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A BOLA DE
CRISTAL 2023
A BOLA DE CRISTAL 03.
O contraste é gritante para o ciclo que estamos vivendo em 2022, com uma das
maiores contrações monetárias da história, redução de liquidez e investidores
aversos ao risco.
Com isso, muitos investidores saíram do mercado e levaram o dinheiro com eles.
Hoje, quando olhamos para liquidez e capital fluindo dentro do mercado de cripto,
estamos próximo do que era visto em 2018. Um regresso grande em relação ao
que vimos nos últimos dois anos.
Porém, na Mercurius, acreditamos que demos um passo para trás para poder dar
dois para frente.
A pergunta que fica é: como estamos nos posicionando para nos protegermos de
possíveis novas tempestades a frente e, ainda assim, aproveitar essa retomada?
Vamos à elas?
Desde a quebra da Terra (LUNA) no meio do ano, que era a sexta maior
criptomoeda do mercado e perdeu todo seu valor em poucos dias, FTX e Alameda
aparentavam ter passado relativamente ilesas por esse processo.
Qual não foi a surpresa do mercado em Novembro quando ficou claro que:
1. Grande parte dos colateral que a FTX possuía para honrar o dinheiro dos
clientes estava na sua própria cripto (o token FTT, que podia ser impresso
ao bel-prazer de SBF);
3. Várias criptos do mercado eram muito mais frágeis do que pareciam, por
terem sido financiadas pela Alameda em seu começo e serem altamente
dependentes desse dinheiro que fluía a partir da FTX, além de terem, em
alguns casos, mais de 70% da sua oferta travada nos cofres da Alameda.
Todo esse episódio resultou em um grande ceticismo com relação aos tipos de
empresas centralizadas envolvidas nesse escândalo, que gerou prejuízos
bilionários.
RELATÓRIO MENSAL
7
DEFI FICANDO MAIS FORTE
CRIPTOS DEFI SE FORTALECENDO
Muitas pessoas acreditam que isso pode ter acontecido quando a Crypto.com
“acidentalmente” transferiu 80% do seu saldo de ETH para a Gate.io.
Coinbase Uniswap
Há quem diga que todo esse destaque das corretoras centralizadas foi só uma
fração da resiliência demonstrada pelas plataformas de empréstimos
descentralizadas. Realmente, a impressão é que os padrões regulatórios e de
auditoria exigidos de empresas centralizadas de empréstimos de cripto não
poderiam ser mais baixos — estamos falando de empresas como Celsius,
Voyager, BlockFi e Genesis.
Outra parte das empresas conseguiu esconder o prejuízo até a quebra da FTX,
porém, quando a liquidez das últimas linhas de crédito secou, os saques dos
usuários não foram honrados e toda a sujeira apareceu para o mundo.
Tudo começa com uma guerra anterior a essa: a guerra das plataformas de
primeira camada, ou plataformas de contratos inteligentes. A primeira plataforma
de contratos inteligentes foi a Ethereum e, no ciclo de alta de 2021, ela
experimentou uma explosão na demanda por transações, principalmente
relacionada ao uso de finanças descentralizadas e NFTs.
20,00
10,00
-
2019 2020 2021 2022
Atualmente, estamos vivendo um cenário econômico muito mais difícil, com taxas
de juros mais altas e o dinheiro dos investidores secando. A maioria das
plataformas concorrentes da Ethereum teve um desempenho muito abaixo do
esperado, fazendo com que as plataformas de segunda camada se destacassem
ainda mais como alternativas para os usuários, notadamente devido à elevada
compatibilidade com os aplicativos já disponíveis na Ethereum.
A própria Ethereum está preparando uma atualização que deve baratear ainda
mais os custos para algumas soluções de segunda camada, a EIP-4844. Em
contrapartida, esse cenário econômico de baixos investimentos também está
acirrando a disputa entre as próprias soluções de segunda camada para definir
quais serão as vencedoras dos próximos anos.
SIDECHAINS
OPTIMISTIC ROLLUPS
Aqui, incluímos redes como Optimism (OP), Arbitrum, Boba Network (BOBA) e
Metis (METIS). Os optimistic rollups dominaram uma grande fatia do mercado,
principalmente com o crescimento de Optimism e Arbitrum. Apesar de
apresentarem algumas limitações tecnológicas, os optimistic rollups
conseguiram conquistar uma base relevante de usuários, principalmente com sua
alta compatibilidade com os aplicativos da Ethereum.
ZK-ROLLUPS
A Arbitrum parece ser, dentre os optimistic rollups, a rede mais preparada para
suportar uma grande quantidade de usuários e se aproveitar da atualização EIP-
4844 da Ethereum, prevista para avançar no próximo ano.
PRÓXIMAS ATUALIZAÇÕES
Enquanto mais e mais ETH era depositado para obter os rendimentos do staking,
uma verdadeira indústria se formava, gerando bilhões de dólares em receita.
Realizar o staking de ETH nativamente exige que, além de lidar com a espera pelo
destravamento do capital, o investidor precisa possuir 32 ETH e um aparato
técnico especializado. Dessa maneira, foram sendo criadas alternativas para que
os usuários interessados em realizar o staking pudessem vencer essas
“barreiras”.
O “staking líquido” é a alternativa que se tornou mais popular para que pequenos
investidores pudessem fazer o staking dos seus ETH, significando transferir os
ETH para que outra pessoa realize o staking, e em troca ela emite um tipo de
comprovante, que garante que existe uma determinada quantia de ETH em
staking que pertence ao dono do comprovante. Quem está realizando o staking
cobra uma parte das taxas que são obtidas na rede.
A plataforma de staking líquido que é mais utilizada hoje é a Lido Finance (LDO),
um protocolo DeFi. Nela, um investidor deposita, por exemplo, 1 ETH na Lido e
recebe 1 stETH em troca. Este 1 stETH garante rendimentos e também o direito
a 1 ETH que está travado, aguardando as atualizações que permitirão os saques
na rede da Ethereum.
Arquitetura da Lido Finance
ETH ETH
ETH
stETH
Usuário Lido
Blockchain
Operadores
Além disso, o stETH pode ser utilizado como colateral para realizar empréstimos
em protocolos como a Aave, por exemplo, o que não seria possível caso fosse
apenas um ETH colocado em staking diretamente.
Usuário
Depositar ETH stETH +
DeFi como colateral rendimento do Piscina de
(Aave) staking staking da Lido
Com a conclusão da atualização que vai permitir que os ETH sejam nativamente
sacados, no longo prazo podemos observar uma entrada ainda maior de capital
nos depósitos de staking da Ethereum.
É interessante notar que essa maior previsibilidade em todo esse sistema ajuda a
criar a noção do staking na Ethereum como uma “taxa de risco baixo” dentro do
universo cripto – uma analogia à taxa de juros da economia dos EUA ser
considerada a taxa “risk free” (sem risco) do mercado tradicional.
Após ser enviada pelo usuário a transação fica em um tipo de “salinha de espera”
chamada de “mempool”. Esta salinha de espera é pública e todos podem ver as
transações que estão lá aguardando serem escolhidas por algum validador.
Compra de 90 reais
Taxa de 10 reais
Usuário Operação 1
Operação 2
Detecta a ordem
Operação 2
Blockchain
Além de toda a polêmica que as práticas de MEV geraram por si só, essa polêmica
piorou ainda mais quando transações de protocolos sancionados pelo governo
dos EUA começaram a ser efetivamente censuradas a mando do governo.
Ainda não está claro para o mercado como os problemas envolvendo MEV na
Ethereum serão resolvidos, mas existem alguns caminhos para isso.
Possivelmente, veremos o desenvolvimento de camadas de privacidade para que
as transações enviadas pelos usuários sejam protegidas, inclusive a própria
Chainlink (LINK) está trabalhando em soluções neste sentido.
Existe um setor ainda não tão bem estabelecido no mercado, mas que no futuro
pode resolver dois problemas que já custaram bilhões de dólares para
investidores no mercado cripto. É o setor das camadas zero (sim, mais uma
camada!).
As pontes que ligam blockchains são um velho oeste: falta segurança e sobram
roubos. Em 2022, hacks em pontes foram os mais comuns no mercado cripto e
deixaram muitos investidores céticos sobre um futuro com múltiplas redes.
Terra Snow
Gravity ChainSafe
Imagine que você possui o seu dinheiro distribuído entre várias contas em bancos
diferentes e precisa realizar uma compra de R$ 10.000. No entanto, em nenhum
desses bancos você tem, individualmente, saldo suficiente para realizar essa
compra.
Banco Saldo
Laranja R$ 5.000
Vermelho R$ 2.000
Roxo R$ 3.000
Azul R$ 1.000
Apesar disso, cada banco é útil em uma coisa: um deles te oferece um limite de
crédito maior, o outro tem um programa de milhas muito bom e o outro tem o
aplicativo de celular mais agradável.
Porém, dividir o seu dinheiro entre essas muitas redes pode dificultar muito a
realização de algumas operações, principalmente operações financeiras como
empréstimos e grandes trocas.
Apesar das camadas zero ainda serem projetos que estão mais presentes no
papel do que na realidade, talvez as dores que elas poderiam ser capazes de
resolver sejam as mais latentes no mercado cripto atualmente.
Talvez não vejamos uma camada zero plenamente funcional ainda em 2023, mas
sem dúvidas veremos uma enorme demanda para avançar esse tipo de solução.
1. Zetachain;
3. Polygon Avail; e
4. Chainlink CCIP.
As duas primeiras são protocolos que ainda não possuem suas criptos lançadas,
enquanto que as duas últimas são projetos específicos sendo criados pelos
times da Polygon (MATIC) e Chainlink (LINK), mas que devem usar as mesmas
criptos utilizadas por esses protocolos atualmente.
O ano de 2022 foi marcado por prejuízos recordes registrados, uma alta
correlação com o cenário macroeconômico, o estresse dos mineradores de Bitcoin
e a diminuição do financiamento de vários projetos. Todos esses fatores
contribuem para que 2023 seja um ano de consolidação, mas também podemos
chamar de ano de capitulação ou mesmo de ano das baleias.
A FESTA E A RESSACA...
Com base nestes fatores, fazia sentido a demanda do ecossistema cripto subir e,
consequentemente, seria esperado que isso refletisse no preço das criptos. Até aí
tudo faz muito sentido… porém, sem uma boa dose de especulação, dificilmente
os preços teriam se esticado tanto.
Nos últimos anos, vivemos uma era de taxas de juros baixas e altos estímulos
monetários sendo despejados no mercado pelos bancos centrais ao redor do
mundo, especialmente pelo Banco Central dos Estados Unidos, o FED.
20.000,00 3,5
3
15.000,00 2,5
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abr/20
jul/20
fev/20
fev/21
jan/20
set/20
jan/21
A inflação bateu na porta dos mesmos governos que antes deixavam suas
impressoras de dinheiro ligadas, e eles foram pouco a pouco forçados a adotar
uma política econômica contrária ao expansionismo, o que é chamado de
“contracionismo”.
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abr/22
jul/22
fev/22
set/21
set/22
jan/22
A quebra da Terra (LIUNA), que chegou a valer 40 bilhões de dólares e ser a sexta
maior criptomoeda do mercado, foi uma das maiores destruições de valor e
desalavancagens da história do mercado. Muitos fundos de investimento e
empresas de empréstimo estavam expostas à Terra (LUNA) e a outros
investimentos tão especulativos quanto, como criptos em estágio inicial e NFTs
extremamente inflados.
Dentre as empresas de cripto que sofreram com esse efeito dominó, está o fundo
de investimento 3AC, que possuía cerca de US$ 10 bilhões dos seus clientes,
além de várias empresas de empréstimos de cripto, como Celsius e Voyager.
A cereja neste bolo apocalíptico foi a quebra da corretora FTX, que embora tenha
permanecido camuflada durante mais tempo teve a quebra diretamente
relacionado à desalavancagem envolvendo a Terra (LUNA).
SÓ OS MELHORES SOBREVIVEM
A FASE DE ACUMULAÇÃO
É triste que esse mercado, que talvez seja o mais disruptivo e revolucionário das
últimas décadas, também tenha sido o mais afetado pela especulação e golpes
financeiros.
Entendemos que, mais do que nunca, nossa missão em 2023 está em ajudar
aqueles que foram afetados a encontrarem uma nova esperança. Cripto continua
sendo um oceano de boas oportunidades, e muitas agora estão mais baratas do
que nunca.
Caso você ainda não seja um desses 90 mil, te convido a clicar aqui e se inscrever
em nosso canal. Tem muita coisa pela frente no próximo ano!
Imagem de @cryptocya_
Orlando Telles
Diretor de Research e co-fundador da Mercurius Crypto. Atua com uma
visão ampla do mercado cripto, abrangendo desde as especificações
técnicas dos protocolos até a interação econômica entre eles, com uma
forte especialidade na arquitetura de protocolos de primeira camada.
Rafael Castaneda
Bacharel em Ciências da Computação e Mestre em Sistemas e
Computação pelo IME/RJ. Atuou profissionalmente em arquiteturas de
software há mais de 20 anos. Se juntou à Mercurius em 2021 como
analista de mercado e especialista em infraestrutura de blockchains.
Nicole Haddad
Bacharel em Ciências Econômicas, durante sua graduação, adquiriu 5
anos de experiência no mercado financeiro. Passou pela Aditus
Consultoria Financeira, Itaú Unibanco, SulAmérica Investimentos e
Pipeline Tech M&A. Entusiasta desde 2015, é analista de criptoativos
desde 2021 na Mercurius Crypto.
Carlos Henrique
Estudante da FEA-USP, Carlos iniciou sua trajetória no mercado
tradicional, com análises de empresas na Prometheus Asset
Management Jr. Se juntou ao time da Mercurius em 2021, atuando como
analista de criptoativos e Head de conteúdo.
Caio Ortega
Estudante do CECS-UFABC, Caio possui uma trajetória profissional
diversa, acumulando experiências no auxílio à tomada de decisão,
confeccionando relatórios, planilhas e mapas, além de aplicativos e
bancos de dados com ferramentas low-code e softwares livres.
LINKS ÚTEIS
• Site da Mercurius (clique aqui)
Qualquer investimento em renda variável pode causar perda parcial ou total do capital
utilizado. Por isso, o destinatário deste relatório deve sempre desenvolver suas próprias
análises e estratégias de investimento. Além disso, quaisquer decisões de investimento
devem partir do perfil de risco do investidor.