Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Abril de 2020
OROBORO
Há muito tempo os antigos descobriram que tudo tem ciclos. Este conhecimento permitiu
que se pudesse analisar os vários aspectos da vida e se percebesse que o indivíduo tem que se
sintonizar com estes ciclos para que possa viver melhor. Esta percepção é aplicada no trabalho,
analisando os vários pontos que uma aplicação passa no seu ciclo de vida, dando as diretrizes para
que se possa melhorar cada um destes pontos e, por conseguinte, melhora a aplicação como um
todo.
Entre os símbolos primordiais, a serpente é aquela que mais fortemente encerra toda uma
complexidade de arquétipos. Presente em todas as culturas, sua imagem mitológica assume
sempre um papel fundamental, associada que está, antes de tudo, à essência primordial da
natureza, à fonte original de vida, ao princípio organizador do caos, anterior à própria Criação.
A serpente guarda em si intrigantes paradoxos. Se por um lado exprime uma ameaça, já que
de seu veneno pode sobrevir a morte, por outro, resume no processo de renovação de sua pele
todo o intrincado mistério da vida, que se atualiza em movimento rejuvenescente.
circular e contínuo, todo o processo dinâmico e transformador da vida. Meu fim é meu começo, diz
a cobra nesse ato mágico de devorar-se e cuspir-se, a representar a unidade indiferenciada da vida
e seu caráter divino implícito na perfeição do círculo. À serpente devorando a própria cauda, os
alquimistas chamaram Oroboro. Tal palavra não consta da maioria dos dicionários e, em alguns
livros da Grande Obra, aparece grafada como ouroboros, principalmente na língua inglesa. Outras
fontes, menos comumente, escrevem-na uróboro.
Particularmente, o termo Oroboro é oportuno em nossa língua para nomear um símbolo cuja
singularidade é a de não ter começo nem fim, por meio de palavra tão especial, que pode ser lida
de trás para a frente sem prejuízo sequer de sua pronúncia, transmitindo a ideia de algo que se
expressa ciclicamente.
Etimologicamente, o termo tem curiosa explicação. Óros, em grego, significa termo, limite,
podendo ser também meta, regra ou definição; borós se traduz por boca, ou voracidade. Oroboro,
então, representa aquilo que se delimita ou se atinge pela boca, e também aquilo que se define por
sua própria função. Órobos, em grego, ainda significa planta, mais especificamente a alfarroba, fruto
da alfarrobeira, uma vagem de polpa doce e nutritiva indicada no tratamento das doenças
inflamatórias digestivas. O dicionário Aurélio traz para órobo o significado de cola, palavra que, além
de se referir a outro tipo de árvore, a Cola acuminata, também pode significar cauda, conforme
certos regionalismos do Brasil.
A serpente (ou em alguns casos dragão) que devora a própria cauda é um símbolo com mais
de 3000 anos, e que regularmente retorna à nossa consciência coletiva pelas mais diversas formas.
O Oroboro aparece pela primeira vez no Antigo Egito, onde representa o retorno de Rá,
encarnado no Sol, ao ponto de partida, depois de cruzar o céu e o submundo.
Daí viaja para a Fenícia, e depois para a Grécia onde recebe o nome pelo qual é atualmente
conhecido, e que significa aquele que devora a própria cauda, e onde é um símbolo da morte e do
renascimento.
Está relacionado com o tempo, representa o eterno e o ciclo das eras. Na alquimia é símbolo
da transmutação da matéria, e sinal de purificação.