tinha orientação necessária que pudesse me ajudar a me preparar. Tive que estudar sozinho
em casa e nas bibliotecas públicas de Santarém, garimpando tudo que era material. Por sorte, os livros
didáticos das décadas de 60 e 70 eram livros muito bons e tinham em abundância na biblioteca
municipal de Santarém, e esses livros foram de grande ajuda. Fiz o vestibular do ITA por três vezes e em
2002 eu fui aprovado após muito esforço, disciplina e sacrifício. Durante esse meu tempo de luta eu
soube o que é não ter armas para lutar e nesse período prometi que se eu tivesse sucesso faria tudo que
estivesse ao meu alcance para ajudar quem está na mesmo situação na qual estive.
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Agora eu apresento este livro na qual dediquei muitos dias na sua preparação, tentando ser o mais
didático, mais claro e detalhado possível, usando uma linguagem mais acessível e mais leve. A ideia é
poder dar acesso aos alunos menos favorecidos, acesso à materiais de estudo que estão em livros e
apostilas de cursinhos caros.

Apesar de ser voltado aos alunos mais humildes, esse livro é feito para todos que se interessam por
ciência e tecnologia, sejam ricos ou pobres.

Para acessar o site: https://sites.google.com/site/itaparatodos/home

Para acessar o canal Estuda Emanuel: https://www.youtube.com/watch?v=nx5Ixykg0KQ


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2 OBSERVAÇÕES IMPORTANTES

Este livro é focado em gravitação universal e outros assuntos relacionados a ciência e tecnologia
espacial. Buscamos resolver todas as questões do vestibular do ITA desde 1965, totalizando mais de 50
anos de provas. Todas as questões tem resolução detalhada, com explicações das principais ideias e
técnicas usadas para resolver as questões. Questões adicionais foram incluídas, algumas delas foram
criadas por mim, outras foram baseadas em livros de engenharia e de física básica. O objetivo é ter
questões diferentes que estimulem os mais diferentes pontos de vista, combinando conhecimento do
assunto, prática matemática e elo com aspectos práticos e tecnológicos.

Procurei fazer diferente dos demais livros que já vi. Inclui nos primeiro capítulos informações sobre a
astronomia, astrofísica e a evolução da ciência e da engenharia. O propósito é fazer o leitor perceber a
importância do estudo do espaço e mostrar que as ciências espaciais estão mais próximas do nosso
cotidiano do que pensamos. Esse ideal foi adquirido após minha participação em um dos cursos da
International Space University, ISU, mais precisamente o Southern Hemisphere Summer Space
Programa 2013, que aconteceu na University of South Australia, em Adelaide, Austrália. Lá aprendi a
importância do chamado Space Awareness e compreendi que o espaço sideral é um recurso natural
valioso, limitado e que a humanidade está poluindo de forma descontrolada.

Como esse é um trabalho solitário, apesar das diversas revisões no texto que foram feitas, pode haver
falhas, inconsistências que passaram pelo meu crivo. Por isso, peço que me ajudem a melhorar o texto
para a nova versão que deve sair logo após cada vestibular do ITA para contemplar novas questões de
gravitação. Estou aberto às críticas construtivas, comentários sinceros e tudo que possa agregar para
melhoria do livro. Deixo o meu contato para comunicação comigo e tão logo eu tenha disponibilidade,
terei maior prazer em responder.

Este material destina-se a ser gratuito, portanto, autorizo a cópia, impressão, divulgação,
compartilhamento em sites, em grupos, redes socais, emails, desde que não seja para fins comerciais.
Proíbo o uso do mesmo como mercadoria de comercialização. Qualquer ação gratuita é valida e
autorizada.

Para contato: projetoitaparatodos@gmail.com


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3 INSTRUÇÕES DE USO

Este livro contém a resolução de muitos problemas do ITA. Portanto, requerem conhecimentos básicos
de Física. Tentei revisar o que pude, dosando para não criar um livro extenso demais. Se você não tem
muita prática em conceitos básicos de física, recomendo fortemente que primeiro se exercite bem com
problemas de livros de ensino médio de forma que você possa ter mais clareza e entendimento dos
assuntos.

Este livro é para ser um complemento/aprofundamento aos seus estudos, te ajudando a entender
resoluções de questões complexas. Não o use ainda não estiver seguro o suficiente em técnicas
algébricas, como fatoração, radiciação, simplificação, resolução de equações de primeiro e segundo
grau, funções algébricas, geometria plana, geometria espacial, operações com vetores, leis de Newton e
princípios de dinâmica.

Procurei mesclar assuntos como Geometria Analítica, Eletricidade, Teoria dos Gases entre outros. Em
novas edições do livro, pretendo trazer mais problemas desafiadores e interessantes. Por isso, o use
como complemento final e aprofundamento.

Muito importante é você tentar fazer as questões sozinhas, sem olhar as resoluções de primeira. É
errando que se aprende. Ao tentar resolver por si só, você irá criar novas conexões cerebrais ligadas ao
assunto e quanto mais você forçar suas ideias, mais fácil fixará quando errar e olhar a resolução. Nada
que vem fácil agrega demais ao indivíduo. Assim, se você já for olhar de primeira a resolução
dificilmente aquilo vai te marcar. Então para cada questão, tente resolver sozinho ou em grupo.

Outra dica: dê um descanso para seu corpo e mente. Uma pessoa exausta não renderá tanto quanto
uma pessoa descansada. Por isso, não passe longas horas de estudo sem uma pausa para espairecer e
renovar as forças.

Sempre que puder ensine o que sabe. Você vai ver que poderá aprender muito mais e solidificará seus
conhecimentos ainda mais.

Não menospreze os outros, sempre temos o que aprender com qualquer pessoa. Humildade é
sabedoria.

O caminho não é fácil, muitos obstáculos vão surgir e tudo irá te fazer concluir que desistir é a melhor
solução e nem sempre é. Caiu? Levante-se e continue.
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4 INTRODUÇÃO

A conquista do espaço representou não só um grande avanço científico, mas também tecnológico,
permitindo que a realização de muitos serviços que hoje tornam a vida na Terra mais prática e
confortável. À primeira vista, as atividades espaciais não tem nenhuma relação com o cotidiano aqui no
solo, mas estão mais próximas que pensamos. A seguir temos alguns exemplos de como o distante
espaço sideral nos ajuda a viver melhor.

4.1 O avanço nas Telecomunicações

As telecomunicações tiveram um salto gigantesco com as tecnologias espaciais. Os telefones que se


conectavam por longos e ineficientes fios de cobre, hoje podem ligar qualquer dois pontos do globo, em
tempo real através de links (ligações) de satélite. As grandes distâncias intercontinentais são superadas
através de “pontes” que se localizam no espaço viabilizado por satélites dedicados às telecomunicações.
Não só para comunicação por voz, mas a internet teve tanto avanço na velocidade quanto na
capacidade de transferência de dados.

O satélite realiza a retransmissão de sinais entre África e Europa, como exemplo que viabiliza a comunicação entre várias partes
do mundo. Imagem da ESA

Os serviços de telecomunicações são negócios muito lucrativos e dependem sensivelmente do uso de


satélites. A distribuição de sinais de TV por assinatura geram centenas milhões de dólares por ano, no
mundo todo. Essa distribuição em larga escala é chamada de broadcast. Além disso, eventos esportivos
podem ser assistidos em tempo real no mundo todo graças aos satélites de comunicações que orbitam a
Terra.

NOTA IMPORTANTE: no dia do jogo Alemanha 7 x 1 Brasil pela Copa do Mundo FIFA de 2014 eu rezei
para tudo que é santo para o satélites ficarem fora do ar por duas horas...
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A Telemedicina e a Tele-educação já são realidades em muitos lugares, onde profissionais da saúde


podem prestar apoio médico a comunidades distantes, bem como professores podem levar o
conhecimento a lugares remotos.

Transações bancárias também são altamente dependentes da comunicação em rede e por isso também
dependem do uso de satélites.

4.2 Sensoriamento Remoto

Sensoriamento Remoto é uma técnica para obter informações sobre determinada região na superfície
da Terra através de imageamento ou medições de grandezas de interesse. Um exemplo de
sensoriamento remoto são as medições da atmosfera, que permite tanto a previsão do tempo de forma
mais precisa quanto um melhor entendimento das mudanças atmosféricas que afetam o clima.

Imagem de Satélite mostra uma tempestade se formando na região de Boston. Imagem da NASA

O sensoriamento remoto é basicamente realizado por satélites de órbitas baixas, Isto é, baixas altitudes,
dotados de câmeras e sensores. Assim, podem fazer registros fotográficos ou aquisições de medidas das
regiões pelas quais ele percorre durante suas revoluções em torno da Terra.

Esta técnica ajuda a planejar lavouras para aumentar sua produtividade, prever enchentes e secas,
melhorar projetos de rodovias e áreas urbanas, desmatamento, monitorar fluxos migratórios de
animais, identificar pontos críticos para incêndios florestais.
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Imagens de satélite mostram o impacto do desmatamento em um período de 22 anos, em Marabá, Pará. Depois o planeta fica
um inferno de quente e ainda vão perguntar o porquê. Imagem da Landsat/INPE

Região de plantação de café em Minas Gerais. As imagens auxiliam os agricultores no planejamento de lavouras e melhor uso
das áreas. Imagem Google Earth http://www.dsr.inpe.br/laf/cafesat/artigos/TecnologiaInformacaoCafeMG.pdf

O sensoriamento remoto também pode ser usado para fins militares como espionagem. Muitos dos
satélites que estão em órbita fazem observações sigilosas utilizando-se de câmeras de alta resolução.
Nada escapa aos olhos do céu.
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Satélite de sensoriamento remoto da NASA/ESA. À medida que ele vai passando, suas câmeras e sensores captam e mendem
dados da superfície da Terra. Imagem ESA

4.3 Localização e Resgates

A navegação fluvial, marítima e aérea sofreu um grande impacto positivo com as aplicações de satélites
em serviços de localização e orientação. Antigamente, nos tempos dos navegadores portugueses e
espanhóis, as rotas dos navios eram determinadas através de observações de estrelas que
aparentemente se mantinha fixas no firmamento. Um dos instrumentos usados para esse fim era
chamado de astrolábio. Como referência, usava-se a Estrela Polar da Constelação Ursa Maior. Essa
estrela pode ser vista do Hemisfério Norte.

Os navegadores mediam o ângulo de posicionamento da Estrela Polar me relação ao navio e com isso estimavam sua
localização
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O uso de satélites fornece a infraestrutura necessária para se criar o GNSS, Global Navigation Satellite
System, na qual os receptores desses satélites realizam cálculos e determinam com boa precisão a sua
localização.

Um dos serviços GNSS mais conhecidos é o GPS, desenvolvido para aplicações militares pelo
Departamento de Defesa americano. O GPS é um sistema que é disponibilizado pelo governo dos EUA
para uso civil e militar ao redor do mundo. Obviamente que a precisão do serviço GPS liberado é bem
mais baixa que a precisão do GPS usado pelas Forças Armadas americanas. Diz-se que quando
aconteceram os atentando contra o World Trade Center em Nova York, o sinal de GPS foi “cortado” no
mundo todo temporariamente.

GPS significa Global Positioning System e conta com uma constelação de satélites com órbitas definidas.
Eles mandam continuamente sinais para os receptores GPS de veículos e celulares e assim, estes com
base no tempo podem determinar a localização na superfície terrestre. Vale citar que o
desenvolvimento de sistemas como o GPS permitiu que buscas e salvamentos pudessem ser realizados
com mais eficiência e sucesso. Há um sistema global voltado para atendimento de emergência em casos
de naufrágios e quedas de aeronaves..

No entanto, o GPS não é o único sistema de localização existente. O sistema GLONASS foi desenvolvido
pela Rússia. O sistema Galileo segue o mesmo conceito, porém desenvolvido por um consórcio de países
europeus. A Índia está desenvolvendo seu próprio sistema de localização. As motivações iniciais para os
GNSS é militar, na qual um nação não quer ficar dependente de outras para operar suas unidades e
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veículos militares. Com a abertura desse serviço para o mercado civil, vislumbrou-se um negócio
extremamente lucrativo.

Quando você pega um receptor de GPS desses de carro ou usa o do seu celular e tenta se localizar, você
está na verdade recebendo sinais de pelo menos 3 dos satélites do GPS. Eles mandam um sinal com um
o horário de envio desse sinal. O receptor decodifica esse horário e compara com o horário que ele
recebeu, então ele consegue fazer as contas de qual a sua distância ao satélite visto que o sinal de GPS é
uma onda eletromagnética e por isso se move com velocidade constante c. Para que você possa se
localizar você precisa de pelo menos visão de três satélites. Por isso que em dias nublados o GPS fica
impreciso devido às nuvens de que enfraquecem o sinal que vem do espaço.

4.4 Foguetes Lançadores

Para viabilizar todos esses serviços, os satélites devem ser colocados em órbita e para isso existem os
veículos lançadores. Basicamente são foguetes que podem deslocar grande quantidade de massa até
determinada altitude e com a velocidade necessária para manter tais massas em órbita.

Os foguetes inicialmente eram projetos governamentais, pois se entende que foguetes espaciais podem
ser transformados em armas. Com o tempo, a visão que se tem sobre os foguetes e sua popularização
levaram à abordar esses veículos como um lucrativo negócio. As atividades de lançadores no Brasil são
gerenciadas pela Força Aérea.

Veículo Lançador de Satélites, VLS, desenvolvido pelo Brasil, com supervisão da Força Aérea Brasileira.
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Os foguetes podem transportar tanto equipamentos quanto pessoas. No caso de equipamentos, estes
são chamados de Carga Útil. Essas missões podem ser tripuladas ou não. Atualmente, o serviço de
lançamento de cargas úteis é um negócio bastante lucrativo, pois vem aumentando o interesse e
necessidade dos países por atividades em telecomunicações ou sensoriamento remoto. Como poucos
países no mundo detém a tecnologia de lançadores, constituindo assim um seleto clube. Os
rendimentos com lançamentos comerciais vêm sendo cada vez mais justificáveis. Isso é tanto verdade
que a NASA contrata empresas para realizar transporte de cargas para Estação Espacial Internacional.
Uma das empresas de maior destaque é a SpaceX.

As missões tripuladas são mais complexas e caras visto que os lançadores devem possuir módulos para
tripulação trabalhar de forma segura e confortável. As missões tripuladas inicialmente tinha caráter
científico, tecnológico e militar. Com o barateamento da tecnologia e maior interesse do público por
viagens espaciais, o turismo espacial vem crescendo anualmente. Assim, não se restringiu aos voos dos
ônibus espaciais da NASA.

As primeiras missões tripuladas eram feitas em foguetes que eram inutilizados durante o lançamento
devido aos métodos de estágios de combustível. Os estágios eram descartados assim que o combustível
terminasse em seus tanques. O retorno da tripulação se dava em módulos pequenos, como no caso das
missões Apollo da NASA. Para diminuir os custos das missões, a NASA criou o conceito de ônibus
espaciais, no qual a tripulação regressava em pousos similares ao de uma aeronave, evitam o descarte
de material e reutilizando o veículo para novas missões.

Acidentes fatais ocorreram com os Ônibus Espaciais e esses tristes eventos levaram ao cancelameno do
uso dos mesmos.
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5 DA ANTIGUIDADE ÀS ONDAS GRAVITACIONAIS


5.1 Antiguidade

Olhar para o céu estrelado é uma atividade realizada pelo homem desde os tempos mais primórdios.
Realmente observar um céu estrelado causa diversos sentimentos e sensações. Tem gente para tudo.
Seja você sensível ou não, saiba que muitos indivíduos elaboraram muitos questionamentos filosóficos e
científicos devido à observação do firmamento. Também, muitos casais já se “coisaram” (entendimento
livre) inspirados pelas belas noites de luar. Poetas escreverem versos e mocinhas suspiraram... A
influência do espaço é tamanha que até mesmo religiões e crenças se basearam nos astros, como a
astrologia e a mitologia.

Você já parou para pensar por que a nossa galáxia se chama Via Láctea? Via Láctea é um termo do latim,
que os antigos romanos emprestaram dos gregos, que significa Caminho do Leite, vindo de Galaxias
Kyklos, ou ciclo do leite. Devido à iluminação das cidades, o céu não é visto da mesma forma vista pelos
nos ancestrais distantes. Se você for para algum sítio bem afastado, poderá ver que as estrelas foram
um caminho como uma faixa branca, que é a razão pela qual se nomeou nossa galáxia.

Outros povos da Antiguidade como árabes, chineses, romanos observaram os astros em buscas de
respostas para seus questionamentos existenciais, ou para entendimento da Natureza. Por exemplo, o
fenômeno da maré é causado pela atração gravitacional que a Lua exerce sobre as águas. A observação
das marés e fases da Lua levou a essa conclusão servindo bastante para o homem do mundo antigo.

Os cometas e eclipses eram encarados muitas vezes como manifestações divinas. E tal foi interesse que
muitos desses homens antigos começaram a estudar a dinâmica celeste. Até hoje, muita gente chama
os meteoros e meteoritos de estrela cadentes e fazem pedidos quando avistam uma delas riscando o
céu. Nesse interesse, surgiu a Astronomia (não confundir com astrologia), ciência que objetiva o estudo
dos astros, seus comportamentos e características.
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A Grécia teve alguns estudiosos de renome e que contribuíram muito para desenvolvimento da ciência.
Vamos ver alguns deles...

Tales de Mileto (624 - 546 a.C.) a partir de suas viagens ao Egito introduziu na Grécia os fundamentos
da geometria e da astronomia. Defendeu que a Terra era um disco plano em uma vasta extensão de
água. Eu te entendo Tales, eu também pensaria isso...

Pitágoras de Samos (572 - 497 a.C.) já foi mais arrojado pois acreditava na esfericidade da Terra, da Lua
e de outros corpos celestes, afinal ele criou o Teorema de Pitágoras. Porém vacilou ao crer que os
planetas, o Sol, e a Lua eram transportados por esferas separadas da que carregava as estrelas. A
expressão cosmos para o céu foi criada por ele.

Aristóteles de Estagira (384-322 a.C.) já foi mais além, trazendo novidades para o contexto astronômico
explicando que as fases da Lua dependem da faces iluminadas pelo Sol. Explicou como os eclipses
funcionam. Juntou-se a Pitágoras a favor da esfericidade da Terra, pois a sombra da Terra na Lua
durante um eclipse lunar é sempre redonda. Afirmava que o Universo é esférico e finito.
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Heraclides de Pontus (388-315 a.C.) explicou a rotação da Terra sobre seu próprio eixo, que Vênus e
Mercúrio orbitam o Sol.

Aristarco de Samos (310-230 a.C.) foi um visionário propondo que a Terra se movia em volta do Sol,
antes de Copérnico. Entre outras coisas, criou uma metodologia para determinar as distâncias relativas
do Sol e da Lua à Terra. Realizou medidas indiretas dos tamanhos relativos da Terra, do Sol e da Lua.
Sinistro!

Eratóstenes de Cirênia (276-194 a.C.), bibliotecário e diretor da Biblioteca Alexandrina de 240 a.C. a
194 a.C., foi o primeiro a medir o diâmetro da Terra, afinal, acho que ele tinha tempo na biblioteca para
isso. Mas como ele fez isso?

Era sabido que na cidade de Siena no Egito, no inicio do verão, ao meio-dia a luz do sol atingia o fundo
de um poço. Isso é importante como referencia que o Sol estaria na vertical perpendicular à Terra.
Como ele garoto crescido nas quebradas de Alexandria, ele sabia que o mesmo não acontecia com os
poços em sua cidade. Então, resolveu medir a sombra de uma haste no solo para ver qual inclinação
havia, e foi 7°. Com isso ele determinava o ângulo entre Alexandria e Siena, que se distanciavam em
5000 estádios (unidade de medida na Grécia). Esse valor foi obtido da viagem de camelo entre às duas
cidade e sabendo que um camelo em média anda 100 estádios por dia. Os 7° medidos correspondem a
1/50 de uma circunferência, assim, e a circunferência da Terra deveria medir 50x5000 estádios. Sendo
que uma circunferência é C= 2πR, o raio era determinado como aproximadamente 40000, já que um
estádio corresponderia a 1/6 km. Muito safo!

Hiparco de Nicéia (c.190-c.120 a.C.), considerado o maior astrônomo da era pré-cristã, e com um
observatório na ilha de Rodes, compilou a posição no céu e a magnitude de 850 estrelas. Fez diversas
medidas sobre a mecânica na Terra

Ptolomeu (85 d.C. - 165 d.C.) (Claudius Ptolemaeus) foi autor de uma série de treze volumes sobre
astronomia, conhecida como o Almagesto, a obra de referencia em astronomia grega.

Para entender quão geniais eram estes astrônomos é só se ligar no fato de que eles não tinham
telescópios, medidores precisos de tempo e nem outros instrumentos. Era tudo na raça e na
inteligência. Realmente admirável.

Há outros povos que desenvolveram a astronomia como no oriente médio, principalmente na Babilônia,
que é mais ou menos a região que hoje é o Iraque. Porém, ainda não havia uma clara separação entre
religião e ciência.

Você já se perguntou por que um minuto tem 60 segundos? Se já e não tem resposta, lá vai...
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A escrita na Babilônia começava com o 1, escrito sobre pedra usando o símbolo , já o 10 era feito ao
pressionar inclinado ( ). Combinações destas duas marcas eram usadas até 59, voltando ao inicio
quando se chegava ao 60. Só muito mais para frente que se inventou o 0, porém a falta do zero permitia
que os babilônicos pudessem fazer cálculos elaborados com facilidade. Essa galera não era boba não...

Dessa maneira, a divisão de horas vem da notação babilônica que ia até 60.

Os babilônios, além de documentar fenômenos astronômicos, iniciaram a criação do calendário, ao


dividir o tempo baseado em fases da Lua. Sendo que cada fase dura sete dias, então surgiram as
semanas. Para nomear os dias, eles homenagearam as divindades por eles adoradas. Vejam abaixo:

MESOPOTÂMIA INGLÊS ALEMÃO ITALIANO FRANCÊS ESPANHOL


Dia da Lua Monday (Moon Montag (Mon Lunedi Lunedi Lunes
Day) =Lua)
Dia de Marte Tuesday Dienstag Martedi Mardi Martes
Dia de Mercúrio Wednesday Mittwoch Mercoledi Mercredí Miércoles
Dia de Júpiter Thursday Donnerstag Giovedi Jeudi Jueves
Dia de Vênus Friday Freitag Vernedi Vendredi Viernes
Dia de Saturno Saturday Samstag Sabato Samedi Sábado
(Saturn Day)
Dia do Sol Sunday (Sun Sontag Domenica Dimanche Domingo
Day) (Son=Sol)

5.2 Idade Média

A Idade Média é conhecida como Período das Trevas, onde o conhecimento e o desenvolvimento
científico ficaram estagnados na Europa. Conceitos religiosos da Igreja Católica assombravam os
estudiosos que queriam divulgar ideias contrárias a fé cristã. Os pensadores da natureza realizavam
estudos em sigilo. Diferentemente da Europa, o mundo árabe se tornou culto, absorvendo muito do
conhecimento grego e desenvolvendo a ciência no Oriente Médio. O progresso da matemática, da
química e astronomia evoluiu bastante com árabes, tendo muitos estudiosos com obras traduzidas do
árabe para o latim.

Com a chegada do Renascimento tudo mudou na Europa. O pessoal procurou saber mais sobre a
natureza, sendo que a astronomia virou uma das sete artes liberais, bastante comuns no Studium
Generale, ou que seria chamado no futuro de Universidade. Adotou-se o modelo geocêntrico grego,
onde se acreditava que a Terra era o centro do Universo e tudo girava ao seu redor. Sabe nada
inocente...
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Um polonês chamado Nicolau Copérnico, chegou um dia em uma praça da Europa e disse “ Está tudo
errado nessa bagaça, vamo parar com essa historia de Terra no Centro”. Claro que não foi assim, isso foi
só uma tentativa de ser engraçadinho da minha parte, que eu acho que não foi, e se não foi pelo menos
dá uma risadinha aí para fortalecer a amizade. Ok. Vamos continuar. O Copérnico propôs um modelo
diferente, chamado heliocêntrico, no qual o Sol estaria no centro e a Terra orbitando. Isso causou um
rebu dos diabos, pois quebrava anos e anos de crença em uma teoria errada.

Sistema Heliocêntrico bolado por Copérnico, onde o Sol figura no centro.

Mais tarde, Galileu Galilei e Johannes Kepler vieram a confirmar com dados e complementar as ideias
de Copérnico. Os dois se aprofundaram em observar e criar métodos e teorias que explicassem a
mecânica celeste.

Conta a lenda, que quando Galileo estava sendo questionado em seu julgamento e foi obrigado a jurar que a Terra não se
movia, ele falou baixinho “Ela ainda se move...” Negou para geral no julgamento, mas deu a palavra final baixinho.

Por volta dos anos 1500 (o Brasil estava sendo descoberto nessa época), um nobre dinamarquês
chamado Tycho Brahe iniciou um trabalho de observação astronômica a olho nu, em seu observatório
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particular, localizado entre a Dinamarca e a Suécia. Esse trabalho de observação levantou dados muito
importantes para criação das primeiras equações sobre gravitação. O observatório de Brahe tinha até
nome Uranienborg, em homenagem a Urânia, a musa da astronomia.

Tycho Brahe era uma figura cuja vida teve alguns episódios pitorescos...

Tycho Brahe se meteu em uma confusão que acabou em um duelo de espadas, que nem nos filmes. Ele
foi lá lutar com seu adversário e acabou perdendo o nariz com um golpe de espada desferido durante
combate. Estando ele sem nariz, passou a usar próteses de metal, tipo ouro, prata e cobre. Ao exumar
seu cadáver, verificou-se que os ossos do nariz estavam contaminados de verde, sinal de íons de cobre.
Isso deve ao fato de que o cobre é um metal mais maleável que o ouro e prata e provavelmente o
deixava mais confortável.

Nariz metálico do Brahe em um retrato da época, mostrando a prótese.

A morte de Brahe foi causada por sua educação à mesa. Convidado a um banquete, ele estava com
bexiga cheia e precisava ir ao banheiro, mas com vergonha resolver dar uma seguradinha. Segurou tanto
que contraiu um problema urinário que veio a lhe tirar a vida depois de onze dias acamado. Fato
confirmado pelas colunas sociais da época e na revista Caras da Dinamarca (tentativa de piada). Entre os
próximos de Brahe estava um cidadão chamado Johannes Kepler. Kepler o acompanhou até seu
momento derradeiro e diz a lenda que teria dito as seguintes palavras a Kepler “Ne frustra vixisse
videar!" que significa “Vaaai Curinthia!”. Não, não foi isso, não. A tradução correta é "Não me deixe
parecer ter vivido em vão". Kepler mais tarde, usando os dados de medição de Brahe deduziu as três leis
do movimento planetário, que conhecemos hoje. Kepler cumpriu o pedido de Brahe. Parceria sempre!
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Na Itália, entre uma massa e outra, um individuo chamado Galileu Galilei também contribuiu
enormemente para astronomia ao desenvolver um telescópio rudimentar de 20 vezes aumento com o
qual pôde descobrir as quatro maiores luas de Júpiter em 1610, observou as crateras da Lua, explicou as
machas solares (eu nem sabia que o sol tinha mancha...), notou as fases de Vênus tal quais as fases da
Lua e defendeu o modelo geocêntrico. Ao tomar partido do modelo geocêntrico, Galileu arrumou
confusão com a Santa Inquisição e quase foi executado. Quando foi chamado perante o tribunal da
Inquisição, ele negou suas ideias sobre o movimento da Terra se livrando de morrer na fogueira ou
enforcado... Dizem que enquanto ele negava diante dos seus julgadores, ele baixinho dizia o contrário.

5.3 Astronomia e Física se unem…

Os trabalhos de Tycho Brahe deram a Kepler as evidências para desenvolver as leis dos movimentos dos
corpos celestes, dando um passo da mera observação para modelos matemáticos. O desenvolvimento
dos conceitos físicos por Galileu começou a dar base para um entendimento desses fenômenos sob a luz
da ciência física. Isso impulsionaria o entendimento do cosmos com uma fruta.

A descoberta dos princípios da gravitação se deu pela observação da queda de uma maçã por Sir Isaac
Newton. Era o ano de 1666 na Inglaterra, mais especificamente no jardim da senhora Newton, em
Lincolnshire. Isaac estava descansando sob a sombra de uma macieira, quando uma maçã caiu sobre
sua cabeça, gerando, fazendo também cair a ficha de que a Terra atraia os corpos. A partir daí Newton
passou a descrever uma teoria sobre a forma com que os corpos interagiam. Escreveu o sua maior obra,
o Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, ou Princípios Matemáticos da Filosofia Natural de 1687.
Vamos entrar em detalhes nos próximos capítulos.
22

Isaac Newton não era headbanger e nem cultuava essa cabeleira. Essas perucas eram comuns para evitar contaminção por
piolhos naquele tempo.

5.4 Séculos XIX e XX e uma nova forma de ver o Universo

O homem vê o mundo porque seus olhos são sensíveis à luz, ondas eletromagnéticas em uma faixa de
frequências que sensibilizam os tecidos internos do olho. Porém, existem muitas outras ondas
eletromagnéticas, além do que o ser humano pode perceber a olho nu. Com os avanços da física,
descobriram ondas eletromagnéticas em diversas outras faixas como o infravermelho, ultravioleta, raios
X, ondas de rádio, raios gama e etc. O que podemos ver é uma faixa muito estreita de frequências. Logo,
a ciência aprendeu como usar essas ondas e isso trouxe mais avanços na astronomia como a descoberta
da espectroscopia.

Ondas eletromagnéticas são ondas que viajam a uma mesma velocidade, não importando sua
frequência e comprimento de onda, nomeada de c, cujo valor no vácuo é 300.000km/s. Cada frequência
está associada a um único comprimento de onda que pode ser calculado através da famosa equação das
ondas. Para qualquer onda vale a seguinte relação entre velocidade v, sua frequência f e seu
comprimento de onda λ.

Conforme dito, para as ondas eletromagnéticas a velocidade é c, portanto, a equação para ondas
eletromagnéticas se torna:

Note a afirmação que fizemos na equação acima: para uma determinada frequência, temos apenas um
único comprimento de onda, indo do violeta ao vermelho. Frequências acima da frequência do violeta
são chamados de ultra-violeta (um exemplo são as radiações solares e que causam câncer). Frequências
abaixo da frequência do vermelho são chamados de infra-vermelho (emitido pelo controle remoto da
sua televisão, porém você não enxerga, mas a TV detecta). Cada cor possui uma frequência bem
definida, bem como um comprimento de onda. Com o progresso nas pesquisas, cientistas viram que
gases aquecidos emitir radiações com determinadas frequências, isto é, os gases teriam uma identidade
eletromagnética. Com isso era possível determinar a composição de determinado material apenas
observando as radiações por eles emitidas. A engenharia eletrônica possibilitou a criação de sensores
que poderiam analisar essas radiações e assim detectar a composição de uma estrela ou de um planeta,
dizendo de grosso modo. Dessa forma, a observação astronômica deu um salto, permitindo entender
não só a mecânica celeste, mas os ciclos de formação e morte dos astros.
23

Os progressos da ciência permitiam sonhar com respostas para perguntas mais fundamentais como a
origem do Universo, sua evolução e qual seria o seu futuro. Das inúmeras teorias surgidas, a que é a
mais aceita é a Teoria do Big Bang, mostrada a seguir. Tudo começou quando o físico experimental
Leonard Hofstadter foi dividir apartamento com doutor Sheldon Cooper... ops, é outra teoria.

A Teoria do Big Bang supõe o seguinte:

“Our whole universe was in a hot dense state,


Then nearly fourteen billion years ago expansion started. Wait...
The Earth began to cool…”

Theory of Everything, Barenaked Ladies

Nosso universo era quente e denso, perto de 14 bilhões de anos atrás a expansão começou... Só que
esta expansão começou com uma explosão. Espalhando-se e tudo mais se originou a partir daí, pro isso
o nome Big Bang, ou grande estrondo.

Essa teoria só teve suas evidencias detectadas com a evolução dos sensores que permitiram ouvir
“ecos” dessa explosão.

E como o universo evoluiu? Está em expansão ou contração? Isso porque se explodiu pode ser uma
expansão, porém se a expansão acabou e agora estamos comprimindo? A resposta para isso vem de um
efeito que podemos observar quando uma ambulância ou outro veículo com sirene passa em alta
velocidade. Quando a ambulância passa, parece que o som dela muda quando se aproxima de nós e
quando se afasta. Essa mudança de grave para agudo se dá por que a frequência, que o observador
escuta, muda. A sirene vai estar sempre com a mesma frequência, porém o efeito do movimento faz
parecer, aos ouvidos do observador, que há uma mudança. Esse fenômeno é explicado como Efeito
Doppler. Ele se aplica à ondas cuja fonte esteja em movimento relativamente a um observador.
Astrônomos perceberam que galáxias que estão se afastando da Terra apresentam radiações que
parecem se deslocar para as frequências do vermelho e galáxias que aproximam apresentam radiações
aqui na Terra que se deslocam em direção às frequências do azul. Esse fenômeno é conhecido com Red
Shift, ou deslocamento para vermelho. Edwin Hubble percebeu essas relações e suas observações são
tomadas como indícios da expansão do Universo.

5.5 Teoria da Relatividade Geral e Ondas Gravitacionais

Em 1915 era publicada a Teoria da Relatividade Geral, pelo físico alemão Albert Einstein. Einstein já
havia impressionado o mundo com a teoria anterior chamada Teoria da Relatividade Especial ou
Restrita. Einstein revolucionou a Física ao dar uma nova visão sobre os fenômenos físicos e com a Teoria
24

da Relatividade Geral viria a mudar o entendimento da gravitação. Na sua teoria, os fenômenos físicos
poderiam ser observado em um referencia quadridimensional, sendo o tempo a quarta dimensão. Hoje,
na física clássica, os referencias são sempre (x,y,z) representando o espaço, no entanto Einstein propôs
uma nova forma como (x,y,z,t). E ele foi além, o espaço-tempo está relacionado com a gravidade!
Dentre as diversas conclusões de sua teoria, uma delas é que grandes massas podem curva o espaço-
tempo. Veja na figura seguinte:

A confirmação experimental dessa alegação foi feita no Brasil, em Sobral no Ceará, no ano de 1919. O
experimento realizado mostrou que a curvatura do espaço-tempo faria um raio de luz, vindo de uma
estrela, contornar o Sol (se não considerarmos a curvatura do espaço, a luz seguiria um caminho em
linha reta e seria bloqueada pelo Sol) e ser detectada na Terra. Na figura seguinte, o ponto mais a direita
seria a posição causada pelo efeito da distorção, fazendo a parecer estar mais afastada quando na
verdade, ela estaria atrás do sol e não poderia ser vista.

Essa foi uma das confirmações experimentais da teoria do Albert.


25

Recentemente, mais uma previsão da Teoria da Relatividade Geral foi confirmada: a existência de ondas
gravitacionais. Sendo que objetos de grandes massas causam distorções no espaço-tempo, ondas
gravitacionais podem acontecer. Um experimento de um consórcio de cientistas, o LIGO (Laser
Interferometer Gravitational-Wave Observatory) conseguiu detectar perturbações criadas por um
sistema binário de buracos-negros. Buracos Negros são objetos celestes de massa muito elevada a tal
ponto que sua força gravitacional não permite nem a luz escapar. O sistema binário formado pelos
buracos negros pode ser entendido com como dois corpos que orbitam em torno do seu centro de
massa. É como um casal, de braços dados, girando em um salão de festas. Então a rotação dessas duas
grandes massas perturba o espaço-tempo gerando as ondas. Na fotografia abaixo, podem ser vistos os
dois buracos-negros e note que são dois opacos devido ao fato de não deixarem a luz escapar, diferente
das estrelas.

Na figura seguinte as espirais são as perturbações criadas pelo sistema binário analisado. Essas ondas
foram detectadas pelos interferômetros a laser do LIGO. Comprovando assim, que mais uma vez
Einstein estava certo.
26

O Albert sempre foi um cara muito simpático, de bem com a vida e de mal com o pente ou escova,
revolucionou a física e gostava de tomar uma depois do trabalho para relaxar. O Albert realmente faz
falta...
27

6 A GRAVITAÇÃO DE NEWTON

O Principio da Gravitação foi descoberto por Newton e estabelece uma forma de calcular a força entre
dois corpos quando separados a certa distância. Newton afirmou que essa força depende de uma
constante universal, chamada de Constante Universal Gravitacional.

Onde . No numerador são as massas dos corpos envolvidos e d é a


distância que os separa.

Como a força é um vetor, ela deve ter além de um valor de intensidade, deve ter uma direção e um
sentido. A direção é sempre na linha reta que une os corpos. O sentido é sempre na direção do outro
corpo. Por exemplo...

Na figura, temos duas forças F12 quer dizer a força gravitacional que o corpo 1 exerce sobre o corpo 2 e
F21 quer dizer a força que o corpo 2 exerce sobre o corpo 1. Essas forças são sempre ao pares e tem
igual intensidade, não importa se o um dos corpos seja infinitamente maior. Eu gosto de dizer que é
uma força democrática. Por exemplo, entre mim e a Terra há uma força gravitacional, pois eu tenho
uma massa de aproximadamente 78kg e a Terra tem milhões quilos de massa. Nessa nossa convivência
diária, a Terra exerce uma força sobre mim e eu exerço uma força sobre ela. A força que ela exerce
sobre mim é igual em intensidade à força que eu exerço sobre ela.

Um mesmo corpo pode exercer forças gravitacionais em muitos outros, não importando a quantidade e
cada interação gravitacional segue a mesma regra acima. No exemplo seguinte, quatro corpos de
massas diferentes separados por distâncias que não são as mesmas, exercem forças gravitacionais uns
sobre os outros. Veja que as forças são aos pares, pois de acordo coma fórmula de Newton, a interação
gravitacional envolve sempre dois corpos de cada vez.
28

Aí você me pergunta, e esse monte de forças aí? Bom, veja que cada corpo está sob ação de três forças.
O que vai acontecer com ele vai depender da sua massa e principalmente da força resultante. A força
resultante é a força que resulta do efeito combinado dessas três forças. Para saber como vai ficar essa
força resultante é preciso fazer a soma vetorial das forças. O que isso quer dizer, você tem que somar os
vetores. Estou considerando que você já sabe fazer isso. Algumas coisas eu posso até revisar, mas se eu
revisar tudo esse livro fica enorme.

Se a resultante for nula, a aceleração será nula e então duass situações podem acontecer:

...Se aceleração é nula, não há variação de velocidade, então ele pode estar em movimento uniforme,
isto é, com velocidade constante.

...Se aceleração for zero, ele pode ter velocidade constante igual a zero, isto é, parado. Assim se a
resultante for zero, o corpo pode estar em repouso ou eu movimento uniforme.

Então veja o seguinte, a resultante da força é a soma de todas as forças...

A aceleração vai ficar...

Para saber o que acontece com todos os corpos da situação do exemplo, precisamos fazer a resultante
de cada um e depois a achar a aceleração, daí poderemos entender o movimento deles.

Um exemplo cairia bem agora hein...? Então vamos lá. Suponha que três corpos de massa m estejam
nos vértices de um triângulo equilátero de lado a. Calcule a resultante da força no de massa 3 e
encontre a sua aceleração.
29

As massas são iguais e a distancias também. O que fizermos para a massa 3 vale para as outras. Se
fossem diferentes teríamos que fazer uma por uma.

O que quero mostrar aqui é um procedimento para você usar nessas situações. Se você entender bem
esse procedimento não vai ter problemas com outros tipos de questões parecidas.

Primeiro pegamos a massa três e desenhamos as formas sobre ela. Isso já está na figura. Sobre ela está
a força que a massa 2 exerce sobre ela e a força que a massa 1 exerce sobre ela. A direção dessas forças
é a direção da linha que une os centros delas. Mas veja que elas estão inclinadas. Como fazer? Somar
direto é que você não deve, pois esses vetores não estão na mesma direção. O que eu faço é criar um
sistema de coordenadas em cima da massa em questão e decompor essas forças em horizontais e
verticais. Depois disso, aí sim eu somo as componentes horizontais e as componentes verticais. Feito
isso posso achar a força resultante!!!

De posse disso, faço a decomposição das forças... Note na figura abaixo que as forças seguem a linha do
triângulo equilátero. Um triângulo equilátero tem todos os seus lados iguais e seus ângulo internos
iguais a 60°. Como as força F13 (que chamei de F1 só para não carregar muito o desenho) e F23 (que
chamei de F2 só para não carregar muito o desenho) são simétricas, o ângulo com a vertical é 30° para
cada para completar 60° do vértice.
30

Agora que as forças foram decompostas, podemos somar as componentes de mesma linha, isto é,
somar as forças horizontais e as forças verticais. Frx e Fry são as resultantes no eixo x e eixo y, resultado
da interação das componentes horizontais e verticais, respectivamente.

Agora precisamos calcular cada componente horizontal e vertical. Observe que as componentes de F1,
forma com F1 um triângulo retângulo. O mesmo se pode dizer para F2 e sua gangue.

As relações trigonométricas ajudam bastante nessa hora. Mas qual usar? Seno? Cosseno? Tangente?
Depende do que você tiver à mão... Sabemos que as forças F1 e F2 são as forças gravitacionais, e F1 e F2
são as hipotenusas, então é melhor usar seno e cosseno.

 Para F1...
31

 Para F2...

Agora somamos...

As duas componentes verticais apontam para baixo, então são contra o sentido do eixo y, portanto são
negativas.

Como temos as duas componentes da força resultante, podemos achar o módulo da força...

Qual a direção dessa força? É só achar o ângulo entre suas componentes...


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O ângulo para o qual o cosseno é zero e o seno é -1 é 270°, o que mostra que a força resultante é uma
força vertical apontada para baixo.

A aceleração do corpo 3 segue o mesmo sentido e direção da força resultante (vertical para baixo) e tem
intensidade de...

Pronto!! Tente repetir isso para ao invés de um triangulo equilátero, seja um triangulo retângulo de
catetos de lado a. Faz aí, irmão!

Um fato importante a ser citado é que a força gravitacional nunca se anula, ela diminui com o quadrado
da distância, porém nunca vai a zero. A própria equação mostra isso. Quer ver? Vamos supor que dois
corpos do exemplo se interagem e vamos analisar em que situação a força entre eles dois se anula...

Para isso aí ser zero, temos que ter uma ou as duas massas iguais a zero. Mas como os corpos existem
isso não é possível. Outra situação é avaliando a distância... A distância para qual a força é nula é...

Mas uma divisão por zero não existe, é uma indeterminação, uma violação matemática. Dessa maneira,
para distâncias muito grandes, grandes mesmo, mas muito, muito grandes, a força fica muito pequena,
mas não se anula.

Por exemplo, enquanto eu escrevo essas humildes linhas deste livro, eu sinto uma força de atração
muito fraca entre mim e a estrela Alfa Centauri, que está à um zilhão de quilômetros daqui.

NOTA: Mas não confunda força gravitacional nula com resultante nula. A resultante dá nula por que é
uma soma de forças que podem se anular. A força gravitacional sozinha não se anula. Pode haver uma
força resultante da combinação de forças não nulas.
33

Isso tudo acontece por que cada massa cria uma região de influência gravitacional, onde outras massas
podem sentir o efeito desse campo. Não fica muito claro esse conceito desse jeito e eu prefiro trabalhar
com analogias.

Imagine a Nicole Kidman, aquela atriz australiana...

Considere que a Nicole Kidman passe um dos perfumes mais caros e mais atraentes que existe no
mundo, afinal ela pode comprar. Ao andar por aí, o perfume de Nicole se espalha pelo ar. As pessoas
perto dela irão sentir esse perfume e ficarão atraídos por ela, pois isso chamará atenção delas. Quanto
mais perto, maior é a intensidade do perfume e mais intensa será atração. Pessoas mais afastadas
sentiram o perfume, mas não tão forte quanto às pessoas mais próximas.

O campo de força é assim, como a analogia do perfume, seja ele gravitacional ou eletrostático, é como
se fosse a região onde se sente o efeito.

O campo gravitacional depende da distância e da massa que o gera. Em cada posição dele há um valor
que depende da massa que foi colocada no campo. Esse valor se chama potencial gravitacional. Quando
um corpo de massa m está se movendo em um campo gravitacional, ele assume diversos valores de
potencial gravitacional. O potencial gravitacional aumenta à medida que se aproxima da massa geradora
do campo.

Vamos pensar numa partícula no campo gravitacional da Terra, quando ela está muito longe tipo no
ponto OJPAB (Onde Judas Perdeu As Botas). Nesta localização o campo é muito fraco (NUNCA NULO),
ela está sob um potencial de valor muito próximo de zero (NUNCA ZERO). Se ela começa a se mover em
direção da Terra, ela aumenta seu potencial, pois está se aproximando da massa geradora. É tipo duas
pessoas que se amam. A pessoa amada está ali na praça sentada dando comida aos pombos. A outra
pessoa apaixonada vê a razão de sua paixão ali e à medida que vai se aproximando começa a sentir uma
ansiedade, um nervosismo, um sei-lá-o-que.... Como se esse estado emocional fosse o potencial.
Entendeu a analogia?

No caso do planeta Terra, se considerar só ela no Universo (para desconsiderar os efeitos de outros
corpos celestes), um meteoro que viaja por aí, sente o campo da Terra e a cada ponto de seu
deslocamento ele sente um valor de potencial gravitacional e quanto mais perto, maior o potencial.

Um campo gravitacional é uma grandeza vetorial, o que significa que possui uma direção e um sentido.
A direção é a mesma direção da força gravitacional, e o sentido também. Já o potencial gravitacional é
uma grandeza escalar, portanto, é apenas um número.
34

A figura abaixo mostra como o módulo do campo varia com a distância. Por isso que quanto mais perto,
mais acelerado um corpo está. O campo gravitacional é função apenas da massa geradora e da distância
até o centro dessa massa. O gráfico abaixo não depende de massa nesse campo.

Como esse é um livro de física, precisamos escrever umas fórmulas para sumarizar o que apredemos até
agora.

Um campo gravitacional pode ser escrito como a região na qual uma massa sente a força gravitacional
gerada por outra massa. O campo é um vetor, então vamos calcular o vetor...

Como a divisão tem sinal positivo, podemos dizer que o campo gravitacional g tem o mesmo sentido da
força. E se tivesse um negativo ali? Iríamos dizer que o campo gravitacional tem sinal oposto à da força.

Para calcular o valor do campo gravitacional (que vamos chamar de g simplesmente) precisamos achar o
módulo do vetor campo gravitacional. É só pegar o módulo da força e dividir pela massa...

Vimos anteriormente o módulo da força gravitacional, que é a equação de Newton, que dá o módulo da
força gravitacional.
35

Temos aí uma coincidência interessante, o valor do campo gravitacional é o mesmo da aceleração


causada pela força gravitacional.

Quando pensamos na aceleração de uma força resultante sobre um corpo e esse corpo tem massa m,
estamos falando de massa inercial. Quando falamos em massa para fins de cálculos gravitacionais
estamos falando de massa gravitacional. Nesse caso, a massa inercial e a massa gravitacional são
idênticas.

Vamos continuar nosso bate-papo, mas antes eu gostaria de chamar a distância d de r.

Pronto! Seguinte... essa equação vale para qualquer situação. Se você pegar uma bala de hortelã e
quiser calcular o campo gravitacional gerado por ela é só pegar sua massa e estipular uma distância do
centro dela. Se você quiser calcular o campo gravitacional de uma formiga saúva também é possível,
basta usar a fórmula. Mas se estiver falando de um corpo de dimensões relevantes como um planeta,
por exemplo? Essa equação também é valida sim. Esse r aí é a distancia até o centro da massa geradora
do campo. Se tomarmos um ponto na superfície do planeta, o r é igual ao raio do planeta... Por isso que
eu coloquei no gráfico um valor Es. Mas se fossemos entrar no planeta, como seria o campo lá dentro?

Bom, cada planeta tem sua composição interna, tem planetas que são gasosos outros são sólidos,
estrelas, por exemplo, tem uma composição especial, mas no final tudo tem massa, o que vale é a
massa deles. Por exemplo, a Terra tem várias camadas de material. A mais externa e que nós
conhecemos é a crosta terrestre, na qual nós pisamos e construímos nossas casas e armamos nossas
barracas de camping e onde as crianças fazem castelos de areia que o cachorros vêm destruir. Abaixo da
crosta tem o SiAL e o SiMa, são camadas formadas por Silício e Alumínio e Silício e Magnésio. E depois
dessa camada há o núcleo que é uma mistura de metais derretidos em alta temperatura e que giram em
velocidades maiores que a velocidade de rotação da Terra. Isso que causa termos um campo magnético.
Como a Terra é composta de várias camadas de materiais diferentes, dizemos que ela é heterogênea. Se
ela fosse um bola feita só de ferro ou chumbo ou chocolate, com distribuição uniforme, ela seria
homogênea.
36

Se cavarmos um buraco que vai passando por essas camadas, vamos sentir uma diferença de gravidade
à medida que nos aprofundamos. A gravidade (já conheço o campo gravitacional faz um bom tempo e
temos certa intimidade então vou chama-lo de gravidade) vai decaindo com a proximidade do centro da
Terra, isso por que o que fica para cima não faz diferença. Vamos ver isso em breve. Em muitos
problemas de gravitação para ensino médio, fazemos uma consideração de que a Terra é homogênea e
assim podemos achar uma relação linear bem interessante, mas isso é apenas considerações de
problemas, mas na real ela é heterogênea. Dá para calcular no caso de ela ser heterogênea, mas aí
precisamos de ferramentas de calculo que só se vê na universidade. Mas por que eu citei isso,
simplesmente para você saber o que é real e o que é teórico.

Mas por que não falamos de campo interno de uma bala de hortelã ou formiga? Por que quem quer
saber isso? Mas Miguel isso não é resposta. Com certeza não... Bom, primeiro é que planetas e estrelas
são muito mais simples de modelar, ou seja, são esferas, bolas, oblóides e que dá para supor com certa
tolerância que são feitos de poucos materiais e tals. Pense como seria modelar uma formiga... e para o
ensino médio isso é irrelevante e complexo.

Enfim, saiba que existe um campo interno e que ele diminui a medida que cavamos um buraco na Terra.

Precisamos falar sobre o potencial gravitacional...


37

Meu amigo e minha amiga, o potencial como disse é um valor que uma massa assume ao se posicionar
em um campo gravitacional. Mas qual seria a definição de potencial?? Anota aí... o potencial
gravitacional seria a energia necessária (trabalho) necessário para trazer uma particular de massa m, lá
do infinito até o ponto que estamos considerando, quando em um campo gravitacional.

Como o potencial no infinito é muito pequeno, consideramos como nulo, só para efeito de calculo...,
assim, o potencial gravitacional sempre será no ponto a uma distancia r do centro da massa geradora.

Nesse caso, o potencial é um valor que depende da massa geradora e da massa em questão e por isso a
equação fica assim...

Lembre que r é a distância entre o centro da massa M e o centro da massa m.

Esse resultado acima mostra que podemos mover um corpo em um campo gravitacional pra lá e pra cá
desde que se forneça a energia necessária para que ele esteja nessa posição. Tipo viajar, você pode ir
para Paris, para Moscow, desde que você forneça o dinheiro para estar nesses lugares. É a mesma coisa,
para mexer uma massa em um campo gravitacional é só fornecer ou retirar a energia dessa massa. A
essa energia damos o nome de Energia Potencial Gravitacional.

Na maioria dos problemas de gravitação, consideramos sistemas sem influência de outras forças
externas ao sistema, assim usamos o principio da conservação da energia mecânica. A energia mecânica
nesses casos é composta pela energia cinética e a energia potencial gravitacional. A energia cinética é a
energia do movimento e depende da velocidade do corpo.

A energia mecânica é a soma dessas energias...

Se no sistema que consideramos não há forças externas, em qualquer ponto e a qualquer momento a
energia mecânica é igual.

Qual seria a energia mecânica da massa m1 no sistema que vimos inicialmente?


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É a soma da energia de cinética de m1 e de m2 e a energia potencial gravitacional entre eles...

Vamos ver mais um exemplo para entender melhor essa questão... Imagine três massas de m1, m2 e
m3, cada uma no vértice de um triangulo equilátero de lado a. Inicialmente elas estão em repouso por
que tem alguém segurando cada massa. Se o cidadão vai fazer um lanche e solta essas massas, elas
começam a se mover, pois estão se atraindo. Qual é a energia mecânica do sistema nessa situação e
quando elas se encontrarem?

Mas por que não entra energia cinética aí? Atento leitor, isso acontece, pois no inicio elas estão em
repouso, por que o Criatura de Deus está segurando as massas. Daí a velocidade é nula e as energias
cinéticas são nulas

Depois que elas foram soltas, parte da energia mecânica inicial se transforma em movimento, ou seja,
cada massa começa a se mover com velocidade e com isso, temos que considerar a soma das energias
cinéticas de cada uma. Qual seria então a energia mecânica quando cada um está a uma distancia igual
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a metade da distância inicial? É só considerar na equação da energia potencia, ao invés de a, considerar


a/2.

Apesar de ter ficado uma equação grande, os conceitos são bem estruturados. È só você pensar em cada
massa, na energia cinética e potencial de cada uma e analisar o antes e depois.

Imagine que elas estão em uma mesa sem atrito, sem resistência do ar, sem nada que atrapalhe...
Podemos dizer que a energia se conserva.

Se as massas são iguais a m...


40

7 GRAVIDADE
7.1 Aceleração da Gravidade

Da discussão anterior vimos que o campo gravitacional é idêntico à aceleração causada pela força
gravitacional. Assim, essa aceleração nós vamos chamar de aceleração da gravidade. Pois bem... Imagine
um planeta esférico, que tenha raio R e massa M. Esse planeta atrai os corpos em sua volta com a força
gravitacional.

Essa força de atração é que chamamos de peso, então fica assim.

Onde h é altura do corpo em relação a superfície do planeta.Mas sabemos que peso se calcula desta
forma:

Onde m é a massa dos corpos nas proximidades da superfície do planeta e g é a aceleração da gravidade
nessa região.

Igualando as equações do peso, gerando o resultado:

Se a altura h é muito menor que R, podemos despreza-lo, deixa-lo na rua da amargura, com uma garrafa
de pinga como companhia. Mas por que despreza-lo? Por que sendo o raio da Terra um valor na faixa de
6000 km, ou 6000000 metros, somar 100m metros em 6000000 vai afetar muito pouco. Quando
falamos em dezenas ou centenas de quilômetros, a simplificação não rola. Por isso, por simplicidade,
para ALGUNS CASOS, podemos entender que a aceleração nas proximidades da superfície da Terra é

constante igual a g.

Para o caso da aceleração da gravidade na superfície da Terra, o valor é obtido ao substituir os dados da
equação:
41

Se você subir ao topo do Monte Everest, que tem quem 8000m de altura, tem que voltar a usar

Onde h é a altura do Everest.

NOTA: Atente que peso é diferente de massa. Massa é quantidade de matéria e peso é uma força.

Pode ser útil representarmos a aceleração gravitacional em um ponto qualquer em função da


aceleração gravitacional na superfície. Isso nos permite comparar essa aceleração com a aceleração que
conhecemos e que podemos medir em solo. Um pouco de álgebra nos ajuda nessa missão. Vamos
chamar a aceleração na superfície de e a aceleração em um ponto a uma dada altura da superfície de
que pode ser expresso como:

Isso porque estamos a uma altura h do solo. Para , a expressão fica:

Veja que há algo em comum para e , que é a quantidade e que não vai mudar, pois é a
constante gravitacional e a massa do planeta. Podemos retrabalhar as equações para relacionar as duas
acelerações. Veja a magia pairando no ar com essa manipulação matemática:

Como o resultado acima é o numerador para , podemos substituir...

Então no final pode ser expresso em função de e da altura, conforme o resultado encontrado.
42

Agora vamos ver o que acontece quando subimos para alturas:

Colocando em uma planilha obtemos um gráfico que mostra toda essa variação. No eixo vertical temos
a porcentagem da aceleração na superfície e na horizontal a altura em múltiplos do raio do planeta.

gh em função de g0
0,5
0,45
0,4
0,35
0,3
0,25
gh em função de g0
0,2
0,15
0,1
0,05
0
0,5 1 2 5 10

Note que a uma altura de duas vezes o raio do planeta, o que se sente é uma aceleração que é 11% da
aceleração sentida na superfície. Como traçamos um gráfico para poucos pontos, a curva fica um tanto
estranha, mas já da para ver que a aceleração cai bastante com a altura. Um gráfico melhor seria esse
aqui...
43

Então te faço uma pergunta: Em que altura teremos aceleração da gravidade igual a 0? Em que distancia
da superfície a força da gravidade é 0? Pensa aí... Pensou? Então pensa mais um pouco... Mas é pra
pensar... Pensou? Ok. A resposta é que não existe! O que existe é que a influencia gravitacional de um
corpo nunca se anula, mas se torna muito pequena que praticamente não faz efeito nenhum. Imagina
você sentado aí, todo pimpão de boa, está sob a influencia de várias estrelas, porém o efeito é ridículo
e nem conta. Você sente mais os efeitos do Sol, da Lua, Venus, Mercurio, Marte, que estão próximos,
mas a medida que vão se distanciando, ele são cada vez menos relevantes. Ei! Não vai pensar que estou
falando de Astrologia, estou falando de forças gravitacionais.

Agora vamos ver matematicamente o que eu disse. Para zerar a aceleração da gravidade você teria que
fazer o seguinte:

Como estamos falando de um planeta, o raio é sempre positivo e não pode ser zero, com isso fazemos o
seguinte...

Como G é uma constante e tem valor definido como positivo, a única coisa a se fazer é...
44

Ou seja, a massa do planeta ser igual a zero! Isto é, o planeta não existir! Assim, quando te perguntarem
se o astronauta flutua no espaço é por que a gravidade nele lá em cima é zero, então diga que isso não é
verdade!! O astronauta está flutuando por que existe a força de centrifuga agindo nele que se opõe a
força peso, dessa forma há o efeito de gravidade nula.

Podemos simular a gravidade nula estando no planeta Terra. A NASA treina astronautas em um avião
sem poltronas e esse avião sobe muito alto e depois desce com aceleração igual aceleração da
gravidade. Nesse momento, as pessoas dentro começam a flutuar, não por que a gravidade é nula, mas
por que as forças se anularam.

Antes de o avião descer com o cacete lá de cima, o astronauta está exercendo uma força sobre o piso da
aeronave e pela terceira Laidy Newton, o piso exerce uma força normal de mesma direção, intensidade
sentido oposto.

Daí o piloto desce o avião com uma aceleração A para baixo...

A força normal fica...

Se A é igual a A, N’=0, então é como se não houvesse mais o peso.

Só que isso só dura alguns segundo, caso contrário todo o avião se arrebenta no chão...
45

7.2 Aceleração da Gravidade em outros Planetas

Podemos comparar a aceleração da gravidade entre dois planetas, fazendo simples arranjos algébricos.
Sob o ponto de vista da aceleração gravitacional o que pega para planetas diferentes é a sua massa e o
seu raio, podemos relacionar dois planetas e ver como as atrações gravitacionais se comportam.

Então consideremos o Planeta A, com massa A e raio A e um planeta B com massa B e raio B. A
acelerações da gravidade em A e B são respectivamente:

Então vamos usar a técnica vista anteriormente. O que essas duas equações tem em comum? Vale um
pastel! Se você responder a constante gravitacional, acertou mizeravi! Vamos manipular as duas
equações para relaciona-las:

Então igualando, fica legal...


46

Mas como queremos a relação das acelerações da gravidade, vamos arrumar de novo.

Temos então uma relação para a aceleração da gravidade, NA SUPERFÍCIE, em dois planetas distintos.

NOTA: Veja que não levamos em consideração a altura.

Essa de relacionar dois planetas é uma questão muito comum em vestibulares e o ITA não fica de fora.
Às vezes ele pode complicar as coisas colocando a altura em um planeta cuja aceleração gravitacional
equivaleria a atração gravitacional em outro planeta a certa altura. O ITA gosta de complicar, por isso
fique esperto. Vamos falar a respeito disso, mais na frente. Agora vem uma questão para você.

QUESTÃO CONCEITUAL - Suponha que a humanidade consiga criar colônias na Lua, em Júpiter e que lá
as pessoas se reproduzam com filhos e tals. Como seriam as alturas dos selenes e jupterianos
comparadas às alturas do terráqueos? Suponha que os indivíduos em todas as colônias sejam
biologicamente semelhantes, e que cresceriam na mesma taxa sob as mesmas condições. A massa de
Júpiter é 316 vezes a massa da Terra e o seu raio é 11 vezes o raio da Terra.

SOLUÇÃO – supondo que os indivíduos dessas colônias crescessem em taxas iguais sob as mesmas
condições, o que influenciariam no seu crescimento seria a força que a gravidade exerce sobre eles.
Sabemos que a Lua é menor que a Terra e tem bem menos massa, já no caso de Júpiter, a massa deste é
imensamente maior, e seu raio também. O peso de cada pessoa iria variar em cada um destes lugares.
Vamos ver como seria quando comparado com a Terra. Podemos escrever que:

Olha a comparação entre os dois. É uma diferença brutal!


47

Relacionando ambos:

Um pessoa, de 75kg de massa, pesa na Terra:

Em Júpiter, o peso seria de:

Ok. E quanto equivaleria esse peso de Júpiter na Terra? Tipo assim, uma pessoa de quantos quilos aqui
na Terra teria o mesmo peso de uma pessoa de 75 kg em Júpiter?

Para achar a massa da tal pessoa é só usar o peso em Júpiter...


48

Para uma pessoa aqui na Terra pesar o mesmo que uma pessoa de 75kg em Jupiter, ela precisa pesar
194kg! Muito X-Salada e batata frita!

Por isso, se a altura de uma pessoa for linearmente dependente da gravidade, podemos concluir que o
povo de Júpiter seria mais baixinho que os terráqueos, porém num jogo de basquete eles iriam vencer
fácil. Imagina o salto de um cara desses para dar uma enterrada. Ia ser do meio da quadra. Isso porque
como eles vivem com pesos maiores, suas pernas seriam muito mais fortes que as nossas. Um tiro de
meta de jupteriano aqui poderia lançar a bola para fora do campo. Ia ser louco ver um baixinho mandar
um chutão desses!

Com certeza você já viu imagens do homem na Lua. Os astronautas lá não andam, mas saltam. Isso
porque como a Lua tem menor massa e menor raio, a força da gravidade lá é bem menor assim,
qualquer impulso vira um salto. Quando eu era criança e via essas imagens, eu pensava que eles
estavam tão felizes de estar na Lua que ficavam saltando de alegria... Sabia nada, inocente...

7.3 Efeito da Latitude e da Rotação

Mas tudo isso foi desenvolvido desconsiderando o seu movimento de rotação. Ele causa um efeito de
diminuir o peso aparente dos corpos. Mas como? É só lembrar quando você estava naquele busão com
motorista muito louco, apressado que faz as curvas em alta velocidade, incorporado no espírito de
Ayrton Sena do Brasil! Quando ele faz essa curva, você tem a sensação de estar sendo puxado para fora
da curva, ser jogado para fora do busão. Veja a figura abaixo, onde estão representados de forma
simplificada os efeitos de uma curva. A força centrífuga puxa você para fora enquanto realiza o
movimento na rua. Vale salientar que os conceitos de força centrífuga e força centrípeta precisam ser
analisados sob o ponto de vista de referenciais, mas para não confundir vamos adotar dessa forma.
Posteriormente iremos analisar este aspecto.
49

Desde que você nasceu e até este momento, você está girando, porque você está na Terra e ela gira em
torno de si mesma. Pode não parecer, mas para um observador fora do planeta, a um certa distancia, te
descreveria fazendo movimento de rotação. Essa rotação também tende a te “jogar” para fora, mas
devido a gravidade você não sai voando. Em qualquer corpo na superfície da Terra, há uma briga entre a
gravidade e a força centrifuga, onde a gravidade vence, porém esta é descontada da força centrífuga.

As forças envolvidas são a força centrífuga que puxa o corpo para fora enquanto que o peso atrai o
corpo para o centro da Terra. Para isso, precisamos a somatória de forças na direção radial, isto é, na
linha que suporta os raios da Terra.
50

As forças somadas são o peso e força centrífuga, gerando uma resultando na mesma direção e sentido
do peso. Nós chamamos essa aceleração de aceleração aparente, isto é, devido à rotação da Terra,
temos um peso aparente, menor que o peso real do corpo.

Substituindo a força centrífuga...

Invertendo...

Mas sabemos do movimento circular uniforme que

Fica, portanto, reduzido a...

Se quisermos entender como isso se relaciona com o período de rotação, podemos substituir a
velocidade angular pelo seu correspondente de período...

Então o monstrinho se transforma em...


51

O que podemos concluir? Que se aumentar a velocidade de rotação da Terra, iremos diminuir o período
(vai dar uma volta mais rapidamente em torno de seu próprio eixo), a aceleração aparente vai
diminuindo. E se Deus der um peteleco divino e todo-poderoso na Terra ela pode ir girando cada vez
mais rápido, mais rápido, mais rápido que o período vai diminuindo e a força centrifuga aumenta até
que ela vence a atração gravitacional da Terra e quando isso acontecer, meu amigo, vai ser louco
porque os corpos podem escapar da superfície. Aparentemente eles não terão peso, e vai ser galinha
flutuando, geladeira flutuando, bicicleta flutuando, os puliça tudo flutuando, as bandidage flutuando, as
panicat flutuando... por que? Porque a força centrífuga é maior, tipo quando você está no ônibus
fazendo uma curva e você tende a ser lançado para fora.

Não sei se você percebeu que usamos . Você não fica se perguntando a razão disso?

Se não se perguntou, deveria... se pergunta aí. A razão disso é que a gravidade depende da localização
no globo. Mais especificamente, depende da Latitude. Mas que é Latitude? Latitude são linhas definidas
por ângulos em relação ao Equador. As figuras vão explicar melhor.

Observe que há linhas de horizontais que dividem a Terra, cada linha tem um ângulo associado. Na
figura são mostradas as linhas para ângulos notáveis. A latitude do Equador é igual a 0°, ou seja, a
referência. Para a parte de cima do Equador, isto é, o Hemisfério Norte, os ângulos das latitudes são
positivos. Para a parte de baixo, isto, é Hemisfério Sul, os ângulos são negativos. Agora vamos cortar a
Terra para entender melhor.
52

Você percebeu que tem um ângulo lá dentro que liga a linha de latitude? Quando você pega o Equador,
esse ângulo é 0°. A medida que vai pegando linhas de cima, esse ângulo aumenta, até que fica vertical,
ou seja, 90°, então você chegou à casa do Papai Noel, vulgarmente conhecido como Polo Norte. O
mesmo vale para a parte debaixo, só que se conta de forma negativa.

Mas como isso afeta o peso aparente? Vamos então construir o raciocínio. Acompanhe comigo porque é
uma história longa..., mas não é algo dramático. Vamos apelar para alguns fatos da vida.

Fato 1: Quando você faz uma curva, a força centrífuga está na reta suporte do raio desta rotação. Ela
não está em nenhuma outra direção. Sempre está no plano da circunferência que ela gera.

Fato 2: Na figura da latitude, veja que cada linha forma um circunferência. Quando você se encaminha
para um dos polos, essas circunferências são cada vez menores. Então podemos dizer que o raio delas
vai diminuindo.

Fato 3: Quando você está em uma latitude você executa um movimento circular cujo raio é o raio da
circunferência desta latitude. Eu quando morava na minha cidade natal, Santarém, no Pará, eu estava
próximo ao Equador. Hoje morando no estado de São Paulo, o raio que eu descrevo é menor, pois estou
mais próximo do Polo Sul.

Fato 4: Dá para calcular o raio de cada latitude. Basta usarmos um pouco de trigonometria. Olha a
figura que eu coloquei no texto agora... A reta vertical é o eixo da terra, R é o raio da Terra e o r o raio
da latitude. Eu mudei a letra que representa o ângulo de phi para theta. Mas tem uma razão. A relação
entre os raio é um seno de theta. Mas não tem algo estranho? Sim, se eu quiser relacionar com a
latitude o ângulo não é com a vertical, mas sim com a horizontal, pois a referência é o Equador. Mas um
bom vestibulando do ITA tem que ter as relações trigonométricas bem afiadas.
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Podemos escrever o tal seno...

Como explicado, a latitude é medida a partir do Equador. Assim theta e phi são complementares, isto é,
somados dão 90°.

Enfiando no seno, este fica:

Saibam todos e quem tem ouvidos que ouça. Em verdade vos digo, .

Isso vale para quaisquer ângulos complementares. Pode perguntar para sua professora de matemática.
Isso vale sempre! Guarde com carinho no coração este ensinamento. Com isso chegamos a...

O raio em determinada latitude é calculado...

Se o raio da circunferência varia, a força centrífuga em certa latitude varia também, pois ela depende do
raio.
54

Sempre nessa formula, a força centrífuga está associada ao raio da circunferência descrita. Para a
latitude, a força centrífuga é:

Substituindo...

E como se comporta a força centrífuga à medida que avançamos para os polos?

A função cosseno de um ângulo varia assim... vai diminuindo quando parte de 0° até 90°

90°

Como andar para os polos a partir do Equador é o mesmo que ir de 0° para 90°, então o seno vai de 1
para 0, isto é, a força centrífuga vai diminuindo ao chegar nos polos. No Equador, ela é máxima.

Mas não acabou por aí. Vamos descobrir qual o peso aparente em determinada latitude. A razão disso é
a diferença de direção entre o peso e a força centrífuga. Na figura seguinte, mostra que o a força
centrífuga está na mesma direção do raio da circunferência da latitude, r. Já o peso SEMPRE aponta par
ao centro da Terra. Forma-se assim uma relação de vetores com não alinhados. Para resolver este
problema criamos um sistema de referencia, diferente do usado para o centro da Terra. Criamos em
cima do corpo, pois é mais útil para nós. Então usamos a projeção da força centrífuga na direção do
55

peso, chamando de . Então fazemos a mesma análise que fizemos para o efeito no equador, mas
com alguns algo mais trigonométricos. A ideia é achar as componentes em x e z da aceleração
aparente...

No eixo x

A projeção em x de aceleração centrífuga é uma relação trigonométrica...

Mas a aceleração centrífuga nesta latitude é ...


56

Isso evolui para...

Voltando a lei de Newton com esse resultado...

Para o eixo z...

A componente em z é proporcional ao seno...

Complementando...

Como temos a componente nas duas direções, x e z temos o vetor aceleração aparente determinado...

Para achar o módulo do da aceleração aparente fica:

Se quiser simplificar mais, podemos desenvolver os quadrados e eliminar o seno e o cosseno usando a
relação fundamental da trigonometria
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Agora vamos usar a relação fundamental isolando o seno

Colocando em evidência...

O peso fica...

Olha só, o peso aparente depende do quadrado do cosseno da latitude. Vendo isso, podemos concluir
que a medida que vamos para os polos, a contribuição da força centrífuga é menor. Visto isso, nos polos
não há influencia da rotação da Terra!

Você já ouvir falar da Base de Lançamento de Alcântara, localizada no Maranhão? É uma base de
lançamento de foguetes da Força Aérea Brasileira. É considerada uma das melhores bases de
lançamento, pois lançamentos dali economizam combustíveis, pois o efeito da gravitação nessa região,
próxima ao Equador, é menor que nas bases de lançamento de Cabo Canaveral, Cabo Kennedy nos EUA
e na base russa de Baykonnur, no Cazaquistão.
58

Os franceses, que não são bobos, construíram uma base bem próxima a Alcantara, na Guiana Francesa.
É a base de Kourou de onde é lançado foguete Ariane e outras missões da Agência Espacial Europeia.

7.4 Gravidade de uma casca esférica e gravidade no interior da Terra

Quando eu era criança, me disseram que se eu cavar um buraco bem fundo eu iria sair no Japão. Fiquei
com aquela ideia de túnel martelando em minha cabeça. Seria verdade? Mas independente de minhas
dúvidas infantis, há alguns aspectos gravitacionais acerca da construção de um túnel até o Japão. No
interior do planeta há também a ação de forças gravitacionais. Mas quais? Como isso funciona? Essas e
outras questões, vamos responder nesta subsessão.

Newton estudou essa questão e suas conclusões estão no Teorema das Cascas, que abordaremos aqui.
Preste atenção nas duas afirmações que seguem:

a) Um corpo esfericamente simétrico atrai outros corpos como se toda a sua massa estivesse
localizada em sem centro.
b) Se um corpo é uma casca esfericamente simétrica, esta casca não exerce força sobre um corpo
localizado interiormente à casca, qualquer que seja sua posição dentro dela.

A demonstração dessas conclusões necessita de ferramentas de calculo integral, por isso, iremos
simplificar esta demonstração para um melhor entendimento de como Newton chegou a essa
conclusão.

Imagine uma casca esférica homogênea e um corpo de massa m em seu interior, em um posição
qualquer. Duas porções da casca esférica exercem cada uma, uma força gravitacional neste corpo. A
porca m1 exerce uma força F1, enquanto a porção m2 exerce uma força F2. As duas forças são opostas
e podem ser calculadas como.

A força resultante sobre o corpo fica:


59

Mas quanto vale m1 e m2? Quanto vale d1 e d2?

Vamos apelar para a geometria. Se você prestar atenção, m1, m2 e m forma dois triângulos, que são
semelhantes.

Sendo triângulos semelhantes, (se você não sabe o que são triângulos semelhantes, você precisa buscar
este conhecimento em um livro de matemática, antes de prosseguir nesta demonstração), podemos
aplicar as proporções entre as medidas dos triângulos. Para ficar mais claro, iremos redesenhar a figura
anterior.
60

As relações que podem ser extraídas são:

Vamos guardar está relação no bolso, para usarmos mais tarde.

Sendo a casca de homogênea, esta tem uma densidade . As massas m1 e m2 podem ser calculadas
com essa densidade.

Como as porções são circulares, podemos aproximar por cilindro muito finos tal qual a casca. O volume
de um cilindro é . Aplicando ao nosso problema fica:

Vamos escolher massa m1 como referencia, vamos fazer as substituições:


61

Agora se prepara para mandar ver na álgebra...

Ou seja, a força resultante do cabo de guerra entre as duas porções é nulo. Como temos inúmeros pares
dessas porções e esses pares todos formam a casca inteira, o efeito geral de todos esses pares é nulo.
Note algo muito importante: não é que não exista gravidade no interior da casca, mas sim que a
resultante das atrações gravitacionais é nulo.

Primeiro vamos supor que a Terra é formada por um material homogêneo e com densidade constante
(na realidade sabemos que a Terra é formada por diversos tipos de minerais e que seu interior tem uma
grande porção de material metálico em fase liquida em altas temperaturas. Por isso que há erupções
vulcânicas, mas para este estudo nossa consideração é válida). Usando a densidade, podemos
determinar a massa de uma esfera.
62

Onde r1 pode ir de 0 (centro da esfera) a R raio da Terra.

A gravidade é a da casca esférica de raio r1. Usando a equação da aceleração gravitacional, temos:

Chegamos à conclusão que g no interior da Terra varia linearmente com o raio da esfera formada pela
profundidade com se penetra na Terra. Podemos usar uma constante k para evidenciar esta conclusão:

Para a situação em que um corpo está a uma altura h acima da superfície da Terra, calculamos a
aceleração em função da aceleração próxima à superfície. Para isso precisaremos expressar a
aceleração na superfície com os mesmo parâmetros da equação anterior, isto é, levando em
consideração a densidade. Depois verificamos a compatibilidade.

Na superfície da Terra, o r1=R, assim a massa da Terra fica:

Se dividirmos a gravidade no interior pela gravidade na superfície, a conta fica assim:


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Havendo a profundidade do buraco h, podemos eliminar r1 e deixar tudo em função de R e h.

Para finalizar, vamos mostrar graficamente como se comporta a gravidade desde o centro da terra até
ao infinito... que foda hein...?

Lembraram-se da discussão sobre os corpos homogêneos? Foi essa consideração que fizemos para a
Terra para chegar a esse resultado. Esse resultado é apenas teórico e para fins didáticos.
64

8 MOVIMENTO ORBITAL

O movimento de corpos celestes é determinado por interações gravitacionais. Essas interações definem
as velocidades e a forma das trajetórias descritas por tais corpos. Estudos de Newton e Kepler formam a
base da mecânica celeste. As observações de Tycho Brahe permitiram a Kepler criar três leis básicas
para o movimento de satélites, sejam eles naturais ou artificiais. As Leis de Kepler são leis cinemáticas,
isto é, se preocupam com aspectos de velocidades, trajetórias e tempos. Kepler não chegou a
conclusões sobre forças e energia relativas ao movimento orbital. Coube a Newton introduzir conceitos
de dinâmica, isto é, considerações sobre forças gravitacionais.

Com os avanços nesta mecânica, foguetes e satélites puderam ser desenvolvidos permitindo assim
explorar ainda mais outros aspectos da mecânica orbital.

8.1 FORÇA CENTRÍPETA E FORÇA CENTRÍFUGA

Um conceito importante em mecânica orbital é a força que surge nos movimentos curvilíneos. Há
muitas dúvidas sobre essa força que hora se chama de centrípeta e hora de centrífuga. É importante
elucidar essa diferença. Mas é mais fácil saber o que é o que, do que saber se é biscoito ou bolacha.

Primeiro que um corpo em movimento curvilíneo só realiza esse movimento por que alguma força muda
a direção da velocidade. É estranho pensar por que não pensamos em força agindo em uma velocidade
geralmente pensamos nela atuando sobre o módulo e não sobre a direção do vetor. Em um movimento
circular uniforme, a velocidade de giro do corpo tem seu modulo constante. O que muda é a direção do
vetor velocidade.

O que faz essa velocidade mudar de direção é uma força perpendicular ao vetor velocidade.

Suponha que temos uma pista circular e temos um carro percorrendo essa pista. Um observado parado
do lado de fora do carro vê o carro realizar um movimento circular e para ele a força que atua no carro é
65

a força necessária para mudar a direção do movimento da velocidade do carro. Sem essa força essa
trajetória circular não seria possível. Nesse caso a força responsável é o atrito entre os pneus com a
pista. Se essa pista fosse lisa o carro iria deslizar e não faria o movimento de rotação. Para ele existe
uma força centrípeta, que tente a puxar a velocidade para o centro.

Para o piloto do carro, ele sente que algo quer jogá-lo para fora do carro, como se algo lhe puxasse para
longe do centro, como se fosse uma força de fuga do centro, e então ele chamaria essa força de força
centrífuga.

Estamos tratando do mesmo efeito sob pontos de vistas distintos. De um cara dentro do carro e de um
cara fora do carro. Os dois descreveriam essa força com a mesma intensidade...

Como a velocidade tangencial pode ser escrita em função da velocidade angular , dá para
descrever também assim...

Onde v é a velocidade tangencial do carro, T é o período de rotação e R o raio da circunferência


descrita.

Eles descreveriam a direção como igual para as duas, ou seja, uma direção radial. Direção radial é
direção do raio da circunferência. No entanto, os sentidos seriam opostos. Para a força centrípeta seria
em direção ao centro e a força centrífuga seria para longe do centro.

Mas por que tudo isso? Por causa dos referenciais. O cara fora do carro está em repouso e não
acelerado, está em um Referencial Inercial. O piloto dentro do carro está em um Referencial Não-
Inercial. Mas quando é que eu tenho um Referencial Inercial e um Referencial Não-Inercial? O
Referencial Não-Inercial é aquele referencial que está acelerado. Mas como que o piloto está em
Referencial Não-Inercial se ele está em um carro de velocidade constante? Meu caro, nem sempre a um
módulo constante quer dizer não aceleração. Lembre-se que há uma força mudando o sentido da
velocidade do carro, então, o piloto está em um referencial acelerado, não inercial. A força centrífuga é
descrita a partir de um Referencial Não- Inercial.

Um juiz federal, em repouso olhando o movimento conclui que é centrípeta.


66

Já o piloto dentro do carro discorda e descreveria toda essa situação da seguinte maneira.

Em ambos os casos, se dividirmos a força centrípeta ou centrífuga pela massa, teremos a aceleração
centrípeta ou centrífuga

Se a velocidade variar em módulo, durante o movimento circular, teremos então uma aceleração
tangencial que tem a mesma direção da velocidade. Assim, se quiser calcular a aceleração resultante
total do corpo é só fazer a composição da aceleração tangencial com a aceleração centrípeta, como é o
caso da figura abaixo.
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Para concluir: minha opinião é que biscoito é doce de bolacha é salgada.

8.2 CONSERVAÇÃO DO MOMENTO LINEAR E ANGULAR

Existe uma grandeza física chamada quantidade de movimento ou momento linear é o produto da
massa de um corpo pela sua velocidade. Cada corpo que se move possui pode ter seu momento linear
calculado.

Quando não se tem forças afetando o movimento deste corpo como a resistência do ar, atrito, algum
campo elétrico (para o caso que o corpo esteja carregado eletricamente) pode dizer que o momento se
conserva.

O momento em uma situação inicial é igual o momento na situação final.

Imagine uma bola no espaço, sem nenhuma força atuando sobre ela, andando com velocidade
constante, daí alguém foi lá e bateu nela com uma vassoura espacial. Essa vassoura espacial aplicou uma
força F durante um tempo t. Isso faz com que a boa adquira uma velocidade tal que podemos
equacionar da seguinte maneira...
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O produto Ft se chama impulso é isso que faz os satélites e outras espaçonaves se controlar no espaço.
Existem minijatos no corpo das naves que soltam gases (não é pra rir), com determinada velocidade que
é o mesmo que aplicar um impulso.

Quando temos um movimento circular ou curvilíneo, um corpo possui uma velocidade e um raio relativo
a um ponto de referência. O vetor velocidade do corpo faz sempre um ângulo com o vetor posição,
conforme a figura abaixo.

Chamamos de momento angular o vetor dado por

Igual ao vetor momento linear, o momento angular se conserva quando da ausência de forças externas.
No caso do movimento circular, o raio é sempre perpendicular à velocidade do corpo, assim o ângulo
é 90°. O momento angular fica...

Para ilustra melhor esse negócio todo, considere uma esfera no espaço girando com velocidade de 1m/s
e uma órbita circular de raio 10m. Deus ficou com vontade de aumentar a velocidade dessa esfera para
5m/s. Qual seria o novo raio de rotação da esfera? Fácil, vamos ver a conservação do momento angular
antes e depois...
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Para conservar o momento angular, o raio teve que diminuir para a velocidade aumentar. Há muitos
casos em que o ângulo muda, o raio muda, a velocidade muda. Vai depender muito do sistema e das
condições do problema.

Em questões de gravitação, a conservação do momento angular se faz presente sempre.


70

8.3 LEIS DE KEPLER

As Leis de Kepler são descrições cinemáticas do movimento dos corpos celestes. São três leis descritas a
seguir:

I. Os planetas descrevem órbitas elípticas com o Sol em dos seus focos.


II. O vetor posição de um planeta em relação ao Sol descreve áreas iguais em tempos iguais
na elipse. (Também conhecida como Lei das Áreas).
III. O quadrado do período de revolução é proporcional ao quadrado da distância do planeta
ao Sol.

8.3.1 PRIMEIRA LEI DE KEPLER

O enunciado da Primeira Lei de Kepler diz que os planetas descrevem trajetórias elípticas com o Sol em
um dos focos.

Quando Kepler enunciou sua primeira lei, ele estava estudando os planetas do nosso sistema solar,
porém, essa lei é válida para outras estrelas, planetas, satélites artificiais e naturais.

8.3.2 REVISÃO SOBRE CÔNICAS

Por que vamos ver essas tais cônicas? Primeiro é por que a Lei de Kepler nos diz que a órbita de um
corpo em relação a outro descreve uma elipse com um dos corpos fica o corpo orbitado. Por exemplo, a
Lua orbitando a Terra descreve uma elipse e a Terra fica em um dos seus focos. Então nada mais justo
que estudar a elipse.

Existe outro fator motivador para o estudo das cônica: dependendo da energia do corpo a trajetória
pode ser uma elipse, uma circunferência, hipérbole ou uma parábola. No caso da elipse e da
circunferência, o corpo não escapou da influência do campo gravitacional de forma relevante então ele
fica lá dando voltas e mais voltas para sempre. Se o corpo tiver energia suficiente, ele pode se soltar da
influência gravitacional e ir embora, cada vez se afastando mais e mais, que é o caso da hipérbole e da
parábola.

Todas essas curvas são da mesma família e podem ser obtidas ao cortar um cone de um jeito especial.
Por essa razão que elas são chamadas de seções cônicas. Vamos aqui nos concentrar na elipse e na
circunferência. Vai ser preciso relembrar conceitos de Geometria Analítica. Se você ainda não estudou
esse assunto é melhor estudar antes para não boiar aqui.
71

Na figura é mostrado um esquema planetário com Sol e a Terra. De acordo com Kepler a Terra descrever
uma órbita elíptica em torno do Sol. Essa Lei não se restringe a planetas e o Sol, mas para outros
sistemas solares. A Lua também obedece a essa lei e o mesmo é válido para os satélites artificiais
lançados pelo homem. Apesar de Kepler anunciar essa lei para planetas, ela é válida para qualquer par
de corpos no Universo.

As órbitas elípticas são previstas na Primeira Lei de Kepler e possuem características cinemáticas
específicas e que estão associadas à sua geometria. Na figura abaixo vemos uma órbita elíptica onde
podemos identificar dois pontos importantes.
72

Existem outros dois tipos de órbitas possíveis: as órbitas parabólicas e as órbitas hiperbólicas. Essas duas
trajetórias são trajetórias abertas e dependem da energia do corpo em questão. Vamos dar uma
especial atenção às trajetórias elípticas por ser tema da Primeira Lei de Kepler e também por serem
mais típicas. Iremos as outras trajetórias em outra seção.

Para ilustrar, vamos usar o caso particular de um satélite em órbita da Terra.

Conforme dito anteriormente, a elipse é caracterizada pelos seus focos, onde a distancia entre eles é
igual a 2c. O seu eixo maior é igual a 2a, com semi eixo maior igual a. O seu eixo menor é igual a 2b e seu
semi eixo menor é igual b. A relação entre a c e a é chamada de excentricidade e é um numero entre 0 e
1, conforme pode ser visto abaixo...

A relação entre os semi-eixo é...

A circunferência é um caso especial da elipse, veja a razão: a circunferência possui um único centro e a
distância entre um ponto qualquer até o centro é constante e igual ao raio. Então a=b, isto é...
73

Se c=0, os focos coincidem formando o centro da circunferência. Mucho Loko!

Podemos colocar a elipse em um plano cartesiano para encontrar uma equação que possa representar
todos os seus pontos. Para colocar a elipse no plano, atribuímos um centro O, e os dois focos.

Neste caso, os pontos pertencentes à elipse de acordo com as coordenados xy

Este é o caso em que o eixo maior da elipse é paralelo ao eixo x, ou poderíamos dizer que a elipse está
deitada. Há elipse cujo eixo maior está paralelo ao eixo y, como se estivesse em pé, portanto, teríamos
que mudar a equação acima para...

Poderíamos ter o eixo maior inclinado, porém, para não complicar muito vamos ficar nesses dois casos e
evitar adentrar demais no ramo da Geometria Analítica.

Mas por que eu coloquei essas equações então? Simplesmente para que você possa entender que uma
curva como essa pode ser equacionada de forma a localizar todos os seus pontos. Isso é útil quando
você quer saber a posição na elipse com relação a um sistema de coordenadas.

Vamos falar um pouco da circunferência, que é o caso particular da elipse, quando a excentricidade é 0.
A circunferência também pode ser descrita por uma equação em um sistema de coordenadas
retangulares, tal qual a elipse... Veja como fica...
74

Note que há um centro e um raio e isso já basta para levantar a equação da circunferência... Para
construir uma circunferência é necessário apenas das coordenadas dos seus centro e do raio e você
chega na seguinte fórmula que descreve todos os seus pontos.

8.3.3 VELOCIDADES NA ELIPSE

Aplicando a elipse ao movimento orbital podemos identificar dois pontos: o ponto mais próximo da
Terra, chamado Perigeu, é onde a velocidade do satélite é máxima. O ponto mais distante d Terra é o
Apogeu, onde se tem a menor velocidade. A distância entre o Apogeu e a Terra é...

A distância entre o Perigeu e a Terra é...

Veja que colocamos um vetor r, que vai de um dos focos até o satélite. Esse vetor é importante, pois ele
localiza o satélite na órbita.

Se você olhar para cara das distancias de apogeu e perigeu pode ver o seguinte se você somá-los
75

Isto é, o semi eixo maior é a média aritmética das distancia do apogeu e perigeu.

Vale citar que no apogeu e perigeu o vetor r forma 90° com os vetores velocidade nestes pontos.

Usando o principio da conservação do momento angular, para as duas posições consideradas...

Usando o principio da conservação da energia...


76

Voltando para os resultados lá de riba...

Então aplicando um monte de álgebra, a outra velocidade fica determinada...

Note que a velocidade do satélite é dependente da massa da Terra e da excentricidade... E não depende
da massa do satélite...

Podemos agora amarrar as duas velocidades para ver como eles se relacionam...

A relação entre as duas velocidades só depende da excentricidade da elipse. Para o caso da


circunferência, e=0, entonces...

Ou seja, para circunferência a velocidade é a mesma sempre igual a...


77

Viu só como dá para calcular...

Podemos concluir o seguinte: quando o satélite se aproxima da Terra sua energia potencia diminui e sua
energia cinética aumenta e por isso a velocidade aumenta, ao se afastar, acontece o contrário, a
velocidade diminuir visto que a energia cinética diminui em detrimento do aumento da energia
potencial gravitacional.

Mas te pergunto: se quisermos a velocidade do satélite em uma posição qualquer que não seja nem
perigeu nem apogeu?

Nesse caso devemos deixar em função de r, genérico mesmo...

8.3.4 ENERGIA NA ELIPSE

Já que estamos falando de energia, vamos ver quanto é a energia total de uma órbita elíptica? Se você
disse sim, beleza. Se você disse não, o problema é seu.

Então olha só, como a energia é a mesma em todos os pontos, escolhemos um ponto qualquer. Eu
escolho para facilitar o perigeu... A energia no perigeu é...

Usando a relação recentemente obtida para velocidade...


78

A energia mecânica depende da massa da Terra, da massa do satélite e do semi eixo maior da elipse.
Assim, para todas as órbitas elípticas que tem o mesmo valor de semi eixo, os satélites terão a mesma
energia, independente da excentricidade...

8.3.5 VELOCIDADE EM QUALQUER PONTO DA ELIPSE

Mas te pergunto: se quisermos a velocidade do satélite em uma posição qualquer que não seja nem
perigeu nem apogeu?

Nesse caso devemos deixar em função de r, genérico mesmo...

Vimos que a energia total de um satélite em órbita elíptica em qualquer ponto é...

Sendo assim podemos tomar uma posição genérica...

.
79

8.3.6 SEGUNDA LEI DE KEPLER

A segunda Lei de Kepler nos fala sobre a área varrida por um corpo ao percorrer uma órbita elíptica.
Segundo Kepler, um corpo varre áreas iguais em tempos iguais.

Na figura, se A1 foi percorrido em um intervalo de tempo T1, e A2 foi percorrido em um tempo T2. Se
T1=T2, então A1=A2.

8.4 TERCEIRA LEI DE KEPLER

De acordo com a Terceira Lei de Newton, há uma relação direta entre o quadrado do período de
revolução de um planeta com o cubo da distancia entre esse planeta e o Sol. Essa lei, apesar de falar em
planetas e Sol, ela também válida para todos os corpos celestes.

O enunciado matemático desta lei é da seguinte forma...

Onde a é semi-eixo maior da elipse. O que se pode notar que o tempo de rotação orbital de um satélite
não depende da massa do satélite, mas sim da massa do astro a qual ele orbita. Observe também que
orbitas maiores, implicam em períodos de revolução maior. Parece lógico não é.

Como neste livro optamos por evitar o uso de cálculo diferencial e integral, não vamos fazer a
demonstração dessa equação para órbitas elípticas, porém, podemos fazer para o caso especial de
órbitas circulares. A circunferência é um caso especial da elipse, onde a excentricidade é 1.

Para isso, vamos considerar um satélite sino-brasileiro, CBERS como exemplo, orbitando a Terra
percorrendo uma trajetória circular.
80

A força com que o CBERS é atraído pela Terra é a força gravitacional, que é responsável pela órbita
circular. A força gravitacional é a força centrípeta que o atrai para o centro. Portanto podemos escrever

Relembrando que a velocidade angular é relacionada com o período de revolução...


81

O que mostra que a Terceira Lei de Kepler é válida para órbitas circulares. O ITA já cobrou isso em 1992.

Para cada um destes planetas podemos escrever a Terceira Lei de Kepler... Onde M é a massa do Sol do
Sistema Solar.

Note que há algo comum entre todas elas que é a constante

Malandramente, explicitamos a constante em função do período e do semi-eixo...


82

Podemos pegar esse negócio todo e igualar as constantes... Ficando assim...

Viu só, podemos ter informações de todos os planetas de uma tacada só! Se tivéssemos mais planetas
ou satélites ou asteroides ou cometas, poderíamos colocar nessa igualdade fera demais!

8.5 APLICAÇÕES ESPECIAIS

A partir da base teórica vista nas seções anteriores, vamos desenvolver algumas aplicações especiais
usadas tanto na astrofísica quanto na engenharia aeroespacial.

8.5.1 SATÉLITES GEOESTACIONÁRIOS E DE BAIXA ÓRBITA

Satélites de comunicação e de localização precisam ser pontos de referências fixos em relação Terra.
Tais satélites diferem dos satélites de baixa órbita que são chamados de LEO, Low Earth Orbit. Satélites
LEO por estarem em baixa altitude realizam uma vota em torno da Terra em tempos de 80 a 90 minutos.
Satélites LEO geralmente são usados para monitoramento espionagem, sensoriamento remoto, previsão
do tempo, pesquisas científicas.

A imagem abaixo mostra um dos satélites desenvolvidos no Brasil, o Amazônia 1, que tem a missão de
monitorar com suas câmeras as queimadas e desflorestamento da região amazônica. É um satélite de
baixa órbita. Trabalhei no projeto do subsistema de energia desse satélite, onde esse subsistema tem a
função de coletar a energia do sol via painéis solares, transformar em energia elétrica, condicionar essa
energia e distribuir para todos os outros subsistemas, além de armazenar energia nas baterias para
operação em eclipse.. Além disso, o aquecimento elétrico e controle da rotação dos painéis solares era
um das atribuições do subsistema em que trabalhei.

Vendo a outra figura que se seguem dá para ver uma parte dos subsistemas.
83

O Brasil por sua grande extensão territorial, grande população e riquezas naturais, precisa de um
satélite dedicado para suas comunicações e por isso foi iniciado o projeto SGDC, Satélite
Geoestacionário de Defesa e Comunicações. O SGDC ficará terá visão de todo o território nacional e
pode levar sinal de internet para todos os pontos do país além de evitar que espionagens de nossas
telecomunicações.

Os satélites geoestacionários ficam em um posição fixa em relação a Terra por que seu período de órbita
é igual a período de rotação da Terra, dessa maneiras eles ficam como se fossem parados. Para que isso
aconteça eles devem estar em uma órbita de raio tal que a velocidade angular do satélite seja igual à
velocidade angular da Terra.
84

Estando uma órbita circular podemos encontrar o valor de sua altitude... primeiro temos que relacionar
o período com o raio...

Para a órbita geo, relação entre raio e período é:

O período na oribita geo deve ser igual ao período de rotação da Terra, isto é, um dia, ou seja 24 horas,
que em segundos fica 86400 segundos.

Como eu não quero usar o GM, então vamos dar um jeito de substituir esse GM com algo que foi dado.
Veja que foi dado o valor da gravidade na superfície da Terra, g, então vamos expressar GM em função
de g. Isso é fácil, é só lembrar que:

Agora taca-le na equação para órbita geo!

Vamos aproximar o raio da Terra por 6400 km e assim obtemos aproximadamente 42.354km, isto é,
muito alto, em torno de 6.5 vezes o raio da Terra.

8.5.2 ESTRELAS BINÁRIAS

No Universo há casos de estrelas binárias, que são duas estrelas que orbitam em torno de seu centro de
massa. Cada uma executa uma órbita circular cujo raio depende de sua massa. Isso por que sendo que
uma estrela tiver massa maior que a outra, então uma o centro de massa estará mais próximo da estrela
85

maior e por usa vez essa estrela maior terá um raio de rotação menor. No entanto, ambas terão o
mesmo período de rotação, mesma velocidade angular. Nos parágrafos seguintes vamos desenvolver os
cálculos para período e velocidade para uma estrela de massa m e outra de massa M.

Para isso fixamos a referência para calculo do centro de massa em um dos astros. Escolhemos o maior,
mas não é uma regra e que poderia ser feita referenciando no menor também. Portanto, a posição do
astro maior. Além disso, vamos escolher o eixo x como suporte para nosso sistema. Assim a massa maior
tem posição na origem, x=0, e massa menor tem posição x=d

O raio de rotação da é

Observe que ambas descrevem órbita circular de raios diferentes cuja força centrípeta é a força de
atração gravitacional entre elas, já que estão distante de qualquer outra força gravitacional significativa.

O período de revolução é o mesmo para ambos.


86

Sendo a força centrípeta igual a força de atração gravitacional entre as duas massas, podemos escrever
para uma delas o seguinte (a escolha é livre e vou continuar usando a mais pesada, pois eu gosto de
carregar peso, prática dos meus tempos de ajudante de pedreiro... mentira nunca trabalhei em obra)

Lembrando que a velocidade pode ser expressa em função do período (revisar o movimento circular
uniforme)...

Aplicando a velocidade nesse resultado aí de cima...

Fazendo aquelas simplificações algébricas que só um brasileiro com swing e malemolência do samba
pode fazer, chegamos a...

O mesmo procedimento pode ser feito para a outra estrela.

8.5.3 VELOCIDADE DE ESCAPE

A velocidade de escape é uma velocidade para qual o objeto lançado continua aumenta
indefinidamente sua distância de um planeta. Vamos usar no exemplo a Terra, mas isso serve para
outros planetas, asteroides, estrelas e etc.
87

Desconsiderando a resistência do ar e a rotação da Terra podemos encontrar uma expressão que nos dê
a velocidade mínima para escapar da influência do campo gravitacional. Velocidades abaixo desse valor
resultam em órbita elíptica ou circular ou em simplesmente um movimento parabólico retorno ao solo.

Tudo isso tem a ver com a questão energética, se houver energia suficiente haverá escape. Veja os casos
possíveis...

O caso mais preso à Terra é o circulo. Caso o corpo tenha mais energia, o corpo desenvolve uma órbita
elíptica e se tiver mais energia ainda pode ir para os cafundós do Judas através de órbitas hiperbólicas
ou parabólicas.

 Energia mecânica for negativa: trajetória circular ou elíptica, excentricidade entre 0 e 1;


 Energia mecânica for nula: trajetória hiperbólica, excentricidade negativa;
 Energia mecânica for positiva: trajetória parabóica, excentricidade igual a 1;

Vamos para alguns casos:

a) Velocidade de escape da Terra:


Quais as condições para escape. Bom, o corpo vai estar na superfície da Terra com uma
velocidade direcionada para cima. A velocidade mínima de escape é aquela para qual a
velocidade no infinito é nula, pois queremos mandar para o infinito e lá ele vai se
88

desacelerando até parar. Montemos assim, as condições de energia para isso acontecer. éo
raio da Terra...

b) Velocidade para órbita circular:

Para uma órbita circular de raio R, a velocidade de rotação vem do cálculo da aceleração centrípeta...

Substituindo a órbita a velocidade em órbita circular...

Note que a energia mecânica na órbita circular é , ou seja, um valor negativo.

c) Velocidade para órbita elíptica;


89

Novamente calculamos a conservação a partir de um ponto na superfície da Terra e qualquer outro


ponto da elipse. Podemos pegar o apogeu ou o perigeu. Com meu segundo nome começa com A, então
vamos de apogeu.

Recordando o calculo da velocidade do apogeu...

Onde a é eixo maior... e lembrando que podemos escrever...

Calculamos anteriormente a energia para órbita elíptica e obtivemos...

Isso mostra que se a energia mecânica for negativa teremos uma órbita elíptica...

d) Efeito de outro corpo celeste;

Nos casos anteriores não levamos em conta a presença de um ou mais corpos celestes próximos, o que
não é um caso tão realista. Se colocarmos a presença de mais um corpo de massa M’ nas proximidades
do lançamento, este corpo irá afetar a velocidade de escape.
90

Agora procederemos igual à velocidade de escape mínima e vamos ver o que acontece. Ro é a distância
do objeto que queremos lançar ao centro do outro corpo celeste de massa M’. Rt é o raio da Terra.

Note que neste caso, a velocidade para escapar da gravidade é maior por que agora ainda tem o efeito
do corpo celeste de massa M’. Podemos ter mais corpos extras aí, não se limita à apenas um extra.

Em todos os casos vistos, nenhum depende da massa do objeto, mas sim das características físicas do
planeta. Claro que objeto de massa maior vão precisa de mais energia para ser lançados, e no caso de
um foguete seria uma potência de motor maior e mais combustível.
91

9 QUESTÕES DOS VESTIBILARES DO ITA de 1965 a 2016

1. (ITA -1965) Admitindo-se que a aceleração da gravidade seja de g=9.81m/s^2 ao nível do mar,
pode-se dizer que a uma altitude igual ao raio da Terra acima do nível do mar (nível do mar entende-se
como nível médio do mar), a aceleração da gravidade vale aproximadamente:
a) 2.45m/s^2
b) 4.90m/s^2
c) 9,81m/s^2
d) 16.92m/s^2
e) 9.62m/s^2

RESOLUÇÃO

É uma questão simples e fácil, apenas para aplicar na fórmula da aceleração da gravidade a uma
determinada altura.

A resposta é a letra A.

2. (ITA -1969) Sabendo-se que a massa da Terra é aproximadamente 80 vezes a da Lua e que seu
raio é aproximadamente 4 vezes maior, um astronauta descendo na superfície da Lua faz oscilar um
pêndulo simples de comprimento L e mede seu período TL. Comparando com o período TT desse
mesmo pêndulo medido na Terra ele observa que:

a) TT 80 TL
b) TL 80 TT
c) TL 16 TT
d) TT 16 TL
e) TT 0,4 TL

RESOLUÇÃO

O período de oscilação de um pêndulo para pequenos ângulos de oscilação pode ser calculado pela
seguinte equação...

Onde l é o comprimento do pêndulo e g é a aceleração da gravidade. A ideia desse problema é comparar


o período do pêndulo na Lua com o período do pêndulo na Terra, considerando o mesmo pêndulo e
com mesmo comprimento. A gravidade na Lua é menor, pois possui menor massa.

Começamos peã gravidade na Terra...


92

Podemos então ver quanto é a gravidade na Lua...

Só que do enunciado a massa da Lua é 80 vezes menor que a massa da Terra, e o raio da Lua é 4 vezes
menor que o raio da Terra. Vamos transformar essas informações em maneira matemática...

Agora dá para descobrir a gravidade na Lua em função da gravidade na Terra...

A gravidade na Lua é cinco vezes menor que a gravidade na Terra... Então é só aplicar na equação do
pêndulo para Terra e para a Lua...

Pelos cálculos, a alternativa correta é E.

3. (ITA -1969) Em seu livro, “Viagem ao Céu”, Monteiro Lobato, pela boca de um personagem, faz
a seguinte afirmação: “quando jogamos uma laranja para cima, ela sobe enquanto a força que produziu
o movimento é maior do que a força da gravidade. Quando esta se tornar maior a laranja cai”.
(Despreza-se a resistência do ar)

a) a afirmação é correta pois, de F = ma, temos que a = 0 quando F = 0, indicando que as duas forças se
equilibraram no ponto mais alto da trajetória;
b) a afirmação está errada porque a força, exercida para elevar a laranja, sendo constante, nunca será
menor que a da gravidade;
c) a afirmação está errada porque após ser abandonada no espaço a única força que age sobre a laranja
93

é a da gravidade;
d) a afirmação está correta porque está de acordo com o princípio de ação e reação;
e) a afirmação está errada porque não satisfaz o princípio de conservação da quantidade de movimento.

RESOLUÇÃO

Nas proximidades na superfície da Terra, a força de atração gravitacional pode ser considerada
constante. Ao ser lançada para cima ela parte com uma velocidade inicial causada pelo impulso aplicado
pela mão. Ao ser liberada para subir, a única força que atua sobre a maçã é a força da gravidade, que
por ter sentido oposto ao do movimento ascendente da maçã, começa a desacelerar a fruta. A subida
da fruta acontece enquanto a velocidade não atingir zero, após isso, a maçã cai acelerando.

A resposta correta é a C.

4. (ITA – 1971) A aceleração da gravidade a acima da superfície terrestre (o raio da


Terra é igual a vale aproximadamente:

a)

b)

c)

d)

e) Nenhuma das respostas acima é válida;

RESOLUÇÃO

Nos primeiros vestibulares do ITA, as questões de gravitação eram bastantes simples, apenas cobrando
um conhecimento básico da teoria, como pode ser visto nesta questão. Creio que isso se deva ao fato de
que em 1971, a corrida espacial estava no seu inicio e dois anos antes o homem chegava à Lua.

O que mostra que...

Então colocamos na formula conhecida:


94

Resposta Letra A.

5. (ITA – 1971) Considerando os dados e o resultado da questão anterior verifique que o período
de revolução de um satélite artificial colocado em órbita circular da Terra naquela altitude é de
aproximadamente:

a) 90 min;

b) 90 s;

c) 22 h;

d) 24 h;

e) 12h.

RESOLUÇÃO

Sendo que naquela altura a aceleração da gravidade é a aceleração centrípeta, é só recordar o


movimento circular que:

A aceleração centrípeta é a aceleração da gravidade na altitude pedida.

Para achar o valor de T, temos que isolá-lo.


95

Como 6.6 e 6.4 são muito próximos, podemos arredondar para 6.5 para podermos obter a raiz
quadrada...

A resposta é a letra C.

6. (IME – 1974) Um astronauta equipado, utilizando o esforço máximo, salta 0,60m de altura na
superfície terrestre. Calcular o quanto saltaria na superfície lunar, nas mesmas condições. Considerar o
diâmetro e a densidade da lua como ¼ e 2/3 dos da Terra, respectivamente.

RESOLUÇÃO

Quando se arremessa algo para cima ou se salta, acontece que se parte de uma velocidade inicial e
devido a aceleração da gravidade que é contra, o corpo em questão tem sua velocidade diminuída
enquanto sobe. Chegará um momento, após percorrer uma altura que sua velocidade é nula. Nesse
ponto ele começa a descer, acelerando até encontrar o solo novamente. Assim, para saber a altura do
salto, basta saber o espaço percorrido na vertical até zerar a velocidade.

Mas como calcular a altura máxima?? Bom, verifica-se nesse caso que temos um problema de
movimento uniformemente acelerado. Para quem não se lembra, a relação das velocidades e distancia
percorrida pode ser calculada através da fórmula de Torricelli...
96

Então para h máximo é só substituir a velocidade final por zero e a aceleração por g. Lembre-se que
neste caso como g se opõe ao movimento, deve ser a=-g.

Agora vamos comparar os dois casos. Para saltos na Terra e na Lua podemos escrever da seguinte
maneira, supondo as mesmas condições iniciais:

As duas equações tem a velocidade inicial como ponto em comum, então igualando ambas à velocidade
inicial...

Igualando as velocidades...

Rearrumando fica:

Mas já vimos as relações de acelerações entre dois planetas e é para o caso da Terra e da Lua da
seguinte maneira:
97

Então veja o que precisamos. Precisamos das duas relações de massa e raio

Só que não temos a massa da Terra e da Lua e nem os raios... precisamos achar. Olhando o enunciando
eles nos dão dicas. Observem...

Do enunciado, sabe-se que diâmetro da Lua em relação á Terra é ¼

Como diâmetro é duas vezes o raio...

A densidade da Lua é 2/3 da densidade da Terra. E agora? Sem pânico. A densidade é um medida que
diz quanto de massa há em um volume.

Para achar a massa, é só multiplicar a densidade pelo volume.

A relação das densidades, pelo enunciado é

Nós sabemos a relação entre as densidades da Terra e da Lua, mas não temos o volume. E agora? Agora
que vamos considerar que a Terra e a Lua são esferas perfeitas. O volume de uma esfera é calculado
por:

Como temos os raios de ambas, os volumes ficam:


98

Agora podemos montar uma relação que divide a massa da Terra pela massa da Lua. Parece complicado,
mas vai ter um monte de cancelamento que vai simplificar. Note que vou substituir tudo e tem termos
que vão se cortar:

Colocando as densidades também:

Agora começar a cortação de termos e tudo isso se resume à...

Simplificou para isso e substituindo os raios, chegamos no resultado

Finalmente chegamos que a relação entre as massas é

Agora podemos relacionar as duas gravidades

A gravidade na Lua é seis vezes menor que a gravidade na Terra, por isso os astronautas saltam. Então
finalmente voltamos para relação das alturas desenvolvida anteriormente:
99

Usando o salto na Terra é 0.60m, portanto o mesmo salto na Lua é

Mais alto que uma casa! Bizarro hein?

7. (ITA – 1974) A energia potencial de um corpo de massa m na superfície da Terra é –


G MTm/RT. No infinito essa energia potencial é nula. Considerando-se o princípio de conservação da
energia (cinética + potencial), que velocidade deve ser dada a esse corpo de massa m (velocidade de
escape) para que ele se livre da atração da Terra, isto é, chegue ao infinito com
v = 0? G = 6,67 x 10-11 N.m2 . kg-2; MT = 6,0 x 10-24 kg; RT = 6,4 x 106 m. Despreze o atrito com a
atmosfera.

a) 13,1 m/s
b) 1,13 x 103 m/s
c) 11,3 km/s
d) 113 km/s
e) Depende do ângulo de lançamento.

RESOLUÇÃO

Essa questão é basicamente a definição de velocidade de escape. Vamos relembrar... Para que um corpo
chegue ao infinito com velocidade nula, temos que no infinito a energia potencial é nula e a energia
cinética é nula. Nas questões de energia o macete é sempre colocar a condição de energia inicial e final.
A condição inicial é na Terra enquanto que final é no infinito.
100

A resposta é alternativa C de Corinthians, o Campeão dos Campeões!

8. (ITA – 1974) Os satélites de comunicação (chamados síncronos) permanecem praticamente


estacionários sobre determinados pontos do equador terrestre. Com referência a esse fato, ignorando o
movimento de translação da terra:

a) Um observador terrestre que esteja sob o satélite diz que ele não cai porque está fora da atração da
gravidade.
b) Outro dirá que ele não cai devido ao campo magnético que envolve a terra.
c) Um terceiro invoca a terceira lei de Newton e explica que existe uma reação igual e oposta à atração
da gravidade.
d) Um observador que estivesse no sol explicaria o fenômeno como um movimento circular uniforme
sob a ação de uma força única, centrípeta.
e) Nenhuma das afirmações acima é correta.

RESOLUÇÃO

O observador da alternativa A está noiado, pois a força gravitacional só se anula se as massas forem
nulas que não é o caso.

O observador da alternativa b está bêbado chorando as mágoas pela mulher que lhe deixou e por isso
afirmou erroneamente (dor de amor dói demais num coração apaixonado, haja Arroxa!), pois o campo
magnético da Terra não tem nem intensidade para chegar a ter algum efeito relevante na órbita
geoestacionária.

O observador em da alternativa c tomou chá de fita K7 e ficou muito louco, pois a não há força oposta.

O observador em d falou algo coerente visto que a força que mantém o satélite em órbita circular é a
força centrípeta, que o atrai ao centro.

A resposta certa é a alternativa D.

9. (ITA – 1977) Uma das conclusões expressas nas famosas leis de Kepler foi sobre o movimento
dos planetas em órbita elípticas, das quais o Sol ocupa um dos focos.

a) esta conclusão foi uma consequência, e portanto posterior, do enunciado das leis da Mecânica de
Newton.
b) coube a Sir Isaac Newton interpretar teoricamente estas conclusões com base na lei de gravitação
101

universal e nos princípios de Mecânica Clássica que ele próprio havia proposto.
c) esta conclusão não apresenta nenhuma relação com o movimento dos engenhos conhecidos como
satélites artificiais da Terra.
d) o movimento da Lua em torno da Terra é de natureza diferente daquele descrito por Kepler.
e) Nenhuma das afirmações acima é verdadeira.

RESOLUÇÃO

Os trabalhos de Kepler se basearam em observações práticas de Tycho Brahe (o cara do duelo de


espadas que ficou sem nariz). Kepler analisou os dados de Brahe e propôs suas leis que eram
basicamente leis cinemáticas. Newton por sua vez usou as leis de Kepler incluindo aspectos dinâmicos e
assim concebeu os princípios da gravitação universal.

A alternativa correta é E.

10. (ITA – 1977) A relação entre o valor da aceleração da gravidade na superfície da Terra e
os valores da constante de gravitação universal, massa e raio da Terra:

a) é resultado de uma fórmula empírica elaborada pelos astrônomos e válida para qualquer planeta de
forma esférica.
b) dá o valor correto da aceleração da gravidade em qualquer ponto da Terra desde o pólo até o
equador.
c) pode ser obtida teoricamente, tanto no caso da Terra como no caso de um planeta qualquer de forma
esférica, homogêneo e que não esteja em rotação em torno de um eixo relativamente a um sistema de
referência inercial.
d) dá o valor correto de g mesmo para pontos internos à superfície da Terra desde que R seja
interpretado como a distância entre este ponto e o centro da Terra.
e) Nenhuma das afirmações acima é verdadeira.

RESOLUÇÃO

A alternativa a não veio de resultados empíricos e não se prende apenas à planetas de forma esférica. É
uma equação geral.

A alternativa b está errada, pois a aceleração da gravidade deve considerar a latitude, pois a rotação da
Terra afeta a gravidade de acordo com a latitude.

A alternativa c é valida, pois a equação pode ser derivada da equação da força gravitacional de Newton
e dá a aceleração da gravidade para um planeta homogêneo sem rotação em torno do eixo do planeta.
102

A gravidade interna depende da densidade e considera a Terra como uma massa esférica e homogênea.

A resposta certa é alternativa C de Carpe Diem que em Latim significa “Aproveite o Dia”

11. (ITA – 1978) Duas estrelas de massa “m” e “2m”, respectivamente, separadas por uma
dist ncia “d” e bastante afastada de qualquer outra massa considerável, executam movimentos
circulares em torno do centro de massa comum. Nestas condições, a mínima quantidade de energia
necessária para separar completamente as duas estrelas em função da constante universal de gravidade
“G”, será dada por:

a) – Gm2/d
b) + Gm2/d
c) + 2Gm2/d
d) -2Gm2/d
e) Nenhum dos valores acima

RESOLUÇÃO

As duas estrelas estão longe de qualquer massa considerável, podemos então assumir que as interações
gravitacionais relevantes é devido a atração gravitacional gerada pelo par de estrelas.

Sendo que as duas estrelas giram, o cenário energético para cada estrela é que as duas têm energia
cinética e energia potencial gravitacional não nulas.

Agora vem a parte crucial... Considere as duas estrelas binárias como um sistema. Esse sistema possui
uma energia mecânica que é a soma da energia potencial mais a energia cinética de ambas.

Para separar as duas estrelas completamente, devemos fazer com que as estrelas estejam separadas
por uma distancia tão grande que pode ser considerada que uma delas foi levada ao infinito.

Vimos na teoria que a energia potencial para uma partícula no infinito faz com que a distância d
aumente tanto, que no final o valor da energia potencial é praticamente zero.

Para a energia cinética, as estrelas, ao serem separadas, devem ter velocidade nula. Assim garantimos
que elas não vão se mover uma em direção a outra.

Resumindo temos a seguinte situação onde aplicando um trabalho ao sistema inicial para que na
situação final a energia mecânica seja nula
103

Porém não temos as velocidades, mas isso não é um problema. Veja como sai de boa...

Cada estrela gira em torno do centro de massa do sistema, assim, para realizar o movimento circular é
preciso que haja uma força centrípeta. A força centrípeta neste caso é a força gravitacional entre elas...
As estrelas têm massas diferentes, o raio de rotação para cada uma é diferente.

Para calcular o centro de massa, devemos escolher um referencial, neste caso definimos que é na
estrela de massa 2m. Da teoria, a velocidade de cada estrela é...

Vai ficar tudo simplificado...

12. (ITA – 1978) O trabalho necessário para levar a partícula de massa M/3 do ponto “A” até o
ponto “B”, em função da constante universal de gravitação “G”, quando essa partícula se encontra sob a
ação de 2 massas, “M” e “2M”, conforme figura abaixo, será dado por:
104

a) + 9GM2/2D
b) - 9 GM2/2D
c) + GM2/2D
d) - GM2/2D
e) Nenhum dos valores acima.

RESOLUÇÃO

A energia potencial da partícula em questão é a soma de da energia potencial gravitacional devido à


interação com as massas M e 2M.

Há duas situações a se considerar: a inicial e a final. Vamos calcular as duas situações.

Energia da condição inicial é a soma das energias potencial devido a particular M e 2M.

Energia da condição final é a soma das energias potencial devido a particular M e 2M.

O trabalho, portanto é...

A resposta é a alternativa C.

13. (ITA – 1979) Deseja-se colocar em órbita da Terra um satélite ST e, em órbita da Lua um satélite
SL, de modo que ambos tenham o mesmo período de revolução.

Dados:

Raio da Terra: RT 6,37 x 10^6 m

Raio da Lua: RL 1,74 x 10^6 m

Massa da Terra: MT 5,98 x 10^24 kg

Massa da Lua: ML 7,34 x 10^22 kg

Nestas condições, pode-se afirmar que:


105

a) isto não é fisicamente possível

b) se rLé a distância entre os centros de SL e da Lua e rT a distância entre os centros de ST e da Terra,


então, rL = rT

c) a distância de ST´à superfície da Terra será maior do que 1,1 x 106 m

d) os segmentos que unem SL ao centro da Lua e ST ao centro da Terra descrevem áreas iguais em
tempos iguais.

e) a distância de ST à superfície da Terra deve ser igual à distância de SL à superfície da Lua

RESOLUÇÃO

No caso do período de revolução do satélite da Terra...

Para que a os períodos sejam iguais devemos ter itens comuns nas duas equações para podermos fazer
um comparativo e tirar a conclusão. Então vamos nessa!!

Vamos agora igualar as duas equações...

Os dados mostram que

Sendo o raio da órbita da Lua igual a 1,74x106 m, este seria o menor raio para SL, portanto, o raio de ST
seria...
106

O raio da Terra igual a 6,37x106

A altura máxima de voo de ST é

A resposta correta é a alternativa C.

10. (ITA - 1980) Um foguete lançado verticalmente, da superfície da Terra, atinge uma altitude
máxima igual a três vezes o raio R da Terra. Calcular a velocidade inicial do foguete.

a) , onde M é a massa da Terra e G constante gravitacional.

b)

c)

d)

e)

RESOLUÇÃO

Essa questão é aplicação básica do principio da conservação de energia...

Na situação inicial, na superfície da Terra, o foguete tem energia cinética e potencial. A energia
potencial neste caso se refere à uma distancia do centro da Terra igual ao raio da Terra.

Na situação final, teremos apenas a energia potencial gravitacional, pois se considera a altura máxima
igual a três vezes o raio da Terra. Como é a altura máxima, considera-se que neste ponto não há
velocidade, portanto, energia cinética nula. A energia potencial neste caso se refere a uma distancia de
quatro vezes o raio da Terra.
107

A resposta correta é a alternativa a de Alter-do-Chão, belíssimo balneário com praias de água doce,
areia branca e fina em Santarém, Pará, minha cidade-natal!!!

11. (ITA - 1981) Um satélite artificial de dimensões desprezíveis gira em torno da Terra em órbita
circular de raio R. Sua massa é m e a massa da Terra é M (muito maior que m). Considerando a Terra
como uma esfera homogênea e indicando a constante de gravitação universal por G, podemos afirmar
que:

a) A aceleração normal do satélite é dirigida para o centro da Terra e sua aceleração tangencial vale
GMR-2.
b) Se a atração gravitacional pudesse ser substituída pela ação de um cabo de massa desprezível,
ligando o satélite ao centro da Terra, a tensão nesse cabo seria dada por GmM / (2R^2).
c) Em relação ao satélite, a Terra percorre uma circunferência de raio mR/M.

d) O período de rotação do satélite é 2


e) A Terra é atraída pelo satélite com uma força de intensidade m/M vezes menor que a força com a
qual o satélite é atraído pela Terra.

RESOLUÇÃO

A alternativa a está errada, pois em órbita circular não temos aceleração tangencial. Se houvesse
aceleração tangencial, o satélite mudaria de raio de órbita, podendo até mesmo adquirir energia
cinética tal que sua energia mecânica permitisse a ele ir embora para o infinito.

A alternativa b está errada, pois não percorreria uma circunferência de raio GmM / (R^2).

A alternativa e está correta porque a Terra e o satélite sentem a mesma força de atração.

A resposta correra é a alternativa D.

12. (ITA - 1982) Sendo R o raio da Terra, suposta esférica, G a constante da gravitação universal, g1
a aceleração de queda livre de um corpo no Equador, g2 a aceleração de queda livre no pólo Norte, M a
massa da Terra, podemos afirmar que:
108

a)
b)
c) g2 é nula
d) g1 é nula
e)

RESOLUÇÃO

A aceleração da gravidade no equador é menor que a aceleração da gravidade nos polos devido a
rotação na Terra, assim descartamos as opções a, c e d. A alternativa correta é a b pois, como nos polos
a rotação da Terra não causa diferença, temos que ...

Ao isolarmos a massa, obtemos a letra b.

A resposta correta é a letra B.

13. (ITA - 1983) Sabendo-se que a energia potencial gravitacional de um corpo de massa M (em kg)
a uma distância r (em metros) do centro da Terra é Ep = (-4,0 x 10^14 ) , qual será a velocidade de
lançamento que o corpo deve receber na superfície da Terra para chegar a uma distância infinita, com
velocidade nula?
(Ignore o atrito com a atmosfera e considere o raio da Terra como 6,4 x 10^6m).

a) 1,25 x 104 m/s


b) 5,56 x 104 m/s
c) 22 km/s
d) 19,5 x 103 m/s
e) 1,12 x 104 m/s

RESOLUÇÃO

Novamente é uma questão de aplicação do principio da conservação da energia. A diferença é que neste
caso já foi dada a energia potencial. Note que a energia potencial dada é a um distância r do centro da
Terra...

Não sabemos quanto é esse r e nem sabemos a massa M do corpo. E nem precisamos, visto que se
queremos saber a velocidade de lançamento do corpo, precisamos da energia potencial na superfície da
Terra...
109

Para chegar ao infinito com velocidade nula, as energias cinética e potencial devem ser nulas.

A resposta correta é a letra E.

14. (ITA - 1983) Uma espaçonave de massa 2000 kg está a 3,0 x 10^8 m da terra (MT = 6,0 x 10^24
kg). A terra, espaçonave, Lua (ML = 7,4 x 10^22 kg) e o sol (MS = 2,0 x 10^30 kg) estão alinhados, com a
Lua entre a Terra e o sol.
A distância da terra a lua é de 4,0 x 10^8 m, a distância da terra ao sol é de 1,5 x 10^11 m e a constante
de gravitação é 6,7 x 10^-11 N m2/kg2. A força resultante sobre a espaçonave é:

a) 4,0 N no sentido da espaçonave ao sol


b) 4,0 N no sentido da espaçonave a terra
c) 3,0 no sentindo da espaçonave ao sol
d) 4,0 x 103 N no sentido da espaçonave ao sol
e) 3,0 x 103 N no sentido da espaçonave a terra

.RESOLUÇÃO

Esta questão é simplesmente o cálculo da resultante de forças alinhadas. O Sol, a Terra e a Lua exercem
força gravitacional sobre a nave conforme a figura que mostramos na sequencia.
110

Há três forças envolvidas nesta situação acima descrita:

 Força de atração entre o Sol e a Nave


 Força de atração entre a Lua e a Nave
 Força de atração entre a Terra e a Nave

O diagrama de forças fica da seguinte forma:

A força resultante pode ser calculada pelos vetores que tem mesma direção através de uma soma
algébrica...

Atente-se que as distância entre cada astro e a nave precisam ser calculadas para o caso da Lua e do
Sol...
111

Observe que adotamos que a força na direção do Sol como positivo, então sendo o resultado positivo,
então a resultante aponta na direção do Sol.

A resposta é alternativa A.

15. (ITA - 1984) Um corpo A, inicialmente em repouso, explode sob a ação exclusiva de forças
internas, dividindo-se em duas partes, uma de massa m e outra de massa m’. Após a explosão, a única
força que atua sobre cada uma das partes é a força gravitacional exercida pela outra parte.
Quando a massa m está a uma distância r da posição originalmente ocupada pelo corpo A, a intensidade
da aceleração de m é igual a:
a)

b)

c)

d)
e)

RESOLUÇÃO

Quando o treco explodiu as duas partes são impulsionadas a se separar, porém a força gravitacional se
oporá a este movimento. Como as forças que atuam são internas, o centro de massa do sistema
formado pelas duas massas fica na mesma posição. Isto é, antes da explosão o centro de massa do
corpo A ocupava uma posição no espaço. Ao explodir, as duas massas, ao se afastarem, se afastam de
forma a manter o centro de massa formado por elas, na mesma posição do centro de massa antes da
explosão. O centro de massa é representado pelo x em vermelho

Para encontrar a aceleração siga o raciocínio...


112

A única força após a explosão é a força gravitacional que faz as duas partes se atraírem. De acordo com
a segunda lei de Newton, a aceleração de m é...

A força gravitacional é...

Volta à equação da aceleração...

A distância entre as duas massa é d que é a distancia r da massa m à posição inicial do centro de massa
mais a dist ncia da massa m’ à posição inicial do centro de massa.

Vamos definir que a posição inicial do centro de massa é xcm=0, e que deve ser mantida após a
explosão. Assim sendo, a posição d massa m é x=-r, mas como não sabemos a posição de m’, vamos
calcular...

A posição de m’ em função dos dados fornecidos...

Agora é só aplicar para encontrar a aceleração...


113

A resposta é alternativa B.

16. (ITA – 1984) Um planeta descreve uma órbita elíptica em torno de uma estrela cuja massa é
muito maior que a massa do planeta.
Seja r a distância entre a estrela e o planeta, num ponto genérico da órbita, e a velocidade do planeta
no mesmo ponto.
Sabendo-se que a e b são, respectivamente, os valores mínimo e máximo de r e v1 o valor mínimo de v,
pode-se afirmar que o produto vr satisfaz a relação:

a)
b)
c)
d)
e)

RESOLUÇÃO

Neste caso poderemos usar o principio da conservação do momento angular... vamos chamar a massa
do planeta de m. Aplicamos em duas posições: a primeira a posição genérica em r e a outra para posição
em b, para qual foi dada a velocidade v1.

Veja que o denominador é um seno e sabemos da matemática que o seno para qualquer ângulo sempre
vale...

Se dividirmos todos os elementos da inequação acima pelo seno, vemos a magia acontecer e o inverso
do seno aparecer...
114

Ou seja, multiplicar uma coisa pelo inverso do seno é o mesmo que multiplicar por algo maior que 1 e
no final dá que o resultado dessa multiplicação...

Neste caso a solução é a letra B.

17. (ITA - 1984) Na questão anterior, designando por M a massa da estrela (M >> m) e por E a
energia mecânica total, pode-se afirmar que:
a)
b)
c)
d)
e)

RESOLUÇÃO

Sendo a energia do planeta a soma da energia cinética e potencial gravitacional, pode-se escrever...

Resolvendo para velocidade...

A resposta é letra A.

18. (IME-85) Na superfície de um planeta hipotético, de raio igual ao da Terra, um pêndulo simples
oscila com período de 2,0 s. Sabendo, que, na própria Terra, o período de oscilação do mesmo pêndulo
vale s, determine a razão entre as massas do planeta e da Terra.

RESOLUÇÃO

Um pêndulo pode ter suas forças representadas como na figura:


115

O período do pêndulo depende da aceleração da gravidade e do comprimento do cabo conforme a


equação ...

Vale comentar que esta equação é válida para ângulos de oscilação muito pequenos. Nela nota-se que o
período diminuir com o aumento da aceleração gravitacional.

Esse tipo de questão, comparando duas situações em duas condições diferentes é bem comum nos
vestibulares do ITA e do IME. Nós temos dois períodos de um mesmo pendulo, ou seja, mesmo
comprimento. Nesse caso, o que liga as duas equações para o pendulo é o comprimento. Isso vai nos
permitir encontrar uma relação entre acelerações gravitacionais e consequentemente a relação das
massas dos planetas. A questão em si não é difícil quando você percebe a ideia central. Vamos lá!

Vamos arrumar a equação do pêndulo para explicitar o que é comum: o comprimento.

Para os dois planetas a oscilação pendular fica assim:


116

Igualando os comprimentos, tudo isso fica...

Agora que sabemos a relação das acelerações, podemos achar a relação entre as massas. Fica mais fácil
por que de acordo com o enunciado os raios são idênticos.

Substituindo fica desse jeito...

O planeta tem duas vezes mais massa que a Terra.

Lembre-se sempre a equação do pendulo por que ele é usado em inúmeras questões de física, e já vi
com campos elétricos e magnéticos. Então vai mais uma para você se exercitar!

19. (ITA – 1986) Se colocarmos um satélite artificial de massa “m” girando ao redor de Marte (6,37
. 10^23 kg) numa órbita circular, a relação entre a sua energia cinética (T) e a potencial gravitacional (U)
será:

a) T = /-U/2
b) T = -/2U
c) T = U/2m
117

d) T = mU
e) T = U

RESOLUÇÃO

Em uma órbita circular, a energia cinética T é...

A energia potencial U é...

A velocidade em órbita circular é

Podemos então expressar T em função da constante gravitacional e massas envolvidas.

A resposta correta é a letra A de Argentum que significa prata em latim, que também dá origem ao país
vizinho chamado argentina, famoso por suas reservas de prata no tempo do descobrimento da América.

20. (ITA – 1987) A respeito da lei da gravitação universal podemos afirmar que:

a) Exprime-se pela fórmula P = mg.


b) Pode ser deduzida das leis de Kepler do movimento planetário.
c) Evidencia a esfericidade da Terra.
d) Implica em que todos os movimentos planetários sejam circulares.
e) É compatível com as leis de Kepler do movimento planetário.

RESOLUÇÃO

Essa é uma daquelas questões que te permite ganhar tempo na hora da prova já que não envolve
cálculos difíceis e longos. Vamos lá!

A alternativa a está errada visto que mg é a força com que um corpo é atraído para o centro da Terra,
caso g seja aceleração da gravidade na Terra.

Não é deduzida pelas Leis de Kepler. Letra b é falsa.

A Lei da Gravitação Universal não se prende no formado dos corpos, mas sim em sua massa.
118

Não necessariamente todos os movimentos planetários são circulares, mas elípticos. Órbitas circulares
são casos especiais das órbitas elípticas.

A letra E é correta visto que a Lei da Gravitação Universal é compatível com as Leis de Kepler.

21. (ITA – 1987) Considere a Terra como um corpo homogêneo, isotrópico e esférico de raio R,
girando em torno do seu eixo com freqüência v (número de voltas por unidade de tempo), sendo g a
aceleração da gravidade medida no equador. Seja v’ a freqüência com que a Terra deveria girar para que
o peso dos corpos no equador fosse nulo. Podemos afirmar que:

a) V’=4V

b) V’=

c) Não existe V’ que satisfaça às condições do problema.

d)

e)

RESOLUÇÃO

A ideia deste problema é a seguinte: no equador a rotação da Terra gera um peso aparente menor que
o teria se a Terra estivesse parada. Então se aumentarmos rotação da Terra, ou seja, a quantidade que
de rotações por segundo necessárias para a força centrífuga anular a aceleração gravitacional no
equador.

Quando se fala em corpo homogêneo e isotrópico é para encararmos a Terra como uma esfera sem
camadas diferentes internas ou variações de propriedades. A aceleração da gravidade na superfície da
Terra em qualquer ponto de sua superfície, sem considerar sua rotação é:

Só que no Equador (não é o país de capital Quito), a linha do que divide a Terra em hemisfério Norte e
hemisfério Sul, sofre o efeito da rotação conforme já visto... Lembre que é a situação inicial

O peso aparente no equador deveria ser nulo quando aplicada a velocidade distinta da natural ,
portanto:
119

A equação acima é a condição final

De acordo com o enunciado, . A situação inicial fica:

Como já descobrimos que

É só substituir na condição final:

Mas sabemos que a velocidade angular é calculada pela frequência que no enunciado é chamado de v.

Substituindo...

Reorganizando a equação para determinar a frequência de rotação na situação questionada, temos:

Alternativa D.

22. (ITA - 1988) Duas estrelas de massa m e 2m respectivamente, separadas por uma distância d e
bastante afastadas de qualquer outra massa considerável, executam movimentos circulares em torno
do centro de massa comum. Nestas condições, o tempo T para uma revolução completa, a velocidade
v(2m) da estrela maior, bem como a energia mínima W para separar completamente as duas estrelas
são:
120

RESOLUÇÃO

Esse é um problema clássico e que caiu diversas vezes no vestibular do ITA com algumas variações, mas
sempre com a mesma ideia.

Trata-se de estrelas gêmeas, ou seja, dois astros que orbitam trajetórias circulares em torno do centro
de massa do sistema formado por eles. É como se fosse um balé, um casal dançando e rodopiando no
salão ao som da valsa do Danúbio... que lindo...

Nesta questão foram pedidas grandezas importantes como período, velocidade e energia.

Antes de mais nada, precisamos achar o centro de massa para podermos iniciar nossa análise.

Para isso fixamos a referência para calculo do centro de massa em um dos astros. Escolhemos o maior,
mas não é uma regra e que poderia ser feita referenciando no menor também. Portanto, a posição do
astro maior. Além disso, vamos escolher o eixo x como suporte para nosso sistema. Assim a massa maior
tem posição na origem, x=0, e massa menor tem posição x=d

Isto mostra que o centro de massa dista um d/3 do astro maior e 2/3d do astro menor. O esquema fica
da maneira mostrada na figura abaixo.
121

Observe que ambas descrevem órbita circular de raios diferentes cuja força centrípeta é a força de
atração gravitacional entre elas, já que estão distante de qualquer outra força gravitacional significativa.

O período de revolução é o mesmo para ambos.

Sendo a força centrípeta igual a força de atração gravitacional entre as duas massas, podemos escrever
para uma delas o seguinte (a escolha é livre e vou continuar usando a mais pesada, pois eu gosto de
carregar peso, prática dos meus tempos de ajudante de pedreiro... mentira nunca trabalhei em obra)

Lembrando que a velocidade pode ser expressa em função do período (revisar o movimento circular
uniforme)...

Substituindo...

Fazendo aquelas simplificações algébricas que só um brasileiro com swing e malemolência do samba
pode fazer, chegamos a...
122

A velocidade para o astro de maior massa, podemos reaplicar na definição de velocidade em função do
período...

A energia para separar as duas estrelas é calculada de acordo com a ideia seguinte ...

Situação inicial: as duas estrelas se amam e vivem de boa em algum canto aconchegante do universo
bailando, orbitando como uma bela valsa, conforme descrito acima. Nisso cada uma das estrelas tem
uma energia potencial gravitacional devido a influencia gravitacional de uma sobre a outra. Além disso,
as duas estão se movendo, então cada um tem energia cinética. A energia inicial do sistema é a soma da
energia potencial mais a energia cinética das duas.

Situação final: então como viver um grande amor que nem dessas estrelas é difícil em tempos de ódio é
estar sob o olhar malévolo da inveja, algum lazarento resolver separar as duas estrelas. Para que?
Também me pergunto... falta do que fazer e estragar a felicidade dozoto. Enfim, para que realmente
separá-las é necessário afasta-las para muito longe, mas bem longe (ô crueldade...) tão longe de tal
forma que a energia potencial gravitacional delas seja desprezível, isto é, aproximadamente nula, que
acontece no infinito... Mas é suficiente? Claro que não, se elas tiverem velocidade, uma hora as estrelas
voltam a se aproximar e reencontrar, por isso se faz com que a velocidade de ambas seja nula, fazendo
com que a energia cinética se anule para ambas... neste caso podemos escrever essa triste situação

É com lágrimas nos olhos que lhes digo que a energia mínima que deve se ofertar ao sistema para
afastar as duas estrelas é...

Mas quanto vale esse valor carregado de ódio?

A energia potencial gravitacional é só aplicar na fórmula e fica...


123

As energias cinéticas ficam...

Sabemos que a velocidade da estrela maior é...

Só que não temos a velocidade da outra..., mas é fácil, pois seria trocar o raio de d/3 para 2d/3...

Voltando às energias...

Finalmente voltando para energia inicial...

E para o desespero das duas estrelas...

A resposta correta é a da alternativa E.

23. (ITA - 1989) Comentando as leis de Kepler para o movimento planetário, um estudante
escreveu:
I- Os planetas do sistema solar descrevem elipses em torno do Sol que ocupa o centro dessas elipses.
II- Como o dia (do nascer ao pôr-do-Sol) é mais curto no inverno e mais longo no verão, conclui-se que o
vetor posição da Terra (linha que une esta ao Sol) varre uma área do espaço menor no inverno do que
no verão para o mesmo período de 24 horas.
III- Como a distância média da Terra ao Sol é de 1,50.10^8 km e a de Urano ao Sol é de 3,00.10^9 km,
124

pela 3a lei de Kepler conclui-se que o “ano” de Urano é igual a 20 vezes o ano da Terra.
IV- As leis de Kepler não fazem referência à força de interação entre o Sol e os planetas.

Verifique quais as afirmações que estão corretas e assinale a opção correspondente.


a) I e IV estão corretas.
b) Só a I está correta.
c) II e IV estão corretas.
d) Só a IV está correta.
e) II e III estão corretas.

RESOLUÇÃO

A primeira está errada, pois o Sol ocupa um dos focos da elipse. Definição da Primeira de Lei de Kepler.

A segunda está errada, pois segundo a Segunda Lei de Kepler, o vetor varrer áreas iguais em tempos
iguais.

A terceira está errada, pois sendo que a relação entre os raios não é linear, pois a do quadrado dos
períodos é proporcional a relação dos cubos dos raios médios. Pelo que o camarada anunciou aí, seria
linear, mas não é.

A quarta está certa, pois as Leis de Kepler tratam da cinemática, isto é, das velocidades e não se
preocupam com as interações entre os astros. Se você revisar vai ver que fala de tempo, órbita, período,
raios essas coisas...

A alternativa correta é a D.

24. (ITA - 1989) Um astronauta faz experiências dentro do seu satélite esférico, que está em órbita
circular ao redor da Terra. Colocando com cuidado um objeto de massa m bem no centro do satélite o
astronauta observa que objeto mantém sua posição ao longo tempo. Baseado na 2ª lei de Newton, um
observador no Sol tenta explicar esse fato com as hipóteses abaixo. Qual delas é correta?

a) Não existem forças atuando sobre o objeto (o próprio astronauta sente-se imponderável).

b) Se a força de gravidade da Terra stá atuando sobre o objeto e este fica imóvel é

porque existe uma força centrífuga oposta que a equilibra.


c) A carcaça do satélite serve de blindagem contra qualquer força externa.
d) As forças aplicadas pelo Sol e pela Lua equilibram a atração da Terra.
e) A força que age sobre o satélite é de gravitação, mas a velocidade tangencial v do satélite deve ser tal

que .
125

RESOLUÇÃO

Bem amigos, vamos analisar as afirmações uma a uma...

Se ele está em órbita circular da Terra, então uma força centrípeta age sobre objeto. Letra A é tão falsa
quando uma nota de 35 reais.

Para um observador no Sol a força que atua sobre o corpo é centrípeta. O cara no Sol vai ver a
espaçonave, o astronauta e o objeto executando um movimento circular, portanto, para ele todos tem
foca centrípeta. Falsa!

Nessa a viagem foi total! Se você achou que essa está correta depois de ler a teoria, por favor, feche o
livro e vá lavar louças e levar o lixo para fora e repense sobre sua vida. Falsa!

Essa situação de equilíbrios de forças Terra, Lua e Sol depende de uma situação de posicionamento
específico que ocorrer por tempo curto. Mais falsa que o título mundial do Palmeiras.

Conforme visto na teoria, esta afirmação está correta.

Portanto, a resposta correta é a alternativa E.

25. (ITA - 1989) Considere a Terra como sendo uma esfera de raio R e massa M, uniformemente
distribuída. Um satélite artificial descreve uma órbita circular a uma altura h da superfície da Terra, onde
a aceleração gravitacional (sobre a órbita) é g. Em termos de algarismos significativos, o quadrado da
velocidade do satélite é melhor representado por:
6 24 5 2
Dados: R = 6,378 x 10 m, M = 5,983 x 10 kg, h = 2,00 x 10 m e g = 9,2 m / s

a) (16,81 x 10^6 )(km/h)2


b) (3,62 x 10^6)^ 2 (km/h)2
c) (6,05 x 10^7)^2 (m/s)2
d) 6,0517 x 10^7(m/s)2
e) Nenhum dos valores apresentados é adequado

RESOLUÇÃO

É mais uma daquelas questões que já vimos antes, então não tem muito segredo. A uma altura h acima
da superfície da Terra, o satélite possui um raio de movimento circular igual R+h (lembre-se que esse
raio é do centro da Terra até o objeto em estudo, no caso, o satélite). Nesse ponto, a aceleração da
gravidade é g.

Podemos escrever tudo em termos de acelerações, tanto que a massa nem foi dada. A aceleração
centrípeta neste caso é a aceleração nesta altura:
126

Agora se você não prestar atenção nas unidades você pode se enrolar e perder tempo ou até mesmo
perder a questão. As duas primeiras opções estão em km/h e as outras duas em m/s. Vamos começar
por m/s.

Esta questão não traz nenhuma novidade, a não ser pelo fato de fazer você fazer mais contas e ter que
prestar atenção nas unidades.

A alternativa correta é D.

26. (ITA - 1991) Considere um planeta cuja a massa é o triplo da massa da Terra e seu raio, o dobro
do raio da Terra. Determine a relação entre a velocidade de escape deste planeta e a da Terra (vP/vT) e
a relação entre a aceleração gravitacional na superfície do planeta e da Terra (gP/gT).

a) e

b) e

c) e

d) e
e) Nenhuma das anteriores

RESOLUÇÃO

Essa questão se resolve facilmente ao fazermos a comparação entre o planeta e a Terra. Vamos começar
pelo mais fácil que é a gravidade na superfície do planeta.

Como visto anteriormente, a gravidade na superfície do planeta e da Terra, sem considerar a rotação do
mesmo é, primeiramente para a Terra:

E segundamente para o planeta:


127

A gravidade na superfície do planeta é ¾ da gravidade na superfície da Terra.

A velocidade mínima de escape do planeta é:

Onde a gravidade considerada é a da superfície do planeta, que vamos substituir pelo seu equivalente
em termos terrestres e que foi encontrado no item anterior:

Para velocidade de escape da Terra...

Dividindo a velocidade no planeta e na Terra:

A resposta é a letra B de Belém, capital do Estado do Pará, o estado deste amigo que vos fala.

27. (ITA - 1991) Um satélite artificial geostacionário permanece acima de um mesmo ponto da
superfície da Terra em uma órbita de raio R. Usando um valor de RT = 6400 km para o raio da Terra. A
razão R/RT é aproximadamente igual a:
2
Dado: g = 9,8 m/s
a) 290
b) 66
c) 6.6
d) 11.2
e) Indeterminada pois a massa do satélite não é conhecida

RESOLUÇÃO

Os satélites geo-estacionários são satélites que ficam em uma posição fixa acima de uma localização na
superfície da Terra. É como se eles sempre estivesse sob uma mesma posição, parados, como um poste
na rua. Porém, eles se movem com mesma velocidade de rotação da Terra, ou seja, mesmo período de
rotação, o que faz parecer que estão parados, sempre ali, no entanto não estão. Se alguém na Lua ver
esse satélite, vai ver ele orbitando a Terra, mas para quem está na Terra, vai ver o mesmo como se
estivesse parado. Esses satélites são muito uteis para telecomunicaçãoes, pois permitem fazer a
128

retransmissão de sinais entre dois pontos distantes na superfície terrestre. Para conseguir essa
condição, o satélite geo-estacionario possui uma orbita de raio muito grande. Como essa orbita
geoestacionária é muito útil e não tem muito, os países se organizam para que cada país possa ter
acesso a um lugar na orbita geo. Há regulações para colocação de satélites nestas órbitas.

Como foi dito, para alcançar a órbita geo, o período do satélite deve ser igual ao período da Terra. Do
movimento circular temos o seguinte resultado:

Para a orbita geo, relação entre raio e período é:

O período na oribita geo deve ser igual ao período de rotação da Terra, isto é, um dia, ou seja 24 horas,
que em segundos fica 86400 segundos.

Mas veja que não temos o valor de G e M, pois não foram dados no enunciado, então vamos dar um
jeito de substituir esse GM com algo que foi dado. Veja que foi dado o valor da gravidade na superfície
da Terra, g, então vamos espressa GM em função de g. Isso é fácil, é só lembrar que:

Agora taca-le na equação para órbita geo!

Só que precisamos da relação entre os raios. Observe que temos o raio da Terra ao quadrado e o raio da
órbita geo ao cubo, o que não dá para fazer a comparação Rg/RT. Para isso vamos usar um artimanha.
129

Malandradamente, vamos multiplicar o segundo lado da igualdade por RT/6400km. Mas por que?

A ideia é a seguinte: não podemos mudar a igualdade, mas precisamos mexer nela e uma forma de fazer
isso é multiplicar por algo que equivale a 1, e dessa forma não alteramos a igualdade mas nos dá um RT
para forma um cubo. Como RT e 6400km são a mesma coisa, a divisão de RT/6400km é 1.

Daí você pode pensar, essa conta desgraçada para fazer na hora da prova, eu não tenho calculadora. Aí
que está, use sua malandragem matemática... 9.8 é quase 10, então já podemos eliminar em uma das
potências de 10. Veja que 86400 é 24 vezes 60*60, que dá para “cortar” com o 64. Veja...

Aproximadamente...
130

Mas queremos o contrário...

Mas quanto é raiz cúbica de 5?? Vamos estimar isso, comparando os cubos próximos de 5. Por exemplo,
cubo de 1 é 1 e cubo de 2 é 8 e 5 está entre eles, então se liga na jogada...

Isso é o mesmo que...

Aplicando a raiz cúbica em todos, isso fica...

Ou seja, está entre em 1 e 2, assim, ao dividir 12 por raiz de 5, isso deve dar um valor um pouco maior
que 6, e a única opção que temos é 6.6.

O que nos faz concluir que é a letra C.

28. (ITA - 1992) Na 3ª lei de Kepler, a constante de proporcionalidade entre cubo do semi-eixo
maior da elipse (a) descrita por um planeta e o quadrado do período (P) de translação do planeta, pode
ser deduzida do caso particular do movimento circular. Sendo G a constante da gravitação universal, M
a massa do Sol, R o raio do Sol temos:
a)

b)
c)

d)
e)

RESOLUÇÃO

Essa questão é derivação direta da terceira lei de Kepler aplicada para órbitas circulares. Não há
nenhuma novidade, mas vamos fazer assim mesmo por que aqui a preguiça não tem vez... só às vezes...
131

Se você igualar a aceleração centrípeta com a aceleração da gravidade sentida pelo planeta P, gerada
pelo Sol, a questão fica resolvida. Vamos primeiro chamar o raio da órbita de R e depois substituímos
por a...

Para a orbita geo, relação entre raio e período é:

Agora vamos usar a variável dada...

Resposta correta é a letra E.

29. (ITA - 1993) Qual seria o período (T) de rotação da Terra em torno do seu eixo, para que um
objeto apoiado sobre a superfície da Terra no equador ficasse desprovido de peso?
3 24
Dados: raio da Terra: 6,4 x 10 km; massa da terra: 6,0 x 10 kg; constante de gravitação universal: 6,7 x
-11 2 2
10 N m / kg

a) T = 48 h
b) T = 12 h
c) T = 1,4 h
d) T = 2,8 h
e) T = 0

RESOLUÇÃO

Uma rotação dura 24 horas, que tem 86400 segundos. A velocidade angular neste caso é

A gravidade nula no equador é:


132

Isso equivale a 5060 segundos, que são 1.40 horas.

30. (ITA-1994) Deixa-se cair um corpo de massa m da boca de um poço que atravessa a Terra,
passando pelo seu centro. Desprezando atritos e rotação da Terra, para |x| R o corpo fica sob ação da
força F = - m.g.x/R, onde a aceleração gravitacional g = 10,0 m/s2, o raio da Terra R = 6,4 x 10^6 m e x é
a distância do corpo ao centro da Terra (origem de x). Nestas condições podemos afirmar que o tempo
de trânsito da boca do poço ao centro da Terra e a velocidade no centro são:

a) 21 min e 11,3 x 103 m/s


b) 21 min e 8,0 x 103 m/s
c) 84 min e 8,0 x 103 m/s
d) 42 min e 11,3 x 103 m/s
e) 42 min e 8,0 x 103 m/s

RESOLUÇÃO

Se você um dia pensou em cavar um túnel para chegar ao Japão, leia essa resolução e entenda como
seria essa viagem.

Essa questão se baseia no principio da casca, onde a atração gravitacional exercida por uma casca
esférica é nula. A medida que ele vai percorrendo o túnel, a massa de raio r vai diminuindo de volume,
isto é, a gravidade vai diminuindo a medida que se aproxima do centro da Terra.
133

Ao passar pelo centro da Terra, o oposto ocorre, já que a massa vai aumentando e com isso o corpo vai
desacelerando pois a gravidade tende a aumentar. Veja que a força de atração é o oposto do sentido de
movimento e vamos mostrar que é um movimento harmônico simples.

Supondo que a Terra seja homogênea e constituída de um material de densidade d, a massa da esfera
de raio r criado devido ao movimento do corpo é....

E a força da gravidade é:

Observe que se considerarmos o sentido da força em função do movimento na direção r, ela é sempre o
oposto e vale...

O Movimento Harmônico Simples, MHS ocorre quando a força é do formato F=-kx, onde K é uma
constante e x é o deslocamento. Observe que se o deslocamento é r, pois vai de R a 0 e depois de 0 a –R,
e sendo temos uma constante igual a...
134

Sendo que caracterizamos o MHS, o tempo para que o corpo chegar ao centro da Terra é um quarto do
período do MHS. Lembrando-se do período do MHS...

Neste caso, o tempo procurado é...

Mas temos um G e uma densidade que não nos foi dada. E agora? Não há motivo para pânico. Lembre-
se que para a gravidade na superfície da Terra...

No enunciado foi dada a gravidade na superfície da Terra e o raio da mesma. Vamos extrair o que nos
falta dentro daquela raiz quadrada safada... só manipular um pouquinho para termos os parâmetros que
queremos eliminar.

Aplicando na danada

A velocidade no centro é...

Concluímos que a resposta correta é a letra B.


135

31. (ITA-94) As distâncias médias ao Sol dos seguintes planetas são:


Terra: RT;
Marte: RM=1,5RT;
Júpiter: RJ=5,2RT.
Assim os períodos de revolução de Marte (TM) e Júpiter (TJ) em anos terrestres (A) são:

a) TM=1,5A; TJ=9,7A;

b) TM=1,5A; TJ=11,0A;

c) TM=1,8A; TJ=11,9A;

d) TM=2,3A; TJ=14,8A;

e) TM=3,6A; TJ=23,0A.

RESOLUÇÃO

Essa questão é uma aplicação direta do que foi exposta acima. Só que neste caso o período de Marte e
Júpiter devem ser dados em função de anos na Terra, ou seja, o período de órbita da Terra.

Vamos começar por Marte que tem raio de órbita igual a 1.5 vezes o raio da órbita da Terra.

Para Júpiter, eis os cálculos...


136

Alternativa correta é a C.

32. (ITA - 1995) Considere que MT é a massa da Terra, RT o seu raio, g a aceleração da gravidade e
G a constante de gravitação universal. Da superfície terrestre e verticalmente para cima, desejamos
lançar um corpo de massa m para que, desprezando a resistência do ar ele se eleve a uma altura acima
da superfície igual ao raio da Terra. A velocidade inicial V do corpo neste caso deverá ser de:
a)

b)

c)

d)

e)

RESOLUÇÃO

Essa questão é basicamente a aplicação do principio da conservação da energia. A superfície da Terra


pode-se considerar que energia potencial gravitacional é não nula e o corpo parte com velocidade V,
constituindo assim uma energia cinética não nula. Vamos supor que nessa altura igual ao raio da Terra, a
velocidade do corpo seja nula. Portanto, podemos escrever...

A alternativa correta é a letra C.


137

33. (ITA - 1996) Numa certa data, a posição relativa dos corpos celestes do Sistema Solar era, para
um observador fora do Sistema, a seguinte:

ME = Mercúrio
VE = Vênus
TE = Terra
MA = Marte
JU = Júpiter

O sentido de rotação da Terra está indicado na figura. A figura não está em escala. Do diagrama
apresentado, para um observador terrestre não muito distante do equador, pode-se afirmar que:
I - Marte e Júpiter eram visíveis à meia-noite.
II - Mercúrio e Vênus eram visíveis à meia-noite.
III - Marte era visível a oeste ao entardecer.
IV - Júpiter era visível à meia-noite.

Das afirmativas feitas pode-se dizer que:


a) Somente a IV é verdadeira.
b) III e IV são verdadeiras.
c) Todas são verdadeiras.
d) I e IV são verdadeiras.
e) Nada se pode afirmar com os dados fornecidos.

RESOLUÇÃO

Olhando a figura, podemos ver que a meia noite ocorre quando o observador vê no sentido oposto ao
Sol. À meia-noite podemos com certeza ver Júpiter e parece e não dá para ver Marte. Marte é visível
quando o observador está indo da parte iluminada (dia) para parte não iluminada (noite), ou seja, ao
entardecer. A afirmação I não é verdadeira.

Vênus e Mercúrio estão atrás do Sol então não dá para ver a olho nu.

Resposta é a letra B.

34. (ITA - 1997) O primeiro planeta descoberto fora do sistema solar, 51 Pegasi B, orbita a estrela
51 Pegasi, completando uma revolução a cada 4,2 dias. A descoberta do 51 Pegasi B, feita por meios
espectroscópicos, foi confirmada logo em seguida por observação direta do movimento periódico da
estrela devido ao planeta que a orbita. Conclui-se que 51 Pegasi B orbita a estrela 51 Pegasi à 1/20 da
distância entre o Sol e a Terra.
138

Considere as seguintes afirmações: se o semi-eixo maior da órbita do planeta 51 Pegasi B fosse 4 vezes
maior do que é, então:

I- A amplitude do movimento periódico da estrela 51 Pegasi, como visto da Terra, seria 4 vezes maior do
que é.
II- A velocidade máxima associada ao movimento periódico da estrela 51 Pegasi, como visto da Terra,
seria 4 vezes maior do que é.
III- O período de revolução do planeta 51 Pegasi B seria de 33,6 dias.

Das afirmativas mencionadas:

a) Apenas I é correta.

b) I e II são corretas.

c) I e III são corretas.

d) II e III são corretas.

e) As informações fornecida

RESOLUÇÃO

O sistema solar em questão está mostrado na figura...


139

Podemos escrever usando Kepler

Agora de acordo coma suposição se o raio fosse 4 vezes maior, então teríamos que o novo raio seria...

Aplicando ficaria...

Fica que o novo período está é:

Tirando a raiz em ambos os lados...

Se o raio aumentar 4 vezes, o período aumenta 8 vezes... Como período de rotação do planeta é 4.2
dias, então o novo período é oito vezes maior, fica 33.6 dias. A afirmativa III está correta!

O planeta e a estrela giram em torno do centro de massa formado por eles. Chamando a distancia entre
a estrela e centro de massa como x, a posição de x em relação ao sistema de coordenadas na estrela é...

Se o raio aumenta em quatro vezes, o raio de órbita da estrela se altera para..

A afirmação I é verdadeira.

Sendo que a estrela descreve uma trajetória circular de raio x em torno do centro de massa, a sua
velocidade é dada por
140

Caso aumente o raio em 4 vezes, a velocidade se torna...

A afirmativa II está errada.

A alternativa correta é C.

35. (ITA - 1998) Estima-se que, em alguns bilhões de anos, o raio médio da órbita da Lua estará
50% maior do que é atualmente. Naquela época, seu período, que hoje é de 27,3 dias, seria:

a)14.1 dias

b)18.2 dias

c)27.3 dias

d)41.0 dias

e)50.2 dias

RESOLUÇÃO

Olha aí o Kepler maroto chegando no sapatinho de novo... Vamos usar a sua terceira lei para resolver
esta danada. Se aumentou em 50%, ou seja, é o tamanho que tem hoje mais 50%. Significa que o novo
raio seria 1.5

Se compararmos as duas situações da Lua usando a terceira lei, teremos...


141

Resposta correta é a letra E de enxofre, cujo símbolo é S e é abundante em erupções vulcânicas. Junto
com o hidrogênio, forma o ácido sulfídrico, gás cujo cheiro é de ovo podre, pois na decomposição do
ovo se forma o H2S e que lembram os odores de pessoas com sistema digestivo desregulado.

36. (ITA - 1999) Um relógio de pêndulo, construído de um material de coeficiente de dilatação


linear , foi calibrado a uma temperatura de 0°C para marcar um segundo exato ao pé de uma torre de
altura h. Elevando-se o relógio até o alto de uma torre observa-se um certo atraso, mesmo mantendo-se
a temperatura constante. Considerando R o raio da Terra, L o comprimento do pêndulo a 0°C e que o
relógio permaneça ao pé da torre, então a temperatura para a qual se obtêm o mesmo atraso é dada
pela relação...

a)

b)

c)

d)

e)

RESOLUÇÃO

Essa foi umas primeiras questões de física do ITA que eu tentei fazer... digo tentei, por que eu achei
muito difícil no inicio e me frustrei muito por que achei muito complexa. De fato, ela durante uma prova
de vestibular parece um monstro. Depois de uns dias consegui resolve-la porque havia percebido que
minha base de teoria ainda era fraca e muitos conceitos ainda não estavam sólidos para mim. O que
quero dizer é que não existe questão difícil, você é que não está suficientemente preparado para ela.
Pode ser que muitas das questões resolvidas aqui possam parecer complexas e muito difíceis. De fato,
muita gente tem dificuldade como eu tive, mas isso tudo caiu por terra quando eu estudei melhor
assuntos básicos e me disciplinei melhor. Bom, após este testemunho vamos à resolução...

Esse problema descreve duas situações: quando está ao pé da torre e quando está no alto da torre.
142

Nas situações, dois fenômenos físicos agem: a dilação térmica linear e a diminuição da gravidade devido
à altura.

Como ele fala em atraso, ele está falando de período do pêndulo. Mas por que ocorre esse atraso?
Primeiro temos que ver as variáveis que afetam o período do pêndulo...

O aumento da temperatura causa aumento do comprimento l, fazendo assim que o período aumente.
Veja também que se a gravidade g diminuir, o período também aumenta. Isso acontece quando
elevamos o pêndulo, por exemplo, ao subir na torre...

Mas atrasos sempre são medidos em relação a uma referência, caso contrário não dá para dizer que
algo atrasou ou adiantou. O processo de medir algo para se ter como referência se chama calibração. A
0°C ao pé da torre, o comprimento do pêndulo é L e a gravidade é g. O período nessa situação é...

Ao subir na torre o pêndulo experimenta uma redução da gravidade devido o aumento da distância ao
centro da Terra...

Como a gravidade na superfície é...

Isso fica...

O período no alto da torre vale...


143

Veja que eu tirei um monte de coisa da raiz quadrada deixando só o g. Isso é como se eu estivesse
garimpando a equação de cima para achar o período de calibração, pois vai me facilitar... quer ver?

Note que o período aumentou no alto da torre, pois a fração é maior que 1. Se o período

aumentou, quer dizer que um segundo no alto da torre é marcado mais lento, portanto, vamos calcular
o atraso, que é a diferença de marcações.

Só que se pergunta qual a temperatura que devemos colocar no pêndulo no solo para ter esse mesmo
atraso. Recordar é viver e as recordações nos dizem que o comprimento do pêndulo ao ser aquecido é...

O período com pêndulo aquecido...

O atraso é feito da mesma forma...


144

Agora podemos encontrar a temperatura t que causa o mesmo atraso da situação no topo da torre...

Elevando ao quadrado os dois lados, dá para eliminar a raiz quadrada...

37. (ITA - 1999) Considere a Terra uma esfera homogênea e que a aceleração da gravidade nos
polos seja de 9,8 m/s2. O número pelo qual seria preciso multiplicar a velocidade de rotação da Terra de
modo que o peso de uma pessoa no Equador ficasse nulo é:

a) 4pi
b) 2pi
c) 3
145

d) 10
e) 17

RESOLUÇÃO

No equador, a influência da rotação da Terra diminui o peso aparente das coisas. Se compararmos o
peso nos polos, o valor do peso aparente é menor, visto que lá a influência da rotação é nula. Sendo
assim, podemos escrever nessa bagaça...

A nova velocidade de rotação para que o peso no equador seja nulo é...

Sabemos da teoria do movimento circular que:

Neste caso é a rotação da Terra, cujo período é 86400s.

Aplicando os dados, vemos que n = 17. A opção correta é a E.

38. (ITA - 1999) Suponha um cenário de ficção científica em que a Terra é atingida por um imenso
meteoro. Em conseqüência do impacto, somente o módulo da velocidade da Terra é alterado, sendo V0
seu valor imediatamente após o impacto, como mostra a figura abaixo. O meteoro colide com a Terra
exatamente na posição onde a distância entre a Terra e o Sol é mínima (distância AO = R na figura).
Considere a atração gravitacional exercida pelo Sol, tido como referencial inercial, como a única força de
interação que atua sobre a Terra após a colisão, e designe por M a massa do Sol e por G a constante de
gravitação universal. Considere ainda que o momento angular da Terra seja conservado, isto é, a
quantidade de módulo m sen ( ) permanece constante ao longo da nova trajetória elíptica da
Terra em torno do sol (nessa expressão, m é a massa da Terra, r é o módulo do vetor posição da Terra
em relação ao Sol, o módulo da velocidade da Terra e o ângulo entre r e ). A distância (OB), do
146

apogeu ao centro do Sol, da trajetória que a Terra passa a percorrer após o choque com o meteoro, é
dada pela relação:

a)

b)

c)

d)
e) R

RESOLUÇÃO

Inicialmente, há uma órbita de boas e vem um cometa lazarento para acabar com a paz dos outros. A tal
porrada muda o módulo da velocidade. Ao aumentar a velocidade vamos para uma trajetória elíptica
maior.

As condições do enunciado dizem que podemos aplicar a conservação do momento angular então
vamos usar a dita cuja conservação:

Sendo o sistema conservativo podemos aplicar o principio da conservação da energia:


147

Vamos substituir a velocidade em B:

Agora vem a sacada. Aí no meio dessa equação tem uma equação do segundo grau. Dúvida? É verdade,
olhe bem. Mas se não conseguiu perceber, considere o seguinte:

Se fizermos o seguinte:

Como é uma equação do segundo grau, teremos dois valores para x, calculados através da fórmula de
Baskhara.

Para as soluções vai dar trabalho hein...


148

Vai mesmo! Olha só!

Se liga nessa:

Fica desse modo:

Agora lembre que fizemos...


149

Para x2:

Novamente, usando a troca de variáveis:

Substituindo:

Resultando em...

As duas soluções são R e . A solução x2 corresponde ao apogeu e a resposta foi pedida para o

perigeu, portanto a resposta é:


150

Antes que você se desespere com o trabalho que deu esta questão, lembre-se que a estratégia para sua
resolução foi simples: usar conservação da quantidade de movimento angular e conservação da energia.
O resto é manipulação matemática que se aprende com bastantes exercícios, disciplina e concentração.

Um filme que trata dessa questão de colisão da Terra com um asteroide é o Armagedon, estrelado por
Bruce Willys. No filme, um grupo de mineradores partem para uma missão que tenta destruir o
asteroide antes de chegar na Terra. Mas para isso ele só precisam pousar no astro que vem em direção à
Terra... coisas do cinema... pelo menos tem um trilha sonora legal .

39. (ITA - 2000). Uma casca esférica tem raio interno R1, raio externo R2 e massa M distribuída
uniformemente. Uma massa puntiforme m está localizada no interior dessa casca, a uma distância d de
seu centro ( R1 < d < R2). O módulo da força gravitacional entre as massas é :

a) 0
2
b) GMm / d
3 3
c) GMm / (R - d )
3 3
d) GMm / (d - R 1)
3 3 2 3 3
e) GMm (d - R 1) / d (R 2R 1)

Este problema é bastante interessante e faz uso do teorema das cascas. Primeiro vamos dividir esta
casca em duas: a casca interior cujo raio vai de R1 a d e a casca exterior cujo raio vai de d até R2.

A massa m está interna à casca externa, e pelo teorema das cascas, uma massa localizada no interior de
uma casca esférica tem a resultante das forças sobre ela igual a zero. Portanto vamos jogar fora a casca
externa, pois ela não apita nada por aqui.
151

A massa m sente a força gravitacional da casca interna e essa força é como se fosse uma força cuja
massa da casca interna estivesse toda concentrada no centro. Mas veja que só parece, por que o centro
é oco.

Portanto, a força gravitacional é calculada da seguinte maneira:

Mas quanto é massa da casca interna? Já que ela disse que a casca toda tem uma massa distribuída,
vamos assumir que ela tem uma densidade

O volume da casca é o volume de uma esfera de raio R2 menos o volume da esfera de raio R1:

Portanto...

Como a massa da casca interna, a massa da casca interna pode ser expressa através da densidade e das
dimensões dadas no enunciado. A casca interna segue a mesma ideia da casca total, ou seja, seu volume
é o volume de uma esfera de raio d menos o volume de uma esfera de raio R1.

Se dividirmos a massa da casca interna pela massa total vamos cancelar a densidade, que é um
parâmetro que não foi dado e por isso não pode aparecer. Não faz sentido dar a resposta com um
parâmetro desconhecido. É o mesmo que nada.

Agora que temos a massa da casca interna, é só achar a força.


152

A resposta é a letra E.

40. (ITA - 2000). O raio do horizonte de eventos de um buraco negro corresponde à esfera dentro
da qual nada, nem mesmo luz, escapa da atração gravitacional por ele exercida. Por coincidência, esse
raio pode ser calculado não-relativisticamente como o raio para o qual a velocidade de escape é igual à
velocidade da luz. Qual deve ser o raio do horizonte de eventos de um buraco negro com uma massa
igual à massa da Terra?
a) 9m
b) 9mm
c) 30cm
d) 90cm
e) 3km

Dados:
massa da Terra: 6,0.10^24kg
velocidade da luz no vácuo: 3,0.10^8m/s
constante de gravitação universal: 6,67.10-11N.m2/kg^2

RESOLUÇÃO

Sabemos que a velocidade de escape é

Sendo que a velocidade é a da luz, então...

Observe que substituímos a gravidade na superfície do buraco negro

Agora é aplicar o valores numéricos e achar o resultado...


153

O valor que mais se aproxima é da letra B de Bohr, físico que revolucionou o estudo atômico ao afirmar
que os elétrons se localizam em camadas de energia.

41. (ITA - 2003) Variações no campo gravitacional na superfície da Terra podem advir de
irregularidades na distribuição da massa. Considere a Terra como uma esfera de raio R e de densidade,
uniforme, com uma cavidade esférica de raio a, inteiramente contida no seu interior. A distância entre
os centros O, da Terra, e C, da cavidade, é d, que pode variar de 0 (zero) até R a, causando, assim, uma
variação o campo gravitacional em um ponto P, sobre a superfície da Terra, alinhando O e C. (Veja a
figura). Seja G1 a intensidade do campo gravitacional em P sem a existência da cavidade na Terra, e G2,
a intensidade do campo no mesmo ponto, considerando a existência da cavidade. Então, o valor
máximo da variação relativa: (G1 - G2)/G1, que se obtém ao deslocar a posição da cavidade, é:

3 2
a) a /[(R - a) R]
3
b) (a/R)
2
c) (a/R)
d) a/R
e) nulo

RESOLUÇÃO

Primeiramente, a esfera é feita de um material de densidade ρ. Então a massa da Terra em função da


densidade é...

A gravidade gerada nessa situação e sentida por P é...

A cavidade é representada por uma esfera de raio a, cujo centro está a uma distância d-r de P. Além
disso, essa cavidade foi feita removendo uma massa de matéria de densidade ρ do interior da Terra
154

equivalente a esfera de raio a. Assim, a gravidade em P é a soma do efeito da gravidade da esfera da


qual se formou a cavidade mais o efeito da gravidade da Terra com a cavidade. Complicado? Vamos
tentar de outro jeito. Calcular a gravidade da Terra quando ela tem um buraco (cavidade) que nem da
questão é complicado, pois é um caso bem anormal e, portanto, temos que usar outro artifício para
fazer esse cálculo, Como?

Sabemos que se não tivesse esse buraco, a gravidade em P seria G de boa, ou seja, a Terra inteira, mas
não é isso a situação. Da mesma forma a gravidade em P, seria a somatória das gravidades de dois
corpos que equivaleriam à Terra inteira: a Terra com a cavidade e a própria cavidade. Mas como?
Perceba que se a Terra inteira é a Terra com cavidade mais a esfera que gerou a cavidade. Sabemos da
teoria que a gravidade pode ser representada como se a massa estivesse concentrada no centro do
corpo e gerando uma força cujo vetor aponta para esse centro. Assim, é como se tivéssemos P sob o
efeito de um corpo cujo centro está a uma distancia R dele e outro corpo na mesma linha, mas em uma
posição R-d. Esses dois corpos tem massa que vamos calcular a seguir.

Como a esfera é do mesmo material do interior da Terra...

A massa da Terra com a cavidade é...

Agora considerando os efeitos das gravidades da esfera e da Terra com cavidade...

A gravidade da esfera é...


155

Agora vamos aplicar o que obtivemos até aqui...

O valor da relação que buscamos é quando o denominador R-d é mínimo, e sendo que a e R são
constantes, isso ocorre quando d é igual a R-a.

A alternativa correta é a D.

42. (ITA - 2003) Sabe-se que a atração gravitacional da lua sobre a camada de água é a principal
responsável pelo aparecimento de marés oceânicas na Terra, supostamente esférica, homogeneamente
recoberta por uma camada de água. Nessas condições, considere as seguintes afirmativas:

I. As massas de água próximas das regiões A e B experimentam marés altas simultaneamente.


II. As massas de água próximas das regiões A e B experimentam marés opostas, isto é, quando A tem
maré alta, B tem maré baixa e vice-versa.
III. Durante o intervalo de tempo de um dia ocorrem duas marés altas e duas marés baixas.

Então está(ão) correta(s), apenas:

a) a afirmativa I
b) a afirmativa II
c) a afirmativa III
156

d) as afirmativas I e II
e) as afirmativas I e III

RESOLUÇÃO

A afirmação I é falsa, pois em na posição A, mais próxima da Lua, sofre mais atração fazendo subir o
nível da água, ao oposto do B. A partir disso, a afirmação II está correta. Devido à rotação da Terra,
ocorrem duas marés altas e duas marés baixas.

Alternativa E de esquilo está correta.

43. (ITA - 2004) Uma estrela mantém presos, por meio de sua atração gravitacional, os planetas
Alfa, Beta e Gama. Todos descrevem órbitas elípticas, em cujo foco comum se encontra a estrela,
conforme a primeira lei de Kepler. Sabe-se que o semi-eixo maior da órbita de Beta é o dobro daquele
da órbita de Gama. Sabe-se também que o período de Alfa é vezes maior que o período de Beta.
Nestas condições, pode-se afirmar que a razão entre o período de Alfa e o de Gama é:
a)
b) 2
c) 4
d) 4
e)

RESOLUÇÃO

Vamos usar a figura já vista na teoria para ilustrar este problema dos três planetas

Como os três planetas orbitam a mesma estrela, podemos aplicar a Terceira Lei de Kepler aos três.
Nomeamos os planetas Alfa, Beta e Gama como 1, 2 e 3, respectivamente...

Fazendo dois a dois de acordo com o enunciado...


157

i. Semi-eixo maior da órbita de Beta é o dobro do semi-eixo maior da órbita de Gama...

ii. Período de Alfa é do período de Beta...

iii. Relacionando o período de Alfa e Gama...

Mas...

Então...

Se você prestar atenção, vai ver que eu estou tentando escrever a relação entre os períodos de Alfa e
Gama (1 e 3) em função de uma variável comum. Até agora cheguei que os períodos estão em função
dos semi-eixos maiores de Beta e Gama. Só mais um passo eu consigo eliminar um dos semi-eixos
maiores e resolver o problema.
158

Como o que me resta é a relação entre o semi-eixos maiores de Beta e Gama, e foi dado que o de Beta é
o dobro do de Gama... fica fácil

Podemos eliminar o semi-eixo de Gama... Assim, resolve-se essa novela...

A resposta é C.

44. (ITA - 2005) Suponha que na Lua, cujo raio é R, exista uma cratera de profundidade R/100, do
fundo da qual um projétil é lançado verticalmente para cima com velocidade inicial v igual à de escape
da cratera. Determine literalmente a altura máxima alcançada pelo projétil, caso ele fosse lançado da
superfície da Lua com aquela mesma velocidade inicial v.

RESOLUÇÃO

Neste caso, o principio das cascas ajuda bastante. No problema, como o corpo está em um cratera, a
distância dele ao centro não é o raio da Lua, mas sim a um distancia...

Toda a massa formada pela casca acima de R/100 não exerce influencia gravitacional sobre o corpo. O
que exerce influência gravitacional sobre o corpo é a massa abaixo dele, ou seja, a massa da esfera lunar
de raio 0.99R.
159

A massa interna é equivalente à esfera de raio 0.99R

A velocidade de escape vem do principio da conservação da energia. Vamos considerar que essa história
de escape seja para que o corpo sai da cratera e chega até a superfície da Lua com velocidade nula, isto
é, a condição mínima de escape.

Substituindo a massa interna na equação acima...

Agora se usarmos essa velocidade de escape partindo da superfície da Lua, devemos escrever uma nova
equação para conservação da energia. Nesse caso, a massa da Lua é a da esfera de raio R, que é o raio
da Lua. A velocidade de escape calculada anteriormente é usada nesta nova conservação, coma
diferença que o corpo é lançado da superfície...
160

Mas encontramos que...

Então substituindo...

Podemos eliminar M, usando o seguinte resultado...

45. (ITA - 2005) Satélite síncrono é aquele que tem sua órbita no plano do equador de um planeta,
mantendo-se estacionário em relação a este. Considere um satélite síncrono em órbita de Júpiter cuja
massa é Mj = 1,9 x 10^27 kg e cujo raio é Rj = 7,0 x 10^7 m. Sendo a constante da gravitação universal G
= 6,7 x 10^-11 m3 kg-1 S-2 e considerando que o dia de Júpiter é de aproximadamente 10h, determine a
altitude do satélite em relação à superfície desse planeta.

RESOLUÇÃO

Essa questão parece complicada, mas é fácil. É a simples aplicação para satélites síncronos, que nem o
geo-estacionário... Neste caso, o período do satélite é igual ao período de rotação do planeta. Para isso,
usamos a aceleração centrípeta, pois nos permite relacionar o período com características
gravitacionais. Outra forma é calcular via Terceira Lei de Kepler...
161

Note que o raio de rotação é o raio de Júpiter mais a altitude em relação à superfície do planeta, h.
Agora é só aplicar os dados numéricos e encontrar h.

Aplicando os valores encontramos

46. (ITA – 2006) Uma estação espacial em forma de um toróide, de raio interno R1, e externo R2,
gira, com período P, em torno do seu eixo central, numa região de gravidade nula. O astronauta sente
que seu “peso” aumenta de 20%, quando corre com velocidade constante no interior desta estação,
ao longo de sua maior circunferência, conforme mostra a figura.
Assinale a expressão que indica o módulo dessa velocidade.

a)

b)

c)

d)
e)

RESOLUÇÃO

Como a estação está se movendo de tal forma que o período P de revolução em torno de seu eixo. Esse
movimento causa um peso aparente no astronauta. Isso se assemelha à nave do filme 2001: Uma
Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick.

Em uma das cenas do filme, um dos astronautas corre para se exercitar no interior da aeronave que é
possível criando uma gravidade artificial devido à rotação da nave. Esse peso é o resultado da força
162

centrífuga, pois o astronauta, quando parado, está com a mesma velocidade de rotação da
espaçonave...

Abaixo outra imagem do filme do astronauta fazendo exercício, igual a situação da questão.

Quando o astronauta começa a se mover com velocidade v no mesmo sentido de rotação da nave,
temos um aumento da força centrífuga, pois a velocidade para um observador fora da aeronave é a
soma das velocidades da nave com a velocidade do astronauta, isso causa uma aumento de 20% no
peso do astronauta. Se o peso aumenta em 20%, o novo peso é W’= W+0.2W=1.2W.

A velocidade do astronauta pode ser escrita em função da velocidade angular

O novo peso do astronauta ao se exercitar no interior da aeronave...

A equação acima descreve o aumento de peso por causa do aumento da velocidade. No entanto, temos
no resultado acima em função da massa m e peso W, que não foram dados no enunciado e para
chegarmos no resultado final devemos eliminar estas variáveis. Uma forma de realizar essa eliminação é
dividir pela equação inicial desta resolução. Veja...
163

Isso permite eliminar as variáveis extras...mãos à obra!

47. (ITA – 2007) Lançado verticalmente da Terra com velocidade inicial V0, um parafuso de massa
m chega com velocidade nula na órbita de um satélite artificial, geoestacionário em relação à Terra, que
se situa na mesma vertical. Desprezando a resistência do ar, determine a velocidade V0 em função da
aceleração da gravidade g na superfície da Terra, raio da Terra R e altura h do satélite.

RESOLUÇÃO

A velocidade rotação da Terra causa uma velocidade angular lateral no parafuso igual a velocidade
angular da Terra que por sua vez é igual a velocidade angular do satélite geoestacionário. Lembre-se que
164

satélite geo estacionário tem o mesmo período da Terra, ou seja, a mesma velocidade angular do nosso
planeta.

A velocidade do parafuso é a resultante da velocidade de subida com que disparamos o parafuso, ou


seja, V0 e velocidade lateral devido ao movimento de rotação da Terra.

Parece complicado, mas não é. Só lembrarmos-nos do conceito de vetor resultante. Como os dois
vetores são perpendiculares, a velocidade do paarafuso...

Quando o parafuso chegar ao satélite, a velocidade vertical é nula, caso contrário ele ainda continuará
subindo e passará do satélite. Assim, lá no espaço, a velocidade do parafuso será somente a velocidade
lateral.

Vamos aplicar a conservação da energia...


165

48. (ITA – 2008) A estrela anã vermelha Gliese 581 possui um planeta que, num período de 13 dias
terrestres, realiza em torno da estrela uma órbita circular, cujo raio é igual a 1/14 da distância média
entre o Sol e a Terra. Sabendo que a massa do planeta é aproximadamente igual à da Terra, pode-se
dizer que a razão entre as massas da Gliese 581 e do nosso Sol é de aproximadamente:

a) 0,05
b) 0,1
c) 0,6
d) 0,3
e) 4,0

RESOLUÇÃO

Uma foto feita com espectrômetro master blaster mostra a anã vermelha Gliese...

Então a Gliese e seu planeta podem ser caracterizados de acordo coma Terceira Lei de Kepler como já
vimos antes... só que este problema é um pouco diferente, pois estamos avaliando Gliese comparada ao
Sol em termos de massa. Observe a sutileza deste problema...

O enunciado disse o planeta realiza uma volta completa em 13 dias. A Terra realiza sua revolução em
torno do Sol em 365 dias, ou seja, então
166

Aplicando à Terceira Lei de Kepler...

Mas e agora? O que fazer com esse negócio aí de cima? Simples, vamos relacionar com a Terceira Lei de
Kepler associada ao Sol e a Terra... Veja...

Veja que podemos substituir , no lugar de ... na equação da Gliese...

49. (ITA – 2008) Numa dada balança, a leitura é baseada na deformação de uma mola quando um
objeto é colocado sobre sua plataforma. Considerando a Terra como uma esfera homogênea, assinale a
opção que indica uma posição da balança sobre a superfície terrestre onde o objeto terá a maior leitura.
167

a) Latitude de 45°.
b) Latitude de 60°.
c) Latitude de 90°.
d) Em qualquer ponto do Equador.
e) A leitura independe da localização da balança já que a massa do objeto é invariável.

RESOLUÇÃO

O efeito da rotação da Terra tende a diminuir as medições das balanças. Esse efeito é acentuado no
Equador, diminuindo até anular-se nos polos (presta atenção, estou falando do efeito e não do peso!)
Nos polos a latitude é 90°. Portanto, a resposta correta é C.

50. (ITA-2009) Desde os idos de 1930, observações astronômicas indicam a existência da chamada
matéria escura. Tal matéria não emite luz, mas a sua presença é inferida pela influência gravitacional
que ela exerce sobre o movimento de estrelas no interior de galáxias. Suponha que, numa galáxia, possa
ser removida sua matéria escura de massa específica ρ > 0, que se encontra uniformemente distribuída.
Suponha também que no centro dessa galáxia haja um buraco negro de massa M, em volta do qual uma
estrela de massa m descreve uma órbita circular. Considerando órbitas de mesmo raio na presença e na
ausência de matéria escura, a respeito da força gravitacional resultante exercida sobre a estrela e
seu efeito sobre o movimento desta, pode-se afirmar que:
a) é atrativa e a velocidade orbital de m não se altera na presença da matéria escura.
b) é atrativa e a velocidade orbital de m é menor na presença da matéria escura.
c) é atrativa e a velocidade orbital de m é maior na presença da matéria escura.
d) é repulsiva e a velocidade orbital de m é maior na presença da matéria escura.
e) é repulsiva e a velocidade orbital de m é menor na presença da matéria escura.

RESOLUÇÃO

A força é gravitacional e atrativa. Nesses problemas de rotação, a velocidade é derivada a bem


conhecida equação da força centrípeta...

Se colocarmos a matéria escura na jogada, M aumenta o que faz aumentar a velocidade orbital da
estrela.

Resposta, letra C.

51. (ITA-2009) Lua e Sol são os principais responsáveis pelas forças de maré. Estas são produzidas
devido às diferenças na aceleração gravitacional sofrida por massas distribuídas na Terra em razão das
respectivas diferenças de suas distâncias em relação a esses astros. A figura mostra duas massas iguais,
m1 = m2 = m, dispostas sobre a superfície da Terra em posições diametralmente opostas e alinhadas em
168

relação à Lua, bem como uma massa m0 = m situada no centro da Terra. Considere G a constante de
gravitação universal, M a massa da Lua, r o raio da Terra e R a distância entre os centros da Terra e da

Lua. Considere, também, as forças produzidas pela Lua respectivamente sobre as massas

m0, m1, e m2. Determine as diferenças sabendo que deverá usar a

aproximação , quando < < < 1.

RESOLUÇÃO

Essa questão parece difícil, mas só parece, pois é mais algébrica e tem uma dica maneira no enunciado,
e essa dica simplifica bastante.

Para cada massa, a distância até a Lua é diferente. A massa m2 está mais próxima, a uma distância de d,
por sua m0, dista d+r e m1 está distante da Lua em uma distância de d+2r.

Agora vamos montar as equações de força gravitacional para os três casos.

Agora vamos usar a dica...

A dica diz que podemos simplificar o denominador elevado a um número da seguinte maneira

Isso se x é muito menor que 1.


169

Veja que dá para escrever os denominadores das equações das forças iguais a dica acima. Para
exemplificar pegamos o denominador da força sobre a massa m0. Para isso, colocamos d em evidencia
para parecer o 1. Mas por que o d? Pela seguinte razão, caro leitor: a distância da Terra a Lua é muito,
mas muito, mas muito maior que o radio da Terra, assim, a divisão de r por d é um número bem menor
que 1.

Fazendo para massa m0 também...

Reaplicando nas equações das forças...

Para encontrar o que foi pedido no enunciado...


170

52. (ITA-2010) Derive a 3ª Lei de Kepler do movimento planetário a partir da Lei da Gravitação
Universal de Newton considerando órbitas circulares.

RESOLUÇÃO

Vou reusar o que calculamos para Terceira Lei de Kepler na parte de teoria deste livro.

Para isso, vamos considerar um satélite sino-brasileiro, CBERS como exemplo, orbitando a Terra
percorrendo uma trajetória circular.

A força com que o CBERS é atraído pela Terra é a força gravitacional, que é responsável pela órbita
circular. A força gravitacional é a força centrípeta que o atrai para o centro. Portanto podemos escrever
171

Relembrando que a velocidade angular é relacionada com o período de revolução...

53. (ITA-2010) Considere um segmento de reta que liga o centro de qualquer planeta do sistema
solar ao centro do Sol. De acordo com a 2ª Lei de Kepler, tal segmento percorre áreas iguais em tempos
iguais. Considere, então, que em dado instante deixasse de existir o efeito da gravitação entre o Sol e o
planeta. Assinale a alternativa correta:

a) O segmento de reta em questão continuaria a percorrer áreas iguais em tempos iguais.


b) A órbita do planeta continuaria a ser elíptica, porém com focos diferentes e a 2ª Lei de Kepler
continuaria valida.
c) A órbita do planeta deixaria de ser elíptica e a 2ª Lei de Kepler não seria mais valida.
d) A 2ª Lei de Kepler só é valida quando se considera uma força que depende do inverso do quadrado
das distancias entre os corpos e, portanto, deixaria de ser valida.
e) O planeta iria se dirigir em direção ao Sol.

RESOLUÇÃO
172

Se a gravitação deixasse de existir, a velocidade do planeta seria mantida em módulo, direção e sentido.
Então imagine dois intervalos de tempo . A distância percorrida pelo planeta é...

A área varrida em cada intervalo de tempo é mostrado através dos triângulos de área A1 e A2

A resposta é letra A.

Ou seja, varre áreas iguais em tempos iguais.


173

54. (ITA-10) Considere a Terra como uma esfera homogênea de raio R que gira com velocidade
angular uniforme ω em torno do seu próprio eixo Norte-Sul. Na hipótese de ausência de rotação da
Terra, sabe-se que a aceleração da gravidade seria dada por g = G M/ R2. Como ω ≠ 0, um corpo em
repouso na superfície da Terra na realidade fica sujeito forçosamente a um peso aparente, que pode ser
medido, por exemplo, por um dinamômetro, cuja direção pode não passar pelo centro do planeta.

Então, o peso aparente de um corpo de massa m em repouso na superfície da Terra a uma latitude λ é
dado por:

a)
b)

c) mg

d) mg

e) mg

RESOLUÇÃO

Este problema deve iniciar com a análise geométrica das forças de acordo com a localização da
latitude...
174

A dica é quando aparecer problemas com forças inclinadas é decompor tais forças em componentes
horizontais e verticais e assim facilita o entendimento.

No eixo x

A projeção em x de aceleração centrífuga é uma relação trigonométrica...


175

Voltando a lei de Newton com esse resultado...

Para o eixo z...

A componente em z é proporcional ao seno...

Complementando...

Como a componente nas duas direções, x e z temos o vetor aceleração aparente determinado...

Para achar o módulo do da aceleração aparente fica:

Se quiser simplificar mais, podemos desenvolver os quadrados e eliminar o seno e o cosseno usando a
relação fundamental da trigonometria

Agora vamos usar a relação fundamental isolando o seno


176

Colocando em evidência...

O peso fica...

Olha só, o peso aparente depende do quadrado do cosseno da latitude. Vendo isso, podemos concluir
que a medida que vamos para os polos, a contribuição da força centrífuga é menor. Visto isso, nos polos
não há influencia da rotação da Terra!

55. (ITA-2011) Na ficção científica A Estrela , de H.G. Wells, um grande asteroide passa próximo à
Terra que, em consequência, fica com sua nova órbita mais próxima do Sol e tem seu ciclo lunar
alterado para 80 dias. Pode-se concluir que, após o fenômeno, o ano terrestre e a distância Terra-Lua
vão tornar-se, respectivamente,

a) mais curto – aproximadamente a metade do que era antes.

b) mais curto – aproximadamente duas vezes o que era antes.

c) mais curto – aproximadamente quatro vezes o que era antes.

d) mais longo – aproximadamente a metade do que era antes.

e) mais longo – aproximadamente um quarto do que era antes.

RESOLUÇÃO
177

Da Terceira Lei de Kepler, quanto menor o raio, menor o período. Dessa forma, aos se aproximar do Sol,
a duração do ano diminui.

O ciclo lunar é de 27 a 28 dias e se passar para 80 dias, dá para descobrir a distância entre a Terra e a
Lua nessa nova situação...

O novo raio é aproximadamente o dobro do raio anterior.

A correta é a letra B.

56. (ITA -2012) Acredita-se que a colisão de um grande asteroide com a Terra tenha causado a
extinção dos dinossauros. Para se ter uma ideia de um impacto dessa ordem, considere um asteroide
esférico de ferro, com 2 km de diâmetro, que se encontra em repouso quase no infinito , estando sujeito
somente à ação da gravidade terrestre. Desprezando as forças de atrito atmosférico, assinale a opção
que expressa a energia liberada no impacto, medida em número aproximado de bombas de hidrogênio
de 10 megatons de TNT.
a) 1
b) 10
c) 500
d) 500000
e) 1000000

RESOLUÇÃO

Se o asteroide está em repouso no infinito, a energia cinética é nula e sua energia potencial
gravitacional é também nula, o que nos leva a concluir que a energia mecânica no infinito é nula.
Quando ele vem do infinito atraído pela Terra, ele é acelerado e ao atingir a superfície ele tem uma
velocidade V, então ele tem uma energia cinética não nula, e um energia potencial gravitacional
também não nula, pois ao atingir a superfície da Terra, ele estará a uma distancia R do centro.

Então a energia cinética do asteroide será a energia liberada na explosão do impacto, dessa forma, para
saber essa energia basta calcular a energia mecânica no impacto.

Como a energia mecânica se conversa, devemos igualar a energia mecânica no infinito com a energia
mecânica no impacto...
178

Recordando que...

A energia cinética fica com uma cara nova...

O asteroide é uma esfera de ferro a massa é...

Basta substituir os valores...

O número equivalente de megatons é...

A resposta é a letra D!

57. (ITA -2012) Boa parte das estrelas do Universo formam sistemas binários nos quais giram em
torno do centro de massa comum CM. Considere duas estrelas esféricas de um sistema binário em que
cada qual descreve uma órbita circular em torno desse centro. Sobre tal sistema são feitas duas
afirmações.
I. O período de revolução é o mesmo para as duas estrelas e depende apenas da distância
entre elas, da massa total deste binário e da constante gravitacional.
II. Considere que e são os vetores que ligam CM ao respectivo centro de cada estrela.
Num certo intervalo de tempo ∆t, o varre certa área A. Durante o mesmo intervalo de
tempo, o raio vetor também varre uma área igual a A.
179

Diante das duas proposições, assinale a alternativa correta.


a) As afirmações I e II são falsas.
b) Apenas a afirmação I é verdadeira.
c) Apenas a afirmação II é verdadeira.
d) As afirmações I e II são verdadeiras, mas II não justifica a I.
e) As afirmações I e II são verdadeiras, e além disso, a II justifica a I.

Na prova de 2016 uma questão muito semelhante a esta apareceu, portanto, vamos desenvolvê-la para
esta questão e vamos usar a mesma resolução para a questão de 2016. Poderíamos apenas afirmar que
a proposição I é verdadeira, mas vamos além, vamos provar que isso é verdadeiro por motivos didáticos
e ensinar-vos mais técnicas de resolução.

Primeiramente vamos supor que cada estrela tem um o seu próprio período e através dos raciocínios
abaixo vamos chegar que o período de uma é igual ao período da outra.

Sendo que ambas exercem um aceleração gravitacional na outra que vale g, temos o seguinte...

Onde d é a distância entre as estrelas. O centro de rotação do sistema binário é o centro de massa dos
mesmos. Conforme visto na teoria, vamos referenciar este centro em um das estrelas, esta escolha é
arbitraria, por isso, tanto faz, então escolho a estrela 1 como referência, colocando nela a origem do
centro de coordenadas.

O raio de rotação fica para estrela...


180

Parte inferior do formulário

A estrela 2 um executa o movimento com raio...

Novamente usando a aceleração centrítpeta...

Vamos separar o que nos interessa...

Dividindo um pelo outro, eliminamos algumas letras...

Sendo que
181

Extraindo só o que precisamos...

Agora vamos aplicar os raios na relação entre períodos...

Para o período de revolução...

Substituindo r1...

A primeira afirmação é verdadeira.

A área varrida durante um intervalo de tempo ∆t é proporcional ao arco descrito...


182

Analogamente, se fizermos para a estrela 2...

Dividindo as duas áreas...

Podemos concluir que as áreas dependem dos raios e como os raios são diferentes, as áreas são
diferentes, então a segunda afirmação é falsa.

O correto é a letra B.

58. (ITA -2012) O momento angular é uma grandeza muito importante na Física. Seu módulo é
definido como L=rpsen , em que r é o vetor posição em relação à origem de um dado sistema de
referência, p é o módulo da quantidade de movimento e é o ngulo por eles formado. Em particular,
no caso de um satélite girando ao redor da Terra, em órbita elíptica ou circular, seu momento angular
(medido em relação ao centro da Terra) é conservado. Considere dois satélites de mesma massa, com
órbitas diferentes entre si. I, II e III, sendo I e III circulares e II elíptica, tangencial a I e III, como mostra a
figura. Sendo , e , os respectivos módulos do momento angular dos satélites em suas órbitas,
ordene , e . Justifique com equações sua resposta.

RESOLUÇÃO

Vamos começar pela parte mais fácil. Qual será? A resposta é: órbitas circulares.

As órbitas circulares possuem velocidade constante que pode ser calculada pela equação da força
centrípeta.
183

O momento angular é . Para órbitas circulares, r sempre será o mesmo valor, ou seja, o

raio R da órbita, e o ângulo sempre será 90°. Isso tudo se reduz a

A órbita de raio maior resulta no momento angular maior, assim já podemos concluir que

E agora para a órbita elíptica?

Você deve encontrar a velocidade em um dos pontos da elipse, pois como o momento angular se
conserva também para esta órbita, só precisamos caracterizar um ponto da elipse.

Usando as conservações de momento e energia, podemos montar o seguinte raciocínio matemático...


Note que o índice P é de perigeu (ponto mais próximo da Terra) e A é de apogeu (ponto mais afastado
da Terra).

Usando o principio da conservação do momento angular, para as duas posições consideradas...

Usando o principio da conservação da energia...


184

De posse da velocidade de perigeu, computa-se o momento angular no perigeu. Note que no perigeu e
apogeu o ângulo entre o vetor posição e vetor velocidade é 90°.

Para fazer uma comparação com as duas órbitas circulares, devemos escrever os raios de apogeu e
perigeu em função dos raios das órbitas circulares.

Passando o raio I para dentro do radical quadrado...

Essa divisão entre parênteses é como se fosse o raio equivalente...

Para fins de comparação, devemos comparar os raios I e III com o raio II.
185

Como raio III é maior que raio I

Repetindo o processo para comparar o raio II com raio III...

Sendo que RIII/RI>RI/RIII, então conclui-se que RI<RII<RIII. Isso permite responder que

59. (ITA-2013) Uma lua de massa m de um planeta distante, de massa M>>m , descreve uma orbita
elíp ca com semieixo maior a e semieixo menor b , perfazendo um sistema de energia E . A lei das áreas
de Kepler relaciona a velocidade v da lua no apogeu com sua velocidade v no perigeu, isto e, v (a−e)
=v(a+e), em que e é a medida do centro ao foco da elipse. Nessas condições, podemos afirmar que:

a)
b)
c)
d)
e)

RESOLUÇÃO

Para a órbita elíptica a gente tasca-lhe desse jeito aí de baixo...


186

Sabemos que do principio de conservação do momento que...

Da conservação do momento angular...

Além disso, a velocidade no apogeu e perigeu é

Combinando os últimos resultados...

Da geometria da elipse...

Chegamos, finalmente em...


187

Que é a letra A.

60. (ITA-2014) Considere dois satélites artificiais S e T em torno da Terra. S descreve uma órbita
elíptica com semi-eixo maior a, e T, uma órbita circular de raio a, com os respectivos vetores posição e
com origem no centro da Terra. É correto afirmar que:

a) Para o mesmo intervalo de tempo, a área varrida por é igual à varrida por .
b) Para o mesmo intervalo de tempo, a área varrida por e maior que a varrida por ..
c) O período de translação de S é igual ao de T.
d) O período de translação de T é maior que o de S.
e) Se S e T têm a mesma massa, então a energia mecânica de S é maior que a de T.

RESOLUÇÃO

De acordo com Terceira Laidy Kepler, que considera o semi-eixo maior para órbitas elípticas e raio da
circunferência para órbitas circulares, o período de revolução é idêntico. Nesse mesmo período, o S
varre uma área igual a área da elipse.

Na equação acima b é o semi-eixo menor.

Durante um período, T varre uma área igual a área da circunferência...

Como b<a, a área da elipse é menor que a da circunferência, e com isso S varre uma área menor que T
para um mesmo período T. A afirmação A e B estão erradas.

Já vimos que afirmação C está correta, os períodos de revolução são idênticos e de quebra dá para ver
que D está errada.

Agora vem a parte trabalhosa...

A energia mecânica para um órbita circular é...

Vimos tantas vezes que no caso do movimento circular, a velocidade é...


188

A energia mecânica fica...

Para a órbita elíptica a gente tasca-lhe desse jeito aí de baixo...

Sabemos que do principio de conservação do momento que...

Da conservação do momento angular...

Além disso, a velocidade no apogeu e perigeu é

Combinando os últimos resultados...


189

Da geometria da elipse...

Chegamos, finalmente em...

A conclusão é que...

O que mostra que a alternativa E está errada.

61. (ITA-2014) Um sistema binário é formado por duas estrelas esféricas de respectivas massas m e
M, cujos centros distam d entre si, cada qual descrevendo um movimento circular em torno do centro
de massa desse sistema. Com a estrela de massa m na posição mostrada na figura, devido ao efeito
Doppler, um observador T da Terra detecta uma raia do espectro do hidrogênio, emitida por essa
estrela, com uma frequência f ligeiramente diferente da sua frequência natural f0. Considere a Terra em
repouso em relação ao centro de massa do sistema e que o movimento das estrelas ocorre no mesmo
plano de observação. Sendo as velocidades das estrelas muito menores que c, assinale a alternativa que
explicita o valor absoluto de (f – f0)/f0. Se necessário, utilize para .

a)

b)

c)

d)

e)
190

RESOLUÇÃO

O efeito Doppler causa desvios na frequência de um sinal de acordo com as velocidades relativas entre a
fonte emissora do sinal e o observador que mede esse sinal. Um exemplo é a variação da frequência da
sirene de uma ambulância quando ela passa na rua. Na verdade a frequência do som não mudou, mas a
frequência percebida. Você pode perceber a diferença de som quando ela se aproxima e quando se
afasta. Isso por que a ambulância e você tem uma velocidade relativa. Dessa maneira, ocorrem desvios
na frequência do som, mas só é aparente. Uma pessoa dentro desta ambulância não vai perceber, pois
relativamente, a ambulância e a pessoa dentro dela estão em repouso.

Da mesma forma, devido ao movimento das estrelas, a frequência da raia espectral do hidrogênio vai
sofrer um desvio. Para calcular a frequência com desvio, vamos usar a equação do efeito Doppler...

Vamos chamar simplificar temporariamente a equação acima para obtermos a relação que foi pedida na
questão. Para isso vamos usar a variável temporária k...

Onde...

O que se pede é (f – f0)/f0 e de acordo com o enunciado f0 é a frequência emitida e f é a frequência


medida. Para ficarmos de acordo com o enunciado, vamos usar a simbologia descrita...

Agora vamos construir a relação...

Agora só precisamos achar o valor de k e isso vai demandar uma análise de velocidades relativas...

Estando a Terra em repouso em relação ao centro de massa do sistema binário, a velocidade do


observador é nula. Para a velocidade da fonte, vamos avaliar a geometria do problema.
191

Mostrando mais detalhes, podemos identificar a seguinte situação...

O sinal tem uma velocidade c, devido a ser uma onda eletromagnética, e faz um ângulo com a
velocidade tangencial de órbita circular. A velocidade relativa entre o sinal transmitido e a fonte
(planeta de massa m, pois é de lá que vem o sinal) deve ser a soma da velocidade do sinal com a
projeção da velocidade tangencial de m. A projeção da velocidade tangencial é...

Como a velocidade do sinal e a projeção da velocidade tangencial tem o mesmo sentido, a velocidade
relativa entre elas é a subtração entre elas. O valor de k fica

Reaplicando na relação pedida...

Como c é muito maior que , a sutração do denominador fica bem próximo de c, visto que
não faz muita diferença...
192

Para terminar, só precisamos do calcular a velocidade tangencial... Lembra da equação da aceleração


centrípeta? Pois é... Vamos usar a equação dela...

O valor é o raio para a circunferência descrita por m com o centro no centro de massa do sistema...

O centro de rotação do sistema binário é o centro de massa dos mesmos. Conforme visto na teoria,
vamos referenciar este centro em um das estrelas, essa escola é arbitrária, por isso, tanto faz, então
escolho a estrela M como referência, colocando nela a origem do centro de coordenadas. Vamos partir
para encontrar o raio de rotação de m...

Note que...

Por fim, a aceleração centrípeta fica...

Note também que a aceleração centrípeta é devido a força centrípeta que é a própria atração
gravitacional entre as estrelas...
193

Vamos agora descobrir a velocidade tangencial...

Finalmente, depois de muita canseira...

A alternativa correta é a E.

Como não foi dado qual o sentido da rotação do sistema binário, horário ou anti-horário, adotei um que
pudesse me dar uma das alternativas. Aí você vai dize... Oww Miguel vocês está forçando a barra. Eu
digo que não, pois na falta de uma definição tomei uma das duas possibilidades válidas.

62. (ITA -2015) Uma nave espacial segue inicialmente uma trajetória circular de raio em torno
da Terra. ara que a nave percorra uma nova orbita também circular, de raio , é necessário por
razões de economia fazer com que ela percorra antes uma trajetória semi-elip ca, denominada orbita de
transferência de ohmann, mostrada na gura. ara tanto, são fornecidos à nave dois impulsos, a saber:
no ponto A, ao iniciar sua orbita de transferência, e no ponto B, ao iniciar sua outra orbita circular.
Sendo M a massa da Terra; G, a constante da gravitação universal m e v, respec vamente, a massa e a
velocidade da nave e constante a grandeza mrv na órbita elíp ca, pede-se a energia necessária para a
transferência de orbita da nave no ponto B.

Sendo M a massa da Terra; G, a constante da gravitação universal; m e v, respectivamente, a massa e a


velocidade da nave; e constante a grandeza mrv na órbita elíp ca, pede-se a energia necessária para a
transferência de orbita da nave no ponto B.
194

RESOLUÇÃO

Para a mudança de órbita deve-se mudar a velocidade e então entra aí a operação dos motores foguete
da nave. Quando eles proporcionam uma velocidade que permita permanecer na órbita elíptica, a nave
viaja até B. Ao chegar em B, ele precisa de um novo acréscimo de velocidade, e os foguetes novamente
entram em ação. Ao atingir a velocidade que permita permanecer na órbita circular final, o foguetes são
desligados.

No fundo, a ideia do problema é descobrir as energias envolvidas para saltos entre órbitas. A órbita
circular inicial demanda uma energia . A órbita elíptica requer uma energia . A órbita circular final
requer uma energia .

Como se pede a energia necessária para sair da órbita elíptica para órbita circular, o que se pede é:

Vamos começar pela mais fácil que é a energia da órbita circular. A energia da órbita circular é a energia
cinética mais a energia potencial gravitacional na altitude que forma o raio da órbita.

Estando em movimento circular, a força centrípeta é a força gravitacional que atrai a nave para o centro
da Terra. Dessa maneira, podemos encontrar uma expressão para a velocidade de rotação (pois o
problema não dá a velocidade, portanto não te podemos tê-la na resposta)
195

Observe que g não é na superfície da Terra, mas sim na altitude da órbita.

Só que a aceleração da gravidade a um altitude é

Vamos substituir:

Então fica:

Vamos eliminar essa danada da expressão da energia para órbita circular

Como já temos a energia da órbita circular, vamos para energia da órbita elíptica. Mas antes perceba
que a ideia do problema é simples, porém você tem que entender a ideia por traz do enunciado.

Como vimos na teoria, há dois pontos de interesse em uma órbita elíptica, o perigeu e o apogeu. O
perigeu é ponto mais próximo da Terra e o apogeu é o ponto mais distante. Ambos têm velocidades
distintas, sendo que quanto no perigeu, a velocidade é máxima e no apogeu, a velocidade é mínima.

A energia no perigeu é a soma da energia cinética mais a energia gravitacional neste ponto A.
196

A energia no apogeu é a soma da energia cinética mais a energia gravitacional neste ponto A.

Como as velocidades não foram dadas no enunciado, vamos dar um jeito de elimina-las. Para isso
vamos expressar cada velocidade (isola-las) e relacioná-las:

Você pode se perguntar: por que a energia da elipse está nas duas expressões da velocidade? Isso por
que a energia se conserva, então para se manter em um trajetória elíptica, a nave deve ter a quantidade
de energia requerida por esta órbita e que deve ser a mesma para todos os seus pontos.

Mas como relacioná-las? Então vamos avaliar o espaço sideral. Podemos assumir que no espaço sideral
não há forças dissipativas e, portanto o momento angular pode ser conservado. Relembrando a
expressão da conservação.

O 90° vem do fato que nestes pontos a velocidade faz um ângulo reto com o vetor posição cuja origem
está na Terra.

Essa relação se reduz a...

Como as velocidades lá em riba estão ao quadrado é mais fácil trabalhar com expoendo do que raiz,
assim:

Agora dá para sorrir, não é mesmo... era tudo o que a gente precisava.

Mãos à massa que temos que começar a delicia de manipulação desse monte de letra...
197

Agora podemos expressar a energia da órbita em função dos parâmetros fornecidos. Algebricamente
junte as energias...

Vamos usar a relação para destravarmos a questão.

Agora manda um facão nos termos comuns dos dois lados e já era!

Esse negativo apareceu aí para que pudesse eliminar a subtração que tem dos dois lados da equação.

Temos tudo que precisamos para terminar a questão:


198

63. (ITA-2016) Considere duas estrelas de um sistema binário em que cada qual descreve uma
órbita circular em torno do centro de massa comum. Sobre tal sistema são feitas as seguintes
afirmações:
I. O período de revolução é o mesmo para as duas estrelas.
II. Esse período é função apenas da constante gravitacional, da massa total do sistema e da distância
entre ambas as estrelas.
III. Sendo R1 e R2 os vetores posição que unem o centro de massa do sistema aos respectivos centros de
massa das estrelas, tanto R1 como R2 varrem áreas de mesma magnitude num mesmo intervalo de
tempo.

Assinale a alternativa correta.

a) Apenas a afirmação I é verdadeira.


b) Apenas a afirmação II é verdadeira.
c) Apenas a afirmação III é verdadeira.
d) Apenas as afirmações I e II são verdadeiras.
e) Apenas as afirmações I e III são verdadeiras.

RESOLUÇÃO

Poderíamos apenas afirmar que a proposição I é verdadeira, mas vamos além, vamos provar que isso é
verdadeiro por motivos didáticos e ensinar-vos mais técnicas de resolução.

Sendo que ambas exercem um aceleração gravitacional na outra que vale g, temos o seguinte...

Onde d é a distância entre as estrelas.

O centro de rotação do sistema binário é o centro de massa do mesmo. Conforme visto na teoria, vamos
referenciar este centro em um das estrelas. Essa escolha é arbitraria, por isso, tanto faz... Então escolho
a estrela 1 como referência, colocando nela a origem do centro de coordenadas.
199

O raio de rotação fica para estrela...

Parte inferior do formulário

A estrela 2 um executa o movimento com raio...

Novamente usando a aceleração centrípeta...

Vamos separar o que nos interessa...

Dividindo um pelo outro, eliminamos algumas letras...


200

Sendo que

Extraindo só o que precisamos...

Agora vamos aplicar os raios na relação entre períodos...

A segunda proposição é verificada achando a equação do período. Já estamos bem encaminhados nisso.

Substituindo r1...

Vemos assim que a segunda afirmação é verdadeira.


201

A área varrida durante um intervalo de tempo ∆t é proporcional ao arco descrito...

Analogamente, se fizermos para a estrela 2...

Dividindo as duas áreas...

As áreas não são iguais.

10 QUESTÕES ADICIONAIS

64. (Livro de Física do Halliday) O problema seguinte foi apresentado na “Olimpíada” da


Universidade Pública de Moscou, em 1946 (veja a Figura): Numa esfera de chumbo de raio R, faz-se uma
cavidade esférica de tal modo que a sua superfície toca a superfície externa da esfera de chumbo e
passa pelo centro desta. A massa da esfera antes que a cavidade fosse feita era M. Com que força, de
acordo com a lei da gravitação universal, a esfera de chumbo irá agora atrair uma pequena esfera de
massa m, que está à distância d do centro da esfera de chumbo, sobre uma linha reta que une os
centros das esferas e da cavidade?
202

Imagem de Herbert Aquino

RESOLUÇÃO

Este problema requer atenção já que sua resolução tem que relacionar alguns conceitos. Vou tentar
detalhar o raciocínio.

O que faz parecer difícil é que quando se remove a porção indicada na figura, a esfera de raio R fica com
um formato estranho. Parece bem complicado certo? Mas tem uma jogada que desenrola isso aí. Tudo
isso graça ao Teorema das Cascas!

Imagina que se não fosse removida a cavidade esférica, a força de atração na massa m seria....

Mas por que d e não d-R? Ora, o Teorema das Cascas, aplicado a este problema, diz que a força
gravitacional que M faz em m é como se toda a massa M estivesse concentrada num pontinho bem
pequeno em seu centro. Por isso se usa d.

Só que essa força total é o mesmo que somar a força exercida pela massa com o espaço oco com a força
da massa que foi removida...

No final queremos a força da massa oca. Então é só isolar a mardita.


203

A massa removida tem raio igual a R/2. Isto por que o diâmetro da massa removida cabe certinho no
raio da massa original. Agora vamos ver a geometria do problema, que exige atenção para concluir
corretamente o esquema...

A massa removida atrai m como se toda sua massa estivesse concentrada em seu próprio centro. Com
isso, a distancia que deve ser usada no cálculo da força gravitacional é d-r. r não foi dado, já R foi
fornecido no enunciado. A distancia a se considerar é...

Só que não temos a massa da esfera removida. Nesse caso, como o material da esfera removida é o
mesmo da esfera original podemos usar mais uma vez a densidade e expressar a massa da esfera
removida em função da massa da esfera original M, que foi dada.

O volume da esfera removida é...


204

A massa removida, portanto vale...

Como eu disse anteriormente, não podemos dar a resposta com variáveis que não foram dadas. Temos
de eliminar a densidade e expressar em função da massa original. Mas como? Exprimindo a massa
original em função de um parâmetro comum que queremos eliminar. Qual é? Se você disse densidade,
você acertou, malandro!

A massa original tem volume igual a...

Continuando...

Ao dividir a massa da esfera removida pela massa da esfera original, podemos expressar a massa da
esfera removida em função de M e eliminamos a densidade. Observe a beleza da coisa...

Isto é, a massa removida é um oitavo da massa total, oito vezes menor que a massa da esfera original.

De posse desses dados iremos calcular a força gravitacional da massa da esfera removida...
205

Revisitamos então a equação que dá a força gravitacional procurada...

Vamos substituir tudo o que encontramos nessa equação de cima...

Fim de jogo!

65. Um satélite, ao orbitar a Terra em órbita polar, alterna estado de iluminação e ausência de luz
do Sol. Quando o satélite fica entre a Terra e o Sol é o estado de iluminação, e quando a Terra está entre
o satélite e o Sol é o estado de eclipse. Todos os sistemas eletrônicos do satélite operam através de uma
bateria que é recarregada pelos painéis solares quando em estado iluminado. Assim, quando em eclipse,
o satélite depende exclusivamente da bateria. A partir disso, pede-se:

a) Sendo que o que o satélite tem um período T, determine o tempo de total escuridão durante o
eclipse na qual a bateria será a única fonte de energia.
b) Sendo que durante o eclipse apenas o computador de bordo, controle de atitude e os
aquecedores do controle térmico estão operando e estes consomem uma corrente mínima I
em uma tensão Vbus, calcule a energia, de forma a manter todos esses sistemas operando
plenamente.

São dados o raio da Terra, Rt, o raio do Sol, Rs e a distância da Terra ao Sol, muito maior que o raio da
Terra.

RESOLUÇÃO

A figura a seguir mostra a situação do problema. A Terra cria áreas de sombra e penumbra que fazem o
satélite operar apenas pela bateria.
206

Para sabermos o tempo total de escuridão total, ou seja, a situação mais crítica, precisamos encontrar o
arco de circunferência que se posiciona bem na região de sombra da Terra.

Se usar uma lente de aumento espacial na situação acima descrita, iremos notar o seguinte. A partir da
linha do Equador, verifica-se que a região de total escuridão é simétrica e seus limites estão entre duas
latitudes. O que isso que dizer? Se você prestar atenção na figura maneira que eu fiz, vai ver que em
relação à linha do Equador, um ângulo igual para cima e para baixo, define essa região de trevas. As
setas vermelhas representam o raio da órbita.

Se traduzirmos para geometria, a figura acima se transforma na seguinte maneira. O ângulo alfa é o
ângulo formado pelos raios de sol que passa no limiar da escuridão. Esses raios são tangentes à Terra e
próximo aos polos.
207

Vamos nos aprofundar mais ainda na geometria para extrairmos mais informações importantes.

Uma propriedade muito importante é que se uma reta ou segmento de reta é tangente a uma
circunferência, há um raio da circunferência que é perpendicular essa reta. Essa propriedade é
importante, pois ela nos permite construir triângulos retângulos e esses triângulos retângulos ajudam
bastante devido ao fato de que, pelo menos, conhecemos um dos seus ângulos internos que é 90°.
Nesse caso, um raio da Terra, RT, é perpendicular a reta que tange a Terra. O ângulo que procuramos é
.

Na figura temos dois triângulos retângulos: de área maior que tem o ângulo alfa e um triangulo
retângulo menor que tem o ângulo gama. Esses dois triângulos retângulos citados compartilham o
mesmo ângulo reto. A partir do triangulo retângulo maior é possível relacionar os ângulos.

Explorando o triangulo menor, dá para extrair ângulo gama ao relacionar o raio da Terra e o raio da
órbita.
208

Falta chegarmos a algo para o alfa...A estratégia é voltar a ver a situação considerando o Sol...

Mas por que fizemos essa trozoba aí em cima? Por que queremos usar dados do enunciado, como o raio
do Sol, e a distância entre a Terra e o Sol. A ideia foi procurar um triangulo retângulo que se encaixasse
entre o Sol e a Terra de tal forma que relacionasse o ângulo alfa com esses dados. Foi usada uma
propriedade na qual se duas reatas formam um ângulo, ao traçar uma paralela a uma delas, essa reta
paralela forma esse mesmo ngulo com a outra. Dessa maneira, foi possível “trazer” o ngulo alfa pro
meio. Perceba que a reta tracejada é paralela a reta formada pelo raio de Sol que é tangente à Terra e
ao Sol. Como o raio DO Sol é perpendicular à reta do raio DE Sol, a paralela (tracejada) também fica
perpendicular. O que quero mostrar também é que quando um problema fica difícil, você tem buscar
outros pontos de vista para resolvê-lo. Nem sempre uma visão única é suficiente. Viu como eu tive que
expandir a minha visão do problema para poder avançar? ois é, c’est La vie...

O cateto oposto nesse novo triangulo é o raio DO Sol menos o raio da Terra, a hipotenusa é a distancia
centro do Sol ao centro da Terra... com isso é seno na veia, malandro!!!

Já que temos o arroz e o feijão vamos preparar o prato.


209

Sendo que o período do satélite é T e ele percorre nesse período T um ângulo de 360°, se fizer uma
regra de 3, podemos descobrir em quanto tempo ele percorre o ngulo .

Sendo que se consome uma corrente I a uma tensão Vbus, a energia que deve ser fornecida pela bateria
no período de trevas, é o produto da potência elétrica pelo tempo de fornecimento da bateria.

A energia é o produto da potência pelo tempo...

Como a bateria que deve fornecer essa energia...

66. Satélites são equipamentos sofisticados e muito caros, com investimento da ordem de milhões
de dólares para seu desenvolvimento, construção, lançamento e operação. Nas últimas décadas, o
número de satélites em órbita da Terra aumentou drasticamente e com isso há a necessidade de
regulações de órbitas para evitar casos de colisões entre eles como aconteceu entre o satélite russo
Kosmos 2251 e satélite de comunicações Iridium 33, causando enormes prejuízos e poluindo o espaço
próximo da Terra.
Suponha que dois satélites tenham órbitas polares. O satélite A executa uma trajetória circular de raio
igual ao dobro do Raio da Terra. O satélite B possui uma órbita elíptica cuja velocidade no apogeu seja
um terço da velocidade no perigeu. Por falta de comunicação entre agências espaciais e definição clara
de órbitas, as duas órbitas estão sobre o mesmo plano. O perigue de B está uma altitude igual ao raio da
Terra. Determine a latitude da colisão entre o satélite A e B.

RESOLUÇÃO

Esse problema mistura conceitos de gravitação com geometria analítica. Preste bem atenção para pegar
bem as ideias. Se você não está familiarizado com a geometria analítica, é recomendável que passe para
outra questão e só retorne a este problema quando estiver bem afiado. Caso contrário você pode
desanimar ao ver a resolução.
210

Para achar as posições é preciso primeiro ter um referencial de coordenadas. E nesse referencial
poderemos projetas as trajetórias dos satélites e determinar os pontos de interseção da circunferência e
da elipse. A circunferência e a elipse podem ser descritas por equações no plano xy. Essas equações
permitem gerar um sistema de equações que pode ser resolvido e assim o problema já Elvis.

Veja que no enunciado começou contando a história do choque entre os dois equipamentos e depois
forneceu dados sobre a mecânica de suas órbitas. Essa é a deixa para obter os valores para compor as
equações da circunferência e da elipse. Veja como fica cada curva considerando um plano de
coordenadas cartesianas xy.

A circunferência possui seu plano orbital e a elipse também. Mas o que seria um plano? Imagine uma
folha de papel esticada, na qual você desenha uma circunferência. Essa folha de papel seria o plano que
contém a circunferência. Usando outra folha para desenhar uma elipse, podemos dizer que se a elipse
foi desenhada em uma folha, então essa folha é o plano orbital desta elipse. No momento do choque, os
dois planos coincidam, fazendo que as duas cônicas se interceptassem da seguinte maneira. Isso por que
é como se elas estivesse na mesma folha, isto, é no mesmo plano orbital.

Em todo problema físico é mandatório termos um referencial que pode ser descrito como um sistema
de coordenadas. Há vários tipos de sistema de coordenadas. Neste problema usaremos um sistema de
coordenadas retangulares, o famoso plano cartesiano. Lembrando que a equação da circunferência é:

Então, malandro que sou irei facilitar minha vida, afinal também sou filho de Deus...

Sendo meu o referencial, eu escolho que sua origem coincida com o centro da circunferência. Dessa
maneira, o centro da mesma fica em (0,0) e como a Terra é o centro deste movimento, nosso planeta
fica localizado também em (0,0). Isso realmente facilita por que a equação fica simplificada...

Dos dados fornecidos, sabemos que a órbita circular tem raio igual ao dobro do Raio da Terra, portanto,
como colocamos o centro da órbita circular no centro do nosso eixo de coordenadas, a equação dessa
trajetória fica desse jeito...
211

Bom, para que possa encontrar a posição da colisão é preciso determinar a trajetória do satélite B, ou
seja, encontrar a equação da elipse descrita por ele.

Por enquanto não se assuste! Se você não está entendendo até aqui sugiro que volte a este exercício
quando estiver familiarizado com a Geometria Analítica.

Como a órbita é polar, o seu eixo maior deve coincidir com o eixo y do nosso sistema de coordenadas,
portanto, a equação da elipse neste caso muda para...

Kepler disse que em um satélite em volta da Terra em órbita elíptica, teria como um dos focos de sua
trajetória a própria Terra. Veja que a origem nesse caso é centro da órbita circular e um dos focos da
elipse. Observe que o centro da elipse não é (0,0). Na figura seguinte estão representados principais
parâmetros geométricos da elipse. Note que o perigeu estando a uma altitude igual ao raio da Terra,
então do centro da Terra, isto é de um dos focos da Elipse, até ele, teremos uma distancia de 2R. Só que
a distancia entre um dos focos da elipse até o perigeu é a diferença entre o semi-eixo maior a e a
distancia do foco ao centro da elipse. Tudo isso fica resumido como:

Outro parâmetro importante para elipse é a excentricidade, e, que relaciona c e a da seguinte maneira:
212

Observe que o centro da elipse está localizado na posição (0, -c). Para desenrolar este problema
devemos encontrar c, a e b. Voltando ao enunciado vemos que foi dada a relação de velocidades no
apogeu e no perigeu. Estas velocidades estão relacionadas com a excentricidade da elipse da seguinte
forma...

Sendo 1/3 a relação entre as velocidades, temos...


213

Voltando então para relação entre c e a.

Agora desenrolamos essa elipse, por que sendo...

Para encontrar b, se usa uma relação da elipse que é...

De posse de a e b, podemos encontrar b em função de R, também...

A equação de elipse fica completa para ser usada...

Agora temos um sistema com duas equações e duas incógnitas e isso é bom já que podemos neste caso
é um sistema que pode ser resolvido e determinado.

Analisando as duas equações, vemos que fica mais fácil substituir x na equação da elipse, portanto,
vamos à luta...
214

Botando tudo junto...

Agora arregace as mangas, pois há um trabalho a fazer...

Chegamos a uma equação de segundo grau e podemos encontrar os valores de y que satisfazem a
elipse...

Agora fica tranquilo...

Há dois valores possíveis para y. O valor válido é o que satisfaz a equação da circunferência.
215

Esse valor não tem sentido físico e, portanto o ponto de colisão é (0,+2R), A figura abaixo mostra a
situação na qual ocorre a colisão, que seria exatamente o Polo Norte, na latitude de 90°.
216

67. O SGDC, Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas, é um satélite


nacional destinado a dar mais seguranças às informações brasileiras e independência de satélites
estrangeiros. Outra missão é levar sinal de internet a todo território nacional. Para isso, ele deve estar
na órbita geoestacionária a uma altitude h, sobre o território nacional. Para viabilizar as comunicações,
uma antena apontada para o Brasil, deve ter um ângulo de abertura de sinal que permita a cobertura de
toda a área nacional. Veja figura abaixo.

Suponha que o Brasil possa ser modelado com um circulo plano de mesma área de nosso território,
calcule o ângulo de abertura desta antena. A área do Brasil é S e aceleração da gravidade na superfície
da Terra é g.

RESOLUÇÃO

A área do circulo base do cone formado pela cobertura da antena é a área do Brasil. Para encontrarmos
o raio deste circulo fica...
217

A altura do satélite geoestacionário é aquela para qual o período do satélite seja igual à duração do dia,
86400s.

Como não foi dada a massa da Terra, vamos nos virar com a aceleração da gravidade.

Agora dá para calcular a altura...

A tangente é uma boa pedida para resolver esta questão...

68. Em 1865, o escritor francês Julio Verne escreve um romance chamado De La Terre a La Lune
(Da Terra a Lua), onde na história de uma viagem a Lua, através de uma nave disparada por um potente
218

canhão. É interessante notar que na história o primeiro voo á Lua é feito por três pessoas, sendo que os
nomes são muito semelhantes aos astronautas da Apollo 11 (primeira missão a pousar na Lua). Outra
curiosidade é que o local de lançamento na ficção fica a 30km de onde foi lançada a Apollo 11.
Recomendo a leitura, é bastante interessante. Então se baseando no livro do Mounsier Verne, qual seria
a velocidade de escape mínima de uma espaçonave que parte da Terra para chegar a Lua. Suponha que
a massa da Terra se 16M e a massa da Lua, M. O raio da Terra seja 4R e o raio da Lua seja 2R. A distância
d que separa a Terra da Lua equivale a 10R (centro a centro). Considere o efeito da Lua na velocidade de
escape.

RESOLUÇÃO

Essa viagem é dividida em duas partes. A primeira consiste de um movimento que tem a resistência da
Terra que dificulta a subida da nave. A Lua ajuda, mas nos primeiros momentos da viagem enquanto
está próxima da Terra, nosso satélite natural tem efeito muito menor comparado à Terra. Se isso não
fosse verdade, qualquer coisa poderia ser atraída pela Lua... Em um determinado ponto a força de
atração da Terra e a força de atração da Lua são iguais. É como se fosse um ponto neutro. A partir daí, a
Lua tem efeito mais relevante e acelera o veículo.

Assim, a ideia por trás dessa questão é achar uma velocidade mínima que faça com que a capsula
chegue ao ponto neutro com velocidade nula e partir daí a Lua se encarrega.

Vamos supor que o ponto neutro ocorra a uma distância x do centro da Terra, então a distancia do
ponto neutro ao centro da Lua é 10R-x.
219
220

Ataca-se este problema com o principio da conservação da energia, com uma diferença entre os demais
exemplos já mostrados. A diferença é que a energia potencial gravitacional deve considerar o efeito da
Lua. Lembre-se que queremos saber a velocidade mínima para se chegar ao ponto neutro, pois a partir
daí Lua se encarrega de acelerar o corpo em questão.

No inicio, o corpo está no canhão sobre a superfície da Terra, assim, a distância entre ele e o centro da
Terra é o próprio raio da Terra. Essa é a distância que se usa para calcular a energia potencial
gravitacional em relação à Terra. Como a Lua também influencia na energia gravitacional, usamos para
calculo da energia potencial gravitacional em relação à Lua, a distância entre o centro da Lua e o corpo,
assim, que é a distância 10R menos o raio da Terra...
221

69. O terceiro estágio de um foguete é lançado em A, com velocidade de 15000 km/h, em voo sem
propulsão até B. Em B o motor do foguete é acionado quando a trajetória faz um ângulo de 20° com a
horizontal. A operação se processa acima da atmosfera e a aceleração gravitacional durante esse
intervalo de tempo pode ser considerada como 9m/s^2 constante em intensidade, direção e sentido.
Calcular o tempo t para ir de A até B (Esta quantidade é necessária no projeto do sistema de controle de
ignição.). Calcular também o acréscimo correspondente da altitude h.
Questão do Livro Engineering Mechanics Static and Dynamics – James L Merian, Segunda Edição.

RESOLUÇÃO

Quando ele diz que está acima da atmosfera é o mesmo que dizer que o foguete não sofre influencia do
ar, assim, não há desaceleração quando ele estiver em voo livre.

A velocidade em x não muda, pois não há forças atuando na direção x. Na direção y, a velocidade
diminui devido a ação da gravidade.

Em A, as velocidades são:
222

Em B, a velocidade horizontal é a mesma, mas a vertical já não é. A estratégia é descobrir a nova


velocidade u’ e calcular a nova velocidade na vertical.

De A para B, a velocidade na vertical sofreu um decréscimo devido à gravidade g. O tempo t para isso
é...

A altura percorrida foi...

70. Um foguete está em órbita circular ao redor da Terra, na altitude H. Se o motor é ativado dando
ao foguete um impulso na velocidade, determinar na expressão da velocidade v que deve ser alcançada
a fim de que o foguete escape da influência da Terra.
Questão do Livro Engineering Mechanics Static and Dynamics – James L Merian, Segunda Edição.

RESOLUÇÃO

A análise energética diz que se a energia mecânica de um corpo for negativa, sua órbita será elíptica e
caso for positiva ou nula, ele terá trajetória hiperbólica ou parabólica, respectivamente. Para as duas
últimas, a trajetória não é fechada e o corpo vai se afastando do planeta. O caso limite é a parábola, que
necessita de energia mecânica nula.

A velocidade mínima para escapar da influência do planeta é


223

71. Um planeta recém-descoberto foi nomeado como PNTM-51 que significa Palmeiras Não Tem
Mundial, pelo cientista famoso chamado Romarinho. Astrônomos quiseram avaliar se atmosfera desse
planeta poderia ter oxigênio. Sendo que a temperatura média do planeta é 300°C e sua massa é metade
da massa da Terra. O diâmetro do planeta é o dobro do diâmetro da Terra. Avalie se PNTM terá oxigênio
em sua superfície. A velocidade de escape da Terra é 11.2km/s. O peso de um mol de oxigênio é 32g.

Baseado em http://cdn.askiitians.com/solved-examples/solved-examples-of-gravitation.pdf

RESOLUÇÃO

A velocidade quadrática média das moléculas de oxigênio pode ser calculada pela seguinte equação
vinda da teoria dos gases.

Onde R é a constante dos gases, T é a temperatura absoluta em Kelvins e M é a massa molar do


oxigênio.

Para saber se essa velocidade das moléculas é suficiente para escapar da gravidade do PNTM-51, é
preciso comparar com a velocidade de escape do planeta.

A velocidade de escape do planeta é calculada pela fórmula...


224

Como foi dada a velocidade de escape da Terra, nada mais natural encontrar a velocidade do planeta
em função da velocidade de escape da Terra. Então vamos transformar essa formula aí de cima em algo
que contenha a velocidade de escape da Terra. Olhando o enunciado, extraímos que a massa do planeta
é metade da massa da Terra e ele tem diâmetro duas vezes maior que o diâmetro da Terra. Vamos taca-
lhe essas coisas na equação acima.

Como a velocidade das moléculas é bem menor que a velocidade de escape do planeta, portanto, dá
para concluir que Palmeiras Tem Oxigênio, mas não tem mundial... ops acho que digitei algo errado...

72. Em 1970, a sétima missão do programa Apollo, nomeada de Apollo 13, planejava um pouso na
Lua. No entanto, uma falha técnica da espaçonave causou a perda de oxigênio e energia ameaçando
seriamente a vida dos três astronautas. A frase de um dos astronautas ai relatar o problema ao centro
de comando em controle em ouston ficou famosa “ ouston, we have a problem here...”. Os
tripulantes tinham que retornar o quanto antes para a Terra, porém o módulo lunar não tinha
capacidade para parar seu movimento e voltar a Terra. Foi então que se decidiu usar a gravidade da Lua
impulsionar a nave de volta. Tal medida funcionou e permitiu que os três tripulantes retornassem a
salvo.
Considere que você é um dos engenheiros em Houston e que você precisa, em questão de horas, avaliar
esta estratégia, indique qual a dist ncia mínima da Lua, r’, que a Apollo 13 ao se aproximar da Lua.
Suponha que no instante t, a espaço nave está muito distante da Lua e com velocidade u, conforme a
figura.
Baseada nas questões do site
http://www.syvum.com/cgi/online/serve.cgi/physics/gravitation/upcgrav.sal?0
225

RESOLUÇÃO

Nas questões de gravitação sempre tenha em mãos na sua caixa de ferramenta a Conservação da
Energia e a Conservação do Momento Angular. Essa dupla do barulho resolve muita coisa.

Ao aplicar esses dois princípios, conseguimos extrair tudo que precisamos... Vamos lá!!!

Veja que foi dada uma condição na qual a velocidade da nave está a uma distância L do centro da Lua, e
nessa situação, o vetor posição da nave em relação à Lua é perpendicular à velocidade.

Esquematizando o problema com vetores, gera essa figura legal....

O momento angular quando a Apollo está em uma posição muito distante da Lua considera o ângulo
entre o vetor velocidade e o vetor posição. Vetorialmente, temos a situação mostrada na figura...
226

Escrevendo a conservação do momento angular para o ponto distante e o ponto mais próximo da Lua...

Mas note que...

Agora fica...

Mas quanto é ?

Quando temos subtração de arcos usa-se a equação (que você deve saber)!

Portanto,

Olha que beleza!! Agora vem a parte linda!

Veja que temos um triangulo retângulo com um de seus ângulos sendo , o lado oposto sendo L e a
hipotenusa sendo r. Dá para escrever o seno.

O momento se reduz...

A dist ncia r’ que queremos é apenas...


227

Agora é energia!

Antes se lembre de que se a Apollo 13 está muito distante da Lua, a energia potencial gravitacional
relativa à Lua é nula... Estamos supondo que a Terra não interfere de forma relevante nesse cenário...

M é a massa da Lua e m e a massa da nave.

Multiplicamos por r’ ao quadrado para eliminar as frações...

Observe que chegamos a uma equação do segundo grau em r’...

O discriminante dessa equação mostra sua cara...


228

Como queremos a distância mínima, então a resposta é...

Arquivo da NASA sobre processo de chegada à Lua.

73. Em um sistema solar distante, três planetas encontram-se alinhados. A distância de cada
planeta em relação ao sol deste sistema, em termos de distância da Terra ao nosso Sol, é quatro vezes,
nove vezes e 25 vezes. Depois de quanto tempo, em anos terrestres, esses planetas irão se alinhar
novamente. O período do mais curto dura 4 anos terrestres.

RESOLUÇÃO

A unidade de distância é a distância da Terra ao Sol, que será batizada de , e posteriormente


batizamos os planetas com nomes muito criativos de 1, 2 e 3.

A partir da Terceira Lei de Kepler encontram-se os períodos de rotação em torno do sol deste distante
sistema solar.
229

Os cálculos feitos dizem que os períodos de revolução dos planetas é 4, 27 e 125 anos. Para encontrar o
novo alinhamento, devemos encontrar um múltiplo comum entre esses períodos, assim, calculamos o
M.M.C e tudo fica resolvido. O novo encontro se dará após 13500 anos.

74. Uma esfera sólida de massa m é colocada dentro de uma casca esférica (oca e fina) de massa
M. Uma terceira massa m’ é colocada na linha que une os centros da esfera sólida e da casca esférica, a
uma distância x do ponto de contato entre a casca e a esfera sólida. Calcule a força sobre a massa m’.
Questão baseada em questão do livro The Pearson Guide To Objective Physics For The Iit-Jee 2011,
Srivastava M. K.

RESOLUÇÃO

A situação do problema é a seguinte...


230

ela propriedade das cascas esféricas, a massa m’ está interna à casca, assim, a força gravitacional sobre
m’ é nula. Restando apenas a força gravitacional entre m’ e m. A dist ncia entre os centros de destes
dois corpos é x-r, assim a força fica...

75. Satélites são monitorados em estações terrestres através de uma técnica chamada telemetria.
A telemetria informa dados essenciais sobre localização, operação dos subsistemas e saúde do satélite.
Para isso, uma antena envia à Terra esses dados via ondas eletromagnéticas. O acompanhamento da
posição do satélite chama-se ground tracking. Uma das formas de exibir o tracking é projetar sobre o
mapa da Terra e traçar a trajetória do satélite. A Estação Espacial Internacional tem uma órbita próxima
da Terra e permite aos astronautas permanecer no espaço por longos períodos, realizando as mais
diversas atividades técnicas e científicas.

A órbita da ISS, International Space Station, possui uma inclinação em relação ao Equador como pode
ser visto abaixo.

A órbita acima gera um tracking sobre o planisfério como mostrado na figura abaixo.
231

A partir da figura acima, pergunta-se: qual o período de revolução da estação em torno da Terra?

RESOLUÇÃO

Essa questão exige um esforço para visualização visto que temos um problema tridimensional e
transformado em problema bidimensional.

Imagine que a Terra está parada, isto é, não gira em torno de seu eixo. O satélite descreve uma curva
sobre a superfície da Terra no estilo de um seno ou cosseno, atingindo um ponto máximo ao Norte e
logo depois começa a descer até o hemisfério Sul. Esse processo de subir e descer vai se repetindo
indefinidamente. Quanto menor o período de rotação da estação mais rápido é essa subida e descida.
Além disso, estando a Terra parada, o satélite começa e termina no mesmo ponto, isto é, os pontos em
que a estação cruza o Equador seriam o mesmo quando sobe e quando desce.

Mas a Terra se move com um a velocidade angular...

Acontece que devido a essa rotação, a estação não passa pelo mesmo ponto quando cruza o equador.
Veja na imagem do tracking que as curvas são deslocadas entre si. Dessa forma, cada vez que dá uma
volta na Terra, quando cruzar o Equador, será num ponto deslocado do anterior de um ângulo . Note
como fica o tracking para várias voltas em torno da Terra...
232

Viu como a distancia dos pontos em que cruza o equador sempre estão afastadas à mesmas distancia?
Isso porque a velocidade de rotação da Terra é constante, caso contrário, essa separação não seria
constante.

Lembre-se que as linhas verticais, também chamados de meridianos, permitem calcular o ângulo de
deslocamento, pois os meridianos marcam as longitudes.
233

Ao analisar o tracking, vamos obter o delta de ângulo. As setas abaixo marcam dois pontos periódicos da
órbita e estão sob longitudes distintas. Da esquerda à direita temos 360° graus, pois é uma volta
completa em torno da Terra. Ao contarmos as linhas chegamos que totalizam 36, dessa forma, a
separação entre cada linha é 10°. As setas indicam que a diferença é de 23°(aproximadamente). Isso
quer dizer que o tempo de uma volta completa da ISS, a Terra gira um ângulo igual ao período do
satélite vezes a velocidade angular da Terra...

Ao aplicar os dados que encontramos...

76. Uma nave espacial, em órbita elíptica de raio , transfere-se para uma órbita maior de raio ,
por meio de uma trajetória elíptica entre A e B. (Essa trajetória é conhecida como a elipse de
transferência de Hohmann.) A transferência é efetuada por uma elevação instantânea de velocidade
234

, em A, e um segundo aumento de velocidade , em B. Deduzir as expressões de e em


função dos raios mostrados e do valor g da aceleração da gravidade na superfície da Terra.

Esta questão foi baseada em problema do Livro Engineering Mechanics Static and Dynamics – James L
Merian, Segunda Edição

RESOLUÇÃO

Um exemplo prático de como esses deltas de velocidade podem ser realizados é visto na fotografia
abaixo. A imagem é do módulo de serviço da Apollo, onde se veem pequenas tubeiras por onde saem
jatos de gás para dar impulsos e controlar a espaçonave. A maior parte das vezes elas são usadas para
deixar a nave em certa posição em relação a um sistema de referência, mas também pode ser usada
para dar impulsos que aceleram ou desaceleram o veículo. Outra forma é acionar o foguete principal
também.

A ideia por trás da elipse de transferência é que com o aumento da velocidade em A, é possível sair da
órbita circular e ir para uma órbita elíptica e da mesma forma com um segundo aumento é possível sair
da órbita elíptica e passar para uma órbita circular maior.
235

A velocidade na órbita circular é...

Começando para a conservação de energia em A e em B na elipse fica...

A conservação do momento angular nos dá

O 90° vem do fato que nestes pontos a velocidade faz um ângulo reto com o vetor posição cuja origem
está na Terra.

Essa relação se reduz a...

Vamos elevar o quadrado por que queremos usar na equação da energia. No momento, o interesse é
calcular o aumento de velocidade em A, por isso, vamos eliminar a velocidade em B...
236

Eis que apareceu nos dois lados da equação... Então vamos trazer para um mesmo lado...

Note que eu fiz uma mudança de sinal no segundo lado da equação...

Eliminam-se os termos comuns dos dois lados da equação com o facão matemático...

O que acabamos de encontrar acima é a velocidade final em A e a velocidade inicial em A é a velocidade


em movimento circular.

Lembrando que...fizemos inúmeras vezes...

Daí...
237

Para o , o processo é similar e resulta em...

77. O processo de Docking ou Ancoragem é o acoplamento entre um veículo transportador e uma


estação espacial. A Estação Espacial Internacional recebe astronautas e mantimentos através de
espaçonaves de transporte ou cargueiros. Para efetuar a passagem de pessoas e recursos, o docking
precisa ser realizado, conectando as portas de acesso da espaçonave e da estação. É uma tarefa
complicada pela razão de que em órbita, as velocidades são muito altas e deve ser feita com máxima
precisão, pois erros podem causar acidentes de enormes proporções.

Considerem uma estação espacial em órbita circular a uma altitude de 1200 km. Um carregamento e seu
foguete transportador, com massa 800 kg, é colocado em órbita a 450km de altitude em A. Calcular o
ângulo , que define a posição da estação em relação a A, a fim de que o encontro ocorra em B, com
trajetórias paralelas.

Esta questão foi baseada em problema do Livro Engineering Mechanics Static and Dynamics – James L
Merian, Segunda Edição

RESOLUÇÃO
238

Em relação a A, B está a 180°. Para a ancoragem acontecer estando a estação em uma posição cujo
ângulo em relação a A é , podemos escrever o seguinte...

Mas por que você me pergunta... Vou explicar! Quando o foguete começar sua viagem para acoplar na
estação, ele vai percorrer metade sua órbita. Nesse tempo a estação vai percorrer a circunferência de
sua órbita com sua velocidade angular a partir do ângulo inicial . é o tempo de viagem do
foguete de A até B.

Para encontrar o período do foguete vou dar uma pista... O foguete executa um órbita elíptica com a
Terra em um dos seus focos (essa é primeira lei de Kepler), qual a terceira lei de Kepler vai usar???

Alguma coisa me diz que é a Terceira Laidy Kepler... Temos que ter o semi eixo maior da elipse para os
cálculos... Mas Miguel isso não foi dado? Não foi, mas dá para calcular...

A largura da elipse é duas vezes o semi eixo maior, que é também é justamente a soma dos dois raios...

Só que esses raios também não foram dados. Não foram mesmo, concordo, mas também ainda não
terminamos... o que foi dado foi a altitude e o raio da Terra... olhai essa figura maneira e entenderás...
239

O período pode então ser calculado!!!

Usando novamente a gravidade na superfície...

Veja que eu estou montando um Frankenstein, mas é por que eu prefiro trabalhar com letras dos que ir
calculando com os valores numéricos, assim, eu identifico oportunidades de simplificações que eu não
veria caso já saísse com os valores.

A estação orbita com velocidade linear igual a...


240

Juntando tudo na panela e mexendo as letras...

O raio da Terra é 6371 km...

Resolvi colocar tudo em radianos...


241

Imagens de Docking do Ônibus Espacial e das naves russas. É um processo crítico que demanda muitos cálculos e
procedimentos de controle de velocidade.

78. (Questão do Livro do Halliday) Dois objetos, cada um com massa m, estão pendurados em fios
de diferentes comprimentos em uma balança na superfície da Terra, conforme a figura abaixo. Se os fios
têm massa desprezível, a diferença entre seus comprimentos é h.

Mostre que o erro na pesagem, associado ao fato de que ’ está mais perto da Terra que é:

Onde é a densidade média da Terra. Considere e use se necessário aproximado


.

http://www.rumoaoita.com/site/attachments/582_gravitacao_universal_fisica_hebert_aquino_teoria_
exercicios.pdf

RESOLUÇÃO

Supomos que ’ está a uma altura a acima da superfície da Terra...

Usando a dica matemática... .


242

Da mesma forma para P...

A diferença entre eles...

Sendo que a<<R, é quase 0. O mesmo pode ser dito para a+h<<R, que também é 0.

A massa da Terra é o produto do volume pela densidade...


243

Finalmente...

79. Um corpo de massa m dista “a” unidades de um conjunto de cascas metálicas de massa M e M’,
conforme a figura abaixo. Encontre a força exercida sobre a massa m.
Questão baseada em questão do livro The Pearson Guide To Objective Physics For The Iit-Jee 2011,
Srivastava M. K.

RESOLUÇÃO

A força gravitacional age como se toda a massa de uma casca estivesse concentrada em seu centro.
Assim, as duas cascas seriam como se fosse um único corpo de massa M+M’ localizado no centro
comum de ambas. A distância continua sendo a... A força portanto, fica...

80. (Questão do Livro do Halliday) Mostre que, que no fundo de um poço de uma mina vertical de
profundidade D, o valor de g será

Onde é o valor na superfície. Suponha que a Terra seja uma esfera uniforme de raio R.
244

RESOLUÇÃO

Pela propriedade das cascas esféricas, a uma profundidade D, a massa da esfera que cria a gravidade no
fundo da mina tem raio R-D.

A massa dessa esfera criada pela mina é...

A gravidade no fundo da mina...

A gravidade na Terra em função da densidade...

A massa da Terra é...

A gravidade na superfície da Terra...

Observe que a gravidade na superfície está embrenhada ali na gravidade da mina... preste bem
atenção...

81. A exploração de um planeta em um sistema solar próximo requer a construção de uma base no
polo norte do planeta. Sabe-se que este planeta possui massa igual ao dobro da massa da Terra e raio
idêntico. Avalia-se construir uma base de forma que a gravidade ali seja igual a gravidade na Terra.
Levanto em conta fatores como temperatura, pressão, descargas atmosféricas e acesso a minérios úteis,
cogitaram-se duas opções: construir uma base subterrânea a x metros de profundidade e uma base em
245

uma das montanhas a y metros de altitude a fim de termos a mesma gravidade na superfície da Terra.
Avalie as duas opções de construção.

RESOLUÇÃO

O planeta tendo o dobro da massa da Terra e mesmo raio resulta em uma aceleração na superfície de
seu polo Norte igual a duas vezes a gravidade na superfície do polo Norte da Terra.

Vimos no exercício anterior que para uma profundidade x, a aceleração da gravidade diminui
linearmente com o aumento da profundidade. é igual a gravidade na superfície do polo Norte do
planeta...

Para equivaler à gravidade na Terra, a profundidade x deve ser...

Isso quer dizer que dever-se-ia cavar uma distância igual a metade do raio do planeta.

O decréscimo da gravidade com a altitude acima da superfície varia da seguinte maneira...

Para equivaler à gravidade na superfície do polo da Terra...


246

O discriminante desta equação...

Há uma raiz positiva e outra negativa. Como não faz sentido a raiz negativa a solução é

Se pensarmos apenas na profundidade e na altitude, a base nas montanhas parece ser mais factível que
a base a uma profundidade R/2.

82. A partir da superfície da Terra, um objeto é lançado com velocidade igual à velocidade de
escape. A velocidade de escape forma 45° com a horizontal (tangente à Terra no ponto de lançamento
do objeto). Determine o ângulo que a velocidade, a uma altura R acima da superfície da Terra, faz com a
horizontal neste ponto (horizontal é a tangente a circunferência de raio 2R neste ponto).
Baseada em uma questão do New Pattern Physics de D.C Pandey –
http://www.rumoaoita.com/site/attachments/582_gravitacao_universal_fisica_hebert_aquino_teoria_
exercicios.pdf

RESOLUÇÃO

Primeiramente se começa com o principio da conservação do momento angular referenciado em


relação ao centro da Terra e depois na altitude R.
247

A velocidade inicial tem intensidade igual a velocidade de escape...

A velocidade final é encontrada pela conservação da energia


248

Votando no resultado da conservação do momento angular...

83. Três esferas idênticas e de mesma massa m estão dispostas em uma circunferência,
organizadas como os vértices de um triângulo equilátero inscrito a esta circunferência de raio R.
Somente as forças gravitacionais de atração entre elas são relevantes. Calcule a velocidade de rotação
deste sistema.

RESOLUÇÃO

Cada esfera é atraída pelas outras duas devido à força gravitacional. Como elas estão girando, a força
centrípeta é a resultante das forças gravitacionais em cada esfera.

A composição vetorial das forças em cada massa é mostrada na figura seguinte.


249

A força centrípeta é composta pela soma das duas componentes das forças de atração entre as esferas.
Veja que o ângulo entre as forças é o ângulo do vértice do triangulo equilátero da questão. Se tomarmos
a figura acima, com as duas forças formando um ângulo de 60°, teremos uma resultante vertical e um
horizontal. No caso da resultante horizontal ela se anula, pois as componentes horizontais são iguais, de
mesma direção, mas estão em sentidos. Já a resultante vertical é a soma das componentes verticais. O
desenho não ficou muito bom, mas temos um triangulo retângulo com um dos ângulos igual a 30°.

Como já dissemos, a força centrípeta é a resultante da força na esfera...

Mas não temos o valor de a, pois não foi dado, porém podemos encontrá-lo ao analisar a geometria do
triangulo inscrito. Um triângulo equilátero possui todos os seus lados iguais e todos os seus ângulos
internos iguais a 60°.
250

Finalizando...

84. Duas partículas de massa m1 e m2 são soltas em repouso, separadas de uma distância inicial
r0, movendo-se apenas sob o efeito de sua atração gravitacional mútua. Calcule as velocidades
partículas quando se aproximam até uma distância r (r<r0), uma da outra.
Questão do livro Curso de Física Básica, volume 1, Moyses Nussenzveig

RESOLUÇÃO

Não estamos falando de órbitas nem nada aqui, apenas duas partículas, então não precisamos usar a
conservação do momento angular, mas sim da conservação do momento linear.

Como as forças que agem nas partículas são apenas as forças de atração gravitacional, podemos
considera-las como forças internas. Dessa maneira, o momento se conserva e o centro de massa delas
251

não se move, apesar de elas se moverem. Enfim, podemos escrever uma equação para relacionar o
momento linear a uma distância r0 e a uma distancia r.

No inicio elas estão em repouso e depois se movem uma em direção à outra mostrando que as
velocidades têm sentidos opostos.

Aplicando a conservação da energia...

Antes a energia cinética é zero já que ambas estão em repouso, restando apenas a energia potencial
gravitacional de ambas. Depois elas começam a se mover e a energia mecânica é a soma das energias
cinéticas das duas partículas e a energia potencial gravitacional entre elas. Usando a conservação do
momento na conservação da energia...
252

85. Dois corpos celestes de massa M estão separados por uma distância d. Um terceiro corpo passa
é acelerado do infinito percorrendo a linha que passa pelo ponto médio entre os dois corpos. Indique
em que posição a resultante das forças é mínima.
253

A força de atração entre causa pelos corpos de massa M é...

As componentes horizontais das forças em m se cancelam e as componentes verticais se somam ( se


ficar com dúvida, foi mostrado no inicio do livro isso aí). A força resultante é:

Como a resultante na horizontal é nula e a componente vertical depende do seno do ângulo, o seno
chega a zero quando o ângulo é nulo. Nessa condição a resultante das forças sobre a massa é nula,
que é justamente sobre o ponto médio da linha que une os dois corpos de massa M.

86. Calcule a velocidade que um corpo deve ser lançado da superfície da Terra para que este entre
em órbita elíptica de apogeu 10R e perigeu de 2R. R é o raio da Terra e g é a gravidade na superfície da
Terra.
Questão baseada em
http://www.rumoaoita.com/site/attachments/582_gravitacao_universal_fisica_hebert_aquino_teoria_
exercicios.pdf

RESOLUÇÃO

No apogeu e perigeu, o ângulo entre a velocidade e o raio é 90°, nos permitindo escrever, a partir da
conservação do momento angular. A seguinte relação entre as velocidades.

Até agora só deu para saber a relação entre as velocidades e não adianta muito. Para seguir em frente,
se faz necessário determinar quanto valem essas velocidades. Note que se descobrimos uma delas, a
outra também é definida. Observe que o que foi dado no enunciado, g e R e por isso você deve se ater a
estas duas variáveis. A conservação da energia dá condições de determinar a velocidade orbital.
254

Com isso já deu para saber qual deve ser a velocidade no apogeu. Para saber qual a velocidade de
lançamento, voltamos a usar a conservação da energia entre o ponto de lançamento, sobre a superfície
da Terra e a energia no apogeu.

Que é a velocidade de escape para atingir a órbita elíptica.

87. Um satélite é colocado em órbita circular, polar, a uma altitude H. Ao passar pela posição A,
sobre o polo norte, seu retrojato é acionado de modo a dar um impulso negativo, diminuindo a
velocidade de um valor tal que faça o satélite descer em B, no equador. Deduzir a expressão para a
redução da velocidade em A. Note que A é o apogeu da órbita elíptica.

Esta questão foi baseada em problema do Livro Engineering Mechanics Static and Dynamics – James L
Merian, Segunda Edição

RESOLUÇÃO
255

A situação do problema pode ser visualizada nesta figura artística e de extremo bom gosto e
sofisticação...

Inicialmente o satélite está em órbita circular e com isso a sua velocidade orbital é...

O retrojato causa um decréscimo de velocidade em A tal que cause a descida da órbita até o equador. A
velocidade decrescida é .

Para terminar a bagaça falta achar a velocidade no equador... Ao se olhar com mais detalhes para o
vetor velocidade no equador, nos deparamos com o seguinte cenário vetorial (bacana esse termo,
cenário vetorial, acabei de inventar... tragam o meu Nobel, por favor).
256

A força centrípeta no equador é força peso no equador e com isso chegamos ao seguinte...

Mas não temos o alfa, então se apela para Nossa Senhora do Momento Angular, a padroeira dos sem
ângulo...

Então a gente bota o m pra correr, reorganiza e eleva ao quadrado...

Reorganizando tudo, chegamos na velocidade reduzida após a aplicação dos retrofoguetes.

Finalmente chegamos ao delta...


257

88. Um satélite de mapeamento lunar de massa ms, está em um órbita circular de raio 1.5R, onde R
é o raio da Lua. Um robô de reparo, de massa mr<ms, é colocado nesta órbita , mas devido a um erro
de sinal sua órbita acabou ficando na direção oposta à direção do satélite. Os dois colidem e
permanecem juntos como lixo espacial. O ponto deste problema é se eles criam mais lixo espacial ou
caem na superfície lunar. Determine a relação entre as massas do satélite e do robô para que o lixo
gerado caia na Lua. A massa da Lua é M e constante gravitacional universal é G.

Questão baseada em questão curso de Física Clássica, W15D2-5, do Massachussets Institute of


Technology, MIT.

RESOLUÇÃO

Essa questão é de uma das melhores escolas de engenharia do mundo, o famoso MIT. Inicialmente o
satélite tem a velocidade de um corpo em órbita circular...

Devido ao erro no software de controle do robô, o sentido da velocidade do robô é oposto ao sentido da
velocidade do satélite. Para achar a nova velocidade, acionamos o principio da conservação do
momento.

No inicio era o robô e o satélite com velocidades opostas, por isso que é a soma do momento angular
de cada um. O sinal menos do lado direito da equação é por que consideramos sentido de velocidade do
satélite positivo e o sentido do robô sendo ao contrário deve ser menos. Depois da colisão, os dois
formam uma única massa e viajam com mesma velocidade, no mesmo sentido do satélite.
258

Relacionando as massas em função de k...

A conservação da energia permite avaliar para qual valor de k para qual o lixo atinge a superfície lunar.
Note que usei o raio da Lua para o raio final. Isso quer dizer que estou dizendo que o conjunto está
sobre a superfície da Lua.

Para terminar só precisamos saber a velocidade ao atingir o soo da Lua. Uma forma de fazer é usar o
principio da conservação do momento angular.

A velocidade de impacto na superfície da Lua é 50% maior que a velocidade depois da colisão, ou seja,
3/2 da velocidade u. Nós definimos k como uma relação entre a velocidade do satélite e a velocidade
após o choque. A velocidade do satélite antes do choque está em função de G, M e R e por isso, para
usar as demais equações que encontramos, vamos escrever u em função de G, M e R.

Mas u fica igual a...

Para velocidade de impacto na Lua...


259

Viu? Agora podemos aplicar no resultado do principio da conservação da energia, por que todas as
variáveis envolvidas estão em função de G, M e R...

Para que o conjunto formado pelo satélite e pelo robô cair as massas devem se relacionar tal que a
massa do satélite seja 17 vezes maior que a massa do robô

89. Um projétil de massa m é disparado da superfície da Terra com velocidade inicial que é igual a
velocidade de escape. O raio da Terra é Rs, a massa da Terra é Me e a constante gravitacional universal
é G. Quando o projétil está a uma altura de 2Rs, ele atinge um satélite de massa m que está em órbita
circular de raio 2Rs. A colisão fez com que o satélite e o projétil ficassem unidos. Calcule o vetor
velocidade do conjunto após o choque. Esse conjunto vai ficar em um órbita elíptica, circular ou vai se
embora numa órbita hiperbólica ou parabólica?
260

Questão baseada em questão curso de Física Clássica, W15D1-5, do Massachussets Institute of


Technology, MIT.

RESOLUÇÃO

O ITA foi criado nos moldes do MIT. Quando se desejou criar uma escola que formasse engenheiros para
nossa indústria aeroespacial, o idealizador do ITA, o Marechal do Ar, cearense Casimiro Montenegro
Filho, convidou Richard Smith, do MIT para ser o reitor e criador do ITA.

Deixando a História de lado, vamos ao que interessa aqui...

Ocorreu uma colisão no espaço o projétil subiu até 2Rs e lá encontrou o satélite. Quando esse choque
aconteceu, o projétil tinha um momento linear, pois é uma massa com velocidade. O mesmo se pode
dizer do satélite, que possui uma velocidade e por isso também possui um momento linear. Ao se
chocarem e se unirem, forma-se um novo corpo cuja massa é a soma das massas do projétil e do
satélite.

Vale ressaltar que o momento linear é um vetor que compartilha o mesmo sentido e a mesma direção
da velocidade do corpo. Também não se esqueça de que o momento angular também é um vetor.
Então, temos a situação inicial e final bem definida, o que nos faz seguir em frente e descobrir a nova
velocidade.

Para facilitar vamos criar um sistema de coordenadas como referencial para nossa situação. Vou
desenhar a situação antes e depois na mesma figura.

Antes do choque...
261

Depois do choque...

Se os vetores estivessem na mesma direção era só uma soma, mas como temos direções x e y
envolvidas, então justifica fazermos decomposições.

Inicialmente, na horizontal, só temos a velocidade do satélite e no final, a projeção horizontal da


velocidade u do conjunto...

Inicialmente, na vertical, só temos a velocidade do projétil e no final, a projeção vertical da velocidade u


do conjunto...
262

Algo que sempre ajuda é a seguinte equação...

Mas o que eu quero com isso? Bom, temos u multiplicado por um seno e multiplicado por um seno, se
elevarmos isso ao quadrado e somar, o tal ângulo vai sumir... isso facilitar por que resulta em menos
uma variável para a gente se preocupar...

O satélite está em órbita circular e por isso é fácil saber qual sua velocidade. Basta usar a equação já
conhecida...

Onde r é o raio da órbita...

A velocidade de escape também já é nossa velha conhecida...

No entanto, no momento do choque a velocidade do projétil musical não é a velocidade de escape, mas
sim uma velocidade que é diminuída pela atração gravitacional... Mas quanto é? Supondo, como em
todos os outros problemas, que não resistência do ar nem efeito de rotação da Terra, podemos aplicar o
263

principio da conservação da energia do projétil desde a superfície da Terra até a 2Rs, que é o ponto de
choque.

Já temos a velocidade de escape...

Tá terminando... só pegar tudo o que já calculamos em juntar na expressão de u...

Vamos avaliar a energia mecânica do conjunto logo após o choque...


264

A energia mecânica é positiva, o que quer dizer que ele tem mais energia cinética do que potencial,
mostrando que possivelmente o conjunto irá seguir uma trajetória aberta (parabólica ou hiperbólica)
até os confins do universo...

90. Uma das coisas mais legais da exploração espacial é poder dar um rolê na Lua de carro. A partir
da primeira missão em solo lunar, os astronautas puderam contar com um veículo automotor para
percorrer distâncias maiores na Lua e economizar oxigênio. A NASA desenvolveu o Lunar Rover que é
um veículo semelhante a um jipe que foi levado montado junto com módulo de serviço.
Suponha que você seja um dos engenheiros responsáveis por desenvolver este carro muito maneiro e
está em uma reunião de projeto está avaliando as possíveis soluções para as rodas e tem que decidir
qual o material mais indicado para operação. Foi apresentado o relatório do teste realizado na pista, do
centro de desenvolvimento, na qual é coberta com um material que simula o solo lunar, isto é, o
coeficiente de atrito entre a roda e o solo é igual ao que vai encontrar na Lua, que vale 0.5. Obteve-se
como resultado uma variação de velocidade de 0 a 100 km/h em 10 segundos. Qual seria o resultado na
Lua, considerando que o desempenho do motor na Terra e na Lua é idêntico?
Considerar o diâmetro e a densidade da lua como 1/4 e 2/3 dos da Terra, respectivamente.
Por simplicidade modele o carro como uma massa de 200 kg submetida à força gerada pelo motor e ao
atrito das rodas com o solo. Aceleração da gravidade na Terra é .

RESOLUÇÃO

O diagrama de forças mostra quais as forças atuantes no carro. Em seguida escrevemos as interações
das mesmas no eixo x e y.
265

Substituindo a normal...

O relatório indicou uma variação de velocidade na Terra que é a própria aceleração. A velocidade final
de 100km/h pode ser convertida para m/s ao dividirmos por 3.6, dando 27.7m/s.

A força desenvolvida pelo motor ao motor o veículo é de...

Na Lua, o que difere é a gravidade, visto que sua densidade e volume são diferentes da Terra... Então
vamos calcular como vai ser na Lua...

Do enunciado, sabe-se que diâmetro da Lua em relação á Terra é ¼

Como diâmetro é duas vezes o raio...

A densidade da Lua é 2/3 da densidade da Terra. E agora? Sem pânico. A densidade é um medida que
diz quanto de massa há em um volume.

Para achar a massa, é só multiplicar a densidade pelo volume.


266

A relação das densidades, pelo enunciado é

Nós sabemos a relação entre as densidades da Terra e da Lua, mas não temos o volume. E agora? Agora
que vamos considerar que a Terra e a Lua são esferas perfeitas. O volume de uma esfera é calculado
por:

Como temos o raios de ambas, os volumes ficam:

Agora podemos montar uma relação que divide a massa da Terra pela massa da Lua. Parece complicado,
mas vai ter um monte de cancelamento que vai simplificar. Note que vou substituir tudo e tem termos
que vão se cortar:

Colocando as densidades também:

Agora começar a cortação de termos e tudo isso se resume à...

Simplificou para isso e substituindo os raios, chegamos no resultado

Finalmente chegamos que a relação entre as massas é


267

Agora podemos relacionar as duas gravidades

Com isso, a gravidade na Lua é 1/6 da gravidade na Terra, .

A força que o motor vai entregar na Lua é a mesma que na Terra.

Partindo do repouso, em 10 segundos, a velocidade do Lunar Rover é...

Dá para se matar na Lua, hein?

É isso aí!
268

Sobre o uso de imagens da NASA neste livro.

Sobre o uso de imagens da ESA, European Space Agency (Agência Espacial Europeia)

As imagens da ESA são livres para uso educacional, livre da necessidade de autorização ou taxas.
http://www.esa.int/About_Us/Law_at_ESA/Intellectual_Property_Rights/ESA_copyright_notice

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