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FACULDADE PAULISTA DE SERVIÇO SOCIAL DE SÃO CAETANO

DO SUL

SILVANA G.S.TREVISAN

A INTERVENÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO TRABALHO COM AS


FAMÍLIAS DOS ATLETAS DAS CATEGORIAS DE BASE DO
FUTEBOL.

SÃO CAETANO DO SUL


2017.
SILVANA G.S.TREVISAN

A INTERVENÇÃODO SERVIÇO SOCIAL NO TRABALHO COM AS


FAMÍLIASDOS ATLETAS DAS CATEGORIAS DE BASE DO
FUTEBOL.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Faculdade Paulista de Serviço Social de São
Caetano do Sul como requisito para a obtenção
parcial do título de Pós Graduado em Fundamentos
Históricos, Teóricos e Metodológicos no Trabalho
com Famílias.

Orientador-Prof. DrºAxel Gregoris de Lima

SÃO CAETANO DO SUL


2017
FACULDADE PAULISTA DE SERVIÇO SOCIAL DE SÃO CAETANODOSUL
CURSO ESPECIALIZAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

TERMO DEAPROVAÇÃO

A INTERVENÇÃODO SERVIÇO SOCIAL NO TRABALHO COM AS FAMÍLIASDOS


ATLETAS DAS CATEGORIAS DE BASE DO FUTEBOL.
SILVANA G.S.TREVISAN

BANCA EXAMINADORA

Prof.(a) -------------------------------------------------DATA____________

SÃO CAETANO DO SUL


2017.
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos “Meninos da Vila” das categorias de base do Santo
Futebol Clube que me permitiram fazer parte dos seus sonhos e das suas histórias de
vida.
Aos pais, familiares e responsáveis que confiaram na minha intervenção
profissional, como assistente social e coletivamente construímos saberes e
conhecimentos que levaremos por toda vida.
Compreenderam que a minha insistência na valorização da educação como
instrumento fundamental para o exercício da cidadania será sempre a melhor partida
neste campo de luta e reconhecimento social.
As e (os) Assistentes sociais que atuam no futebol nas categorias de base dos
clubes brasileiros, cujos sonhos, frustrações, contradições, reflexões e ética
profissional atuam neste campo de contradições e antagonia.
AGRADECIMENTOS

Em especial a Profa. Ilda Lopes Rodrigues da Silva, representante do


CBCISS e da PUC-RJ, que proporcionou um espaço de discussão e reflexão,
através do Seminário Nacional do Serviço Social no Mundo do Futebol .
A minha sogra e amiga Dalva A.L. Trevisan que me admira, verbaliza e
vibraem todas as conquistas da minha vida pessoal e profissional.
Ao meu grande companheiro e marido José Luciano Trevisan que esta
sempre do meu lado, cúmplice do meu trabalho no futebol e acredita assim como eu
que a familia é à base de tudo.
Aos meus filhos Luciano e Luana Trevisan que há 21 anos me acompanham
nesta trajetória universitária e profissional e que entenderam os valores sobre amor,
desapego e liberdade.
A minha nora Silvia Rocha Trevisan que concebeu no seu ventre o meu neto
Bruno,que irradia, o desejo e a vontade de acreditar que devemos e podemos
mudar o rumo da história das crianças e dos adolescentes brasileiras.
Ao Meu genro Daniel Furió, que trouxe para nossa familia a energia de viver e
ser feliz, cada vez que o mundo diz que não.
Ao mestre Axel Gregoris que me proporcionou reflexões que quebraram
os paradigmas sobre a familia brasileira e suas atuais configurações.
EPÍGRAFE

“Lá... havia apenas crianças, e o tempo todo eu estava lá com


as crianças, apenas com as crianças. Eram crianças daquela
aldeia, toda a tropa que estudava na escola. (...)Pode-se dizer
tudo a uma criança- tudo;sempre me deixou perplexo a idéia de
como só grandes conhecem mal as crianças e os pais e mães
conhecem mal até os seus próprios filhos. Não se deve
esconder nada das crianças sob o pretexto de que são
pequenas e ainda é cedo para tomarem conhecimento. Que
ideia triste e infeliz! E como as crianças reparam direitinho que
os pais acham que elas são pequenas demais e não entendem
nada, ao passo que elas compreendem tudo. Os grandes não
sabem que até nos assuntos mais difíceis a criança pode dar
uma sugestão importante”
(Principe Michkin em O Idiota Dostoievsky)
LISTA DE ABREVIATURA

CCB – CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO


CRB/88- CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERAL DE 1988
ECA/90- ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE LEI 8069/90
ESPMU - ESCOLA SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO
COORDINFÂNCIA – COORDENADORIA NACIONAL DE COMBATE À
EXPLORAÇÃO DO TRABALHO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
LP/98 – LEI PELÉ N.9615/98
MPT- MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO
CBF – CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL
FPF – FEDERAÇÃO PAULISTA DE FUTEBOL
RESUMO

O objetivo do presente trabalho é apresentar a intervenção do Serviço Social no


trabalho com atletas das categorias de base do futebol e suas famílias. A maioria da
população brasileira idealiza essa profissão, desejando que seus filhos façam parte
dessa vitrine que é o futebol. Entretanto, tal sonho idealizado não traz consigo os
problemas e as dificuldades por quais passam os menores de idade na tentativa de
se tornar um craque. É através desse trabalho que pretendemos demonstrar a
realidade da formação dos atletas no futebol, tentando desmistificar o mito de todas
as crianças e adolescentes que querem se tornar um atleta profissional. Para isso,
pretendemos confrontar os aspectos legais Constituição Federal do Brasil,, Estatuto
da criança e do Adolescente – ECA, Lei Pelé dentre outras e os aspectos reais,
através das intervenções cotidiana do assistente social embasado no seu Projeto
ético político. Enfatizando sobre a importância da escolarização e a responsabilidade
da familia e dos gestores dos clubes sobre a garantia e proteção dos Direitos
fundamentais e Desportivos.

Palavra-chave: Atletas das categorias de base. Futebol, Famílias, serviço social.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................08
CAPITULOI O FUTEBOL NA CONTEMPORANEIDADE.........................................11
1.1. O avanço da legislação em torno das práticas desportivas: Futebol..............11
1.2. As práticas desportivas e o certificado de clube formador – CCF..................13
1.3. Categorias de base do futebol.......................................................................16

CAPITULO II CONCEITO DE FAMÍLIA E REFLEXÕES SOBRE AS ATUAIS


CONFIGURAÇÕES....................................................................................................21
2.1. A família contemporânea.................................................................................21

CAPÍTULO IIIA FAMILIA DOS ALTETAS EM FORMAÇÃO E O SERVIÇO


SOCIAL......................................................................................................................25
3.1. Aconstrução do Projeto Ético Politico do Serviço Social no
futebol........................................................................................................................25
3.2. Influência da família sobre o processo de iniciação das categorias de bases do
futebol no futebol........................................................................................................27
3.3. O serviço social e as famílias dos atletasdas categorias de bases do
futebol........................................................................................................................ 31

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................37

REFERÊNCIAS..........................................................................................................39
INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como proposta apresentar a intervenção do Serviço Social


no trabalho com os atletas das categorias de base do futebol e suas famílias. A
pretensão é trazer algumas reflexões sobre esse espaço sociocupacional, que o
Serviço Social em razão do seu desenvolvimento da práxis delineou novas formas
de intervir e defender a proteção integral Das crianças e adolescente que sonham
em se tornar atleta profissional do futebol.
O sonho de tornar-se um jogador de futebol profissional, adquirir “status”
social e melhores condições financeiras para si mesmo e, muitas vezes, para toda
sua família está presente em todas as “peladas” (práticas informais organizadas
pelos próprios participantes sem necessariamente seguir as regras e regulamentos
determinados pela federação ou órgão regulador do esporte) nas ruas e escolas do
Brasil.
Bibliograficamente no Serviço Social é quase inexistente, entretanto, o
caráter relativamente inédito nesta área foi estruturado nas bases teóricas,
metodológicas da construção de um projeto ética político profissional da (o)
assistente social.
A promulgação dos direitos fundamentais consagrado no artigo 227 da
Constituição Federal de 1988 e nos artigo 3 e 4 do Estatuto da criança e do
adolescente, Lei Federal 8.069/90 a criança e o adolescente são reconhecidos na
condições de sujeitos de direitos e não meros objetos de intervenção do mundo
adulto. A família tem neste contexto jurídico e social a responsabilidade de
proporcionar o seu pleno desenvolvimento e assegurar sua proteção.
As reflexões e os fundamentos teórico que pretendo apresentar são sobre o
imaginário social, que este esporte representa na vida dessas crianças e
adolescentes e seus familiares. As duras jornadas de treinos, jogos, viagens e a
rotina da família, a frequência na escola e o direito à prática desportiva possam
trazer benefícios para o seu desenvolvimento humano.
Fazer um paralelo da realidade e analisar o quanto as Leis desportivas e os
Direitos fundamentais referente à educação são legitimas, devendo ser cumpridas
neste período tão importante que é a adolescência.
.

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Para tanto o primeiro capitulo intitulado “O futebol na contemporaneidade
traz o cenário das legislações atuais a cerca das práticas desportivas”, nesse caso
especifico o futebol, introduzindo o conceito práticas desportivas e papel do clube
formador, as categorias de base e finaliza as desigualdades entre as categorias do
futebol.
O segundo capítulo “Conceito de Família e Reflexões sobre as Atuais
configurações” embasando todas as mediações a cerca desse trabalho a partir das
concepções da “A família contemporânea”.
E terceiro e último capitulo “A família dos atletas em formação e o serviço
social aborda a construção do Projeto Ético Politico do Serviço Social no futebol”
apresentando a influência da família sobre o processo de iniciação das categorias de
bases do futebol no futebol e o serviço social e as famílias dos atletas das categorias
de bases do futebol.
Objetivando estabelecer uma reflexão quanto aos eixos e concepções que
regem configuram o trabalho do profissional de serviço social junto aos atletas das
categorias de base e suas famílias, é realizado o estudo bibliográfico, mediado pelo
método qualitativo, que, sobretudo segundo Minayo (2001) justifica-se como forma
de entender a natureza de um fenômeno social. Visto que o problema apresentado é
produto da história e da sociedade, é extremamente cabível essa escolha.
O método qualitativo, que segundo é aquele capaz de incorporar a questão
do significado e da intencionalidade como inerentes aos atos, às relações, e às
estruturas sociais. O método qualitativo é importante na pesquisa desenvolvida, pois
se preocupa com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e
atitudes, o que corresponde ao universo mais profundo das relações, dos processos
e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.
Nesse estudo foi feito uma pesquisa bibliográfica, a partir da importância do
acompanhamento dos atletas das categorias de base. A pesquisa bibliográfica faz
parte de um trabalho investigativo minucioso em busca do conhecimento e base
fundamental para o todo de uma pesquisa, a elaboração de nossa proposta de
trabalho justifica-se, primeiramente, por elevar ao grau máximo de importância esse
momento pré-redacional; como também se justifica pela intenção de torná-la um
objeto facilitador do trabalho daqueles que possivelmente tenham dificuldades na

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localização, identificação e manejo do grande número de bases de dados existentes
por parte dos usuários.
Lakatos e Marconi (1996) definem que “Pesquisar não é apenas procurar a
verdade; é encontrar respostas para questões propostas, utilizando métodos
científicos”, através desta ótica é possível notar que a pesquisa é algo mais amplo
do que se imagina em um primeiro momento. A pesquisa não se identifica apenas
como um processo de investigação, ou um modelo simplório de inquirição, sua
finalidade é possuir uma compreensão mais profunda sobre o tema levantado e
sobre a questão que direciona a pesquisa.

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CAPITULOI: O FUTEBOL NA CONTEMPORANEIDADE

O futebol é considerado o mais famoso esporte coletivo que existe, sendo


este uma das maiores manifestações cultural. Ao longo da historia do Brasil o futebol
repercutiu que o jogo foi se tornando o grande espetáculo que é hoje, na qual
envolve: jovens, famílias, capital, mídia, distinção social, cultura, história, poder,
ascensão social e principalmente sonhos.

Inicialmente o futebol moderno era praticado pela elite inglesa, sendo


considerado apenas uma atividade cultural típica da burguesia. Na verdade,
o surgimento do mercado consumidor de espetáculos esportivos não é um
evento histórico, mas um processo mais ligado à popularização de sua
prática (LEONCINI, SILVA, 2005, p. 16).

1.1. O avanço da legislação em torno das práticas desportivas

Em alguns anos o futebol se tornou um fenômeno de massas, e por conta


disso foi o primeiro esporte a ir atrás da sua profissionalização. Em decorrência
disto, passou a ter uma maior atenção do Estado e da Justiça, principalmente a
trabalhista, tendo em vista que muitas pessoas passaram a se dedicar
exclusivamente a pratica do futebol para o seu sustento e de sua família.

Na escala evolutiva da legislação futebolística no Brasil, cumpre salientar


que esse esporte, inicialmente, foi organizado e administrado pela
Federação Brasileira de Sports (FBS), fundada em 1914. Em seguida, em
1915, foi criada a Federação Brasileira de Futebol (FBF). Ambas as
federações rivalizaram até 1916, ano em que se fundiram, dando origem à
Confederação Brasileira de Desportos (CBD) (FERREIRA, 2016, p. 1).

Durante o regime autoritário no Governo de Getúlio Vargas surgiram as


primeiras regras para o ramo desportivo. Em 1º de julho de 1938, o Decreto-Lei nº
526 instituiu o Conselho Nacional de Cultura, no qual coordenava todas as
atividades relacionadas ao desenvolvimento cultural do país, incluindo a Educação
Física. Em seguida, foi editado o Decreto-Lei nº 1.056 de 19 de janeiro de 1939, pelo
qual foi criada a Comissão Nacional de Desportos, com intuito de realizar estudos
sobre os problemas desportivos no país e apresentar ao Governo Federal o plano

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geral de sua regulamentação. Em 14 de abril de 1941, foram criados o Conselho
Nacional de Desportos (CND) e os Conselhos Regionais de Desportos (CRD). Mais
tarde, com a edição do Decreto-Lei nº 5.342 de 25 de março de 1943, estabeleceu
como competência do Conselho Nacional de Desportos a disciplina das atividades
desportivas, desta forma, o futebol foi reconhecido oficialmente como prática
desportiva profissional.
Através da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em 1º de maio de
1934, a relação de trabalho entre o atleta e a entidade desportiva passou a ser
regulamentada. No entanto, segundo Ferreira (2016), para o futebol ainda era
preciso estipular uma regulamentação própria para a prática esportiva, por se tratar
de uma atividade específica, com peculiaridades diversas. Desta forma:

No início dos anos 60, editou-se o Decreto-Lei nº 51.008, de 20 de julho de


1961, que foi o primeiro diploma legal a tratar especificamente da prática
desportiva profissional de futebol. Regulamentou a profissão de atleta de
futebol e dispôs acerca de sua participação em competições (FERREIRA,
2016, p. 1).

Esta foi a primeira legislação que tratava do futebol profissional, com ela a
prática desportiva de futebol passou a ser regulamentada e o termo jogador de
futebol foi regulamentado como profissão. A partir daí temos uma nova fase deste
esporte, fase esta em que os clubes se transformaram em grandes empresas,
caracterizando o processo de modernização do futebol como excludente, na medida
em que as oportunidades e a inserção nesses clubes passaram a ser cada vez mais
difíceis devido à grande concorrência e ao desenvolvimento de habilidades para o
futebol desde muito cedo. As consequências desta nova fase podem ser percebidas
na atual realidade.

É a evidência de uma realidade imposta pela relação capital-trabalho que


caracteriza nossa sociedade atual, na qual sonhos acabam sendo
explorados pelos donos do capital e nem mesmo as fronteiras geográficas
são consideradas, quando o principal objetivo torna-se a ascensão
financeira. [...] os trabalhadores não têm pátria no capitalismo, não
importando a fronteira, fenômeno que se estendeu a limites incríveis no
futebol – com jogadores brasileiros participando da seleção de países de
que ainda não tínhamos ouvido falar, vestindo estranhas camisas e gritando
gol em raríssimos idiomas (SARAIVA, 2007, p. 4).

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Após a Constituição Federal de 1988, as leis 8.672/93 (Lei Zico) e a
9.615/98 (Lei Pelé).Estas duas leis propõem princípios e diretrizes para a
organização e funcionamento das entidades esportivas e principalmente, visaram
mudanças nas questões do futebol. A lei Zico instituiu normas gerais sobre o esporte
no Brasil e ainda, abriu caminho para a discussão sobre a relação atleta e clubes.
Além disso, apresentou uma visão mais detalhada sobre o que se entende por
desporto, reafirmando o que a CF de 1988 já havia apresentado. Outro fator
importante desta lei é que, a mesma reduziu drasticamente a interferência do Estado
sobre o esporte, passando um pouco deste poder para a iniciativa privada.
A Lei Pelé tratou de abordar mais uma vez o debate sobre a relação entre
clubes e jogadores, desta forma, determinou que a Lei nº 6.354 (lei do passe)12
fosse extinta, a qual vigorava desde 1976. Esta lei determinava que os jogadores
continuassem vinculados aos times de futebol mesmo após o término de seus
contratos. Com o fim desta lei, os jogadores poderiam exercer o direito de profissão
atrelado aos seus clubes.
Em 2003, a partir da Resolução CNE n.1 de 23 de dezembro, com intuito de
aglomerar todas as regras disciplinares de diferentes modalidades esportivas criou-
se o Código Brasileiro de Justiça Desportiva – CBJD:

Com intuito de facilitar a compreensão e funcionamento das regras que


regem o desporto, pela busca de instrumentos jurídicos para prevenção,
mediação e resolução dos problemas e conflitos desportivos eminentes e
futuros; criou-se, então, o Código Brasileiro de Justiça Desportiva, uma vez
que este deve atender às exigências de qualidade e segurança do Sistema
Brasileiro Desportivo (FORLIN, 2007, p. 51).

É evidente que com a evolução do desporto no país, faz-se necessário cada


vez mais aperfeiçoar a profissionalização da prática esportiva de futebol. Neste
sentido, as leis criadas nas décadas de 1930 e 1940 as quais regulamentavam o
futebol ainda deixavam muito a desejar, no entanto, estas contribuíram
significativamente para que o esporte desse seu primeiro passo rumo à
profissionalização, deixando de lado o amadorismo predominante na época.

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1.2. As Entidades práticas desportivas e o certificado de clube formador -
CCF

A definição de entidade de prática desportiva, Segundo CAÚS, 2004 “As


entidades de prática desportiva são aquelas responsáveis pelas equipes e atletas
que disputam as competições organizadas e geridas pelas entidades de
administração do desporto” (2004, pg. 36)
O termo popular utilizado para definir a entidade de prática desportiva (EPD)
é clube, pois historicamente todas as entidades desportivas que contratavam atletas
eram constituídas na forma de associações civis com fins não econômicos, ou seja,
por meio de estatuto social, com assembleia geral de associados, direção e
conselho fiscal.
Após a Lei Pelé n.9.615/98, as entidades de prática desportiva se
transformaram em empresas, foi originada do artigo 27, este modelo constitui uma
administração de algumas atividades dos clubes de caráter empresarial. O
departamento de futebol e o de licenciamentos foram cedidos para serem
administrados de forma empresarial. O clube é mantido, mas terá participação no
capital social desta nova empresa podendo ser quotista, mas continuará sendo uma
associação civil com fins não econômicos.
Como estamos falando sobre formação de atletas é fundamental
compreender o conceito de clube formador e apresentar algumas exigências
jurídicas e sociais exigidas pela Lei Pelé, com a nova redação conferida pela Lei n.
12.395/2011, estabelece que, para o clube ser considerado “entidade formadora de
atleta”, deve satisfazer vários requisitos, previstos no § 2º do art. 29, entre os quais
estão os relacionados à escolarização e outros, conforme abaixo:

§ 2º É considerada formadora de atleta a entidade de prática desportiva


que:
I - forneça aos atletas programas de treinamento nas categorias de base e
complementação educacional; e
II - satisfaça cumulativamente os seguintes requisitos:
a) estar o atleta em formação inscrito por ela na respectiva entidade
regional de administração do desporto há, pelo menos, 1 (um) ano;
b) comprovar que, efetivamente, o atleta em formação está inscrito em
competições oficiais;
c) garantir assistência educacional, psicológica, médica e odontológica,
assim como alimentação, transporte e convivência familiar;
d) manter alojamento e instalações desportivas adequados, sobretudo em
matéria de alimentação, higiene, segurança e salubridade;
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e) manter corpo de profissionais especializados em formação técnico
desportiva;
f) ajustar o tempo destinado à efetiva atividade de formação do atleta, não
superior a 4 (quatro) horas por dia, aos horários do currículo escolar ou de
curso profissionalizante, além de propiciar-lhe a matrícula escolar, com
exigência de frequência e satisfatório aproveitamento;
g) ser a formação do atleta gratuita e a expensas da entidade de prática
desportiva;
h) comprovar que participa anualmente de competições organizadas por
entidade de administração do desporto em, pelo menos, 2 (duas) categorias
da respectiva modalidade desportiva; e
i) garantir que o período de seleção não coincida com os horários escolares.

Além do decreto Nº 7.984 de abril de 2013 no artigo 49, exige que as


federações e confederações estabeleçam critérios e regulamentos próprios.
A CBF estabeleceu para o futebol normas, procedimentos e critérios e
diretrizes para emissão do CCF através das Resoluções da Presidência n.01/2012.
De acordo com a RDP nº 01/2012, somente clubes filiados à respectiva
Federação de futebol do seu Estado poderão habilitar-se para obtenção do CCF.
Associações diversas e outros empreendimentos esportivos (escolinhas e centros de
treinamento) dedicados à formação de jogadores de futebol, que não sejam
diretamente filiados na entidade regional de administração do desporto, em princípio,
não poderão pleitear referida certificação.
O ranço histórico do insucesso das leis brasileiras que pretenderam
assegurar e proteger os direitos do trabalhador juvenil sem qualquer eficácia social,
levou os legisladores a guiar-se pela doutrina de proteção integral da criança e do
adolescente, através da Constituição Federal de 1988e o Estatuto da Criança de do
Adolescente de 1990 - ECA a evitar exploração, configurando trabalho infantil .
Sabemos que o interesse maior dos clubes é de revelarem jogadores para
equipe profissional e futuramente vende-los para o mercado interno ou internacional.
Legislam muitas vezes em causa própria, pois o objetivo é um retorno milionário
deste investimento, mas é necessário comprovar que realizou um trabalho de
formação na configuração das Leis de forma digna e responsável.

Formar um atleta é um ato grande responsabilidade social, principalmente.


“Mais do que propiciar campo e bola, a entidade de prática desportiva deve
dar condições para que o jovem de fato se forme atleta e cidadão”. .(CAÚS,
2013, pg.103)

O atleta em formação deve ser tratado com respeito e não como mero
produto do mercado do futebol, são vidas que vão além das quatro linhas.
15
Em uma sociedade como a nossa, que se organiza por esta lógica de
mercado, as pessoas são importantes enquanto são produtivas e quando
não produzem, é como se já não fossem nem sequer seres humanos. É
Impressionante constatarmos como o econômico invade as relações sociais
e como certas práticas retiram cidadania dos sujeitos, fragilizando a sua já
frágil condição humana. Não dialogam com os sujeitos em sua plenitude,
desconsideram a sua consciência politica, reduzindo o campo de
intervenção do Serviço Social ao mero atendimento pontual a solicitação
das pessoas. Nosso ato profissional é muito mais pleno do que o
atendimento imediato da solicitação. “É muito maior do que isso.” (Martinelli,
2006, pg. 83).

O olhar profissional eticamente comprometido pode transcender através de


uma prática mediante a um exercício profissional critico e competente. O profissional
assistente social por ser um defensor da proteção integral da infância e da juventude
tem que implementar estratégias com ações voltadas para práticas visando a
conscientização da cidadania como construção social.

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do


poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer,
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária (BRASIL, 2015, p. 11).

O ECA, a CF, norteiam a compreender todos os direitos relacionados a uma


condição adequada de vida às crianças e aos adolescentes. E cabe ao profissional
não se desvencilhar das leis desportivas que fortalecemos direitos fundamentaisna
formação de atletas do futebol e sua escolarização.
Atuação profissional tem que trazer as famílias para o entendimento acerca
desta realidade social e auxiliar a pensar nas ações que tragam benefícios que
possibilitem uma consciência critica sobre essa tão sonhada profissão.
A participação da família dentro dos clubes é fundamental para proteger e
legitimar os direitos garantidos e que essa prática seja prazerosa, harmoniosa e que
todos os envolvidos tenham compromisso com o futuro promissor dentro e fora das
quatro linhas.

1.3. Categorias de base do futebol

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As categorias de base no departamento de formação de atletas são (ou
deveriam ser) a principal fonte de abastecimento e inclusão de novos atletas à
categoria profissional de um clube de futebol. No entanto, muitos clubes ainda vêem
as categorias debase como uma atividade de custo alto e, infelizmente, a formação
de atletas em muitos casos não recebe a atenção necessária e merecida em
investimento de infraestrutura e recursos humanos.
Esta importante formação profissional tem sido fiscalizada pelo Ministério
Público do Trabalho, pois alguns clubes cometem negligências e para funcionar
corretamente e com eficácia, o clube precisa de uma estrutura específica para estes
atletas, tais como: campos de treinamento; alojamentos salubres; profissionais
capacitados que atendam cada categoria; bem como, a garantia de seus direitos às
necessidades básicas como: alimentação adequada; saúde; educação e moradia;
convivência familiar e comunitária; dentre outras como preconiza a CF, ECA ,a Lei
Pelé e o Manual de formação desportiva da ESPM do MPT.
No Brasil, as divisões de base dos clubes de futebol profissionais são
classificadas por categorias, sendo: SUB 11- SUB 13 – SUB 15- SUB 17-SUB 20,
que correspondem as seguintes idades: Fraldinha (7 a 9 anos), dente de leite (10 a
11 anos), pré mirim ( 11 a 12 anos), infantil (14 a 15 anos), infanto juvenil ( 15 a 16
anos), juvenil (17 a 18 anos), e júnior (17 a 20 anos) .

No Brasil o termo atleta só pode ser utilizado para designar praticantes


desportivos com idade igual ou superior a 14 anos. Essa faixa etária foi
estabelecida pelo legislador para proteger os jovens desportistas contra os
danos físicos e psicológicos decorrentes da hipercompetividade e da
hiperseletividade. Antes de completar 14 anos, o jovem iniciante em práticas
desportivas é considerado educando e esta sob a luz do Estatuto da
Criança e do adolescente e não das leis desportivas. (CAÚS, 2013, pg. 47).

Esses conceitos servem para entendermos como são classificados por faixa
etária e que as atividades pedagógicas esportivas deverão ser compatíveis
respeitando os aspectos, fisiológicos, cognitivos, psicológicos e sociais.
Aos atletas acima de 14 anos pratica o desporto de rendimento com a
finalidade de obter resultados e integração entre pessoas e comunidades do país e
com as de outras nações. Ainda assim podemos considerar que as competições
podem trazer rebatimentos tanto positivo, quanto negativos para os atletas,
dependendo de como estas serão utilizadas. Quando as competições são utilizadas
a fim de emancipação social, integração e lazer, estas podem auxiliar na formação
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integral do atleta, nos aspectos cognitivo, social, físico, afetivo e nas atitudes
saudáveis.

O objetivo principal dessa prática é a conquista desportiva: medalhas,


troféus, índices, classificações, títulos, torneios, campeonatos, etc. Os
treinamentos são altamente rigorosos e exigentes, e os atletas geralmente
têm no desporto sua atividade principal, ou seja, são profissionais. (CAÚS,
2013, pg.46)

O objetivo é de esclarecer e diferenciar da prática desportiva de participação


que garantem o direito à livre prática do desporto, de acordo com a capacidade e
interesse de cada um e promover a saúde e integrar os praticantes na vida social.
A prática a qual me refiro é de desporto de rendimento e que os princípios
fundamentais dos educando e atletas têm diferenciação e legislações especificas,
sendo a família e o clube formador responsáveis por essa prática.
Os educandos que são os menores de 14 anos que iniciam no esporte, está
sob a luz do ECA, cabendo ao Ministério Público fiscalizar as competições,
programas de treinamentos, jornadas de treinos e jogos, a inviabilização de serem
alojados, enfim situações exageradas que impedem o lazer, a frequência escolar e a
convivência familiar e comunitária
Segundo CAÚS, 2013 a partir dos 14 anos os atletas poderão firmar seus
primeiros contratos de formação esportiva, cujo tempo e vigência não poderá
ultrapassar o dia imediatamente anterior ao seu aniversário de 20 anos.
No entanto os atletas de 16 e 20 anos, tem a possibilidade de se vincular a
uma entidade de prática desportiva sob a forma de contrato de formação (não
profissional) ou contrato de trabalho (profissional).
• Até 14 anos: Educando sem contrato e fora do desporto de rendimento;
• De 14 a 16 anos: Atleta não profissional com contrato de formação desportiva;
• De 16 a 20 anos: Atleta não profissional em formação; atleta profissional
autônomo (modalidades individuais)
• A partir de 20 anos: Atleta profissional empregado (modalidades individuais e
coletivas)

A Lei Pelé introduziu um início de sistematização de direitos e garantias das


crianças e adolescentes envolvidos em relação de trabalho focada na
formação profissional como atletas. No entanto, existem lacunas e
contradições que, não raro, colaboram para tornar precárias as relações de
profissionalizações. (MARQUES 2013, pg.11 )
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O futebol implica uma forma de relação de trabalho que é necessário ampliar
a atuação, para que os clubes e os familiares reconheçam e respeitem a idade
mínima de inicio de profissionalização; ao direito de formalização do contrato de
trabalho; ao pagamento de bolsas aprendizagem; ao direito à assistência médica e
hospitalar; de educação; de convivência familiar e comunitária, entre outras:
Segundo Marques, (2013) A Utilização de crianças e/ou adolescentes com idade
inferior a 14 anos, submetido à seletividade e à hipercompetitividade típica do futebol
praticado como esporte de rendimento interfere diretamente no seu desenvolvimento
humano e nos direitos fundamentais e desportivos.
Dentre as principais irregularidades que pode ser consideradas violação de
direitos e que desafiam o Ministério Público do trabalho, destacam se:
 Lesão ao direito à convivência familiar e comunitária. Os jovens, muitas
vezes, são alojados no clube e perdem o contato e até mesmo o laço com
seus familiares, parentes e amigos;
 Lesão ao direito à educação. Na busca da realização do difícil ou quase
impossível sonho de se realizar profissionalmente no esporte, muitos
adolescentes são afastados dos bancos escolares;
 Excesso da carga de treinamento, incompatível com a condição peculiar
do adolescente como pessoa em desenvolvimento, o que pode gerar
lesões, às vezes irreversíveis, à saúde dos jovens;
 Alojamentos com péssima qualidade, implicando condições degradantes
de trabalho;
 Ausência de formalização do contrato do atleta não profissional em
formação e do pagamento da bolsa de aprendizagem;
 Tráfico nacional e internacional de crianças para fins de exploração de
formação profissional como atletas.
Nesse contexto o Serviço Social dentro do departamento de formação de
atletas, contribui para que seja possível compreender também, várias ações
voltadas especialmente para o desenvolvimento social dos educandos e atletas, a
fim de que estes desenvolvam sua autonomia, a participação, o exercício de
cidadania, bem como o acesso aos direitos sociais e humanos.

19
Para este processo é necessário o compromisso da sociedade em geral,
desta forma, cabe ao assistente social o papel de fazer esta interação a partir de
suas ações, levando em consideração os direitos sociais dos atletas preconizados
no Estatuto da Criança e do Adolescente, na Lei Pelé, no Manual de Formação
Profissional Desportiva do Ministério Público do Trabalho e norteando-se no Código
de Ética do Assistente Social e nos aparatos teórico-metodológicos os quais
dispõem o Serviço Social para sua intervenção profissional. Segundo Saraiva, esta
afirma que:

é necessária uma prática interventiva e libertadora durante o processo de


formação do jogador. Esse processo deve-se iniciar nas categorias de base
e potencializar-se na categoria profissional para que o jogador passe de
uma atitude limitada pelos padrões de rigidez para atitudes mais
conscientes principalmente do seu papel na sociedade e no exercício de
sua cidadania (SARAIVA 2007, p. 6).

É com este propósito e a partir da contextualização apresentada, após várias


mudanças na história social do futebol no país, que se viu a necessidade de inserir o
Serviço Social no meio futebolístico. Mas ainda temos um grande desafio e que
temos que lutar é para que as Leis Desportivas e o Ministério Público do Trabalho
mencionem a obrigatoriedade da contração do profissional de serviço social para
atuar nas categorias de base. A inserção deste profissional ainda não é obrigatória,
a atuação é legitima, mas a contratação nos clubes de futebol se faz, de acordo com
o gestor que tem uma visão ampla sobre a necessidade de intervir juntos às famílias
dos educandos e atletas que buscam essa formação como profissão do futuro.
O serviço social no futebol tem como principal objetivo trabalhar as relações
sociais entre: atleta/família, atleta/escola e atleta/ clube, engajados no compromisso
de garantir a formação de atletas/cidadãos.
Entretanto sobre esse assunto vamos discorrer nos próximos capítulos.

20
CAPITULO II: CONCEITO DE FAMÍLIA E REFLEXÕES SOBRE AS ATUAIS
CONFIGURAÇÕES.

Este capítulo refere-se às mudanças dos significados e valores que


envolvem a família através dos tempos, com objetivo de relacionar seus diferentes
contextos com o processo que envolve os familiares a partir da responsabilidade
com os adolescentes que ingressam nas categorias de base do futebol.
Estando a família sujeita às determinações do desenvolvimento da
sociedade, pode-se afirmar que esta já apresentou diferentes arranjos, de acordo
com as situações vivenciadas em determinados espaços de tempo, alterando suas
características, valores, funções e ideologias, a partir de um contexto histórico,
social, político, econômico e, sobretudo, cultural.

2.1. A família contemporânea.

A família brasileira contemporânea passou por várias transformações na


sociedade e as relações intrafamiliares também sofreram algumas mudanças.
A manifestação da “questão social” está configurada no cotidiano e dinâmica
familiar e na violação dos direitos de todos, expressando as inúmeras formas
através da desigualdade social gerando, violência, analfabetismo, desemprego, uso
abusivo de álcool e outras drogas, trabalho infantil, abuso sexual, prostituição, baixa
qualificação profissional e a dificuldade de inclusão no mercado de trabalho no
âmbito neoliberal.
A construção de reflexões sobre a família é para repensarmos sobre como
estão enfrentando os desafios atuais e como estão desenvolvendo seu papel social
na vida das crianças e adolescentes.

Falar em família neste começo do século XXI, no Brasil, como alhures,


implica a referencia a mudanças e a padrões difusos de relacionamentos.
Com seus laços esgarçados, torna-se cada vez mais difícil definir os
contornos que delimitam. Vivemos uma época como nenhuma outra, em
que a mais naturalizada de todas esferas sociais, a família, além de sofrer
importantes abalos internos tem sido alvo de marcantes interferências
externas. (SARTI, 2015,pg.31)

21
A contextualização da família na sociedade possui arcabouço diversificado
de conceitos, pois no processo histórico construído e modificado estão no processo
de transformações da sociedade.
Entretanto, desde as décadas de 1960 a sociedade brasileira vem passando
por transformações econômicas e sociais que acarretaram ainda mais a
concentração de renda e consequentemente a pauperização de grande parte da
população gerando o aumento da força de trabalho infanto-juvenil e feminina
(PORRECA, 2007).
Com a modernização ocorrida nos anos 1970, o setor industrial superou a
média dos demais setores da economia brasileira, fato que ficou conhecido como o
“milagre econômico”, viabilizando pesados investimentos em infraestrutura, nas
indústrias de base, na agroindústria de alimentos, grãos, carnes e laticínios.
No entanto, esse processo também intensificou a histórica desigualdade
social, com consequente empobrecimento de setores da população.
Diante dessas condições, a necessidade da contribuição do salário da
mulher como forma de acesso a novos bens de consumo também se intensificou,
Assim, grandes partes das famílias viram-se obrigadas a aumentar o número de
seus integrantes no mercado de trabalho como meio de ampliar a renda familiar e
assegurar a manutenção do nível de consumo doméstico (PORRECA, 2007).
A partir daí, o modelo de família passou por profundas modificações
socioculturais e afetivas. A inserção da mulher no mercado de trabalho, fez com que
a relação conjugal e o trabalho doméstico passassem a ser redefinidos; o advento
da pílula anticoncepcional, a diminuição do número de filhos, a valorização da
criança como um ser de direito, os movimentos políticos e a contracultura,
influenciaram diretamente a constituição da família, transformando, assim, as
relações de poder, tornando os papéis e tarefas do homem e da mulher, mais
igualitários, embora ainda hoje prevaleçam “resquícios culturais” da supremacia do
gênero masculino sobre o feminino, mas que apontam uma mudança significativa
para maior equilíbrio entre eles. (SENAD, 2011).
Nesse sentido GOLDANI (1994), pontua que além das esposas, os filhos
também passaram a participar mais intensamente nas atividades do mercado de
trabalho e na renda monetária familiar, compartilhando com o chefe, seja homem ou

22
mulher, as responsabilidades de manutenção da família, e promovendo uma
redefinição nos padrões de hierarquia e sociabilidade.
Podemos dizer então, que chegamos ao século XXI com a família pós-
moderna ou pluralista, como tem sido chamada, pelos tipos de convivência que
apresenta.
Simionato & Oliveira (2003), assinalam que nas últimas décadas falou-se
muito a respeito da “crise da família” em uma alusão à baixa taxa de fecundidade, ao
aumento da expectativa de vida e, consequentemente, à crescente proporção da
população com mais de 60 anos. Além disso, as autoras também aludem ao declínio
do casamento e a banalização das separações como fatores constituintes de tal
“crise”. E ainda acrescentam que o que caracteriza esse processo a que se chama
de crise, não é propriamente o enfraquecimento da instituição família, e sim o
surgimento de novos modelos familiares. Os laços de consanguinidade, as formas
legais de união, o grau de intimidade nas relações, as formas de moradia, e o
compartilhamento de renda, são algumas dessas variáveis que, combinadas,
permitem a identificação de diversos tipos de arranjos familiares.

A família deixa de ser aquela constituída unicamente por casal formal. Hoje,
diversifica-se e abrange as unidades familiares formadas seja pelo
casamento civil ou religioso, seja pela união estável; seja grupos formados
por qualquer um dos pais ou ascendentes e seus filhos, netos ou sobrinhos,
seja por mãe solteira, seja pela união de homossexuais (mesmo que ainda
não reconhecida por lei). Acaba, assim, qualquer discriminação relacionada
à estrutura das famílias e se estabelece a igualdade entre filhos legítimos,
naturais ou adotivos. (LOSACCO. 2009. Pg 39)

Nesta perspectiva, podemos dizer que a família está em constante mutação,


movendo-se através do tempo, onde cada parte/membro funciona em uma relação
de interdependência, dentro de uma sociedade em contínuo processo de
transformação, de adaptação e revisão de seus costumes, hábitos, valores morais,
éticos e culturais. E devido a sua capacidade de ajustar-se às novas exigências do
meio, a família tem conseguido sobreviver, perante as intensas crises sociais.

De fato, a família é o primeiro sujeito que referencia e totaliza a proteção e a


socialização dos indivíduos. Independentemente das múltiplas formas e
desenhos que a família contemporânea apresente, ela se constitui num
canal de iniciação e aprendizado dos afetos e das relações sociais.
Independentemente das múltiplas maneiras de se organizar, de se constituir
enquanto família, a ela possui um papel de socialização importante e
primordial na vida das pessoas. (CARVALHO, 2002, p. 93)

23
Nessa perspectiva, podemos considerá-la como um sistema social
responsável pela transmissão de valores, crenças, ideias e significados que estão
presentes na sociedade, uma vez que esta é a mediadora entre o homem e a
cultura, constituindo uma unidade dinâmica das relações de cunho afetivo e social.
Portanto, podemos afirmar que a família tem um impacto significativo, e uma forte
influência no comportamento dos indivíduos, desde a infância e durante todo o seu
desenvolvimento. E além de se adaptar às mudanças decorrentes do crescimento
dos seus membros, tem também a tarefa de manter o bem estar psicológico de cada
um, buscando sempre nova estabilidade nas relações familiares.

24
CAPÍTULO III:A FAMILIA DOS ATLETAS EM FORMAÇÃO E O SERVIÇO SOCIAL

A família é a base e o principal centro na formação e no desenvolvimento de


um atleta. O apoio familiar em todos os momentos é fundamental na dimensão
afetiva, na socialização e no apoio das escolhas dos filhos. O atleta ao sair do
âmbito familiar passa por um processo de habitação ao novo meio em que foi
inserido e se torna perceptível o desconhecimento sobre as dificuldades para se
tornar um atleta profissional do futebol. O assistente social atua nessa dimensão nas
intervenções com a família em seu cotidiano atravessado pelas mais diversas
expressões da questão social, perpassando as quatro linhas do campo.
O objetivo é fortalecer o apoio familiar, mas de forma consciente e que
possam integrar sua responsabilidade junto com os clubes, sobre a escolarização no
processo de formação profissional para um plano de carreira no futuro.

3.1. A construção do Projeto Ético Politico do Serviço Socialno futebol.

O Serviço Social constitui uma profissão inserida na divisão social e técnica


do trabalho, tendo como gênese as relações contraditórias entre capital e trabalho,
observadas no Brasil na década de 30, que são geradoras das expressões da
questão social, objeto de trabalho do assistente social.
A profissão passou por inúmeras modificações no processo histórico, e no
seu princípio tinha caráter caritativo, assistencialista e benevolente atrelado à
religião que estabelecia aos assistentes sociais um trabalho de caridade e
benevolência para com os em situação de carência (IAMAMOTO, CARVALHO,
2008).
A profissão foi se estruturando ao longo dos anos até romper com o Serviço
Social assistencialista e conquistar as dimensões teórico-metodológica, ético-politica
e técnico-operativa, após o movimento de reconceituação. Movimento esse que
colocou o trabalho social num processo de ruptura com o assistencial beneficente,
passando a ser visto como um trabalho politicamente orientado, crítico ao
capitalismo e à exploração, observando o ser humano como um sujeito histórico
dentro de um processo (NETTO, 2001).

25
Segundo Iamamoto (2008), temos a questão social como base de fundação
sócio histórico do Serviço Social no Brasil, que consiste em apreender a prática
profissional como trabalho e o exercício profissional inscrito em um processo de
trabalho.
Os Assistentes Sociais trabalham com a questão social nas suas mais
variadas expressões cotidianas. Volta-se para o atendimento das desigualdades que
a população sofre nas mais diversas áreas, como a saúde, a habitação, a
assistência social, a educação, entre outras.
Sendo um profissional que não trabalha com fragmentos da realidade social,
ele atua com demandas individuais que analisadas revelam situações não
exclusivas de um determinado individuo. Isso permite ao profissional, diante das
condições de vida dos usuários, à luz de uma perspectiva teórico-critica intervir na
realidade de forma mais concreta, não agindo apenas sobre a face mais imediata do
problema. Descobrindo novas expressões da questão social.

O desvelamento das condições de vida dos sujeitos atendidos permite ao


assistente social dispor de um conjunto de informações que, iluminadas por
uma perspectiva teórica critica, lhe possibilita aprender e revelaras novas
faces e os novos meandros da questão social que o desafia a cada
momento no seu desempenho profissional diário. (IAMAMOTO, 2007, p.67).

O objetivo do trabalho do assistente social é viabilizar direitos e ampliar a


cidadania, por meio de uma melhor qualidade de vida dos usuários. Assim através
do seu objeto de trabalho, a questão social materializada através das suas
manifestações advindas da sociedade capitalista excludente, o assistente social
utiliza do conhecimento teórico-metodológico, ético-político e técnico-operativo para
pensar formas eficazes de intervenção e garantir a população acesso aos bens
socialmente produzidos.

Uma competência estratégica e técnica (ou técnica político) que não reifica
o saber fazer, subordinando-o à direção do fazer, recusando os
espontaneísmos, os voluntarismos, os determinismos e demais “irmos” que
incidem o exercício profissional, desviando as rotas desejáveis da ação
(IAMAMOTO, 2007, p. 184).

O Diante de um cenário de precarização das políticas públicas e redução de


investimentos sociais, é imprescindível que o assistente social se qualifique
constantemente, para poder acompanhar, atualizar e explicar as mudanças da

26
realidade social. Além disso, é importante a produção de conhecimento, que serve
como base de estudo para a intervenção profissional, pois o assistente social atua
sempre sobre um objeto de trabalho, e para tal atuação ocorrer de forma eficaz é
preciso o conhecimento da realidade para apreender as relações sociais de cada
meio.
Um dos maiores desafios que o Assistente Social vive no presente é
desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de
trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de
demandas emergentes no cotidiano. Em fim, ser um profissional propositivo
e não só executivo. (IAMAMOTO, 2008, p.20)

Os jovens sonham em se tornarem ricos, famosos e abdicam da liberdade


natural do seu desenvolvimento, dedicam anos de preparação, alienando se a este
pensamento. Passam pela transição de categorias, que a cada instante é exigido
esforço, dedicação e um maior compromisso, sendo que se tiverem dificuldades de
atenderem as exigências da comissão técnica e do clube, serão dispensados.
Muitos desistem dos sonhos, ficam frustrados e outros saem em busca de outra
recolocação a qualquer custo, e se estiverem mal orientados sem saber sobre a
necessidade de um plano de carreira, terão dificuldades para “pendurar a chuteiras”
e buscar outras profissões no futuro.
O Serviço Social nas categorias de base do futebol traz no seu eixo inicial
desenvolver reflexões e fundamentos sobre a compreensão desta realidade, que
fazem parte das tramas das relações sociais que estão presentes no cotidiano da
prática profissional.

3.2. Influência da família sobre o processo de iniciação das categorias de


bases do futebol no futebol.

O Brasil é conhecido mundialmente como os pais do futebol, as pessoas


vestem a camisa do seu time, torcem, gritam, participam de cada lance como se
jogassem todas as suas fúrias, angustias e alegrias numa partida de futebol. O
futebol tomou proporções que estão além dos sentimentos dos torcedores, tem se
tornado um grande negócio financeiro para os clubes, dirigentes, empresários, redes
de rádio e televisão e outros.
27
Os altos salários, o status social representado pela figura do jogador de
futebol e a mídia engrandecendo este ídolo, tratado como um herói que em um
segundo, um gol uma vitória se torna o salvador da pátria. Em virtude desse cenário
As crianças e adolescentes e seus familiares sonham em fazer parte desta vida
promissora financeiramente e com rápida ascensão social.
As famílias sofrem as consequências da desigualdade social na nossa
sociedade e buscam no futebol uma alternativa para obter a ascensão social,
mesmo que isso ocorra à duras penas, muitas violam os direitos dos seus próprios
filhos em busca de um status.

O esporte que conhecemos hoje é um produto das profundas


transformações produzidas pela Revolução Industrial na Europa dos
séculos XVII e XIX. Houve uma relação entre o momento de lazer, em parte
induzido por esta Revolução e a difusão do esporte entre a população
operária e urbana. A partir do século XIX, o movimento esportivo inglês
estava pronto para ser exportado. Embaixadores, administradores coloniais,
missionários, comerciantes, marinheiros e colonos encarregaram-se de
difundir o esporte pelo mundo (BETTI, 1997, P.19 APUD Martins, eat AL.
2002).

A família seja qual for a sua configuração, nuclear, mono parental, adotiva,
homoafetiva, estão inseridas na sociedade de consumo e buscam alternativas
imediatas para distanciar-se da desigualdade social e o futebol oferece essa
possibilidade.
A família enquanto unidade de produção social e biológica constitui-
se também como unidade de cooperação econômica e de consumo
coletivo de bens materiais e simbólicos. As possibilidades de
consumo estão relacionadas a heterogeneidade dos atributos sociais
de seus integrantes, como idade, grau de escolaridade, ocupação,
forma de inserção no mercado de trabalho, e repertório cultural, que,
conjuntamente, conferem a cada um deles possibilidades
diferenciadas de auferirem determinado rendimento.( MARX, 2006,
p.45)

O futebol praticado nos campinhos pelos garotos da comunidade entra numa


perspectiva de prosperar a família que na projeção do consumo desenfreado e de
possibilidades de mobilidade social deposita na criança e no adolescente toda a
responsabilidade de realizar este sonho.
Muitas vezes as famílias invertem os papéis sociais e transferem para estes
filhos, a responsabilidade pelo sustento da família e da ascensão social através do
futebol. Porém muitos ficam no meio do caminho por não saberem lidar com a
28
pressão psicológica da família, do clube e também pela imaturidade e
desinformação sobre as variáveis deste meio tão competitivo. Esses fatores podem
comprometer sua formação e correm o risco de serem dispensados pelos seus
treinadores devido a baixa de rendimento técnico e do descontrole emocional.
As famílias apoiam a prática esportiva e transformam a vida destas crianças
e/ou adolescentes em uma rotina cheia de regras e compromissos com o seu futuro:
o futebol. E assim, esquecem do seu real papel na vida destes seres humanos em
desenvolvimento e intitulam o atleta como prioridade e deixam sem perceber o filho
de lado. Acreditam que o fato de estarem federados nos clubes de futebol é o fator
mais importante para uma formação promissora e de sucesso.
A dispensa tem que ser trabalhada com as famílias e os atletas, pois os que
conseguem ser incluídos em outros clubes com contratos de formação ficam mais
protegidos, mas alguns ficam perambulando de um clube para o outro, faltam na
escola e a evasão nas aulas propicia uma defasagem na sua escolarização.
As famílias mudam de Estados e Municípios para acompanharem e
investirem nos filhos em busca deste sonho e entram para o mundo do futebol
muitas vezes sem critica sobre o que é iniciação esportiva, formação de rendimento,
legislação desportiva, contrato de formação e os direitos fundamentais se
confundem como se fossem linha de proteções diferentes.
Aqueles que as famílias não podem acompanhar ficam alojados nas
dependências ou em casas próximas do centro de treinamento. Nem sempre se
encontram com ambiência adequada para uma convivência harmoniosa e salubre.
Acreditam que o fato do filho estar dentro de um grande clube é o suficiente para dar
certo nesta carreira.
O Serviço Social neste contexto traz para este cenário a responsabilidade da
familia e dos clubes, sobre o abandono intelectual, segundo o Código Penal
Brasileiro, é um crime cometido pelos pais que deixarem de proporcionar aos seus
filhos à instrução primária, ou seja, acontece quando os pais não matriculam os
filhos, na idade escolar, nos estabelecimentos de ensino da rede pública ou da rede
privada.

Artº 205. “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será


promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho”. (BRASIL, 1988)
29
E o artigo 55 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) diz que os pais
ou responsáveis têm a obrigação de matricular seus filhos na rede regular de ensino.
O direito à educação não é só oriundo de mandamento em nível legal. Trata-se de
uma exigência constitucional,
A família precisa ser orientada sobre sua importância na formação dos filhos
dentro e fora dos campos e que o futebol tem que ser praticado em horários que não
haja incompatibilidade entre a escolarização e a formação esportiva. Essa idolatria
que remetem a um imaginário social a ideia de que se a família se aventurar no
mundo do futebol, conseguirão alavancar sua condição econômica e fazer do filho
um ídolo do futebol.
Segundo Saraiva (2007), a busca incessante pelo lucro devido à
comercialização do futebol fez com que os clubes passassem a se tornar grandes
empresas, e isto resultou na introdução da publicidade ao redor dos gramados e nas
camisetas dos times, fazendo emergir o interesse da mídia às partidas de futebol,
bem como dos patrocinadores. Por conta disto, os clubes passaram a buscar por
novos talentos entre as classes antes marginalizadas, com intuito de encontrar os
melhores jogadores para defendê-los e colocá-los na melhor posição da tabela dos
campeonatos. Por consequência disto, o clube passará a ganhar a visibilidade que
tanto deseja e movimentar capital em torno do futebol.
Os salários iniciais de jogadores no Brasil são baixos se considerarmos os
sonhos de mobilidade social e econômica dos jovens, em sua maioria oriundos das
famílias de classes populares.
Atualmente temos um índice de desemprego muito alto no cenário do
futebol, os educando, atletas, familiares e gestores dos clubes, precisam ter
consciência critica sobre essa formação e as possibilidades que a escolarização
propicia dentro e fora das quatro linhas.
Entretanto o futebol mundial é hoje um grande negócio. De acordo com o
relatório final do Plano de Modernização do Futebol Brasileiro (2000) da Fundação
Getúlio Vargas (FGV), que inclui os agentes diretos, como clubes e federações, e
indiretos, como indústrias de equipamentos esportivos e a mídia, o futebol mundial
movimenta, em média, cerca de 250 bilhões de dólares anuais (LEONCINI; SILVA,
2005, p. 12).

30
Outra questão muito importante é sobre a autorização que as famílias
assinam para os filhos acima de 14 anos, ficarem alojados dentro ou próximos dos
clubes, prejudicando a sua convivência familiar tão preconizado pela CRF/88. e pelo
ECA/90.
O direito à convivência familiar e comunitária é tão importante quanto o
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito e à liberdade. A nossa constituição diz que a
“família é à base da sociedade” (art. 226) e que compete a ela, ao Estado, à
sociedade em geral e às comunidades “assegurar à criança e ao adolescente o
exercício de seus direitos fundamentais”
Os clubes devem garantir o direito de convivência familiar, nem sempre as
famílias que moram fora do estado dos alojamentos tem condições financeiras para
pagarem as passagens. Esses adolescentes não podem ficar impossibilitados de ir e
vir e deixar de manter os vínculos afetivos e familiares. No planejamento do clube
formador no orçamento anual os valores para passagens aéreas ou terrestres
deverão ser disponibilizados para propiciar a ida e vinda dos atletas alojados e
garantir seu direito a convivência familiar.
Este cenário apresentado faz parte da dinâmica da formação dos jogadores
brasileiros e é neste contexto que a (o) assistente social faz sua intervenção com as
famílias, e os gestores dos clubes brasileiros.
Estruturando suas ações balizadas no aporte teórico e metodológico, dentro
desta análise de conjuntura, com critica estruturada a (o) assistente social orientará
os pais a refletirem sobre a importância da formação educacional para que a carreira
de jogador seja promissora dentro e fora das quatro linhas.

3.3. O serviço social e as famílias dos atletas das categorias de bases do


futebol.

O Serviço Social constitui uma profissão inserida na divisão social e técnica


do trabalho, tendo como gênese as relações contraditórias entre capital e trabalho,

31
observadas no Brasil na década de 30, que são geradoras das expressões da
questão social, objeto de trabalho do assistente social.
A profissão passou por inúmeras modificações no processo histórico, e no
seu princípio tinha caráter caritativo, assistencialista e benevolente atrelado à
religião que estabelecia aos assistentes sociais um trabalho de caridade e
benevolência para com os em situação de carência (IAMAMOTO, CARVALHO,
2008).
A profissão foi se estruturando ao longo dos anos até romper com o Serviço
Social assistencialista e conquistar as dimensões teórica metodológica, ética, politica
e técnico-operativa, após o movimento de reconceituação. Movimento esse que
colocou o trabalho social num processo de ruptura com o assistencial beneficente,
passando a ser visto como um trabalho politicamente orientado, crítico ao
capitalismo e à exploração, observando o ser humano como um sujeito histórico
dentro de um processo (Netto, 2001).

Somos profissionais cuja prática está direcionada para fazer enfrentamentos


críticos da realidade, portanto precisamos de uma sólida base de
conhecimentos, aliada a uma direção política consistente que nos possibilite
desvendar adequadamente as tramas conjunturais, as forças sociais em
presença. É neste espaço de interação entre estrutura, conjuntura e
cotidiano que nossa prática se realiza. É na vida cotidiana das pessoas com
as quais trabalhamos que as determinações conjunturais se expressam.
Portanto , assim como precisamos saber ler conjunturas, precisamos saber
ler também o cotidiano, pois é ai que a história se faz, ai é que nossa prática
se realiza.(MARTINELLI, 2006, pg.10)

Os Assistentes Sociais trabalham com a questão social nas suas mais


variadas expressões cotidianas. Volta-se para o atendimento das desigualdades que
a população sofre nas mais diversas áreas, como a saúde, a habitação, a
assistência social, a educação, entre outras.
Sendo um profissional que não trabalha com fragmentos da realidade social,
ele atua com demandas individuais que analisadas revelam situações não
exclusivas de um determinado individuo. Isso permite ao profissional, diante das
condições de vida dos usuários, à luz de uma perspectiva teórico-critica, intervir na
realidade de forma mais concreta, não agindo apenas sobre a face mais imediata do
problema. Descobrindo novas expressões da questão social.

32
O desvelamento das condições de vida dos sujeitos atendidos permite ao
assistente social dispor de um conjunto de informações que, iluminadas por
uma perspectiva teórica critica, lhe possibilita aprender e revelaras novas
faces e os novos meandros da questão social que o desafia a cada
momento no seu desempenho profissional diário. (IAMAMOTO, 2007, p.67).

O objetivo do trabalho do assistente social é viabilizar direitos e ampliar a


cidadania, por meio de uma melhor qualidade de vida dos usuários. Assim através
do seu objeto de trabalho, a questão social materializada através das suas
manifestações advindas da sociedade capitalista excludente, o assistente social
utiliza do conhecimento teórico-metodológico, ético-político e técnico-operativo para
pensar formas eficazes de intervenção e garantir a população acesso aos bens
socialmente produzidos.
Trazendo o trabalho do assistente social para a atuação com famílias dos
atletas das categorias de base do futebol, destaca-se a importância dessa atuação,
visto ser um profissional preparado para atuar com famílias, em intervenções
conforme seu código de ética que elenca ações comprometidas coma defesa
intransigente dos direitos.
A inserção do Serviço Social na área do futebol, com os atletas das
categorias de basese configura através do conhecimento das expressões da
questão social, que se modificam constantemente, permitindo ao Assistente Social
intervir de forma integrada para promover ações que possibilite ao usuário e sua
família, uma melhoria em seus espaços coletivos. Reforçando ainda, o sentido de
cidadania que culmina com reconhecimento dos seus direitos, o que implica um
processo de questionamento e revisão de suas atuações.
É preciso sensibilizar as famílias e que essa formação tem fundamentos
legais que as crianças e adolescentes são pessoas de direitos, que estão em
desenvolvimento e que merecem proteção, dando ênfase a escolarização e a
convivência família e comunitária.

Artº 4É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder


público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos
referentes á vida, á saúde, á alimentação, á educação, ao esporte, ao lazer,
á profissionalização, á cultura, á dignidade, ao respeito, á liberdade e á
convivência familiar e comunitária (BRASIL, 1990).

A convivência familiar é um direito do adolescente, devendo este ser tratado


de forma privilegiada e receber garantia de proteção social. Considerando que o
33
espaço mais apropriado de proteção e convivência para o adolescente é a família,
nesse sentido cabe ao assistente social viabilizar que esses direitos sejam
garantidos. Através do trabalho de mediação entre o clube, o adolescente / atleta e a
família.
A família é o núcleo principal de convívio social de crianças e adolescentes,
sendo de expressiva importância mostrar as famílias sua capacidade junto ao
desenvolvimento pleno de seus filhos. Capacidade esta de “[...] desempenhar
plenamente suas responsabilidades e funções é fortemente interligada ao seu
acesso aos direitos universais de saúde, educação e demais direitos sociais”
(BRASIL, 2006,).
O atendimento com as famílias dos atletas é importante para que o
profissional de Serviço Social possa construir um conhecimento acerca da realidade
destas, tendo como objetivo trabalhar os aspectos econômicos, sociais e afetivos
que a família traga como demanda, para então, elaborar e executar ações
necessárias a cada situação. Para isto, os instrumentos utilizados pelas assistentes
sociais entrevistadas são: os atendimentos, anamnese social, as reuniões, as
entrevistas, as visitas, os relatórios, estudo de caso e a observação.
É necessária uma prática profissional eficaz diante das famílias, não só no
sentido de atender dentro de suas especificidades, mas de atuar em uma prática
investigativa. E é através desta investigação que o profissional consegue visualizar e
propor mudanças que contemplem desde a avaliação das políticas e programas até
a implementação de uma nova gestão para garantir o desenvolvimento saudável
desse atleta.
Neste sentido, podemos dizer que esta valorização do trabalho acaba
acontecendo quando de fato, o assistente social está empenhado em modificar a
realidade dos usuários e esta mudança passa a ser notada por outros profissionais.
De acordo com Netto (Apud GUERRA, 2009, p. 4), “Sabe-se que a funcionalidade, o
reconhecimento e a utilidade social da profissão estão na capacidade de o
profissional modificar algumas variáveis do contexto social dos usuários, buscando
alterá-lo, ainda que momentaneamente”.
O Serviço Social na sua identidade e formação profissional tem o
compromisso ético e político de zelar e defender os direitos das crianças e
adolescentes e trazer a família para a reflexão sobre o abandono e evasão escolar.

34
O clube formador tem que ter compromisso ético com a legislação e promover
garantias, com a educação como proposta de plano de carreira. A assistente social
atua neste cenário para intervir nas relações e erradicar práticas dolosas que
ocorrem no cotidiano do processo de formação neste esporte dentro dos clubes.

O assistente social na formação do atleta tem um papel de fundamental


importância uma vez que, através do contato diário com os usuários na
prática profissional, é possível que construa um conhecimento acerca da
realidade com respeito aos sujeitos e a seus interesses, englobando e tendo
visão geral, abrangente, sobre aspectos econômicos, afetivos, sociais entre
outros. (TRINDADE, 2016, p. 1):

De acordo com a Lei 9.615/1998 que institui normas gerais sobre desporto e
dá outras providências, também conhecida como lei Pelé, para que a entidade de
prática desportiva seja reconhecida como formadora de atletas, esta precisa, além
de outros requisitos: garantir assistência educacional, psicológica, médica e
odontológica, assim como alimentação, transporte e convivência familiar.
O assistente social dentro dos clubes formadores de atletas das categorias
de base do futebol trabalha para garantir todos os direitos dos atletas, pautados no
ECA, CF, Lei Pelé, Manual de formação profissional desportiva do MPT e o Código
de ética do Assistente Social, bem como proporcionando ações legitimas que
fortaleçam a manutenção dos vínculos familiares.
O Serviço Social reconhece a necessidade de uma ação preventiva
direcionada aos atletas em formação,

[...] O serviço social ligado ao esporte é uma forma de preparar os


jogadores para a carreira e para depois da carreira. Eles precisam ser
inseridos no contexto social para entenderem as transformações que terão
na vida e para saberem aproveitar isso. (COSTA, 2005, pg 13):

Portanto, a intervenção profissional necessita ser realizado nas categorias de


base, pois, muitos não chegam a se profissionalizarem. Quando chegam na idade
de se tornarem atletas profissionais do futebol, nem sempre estão inseridos nos
clubes.
Alguns desistem desta carreira, além de ser uma carreira relativamente curta, a
qual não é exigida formação escolar após os 18 anos completos, cabe à todos
responsáveis por esta formação, começando pelos familiares sobre os desafios
desta realidade social e enxergar outras possibilidades no futuro.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A paixão pelo futebol é perpetuada na infância, o que gera uma identificação e,


consequentemente, o sonho de ser um jogador de futebol profissional. Esta
identificação somada ao sentimento de pertencimento a um grupo social produz um
significado e dá sentido ao que foi idealizado. Esse processo pode ser associado à
cultura brasileira, que se reconhece enquanto país do futebol. A devoção é a mesma
que por uma religião, por esse motivo o futebol é considerado um fenômeno de
massas.
Este sonho de ser jogador de futebol sofre influência da mídia, da cultura
brasileira, é estimulado pela família e está vinculado ao processo de identificação
com o clube e com o jogador.
A prática de esporte por crianças e adolescentes, não importando a
modalidade ou categoria, deve estar amparada nos princípios da prioridade absoluta
e da proteção integral. Deve também respeitar a construção da autodeterminação e
da autonomia inerentes à condição de sujeitos de direitos, em concordância com a
peculiaridade de seu desenvolvimento.
Existem alguns fatores que merecem reflexões no mundo do futebol, a
importância da escolarização o papel das famílias e dos clubes formadores, os
direitos fundamentais e desportivos avançaram e fortalecem a importância da
escolarização e dos deveres jurídicos da família e dos clubes formadores.
Cabe a todos que representam o educando e o atleta do futebol, trazer esses
questionamentos e reflexões. É preciso avançar no reconhecimento dos direitos,
dessas famílias e dos adolescentes, no sentido de planejar programas temáticos
específicos sobre as diferentes expressões. Para que possam se reconhecerem
como sujeitos sociais e não seres alienados que veem na bola seu único
instrumento de libertação.
Identificarem que essa profissão tem pouco tempo de duração no mercado de
trabalho, no mundo do futebol e que nem todos farão parte dos afortunados da bola.
O desafio de desmitificar esse cenário midiático e promover espaço de
discussão com as famílias, educandos, atletas e gestores dos clubes para que a
formação desportiva possa fortalecer primeiramente a identidade de cidadão e que
se reconheçam como sujeitos e não meros produtos do esporte.

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Gerar propostas de incentivo a essa formação estruturada na realidade de
possibilidades e impossibilidades que a profissão de atleta profissional de futebol
traz no seu contexto histórico.
Orientá-los que a escolarização dará subsídios para um segundo plano
profissional na área esportiva caso não consigam realizarem seus sonhos e de seus
familiares.
A inserção de assistentes sociais nas categorias de base do futebol vem ao
encontro das luta pela ampliação das condições de acesso aos direitos das crianças
e dos adolescentes como institui o Estatuto da Criança e do Adolescente, tendo em
vista que, as categorias de base são nada mais nada menos que, uma reserva para
a categoria profissional dos clubes de futebol. É nesta dinâmica contraditória que se
inscrevem os assistentes sociais nestes espaços.
Desta forma, o trabalho do profissional assistente social nas categorias de
base do futebol são atividades que englobam ações junto às famílias, comissão
técnica, psicologia do esporte, pedagogia, médicos, supervisores, gerentes e toda
rede que compõem esta formação, assim como outros gestores e gestoras dos
estabelecimentos públicos e privados, às instâncias de controle social e aos
movimentos sociais, ou seja, ações coletivas, de investigação, de articulação, de
formação e capacitação profissional, não são somente ações individuais.
Na medida em que a prática da assistente social possui diferentes olhares,
tendo o desafio de trabalhar sempre na perspectiva da totalidade. Para isto, ressalta-
se a importância de o profissional ter competência teórica e política as quais
permitam que este desenvolva estratégias e procedimentos de ação em diferentes
espaços sócios ocupacionais.
Atualmente no futebol brasileiro tem aproximadamente 45 assistentes sociais
trabalhando, sendo um avanço para a profissão, mas ainda temos um desafio que é
tornar obrigatoriedade a sua contratação através das Leis Desportivas.
Legitimando nosso espaço e fortalecendo o principio ético profissional do
assistente social no compromisso com a defesa e proteção integral dos direitos das
crianças e adolescentes brasileiras.

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