1) A Reforma Protestante consiste na autoridade da Bíblia, justificação pela fé e renovação da adoração.
2) Lutero propõe uma abordagem da salvação que leva a Reforma para além da elite clerical.
3) A Reforma no Norte da Europa é luterana e multitudinista, enquanto na Inglaterra e França é mais humanista e elitista.
1) A Reforma Protestante consiste na autoridade da Bíblia, justificação pela fé e renovação da adoração.
2) Lutero propõe uma abordagem da salvação que leva a Reforma para além da elite clerical.
3) A Reforma no Norte da Europa é luterana e multitudinista, enquanto na Inglaterra e França é mais humanista e elitista.
1) A Reforma Protestante consiste na autoridade da Bíblia, justificação pela fé e renovação da adoração.
2) Lutero propõe uma abordagem da salvação que leva a Reforma para além da elite clerical.
3) A Reforma no Norte da Europa é luterana e multitudinista, enquanto na Inglaterra e França é mais humanista e elitista.
TEMÁTICA CHAUNU, PIERRE. O Tempo das Reformas. II (1250-1550), 1975. ● A Reforma é, no termo de um longo processo, uma mutação modificadora, umaa explosão. Insistiu-se durante muito tempo e demasiado exclusivamente na mutação. Faltava-mos estudar a continuidade que é superior à ruptura. No entanto, aquilo que contribui para estabelecer a diferença entre a primeira vaga (após um longo período preparatório dos séculos XIV e XV) da Reforma Protestante e a Reforma Católica é a explosão modificadora, a invenção inicial. (p. 157) ● A Reforma protestante consiste essencialmente em três coisas: uma ruptura que vai ao encontro de duas correntes autónomas, o humanismo e a soteriologia luterana (p.157) ● A Reforma protestante é, portanto, a autoridade da Sagrada Escritura, a justificação pela fé e a consciência de uma renovação; é, portanto, uma modificação na percepção da adoração (CHAUNU, 1975, p. 158) ● O verdadeiro arranque demográfico (1515-1530) corresponde aqui e ali, a um novo clima de vida, a uma esperança perante a vida, porque a morte recua, a mesma morte que tanto conquistou depois de 1330 e 1348, e que continua a ser poderosa no século XV (p.159) ● A primeira verificação é que a Reforma explode numa geração. O mapa que podemos desenhar por volta de 1550-1560 é quase definitivo (p. 159) ● Ora, é incontestavel que uma observação do mapa é suficiente para se verificar que a Reforma protestante é, na sua longa duração, um fenômeno do Norte (p. 161) ● A Reforma protestante faz com que a antiga cristandade perca tudo o que a missionarização ganhou, após a queda do império romano, para além das suas fronteiras (p.162) ● O fenômeno Reforma explode em primeiro lugar na periferia da cristandade (p.163) ● A Reforma protestante situa-se no período do crescimento acelerado do início do século XVI, a reforma católica apoia-se na segunda fase mais calma do século XVI, logo num período de estagnação e vence no tempo severo de um século XVII em regressão (p.163) ● A Reforma do Norte é luterana e multitudinista. (p. 170) ● [...] Lutero propõe sobretudo uma abordagem da salvação que impede que a Reforma da Igreja seja uma questão para os clérigos, uma questão de elite para elite. Por volta de 1520 a Reforma inicia-se em quase toda a parte, simultaneamente, em todo espaço privilegiado [...] (p. 170)
A Europa dos Estados poderosos: a Inglaterra e a França
● A Reforma, neste sector geográfico e social, é em geral humanista e, portanto, purificadora, reformadora, intelectualizante. (p. 172) ● Enquanto a Reforma luterana, nos paíse do Norte (a reforma saxônica), é uma decisão tomada no cume para o conjunto do povo, uma decisão que deve convencer e arrastar o corpo da Igreja, se quiser impor em situações por vezes difíceis, a Reforma humanista é elitista e beneficia de um eco social limitado, sendo por essência < aculturante > ( p. 172) ● A Reforma humanista elitista provoca aquilo que a Reforma luterana, multitudinista por essência, evita, isto é, uma corrente em sentido contrário, favorável à religião tradicional. Dá origem a uma estrutura favorável a um tradicionalismo católico de recusa , antes mesmo do aparecimento de uma verdadeira contra-Reforma católica. (p. 175) ● A Reforma humanista, muito mais que o modelo luterano, avança devido às suas exigências purificadoras, seguindo a priori uma linha em ziguezague, característica do movimento (p. 178) ● A partir da Confissão de Augsburgo (1530), as Igrejas dotam-se de Confissões. As Confissões remetem umas para as outras e constituem o seu próprio ponto de referência, formando uma continuidade (p.184) ● As histórias das Igrejas nascidas da Reforma desenvolvem-se segundo um ritmo que apresentam grandes semelhanças. À partida, uma fase evangélica acompanha a ruptura (p. 185) ● A saxônia, de 1521 a 1522, durante a estada desse Lutero em Wartburg, é talvez o melhor modelo. A Reforma é essencialmente congregacionalista na a fase evangélica [..] A comunidade escolhe os seus pastores, estabelece a sua liturgia, a sua disciplina e acima dela existe apenas uma confederação muito flexível de comunidades soberanas. Neste sentido, a Igreja é plural (p. 187) ● A fase evangélica é sem dúvida a mais rica do tempo da Reforma, além de ser também a fase da explosão (p. 187) ● A fase evangélica é uma fase crítica, de crítica construtiva, em que os gestos, as liturgias, o ensino doutrinal, a enorme construção teórica, a Sacra Doctrina tornada teologia, a construção jurídica do direito canônico, são submetidas a assembléias que se sentem inspiradas como uma primitiva Igreja, perante o olhar crítico de uma nova leitura da Sagrada Escritura, palavra de Deus. Daí o florescimento dos primeiros anos da Reforma. Com a necessidade de uma nova ordem ordem nas Igrejas da ruptura, ou de uma ordem renovada nas Igrejas de relativa continuidade, volta a surgir a necessidade de um corpo de doutrinas, tanto mais que a salvação pela fé apela à denição dogmática do conteúdo da crença. É claro que a fé não é a crença, da mesma forma que a salvação pela fé e as obras não implicam necessariamente a contabilização das indulgências (p.187- 188) ● A primeira Confissão nascida da Reforma, texto colectivo que expressa a fé de um conjunto de Igrejas é, talvez paradoxalmente, o símbolo de uma seita, os anabaptistas que escapam à repressão da revolta dos camponeses (p.192) ● No primeiro anabapbatismo alemão encontrammos o radicalismo de Carlstadt, o misticismo >socialista< de Muntzer, numa Alemanha sacudida pelo crescimento da população, a inversão da tendência das actividades e dos preços, e por um conjunto de difíceis ajustamentos sociais. Herdeiro e representante de movimentos ‘espirituais’ da Idade Média, o anabaptismo tem muitos pontos comuns com o primeiro luteranismo (p.193) ● Distingue-se do luteranismo pela sua recusa do Estado, que Lutero reverencia, e pela extrema relativização dos sacramentos. <O primeiro anabatismo, o de Thomas Muntzer, ‘teólogo da Revolução, não é no sentido etimológico, anabaptista, já que Thomas Muntzer e os seus discípulos, apesar de criticaraem o baptismo das crianças, nunca praticam o baptismo dos adultos>. Muntzer é um padre instruído, invadido pela mística medieval, na qual deposita a esperança milenaristra. Ligado a Lutero desde 1519, é pastor em Zwieken, na Saxônia, onde dirige um grupo de iluminados nascidos dos restos do taborismo tcheco. A sua mensagem separa radicalmente os eleitos dos condenados, numa perspectiva sectária, e concentra-se < na divinização dos eleitos, de uma forma que faz lembrar as especulações do espírito livre medieval, e na proximidade do milênio[...] Pensa que as armas tornariam mais rápida a vinda do reino de Deus>. Envolvido na revolta dos camponeses é feito prisioneiro durante a debandada de Frankerhausen e condenado à morte depois de ter reconhecido e confessado seus erros (p.193) ● [...] a Reforma é uma Reforma da Igreja, mais tarde torna -se a resposta a uma angústia que é partilhada por toda a condição humana durante um século, a Justitia passiva. (p. 209-210)