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UNIDADE I – PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO

BÍBLICA................................................................................................02

UNIDADE II – TEOLOGIA DO OBREIRO......................................21

UNIDADE III – FUNDAMENTOS DA PREGAÇÃO


BÍBLICA................................................................................................44

UNIDADE IV – PANORAMA DAS ESCRITURAS


................................................................................................................69
Podemos definir hermenêutica de duas maneiras dependendo do foco
sobre o assunto. Hermenêutica é tanto a “ciência”, como a “arte” que
ensina as leis, princípios e regras para a interpretação. É uma ciência,
pois tem um objeto de estudo e métodos para análise do mesmo, além de
apresentar uma classificação lógica para as leis de interpretação. Porém a
hermenêutica também é uma arte, ou seja, ela aplica as leis e essa aplicação
é flexível. Não podemos esquecer que outro aspecto que nos remete a
hermenêutica como arte é que ela somente é bem desenvolvida com a
prática continua.

1 – NECESSIDADE DA HERMENÊUTICA.

Talvez você esteja se perguntando: Qual a necessidade do uso da


hermenêutica? Todos os cristãos não têm acesso a um exemplar da Bíblia e
não podem ler? Será que eles não têm a capacidade de entender as
Escrituras? A Bíblia não é clara? Para responder a esses questionamentos
precisamos trazer a tona algumas verdades, vejamos:

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1.1 - Os homens são diferentes entre si e apontamos aqui três aspectos:
 Em seu ambiente cultural - A palavra do Senhor é lida por pessoas
de todas as partes do mundo, tendo costumes e práticas diferentes de
país para país.
 Em sua capacidade intelectual – Qualidades morais, gostos estéticos,
preferências.
 Em seus conhecimentos intelectuais – Uns são mais instruídos do
que os outros.
1.2 - Outro aspecto que devemos ressaltar é que o pecado obscureceu e
cauterizou a mente dos homens. Por isso, até mesmo para cristãos, as
seqüelas do pecado podem atrapalhar no estudo. Assim, aquilo que
parece tão claro para alguns é de difícil interpretação para outros.
Assim, o estudo da hermenêutica aparece como uma ferramenta essencial
para o auxílio no raciocínio e entendimento do texto bíblico. Muitas pessoas
caem em uma mentalidade obscurantista, acreditando que o Espírito Santo
revelará pessoalmente cada significado do texto bíblico. Porém, devemos
entender o que Jesus nos disse: “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo,
que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos
fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.” (Jo 14.26). A maneira do
Espírito ensinar é fazendo lembrar do que aprendemos sobre Jesus, ou seja,
do que estudamos sobre a Bíblia. Como veremos mais adiante, Deus
também usou os seus servos, os teólogos, ao longo da História para nos
esclarecer pontos obscuros das Escrituras Sagradas.

2 - TIPOS DE HERMENÊUTICA

2.1 – Hermenêutica geral: Aplicada a qualquer tipo de literatura. Todas as


pessoas fazem uso da hermenêutica constantemente. Exemplos: Quando
dirigimos e observamos o semáforo acender a luz vermelha, interpretamos
que devemos parar. No entanto, quando acende a luz verde sabemos que
podemos prosseguir, pois nosso cérebro interpretou aquela informação.
Outro exemplo é quando abrimos uma revista ou um jornal. Ao lermos
interpretamos aquelas informações também. Até mesmo uma criança faz
hermenêutica sem perceber quando ela lê uma história em quadrinhos.

2.2 – Hermenêutica especial: Aplicada a determinados tipos de literatura.


Por exemplo, um advogado, ao interpretar as leis em favor de seus clientes,
usa a hermenêutica específica do Direito, as maneiras adequadas de

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compreender, por exemplo, se a Constituição garante ou não o direito de
uma mãe receber pensão de um marido que morreu em um emprego sem
carteira assinada. Ou, ainda, um historiador que vai interpretar se o
documento permite ou não afirmar que havia ateísmo na antiguidade.

2.3 – Hermenêutica Sacra: Aplicada somente a Bíblia. Sendo assim,


precisamos fazer uma consideração sobre a Bíblia: seguindo a perspectiva
teológico-ortodoxa, a Bíblia é inspirada por Deus. Sendo que Inspiração é a
ação direta do Espírito Santo sobre os escritores, ou seja, não foi mera
vontade e nem impulso humano que levou a confecção da Bíblia, mas uma
ação de Deus sobre os escritores. Portanto, embasado nessa perspectiva
teológica, é refutável qualquer linha teológica que venha colocar-se contra
tais fundamentos. Desta forma, a Bíblia é Infalível e Inerrante, e que nela
encontra-se somente a Verdade.

3 - CARACTERÍSTICAS DO INTÉRPRETE BÍBLICO.

O verdadeiro intérprete, por mais conhecimento e habilidades que tenha,


deve procurar obter as seguintes qualidades para uma interpretação eficaz:

3.1 – Paciência no estudo: Na vida cristã nada ocorre de uma hora para
outra. Não podemos nos enganar com o pensamento que iremos abrir a
Bíblia e todas suas verdades fluirão para dentro de nossas mentes. Da
mesma forma que a Revelação de Deus foi progressiva, a sua Iluminação em
nossas vidas devem ser. Assim, primeiro aprendemos as verdades básicas e
depois chegamos às riquezas mais profundas que estão contidas na Palavra
de Deus. Primeiro tomamos o leite espiritual para depois comermos a
“comida sólida”. Precisamos de paciência em nosso estudo.

3.2 – Ser dependente do Espírito Santo: O Autor da Bíblia é o Espírito de


Deus. Foi Ele quem inspirou os escritores bíblicos. Foi o Espírito que
anunciou ao coração deles as verdades que iriam ser escritas. Sendo assim, o
melhor professor, auxiliador, intérprete da Escrituras é o Espírito Santo.
Precisamos ter essa consciência que o estudo da Bíblia não pode ser feito de
forma independente. Sempre precisaremos do auxílio e direção do Espírito
Santo, que nos auxiliará, junto ao nosso estudo, a compreender melhor a
Bíblia.

3.3 – Humildade: Muitas vezes ao estudarmos os textos bíblicos seremos


confrontados naquilo que cremos. Precisamos de singeleza em nossos

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corações para que possamos crescer no conhecimento. Nem sempre os
textos bíblicos se encaixam na nossa visão, e precisamos então mudar a
nossa maneira de ver. Por exemplo, há cristãos que não aceitam que um
servo de Deus pode ser pobre ou sofredor. Mesmo com toda a evidência
bíblica sobre o sofrimento do justo, estas pessoas simplesmente viram as
costas para a verdade e preferem viver seu mundo de ilusão, achando que
estão fazendo a vontade divina.

4 - DIFICULDADES PARA A INTERPRETAÇÃO.

Interpretar as Escrituras não é algo fácil. Não é difícil nos depararmos


com textos que parecem ser obscuros. O próprio apóstolo Pedro em sua
segunda carta no capítulo três versículos 15 e 16 percebeu essa dificuldade
de interpretar alguns escritos, ele afirma assim: “Tenha em mente que a
paciência de nosso Senhor significa salvação, como também o nosso amado
irmão Paulo lhes escreveu, com a sabedoria que Deus lhe deu. Ele escreve
da mesma forma em todas as suas cartas, falando nelas destes assuntos.
Suas cartas contêm algumas coisas difíceis de entender, as quais os
ignorantes e instáveis torcem, como também o fazem com as demais
Escrituras, para a própria destruição deles.”
Mas porque encontramos tamanhas dificuldades? Será que Deus não
tem interesse que seus filhos aprendam e entendam suas palavras? O
motivo principal para essa dificuldade de interpretação da Bíblia, além dos
desinteresses e das distorções mal intencionadas de alguns, tem sido o que
denominamos “distanciamentos”. Vejamos quais são estes:

4.1 – Distanciamento Temporal: Para se ter uma idéia, o último livro da


Bíblia a ser escrito foi Apocalipse e ocorreu no final do século primeiro.
Como a sociedade e a cultura são fatores dinâmicos (sempre em constante
mudança) as coisas não ficaram no mesmo lugar, do mesmo jeito, nas
mesmas idéias e filosofias. Tudo pela lei chamada “tempo”. Interpretar a
Bíblia com as idéias e filosofias de hoje é um erro chamado de anacronismo.

4.2 – Distanciamento Autoral: Os escritores bíblicos morreram até o


primeiro século da era cristã. Não podemos questioná-los sobre o que
queriam dizer em determinado texto. Seria mais fácil se pudéssemos nos
comunicar com Paulo para entender melhor sobre o que ele quis afirmar em
1 Coríntios 7 sobre poder ou não se divorciar. Essa ausência do autor não
exclui a possibilidade de chegarmos ao “X” da questão através de um estudo
sério, porém seria mais fácil se pudéssemos consultar o autor.

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4.3 – Distanciamento Lingüístico: O fato de que as línguas nas quais a
Bíblia foi confeccionada terem sido extintas, sendo consideradas mortas, é
outro fator complicador na interpretação bíblica. Esse fator é fácil de ser
percebido quando traduzimos um texto do idioma alemão para o português.
Algumas palavras não têm correspondentes dentro de nossa língua, gerando
sempre complicações na tradução. Notando que o alemão e o português são
línguas em pleno uso no mundo. Agora, imagine a relação com as línguas
originais.
Pensando de outra forma, existem palavras exclusivas da língua
portuguesa, como “saudade”. Mesmo que essa palavra seja traduzida para
outros idiomas, o seu significado nunca captará plenamente o que queremos
dizer com saudade. No inglês, a tradução mais usada é I miss you (“sinto sua
falta”) e, em francês, Je t’envie (“eu te desejo”). Porém, a idéia de saudade
na língua portuguesa é mais ampla do que um simples “sentir ausência”. Por
isso, é importante, ao estudarmos a Bíblia, percebermos o contexto
etimológico das palavras nas línguas originais.

4.4 – Distanciamento Contextual: Seria mais fácil de entendermos uma


parábola se estivéssemos no momento em que Cristo a proferiu. As epístolas
paulinas tinham endereço certo, e na sua maioria eram questões daqueles
locais específicos. Esses fatos mostram como o contexto do escrito faz tanta
diferença. A hermenêutica visa transpor esse abismo entre o contexto do
escrito e a nossa realidade.

4.5 – Distanciamento Cultural: A cultura em que os escritores viviam e


onde os escritos foram confeccionados não existem mais. Vivemos em
tempos diferentes, em uma cultura que por mais que tenha semelhanças não
é igual. Por exemplo, é mais fácil entender a questão do uso do véu em
Corinto quando nos transpomos para a cultura da época. Como também a
questão dos cerimoniais como casamento, velórios, funerais, rituais e outros.

4.6 – Distanciamento Espiritual e Moral: A queda não interferiu somente


na condição espiritual e física do homem, mas também na realidade
intelectual. Somos pecadores tentando interpretar algo santo. Esse fato já faz
uma diferença enorme em nosso trabalho. Quantas vezes somos tentados a
interpretar determinados textos de acordo não com o que entendemos que é
correto, mas de uma maneira que agrade nosso ego ou até mesmo encubra
nosso pecado.

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4.7 – Distanciamento Natural: Somos seres finitos trabalhando com
verdades provenientes de um Deus infinito. Nosso entendimento é
condicionado a esse determinante, nossa finitude.

Portanto, a função do hermeneuta (estudante da hermenêutica) é


transpor esses abismos existentes para que possa entender a Palavra de
Deus como ela realmente é, que segue a vontade do SENHOR e tem
aplicação para vida humana. E então, com isso, apresente a obediência
sem questionamentos.

5 - FIGURAS DE LINGUAGEM NO TEXTO BÍBLICO.

Um sério problema de muitos ao interpretar os textos bíblicos tem sido


por considerar tudo no texto de forma literal. Pelo “literalismo” muitos
ensinos incorretos e incoerentes tem sido propagados, movimentos e
modismos estranhos defendidos e até heresias difundidas. Portanto, deve
haver o máximo de cuidado com a interpretação bíblica.
Desta forma, para se conhecer melhor a mensagem das Escrituras, com
uma correta interpretação, é imprescindível conhecer as figuras de
linguagem. Vejamos algumas:

5.1 – Metáfora: É a figura em que se afirma que alguma coisa é o que ela
representa ou simboliza, ou com o que se compara. Se baseia em alguma
semelhança entre dois objetos ou fatos, em que um deles se caracteriza com
o que é próprio do outro. Exemplo: “[Jesus disse]: Eu sou a porta” (Jo 10.9);
“Os olhos são a candeia do corpo” (Mt 6.22). Quando Jesus diz por
exemplo: “Vós sois Sal da Terra” (Mt 5.13), ele não quer dizer que somos
“sal” literalmente, mas nos compara ao sal em uma série de qualificações
comuns entre ambos. Isso é metáfora. Ver mais: Is 40.6; Jo 6.48; 15.1; Sl
71.3.

5.2 – Símile: O termo em si significa “semelhante”. A figura também afirma


que alguma coisa é o que ela representa ou simboliza, sendo porém mais
explícita. Ela é diferente da metáfora por apresentar um elemento
comparador. Termos: “como”, “assim”, “semelhante”, e outros.
Exemplo: “Como um pai tem compaixão dos seus filhos, assim o SENHOR
tem compaixão dos que o temem” (Sl 103.13). Ver mais: 1 Pe 1.24; Lc 10.3.

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5.3 – Metonímia: O emprego do nome de uma coisa pelo de outra com que
tem certa relação, seja de causa e efeito, de continente e produto, de matéria
e objeto, de abstrato e concreto, de autor e obra, de sinal ou símbolo pela
realidade que o símbolo indica. Exemplo: Jesus disse: “Eles têm Moisés e os
Profetas; que os ouçam” (Lc 16.29 – os autores pelos escritos); João diz: “o
sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo o pecado” (1 Jo 1.7 - o
símbolo pela realidade que simboliza). Ver mais: Gn.25.26; Gn.41.13;
Jó.32.7.

5.4 – Sinédoque: A substituição de uma idéia por outra que lhe é associada,
ou seja, quando se toma a parte pelo todo ou o todo pela parte, o plural pelo
singular, o gênero pela espécie, ou vice-versa.
Exemplo: “Este homem é uma peste, e promotor de sedições entre os todos
os judeus, por todo o mundo” (At 24.5 – O todo pela parte) – Óbvio que não
eram “todos os judeus por todo o mundo”. Em Pv 1.16: “...os seus pés
correm para o mal....” (Parte pelo todo) – Não eram somente os “pés que
correm para o mal sem o restante do corpo”. Ver mais: Rm 1.16; 16.4 Lc
2.1; Jr 25.29.

5.5 – Hipérbole: É a afirmação em que as palavras vão além da realidade


literal das coisas. É também chamada de exageração. Exemplo: “Jesus fez
também muitas outras coisas. Se cada uma delas fosse escrita, penso que
nem mesmo no mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos” (Jo
21.25). Ver também Dt 1.28.

5.6 – Ironia: É a expressão dum pensamento em palavras que, literalmente


entendidas, exprimem sentido oposto. Uma forma de ridicularizar sob a
forma de elogio. Elias usou quando zombou dos profetas com sua adoração
a Baal: “... Clamai em altas vozes, porque ele é deus!” (1 Rs 18.27). Ver
mais: 2 Sm 6.20; Jó.12.2; Mc 7.9; 1 Co 4.8.

5.7 – Prosopopéia: É a personificação de coisas ou de seres irracionais,


dando-lhe feitos e ações humanas. Exemplo: “Onde está morte o teu
aguilhão” (1 Co 15. 55) – Paulo fala a morte como se fosse uma pessoa. Ver
mais: Sl 35.10; Jó.12.7; 1 Pe 4.8; Is 55.12.

5.8 – Antropomorfismo e antropopatia: É a linguagem que atribui a Deus


aparência e sentimentos humanos. É o caso de falar de “dedos” de Deus (Sl
8.3), ou seus “ouvidos” (31.2), ou “olhos” (2 Cr 16.9), ou “mãos” (Is
45.12). Ou ainda quando vemos que Deus se “arrepende” (Gn 6.6; Ex

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32.14). Obviamente, Deus não tem olhos, ouvidos e nem se arrepende do
que faz, mas, para melhor compreensão nossa, essas figuras de linguagem
existem. Ver mais: Gn.8.12; Sl.74.11.

5.9 – Alegoria: É a narrativa em que as pessoas representam idéias ou


princípios, sendo que consta em geral de várias metáforas unidas
representado cada uma realidades correspondentes. Um exemplo é o de
Jesus: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão,
viverá para sempre, e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha
carne […] Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida
eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6.51,54). Ver mais em Sl 80.8-
13 e Gl 4.21-31.

5.10 – Tipos: É uma classe de metáforas que não consiste meramente em


palavras, mas em fatos, pessoas ou objetos que designam fatos semelhantes,
pessoas, ou objetos no porvir (Hb 9.8,9; Jo 3.14; Mt 12.40). São numerosas
nas Escrituras (principalmente no A.T.), essas figuras são chamadas de
sombras dos bens vindouros. Tipo é a figura, sombra e modelo, e Antítipo é
o que foi prefigurado pelo Tipo, correspondendo ao modelo. Por exemplo:
José do Egito (Tipo) e Jesus, Salvador do Mundo (Antítipo); Sacerdócio de
Melquisedeque (Tipo) e Sacerdócio Eterno de Jesus (Antítipo); Holocausto
(Tipo) e o Sacrifício perfeito de Cristo (Antítipo). Os tipos bíblicos sempre
apontam para Cristo.

5.11 – Símbolos: É uma espécie de tipo pelo qual se representa alguma


coisa ou algum fato, por meio doutra coisa ou fato conhecido, para servir de
semelhança ou representação. É diferente do tipo por não prefigurar a coisa
que representa. Ele simplesmente representa o objeto (Ap 5.5; 1 Pe 5.8; Js
2.18). Os símbolos podem ser apresentados na forma de objetos (sangue,
ouro, etc.); nomes (Abraão, Israel, Jacó, etc); números (seis, sete, oito, etc.)
e cores (púrpura, escarlate, etc.).

Além destas, existem muitas outras.

6 - PRÍNCIPIOS GERAIS DA HERMENÊUTICA.

A partir de agora passaremos a apresentar os princípios de


hermenêutica e as regras que julgamos ser as mais apropriadas para o
desenvolvimento da interpretação da Escrituras. Sabemos que existem

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outros princípios que outros estudiosos preferem. Aqui, porém seguiremos
os princípios que seguem a reforma protestante.

6.1 - A Bíblia É A Autoridade.

Vivemos em um mundo onde as questões de autoridade sempre estão


sendo questionadas. Sempre existem aqueles que não concordam e
enfrentam toda e qualquer autoridade constituída.
Ainda enfrentamos aqueles que querem se levantar contra a autoridade das
escrituras, questionando se realmente a Bíblia é a palavra de Deus para que
assim possam ter a escolha de não se submeterem a ela.
Verdade é que todo ser humano, por mais que não queira, sempre está
debaixo de alguma regra, seja ela uma regra escrita (Lei) ou um padrão
moral imposto pelo grupo social a qual pertence. Porém, o que queremos
ressaltar é a autoridade das Santas Escrituras.
A autoridade da Bíblia não está baseada em nenhum argumento
humano, sua autoridade se legitima na pessoa de Deus. A Bíblia tem como
autor aquele que é Todo Poderoso, infalível e imutável, e assim sendo, a
Bíblia se torna a autoridade máxima aqui na terra, pois ela é a palavra de
Deus escrita para os homens.
Não negamos que existam outras autoridades, como por exemplo, as
tradições humanas e a razão, e entendemos que todo cristão está também
sujeito a elas. Veja, a razão diz que colocar o dedo em uma tomada levará
você a ser eletrocutado, a razão está certa, e por isso nos submetemos a ela.
Por outro lado vivemos em um mundo com muitas tradições. A
própria igreja cristã protestante tem suas tradições, exemplificamos esse fato
com o uso da “gravata”. Não está escrito na Bíblia, mas se convencionou em
alguns círculos evangélicos que o obreiro deve usar gravata nos cultos. Não
estar escrito na Bíblia não torna o fato errado, por isso se for costume de sua
denominação, faça uso da “gravata”, além de mostrar que você é um obreiro
obediente, mostrará que você gosta de se vestir bem.
Queremos ressaltar que algumas tradições são maléficas a fé cristã.
Um caso que podemos citar é a eterna virgindade de Maria. Não
encontramos em nenhuma parte do Novo Testamento afirmações que
possam apoiar esse fato, além do mais tal tradição tem levado muitos ao
pecado da idolatria, o qual Deus aborrece.
Quando a tradição, a razão e a Bíblia entram em choque, não podemos
ter dúvidas, a palavra de Deus sempre estará em primeiro lugar. Todas as
autoridades estão abaixo das santas Escrituras, por isso todas as vezes que
formos pressionados a nos submetermos a alguma regra imposta por

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qualquer tipo autoridade devemos avaliá-la a luz da Bíblia, se ela for
coerente com a palavra podemos obedecê-la sem medo.
A Bíblia é nossa autoridade suprema, isso não se pode negar, porém
surge uma questão: Tudo que a Bíblia ordena precisa ser cumprido? A
resposta para essa pergunta é negativa! Não se assuste! Existem ordens na
Bíblia que são especificas para aquelas pessoas que a receberam. Veja a
ordem que Deus da para Israel quando este iria enfrentar a Jericó em Josué
capítulo 6. Não precisamos sair gritando por ai para obtermos vitórias, pois
essa ordem foi especifica para Israel.

6.2 - A Escritura Explica A Escritura.

A frase preferida do grande reformador João Calvino era “a Escritura


explica a própria Escritura” dessa frase surge a segunda regra da
hermenêutica.

Para exemplificar esse fato iremos comparar 4 textos:

A: Mateus 21:22: E, tudo o que pedirdes em oração, crendo, recebereis.


(Almeida Revista e Atualizada)

B: Marcos 11:24: Por isso, vos digo que tudo quanto em oração pedirdes,
crede que recebestes, e será assim convosco. (Almeida Revista e Atualizada)

C: Tiago 4:2-3: Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis


obter; viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes, porque não pedis; pedis
e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres.

D: 1 João 5:14: E esta é a confiança que temos para com ele: que, se
pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve.

Ao lermos os evangelhos de Mateus e Marcos poderíamos entender


que bastava orarmos a Deus pedindo alguma coisa e assim Ele faria, se
desejássemos uma Ferrari Deus nos daria. Os seguidores da Teologia da
Prosperidade usam constantemente esses textos para fazerem verdadeiras
suas campanhas em favor de bênçãos materiais, porém eles se esquecem que
a Bíblia tem uma revelação progressiva, e percorrendo suas paginas
encontramos os textos de Tiago e 1ª João onde a palavra de Deus nos afirma
que quando pedirmos, crendo, não para esbanjarmos, e segundo a vontade

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de Deus, podemos ter certeza que teremos uma resposta afirmativa da parte
do Pai.
Ao estudar a Bíblia compare textos sobre o determinado assunto que
você está estudando. Bíblias com referencias cruzadas facilitaram seu
trabalho. Além disso, deixe que a Bíblia seja seu próprio comentário deixe-a
falar por si mesma. Não queira que a Palavra de Deus se adéqüe aquilo que
você espera, mas deixe ela ser a voz de Deus para você. Entenda que
verdades Bíblicas por um momento podem ser incompreensíveis, mas confie
que em outros textos seus olhos serão abertos e você compreenderá aquilo
que o Senhor deseja.

6.3 - Interprete A Experiência Pessoal A Luz Das Escrituras.

As experiências de nossas vidas são determinantes para aquilo que


somos e cremos. A fé salvadora é uma experiência que mexe com todo o
nosso ser e durante nossa carreira cristã vivemos e viveremos muitas
experiências com Deus, porém não podemos interpretar a Bíblia a partir
dessas experiências.
Uma das falhas mais comuns entre os cristãos é olhar pela ótica de
suas experiências, se esquecem que uma experiência pessoal somente será
uma verdade aplicável a vida de outros cristãos se houver uma ordem direta
nas Escrituras. Por exemplo, eu não tenho o hábito de comprar no cartão de
crédito, essa é uma decisão pessoal, não posso cobrar que outros cristãos
tenham essa mesma opinião baseando minha argumentação no texto de
Romanos 13:8 que afirma: “A ninguém fiqueis devendo coisa alguma,
exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo
tem cumprido a lei.”
Se você em um determinado culto onde a unção e o mover de Deus
estiveram presentes em sua vida e ocasionaram em você reações físicas,
como chorar, pular, ou qualquer fato dessa natureza, e não aconteceram com
o irmão ao lado, não se pode afirmar que ele também não foi tocado por
Deus. Isso é muito freqüente em algumas igrejas, criticar o irmão como
incrédulo ou frio simplesmente pelo fato dele não ter a mesma reação do que
a maioria.
Pelo outro lado existem aqueles que por não sentirem nenhuma
alteração física ou emocional durante os cultos querem julgar os irmãos que
as tem.
Precisamos entender que cada ser humano tem uma estrutura
emocional, uma história de vida, e reações distintas perante o mover de
Deus. Uns oram como Ana: “Como Ana orava silenciosamente, seus lábios

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se mexiam mas não se ouvia sua voz. Então Eli pensou que ela estivesse
embriagada” 1ª Samuel 1:13 outros como Neemias: Quando ouvi essas
coisas, sentei-me e chorei. Passei dias lamentando-me, jejuando e orando
ao Deus dos céus. Neemias 1:4. Cada pessoa tem sua própria reação ao
poder de Deus.
Devemos estudar a Bíblia até que ela se torne nossas próprias
experiências. Precisamos orar para que Deus nos auxilie mediante a ação do
seu Espírito, pois é isso que Ele deseja, que nossas vidas, nossas
experiências sejam a própria Bíblia se cumprindo em nós.

6.4 - A Salvação É O Primeiro Instrumento Para A Interpretação Da


Bíblia.

Você já percebeu que algumas vezes ao explicar um texto bíblico para


um incrédulo, ele não entende de maneira nenhuma! Para você o texto é
simples e claro, para ele obscuro e confuso.
Essa verdade é percebida na passagem de Atos capítulo 8 onde o
eunuco etíope ao ser questionado por Filipe se entendia o que estava lendo,
responde: “Como posso entender se alguém não me explicar?"
E ainda em 1 Coríntios 2:13, coisas espirituais são para os espirituais.
Então surge uma pergunta: Por que os incrédulos não entendem a
palavra de Deus? Simplesmente pelo fato que não passaram pela
regeneração. Somos feitos de três partes distintas, corpo, alma e espírito. 1ª
Tessalonicenses 5:23. Afirma assim: “Que o próprio Deus da paz os
santifique inteiramente. Que todo o espírito, a alma e o corpo de vocês
sejam preservados irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”,
e conhecedores disso devemos entender que a regeneração não age nem no
corpo, nem na alma daquele que se converte, ela age no espírito. Não age no
corpo porque continuo tendo a mesma idade que tenho, não emagreço,
contínuo sendo fisicamente como sou. O que transformará meu corpo é um
processo que teologicamente chamamos de glorificação, quando Jesus vier
nos buscar. O apóstolo Paulo em sua primeira carta aos Corintos no capítulo
15 versículos 49 á 54 nos afirma isso:
“Assim como tivemos a imagem do homem terreno, teremos também
a imagem do homem celestial. Irmãos, eu lhes declaro que carne e sangue
não podem herdar o Reino de Deus, nem o que é perecível pode herdar o
imperecível. Eis que eu lhes digo um mistério: Nem todos dormiremos,
mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de
olhos, ao som da última trombeta. Pois a trombeta soará, os mortos
ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados. Pois é

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necessário que aquilo que é corruptível se revista de incorruptibilidade, e
aquilo que é mortal, se revista de imortalidade. Quando, porém, o que é
corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal, de
imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: "A morte foi
destruída pela vitória"
A regeneração não ocorre em minha alma porque aquilo que é nascido
de Deus é perfeito, pois Deus não pode criar algo imperfeito, pois ele
mesmo é perfeito. A alma é o centro das emoções, sentimentos, escolhas, é
onde se formula o ato pecaminoso, e compreendo que por continuar pecando
minha alma não nasceu novamente, pois continuo a pecar. Ela continua
imperfeita, e passará pelo processo da santificação que entendemos ser
progressivo.
A regeneração é o ato pelo qual Deus nos religa novamente a Ele, e
sendo assim, passamos a participar daquilo que é divino, além do mais
passamos a ter novamente uma vida espiritual, e participamos também
daquilo que vem do Espírito. Existe agora no convertido uma ação direta
daquele que inspirou os escritores bíblicos na confecção da Bíblia. Não
poderíamos contar com melhor auxilio do que estes.

6.5 - Analise Sua Interpretação Com A De Outros Autores.

Todo cristão tem o direito e a responsabilidade de estudar, investigar e


interpretar a Bíblia, essa foi uma das “bandeiras” da reforma protestante.
Nesse período, somente a igreja católica tinha o direito de interpretar a
Bíblia, até porque o povo não tinha nem acesso aas escrituras, e quando
tinha encontrava a Bíblia em outros idiomas a não ser o seu.
Graças a Deus pela reforma protestante e por hoje podermos contar
com muitas traduções das Sagradas Escrituras, na verdade o que falta a
muitos cristãos é o prazer em estudar. Sendo assim, hoje podemos
interpretar a Escrituras, e isso é muito bom, podermos chegar as nossas
próprias conclusões.
Alertamos que quando chegamos a uma interpretação contrária ao que
historicamente já se definiu devemos repensar nossa interpretação. Por
exemplo, muitos intérpretes ao longo da história (como Lutero e Calvino)
têm entendido o Salmo 89.10 (“Abre bem a tua boca e eu ta encherei”) como
providência de alimento e não como justificativa para ficarmos gritando nos
cultos ou pregamos sem preparação. Ou seja, no texto em apreço Deus
encherá a boca das pessoas de alimentos e não de palavras. Por isso, fica
muito claro que interpretar o “encher” como receber revelações está
completamente equivocado.

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Outro detalhe importante é que nem sempre nossos estudo trarão luz a
determinados textos, nesses casos lembre-se da passagem de Deuteronômio
29:29 “As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, nosso Deus, porém as
reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para que
cumpramos todas as palavras desta lei”, além disso aceitar esse fato é sinal
de maturidade cristã.

6.6 - A Bíblia Toda Está A Disposição Do Cristão Desde Que Haja Uma
Ordem Direta Do Espírito.

Não podemos fazer uma Bíblia para cada gosto, a Bíblia é única, a
completa palavra de Deus. Com isso queremos dizer que não se podem
eliminar partes da Bíblia somente porque não gostamos ou porque não se
adéqua a nossa teologia ou denominação que pertencemos.
O cristão deve fazer uso tanto do Antigo Testamento como do Novo
Testamento, um não anula a importância do outro e ambas são palavras
reveladas da parte de Deus para a humanidade. O que percebemos hoje é
que alguns grupos privilegiam um em detrimento do outro.
Um fato importante que queremos ressaltar é que existem passagens
que estão dentro da Bíblia que não são aplicáveis aos leitores desse século,
pelos simples fato de que são especificas para uma pessoa ou um
determinado grupo. Outra colocação importante é que nem todas as ordens
que a Bíblia apresenta são para todas as pessoas.
Vejamos um exemplo:

A: A saída do Egito não é uma ordem aplicável aos cristãos atuais. Primeiro
porque não vivemos em um pais chamado Egito e sim Brasil, segundo
porque a ordem foi direta ao povo de Israel. Embora possamos aprender uma
lição espiritual com a saída do povo de Israel do Egito, isso não acontecerá
literalmente.

B: Outro fato que podemos destacar é a questão do profeta Ozéias. Ao


lermos o livro desse profeta percebemos que a ordem de Deus é que ele
fosse até uma casa de prostituição e casasse com uma prostitua, e que essa
prostituta o deixaria depois, mas ele deveria novamente buscá-la e então
faria três filhos e colocaria seguintes nomes: “não meu povo”
“desfavorecida” e “Deus espalha”. Graças a Deus não precisamos seguir
essa ordem! A ordem foi especifica ao profeta e era uma representação do
que foi feito ao povo de Israel. Eles estavam no Egito, mergulhados em
pecados e Deus os resgatou. Assim como Ozéias que buscou a mulher na

Curso de Capacitação de Obreiros 15


prostituição. Israel depois de haver sido resgatado por Deus ao chegar em
Canaã se entregou a idolatria, traindo a Deus. O mesmo aconteceu com a
mulher de Ozéias que voltou para a prostituição. Os três nomes dos filhos do
profeta representam realmente aquilo que Deus fez com Israel por causa de
seu pecado. O povo escolhido, Voltou-se pára a idolatria deixando de ser o
povo de Deus, por isso se tornou desfavorecido, pois não tinha mais o favor
de Deus e Deus os espalhou entre as nações.

C: Realizar o ritual da páscoa: Não precisamos mais fazer o ritual da páscoa


como os Israelitas fizeram. Hoje participamos da Santa Ceia, que é a “nossa
páscoa”, pois Cristo é o nosso cordeiro pascoal, cordeiro perfeito.

D: Outros exemplos que podemos citar aqui são encontrados na vida do


apóstolo Pedro. Ele andou sobre as águas; Não significa que você fará o
mesmo! Pedro cortou a orelha de Malco. Nem por isso por isso faremos
espadas para nós. E ainda não precisamos negar a Cristo como o apóstolo
fez.

E: A palavra de Deus diz assim: “Estes sinais acompanharão os que


crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas;
pegarão em serpentes; e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará
mal nenhum; imporão as mãos sobre os doentes, e estes ficarão
curados".Marcos 16:17-18; porém não significa que para comprovar que
essa passagem é verdadeira iremos sair por ai tomando veneno para ratos.

Esses exemplos parecem um tanto quanto absurdos, mas não se


engane, muitos tem cometidos loucuras em nome do Senhor por
simplesmente não entenderem que existem verdades Bíblicas que somente
são aplicáveis quando existe uma ordem explicita de Deus para nossas
vidas.A Bíblia toda deve ser lida pelos cristãos da atualidade, mas algumas
partes somente poderão ser usadas quando tivermos uma ordem especifica
da parte do Espírito, como é o exemplo de profecia sobre novos céus e nova
terra e a promessa de seremos arrebatados por Cristo.
Quanto as leis do Antigo Testamento lembre-se que elas são divididas
em três tipos: Leis Cerimoniais, Leis Morais, Leis civis. Não podemos
aplicar lei civil as nossas vidas, pois estamos em outro tempo, e em outro
país que tem suas próprias leis. As leis cerimoniais não precisam ser
cumpridas, pois estamos agora no tempo da graça, e mesmo que
quiséssemos cumprir não poderíamos, pois o templo já não existe. O que
temos que cumprir são as leis morais, como por exemplo, honrar os pais.

Curso de Capacitação de Obreiros 16


Fique atento a aplicação das Escrituras. Alertamos que muitas vezes
usamos texto sem uma interpretação correta, e criamos jugos que nem
mesmo podemos carregar. Lembremo-nos que aquilo que o Senhor deseja
de nós, não é pesado nem difícil de se realizar.

6.7 - Analise O Texto De Acordo Com Seu Contexto

Atualmente, muitas pessoas cometem absurdos interpretativos por


usarem textos fora de seu contexto. Mas, o que é contexto? De forma geral,
o contexto é o conjunto de informação no qual uma referência está
inserida. Se tomarmos, por exemplo, o versículo “as mulheres estejam
caladas nas igrejas” (1 Co 14.34), podemos erroneamente concluir que o
culto só pode ser dirigido e pregado exclusivamente por homens.
De onde vem o erro? De ler este texto isolado de seu contexto. E o
que nos diz o contexto da carta? Primeiro, o apóstolo nos informa que as
mulheres profetizavam e oravam na igreja (1 Co 11.5). Segundo, que a
questão no capítulo 14 é a ordem e a decência no culto, ou seja, as mulheres
deveriam ficar caladas na medida em que isso atrapalhasse o culto. Terceiro,
o contexto histórico demonstra que as mulheres pagãs de Corinto eram
muito independentes dos maridos, e as cristãs queriam trazer esse mau
costume para a igreja.
Assim sendo, concluímos que esta é uma ordenança dada
especificamente à igreja corintiana, naquela circunstância específica, e não
que isso fosse uma ordem universal para todas as igrejas em todas as épocas.
Acabamos de ver um pequeno exemplo da importância de se
compreender o contexto para uma boa interpretação da Bíblia. Porém, o
contexto não é um só. Podemos citar 4 tipos de contexto:

6.7.1 – Contexto Geral: o ensinamento das Escrituras, em suas formas mais


gerais, quando um mesmo ensinamento é repetido diversas vezes. Por
exemplo, não existe nenhum texto Bíblico escrito “não beberás cachaça”,
mas sabemos que a Bíblia se refere à bebedeira e à bebida alcoólica, em seu
contexto geral, como algo negativo. Estes textos são encontrados desde
Gênesis, no caso em que Noé fica embriagado (Gn 9.20-23), nos Provérbios,
que recomendam a abstinência (Pv 23.31), nos Atos dos Apóstolos, quando
Pedro afirma não estar embriagado (At 2.15), e nas repetidas advertências de
Paulo contra a embriaguez (1 Co 5.11; Ef 5.18).

6.7.2 – Contexto Específico: tem a ver com as características de cada livro


da Bíblia. Por exemplo, por que o Evangelho Segundo João é tão diferente

Curso de Capacitação de Obreiros 17


dos demais? Por que a maioria dos fatos nele narrados não é encontrada nos
sinóticos? A resposta pode ser encontrada no contexto específico do referido
evangelho. Na verdade, cada um dos quatro evangelhos possui
características marcantes, que denotam seu contexto específico.

Ao observarmos o quadro acima, percebemos que as intenções, os


destinatários e a maneira pela qual Jesus é descrito (ou seja, o objetivo do
evangelho) muda conforme o contexto de cada livro. Por isso, não devemos
apenas estudar o contexto geral da Escritura, mas ir a fundo estudando cada
livro.

6.7.3 – Contexto Etimológico: esse contexto tem a ver com as palavras


utilizadas na Bíblia. Ou seja, o significado de cada palavra no texto depende
do que ela significava no original. Por exemplo, nós vemos no Novo
Testamento que os cristãos devem ser perfeitos (Mt 5.48; Jo 17.23; Fp 3.15;
Hb 5.14; Tg 1.4). Porém, imperfeição significa impecabilidade? No contexto
etimológico, vemos que a palavra traduzida por “perfeito” é derivada da
palavra telos no grego, que, literalmente, significa “finalidade”. Ou seja,
perfeito é o cristão que vive na finalidade que Deus lhe concedeu, ou em
outras palavras, que cumpre a vocação de Deus para sua vida. Assim sendo,
perfeição, no conceito etimológico, não significa viver sem pecar, mas viver
cumprindo a missão que Deus colocou em nossas mãos.

6.7.3 - Contexto Histórico-Cultural: há textos bíblicos que não podem ser


totalmente esclarecidos nem pelo contexto geral, nem específico e nem pelo

Curso de Capacitação de Obreiros 18


etimológico. Na verdade, muito ajuda o intérprete das Escrituras conhecer a
história e a cultura das chamadas terras bíblicas. O contexto histórico-
cultural nos dá um pano de fundo para a compreensão de determinados
detalhes que fogem à nossa compreensão se nos ativer tão-somente ao texto
em si mesmo. Por exemplo, por que Paulo recomenda às mulheres de
Corinto que não raspem o cabelo ou que usem véus (I Co 1.16)?
Infelizmente, uma série de mal-entendidos surge de uma interpretação
descontextualizada desse texto. Então, para a compreensão do mesmo,
devemos conhecer dois fatos sobre a história e os costumes de Corinto:
 As epidemias de piolhos eram relativamente comuns no período.
Muitas vezes, as pessoas passavam meses sem lavar os cabelos, já
que, diferente dos brasileiros de hoje, os povos da antiguidade não
tinham costume de tomar banho diariamente.
 No mundo antigo, as mulheres prostitutas tinham a cabeça raspada,
muito embora algumas outras mulheres fizessem o mesmo por causa
dos piolhos.

Logo, a compreensão do texto se torna clara. O apóstolo queria que as


mulheres cristãs não fossem confundidas com as pagãs ou mesmo com as
prostitutas, e por isso recomendou que as mesmas não raspassem o cabelo
ou usassem o véu. Assim, teriam respeito público e seriam reconhecidas
pela sociedade como mulheres corretas.
Concluímos que o texto não proíbe que todas as mulheres em todos os
lugares cortem o cabelo, mas que essa recomendação era específica para a
igreja daquela época, pois hoje nem as prostitutas raspam a cabeça nem
existem epidemias de piolhos. Logo, a idéia de usar véus, por exemplo, não
é mais também necessária.

BIBLIOGRAFIA

TUSSINI, Natanael Moreno. Hermenêutica (Curso de Teologia Cristã).


Fortaleza: Epigraf/SETADEM, 2010.
ZUCK, Roy B.. A interpretação Bíblica. São Paulo: Edições Vida Nova,
1994.
BERKHOF, Louis. Princípios de interpretação Bíblica. 2. Ed. São Paulo:
Editora Cultura Cristã, 2004.

Curso de Capacitação de Obreiros 19


Curso de Capacitação de Obreiros 20
Os termos pastor, evangelista, presbítero, diácono ou obreiro têm
se esvaziado do seu real significado. Muitos pastores e obreiros tem se
comprometido mais com a cultura secular e seus apetrechos do que com as
suas reais prioridades. E deste modo parecem substituir as palavras bíblicas
“pastor, obreiro e servo”, por “líder”, “gerente” ou “empresário da fé”.
Algumas igrejas tem se comprometido então, mais com setores da cultura de
modo que o “Altar”, o “Púlpito”, se confunde com palco de politicagens,
shows de grandes “Estrelas Gospel”, “Pregadores animadores de platéias,” e
“Líderes empresários da Fé”.
Há em nossos dias, portanto, a perda da essência de como ser um
obreiro, sendo que no nosso meio pentecostal isso tem se tornado notório.
Vários estão na luta por cargos ou por uma espécie de fama, outros estão por
uma “obrigação” sem o amor ou desejo de ser útil para o Reino. Assim, um

Curso de Capacitação de Obreiros 21


dos maiores desafios da vida de um obreiro é manter um equilíbrio
adequado em suas prioridades. Todo obreiro e pastor precisa desempenhar
vários papéis, a fim de permanecer fiel a sua chamada. Vejamos algumas
prioridades ressaltadas por Thomas K. Ascol, no livro Amado Timóteo:

1 - UM CRENTE

Primeiramente, Deus nos chama para sermos um sincero e dedicado


seguidor de Cristo. Isso é tão elementar, que facilmente podemos esquecê-
lo. A vida ministerial é um dos grandes perigos do ministério. Um pastor ou
obreiro pode se tornar competente e carismático na realização do seu
trabalho. Assim como todas as demais profissões, certas habilidades podem
ser desenvolvidas e aprimoradas no ministério do Evangelho. Ele pode se
tornar tão proficiente em seu ministério público e tão influente no mundo
secular, que os outros o considerarão bem-sucedido. Mas, quando a
mentalidade desta “vida ministerial” (com seu pedestal) conquista um
obreiro, seu coração inevitavelmente começará a ser negligenciado.

a) O coração é a primeira ferramenta de todo Obreiro. Se você


não está amando a Deus com todo o seu coração, acima de tudo, é porque
tem negligenciado as responsabilidades básicas do discipulado e do
verdadeiro Cristianismo. Não importa o quanto você pode se tornar bem-
sucedido na vida ministerial e conhecido e reconhecido. Na realidade, isso é
uma vergonha. A primazia da vida de todo Cristão é Deus e sua fé prática e
vivencial nEle. Spurgeon nos fala sobre um pastor que pregava tão bem e
vivia tão mal, que, ao subir ele ao púlpito, todos diziam que ele nunca
deveria sair dali; e, quando ele saía do púlpito, todos declaravam que tal
pastor nunca mais deveria retornar ao púlpito. Essa divisão da vida em
áreas distintas pode ser aceitável em outras vocações, no entanto,
dificilmente ela pode ser harmonizada com o cristianismo vital e, menos
ainda, com a fidelidade no ministério pastoral.
Muitos homens bons têm tropeçado nesse primeiro nível da vida
pastoral. Portanto, guarde o seu próprio coração. Leia a Palavra de Deus,
antes e acima de tudo, como viva como um verdadeiro crente. Um Obreiro
precisa das mesmas coisas que ele declara que os outros necessitam.
Ele deve seguir a sabedoria de Robert Murray MCheyne, o qual
afirmou aconselhando aos pastores e obreiros:

Curso de Capacitação de Obreiros 22


Deus abençoa muito mais a semelhança com Jesus do que os grandes talentos. Um
pastor que vive em santidade é uma arma poderosa nas mãos de Deus. O apóstolo
Paulo advertiu aos presbíteros de Éfeso: Atendei por vós... Quando ele repetiu essa
advertência a Timóteo, acrescentou que fazer isso é um ingrediente essencial para
salvar tanto a si mesmo como aos seus ouvintes. (1Tm 4.16). Os pastores têm de
transformar em um assunto de prioridade e disciplina o ler, o meditar e o
memorizar as Escrituras. O pastor antes de tudo deve está ciente de que também é
ovelha, que tem as mesmas carências comuns a todo crente.

Eles precisam também orar pela obra do Espírito Santo em suas


próprias vidas. Qualquer outro procedimento pastoral, que corresponda a
menos do que isso, será uma prática espiritual incorreta. Quanto a
espiritualidade genuína João Evangelista Jr e Mauro Bittencourt expõem:
A prática espiritual correta corresponde a uma vida piedosa, que é dever de cada
crente que professa seguir ao Cristo Ressurreto, entre as quais se destacam: Na
prática, a espiritualidade não significa apenas algo abstrato, interior, individual e
subjetivo. Vai muito além. Está em todos os setores da vida de uma pessoa. Tem o
amor concreto, a praticidade, a comunhão, o altruísmo e o relacionamento como
adjetivos. Não se prende a meros ritos, dogmas e religiosidade, mas ultrapassa-os
mostrando Deus na humanidade. É a Teologia que sai do papel para estar na alma e
nas mãos […] Portanto, ser pastor é ser espiritual. Não é apenas pregar o Evangelho,
mas ser o “Evangelho personificado”. Não é apenas crer em Cristo, porém é andar
com Ele, pensar como Ele, vivê-lo.1

b) Como todo crente, o Obreiro deve meditar na Palavra. Na


verdade que esta deve ser uma prática contínua na vida cristã, quanto mais
na vida do Obreiro. Deus disse a Josué: “Não deixe de falar as palavras
deste livro da Lei e de meditar nelas de dia e de noite, para que você
cumpra fielmente tudo que nela está escrito” (Js 1.8).
Segundo Champlin, meditar consiste em uma técnica que abre a mente
para canais espirituais, e quanto ao uso religioso ele define:

Meditação é o uso reverente, intenso e continuado da contemplação de Deus ou de


algum tema ou ideal religioso. Trata-se de um exercício espiritual cansativo, que
requer boa postura mental, tranqüilidade no íntimo, abstração dos sentidos e
persistente concentração e atenção. Seu alvo é fortalecer e elevar a vida moral por
meio da comunhão com Deus. 2

1 João Evangelista Jr. e Mauro Bittencourt. Teologia da Vocação Pastoral:


Uma proposta de resgate do perfil bíblico e teológico do Pastor. Monografia. pp.
30,33.
2 Champlim, 2008, v. 4, p. 199.

Curso de Capacitação de Obreiros 23


Meditar nas Escrituras vai além da leitura e do estudo exegético, ou do
preparar sermões. Abrange o exercício da espiritualidade. Meditar na
Palavra antes de ser um compromisso, deve ser um prazer para o Obreiro,
sua alma deve ansiar ardentemente por este momento, como um cervo
brama pelas correntes das águas. João Evangelista Jr. e Mauro Bittencourt
colocam:
[Meditação nas Escrituras] Entra no campo de conexão entre a dogmática e a
práxis, entre as palavras e as ações. Quem a faz realmente, principalmente se é um
pastor, viaja na introspecção e reflexão pessoal. Analisa, pelo kerigma3 bíblico,
sua vida, ações e práticas, como se pudesse as ver num espelho. Avalia pelo crivo
da iluminação, fatos, relacionamentos e circunstâncias do cotidiano da
comunidade, como também, casos complexos e incomuns que amedrontam os que
os rodeiam. Contempla, maravilha-se e se impressiona com os “questionamentos
e diálogos internos” sobre assuntos metafísicos e universais. Pensa como se
vivesse cada idéia. Sente no interior a ânsia e no íntimo o choque da guerra pela
verdade. Trabalha tanto com o ser como com o existir, tanto com o ter como com
o fazer. Encarna literalmente a Palavra, achando fazer parte dela e ela dele. Mas
sempre a vê divina, e a si, pobre pecador. 4

Quanto a conselhos práticos de como exercitar essa meditação


bíblica, Joel Beeke, utilizando o exemplo dos puritanos apresenta:

[...] Os puritanos aconselhavam a leitura das Escrituras, selecionando um versículo


ou determinada doutrina sobre os quais meditar. Esteja certo de escolher assuntos
relativamente fáceis para meditar de início de sua empreitada, eles advertiam. [...]
Selecione assuntos que sejam mais aplicáveis às suas circunstâncias presentes e que
serão de maior benefício para sua alma. Por exemplo, se você está espiritualmente
abatido, medite na disposição de Cristo de receber pobres pecadores e perdoar a
todos que vieram a Ele. Se sua consciência lhe atormenta, medite nas promessas de
Deus em dar graças aos arrependidos. [...] Fixe seus pensamentos nas Escrituras ou
em um assunto bíblico, sem espreitar além daquilo que Deus revelou. [...] Use ‘o
livro da consciência, o livro das Escrituras, e o livro da criatura’, conforme você
considera os vários aspectos de seu assunto: seus nomes, causas, qualidades, frutos
e efeitos. Assim como Maria, pondere estas coisas no coração. Pense em
ilustrações, similaridades e opostos, a fim de iluminar seu entendimento e abrasar
suas afeições. Então deixe o julgamento avaliar o valor daquilo em que você está
meditando (BEEKE, op.cit., pp.191,192).

A prática da meditação nas Escrituras, com toda sua essência


espiritual, enche de ousadia a homens designados tanto ao pastoreio quanto
aos demais ofícios da Obra, faz que estes sintam o sentimento que os

3 Termo grego que geralmente é utilizado para designar a essência da


mensagem cristã, conteúdo geral do Evangelho.
4 op.cit. p. 36.

Curso de Capacitação de Obreiros 24


profetas e apóstolos sentiam, e viviam (às vezes até experiências exóticas),
para poder pregar, e pregavam intrepidamente o que viviam. O resgate desta
prática para os pastores auxiliaria na “corporificação” da Palavra, no retorno
às portas dos redis e na navegação contra as ondas do tempo, pois é uma
ferramenta para entrelaçá-los à espiritualidade cristã.

c) Como todo crente, o Obreiro deve orar. A oração é um assunto


que muitos de nós endossamos, mas, na realidade, pensamos muito pouco
sobre este assunto. Na verdade até falamos bem da oração, mas oramos
muito pouco. Um pastor não pode negligenciar este exercício espiritual. O
apóstolo Paulo escrevendo a Timóteo disse: “Admoesto-te, antes de tudo,
que se façam deprecações, orações, intercessões e ações de graças por
todos os homens” (1Tm 2.1).
Na única epístola que temos em mãos escrita por Judas, irmão de
Jesus, achamos uma advertência fervorosa contra os falsos mestres, que
estavam invadindo e iludindo a igreja. Judas escreveu de modo sarcástico a
respeito deles. Após descrevê-los e rejeitá-los, ele contrasta, no versículo 20,
o verdadeiro cristão e os verdadeiros líderes da igreja com os homens não-
espirituais. “Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé santíssima,
orando no Espírito Santo”. A grande preocupação de Judas expressa nesta
carta, era que a igreja (ou as igrejas) fosse protegida da falsa doutrina e
tivesse sua edificação na verdade. No final da epístola, no versículo 20,
lemos: “Orando no Espírito Santo”.
No Novo Testamento, há várias passagens em que os crentes são
exortados a orar desta maneira. (Ver Efésios 6.18; Tiago 5.16 e Romanos
8.26-27.) Mas, por que isso? Deve haver uma razão para que esse tipo de
oração seja tão freqüentemente mencionado nas páginas do Novo
Testamento. Isso deve nos sugerir algo sobre a importância da oração.
Esta oração no Espírito Santo não é um tipo especial de oração em
línguas, ou êxtase particular, que alguns crentes fazem ou não fazem. Pelo
contrário, é o tipo especial de oração que os verdadeiros crentes fazem e que
os falsos mestres não fazem. Isto significa orar de acordo com a vontade do
Espírito Santo. É orar em harmonia com o desejo expresso de Deus e com a
verdade do Evangelho. Esta maneira de orar contrasta-se com os falsos
mestres, que, de acordo com o versículo 19, não têm o Espírito. A batalha
contra o ensino falso, contra as divisões e contra os pecados que aqueles
crentes enfrentaram não podia ser vencida na força deles mesmos. Não
podiam simplesmente edificar a igreja com base em argumentos. Deus
mesmo tinha de estar envolvido na edificação da igreja. Portanto, aqueles

Curso de Capacitação de Obreiros 25


crentes precisavam invocar a ajuda e orientação de Deus, sua presença e
poder com eles.
O Cristianismo não é uma invenção da mente. Não é convencer a si
mesmo por meio de argumentos ou de emoções. A oração nos focaliza em
nossa dependência de Deus. Certa vez, o cachorrinho de Martinho Lutero
veio à mesa e esperava ansiosamente receber uma porção de comida da parte
de seu dono. Ao ver seu cãozinho implorando, com a boca aberta e os olhos
imóveis, Lutero disse:
“Oh! Se eu pudesse orar da mesma maneira como este cachorro espera pela comida!
Todos os seus pensamentos estão concentrados no pedaço de carne. Ele não tem
qualquer outro pensamento, desejo ou esperança” (Luther’s Tabletalk, 18 de maio de
1532).

A vida de oração do Obreiro é importante tanto em seu aspecto


particular como no aspecto público. No aspecto particular, temos de
vivenciar nossa confiança em Deus, e muito disso procede da realidade da
oração. Em tempos bons, nos humilhamos em oração, louvamos e
agradecemos a Deus por tudo que está indo bem. Lembramos a nós mesmos
que somos apenas servos indignos. Em tempos difíceis, encorajamos a nós
mesmos por meio da oração, recordando que, em última análise, nos tempos
difíceis a obra é de Deus. Descobrimos que Deus nos ensina por meio da
oração.
Como todo crente, o Obreiro deve viver em santidade. Em 1
Coríntios 1.2, Paulo escrevendo aquela igreja diz: “A igreja de Deus que
está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para
santos...” Santidade é tanto uma posição como uma experiência.
Em primeiro lugar, é uma posição como resultado da obra
expiatória de Jesus Cristo. Observe que o apóstolo se dirige aos coríntios
como santificados em Cristo Jesus, ou seja, por causa do sacrifício vicário
de Cristo. Deus o fez para nós sabedoria, justiça, santificação e redenção
(1Co 1.30).
Em segundo lugar, é uma experiência devida à realidade da nossa
natureza pecaminosa. Observe que Paulo se dirigindo aos coríntios no
mesmo versículo diz, chamados para santos. Aqui o apóstolo ressalta a
responsabilidade do crente de desenvolver a sua Salvação. Ou seja, a
Santificação é um processo que se desenrola por toda vida cristã, na qual o
pastor deve experimentar cotidianamente, na prática da piedade cristã, no
exercício da espiritualidade. Meditando na Palavra, orando em todo tempo,
lugar e circunstância, e vivendo em santidade.

Curso de Capacitação de Obreiros 26


Assim, a santificação deve ser nítida em todos os pontos e aspectos da
vida do Obreiro, sendo que mesmo que este não seja um eloqüente orador ou
um hábil administrador, marcará o mundo com sua história e espiritualidade.
Como Moody dissera: “Uma vida santa produzirá uma profunda impressão.
Os faróis marítimos não apitam, eles apenas brilham” (MOODY apud
MILLER, op.cit., p. 104).

2 - UM MARIDO E PAI

Depois de ser um crente, Deus chama o Obreiro para ser um marido.


Assim o Obreiro e sua esposa devem entender com muita seriedade os votos
do casamento. Isso significa que o Obreiro deve colocá-la e preservá-la
acima de todas as demais pessoas. Depois do Senhor Jesus, ela é a sua maior
prioridade. Quanto a isto, Brock adverte:

No casamento, nosso próximo mais chegado é o cônjuge. Depois de nosso


relacionamento pessoal com Deus, nosso cônjuge deve receber a prioridade máxima de
nossas vidas. Então vêm os filhos, seguidos de outros familiares. [...] Deus nunca
pretendeu que nosso trabalho na igreja viesse antes de andar com Ele, o que inclui o
nosso amor a Deus, assim como o amor ao nosso cônjuge e família (BROCK, op.cit.,
37).

Ser um marido é uma responsabilidade extraordinária. Jesus Cristo,


em seu relacionamento com a igreja, tem de ser nosso modelo. Ser o cabeça
de um lar é um grande desafio. Uma esposa piedosa tanto deseja quanto
necessita da liderança piedosa de seu esposo. A chamada para ser um bom
esposo inclui providenciar tal liderança. Cristo chama um homem para lutar
contra os erros mortais da passividade auto-protetora e do autoritarismo
auto-preservador na maneira como ele se relaciona com sua esposa. Como
marido e cabeça da esposa, têm que ser o sentido de responsável pela
maioria dos problemas. Tedd Tripp salienta que: “Deus ordenou o trabalho
pesado na vida familiar. [...] Não apenas carregar as compras ou outras
coisas pesadas, mas sim que o homem deve ser o que carrega a
responsabilidade sobre os ombros” (TRIPP, p.52). Claro que, a esposa o
auxilia em tudo.
Tanto a esposa do pastor e a de um obreiro podem ter o papel mais
difícil a desempenhar em toda a igreja. Ela vê todos os erros e falhas de seu
marido e, apesar disso, a cada semana, ela tem de receber, por intermédio
dele, instrução da parte de Deus. A esposa do pastor vive em uma vitrine.
Expectativas irreais dos crentes podem freqüentemente trazer estresse à vida

Curso de Capacitação de Obreiros 27


da esposa do pastor. Comentários irrefletidos, que podem ou não ter o
propósito de magoar, podem ferir profundamente a esposa do pastor. Se,
além dessas e de outras pressões, ela sentir que seu esposo está
negligenciando-a, o fardo pode se tornar muito pesado para ser suportado.
O pastor ou o Obreiro, então, na função de esposo, tem a
responsabilidade e o privilégio de assegurar à sua esposa que ela é mais
importante do que qualquer outro dos seus relacionamentos ou das suas
responsabilidades. O pastor é chamado para fortalecer, estimular e ajudar
sua esposa a cumprir sua vocação como uma mulher de Deus.
Tedd Tripp, quanto ao zelo do pastor ou do Obreiro para com a
esposa elucida:

Tenha prazer nela, elogie seu novo corte de cabelo ou o seu vestido
novo; separe um tempo todos os dias para olhar em seus olhos, como
você costumava fazer a namorar. [...] Faça com que ela saiba o quanto
você aprecia seus esforços para tornar a casa mais bonita (TRIPP,
op.cit., p.52).

Nancie Carmichael também destaca:


Invista em sua esposa, dedicando tempo para ouvi-la, para descobrí-la
como pessoa ímpar, e não só como alguém que existe para tomar
conta de necessidades. Ao ouvi-la, você está dizendo que se preocupa
com que ela se preocupa [...] Ouvir é a maneira eloqüente de dizer:
“Eu amo você, estou ligado a você. Diga-me: quais seus sonhos, seus
medos? Estou aqui para você” (CARMICHEL, et al, 1997, pp. 135,
136).

Além de um bom marido, a natureza de liderança na família deve


acompanhar a conduta do Obreiro. Que governe bem sua própria casa, tendo
seus filhos em sujeição, com toda a modéstia5. Essa liderança é
intransferível, é uma responsabilidade que não pode ser delegada a outrem.
Esta liderança é definida em termos de compromisso amoroso, emerge de
uma autoridade outorgada por Deus que não pode ser confundida por tirania.
A Escritura Sagrada relata a negligência de um sacerdote que falhou
na liderança espiritual de sua própria família e, por conseguinte, de Israel.
Eli era sumo sacerdote e como pai não instruiu os filhos no caminho da
justiça. Quando estes aproveitavam sua posição para obter ganho ilícito e

5 1 Timóteo 3. 4

Curso de Capacitação de Obreiros 28


praticar imoralidade sexual6. Eli não disciplinou os filhos, não exercitou sua
autoridade para afastá-los do ministério. Por isso, o testemunho bíblico a seu
respeito resume-se em: “honras a teus filhos mais do que a mim”. O
fracasso de Eli como pai também é seu fracasso como ministro do Senhor.
Sua conduta omissa resultou em sérias conseqüências.
Os Obreiros têm de separar, em sua agenda, tempo para os filhos e
cumpri-lo rigorosamente. Quando os planos que afetam nossos filhos
tiverem de ser mudados, por causa de emergências do trabalho na Igreja,
precisamos ser diligentes em compensá-los. O bom acompanhamento
pessoal, relacional e espiritual dos filhos é necessário para um Obreiro que
visa cuidar bem de sua casa.

3 – UM OBREIRO

Quanto ao pastorado, existe uma solidão inevitável. A maior parte do


trabalho no ministério pastoral pode ser feita somente quando um homem
está sozinho com seu Deus. Sem esse tempo de intimidade com Deus, o
tempo gasto com as pessoas não terá muito valor. Em nossos dias, existem
milhares de recursos disponíveis aos pastores, para capacitá-los a deixar de
lado a árdua tarefa de estudar as Escrituras e orar. Sermões poderosos e
programas garantidos são constantemente oferecidos aos pastores com
intrépida fanfarrice. Um homem com um pouco de esperteza, com pouca
integridade e muitos recursos financeiros pode se manter bem suprido com
uma fonte inesgotável de tais recursos. Mas ele nega a sua chamada por
viver à custa do trabalho de outros, ao invés de fazer a obra de seu próprio
ministério.
O ministério é acompanhado de responsabilidades e atributos que
permeiam o mesmo os quais não podem ser negligenciados nem transferidos
pelo pastor. Há uma crise latente na classe pastoral que se reflete em todos
os âmbitos, familiar, teológica e espiritual. Quando os líderes estão em crise,
a igreja também fica em crise, a igreja é um reflexo de sua liderança. Não há
neutralidade no ministério. O pastor ou é uma benção ou um problema.
Essas observações acompanham também a realidade do Obreiro, que
não deve esperar meramente elogios ou glórias por seu trabalho exercido,
mas deve se concentrar em fazer para glória de Deus as suas tarefas em
cumprimento com sua responsabilidade à função que lhe foi atribuída. O
Obreiro tem que entender que as exigências e o compromisso que lhe é dado

6 1 Samuel 2. 13-17, 22

Curso de Capacitação de Obreiros 29


tem fundamentação espiritual e não meramente institucional. Logo, o
objetivo deve ser fazer o melhor para o louvor de Deus. Deve parar de
esperar, como um cliente, do serviço do pastor ou da igreja, mas deve
voluntariamente se apresentar para exercer o que lhe é proposto.
Dessa maneira, Paulo exorta tanto ao pastor quanto ao obreiro:

a) Pregue a Palavra. Esta é uma atitude pela qual todo Obreiro


(pastor e presbítero) deveria abraçar o ministério. Os pastores e obreiros de
nossos dias sofrem tremenda pressão para fazerem tudo, exceto pregar a
Palavra. Eles têm sido influenciados por movimentos que enfatizam o
crescimento quantitativo da igreja, onde as “necessidades sentidas” dos
ouvintes têm de ser alcançadas. São encorajados a se tornarem contadores de
histórias, comediantes, psicólogos e preletores que motivam. São
aconselhados a evitarem assuntos que os ouvintes achem desagradáveis.
Muitos já abandonaram a pregação bíblica em favor de mensagens
devocionais que tem o objetivo de fazerem as pessoas se sentirem bem em
seus próprios egos.
Mas o pastor e o obreiro cuja paixão é completamente bíblica tem
apenas uma opção: “Pregues a Palavra, insta, quer seja oportuno, quer
não, corrige, repreende, exorta com toda longanimidade e doutrina” (2 Tm
4.2).
Quando Paulo escreveu estas palavras a Timóteo, ele acrescentou este
aviso profético: “Pois, haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina;
pelo contrário, se cercarão de mestres segundo a sua própria cobiça, como
que sentindo coceiras nos ouvidos, e se recusarão a dar ouvidos a verdade,
entregando-se às fábulas” (vv 3,4).
Com certeza a filosofia de ministério do apóstolo Paulo não incluía a
teoria de “dar a elas o que elas desejam”. Ele não instou Timóteo a realizar
uma pesquisa a fim de descobrir o que as pessoas queriam; mas ordenou que
ele pregasse a Palavra, com fidelidade, repreensão e paciência. Paulo
advertiu o jovem a Pastor acerca dos sofrimentos e dificuldades do
ministério. O apóstolo não estava ensinando a Timóteo como ser bem
sucedido, estava o encorajando a ser fiel. Paulo não o estava aconselhando a
buscar prosperidade, poder, popularidade ou qualquer outro conceito
mundano de sucesso. O apóstolo instava o jovem pastor a ser bíblico, apesar
das conseqüências.
Pregar genuinamente a Palavra não é fácil. A mensagem que o obreiro
deve pregar nem sempre agradará o ego humano. O próprio Senhor Jesus é
uma pedra de tropeço e uma rocha de escândalo (Rm 9.33; 1Pe 2.8).

Curso de Capacitação de Obreiros 30


A mensagem da cruz é uma pedra de escândalo para alguns e loucura
para outros (1Co 1.23; 2.3).
O pastor não tem permissão de embelezar a mensagem de acordo com
o gosto das pessoas. No primeiro capítulo de sua segunda carta a Timóteo, o
apóstolo Paulo lhe dissera: “Mantém o padrão das sãs palavras que de mim
ouviste” (2Tm 1.13). O apóstolo se referia às palavras reveladas por Deus
nas Escrituras. Paulo instou Timóteo a guardar o tesouro que lhe havia sido
confiado. No capítulo seguinte, o apóstolo aconselhou o jovem pastor a
estudar a Palavra e manejá-la bem (2Tm 2.15). E no capítulo 3, Paulo o
aconselhava a proclamá-la. Deste modo, todo pastor é, sobretudo um
pregador fiel da Palavra de Deus.

b) Ser fiel em todas as circunstâncias. Em nossos dias pregar


genuinamente a Palavra não é oportuno. A filosofia de ministério norteada
por marketing, que está em voga no presente, afirma claramente que pregar
a Palavra está fora de moda. Exposição bíblica e teologia são vistas como
antiquadas e irrelevantes.
O apóstolo Paulo disse que o pregador excelente tem de ser fiel em
pregar Palavra de Deus, mesmo quando isso estiver fora de moda.

c) Corrigir, Repreender e Exortar. Paulo também deu a Timóteo


instruções quanto ao tom de sua pregação. Ele utilizou duas palavras que
tem conotação negativa e uma que é positiva: corrige, repreende e exorta.
Todo ministério de valor precisa ter um equilíbrio entre coisas
positivas e negativas. O pastor que falha em reprovar e corrigir não está
cumprindo sua comissão. Corrigir, repreender e exortar é o mesmo que
pregar a Palavra de Deus, pois estes são os ministérios que as Escrituras
realizam: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para
repreensão, para a correção, para educação na justiça” (2Tm 3.16).
Observe o mesmo equilíbrio de tom positivo e negativo. Repreensão e
correção são negativos, ensinar e educar são positivos. O tom positivo é
crucial também, o pastor deve confrontar o pecado e, em seguida, encorajar
os pecadores arrependidos a comportarem-se de maneira correta.

e) Não se comprometer em tempos difíceis. Existe urgência no


encargo de Paulo ao jovem Timóteo: “Haverá tempo em que não
suportarão a sã doutrina; pelo contrário, se cercarão de mestres segundo
suas próprias cobiças como que sentindo coceira nos ouvidos” (2Tm 4.3).
Esta é uma profecia que lembra aquela que encontramos em 2 Timóteo 3.1:
“Sabe porém, isto que nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis”. Este,

Curso de Capacitação de Obreiros 31


portanto, é terceiro aviso profético de Paulo advertindo ao jovem pastor a
respeito de tempos difíceis que estavam por vir. Este sugere que viria um
tempo em que haveria na igreja aqueles que não suportariam a sã doutrina e,
em vez disso, gostariam de ter os ouvidos coçados.
Isso está acontecendo na Igreja em nossos dias. O evangelicalismo
perdeu sua tolerância em relação à pregação confrontadora. As igrejas
ignoram o ensino bíblico sobre vários assuntos, como por exemplo, o papel
da mulher na igreja, a homossexualidade e muitos outros. O instrumento
humano tem sobrepujado a mensagem divina. O pastor bíblico tem
compromisso com quem o chamou, o único Deus soberano e Senhor, Jesus
Cristo.
O pastor e obreiro precisam observar que o apóstolo Paulo não sugeriu
que o caminho para alcançar nossa sociedade é abrandar a mensagem, de
modo que as pessoas sintam-se confortáveis com ela. O oposto é verdade.
Esse coçar os ouvidos das pessoas é uma abominação. Paulo instou Timóteo
a estar disposto a sofrer por amor à verdade e continuar pregando a Palavra
de Deus com fidelidade.
Um intenso desejo por pregação que causa coceira nos ouvidos tem
consequências terríveis, o versículo 4 diz que essas pessoas “se recusarão a
dar ouvidos à verdade entregando-se às fábulas” (2Tm 4.4). Elas se tornam
vítimas de sua própria recusa em ouvir a verdade. “Se recusarão” está na
voz ativa, isto quer dizer que as pessoas voluntariamente escolherão essa
atitude. “Entregando-se às fábulas” está na voz passiva, descreve o que
acontece a tais pessoas.

f) Ser submisso à liderança. Uma marca de um bom Obreiro é sua


Submissão e Fidelidade. É ele estar pronto para ser aquele que honra os seus
líderes, à sua Instituição, aos princípios de valores da mesma. Isso não
significa que o obreiro deva ser conivente aos erros, mas que ele saiba se
portar de forma ética e equilibrada. Mesmo tendo uma voz ativa, seja um
pacificador, que busque sempre o benefício maior.

4 – ASPECTOS DA TRADIÇÃO ASSEMBLEIANA QUANTO A


POSTURA DO OBREIRO NAS ATIVIDADES DA IGREJA

É durante o culto e eventos, da igreja, que o obreiro mais tem contato


com os membros de uma forma geral, é nesse momento que ele é observado
e julgado por suas atitudes pela igreja, podemos minimizar ao máximo os
danos causados pelo julgamento precipitado, observando, além daquilo que
a Bíblia coloca como requisitos para o ministério e das tarefas específicas do

Curso de Capacitação de Obreiros 32


obreiro, alguns procedimentos diante da igreja, que passaremos a apresentar
a seguir.
Tudo o que a Bíblia ensina como comportamento e ordenanças para o
povo de Deus, deve ser primeiramente evidenciado nos obreiros para que
estes sirvam como exemplo para todos os membros, assim o obreiro será
também um agente motivador.

Aspectos Pessoais
a) Apresentação individual:
Qualquer empresa ou instituição zela pela boa apresentação de seus
funcionários, pois isso por si só já se constitui em um cartão de visita, é
correto afirmarmos que a roupa não salva, mas também devemos observar
na casa de Deus o que a Bíblia chama de "ordem e decência," até mesmo
pela ênfase que Palavra de Deus dá ao assunto At 6.3. Detalhes como roupa
limpa e passada, barba bem feita, cabelo cortado, sapato engraxado e unhas
cortadas, podem fazer muita diferença diante de Deus e dos homens. Diante
de Deus, pela importância que demonstramos a tudo aquilo que se relaciona
com nosso Deus e diante dos homens pela ação motivadora e glorificação ao
nome de Deus 2 Cr 9.3,4.

b) Gentileza:
Há razões simples para sermos gentis no trato com todos, uma delas
seria a própria fé que pregamos, pois seria no mínimo incoerente falarmos
que o fruto do espírito é amor, benignidade, bondade, paz, etc, Gl 5.22, e
assumirmos uma atitude hostil ou ranzinza para com os irmãos. Existe
principalmente a questão do exemplo, é fácil notar quando existe o clima
fraternal entre os irmãos, pelo sorriso espontâneo, pelo abraço, entre outros
gestos, e isso também pode ser percebido pelos de fora, a exemplo disso
existem muitos irmãos que ao procurarem uma igreja para congregarem,
acabam preferindo aquela onde além de serem, melhor recebidos, também
observaram as atitudes uns para com os outros. As pessoas estão procurando
os lugares onde se prega e se vive a Palavra de Deus, esperamos convencê-
las que isso ocorre em nossas igrejas, porém sabemos que o exemplo fala
mais que as palavras 1 Jo 3.18, além do mais para aquele que é gentil o
Senhor está pronto para abrir as portas 1 Sm 16.18.

c) Educação:
O obreiro deve observar regras simples de boa educação como
aguardar sua vez de falar, pedir licença ao sair e ao entrar, cumprimentar a
todos quanto for possível, evitar gritarias, respeitar a hierarquia funcional

Curso de Capacitação de Obreiros 33


usando os pronomes de tratamento corretos (Sr ou você), nisso estaremos
todos em uma só ligação, além dessas regras existem outras, é só ter um
pouco de bom senso e seguir a Palavra de Deus, Mt 7.12.

d) Ética:
Ética são códigos de conduta para o bom relacionamento entre as
pessoas dentro dos grupos, variam de grupo para grupo, existem ética
empresarial, ética política, etc e também existe a ética cristã. São códigos
que se forem quebrados podem danificar os relacionamentos, prejudicar a
imagem da instituição e até trazer escândalos ao Corpo de Cristo, convém
estar atento a alguns procedimentos:
- Celulares, os obreiros devem colocar seus aparelhos para o modo
silencioso ou desligarem durante o culto;
- Evitar conversas a parte com irmãs casadas ou entre obreiros
casados e irmãs solteiras, a não ser quando for necessário e por breve
período de tempo;
- Evitar beijos no rosto e abraços com as irmãs, que se conhece há
pouco tempo ou novas convertidas;
- Evitar ficar do lado de fora da igreja durante o culto;
- Evitar andar sem necessidade no meio da igreja durante o culto;
- Ser breve nas oportunidades, evitando principalmente histórias
particulares e infindáveis;
- Nas oportunidades, nunca se referir ao problema particular de um
irmão por mais que seja do conhecimento de todos;
- Não chamar a atenção dos obreiros diante da igreja, deve-se falar em
particular, na presença de outro obreiro ou nas reuniões;
- Evitar o uso de apelidos;
- Respeitar a dor dos outros;
- Ao orar em grupo, deve ser feito com ordem e em comum acordo
com os irmãos, para evitar os falatórios sem objetivo;
- Evitar quaisquer atividades que tirem a ligação do culto, como trocar
uma lâmpada, arrastar uma mesa, afinar uma guitarra ou bateria, salvo o que
for necessário, todo preparo do culto deve ser feito antes;
Além dessas normas, poderíamos citar muitas outras, mas por hora
essas parecem ser as mais comuns. O obreiro deve aprender que a ética a ser
praticada entre os irmãos do Ministério e destes para com os membros da
igreja, é aquela que leva em consideração a pessoa do próximo, seu nível
social, seus costumes, seu patamar espiritual, etc. Diante disso entendemos
que além da Ética Cristã, que é comum a todos os crentes, existem também a
ética social e a cultural que variam de indivíduo para indivíduo ou entre

Curso de Capacitação de Obreiros 34


grupos, nem sempre o que é certo pra mim, será para o meu irmão, um
exemplo clássico disso é aquele irmão que tem o costume de cumprimentar
as irmãs com beijos no rosto ou às vezes com abraços, esse costume
geralmente vem do convívio familiar e não representa nada para aqueles que
o praticam, sendo apenas uma mera saudação, mas sabemos que nem todos
vêem com bons olhos esse hábito, sendo então recomendável que não se use
dessa prática no convívio entre os irmãos em Cristo quando se tratar de
novos convertidos ou irmãs, cujos maridos não são convertidos ainda. A
manutenção da ética independe do que eu penso ou considero, e sim, leva
em conta a Palavra de Deus e o meu próximo.

e) Postura:
O obreiro representa a própria igreja e por isso deve sempre manter
uma postura condizente com o cargo, função ou atividade que estiver
desempenhando, precisa o obreiro estar atento a detalhes como a forma de
estar sentado no Ministério ou em pé na portaria. O obreiro deve evitar ficar
encostado ou sentado de qualquer maneira, deve manter uma postura ereta,
decisiva, séria na sua função mas sem perder a "gentil presença", também
deve evitar conversas desnecessárias, tudo que o obreiro fizer durante o
culto deve ser em prol da realização deste, salvo em algumas ocasiões
quando algum assunto externo urgente requer a sua atenção.

f) Atenção:
No transcorrer do culto o obreiro deve estar atento nas atividades do
mesmo, há situações que requerem atitudes imediatas, como falta d’água
para o ministério, som do microfone falhando, crianças fazendo bagunça na
porta do banheiro, fio do microfone embolado, bêbado falando alto
desvirtuando a atenção dos membros entre outras, milhares de situações
possíveis, por isso é necessário que o obreiro tenha atenção constante.
Em contra partida é necessário que o obreiro mantenha também uma
ligação espiritual, como é praticamente impossível que haja atenção aos
detalhes do culto e ao mesmo tempo ligação espiritual, recomenda-se que a
liderança da igreja mantenha uma escala de obreiros responsáveis pela
execução do culto, onde seriam escalados dois ou mais obreiros por culto,
dependendo do tamanho do templo e disponibilidade de obreiros, para
trabalharem no apoio direto à liturgia enquanto os outros ficariam livres para
manterem a disciplina espiritual, se ligando na oração, nos louvores, na
palavra e no agir do Espírito Santo. Essa escala não livra em absoluto os
outros obreiros de atuarem, podendo ser acionados a qualquer momento para
ajudarem em alguma tarefa.

Curso de Capacitação de Obreiros 35


Os obreiros devem, a todo custo, evitar o desligamento (desatenção),
principalmente estando assentado ao Ministério, ou o obreiro vai estar no
apoio direto ao culto, ou vai estar em ligação espiritual, é estranho ver um
obreiro no Ministério ou na portaria com o olhar distante, distraído,
disperso, talvez preocupado com alguma coisa ou pensando em algo que
para ele no momento é mais importante ou interessante do que o culto. O
ideal no culto é que todos estejam unidos em um só propósito, que é o de
adorar ao Senhor e os obreiros devem ser os primeiros a colaborar neste
sentido, se isso não for observado pelos obreiros, corre-se o risco de
oferecermos um culto frio e arrastado ao nosso Deus.

g) Iniciativa:
A iniciativa é uma qualidade que faz com que o indivíduo tome
atitudes preventivas ou corretivas, sem que para isso seja preciso alguma
ordem. Essa uma das qualidades que mais se espera de um obreiro, isso é
que ele desenvolva a iniciativa, a Obra de Deus sofre por causa de obreiros
que não tem iniciativa. Todo obreiro, ao verificar algo que precise ser feito
ele deve imediatamente fazer, e trabalho é o que não falta. Veja como deve
se considerar aquele que espera uma ordem de alguém para executar alguma
tarefa:

"Porventura agradecerá ao servo, porque este fez o que lhe foi


mandado? Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado,
dizei: Somos servos inúteis; fizemos somente o que devíamos fazer" Lc
17.9,10

A aplicabilidade dessa palavra é impressionante para os nossos dias,


pois alguns obreiros por não conhecerem esta temática vão se tornando
inúteis para o serviço da Casa do Senhor. Tarefas simples são simples de se
executar, tais como, bancos desarrumados, banheiro sujo, secretaria
desorganizada e etc, para isso é necessário que os obreiros estejam atentos a
esses detalhes que podem passar desapercebidos. O interessante dessa
Palavra é que esse ensinamento é cobrado no meio secular, fica evidente
essa verdade: Aquele de souber desenvolver a iniciativa, terá grande sucesso
em sua vida em todas as áreas.

h) Envolvimento:
O obreiro deve procurar se envolver nas atividades da igreja, como
em um jogo de futebol quando algum jogador está com a bola, os outros
correm para se desmarcar e ficar em condições de receber o passe, também

Curso de Capacitação de Obreiros 36


nas atividades da igreja, o obreiro deve estar sempre em condições receber a
bola, sempre se apresentar para os trabalhos. O obreiro deve ser aquele
membro com quem o pastor pode contar para auxiliar nos projetos e
realizações

i) Proatividade:
Esse é um termo relativamente novo mundo, diz respeito às atitudes
preventivas em um determinado projeto ou tarefa, é o ato de se prever
possíveis necessidades ou falhas no futuro. Diríamos que proatividade é a
soma de iniciativa e envolvimento nos diversos projetos e realizações da
igreja. Ex: ao ser marcado um culto ao ar livre, o obreiro deve, antes de
tudo, pensar em coisas como som, folhetos, ponto de luz para a instalação do
som e etc, ainda que não seja da sua alçada. O obreiro não deve se
comportar como se não fosse responsabilidade dele, a realização de algum
trabalho na igreja.

j) Equilíbrio:
O obreiro deve a todo custo ter um comportamento equilibrado, ele
deve saber identificar o momento de descontração e o momento de assumir a
postura séria para as atividades, e ao descontrair deve evitar brincadeiras
extravagantes, piadas a fora de tempo, ou com temas duvidosos (infames,
com mentiras Pv 26.18,19 , com o Espírito Santo ou com algum personagem
bíblico) O obreiro deve se lembrar que: "Na multidão de palavras não falta
pecado, mas o que refreia os lábios é prudente" Pv 10.19
l) Prontidão:
O obreiro pode, na sua essência, ser comparado ao soldado e qualquer
atividade da igreja ele é como o soldado em combate, por isso ele precisa
estar sempre em prontidão para atuar em qualquer frente, seja para trazer a
igreja uma saudação da Palavra de Deus, tirar dois ou três hinos da Harpa,
fazer abertura do culto, iniciar a EBD, etc.., nenhuma atividade deve deixar
de ser realizada por falta de obreiros, é necessário o obreiro estar preparado.

l) Pontualidade:
O quesito que rapidamente aparece no obreiro é a sua pontualidade,
na etiqueta secular, tolera-se um atraso de no máximo dez minutos, mas nas
atividades da igreja os obreiros devem sempre chegar antes que os membros,
ainda que isso não tenha sido anunciado. Alguns ministérios elaboram a
escala com dois ou mais obreiros escalados para cada evento, para chegarem
mais cedo, abrirem a porta, prepararem o som e etc, porém o restante que
não estão escalados devem no entanto chegar no horário marcado ou para a

Curso de Capacitação de Obreiros 37


oração, ou para o início do culto. A pontualidade é um ponto fraco no
movimento pentecostal, a maioria das igrejas pentecostais, sofrem com
atraso, geralmente ao iniciarem os cultos, o total presente na igreja é sempre
abaixo dos 50 % do total dos membros, uma forma de combater isso é o
ministério trabalhar a questão da pontualidade, iniciando os cultos no
horário previsto e terminando também na hora determinada e os obreiros
dando o exemplo de pontualidade para o restante do Povo de Deus.

m) Amor:
O obreiro não deve esquecer nunca do amor, tanto para com Deus,
como para com os irmãos e entre os próprios obreiros, é lamentável quando
um obreiro busca o rápido crescimento ministerial e por conta disso toma
atitudes que não estão nos padrões da Palavra de Deus, a própria Palavra do
Senhor nos assegura que toda uma vida na obra pode ser perdida se não tiver
amor 1 Co 13.1-3, é necessário que o obreiro se examine e procure dentro de
si mesmo, os reais motivos que o levam a fazer a obra do Senhor.
Encontramos muitos obreiros, com longos anos de trabalho na obra e que
são homens e mulheres usados pelo Senhor, mas que de repente se desviam,
muitas vezes o que motiva essa atitude é o fato de eles estarem muito tempo
na obra do Senhor, por outras razões e não o amor às almas e a obra de
Deus, ou então no decorrer da caminhada eles se esfriaram no amor Mt
24.12.
Servir a Santa Ceia é uma elevadíssima honra. Em sua celebração,
participamos ativamente da execução da segunda ordenança da Igreja.
Empenhemo-nos, pois, nesse importante serviço! Busquemos ser um obreiro
zeloso em todos os detalhes.
Mas para que isso ocorra, a sua participação, diácono, é
fundamental. Esmere-se em seu ministério; não se desleixe quanto aos seus
ofícios. À semelhança dos levitas do Antigo Testamento, trate as coisas de
Deus com cuidado que estas requerem. No caso específico da Santa Ceia,
lembre-se: estamos a tratar da mais importante solenidade da Igreja de
Cristo. Conscientizemo-nos disto!

COMO RECOLHER AS OFERTAS


Ao contrário do que muita gente supõe recolher as ofertas não é
uma tarefa simples. É uma atividade que demanda cuidado, discrição e
cortesia. Pois, se as ofertas não forem recebidas de forma alçada e grata,
perderão elas o seu caráter de adoração, tornando-se um ato meramente
mercantil.

Curso de Capacitação de Obreiros 38


O espírito do obreiro no ato da contribuição.
No momento de se recolher os dízimos e as ofertas, conscientize-se
o obreiro de que está a desempenhar uma função nobilíssima. Estará ele a
receber os haveres que os santos consagraram ao Senhor. Haveres que já são
dons; dons que já são sacrifícios de paz ao Criador e Mantenedor de todas as
coisas. Porte-se o diácono, pois, de maneira reverente e santa. Nada de
brincadeiras nem inconveniências. Esteja também preparado as mais
diversas situações. Nesse momento, deparar-se-á com pessoas que não
poderão contribuir; outras há que não quererão contribuir e ainda outras
haverá que ignoram o porquê do contribuir. Recolha as oferendas em
espírito de oração, agradecendo sempre a Deus por este grande privilégio.
Você estará arrecadando recursos que serão usados para expandir a obra
missionária, incrementar o evangelismo pátrio e para que não falte
mantimento na casa de Deus (Mt 3.10). Encare, o recolhimento das ofertas
como um ato de adoração. É um momento de ação de graças, no qual os
santos reafirmaram o seu compromisso para com o senhorio de Cristo. Este
é um ato cultual, não um ritual mercantilista.
Você não está num estabelecimento comercial nem numa agência
bancária.
Encontra-se você no santuário do Deus Vivo, onde os santos estarão
consagrando ao Senhor o fruto do seu labor. Por isso aja com redobrado
temor e tremor.

MANEIRA DE RECOLHER AS OFERTAS


Não constranja ninguém a contribuir. Ao passar por uma pessoa, e
verificar que esta não se acha com uma oferta na mão, não insista. Desvie
discretamente a salva. Ore para que esta pessoa tenha condições de
contribuir da próxima vez.
 Se o banco for muito grande, recolha as ofertas com outro obreiro.
Evite passar por entre as pernas dos irmãos. (principalmente das
moças e senhoras). Afinal, uma das características do obreiro é a
cortesia e o cavalheirismo.
 O ideal é que se comece a recolher as ofertas a partir da porta central
do santuário em direção ao púlpito. Neste caso, adotar-se-á os
seguintes passos:
Feita a oração, encaminhar-se-ão os diáconos em
direção à porta principal do templo;
Enquanto a congregação está a cantar, os diáconos
desde a porta frontal da igreja começarão a recolher as
ofertas;

Curso de Capacitação de Obreiros 39


Chegando ao púlpito, e já encerrada a coleta dirigir-se-
ão os diáconos a tesouraria, onde entregarão as ofertas e
os dízimos ao tesoureiro.
 Os obreiros devem entregar a salva ao tesoureiro, e que este se
encarregue de contabilizar as ofertas. Além do mais, o pastor haverá
de necessitar de seus diáconos para outros misteres.
 Caso os obreiros sejam também encarregados da contagem das
ofertas, que esta tarefa seja feita por, pelo menos, três ou quatro, a
fim de que nenhuma suspeição seja levantada contra os servidores
da igreja.

CUIDADOS A SEREM OBSERVADOS.


Durante o recolhimento das ofertas, haverá os diáconos de estar
atentos a fim de que nenhum mau elemento aproveite-se da ocasião para
roubar o povo de Deus. Que estas recomendações sejam seriamente
consideradas:
 Enquanto uma parte do diaconato estiver recolhendo as ofertas, a
outra permanecerá de vigia em cada porta e corredor. Isto evitará
surpresas desagradáveis.
 Detectado o intruso, este deverá ser abordado por, pelo menor, dois
diáconos. Contudo, deve-se tomar especial cuidado para que
tumulto algum perturbe a boa ordem do culto.
 No momento em que a oferta estiver sendo levada à tesouraria, o
cortejo dos diáconos deve ser devidamente reforçado.
 Enquanto estiverem encaminhando as ofertas à tesouraria, deve os
diáconos certificar-se de que não estão sendo seguidos. Em caso
positivo, retornem ao santuário.
 No caso de uma abordagem à mão armada, não reaja. Porte-se com
prudência e vigilância. De sua atitude sábia, depende a vida de
muitos inocentes.
Além desses lembretes, haverá o diácono de estar sempre atento às
condições de segurança no templo. E reforçará, sempre que possível, os
pontos tidos como vulneráveis deste.
Recomendamos, além disso, que os diáconos sejam um exemplo
no que tange à mordomia cristã. Afinal, como recolhermos as ofertas aos
santos, se não formos um padrão nesse quesito? Alcemos, pois, nossos dons:
o Senhor ama aquele que dá com alegria, e honra aquele que, com sabedoria
e zelo, recolhe as oferendas dos santos.

Curso de Capacitação de Obreiros 40


OBREIRO COMO PORTEIRO

O que é porteiro.
Porteiro é o que guarda a porta. É o obreiro especializado
trenado para vigiar as portas do templo, e recepcionar os adoradores de
Deus. Esta função, via de regra, é exercida pelos diáconos; cabe a estes
manter a boa ordem da casa de Deus.
Na igreja católica, havia uma ordem especialmente designada
para guarnecer as portas do santuário – o ostiriado. Ostiário, por
conseguinte, era o clérico encarregado dessa função. No Antigo
Testamento, este mister cabia aos levitas.

Os Levitas como porteiros.


Além dos ofícios sacrificais, encarregavam-se também os levitas das
portas do Santo Templo. Em santo temor e provada reverência, guardavam
as entradas e saídas da Casa de Deus a fim de que nenhum intruso nelas se
esgueirasse, e para que nada imundo viesse a contaminá-la. Esta função era
de tal forma considerada, que os filhos de Levi tinham-na como um mistério
(I Cr 23.5). Atuar como porteiro era uma honra, que só haveria de ser
usufruída pelos sacerdotes (I Cr 26.12).

O ministério do porteiro no Antigo Testamento.


Os porteiros do Santo Templo formavam uma classe nobilíssima de
Israel. Em virtude de sua função, que também incluía a custódia das ofertas
e dos tesouros sagrados, constituía-se eles uma eficientíssima organização
paramilitar.
Eram indivíduos em turnos regulares, pois as portas da Casa de
Deus tinham de ser vigiadas dia e noite. O capitão do Templo estava sempre
atento a fim de supervisionar o trabalho dos porteiros. Eram estes nomeados
por sorteios.

Recomendações aos Porteiros.


Embora os obreiros que atuem como porteiros não sejam levitas
nem estejam a guardar o Santo Templo, em Jerusalém, devem eles observar
as seguintes recomendações, pois o seu trabalho é igualmente importante:
 Tenha sempre em mente que, na função de porteiro, você estará
lidando com pessoas de diferentes temperamentos e índoles.
Portanto, esteja preparado para enfrentar as mais diversas situações.
 Leia todos os dias os provérbios de Salomão. Temos aqui
utilíssimos conselhos que muito nos ajudarão a contornar os

Curso de Capacitação de Obreiros 41


improvisos e o inesperado da função. São 31 capítulos da mais
elevada sabedoria. Um capítulo para cada dia do mês.
 Mantenha-se continuamente em oração e vigilância. Não se deixe
surpreender pelo adversário.
 Se vista com discrição e elegância. Lembre-se: é através do porteiro
que a igreja começa a impressionar os visitantes.
 Apresente-se de barba rapada e cabelos penteados. Nada de
perfumes fortes.
 Ao recepcionar um visitante, procure saber o nome deste; trate-o
com urbanidade; busque-lhe um lugar adequado.
 Tratando-se de um visitante não crente, arrume-lhe um lugar perto
de alguém que, durante o culto, preste-lhe a devida assistência.
Providencie-lhe uma bíblia a fim de que ele não se sinta deslocado.
 Se o visitante for crente seja ele devidamente recepcionado. É de
bom alvitre apresentar também os visitantes não crentes, dando-lhes
a boas-vindas.
 Esteja atento às crianças. Não as deixe sair à rua; não permita que
elas fiquem entrando e saindo do templo, levando a irreverência a
Casa de Deus. Cuidado com os raptores e molestadores de crianças.
Se vir alguma criança deixar o templo com pessoas que não sejam
seus pais consulte a estes imediatamente.
 Tenha autocontrole. A função de porteiro exige bom senso,
iniciativa, coragem e muita prudência. Não se esqueça: você é um
atalaia do Povo de Deus.
 Enquanto a congregação estiver orando, permaneça atento; não
feche os olhos. Vigiar enquanto os outros estiverem orando é um
piedoso exercício.
 Durante a coleta, verifique se algum aproveitador introduziu-se
furtivamente no templo para roubar os fiéis. Em caso positivo,
procure discretamente o auxilio dos outros diáconos. Evite tumultos
na Casa de Deus.
 Mantenha-se atento ao que ocorre fora do recinto do templo. Não se
distraia com o culto. Embora seja isto custoso, é necessário para que
os outros adoradores possam cultuar a Deus com segurança.
 Esteja sempre preparado para ajudar as pessoas enfermas,
deficientes e idosas, principalmente se houver escadas no templo.
Outras situações há que, aqui, não foram considerados. Mantenha-
se, por isso, sempre atento. Em caso de dúvida, procure a orientação
do seu pastor.

Curso de Capacitação de Obreiros 42


Apesar de não termos mais um lugar de adoração tão imponente
e hierático como o templo de Salomão, não podemos descurar da função
de porteiro. Terá este, afinal, de recepcionar os filhos de Deus e os
pecadores que, exaustos, vêm em busca de auxilio e refrigério às suas
almas.
À semelhança dos levitas, exerça essa função com redobrado
amor e discernimento. Fique atento! Aja como aquele atalaia que, em
serviço, jamais dormita.

Curso de Capacitação de Obreiros 43


1 – O QUE É PREGAÇÃO?

Passemos então ao conceito da palavra escolhida. Pensando em tornar


ainda mais claro, vamos conceituar a própria palavra conceito:

CONCEITO é ideia; objetivo concedido pelo espírito; opinião;


máxima; síntese.6

Perguntas como: Que pensamento você tem a respeito de? Onde você
quer chegar com isto? Como você resumiria o que está querendo dizer?
Facilitarão o caminho de chegada até a palavra conceito.
Para que venhamos a entender determinada coisa é preciso que o
nosso Conceito, ou seja, o nosso entendimento do que significa, seja o
mesmo. É justamente aqui que entra uma palavrinha importantíssima, já

6Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa.

Curso de Capacitação de Obreiros 44


referida anteriormente: “Consenso”. Como já falei, longe de mim
chegarmos a uma unanimidade. Contudo, precisamos chegar a um consenso.

CONSENSO é consentimento, acordo.7


Como vocês já puderam observar, temos em nossas mãos o Pequeno
Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Descobrimos que há uma
relação muito íntima entre muitas destas palavras ligadas a Pregação do
Evangelho. Várias são praticamente sinônimas como: Prédica, Sermão,
Pregação, Discurso, etc.
A palavra escolhida, como já falamos, é PREGAÇÃO. Sendo
justamente aqui nosso ponto de partida.
Numa definição não-evangélica, uma definição simples afirma que:

“PREGAR É PROFERIR SERMÕES”.8

Mas ao observarmos, principalmente a nossa prática e olhando de


perto cada termo relacionado ao assunto, chegamos claramente à conclusão
de que esta definição é boa quanto ao que contém, mas peca no que omite.
Para provarmos isto, vamos conceituar algumas palavras
correlacionadas ao termo PREGAÇÃO.
Chegamos então a palavra Sermão, esta por sua vez mais usada no
meio acadêmico ou quem sabe mais tradicional e histórico.

“SERMÃO É UM DISCURSO CRISTÃO [...]”.9

Esta definição traz o que se prega, ou seja, pregar um Sermão é o


mesmo que Discursar, tendo como conteúdo os ensinamentos cristãos e
como local um púlpito.
Agora temos Discurso, como segunda palavra correlata. Esta mais
usada dentro do contexto político, social ou comemorativo.

“DISCURSO É UM CONJUNTO ORDENADO DE FRASES


PROFERIDAS EM PÚBLICO OU ESCRITAS COMO SE

7Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa.


8 Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa.
9 Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa.

Curso de Capacitação de Obreiros 45


TIVESSE DE O SER. TANTO PODE SER PRÓPRIO, COMO
DE TERCEIROS”.10

Deu para perceber que o assunto começa a ficar um pouco mais


complexo, no entanto, percebe-se uma maior qualidade, algo com mais
conteúdo, naquilo que estamos propondo Conceituar.
Percebe-se então, que a característica da mensagem a ser falada em
público continua, agora acrescida de um conjunto de frases ordenadas num
registro escrito, que pode até ser de outrem.
Inclusive Dr. Robert Reid Kalley, missionário pioneiro na
evangelização do brasileiro em sua língua pátria, a partir de 19 de agosto de
1855. Nos seus últimos anos em solo tupininquim, sua esposa Sarah Pulton
Kalley, além de ajudar alguns pregadores leigos a prepararem os seus
sermões e conferir se de fato expunham o texto bíblico, em várias ocasiões
colaborava com o marido munindo-o de esboços sugeridos por ela .11
A Pregação, portanto, por ser um Discurso que se prende a um
assunto e visa levar uma mensagem para ouvintes que os leve a refletir,
pensar e praticar, e numa perspectiva cristã, está voltada inteiramente ao
Evangelho de Cristo, tem diversos modelos ou formas de expressão.

“A PREGAÇÃO PODE TOMAR TRÊS FORMAS DE


EXPRESSÃO A SABER: REFLEXÃO, SERMÃO E
COMENTÁRIO”.

Levando em conta os dois modelos de pregação mais usados em


nossos templos, vejamos:

A PREGAÇÃO QUE É REFLEXÃO: Trata-se da apresentação


de um conteúdo, onde meditamos num assunto bíblico de forma
breve e superficial, procurando principalmente alcançar o
coração de nossos ouvintes.

Vejamos agora o Sermão:

A PREGAÇÃO QUE É SERMÃO: Trata-se da apresentação de

10 Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa.


11 William B. Forsyth, Jornada no Império – Vida e Obra de Dr. Kalley no Brasil – p. 214.

Curso de Capacitação de Obreiros 46


um conteúdo, na qual está presente uma pesquisa mais cuidadosa
de um texto bíblico ou assunto. Que defende uma proposta clara,
usando no momento da transmissão um tipo e método de
apresentação definido.

2 – PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA A PREGAÇÃO

A principal tarefa do cristão é Glorificar a Deus! O que dizer do


pregador? Todo o pensar, todo o agir, todo o falar, precisa ter este objetivo.
Muitos buscam a sua própria glória. Tem como objetivo construírem
impérios pessoais e fazerem sucesso, como até manipular a boa vontade e fé
das pessoas. Alguns gostam de ser reverenciados como deuses. Porém,
conforme um exemplo bíblico, veja o que aconteceu com Barnabé e Paulo
em sua primeira viagem missionária, quando usados por Deus curaram um
coxo. A multidão quis aclamarem eles deuses. Mas, como Lucas registrou, a
resposta deles foi a seguinte:“Senhores, por que fazeis isto? Nós também
somos homens como vós, sujeitos aos mesmos sentimentos, e vos
anunciamos o evangelho para que destas coisas vãs vos convertais ao Deus
vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que há neles”. Atos 14.15.
Também, por ser cristã, a pregação se embasa nas Escrituras e se
centraliza na Pessoa e Obra do Senhor Jesus Cristo. Toda legítima
pregação engrandece a Obra Salvadora do Senhor em nossas vidas.
Além dessas regras vitais para o pregador-mirim, alguns princípios
básicos devem ser seguidos.

a) Buscar Unção e Intelectualidade


Ao olharmos a Palavra de Deus, percebemos que o estudo, a pesquisa,
o lado acadêmico dos homens de Deus tiveram a sua importância. Porém,
mesmo que tenha um bom conhecimento, sem a graça e poder de Deus, o
pregador não será bem sucedido. O pregador não pode abrir mão de uma
vida de intimidade com Deus. Precisa exercitar a oração e a leitura da Bíblia,
não apenas quando está para ministrar a pregação, mas em seu dia a dia.
No entanto, existem pregadores que se escondem atrás de uma
espiritualidade “mística” e por vezes sensacionalista, acreditando que o
Espírito Santo há de revelar o que precisa ser pregado, em detrimento de
fazer a sua parte em estudo. A “unção” sem a intelectualidade nos leva a
superficialidade, ao banalizar a importante tarefa da pregação. Corremos o
risco de defendermos um ensinamento como “bíblico” e ele não passar de
um mero e errado pensamento humano. Agora vem a pior parte: ao se deixar

Curso de Capacitação de Obreiros 47


levar por uma experiência mística, sem o devido cuidado com o estudo da
Palavra de Deus, pode-se cair na heresia.

b) Deve buscar ter uma hermenêutica (interpretação da Bíblia)


sadia;
Todo genuíno pregador deve buscar saber interpretar bem as Escrituras.
Entender o que o texto realmente quer dizer. E para o pregador-mirim, vão
algumas dicas básicas:

(1) A Escritura explica a própria Escritura.


Para exemplificar esse fato iremos comparar 4 textos:
Mateus 21.22: “E, tudo o que pedirdes em oração, crendo, recebereis”.
(Almeida Revista e Atualizada)
Marcos 11.24: “Por isso, vos digo que tudo quando em oração pedirdes,
crede que recebestes, e será assim convosco”. (Almeida Revista e
Atualizada)
Tiago 4.2-3: “Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis
obter; viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes, porque não pedis; pedis
e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres”.
1 João 5.14: “E esta é a confiança que temos para com ele: que, se
pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve”.

Logo, entenda o que um texto difícil da Bíblia fala sobre um assunto


pelo que um texto fácil fala sobre o mesmo assunto.

(2) Lei do Contexto imediato. Leia sempre o que os textos anteriores e


posteriores dizem para que você possa entender o que realmente o texto diz.
Exemplos:
 Quem é o Ladrão de João 10.10? (Ler João 10.7-11)
 O que é a Letra de 2 Coríntios 3.6? (Ler 2 Coríntios 3.4-11)
 O Batismo com Fogo é Revestimento de Poder ou Condenação
em Mateus 3.11? (Ler Mateus 3.4-12)

(3) Observar as figuras de linguagem da Bíblia. A Bíblia é cheia de


termos figurados e simbolismos. Ao ler tem que se ter cuidado para perceber
isso e não literalizar o que é apenas uma figura de linguagem. Exemplo:

 Metáfora: É a figura em que se afirma que alguma coisa é o que ela


representa ou simboliza ou com o que se compara. Baseia-se em
alguma semelhança entre dois objetos ou fatos, em que um deles se

Curso de Capacitação de Obreiros 48


caracteriza com o que é próprio do outro. Exemplo: Jesus disse “Eu
sou a porta” (Jo 10.9); “Os olhos são a candeia do corpo” (Mt
6.22). Quando Jesus diz, por exemplo: “Vós sois sal da terra” (Mt
5.13), ele não quer dizer que somos “sal” literalmente, mas nos
compara ao sal em uma série de qualificações, comuns entre ambos.
Isso é metáfora. Ver mais: Is 40.6; Jo 6.48; 15.1; Sl 71.3.
 Hipérbole: É a afirmação em que as palavras vão além da realidade
literal das coisas. É também chamada de exageração. Exemplo:
“Jesus fez também muitas outras coisas. Se cada uma delas fosse
escrita, penso que nem mesmo no mundo inteiro caberiam os livros
que seriam escritos” (Jo 21.25). Ver também Dt 1.28.
 Prosopopéia: É a personificação de coisas ou de seres irracionais,
dando-lhe feitos e ações humanas. Exemplo: “Onde está morte o teu
aguilhão” (1 Co 15.55) – Paulo fala da morte como se fosse uma
pessoa. Ver mais: Sl 35.10; Jó.12.7; 1 Pe 4.8; Is 55.12.

c) Ter organização e progressão


A pregação deve ter começo, meio e fim, dentro de uma só linha de
raciocínio. Deve, como numa redação, abrir com uma introdução que
apresente o assunto, ter um desenvolvimento dividido em partes e concluir
respondendo a introdução e consumando.
Para isso, é bom se fazer uma boa escolha do assunto (o que se quer
falar) e dos objetivos (onde se quer chegar com a aquele assunto).

Exemplos:
(1) Assunto: O Resultado de Pregar o Evangelho
Objetivo geral – Evangelização.
Objetivo específico:
 Mostrar as alegrias do céu.
 O valor da graça de Deus.
 Deus é um justo juíz.

(2) Assunto: A Santidade do Crente


Objetivo geral – Ética.
Objetivo específico:
 Ame mais ao seu próximo.
 Não minta mais.
 Seja um trabalhador honesto.

Curso de Capacitação de Obreiros 49


(3) Assunto: O Amor de Deus
Objetivo Geral – Salvação
Objetivo Específico:
 Valorizar a Grandeza do Amor de Deus
 Enxergar a profundidade do Pecado
 Compreender o sacrifício de Cristo na Cruz

3 – MODELOS AUXILIARES PARA O SERMÃO

Antes de ensinarmos um modelo básico de sermão, vejamos modelos


auxiliares para algumas oportunidades.

a) Saudação
É uma palavra rápida que visa apenas se confraternizar e agradecer pela
atenção e oportunidade dada.
 De três a cinco minutos: A saudação deve ser bem objetiva e breve,
fazendo jus ao significado de saudação.
 Apresentar a alegria de se encontrar no culto.
 Pode ser usado um texto da bíblia (breve) ou uma frase reflexiva.
 As rápidas palavras devem se concatenar a temática ou ideia do
momento. concatenar - juntar(-se) numa cadeia ou sequência lógica
 Evitar exageros: Ser cauteloso e respeitador é importante, afinal, a
saudação é uma rápida palavra, e não o sermão da noite.

b) Reflexão.
Trata-se da apresentação de um conteúdo, onde meditamos num
assunto bíblico de forma breve e superficial, procurando principalmente
alcançar o coração de nossos ouvintes. Em torno de 10 a 15 min.
Existem dois tipos básicos: Temático e Textual

 Temático: Esta é a Pregação que tem origem num assunto,


independente de um texto bíblico e possui uma estrutura simples.

TÍTULO
INTRODUÇÃO
DIVISÕES
CONCLUSÃO

Curso de Capacitação de Obreiros 50


O professor Israelito tem um exemplo disso:

TÍTULO:
“RAZÃO DA MINHA EXISTÊNCIA”

INTRODUÇÃO:
Nesta reflexão abordarei um assunto que mesmo que levasse a minha
vida toda não esgotaria: o Amor de Deus.
Mesmo tendo esta limitação em mente, convido você a pensar comigo
apenas em quatro aspectos deste Amor:

DIVISÕES PRINCIPAIS:
1. O AMOR DE DEUS É SOBERANO: Por soberano entendo,
independe de tudo e de todos. Não é um amor baseado em minha atitude,
meu comportamento, não está limitado a circunstâncias.
“Tão somente o Senhor se afeiçoou a teus pais para os amar; a vós
outros, descendentes deles, escolheu de todos os povos, como hoje se vê”.
Dt 10.15.

2. O AMOR DE DEUS É PERMANENTE: O contrário de descartável, é


constante e participativo. Isto vai completamente de encontro ao espírito
deste século XXI.
“O Senhor teu Deus está no meio de ti, Poderoso para salvar-te; Ele se
deleitará em ti com alegria, renovar-te-á no seu Amor, regozijar-se-á em ti
com júbilo”. Sf 3.17.

3. O AMOR DE DEUS É GRACIOSO: O conceito de graça, às vezes é


confundido. Graça é favor imerecido.
“Que é o homem para que tanto o estimes, e ponhas nele o Teu
cuidado”. Jó 7.17.
“Não vos teve o Senhor afeição nem vos escolheu, porque fôsseis mais
numerosos do que qualquer povo, pois éreis o menor de todos os povos, mas
porque o Senhor vos amava...”. Dt 7.7-8 a.

4. O AMOR DE DEUS É PROVADO: Existem dois ditados populares


interessantes: “Contra fatos não existem argumentos”. E “O pior cego é
aquele que não quer enxergar”.
“Deus prova o seu próprio Amor para conosco, pelo fato de ter Cristo
morrido, sendo nós ainda pecadores” – Paulo.

Curso de Capacitação de Obreiros 51


CONCLUSÃO:
Muitos seguem apenas o transcurso natural da vida: nascer, crescer,
envelhecer e morrer. Como viver vida tão medíocre, se DEUS NOS AMA
TANTO.

 Textual: Esta é a Pregação que tem origem num texto e possui uma
estrutura simples que usa como base o texto escolhido.

TÍTULO
INTRODUÇÃO
TEXTO
DIVISÕES
CONCLUSÃO

Exemplo:

“TUDO PARA DAR CERTO, MAS DEU ERRADO”.

INTRODUÇÃO:
Seleção brasileira 1950, Maracanã, Brasil X Uruguai. Brasil venceu bem
todos os jogos, uma verdadeira máquina. Jogava pelo empate, ganhava de 1
X 0, cedeu o empate e depois permitiu a virada. Perdeu por 2 X 1.
Na Bíblia temos o exemplo de Sansão. Sansão tinha tudo para dar certo, mas
deu errado. Por que?
Vamos dar uma olhada em sua história.

TEXTO:
Jz 13:1-25.

DIVISÕES PRINCIPAIS.
1. SEU NASCIMENTO FOI FRUTO DE UM MILAGRE DE DEUS –
13:3. Ele já começa a sua vida com um milagre de Deus. Este é um tipo de
milagre na Bíblia que acontece mais de uma vez. Temos no Antigo
Testamento Sara esposa de Abraão e no Novo Testamento temos Isabel mãe
de João Batista.

2.POSSUIA PAIS DEVOTADOS A DEUS – 13: 8, 15, 19-20. Manoá e sua


esposa, eram tementes a Deus, conhecia as leis do sacrifício. A própria
aparição do anjo do Senhor é indício disto.

Curso de Capacitação de Obreiros 52


3. A BÊNÇÃO DE DEUS ESTAVA SÔBRE ELE – 13:24. O texto diz
claramente: O Senhor o abençoou. O que poderia querer mais Sansão.

4. O ESPÍRITO DO SENHOR PASSOU A AGIR NELE – 13:25.


Embora seja um texto um tanto complicado, pois aqui o Espírito do Senhor
está levando-o a provocar o inimigo, mas é a atuação de Deus, fazendo-o
cumprir o Seu propósito.

CONCLUSÃO:
Sansão infelizmente iniciou uma decadência em sua vida:
a) Escolheu esposa entre os filisteus – Jz 14:2.
b) Foi desobediente aos seus pais – Jz 14:3.
c) Desobedeceu quanto ao voto de nazireu – Jz 14:8-9.
d) Sansão acabou tirando a própria vida – Leiamos capítulo 16:29-30. Triste
fim!
Mais do que nunca, mesmo tendo os benefícios dados por Deus, uma vida
de obediência é a maior prova da verdadeira bênção.

4 – DICAS RÁPIDAS PARA O PREGADOR

a) Boa Postura com naturalidade: Postura ereta, com o olhar voltado para
o público, evitando se mexer muito ou andando de um lado para o outro.

b) Linguagem simples e adaptada: Linguagem sem exageros de termos


rebuscados ou com linguagem cheia de termos impróprios ou vícios de
linguagem.

c) Fala não agressiva ou enfadonha: Evitar gritos, linguagem mecânica ou


exagero de entonação. Fale de forma natural.

d) Prudência quanto a gestos.

e) Transparência

f) Dinâmica e Pontualidade

g) Respeito com Deus, com o público e a liderança

5 – ESTRUTURA BÁSICA DE UM SERMÃO

Curso de Capacitação de Obreiros 53


Um Sermão trata-se da apresentação de um conteúdo, na qual está
presente uma pesquisa mais cuidadosa de um texto bíblico ou assunto. Que
defende uma ideia central ou proposta clara, usando no momento da
transmissão um tipo e método de apresentação definido, isto é, é um
discurso mais organizado e praparado para ser mais longo.
Por isso, iremos ver informações básicas para uma construção de um
Sermão, com as partes da sua estrutura.

Portanto, o Sermão estruturado, independente do seu tipo (que


veremos mais a frente) segue basicamente esse modelo:

TÍTULO

TEXTO-BÍBLICO
(Seja âncora ou relacionado ao fundamento)

INTRODUÇÃO

IDÉIA CENTRAL

DIVISÕES

SUBDIVISÕES

CONCLUSÃO

De início, veremos a Idéia Central, pois por meio dela se organiza


todo o Sermão.

a) IDEIA CENTRAL

A Ideia Central é uma verdade que leva o ouvinte a reflexão. Ela é


importante pois é o fundamento de todo o sermão e indica o rumo que o
sermão vai tomar.
Para se construir uma Ideia Central, é necessário, se definir um
assunto, seja este assunto retirado especificamente de um texto ou de uma
verdade bíblica.

Características básicas da Ideia Central:

Curso de Capacitação de Obreiros 54


 Ela precisa ser uma sentença completa: Deve ser uma frase com
começo, meio e fim, que traga uma mensagem completa, e não frases
aleatórias.

Errado:
“As sete características do cristão”.
“O Dízimo”.
“A festa dos Tabernáculos”.

Certo:
“Viver vida íntegra é dever da filha de Deus”.
“A natureza humana de Cristo, foi testada ao extremo ali no Getsêmani”.
“A ressurreição de Cristo possui evidência histórica irrefutável”.

 Ela precisa ser uma verdade eterna: Precisa ser um ensinamento


que todos, independentemente de tempo e lugar, precisam obedecer, isto é,
uma verdade para todos.

Errado:
“O entrar na arca era suficiente para salvar”.
“Venda tudo e dê aos pobres”.
“Tudo o que pisar a plana do vosso, vos tenho dado”.

Certo:
“O sangue de Cristo nos purifica de todo pecado”.
“Sem fé é impossível agradar a Deus”.
“O céu é a futura morada dos salvos em Cristo”.

 Ela precisa ser simples: Deve ter uma linguagem fácil.


exemplo de complicada: A Abordagem sotereológica veterotestamentária
 Ela precisa ser uma sentença declarativa: Trata-se de uma
declaração que você fará, isenta de dúvidas, condicional e de
preferência positiva.

Errado:
“Ao ler a Bíblia provavelmente crescerás no conhecimento de Deus”.
“Se você crer em Cristo encontrará a vida eterna”.
“Quando o crente não vem à igreja enfraquece na fé”.

Curso de Capacitação de Obreiros 55


Certo:
“Leia a Bíblia e crescerás no conhecimento de Deus”.
“Creia em Cristo e encontrarás a vida eterna”.
“Esteja presente na igreja e fortalecerás a tua fé”.

Vejamos, portanto, exemplos de Ideias Centrais retiradas de


Assuntos de apenas Verdades Bíblicas:

Assunto: Jesus Cristo e sua Obra Salvadora.


Ideia Central: Jesus Cristo é o único meio de Salvação para a humanidade.

Assunto: O Batismo com Espírito Santo


Ideia Central: O Batismo com Espírito Santo é o revestimento de poder
para capacitação ministerial do crente.

Assunto: As crianças crentes


Ideia Central: As crianças que foram cheias do Poder de Deus fizeram a
diferença em sua época

Exemplos de Ideias Centrais retiradas de Assuntos oriundos de


textos bíblicos:

Texto-Bíblico: Hebreus 13.8


Assunto: Imutabilidade de Jesus
Ideia Central: Jesus é o mesmo Senhor em todas as eras.

Texto-Bíblico: João 10.11


Assunto: Jesus o Bom Pastor
Ideia Central: Jesus é o verdadeiro bom pastor para as suas ovelhas.

Texto-Bíblico: João 11.40


Assunto: A fé
Ideia Central: A fé é o meio de vermos a ação do Poder de Deus.

b) TÍTULO

É o nome do sermão, dado pelo pregador-mirim que o prepara,


apresentando de maneira clara e adequada o que vai ser ministrado do
púlpito. Normalmente é retirado da Idéia Central.

Curso de Capacitação de Obreiros 56


Exemplo:

Assunto: “O Céu”.
Idéia Central: O céu é o destino de felicidade para os féis em Cristo.
Título: “Um Lugar de Gozo Eterno”.

Assunto: “O Inferno”.
Ideia Central: O inferno é o lugar de tormento para os incrédulos
Título: “Pense Num Calor!”.

Algumas considerações sobre o título:


 O Título pode vir em forma de interrogação: “Pode o crente perder
a salvação?”. “O que lhe reserva o futuro?”
 O Título pode vir em forma de exclamação: “Que lugar
maravilhoso!”. “Como dói pecar!”.
 O Título pode consistir de uma frase seguida de uma pergunta: “O
mundo está perdido: Que posso fazer?”. “Sou cidadão do céu: Será que
preciso votar?”.
O Título pode consistir de uma afirmação breve das Escrituras: “Tudo posso
naquele que me fortalece”. “Orai sem cessar”. “Fugi da impureza”.

c) INTRODUÇÃO
A Introdução é a parte do sermão, onde o pregador desperta a atenção
de seu ouvinte preparando-o para ouvir a mensagem de Deus.
 Ela precisa ser Breve
 Ela precisa ser Criativa.
 Ela precisa ser Encaminhadora.
 Ela precisa ser bem fundamentada.

Exemplo:

TÍTULO: JESUS CRISTO, O ÚNICO SALVADOR


TEXTO: Atos 4.12
INTRODUÇÃO

Um grande rei e conquistador do passado, Alexandre o Grande, aos


trinta e três anos conquistou praticamente os mais poderosos povos de sua
época. Depois disso, ficou desnorteado, ao ponto de que quando viu a morte
chegar, pediu que o enterrassem de mãos para fora do caixão. Quando

Curso de Capacitação de Obreiros 57


perguntaram porquê, ele respondeu que conquistou o mundo todo, mas não
levaria nada! Ganhou o mundo e perdeu sua alma!
Assim, a humanidade tem corrido para um lado e para o outro atrás de
solução, sentido e salvação para a sua vida, e em tem buscado resposta em
muitas coisas, como: dinheiro, política, meros prazeres, que são passageiros,
fama ou mesmo apelando para os mais diversos tipos de religião ou
experiências estranhas. Porém o certo é que não tem encontrado a devida
resposta para trazer a alegria e a paz para os seus corações, principalmente,
quando se encontram diante das doenças e da morte.
O Apóstolo Pedro, porém, de forma enfática a milhares de anos atrás
deixa claro que não adianta o homem apelar para os mais diversos meios,
não encontrará a Salvação para a Sua alma, pois só existe um único meio de
Salvação:

IDÉIA CENTRAL: JESUS CRISTO É O ÚNICO MEIO DE SALVAÇÃO


PARA A HUMANIDADE.
TÍTULO: “TERIA SIDO VÃ A NOSSA FÉ?”.
TEXTO: 1 Co 15.1-12
INTRODUÇÃO:
Como você se sentiria se:
1. Ao passar a vida toda cuidando da saúde com alimentação adequada,
exercícios físicos em academia e sem extravagâncias, vinhesse a descobrir
que está com ma doença incurável?
2. Durante toda a sua vida você investisse: dinheiro, tempo, saúde,
mente e ele se tornasse um fracassado?
3. Depois de viver uma vida toda servindo a Deus, renunciando o
mundo, ao morrer descobrisse que não existe céu e nem inferno? Que tudo
acaba aqui mesmo.
Este é o clima emocional que Paulo cria, para ensinar a igreja de Corinto
que não deve acreditar em boatos: “Ora, se é corrente pregar-se que
Cristo ressuscitou dentre os mortos, como, pois, afirmam alguns dentre
vós que não há ressurreição de mortos?”. 1 Co 15.12.
A igreja de Corinto estava embarcando nesta onda. Cuidado com as
ondas! Eles estavam começando a crer que: “Não havia ressurreição de
mortos, morreu acabou”.

IDEIA CENTRAL: A FÉ NA RESSURREIÇÃO EM CRISTO NOS DÁ A


CERTEZA DE NOSSA VIDA ETERNA.

d) TEXTO BÍBLICO

Curso de Capacitação de Obreiros 58


O texto bíblico é a passagem bíblica que utilizaremos como base para
a elaboração de nosso sermão.
Em modelos temáticos (mensagens que estão presas apenas em
Verdades Bíblicas), ele é apenas um gancho de mensagem. Em mensagens
presas exclusivamente em um texto bíblico, ela é o fundamento pleno para
as divisões. Mas claro, existem ainda as citações.

Para lhe ajudar na escolha de textos bíblicos, lhe aconselhamos:

 Escolha textos claros: Trabalhe com textos fáceis para evitar que
você se perca na explicação ou o público não entenda.

 Escolha textos conhecidos: Principalmente agora no início de sua


carreira, busque texto conhecidos, pois facilita a compreensão e a
atenção de que lhe ouve, como também, a sua desenvoltura.

 Escolha textos de toda a Bíblia.

 Escolha de preferência textos curtos

 Escolha um texto que fale primeiro a você: Isso é bom, pois você
fala com emoção e motivação.

 Escolha textos positivos.

e) DIVISÕES PRINCIPAIS E AS SUBDIVISÕES

As Divisões Principais são as divisões que norteiam a linha de


raciocínio do pregador no desenvolvimento da Ideia Central, facilitando
a organização do Sermão e a compreensão das pessoas que ouvem.

Entre a Idéia Central e as divisões, existem sentenças que facilitam: A


Sentença de Interrogação e de Transição.
A Sentença de Interrogação é uma pergunta que fazemos a Ideia
Central, para abrir caminho para as divisões.

Curso de Capacitação de Obreiros 59


IDEIA CENTRAL: “O CENTRALIZAR SUA VIDA EM DEUS,
LEVARÁ VOCÊ A VITÓRIA”.
SENTENÇA INTERROGATIVA: O que nos faz pensar nesta
afirmação?

IDEIA CENTRAL: “A BÍBLIA É A PALAVRA DE DEUS”


SENTENÇA INTERROGATIVA: Por que cremos nisto?

A sentença de transição é a frase que fará a ligação entre a sentença


interrogativa e as divisões principais. Este recurso é a Palavra Chave.

Exemplos:

IDEIA CENTRAL: “O CENTRALIZAR SUA VIDA EM DEUS,


LEVARÁ VOCÊ A VITÓRIA”.
SENTENÇA INTERROGATIVA: O que nos faz pensar nesta
afirmação?
SENTENÇA DE TRANSIÇÃO: Nesta noite veremos três fatores
do que acabo de afirmar.

IDEIA CENTRAL: “A BÍBLIA É A PALAVRA DE DEUS”


SENTENÇA INTERROGATIVA: Por que cremos nisto?
SENTENÇA DE TRANSIÇÃO: Nesta tarde apresentaremos quatro
provas.

Quanto as Divisões Principais, vejamos:

 Precisa ter origem na Ideia Central: Cada divisão principal precisa


nascer da Ideia Central, respondendo a sentença interrogativa.

Exemplo:

IDEIA CENTRAL: “EXALAR A ESSÊNCIA DE DEUS É O DEVER


DE TODO O CRISTÃO”
Sentença Interrogativa: O que é exalar o perfume de Cristo?
Sentença de Transição: Exalar o perfume de Cristo é:

1. Ter uma vida limpa diante de Deus – Gn 8:20-21.


2. Ter uma vida de oração – Ap 5:8.
3. Ter uma vida de valores reais – Mc 14:3-6.

Curso de Capacitação de Obreiros 60


Três divisões principais que estão intimamente ligadas à Ideia Central

 Precisa ser distinta umas das outras: Isto é, ser diferente uma das
outras.

 Precisa estar disposta em progressão: Ser de forma crescente, isto


é, que a Ideia Progrida. Exemplo: Se a ideia central estiver ligada a
vida dos grandes homens de Deus, com certeza, devo colocar Cristo
acima de todos, logo, ele deve ser a última divisão.

As Subdivisões são as divisões subordinadas as divisões principais.

Veja o exemplo:

TÍTULO: JESUS CRISTO, O ÚNICO SALVADOR

TEXTO: Atos 4.12

INTRODUÇÃO

Um grande rei e conquistador do passado, Alexandre o Grande, aos


trinta e três anos conquistou praticamente os mais poderosos povos de sua
época. Depois disso, ficou desnorteado, ao ponto de que quando viu a morte
chegar, pediu que o enterrassem de mãos para fora do caixão. Quando
perguntaram porquê, ele respondeu que conquistou o mundo todo, mas não
levaria nada! Ganhou o mundo e perdeu sua alma!
Assim, a humanidade tem corrido para um lado e para o outro atrás de
solução, sentido e salvação para a sua vida, e em tem buscado resposta em
muitas coisas, como: dinheiro, política, meros prazeres, que são passageiros,
fama ou mesmo apelando para os mais diversos tipos de religião ou
experiências estranhas. Porém o certo é que não tem encontrado a devida
resposta para trazer a alegria e a paz para os seus corações, principalmente,
quando se encontram diante das doenças e da morte.
O Apóstolo Pedro, porém, de forma enfática a milhares de anos atrás
deixa claro que não adianta o homem apelar para os mais diversos meios,
não encontrará a Salvação para a Sua alma, pois só existe um único meio de
Salvação:

Curso de Capacitação de Obreiros 61


IDÉIA CENTRAL: JESUS CRISTO É O ÚNICO MEIO DE SALVAÇÃO
PARA A HUMANIDADE.

Por qual razão?

Vejamos os motivos:

1 – Jesus Cristo conhece bem o Homem


a) Jesus Cristo é Deus, ao lado do Pai (Jo 1.1-3)
b) Jesus Cristo Criador da humanidade (Cl 1.15-18)
c) Jesus Cristo se fez homem (Jo 1.14-18)

2 – Jesus Cristo pagou o preço de nossa Salvação


a) Jesus Cristo foi tentado em nosso lugar (Hb.15)
b) Jesus Cristo sofreu para nossa libertação (Is 53.3-5)
c) Jesus morreu pelos nossos pecados (1 Co 15.3)

3 – Jesus Cristo triunfou para que fôssemos feitos vencedores


a) Jesus Cristo esmagou a cabeça de Satanás (Gn 3.15; Cl 2.15)
b) Jesus Cristo venceu a morte (1 Co 15.3,20-24)
c) Jesus Cristo está acima de todos (Fp 2.5-11; At 4.12)

f) A CONCLUSÃO

A conclusão é a parte do sermão em que o pregador levará seu


auditório a tomar uma decisão, em virtude do que acabam de ouvir. É o
fechamento da mensagem. Pode ser uma rápida recapitulação, uma
informação conclusiva, perguntas, motivações, etc.

6 – TIPOS DE SERMÃO

Um Sermão trata-se da apresentação de um conteúdo, na qual está


presente uma pesquisa mais cuidadosa de um texto bíblico ou assunto. Que
defende uma ideia central ou proposta clara, usando no momento da
transmissão um tipo e método de apresentação definido, isto é, é um
discurso mais organizado e praparado para ser mais longo.

Existem basicamente três tipos de Sermão:

Curso de Capacitação de Obreiros 62


 Sermão Temático
 Sermão Textual
 Sermão Expositivo

a) SERMÃO TEMÁTICO

O Sermão Temático é aquele que tem origem num assunto,


divisões principais e subdivisões derivam de uma Proposta de Pregação
e independem de um texto básico.

Percebemos três verdades básicas:

 Primeira: Começa com um assunto.

 Segunda: Divisões e subdivisões derivam de uma Proposta de


pregação.

 Terceira: Independem de um texto básico.

Exemplo:

ASSUNTO: “LAR CRISTÃO”


IDÉIA CENTRAL: “A FELICIDADE SÓ É POSSÍVEL AO
OBEDECERMOS ALGUNS “NÃOS” DA PALAVRA DE DEUS”.

1. NÃO DEIXE DE FAZER O BEM.“Não te furtes a fazer o bem a quem


de direito, estando na tua mão o poder de fazê-lo”. Pv 3.27.
a) A vida pode nos tornar amargos.
b) Sofrermos vários reveses.
c) Lembre-se de José do Egito!

2. NÃO É BOM PROCEDER SEM REFLETIR. “Não é bom proceder sem


refletir, e peca quem é precipitado”. Pv 19.2.
a) Vivemos numa cultura do imediatismo.
b) Pressa é a palavra chave do homem contemporâneo.
c) Lembre-se de Abraão!

Curso de Capacitação de Obreiros 63


3. NÃO AMES O SONO.“Não ames o sono, para que não empobreças;
abre os olhos e te fartarás do teu próprio pão”. Pv 20.13.
a) Somos acomodados.
b) Possuímos a tendência de culpar os outros.
c) Lembre-se da formiga!

4. NÃO TE ASSOCIEIS COM O IRACUNDO.“Não te associes com o


iracundo, nem andes com o homem colérico”. Pv 22.24.
a) Penso aqui na importância de ter amigos.
b) Conserve sempre um bom círculo de amigos.
c) Lembre-se de Jesus e a família de Lázaro.

5. NÃO REMOVA OS MARCOS ANTIGOS.“Não removas os marcos


antigos...”. Pv 23.10 a.
a) Penso aqui em valores aprendidos na Família.
b) Valores que precisam ser praticados.
c) Lembre-se de (nome dos pais e sogros).

b) SERMÃO TEXTUAL

O Sermão Textual é aquele que tem origem num texto bíblico,


divisões principais dentro deste texto, subdivisões fora do texto, desde
que não fujam de sua Proposta de Pregação.

Percebemos quatro verdades básicas:

 Primeira: Começa com um texto, isto é, a Idéia Central é retirada


de um texto bíblico especificamente.

 Segunda: Divisões Principais, também estão dentro do texto.

 Terceira: Subdivisões fora do texto, ou seja, não precisam seguir o


texto. Contudo, dentro da Idéia Central de pregação.

ASSUNTO: “MISSÕES URBANAS”


IDÉIA CENTRAL: “MISSÕES URBANAS PASSAM POR UM
PROFUNDO SENSO DA VISÃO DE DEUS EM SEU CORAÇÃO”.

TEXTO: Jonas 1:1-3.

Curso de Capacitação de Obreiros 64


1. A INICIATIVA É DIVINA.“Veio à palavra do Senhor...” Jn 1.1a.

a) Existe um momento certo:


 No início da igreja – Atos 2:1-4.
 Na 1ª viagem missionária – Atos 13:1-2.
 Procure descobrir o momento de Deus.

b) Existe uma pessoa certa:


 Por que não Oséias?
 Por que não Amós?
 Deus queria Jonas – Jonas 1:1.

c) Existe um lugar certo:


 Não atire para todos os lados.
 Deus tem um lugar definido.
 Para Jonas era Nínive – Jn 1:2.

2. REQUER DISPOSIÇÃO. “Dispõe-te...”. Jn 1.2a.

a) Renúncia de sua vontade.

b) Coragem para agir.

3. QUEBRA DE PRECONCEITOS. “...vai à grande cidade de Nínive...” -


1.2 b.

a) Cristo falando com a samaritana – João 4:5-7.

b) A visão de Pedro – Atos 10:14-16.

c) SERMÃO EXPOSITIVO

É aquele que tem origem num texto bíblico, tanto as divisões


principais como as subdivisões estão dentro deste texto e conseqüentemente
sem fugir da sua Idéia Central de Pregação. É o modelo mais difícil, pois
exige uma pesquisa muito detalhada de um texto bíblico para que se
encontre a Idéia Central, as Divisões e Subdivisões.

Curso de Capacitação de Obreiros 65


Percebemos quatro verdades básicas:

 Primeira: Começa com um texto, isto é, a Idéia Central é retirada


de um texto bíblico especificamente

 Segunda: Divisões Principais, dentro do texto.

 Terceira: Subdivisões também dentro do texto, sempre obedecendo


a Idéia Central de Pregação.

ASSUNTO: A NAÇÃO DE ISRAEL.


TEXTO: 2 Rs 1:1-18.
IDÉIA CENTRAL: “FRACASSA QUEM CONSULTA A DEUSES
EXTRANHOS”.
O que estou querendo dizer com isto?
Observe alguns detalhes interessantes:

1. UM MOMENTO DE DIFICULDADE.
O que estava acontecendo no momento?
a) Moabe estava avançando. “Depois da morte de Acabe, revoltou-se
Moabe contra Israel”. v. 1.
b) Acazias sofre um acidente. “E caiu Acazias pelas grades de um
quarto alto, em Samaria, e adoeceu...”. v. 2b.
Sem dúvida a situação era por demais desesperadora: enfraquecidos
pelos pecados de Acabe, o inimigo às portas e agora um rei doente.

2. UM ATO REPROVÁVEL.
Fazia parte da cultura dos reis, antes de tomar uma decisão,
CONSULTAR alguém. E assim Azarias fez.
a) Ide.“... enviou mensageiros e disse-lhes: Ide...”. v. 2 c.
b) Consultai.“... e consultai...”. v. 2 d.
Até aí tudo bem, o problema foi, a quem Acazias consultou.
c) A Baal-Zebube. “... a Baal-Zebube, deus de Ecrom, se sararei
desta doença...”. v. 2 e.
Acazias segue os passos de seu pai infelizmente e não faz o que deve.

3. UM CASTIGO DURO.
Um anjo do Senhor conversa com Elias e profere a dura sentença.

Curso de Capacitação de Obreiros 66


a) Acazias haveria de morrer. “... assim diz o Senhor: Da cama a que
subiste, não descerás, mas, sem falta, morrerás”. v. 4 b.

b) O motivo.
Por que Deus decretara esta sentença? “Mas o Anjo do Senhor disse a
Elias, o tesbita: Dispõe-te, e sobe para te encontrares com os mensageiros
do rei de Samaria, e dize-lhes: Porventura, não há Deus em Israel, para
irdes consultar Baal-Zebube, deus de Ecrom? Por isso...”. vs. 3-4 a.
c) No cume do monte. “... pois este estava assentado no cume do
monte...”. v. 9 c.
Para Acazias, a profecia de Elias constituía uma interferência nos
negócios do Estado, e que Elias deveria ser responsabilizado por isto. Esta
percepção de Acazias demonstra uma clara percepção da cultura Cananéia
de que o monarca possui poderes ilimitados.
Acazias age inconseqüentemente, sacrificando dois capitãs e seus
homens – Versos 9a -11.

4. UM ATO DE MISERICÓRDIA.
Acazias era um inconseqüente, cento e dois homens já haviam morrido; o
terceiro capitão de cinqüenta, não. Talvez, pelo que aconteceu aos outros
dois, não sabemos.

a) O terceiro capitão aproximou-se com humildade.“... então, subiu o


capitão de cinqüenta. Indo ele, pôs-se de joelhos diante de Elias, e suplicou-
lhe, e disse-lhe: Homem de Deus, seja, peço-te, preciosa aos teus olhos a
minha vida e a vida destes cinqüenta, teus servos; pois fogo desceu do céu e
consumiu aqueles dois primeiros capitães de cinqüenta, com os seus
cinqüenta; porém, agora, seja preciosa aos teus olhos a minha vida”. vs. 13
b. – 14.

b) Deus ordena que Elias desça. “Então, o Anjo do Senhor disse a Elias:
Desce com este, não temas. Levantou-se e desceu com ele ao rei”. v. 15.

c) Contudo, a mensagem não foi alterada. “E disse a este: Assim diz o


Senhor: Por que enviaste mensageiros a consultar Baal-Zebube, deus de
Ecrom? Será, acaso, por não haver Deus em Israel, cuja palavra se
consultasse? Portanto, desta cama a que subiste, não descerás, mas, sem
falta, morrerás”. v. 16.
O desígnio de Deus será cumprido, não podemos fugir disto.

Curso de Capacitação de Obreiros 67


CONCLUSÃO:
A narrativa bíblica continua: “Assim, pois, morreu, segundo a palavra do
Senhor, que Elias falara; e Jorão, seu irmão, começou a reinar no seu
lugar...”. v. 17 a.
“Quanto aos mais atos de Acazias e ao que fez, porventura, não estão
escritos no Livro da História dos Reis de Israel?”. v. 18.
E você que está me ouvindo, que história a respeito de sua vida está
sendo escrita? A quem você consulta, quando precisas tomar decisão?

Curso de Capacitação de Obreiros 68


Quando lemos e estudamos a escritura sagrada precisamos ter uma
compreensão de cada texto, para não fazermos interpretações que não
estejam de acordo com o seu contexto. Daí surge à necessidade de
analisarmos todos os livros de forma sistemática, para observarmos que
existem textos que foram escritos em uma época, cultura e civilização
completamente diferente da nossa.
1 - LIVROS DA BÍBLIA POR CLASSIFICAÇÃO
Antigo Testamento
- Lei ou Pentateuco: Gênesis – Êxodo – Levítico – Números –
Deuteronômio
- Livros históricos: Josué – Juízes – Rute – 1 Samuel – 2 Samuel – 1 Reis –
2 Reis
- 1 Crônicas – 2 Crônicas – Esdras – Neemias – Ester.
- Livros Poéticos: - Jó – Salmos – Provérbios – Eclesiastes – Cantares.
- Profetas Maiores: Isaias – Jeremias – Lamentações – Ezequiel – Daniel.
- Profetas Menores: Oséias – Joel – Amós – Obadias –Jonas – Miquéias –
Naum

Curso de Capacitação de Obreiros 69


- Habacuque – Sofonias – Ageu – Zacarias – Malaquias.
Novo Testamento
-Evangelhos: Mateus – Marcos – Lucas – João
-História: Atos
-Epistolas Paulinas: Romanos – 1 Coríntios – 2 Coríntios – Gálatas –
Efésios
- Filipenses – Colossenses – 1 Tessalonicenses – 2 Tessalonicenses
- 1 Timóteo – 2 Timóteo – Tito – Filemom.
-Epistolas Gerais: Hebreus – Tiago – 1 Pedro – 2Pedro – 1 João – 2 João
- 3 João – Judas
-Revelação: Apocalipse.

2 - SINOPSE DOS LIVROS DA BÍBLIA


Passaremos agora a analisar todos os livros da escritura trazendo
assim uma compreensão do autor, data, destinatário e propósito.
Começando com o Pentateuco ou o livro da lei que são denominados
pelos judeus como a Torá. Os livros foram escritos por Moisés e constituem
uma análise do inicio de todas as coisas. Tanto o universo como a
humanidade, da nação de Israel e a forma de adorar e servir a Deus por
intermédio da lei. Os livros também falam do inicio do pecado, bem como
as promessas de redenção da humanidade.
2.1- Gênesis: Autor: Moisés Data: 1446 a 1440 a.C.
Destinatários: A nação de Israel logo após a saída do Egito
Propósito: Mostrar a nação de Israel o plano de Deus para eles concernente às promessas que
o senhor havia feito aos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó. Encorajando-os a tomarem posse da
terra de Canaã prometida aos seus pais e trazendo também um relato da criação do mundo.
2.2 – Êxodo: Autor: Moisés Data: 1446 a 1440 a.C.
Destinatários: A nação de Israel logo após a saída do Egito
Propósito: Mostrar a narração sobre a libertação da nação de Israel do Egito, bem com o
encontro da nação com o Senhor no Sinai e o recebimento da Lei e instruções para a
construção do Tabernáculo.
2.3 – Levítico: Autor: Moisés Data: 1445 a
1406 a.C.
Destinatários: A nação de Israel logo após a saída do Egito
Propósito: Mostrar aos Israelitas toda a lei do Senhor dada aos mesmos encorajando-os a
obediência da mesma para usufruírem das bênçãos do Senhor e advertindo-os a não serem
reprovados pelo Senhor.
2.4 – Números: Autor: Moisés Data: 1406
a.C.
Destinatários: A nação de Israel logo após a saída do Egito

Curso de Capacitação de Obreiros 70


Propósito: Mostrar a nova geração, os benefícios de servirem a Deus, o juízo do Senhor com
os incrédulos como também a providência do Senhor para o seu povo na trajetória pelo
deserto.
2.5 – Deuteronômio: Autor: Moisés Data: 1446 a
1440 a.C.
Destinatários: A nação de Israel preparando-se para entrar em Canaã
Propósito: Mostrar para a nova geração de Israelitas toda a trajetória desde o sinal, até as
campinas de Moabe, quando eles já estavam prestes a entrar em Canaã para possuir a terra e
estimulá-los a confiar no Senhor.

Depois encontramos os livros históricos que contém o inicio da


história da nação de Israel na terra de Canaã, logo após a saída da terra do
Egito. Os livros mostram o inicio da monarquia em Israel, bem como a
construção do Templo por intermédio de Salomão. Também relatam os
cativeiros assírio e babilônico causados pela idolatria e rebeldia do povo.

2.6 – Josué: Autor: Josué Data: 1405 a 1390 a.C.


Destinatários: A nação de Israel logo após a tomada de Canaã
Propósito: Mostrar para a nação de Israel o cumprimento das promessas de Senhor, bem
como o cuidado na divisão e a obediência aos mandamentos do Senhor. Israel é advertida a
seguir somente ao Senhor e não misturar-se com outros povos
2.7 Juízes: Autor: Desconhecido Data: 1043 a
1004 a.C.
Destinatários: A nação de Israel antes do estabelecimento de um rei
Propósito: Mostrar a nação à necessidade de a mesma ter um rei para lidera-los e que o
mesmo fosse temente ao Deus de Israel e soubesse conduzir o povo a adoração e a obediência
ao Senhor.
2.8 – Rute Autor: Desconhecido Data: Cerca de 1000
a.C.
Destinatários: A nação já no reino de Davi
Propósito: Mostrar a fidelidade do Senhor para com a moabita que passa servi-lo por amor e
cuidado com a sogra e a legitimidade do reinado de Davi mesmo tendo uma ancestral
moabita.
2.9 - 1 e 2 Samuel: Autor: Desconhecido
Data: 930 a.C.
Destinatários: Muitos acreditaram que foi escrito para a nação pós-exílio
Propósito: Mostrar a dinastia de Davi mesmo depois de sua descendência ter trazido muitos
problemas para a nação de Israel
2.10 - 1 e 2 Reis: Autor: Provavelmente
Data: 560 a 550 a.C.
Destinatários: Alguns acreditam que foi escrito no período do Exílio
Propósito: Mostrar o julgamento do Senhor através do exílio e despertar a nação para o
retorno ao Senhor para poderem voltar a sua terra.

Curso de Capacitação de Obreiros 71


2.11 - 1 e 2 Crônicas: Autor: Provavelmente Esdras
Data: 430 a 400 a.C.
Destinatários: A nação de Israel após o exílio
Propósito: Mostrar a nação a necessidade do reestabelecimento da nação logo após o retorno
do exílio
2.12 - Esdras – Neemias: Autor: Esdras - Neemias
Data: 430 a 400 a.C.
Destinatários: Aos judeus que viviam em Jerusalém após o exílio
Propósito: Incentivar os israelitas ao retorno ao Senhor, bem como a restauração dos muros e
do templo do Senhor.
2.13 – Ester: Autor: Desconhecido Data: 460 a
350 a.C.
Destinatários: A nação após o retorno do cativeiro no sec. 5 a.C.
Propósito: Mostrar a nação que o Senhor sempre providenciará um livramento para sua
nação e estabelecer a festa do purim como lembrete do livramento.

Após esses temos os livros poéticos ou a poesia hebraica que é


considerada os livros da sabedoria judaica.

2.14 – Jó: Autor: Desconhecido Data: 970 a


586 a.C.
Destinatários: A nação de Israel
Propósito: Mostrar os meios e usos da sabedoria proverbial nos relatos do sofrimento de
um justo.
2.15 – Salmos: Autor: Davi, Moisés, Salomão e outros Data: 1440 a
400 a.C.
Destinatários: A nação de Israel
Propósito: Os salmos são hinos que compõe a poesia hebraica e muitos são cantados em
várias cerimonias.
2.16 – Provérbios: Autor: Salomão, Agur e outros
Data: 960 a 686 a.C.
Destinatários: A nação de Israel
Propósito: Trazer para nação vários conselhos e advertências
2.17 – Eclesiastes: Autor: Salomão
Data: 930 a 586 a.C.
Destinatários: Ao povo de Israel no período do exílio
Propósito: Proporcionar ao homem uma visão de que vida debaixo do sol sem Deus é
vã.
2.18 - Cânticos dos Cânticos: Autor: Salomão
Data: 960 a 931 a.C.
Destinatários: O esposo escreve para esposa e ela escreve para eles

Curso de Capacitação de Obreiros 72


Propósito: Mostrar o amor entre um homem e uma mulher e ser um exemplo do amor
de Cristo para com a igreja.

Quanto aos profetas os chamamos de maiores quanto os menores.


Encontramos neles várias advertências para a nação de Israel, muitas delas
não foram ouvidas o que levou a nação ao cativeiro. As dez tribos que
constituíam o reino do norte foram levadas para a Assíria e as duas tribos do
reino do sul foram levadas para a Babilônia.

2.19 – Isaías: Autor: O profeta Isaias Data: 686 a


650 a.C.
Destinatários: A nação antes do cativeiro assírio e Judá antes do exílio
Propósito: Advertir os seus contemporâneos a serem leias ao Senhor, tanto os de Samaria
(capital do reino do norte) com também Judá (reino do sul). Suas advertências não fizeram o
povo converter-se ocasionando o cativeiro do reino do norte pela assíria.
2.20 - Jeremias – Lamentações: Autor: Jeremias e Baruque seu escriba/aluno; Data: 580 a
539 a.C.
Destinatários: A nação de Judá no período do cativeiro babilônico
Propósito: Mostrar a nação que estava no cativeiro os motivos do exílio e mostrar-lhes que
ao arrependerem-se o Senhor iria restaura-los a uma posição de honra novamente na sua terra
e entre as nações.
2.21 – Ezequiel; Autor: O profeta Ezequiel Data: 593 a
570 a.C.
Destinatários: A nação de Israel nos exílios assírio e babilônico
Propósito: Incentivar a nação a permanecer confiando no Senhor, para que fosse
reestabelecidos novamente para a sua terra e recebessem do Senhor a glórias de antes.
2.22 – Daniel: Autor: Daniel
Data: 539 a.C.
Destinatários: Os judeus após o exílio
Propósito: Mostrar aos exilados que estavam voltando para sua terra que o Senhor estava
controlando toda a história e que suas profecias sobre o futuro eram concretas.
2.23 – Oséias: Autor: O profeta Oséias
Data: 76 a 722 a.C.
Destinatários: As tribos do Reino do Norte
Propósito: Mostrar que o exílio assírio era o propósito de Deus para restaurar seu povo da
idolatria.
2.24 – Joel: Autor: O profeta Joel Data:
Desconhecida.
Destinatários: O Reino do Sul
Propósito: Mostrar que deveriam arrepender-se para escapar do juízo de Deus que viria com
o cativeiro e desfrutar das bênçãos do Senhor.
2.25 – Amós: Autor: O profeta Amós Data: 760 a
750 a.C.

Curso de Capacitação de Obreiros 73


Destinatários: O Reino do Norte e do Sul
Propósito: Mostrar o julgamento divino por causa da infidelidade.
2.26 – Obadias: Autor: O profeta Obadias Data: 586 a.C.
Destinatários: A nação de Israel
Propósito: Mostrar a nação que mesmo tendo adversidades por intermédio de edom
deveriam confiar no Senhor.
2.27 – Jonas: Autor: Provavelmente o Profeta Jonas Data: 750 a
613 a.C.
Destinatários: A nação de Israel
Propósito: Mostrar aos israelitas que a misericórdia do Senhor estender-se-ia a outras nações.
2.28 – Miquéias: Autor: O profeta Miquéias Data: 742 a
686 a.C.
Destinatários: Ao Reino do Norte e Sul
Propósito: Advertir Judá sobre o cativeiro assírio e chama-los a voltarem para o Senhor e
prepara-los para o cativeiro babilônico.
2.29 – Naum: Autor: O Profeta Naum Data: 970 a
586 a.C.
Destinatários: A nação de Israel
Propósito: Anunciar o julgamento de Nínive capital do império assírio.
2.30 – Habacuque: Autor: O profeta Habacuque
Data: 605 a 600 a.C.
Destinatários: A nação de Judá antes do exílio babilônico
Propósito: Advertir a nação a confiar no Senhor mesmo estando no cativeiro.
2.31 – Sofonias: Autor: O profeta Sofonias Data: 640 a
621 a.C.
Destinatários: A nação de Israel
Propósito: Convocar a nação ao arrependimento em face do cativeiro que estava por vir.
2.32 – Ageu: Autor: O profeta Ageu Data: 520 a.C.
Destinatários: A nação pós o cativeiro
Propósito: Convocar a nação para reconstrução do templo para que a nação pudesse
novamente cultuar ao Senhor.
2.33 – Zacarias: Autor: O profeta Zacarias Data: 520 a
475 a.C.
Destinatários: A nação após o cativeiro
Propósito: Mostrar a nação que deveriam receber as suas profecias, tanto as que traziam
julgamento, quanto as que traziam bênçãos do Senhor.
2.34 – Malaquias: Autor: O profeta Malaquias Data: 458 a
433 a.C.
Destinatários: A nação após o cativeiro
Propósito: Despertar a abatida nação de Israel para uma busca ao Senhor e crer em suas
promessas.

Curso de Capacitação de Obreiros 74


Os livros do Novo Testamento começam com os evangelhos que são
uma BIOGRAFIA de Jesus. Neles encontramos relatos sobre o nascimento
de Jesus, seu batismo, sermões, alguns milagres, morte e ressurreição. São
de extrema importância para a igreja cristã, pois neles tem-se o registro do
ministério de Jesus e seus apóstolos.
2.35 - Mateus – Marcos – Lucas – João: Autores: Mateus, Marcos, Lucas e João
Data: 60 a 90 d.C.
Destinatários: A igreja primitiva
Propósito: Mostrar aos primeiros cristões e gentis o relato da vida e obra de Jesus de Nazaré.
Trazendo assim uma pequena biografia de Jesus relatando o nascimento, crescimento,
batismo, milagres, sermões, morte e ressurreição.
O livro de Atos é praticamente uma continuação dos evangelhos,
mais precisamente o evangelho de Lucas que foram escritos, refiro-me a
Lucas e Atos, para certo homem chamado Teófilo. Nele temos o registro do
inicio da igreja e também da obra missionária, que foi realizada de forma
corajosa, por um Homem escolhido por Deus. Este era Saulo, que passou a
ser chamado de Paulo. E que teve a ousadia de levar o evangelho de Jesus a
vários lugares.
2.36 – Atos: Autor: Lucas Data: 60 a 64 d.C.
Destinatários: A Teófilo
Propósito: Trazer um relato do princípio da Igreja, bem como o chamado de Saulo que
passou a ser Paulo e o inicio de sua obra e viagens missionárias.

As epístolas de Paulo são um compêndio de ensinamentos para a


igreja do Senhor Jesus, ao ponto de até hoje, em pleno Sec. XXI termos
nelas um manual para o cristão saber como viver da forma digna para o
Serviço do Senhor Jesus no ceio da sua Igreja.

2.37 – Romanos: Autor: O Apóstolo Paulo Data: 55 a 57


d.C.
Destinatários: Aos cristãos em Roma
Propósito: Mostrar aos cristãos em Roma como deveriam obedecer ao evangelho e viver
uma vida cristã digna.
2.38 - 1 e 2 Coríntios: Autor: O Apóstolo Paulo
Data: 55 d.C.
Destinatários: Aos cristãos em Corinto
Propósito: Advertir a igreja a não viverem em desunião e orienta-los a usarem os dons
espirituais de forma correta e chama-los a viver uma vida voltada parta o Senhor Jesus.
Animá-los a aceitar a correção, pois os tratava como filhos.
2.39 – Gálatas: Autor: O Apóstolo Paulo Data: 49 a 55
d.C.

Curso de Capacitação de Obreiros 75


Destinatários: A igreja da Galácia
Propósito: Adverti-los a não darem ouvidos aos ensinamentos dos judaizantes que
ensinavam que a salvação viria pelo cumprimento dos rudimentos da Lei.
2.40 – Efésios: Autor: O Apóstolo Paulo Data: 60 a 62
d.C.
Destinatários: A igreja em Éfeso
Propósito: Mostrar aos cristões de Éfeso como eles deveriam servir a Cristo e as bênçãos
decorrentes de um bom serviço.
2.41 – Filipenses: Autor: O Apóstolo Paulo Data: 61 d.C.
Destinatários: A igreja em Filipos
Propósito: Agradecer a igreja da cidade de Filipos pela a ajuda que eles deram ao apostolo
no período de sua prisão e aos irmãos de Jerusalém.
2.42 – Colossenses: Autor: O Apostolo Paulo Data: 60 d.C.
Destinatários: A igreja em Colossos
Propósito: Mostrar a supremacia de Cristo sobre as demais formas de se adquirir a salvação.
2.43 - 1 e 2 Tessalonicenses: Autor: O Apóstolo Paulo
Data: 50 a 52 d.C.
Destinatários: A igreja em Tessalonica
Propósito: Mostrar o seu amor por eles , ensina-los na servirem a Cristo e como sucederia o
retorno de Cristo
2.48 - 1 e 2 Timóteo: Autor: O Apóstolo Paulo Data: 62 a 64
d.C.
Destinatários: Timóteo seu discípulo
Propósito: Trazer orientações a Timóteo sobre os falsos mestres em Éfeso e orienta-lo a
visita-lo em seus últimos dias.
2.49 – Tito: Autor: O Apóstolo Paulo Data: 62 a 64 d.C.
Destinatários: A Tito
Propósito: Convocar Tito a organizar a igreja em Creta, combater os falsos mestres e ensinar
aos cristãos a viverem para servirem ao Senhor.
2.50 – Filemom: Autor: O Apóstolo Paulo Data: 60 d.C.
Destinatários: A Filemom
Propósito: Interceder por Onésimo. Pedir a Filemom e rogar que o perdoasse e o recebesse
como irmão.
O Livro de Hebreus e as epistolas gerais trazem-nos um complemento para as
epistolas de Paulo, pois estão repletos de conselhos e advertência para os cristãos de
todas as épocas e lugares.

2.51 – Hebreus: Autor: Desconhecido Data: Antes de


70 d.C.
Destinatários: Os cristãos judeus da dispersão
Propósito: Mostrar que Cristo é o novo Sumo sacerdote de uma aliança superior a primeira.

Curso de Capacitação de Obreiros 76


2.52 – Tiago: Autor: Tiago o irmão de Jesus Data: 44 a 62
d.C.
Destinatários: Aos cristãos da igreja primitiva
Propósito: Mostrar como adquirir a sabedoria de Deus para saber suportar as tribulações
confiantes no Senhor.
2.53 - 1 e 2 Pedro: Autor: O Apóstolo Pedro Data: 60 a 68
d.C.
Destinatários: Possivelmente aos cristãos da Ásia Menor
Propósito: Mostrar aos cristãos que estavam sendo perseguidos que eles deveriam permanecer
firme na fé.
2.54 – 1, 2 , 3 João: Autor: O Apóstolo João
Data: 85 a 95 d.C.
Destinatários: Para o público especifico
Propósito: Na 1ª Carta escreve para um grupo de pessoas, sobre como deveriam ficar
alerta contra os falsos mestres que negavam a vinda de Jesus em carne. Na 2ª Carta
escreve para uma senhora ou igreja alertando-os sobre os falsos mestres e aconselhando-
os.Na 3ª Carta escreve para o seu amigo Gaio e os que estavam com ele incentivando-os
a serem hospitaleiros com aqueles que ministravam o evangelho.
2.55 – Judas: Autor: Judas o irmão de Jesus Data: 65 a 67
d.C.
Destinatários: Talvez para um grupo de igrejas
Propósito: Mostrar que pelo fato deles serem livres isso não davam aos mesmos o
direito de viverem uma vida de pecado.

O apocalipse mostra-nos a grandeza de Deus, bem como sua


soberania. Pois o mesmo mostra como o Senhor tem o controle da história
da humanidade e que tudo já esta decretado por ele. Refiro-me a volta do seu
filho para buscar a sua Igreja, os julgamentos dos ímpios e anjos que caíram.

2.56 – Apocalipse: Autor: O Apóstolo João Data: 66 a 95


d.C.
Destinatários: As sete igrejas da Ásia
Propósito: Mostrar que o Senhor esta no controle da história e que no final
recompensará os justos e punirá os injustos segundo ao seu propósito.

Assim temos um breve panorama dos livros da bíblia, lembrando


que a bíblia é um livro infindável e que necessitamos todos os dias termos o
contato com a escritura.
Para isso é preciso amá-la e conhecer o Deus que ela apresenta-nos.
Um Deus justo e misericordioso, mais também um Deus que puni os
desobedientes e infiéis. Sejamos fiéis a Deus para cumprirmos nossa missão

Curso de Capacitação de Obreiros 77


aqui na terra. Seguindo assim o conselho de Pedro quando aconselha-nos a
crescei na graça e no conhecimento do nosso Senhor Jesus Cristo.

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