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DO SUL
SILVANA G.S.TREVISAN
TERMO DEAPROVAÇÃO
BANCA EXAMINADORA
Prof.(a) -------------------------------------------------DATA____________
Dedico este trabalho aos “Meninos da Vila” das categorias de base do Santo
Futebol Clube que me permitiram fazer parte dos seus sonhos e das suas histórias de
vida.
Aos pais, familiares e responsáveis que confiaram na minha intervenção
profissional, como assistente social e coletivamente construímos saberes e
conhecimentos que levaremos por toda vida.
Compreenderam que a minha insistência na valorização da educação como
instrumento fundamental para o exercício da cidadania será sempre a melhor partida
neste campo de luta e reconhecimento social.
As e (os) Assistentes sociais que atuam no futebol nas categorias de base dos
clubes brasileiros, cujos sonhos, frustrações, contradições, reflexões e ética
profissional atuam neste campo de contradições e antagonia.
AGRADECIMENTOS
INTRODUÇÃO...........................................................................................................08
CAPITULOI O FUTEBOL NA CONTEMPORANEIDADE.........................................11
1.1. O avanço da legislação em torno das práticas desportivas: Futebol..............11
1.2. As práticas desportivas e o certificado de clube formador – CCF..................13
1.3. Categorias de base do futebol.......................................................................16
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................37
REFERÊNCIAS..........................................................................................................39
INTRODUÇÃO
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Para tanto o primeiro capitulo intitulado “O futebol na contemporaneidade
traz o cenário das legislações atuais a cerca das práticas desportivas”, nesse caso
especifico o futebol, introduzindo o conceito práticas desportivas e papel do clube
formador, as categorias de base e finaliza as desigualdades entre as categorias do
futebol.
O segundo capítulo “Conceito de Família e Reflexões sobre as Atuais
configurações” embasando todas as mediações a cerca desse trabalho a partir das
concepções da “A família contemporânea”.
E terceiro e último capitulo “A família dos atletas em formação e o serviço
social aborda a construção do Projeto Ético Politico do Serviço Social no futebol”
apresentando a influência da família sobre o processo de iniciação das categorias de
bases do futebol no futebol e o serviço social e as famílias dos atletas das categorias
de bases do futebol.
Objetivando estabelecer uma reflexão quanto aos eixos e concepções que
regem configuram o trabalho do profissional de serviço social junto aos atletas das
categorias de base e suas famílias, é realizado o estudo bibliográfico, mediado pelo
método qualitativo, que, sobretudo segundo Minayo (2001) justifica-se como forma
de entender a natureza de um fenômeno social. Visto que o problema apresentado é
produto da história e da sociedade, é extremamente cabível essa escolha.
O método qualitativo, que segundo é aquele capaz de incorporar a questão
do significado e da intencionalidade como inerentes aos atos, às relações, e às
estruturas sociais. O método qualitativo é importante na pesquisa desenvolvida, pois
se preocupa com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e
atitudes, o que corresponde ao universo mais profundo das relações, dos processos
e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.
Nesse estudo foi feito uma pesquisa bibliográfica, a partir da importância do
acompanhamento dos atletas das categorias de base. A pesquisa bibliográfica faz
parte de um trabalho investigativo minucioso em busca do conhecimento e base
fundamental para o todo de uma pesquisa, a elaboração de nossa proposta de
trabalho justifica-se, primeiramente, por elevar ao grau máximo de importância esse
momento pré-redacional; como também se justifica pela intenção de torná-la um
objeto facilitador do trabalho daqueles que possivelmente tenham dificuldades na
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localização, identificação e manejo do grande número de bases de dados existentes
por parte dos usuários.
Lakatos e Marconi (1996) definem que “Pesquisar não é apenas procurar a
verdade; é encontrar respostas para questões propostas, utilizando métodos
científicos”, através desta ótica é possível notar que a pesquisa é algo mais amplo
do que se imagina em um primeiro momento. A pesquisa não se identifica apenas
como um processo de investigação, ou um modelo simplório de inquirição, sua
finalidade é possuir uma compreensão mais profunda sobre o tema levantado e
sobre a questão que direciona a pesquisa.
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CAPITULOI: O FUTEBOL NA CONTEMPORANEIDADE
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geral de sua regulamentação. Em 14 de abril de 1941, foram criados o Conselho
Nacional de Desportos (CND) e os Conselhos Regionais de Desportos (CRD). Mais
tarde, com a edição do Decreto-Lei nº 5.342 de 25 de março de 1943, estabeleceu
como competência do Conselho Nacional de Desportos a disciplina das atividades
desportivas, desta forma, o futebol foi reconhecido oficialmente como prática
desportiva profissional.
Através da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em 1º de maio de
1934, a relação de trabalho entre o atleta e a entidade desportiva passou a ser
regulamentada. No entanto, segundo Ferreira (2016), para o futebol ainda era
preciso estipular uma regulamentação própria para a prática esportiva, por se tratar
de uma atividade específica, com peculiaridades diversas. Desta forma:
Esta foi a primeira legislação que tratava do futebol profissional, com ela a
prática desportiva de futebol passou a ser regulamentada e o termo jogador de
futebol foi regulamentado como profissão. A partir daí temos uma nova fase deste
esporte, fase esta em que os clubes se transformaram em grandes empresas,
caracterizando o processo de modernização do futebol como excludente, na medida
em que as oportunidades e a inserção nesses clubes passaram a ser cada vez mais
difíceis devido à grande concorrência e ao desenvolvimento de habilidades para o
futebol desde muito cedo. As consequências desta nova fase podem ser percebidas
na atual realidade.
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Após a Constituição Federal de 1988, as leis 8.672/93 (Lei Zico) e a
9.615/98 (Lei Pelé).Estas duas leis propõem princípios e diretrizes para a
organização e funcionamento das entidades esportivas e principalmente, visaram
mudanças nas questões do futebol. A lei Zico instituiu normas gerais sobre o esporte
no Brasil e ainda, abriu caminho para a discussão sobre a relação atleta e clubes.
Além disso, apresentou uma visão mais detalhada sobre o que se entende por
desporto, reafirmando o que a CF de 1988 já havia apresentado. Outro fator
importante desta lei é que, a mesma reduziu drasticamente a interferência do Estado
sobre o esporte, passando um pouco deste poder para a iniciativa privada.
A Lei Pelé tratou de abordar mais uma vez o debate sobre a relação entre
clubes e jogadores, desta forma, determinou que a Lei nº 6.354 (lei do passe)12
fosse extinta, a qual vigorava desde 1976. Esta lei determinava que os jogadores
continuassem vinculados aos times de futebol mesmo após o término de seus
contratos. Com o fim desta lei, os jogadores poderiam exercer o direito de profissão
atrelado aos seus clubes.
Em 2003, a partir da Resolução CNE n.1 de 23 de dezembro, com intuito de
aglomerar todas as regras disciplinares de diferentes modalidades esportivas criou-
se o Código Brasileiro de Justiça Desportiva – CBJD:
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1.2. As Entidades práticas desportivas e o certificado de clube formador -
CCF
O atleta em formação deve ser tratado com respeito e não como mero
produto do mercado do futebol, são vidas que vão além das quatro linhas.
15
Em uma sociedade como a nossa, que se organiza por esta lógica de
mercado, as pessoas são importantes enquanto são produtivas e quando
não produzem, é como se já não fossem nem sequer seres humanos. É
Impressionante constatarmos como o econômico invade as relações sociais
e como certas práticas retiram cidadania dos sujeitos, fragilizando a sua já
frágil condição humana. Não dialogam com os sujeitos em sua plenitude,
desconsideram a sua consciência politica, reduzindo o campo de
intervenção do Serviço Social ao mero atendimento pontual a solicitação
das pessoas. Nosso ato profissional é muito mais pleno do que o
atendimento imediato da solicitação. “É muito maior do que isso.” (Martinelli,
2006, pg. 83).
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As categorias de base no departamento de formação de atletas são (ou
deveriam ser) a principal fonte de abastecimento e inclusão de novos atletas à
categoria profissional de um clube de futebol. No entanto, muitos clubes ainda vêem
as categorias debase como uma atividade de custo alto e, infelizmente, a formação
de atletas em muitos casos não recebe a atenção necessária e merecida em
investimento de infraestrutura e recursos humanos.
Esta importante formação profissional tem sido fiscalizada pelo Ministério
Público do Trabalho, pois alguns clubes cometem negligências e para funcionar
corretamente e com eficácia, o clube precisa de uma estrutura específica para estes
atletas, tais como: campos de treinamento; alojamentos salubres; profissionais
capacitados que atendam cada categoria; bem como, a garantia de seus direitos às
necessidades básicas como: alimentação adequada; saúde; educação e moradia;
convivência familiar e comunitária; dentre outras como preconiza a CF, ECA ,a Lei
Pelé e o Manual de formação desportiva da ESPM do MPT.
No Brasil, as divisões de base dos clubes de futebol profissionais são
classificadas por categorias, sendo: SUB 11- SUB 13 – SUB 15- SUB 17-SUB 20,
que correspondem as seguintes idades: Fraldinha (7 a 9 anos), dente de leite (10 a
11 anos), pré mirim ( 11 a 12 anos), infantil (14 a 15 anos), infanto juvenil ( 15 a 16
anos), juvenil (17 a 18 anos), e júnior (17 a 20 anos) .
Esses conceitos servem para entendermos como são classificados por faixa
etária e que as atividades pedagógicas esportivas deverão ser compatíveis
respeitando os aspectos, fisiológicos, cognitivos, psicológicos e sociais.
Aos atletas acima de 14 anos pratica o desporto de rendimento com a
finalidade de obter resultados e integração entre pessoas e comunidades do país e
com as de outras nações. Ainda assim podemos considerar que as competições
podem trazer rebatimentos tanto positivo, quanto negativos para os atletas,
dependendo de como estas serão utilizadas. Quando as competições são utilizadas
a fim de emancipação social, integração e lazer, estas podem auxiliar na formação
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integral do atleta, nos aspectos cognitivo, social, físico, afetivo e nas atitudes
saudáveis.
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Para este processo é necessário o compromisso da sociedade em geral,
desta forma, cabe ao assistente social o papel de fazer esta interação a partir de
suas ações, levando em consideração os direitos sociais dos atletas preconizados
no Estatuto da Criança e do Adolescente, na Lei Pelé, no Manual de Formação
Profissional Desportiva do Ministério Público do Trabalho e norteando-se no Código
de Ética do Assistente Social e nos aparatos teórico-metodológicos os quais
dispõem o Serviço Social para sua intervenção profissional. Segundo Saraiva, esta
afirma que:
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CAPITULO II: CONCEITO DE FAMÍLIA E REFLEXÕES SOBRE AS ATUAIS
CONFIGURAÇÕES.
21
A contextualização da família na sociedade possui arcabouço diversificado
de conceitos, pois no processo histórico construído e modificado estão no processo
de transformações da sociedade.
Entretanto, desde as décadas de 1960 a sociedade brasileira vem passando
por transformações econômicas e sociais que acarretaram ainda mais a
concentração de renda e consequentemente a pauperização de grande parte da
população gerando o aumento da força de trabalho infanto-juvenil e feminina
(PORRECA, 2007).
Com a modernização ocorrida nos anos 1970, o setor industrial superou a
média dos demais setores da economia brasileira, fato que ficou conhecido como o
“milagre econômico”, viabilizando pesados investimentos em infraestrutura, nas
indústrias de base, na agroindústria de alimentos, grãos, carnes e laticínios.
No entanto, esse processo também intensificou a histórica desigualdade
social, com consequente empobrecimento de setores da população.
Diante dessas condições, a necessidade da contribuição do salário da
mulher como forma de acesso a novos bens de consumo também se intensificou,
Assim, grandes partes das famílias viram-se obrigadas a aumentar o número de
seus integrantes no mercado de trabalho como meio de ampliar a renda familiar e
assegurar a manutenção do nível de consumo doméstico (PORRECA, 2007).
A partir daí, o modelo de família passou por profundas modificações
socioculturais e afetivas. A inserção da mulher no mercado de trabalho, fez com que
a relação conjugal e o trabalho doméstico passassem a ser redefinidos; o advento
da pílula anticoncepcional, a diminuição do número de filhos, a valorização da
criança como um ser de direito, os movimentos políticos e a contracultura,
influenciaram diretamente a constituição da família, transformando, assim, as
relações de poder, tornando os papéis e tarefas do homem e da mulher, mais
igualitários, embora ainda hoje prevaleçam “resquícios culturais” da supremacia do
gênero masculino sobre o feminino, mas que apontam uma mudança significativa
para maior equilíbrio entre eles. (SENAD, 2011).
Nesse sentido GOLDANI (1994), pontua que além das esposas, os filhos
também passaram a participar mais intensamente nas atividades do mercado de
trabalho e na renda monetária familiar, compartilhando com o chefe, seja homem ou
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mulher, as responsabilidades de manutenção da família, e promovendo uma
redefinição nos padrões de hierarquia e sociabilidade.
Podemos dizer então, que chegamos ao século XXI com a família pós-
moderna ou pluralista, como tem sido chamada, pelos tipos de convivência que
apresenta.
Simionato & Oliveira (2003), assinalam que nas últimas décadas falou-se
muito a respeito da “crise da família” em uma alusão à baixa taxa de fecundidade, ao
aumento da expectativa de vida e, consequentemente, à crescente proporção da
população com mais de 60 anos. Além disso, as autoras também aludem ao declínio
do casamento e a banalização das separações como fatores constituintes de tal
“crise”. E ainda acrescentam que o que caracteriza esse processo a que se chama
de crise, não é propriamente o enfraquecimento da instituição família, e sim o
surgimento de novos modelos familiares. Os laços de consanguinidade, as formas
legais de união, o grau de intimidade nas relações, as formas de moradia, e o
compartilhamento de renda, são algumas dessas variáveis que, combinadas,
permitem a identificação de diversos tipos de arranjos familiares.
A família deixa de ser aquela constituída unicamente por casal formal. Hoje,
diversifica-se e abrange as unidades familiares formadas seja pelo
casamento civil ou religioso, seja pela união estável; seja grupos formados
por qualquer um dos pais ou ascendentes e seus filhos, netos ou sobrinhos,
seja por mãe solteira, seja pela união de homossexuais (mesmo que ainda
não reconhecida por lei). Acaba, assim, qualquer discriminação relacionada
à estrutura das famílias e se estabelece a igualdade entre filhos legítimos,
naturais ou adotivos. (LOSACCO. 2009. Pg 39)
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Nessa perspectiva, podemos considerá-la como um sistema social
responsável pela transmissão de valores, crenças, ideias e significados que estão
presentes na sociedade, uma vez que esta é a mediadora entre o homem e a
cultura, constituindo uma unidade dinâmica das relações de cunho afetivo e social.
Portanto, podemos afirmar que a família tem um impacto significativo, e uma forte
influência no comportamento dos indivíduos, desde a infância e durante todo o seu
desenvolvimento. E além de se adaptar às mudanças decorrentes do crescimento
dos seus membros, tem também a tarefa de manter o bem estar psicológico de cada
um, buscando sempre nova estabilidade nas relações familiares.
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CAPÍTULO III:A FAMILIA DOS ATLETAS EM FORMAÇÃO E O SERVIÇO SOCIAL
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Segundo Iamamoto (2008), temos a questão social como base de fundação
sócio histórico do Serviço Social no Brasil, que consiste em apreender a prática
profissional como trabalho e o exercício profissional inscrito em um processo de
trabalho.
Os Assistentes Sociais trabalham com a questão social nas suas mais
variadas expressões cotidianas. Volta-se para o atendimento das desigualdades que
a população sofre nas mais diversas áreas, como a saúde, a habitação, a
assistência social, a educação, entre outras.
Sendo um profissional que não trabalha com fragmentos da realidade social,
ele atua com demandas individuais que analisadas revelam situações não
exclusivas de um determinado individuo. Isso permite ao profissional, diante das
condições de vida dos usuários, à luz de uma perspectiva teórico-critica intervir na
realidade de forma mais concreta, não agindo apenas sobre a face mais imediata do
problema. Descobrindo novas expressões da questão social.
Uma competência estratégica e técnica (ou técnica político) que não reifica
o saber fazer, subordinando-o à direção do fazer, recusando os
espontaneísmos, os voluntarismos, os determinismos e demais “irmos” que
incidem o exercício profissional, desviando as rotas desejáveis da ação
(IAMAMOTO, 2007, p. 184).
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realidade social. Além disso, é importante a produção de conhecimento, que serve
como base de estudo para a intervenção profissional, pois o assistente social atua
sempre sobre um objeto de trabalho, e para tal atuação ocorrer de forma eficaz é
preciso o conhecimento da realidade para apreender as relações sociais de cada
meio.
Um dos maiores desafios que o Assistente Social vive no presente é
desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de
trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de
demandas emergentes no cotidiano. Em fim, ser um profissional propositivo
e não só executivo. (IAMAMOTO, 2008, p.20)
A família seja qual for a sua configuração, nuclear, mono parental, adotiva,
homoafetiva, estão inseridas na sociedade de consumo e buscam alternativas
imediatas para distanciar-se da desigualdade social e o futebol oferece essa
possibilidade.
A família enquanto unidade de produção social e biológica constitui-
se também como unidade de cooperação econômica e de consumo
coletivo de bens materiais e simbólicos. As possibilidades de
consumo estão relacionadas a heterogeneidade dos atributos sociais
de seus integrantes, como idade, grau de escolaridade, ocupação,
forma de inserção no mercado de trabalho, e repertório cultural, que,
conjuntamente, conferem a cada um deles possibilidades
diferenciadas de auferirem determinado rendimento.( MARX, 2006,
p.45)
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Outra questão muito importante é sobre a autorização que as famílias
assinam para os filhos acima de 14 anos, ficarem alojados dentro ou próximos dos
clubes, prejudicando a sua convivência familiar tão preconizado pela CRF/88. e pelo
ECA/90.
O direito à convivência familiar e comunitária é tão importante quanto o
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito e à liberdade. A nossa constituição diz que a
“família é à base da sociedade” (art. 226) e que compete a ela, ao Estado, à
sociedade em geral e às comunidades “assegurar à criança e ao adolescente o
exercício de seus direitos fundamentais”
Os clubes devem garantir o direito de convivência familiar, nem sempre as
famílias que moram fora do estado dos alojamentos tem condições financeiras para
pagarem as passagens. Esses adolescentes não podem ficar impossibilitados de ir e
vir e deixar de manter os vínculos afetivos e familiares. No planejamento do clube
formador no orçamento anual os valores para passagens aéreas ou terrestres
deverão ser disponibilizados para propiciar a ida e vinda dos atletas alojados e
garantir seu direito a convivência familiar.
Este cenário apresentado faz parte da dinâmica da formação dos jogadores
brasileiros e é neste contexto que a (o) assistente social faz sua intervenção com as
famílias, e os gestores dos clubes brasileiros.
Estruturando suas ações balizadas no aporte teórico e metodológico, dentro
desta análise de conjuntura, com critica estruturada a (o) assistente social orientará
os pais a refletirem sobre a importância da formação educacional para que a carreira
de jogador seja promissora dentro e fora das quatro linhas.
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observadas no Brasil na década de 30, que são geradoras das expressões da
questão social, objeto de trabalho do assistente social.
A profissão passou por inúmeras modificações no processo histórico, e no
seu princípio tinha caráter caritativo, assistencialista e benevolente atrelado à
religião que estabelecia aos assistentes sociais um trabalho de caridade e
benevolência para com os em situação de carência (IAMAMOTO, CARVALHO,
2008).
A profissão foi se estruturando ao longo dos anos até romper com o Serviço
Social assistencialista e conquistar as dimensões teórica metodológica, ética, politica
e técnico-operativa, após o movimento de reconceituação. Movimento esse que
colocou o trabalho social num processo de ruptura com o assistencial beneficente,
passando a ser visto como um trabalho politicamente orientado, crítico ao
capitalismo e à exploração, observando o ser humano como um sujeito histórico
dentro de um processo (Netto, 2001).
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O desvelamento das condições de vida dos sujeitos atendidos permite ao
assistente social dispor de um conjunto de informações que, iluminadas por
uma perspectiva teórica critica, lhe possibilita aprender e revelaras novas
faces e os novos meandros da questão social que o desafia a cada
momento no seu desempenho profissional diário. (IAMAMOTO, 2007, p.67).
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O clube formador tem que ter compromisso ético com a legislação e promover
garantias, com a educação como proposta de plano de carreira. A assistente social
atua neste cenário para intervir nas relações e erradicar práticas dolosas que
ocorrem no cotidiano do processo de formação neste esporte dentro dos clubes.
De acordo com a Lei 9.615/1998 que institui normas gerais sobre desporto e
dá outras providências, também conhecida como lei Pelé, para que a entidade de
prática desportiva seja reconhecida como formadora de atletas, esta precisa, além
de outros requisitos: garantir assistência educacional, psicológica, médica e
odontológica, assim como alimentação, transporte e convivência familiar.
O assistente social dentro dos clubes formadores de atletas das categorias
de base do futebol trabalha para garantir todos os direitos dos atletas, pautados no
ECA, CF, Lei Pelé, Manual de formação profissional desportiva do MPT e o Código
de ética do Assistente Social, bem como proporcionando ações legitimas que
fortaleçam a manutenção dos vínculos familiares.
O Serviço Social reconhece a necessidade de uma ação preventiva
direcionada aos atletas em formação,
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Gerar propostas de incentivo a essa formação estruturada na realidade de
possibilidades e impossibilidades que a profissão de atleta profissional de futebol
traz no seu contexto histórico.
Orientá-los que a escolarização dará subsídios para um segundo plano
profissional na área esportiva caso não consigam realizarem seus sonhos e de seus
familiares.
A inserção de assistentes sociais nas categorias de base do futebol vem ao
encontro das luta pela ampliação das condições de acesso aos direitos das crianças
e dos adolescentes como institui o Estatuto da Criança e do Adolescente, tendo em
vista que, as categorias de base são nada mais nada menos que, uma reserva para
a categoria profissional dos clubes de futebol. É nesta dinâmica contraditória que se
inscrevem os assistentes sociais nestes espaços.
Desta forma, o trabalho do profissional assistente social nas categorias de
base do futebol são atividades que englobam ações junto às famílias, comissão
técnica, psicologia do esporte, pedagogia, médicos, supervisores, gerentes e toda
rede que compõem esta formação, assim como outros gestores e gestoras dos
estabelecimentos públicos e privados, às instâncias de controle social e aos
movimentos sociais, ou seja, ações coletivas, de investigação, de articulação, de
formação e capacitação profissional, não são somente ações individuais.
Na medida em que a prática da assistente social possui diferentes olhares,
tendo o desafio de trabalhar sempre na perspectiva da totalidade. Para isto, ressalta-
se a importância de o profissional ter competência teórica e política as quais
permitam que este desenvolva estratégias e procedimentos de ação em diferentes
espaços sócios ocupacionais.
Atualmente no futebol brasileiro tem aproximadamente 45 assistentes sociais
trabalhando, sendo um avanço para a profissão, mas ainda temos um desafio que é
tornar obrigatoriedade a sua contratação através das Leis Desportivas.
Legitimando nosso espaço e fortalecendo o principio ético profissional do
assistente social no compromisso com a defesa e proteção integral dos direitos das
crianças e adolescentes brasileiras.
37
REFERÊNCIAS
_______. Lei Federal n.9.615 de 24 de março de 1998: Institui normas gerais sobre
desporto e dá outras providências. Disponível em: Acesso em: 06 mai. 2017.
38
COSTA, Selma Frossard. O Serviço Social e o Terceiro Setor. Serviço Social em
revista. Departamento de Serviço Social da Universidade Estadual de Londrina. v.7,
n.2. jan/jul 2005.
FERREIRA, Matheus Viana. Origem e regulamentação do futebol. São Paulo, 2016;
39
MARTINELLI, M. L. Serviço Social: identidade e alienação. São Paulo: Cortez, 10ª
edição, 2006.
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