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Guia prático: o que é uma

stablecoin, como e quando


usá-la
16/04/2020

5 minutos de leitura

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Imagine uma criptomoeda cujo preço fica sempre muito próximo de 1 dólar. Pronto, isto é
uma stablecoin, cuja tradução literal é “moeda estável”. Desta forma, é possível unir a
transparência e segurança do blockchain à estabilidade da moeda fiduciária, os Reais, dólares e
Euros.

As stablecoins vem apresentando um grande crescimento em utilização, mostrando que existe


uma demanda por esses criptoativos. Além de utilizadas nas exchanges, servem também para
liquidar pagamentos de cartão de débito, e nas remessas internacionais, sem
intermediários ou taxas abusivas.

Esta tecnologia pode ser utilizada para qualquer tipo de lastro: ouro, Euros, petróleo, e até
mesmo o índice S&P500. O que garante esta paridade é a compra do ativo real por conta do
administrador responsável pela emissão da stablecoin.

O sucesso desse mercado foi tamanho, que os próprios governos e Bancos Centrais querem
migrar suas moedas para o padrão de ativos digitais. Desse modo, surge o CBDC, a moeda
digital emitida por bancos centrais, em fase de testes na China. O Brasil não quer ficar para trás,
e um grupo de estudo do governo prevê o lançamento em dois ou três anos.

Quer entender qual a diferença entre dinheiro tradicional e stablecoins? Acompanhe com o
Mercado Bitcoin as várias formas de lastro, garantia, e como é feita a paridade, mantendo a
cotação próxima do ativo-alvo.

Vantagens da stablecoin

Por que comprar uma criptomoeda que não apresenta potencial de alta? Existem três casos
básicos na qual sua utilidade e praticidade ajudam bastante no dia a dia:

1. Moeda forte: Precisamos lembrar que muita gente vive em países onde a moeda local é mais
fraca que o dólar, seja por conta da inflação, ou limitações nas transações impostas pelo
governo. A stablecoin neste caso funciona meramente como um dólar virtual, evitando assim a
necessidade de transacionar por contas bancárias ou pelos meios tradicionais, tipicamente
complexos e caros.

2. Saldo parado: Vamos imaginar um cenário onde o cliente optou por vender seu Bitcoin,
porém não quer deixar o valor parado na exchange ou transferir para sua conta bancária. A
stablecoin é uma excelente opção, já que traz a possibilidade da auto-custódia, ou seja, permite
ao cliente armazená-la em uma wallet (carteira) de sua responsabilidade.

3. Transferência entre exchanges: A transferência de valores entre exchanges sempre foi


possível no caso do Bitcoin e demais criptomoedas. No entanto, no caso da moeda fiduciária era
necessário sacar o valor, para em seguida realizar um depósito em outra exchange. Utilizando
stablecoins este processo é muito mais rápido e barato.

Acompanhe conosco neste outro artigo como funcionam as transações de bitcoin, incluindo


endereços no blockchain e taxas.

Classificação das stablecoins

Existem diferentes formas de se garantir o valor das stablecoins, sendo os quatro principais:

Cripto-colateralizadas

Possuem lastro em outras criptomoedas, logo toda a sua estrutura está fora do sistema financeiro
tradicional. Ou seja, não existe possibilidade de censura. O principal exemplo desse é a
stablecoin DAI, que possui lastro (garantia) em outras criptomoedas geridas por smart contracts,
os contratos digitais programáveis.

Para reduzir o risco da volatilidade do preço dos ativos de margem, geralmente estas stablecoins
são sobrecolateralizadas, ou seja, a garantia é maior do que o valor emitido.

Centralizadas

São as mais conhecidas, como a Tether (USDT) e USD Coin (USDC). Estas moedas são
pareadas na proporção 1 para 1 com o dinheiro fiat. Para emitir essas stablecoins, as empresas
precisam colocar uma quantidade equivalente de dinheiro em moeda fiduciária, como o Dólar,
Real ou o Euro em contas bancárias de uma instituição de confiança.

As stablecoins centralizadas apresentam riscos relacionados ao seu emissor, por exemplo, não
possuir reserva suficiente em moeda fiduciária. Este é o principal receio do Tether, criptoativo
que não apresenta uma auditoria transparente e regular.

Commodity-centralizadas

As stablecoins colateralizadas em commodities seguem o mesmo princípio das centralizadas


com o lastro em moeda fiduciária. A diferença é que seu lastro é em matérias-primas, por
exemplo, ouro físico, ou barris de petróleo.

A paridade destas stablecoins é feita com bens físicos, portanto seu valor está diretamente
relacionado a cotação da matéria-prima no mercado.

O lastro mais comum é o ouro, porém existem ofertas referente ao mercado imobiliário, além de
outros metais preciosos.

Não-colateralizadas

Também conhecidas como stablecoins baseadas em algoritmos, não usam ativos como colateral.
Este modelo experimental mantém a paridade em relação às moedas fiduciárias utilizando
plataformas descentralizadas.

Basicamente, os tokens em circulação podem ser destruídos ou emitidos conforme a variação em


sua cotação, buscando uma estabilidade. As principais vantagens das stablecoins não-
colateralizadas é não depender de entidades centralizadas, nem mesmo na questão do lastro.

Na ponta oposta, a principal desvantagem é o risco de um movimento forte quebrar a paridade,


ou de que informações externas incorretas causem grandes prejuízos.

Stablecoin do dólar
Vamos iniciar pelo caso mais simples, o dólar. O cliente realiza a transferência bancária de
2.000 dólares para o administrador da stablecoin. Em contrapartida, este administrador emite
2.000 tokens, e os envia para a carteira do cliente.

É necessário lembrar que esse token não tem obrigatoriedade de negociar por 1 dólar. Sua
cotação irá flutuar nas exchanges, embora sempre girando próximo deste valor. Se por algum
motivo fugir muito da paridade, provavelmente os arbitradores vão correr para buscar esse
ganho, levando novamente a moeda para próximo de 1 dólar.

A garantia de que o número de tokens em circulação é igual ao montante de dólares


custodiados, ou guardados, é de responsabilidade do administrador da stablecoin. Apresentar
balancetes auditados ajuda a trazer transparência, mas estes procedimentos variam de acordo
com cada emissor.

Principais stablecoins

As stablecoins que buscam a paridade com o dólar dominam o cenário, lideradas pela mais
antiga delas, o Tether USD (USDT). A seguir, o Mercado Bitcoin preparou um resumo com as
características das principais stablecoins:

Tether USD (USDT)

Foi a primeira stablecoin, e ainda se mantém como a mais negociada no mundo. Entretanto,
devido à falta de transparência e governança, é alvo de críticas e desconfianças por parte dos
investidores.

Para que os criadores do USD Tether mantenham o preço da stablecoin estável, eles precisam ter
um dólar como garantia em uma conta bancária para cada USDT emitido. A questão é que estes
dados não são transparentes, nem tampouco auditados por uma grande empresa. Sempre existiu
a suspeita de que não existem todos os dólares necessários para garantir o lastro.

O USDT segue crescendo fortemente apesar das críticas, e conta com um valor de mercado de
62 bilhões de dólares, um aumento de 10 bilhões ante o ano anterior.

USD Coin (USDC)

Foi criada por duas grandes empresas norte-americanas do ecossistema de criptoativos: Circle e
Coinbase. O emissor possui grande preocupação com a regulação, portanto todos os membros
precisam estar em conformidade com as leis locais onde operam.
A adoção da USDC tem crescido bastante, e atualmente é a segunda maior stablecoin lastreada
em dólares americanos, com valor de mercado superior a 26 bilhões de dólares. O total emitido
em 1 ano atrás era de 1,1 bilhão de dólares apenas.

Desde março de 2021, a empresa de cartões Visa utiliza a USDC para liquidar transações em sua
rede de pagamentos. Em julho de 2021, a Circle anunciou que pretende realizar a abertura de
capital na bolsa de Nova Iorque, dando ainda mais transparência para a empresa.

Dai (DAI)

Stablecoin mantida e regulada pela MakerDao, uma organização autônoma


descentralizada (DAO) controlada pelos donos do token MKR. Em conjunto, a DAI e a
MakerDAO são considerados um bom exemplo do DeFi, as finanças descentralizadas.

A stablecoin DAI possui lastro em Ethereum (ETH) e outras criptomoedas, sendo sua paridade
com o dólar atingida através de um mecanismo de rebalanceamento automático.

Esse crescimento na adoção levou seu total emitido a sair de $200 milhões em julho de 2020
para mais de $5 bilhões atualmente. Assim como a USDC, a stablecoin DAI é um token na rede
Ethereum, no padrão ERC-20.

PAX GOLD (PAXG)

Criptomoeda estável lastreada em ouro, onde 1 token de PAXG vale 1 onça troy (1 onça troy =
31,1 gramas) de uma barra de ouro armazenada em um cofre. A PAXG representa ouro físico
e o seu valor está diretamente relacionado ao valor do metal precioso no mercado.

A PAXG oferece aos clientes os benefícios da propriedade física de barras de ouro com a
velocidade e mobilidade de um ativo digital. Se assim desejarem, os clientes conseguem ter
propriedade parcial de uma barra física de ouro. A adoção dessa maneira de se comprar ouro
pode ser demonstrada pelo valor de mercado atual da PAXG, superior a 290 milhões de dólares.

Lembre-se que cada uma possui suas características próprias em termos regulatórios e forma de
distribuição ao mercado.

Como adquirir uma stablecoin?

Embora seja possível adquirir diretamente com o emissor, para isto é necessário uma conta
corrente em dólar, além de precisar atender as exigências de KYC, conheça seu cliente.
A maneira mais prática acaba sendo através das exchanges, seja trocando moeda fiduciária
(reais, euros, dólares) pela stablecoin desejada, ou vendendo outras criptomoedas em troca da
stablecoin.

Algumas exchanges internacionais não contam com entrada e saída de forma direta de valores
em moeda fiduciária. Outras obrigam a utilização de um parceiro (gateway), que cobra uma taxa
pela transação.

O Mercado Bitcoin, exchange brasileira líder em volume e número de clientes, trabalha


com as stablecoins lastreadas em dólar e ouro. Venha conhecer estes ativos e negociar valores
a partir de R$ 50.

Ficou com dúvida? A equipe da @usecripto explica o passo-a-passo da compra de dólar no


formato digital.

CBDC é uma stablecoin?

A adoção das stablecoins provaram que existe uma demanda, e os Bancos Centrais estão
desenvolvendo suas próprias moedas digitais, conhecidas como CBDC. As Central Bank Digital
Currencies, podem ser traduzidas para Moeda Digital de Bancos Centrais, porém há algumas
importantes distinções para as criptomoedas, inclusive as stablecoins.

A principal característica de uma CBDC é o emissor centralizado, tipicamente um governo


ou Banco Central. Desse modo, qualquer decisão de criar novas moedas, ou até mesmo alterar
regras de utilização, ficam a cargo desta entidade.

Em suma, mesmo que existam validadores para as transações, o sistema continua sujeito a
censura. Deste modo, o CBDC pode funcionar lado-a-lado da moeda fiduciária tradicional, se
necessário. No entanto, a proposta do CBDC não é competir com o Bitcoin e as
criptomoedas, mas sim com as stablecoins lastreadas.

Por exemplo, a justiça dos EUA pode obrigar o emissor do Tether ou USD Coin a bloquear
moedas de determinado endereço, e isso já ocorreu no passado. Dessa maneira, não é possível
afirmar que tais stablecoins são descentralizadas de fato.

No caso do CBDC, não é esperado o uso de blockchains públicas de livre acesso para registro
das transações, ao contrário das stablecoins.

Utilização no dia-a-dia
A maioria das stablecoins funciona como um token da rede Ethereum, no padrão ERC-20. Desta
forma, pode ser armazenado em qualquer carteira (wallet) que trabalhe com tais tokens.

O cliente ganha uma opção de armazenar por conta própria esta stablecoin, embora o
Mercado Bitcoin siga oferecendo a possibilidade de manter de forma gratuita, segura e
criptografada suas criptomoedas sob nossa custódia.

Caso deseje enviar a stablecoin ou qualquer outra criptomoeda diretamente de sua conta no
Mercado Bitcoin para outra exchange ou carteira, também é possível. Deve-se solicitar a
transferência de criptomoedas através de um navegador (browser) no site do Mercado Bitcoin.

Veja neste outro artigo como funcionam as transações de Bitcoin, endereços no blockchain, e


taxas de envio.

A tokenização de ativos, incluindo o dinheiro

Uma tendência irreversível no mercado é tokenização de ativos, ou seja, permitir a


movimentação em formato digital. Isso vale tanto para moedas fiduciárias, quanto imóveis,
ouro, títulos de renda fixa, fundos de investimento, precatórios, entre outros.

Os próprios governos e Bancos Centrais entenderam os benefícios da rastreabilidade,


transparência, segurança e agilidade conferida pelo blockchain e demais processos de
governança que regem as diferentes criptomoedas.

O lançamento de moedas fiduciárias neste novo formato (CBDC) é questão de tempo, e as


stablecoins nos mostram esse potencial. O principal desafio é a necessidade do público passar a
conhecer, utilizar e confiar no sistema de endereços, wallets e seeds, as palavras-chave de
segurança.

É por este motivo que o Mercado Bitcoin largou na frente e apostou no mercado secundário
de ativos alternativos, iniciando pelos tokens de precatório e de consórcio.

Nossa entrada no segmento de stablecoins visa dar mais oportunidades de investimento para
nossos clientes, trazendo os benefícios do blockchain e criptomoedas para ativos tradicionais,
que tradicionalmente possuem menor volatilidade.

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