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01/09/23, 00:28 Moçambique: hospital público ou clínica privada?

MOÇAMBIQUE

Moçambique: hospital público ou clínica privada?


Há 4 Horas

Alfredo Júnior

Depois dos relatos do impacto da greve no sector de saúde, os utentes vão regressando
timidamente aos hospitais públicos. Mas para António Mathe, do Observatório do Cidadão
para a Saúde, a paralisação laboral aumentou a falta de confiança dos moçambicanos nos
serviços públicos saúde.

MAPUTO — Os níveis de confiança dos serviços de saúde público em Moçambique


reduziram depois da greve dos médicos e profissionais de saúde que se registou
recentemente e veio agravar a situação que já se verificava, segundo considerou António
Mathe, do Observatório do Cidadão Para Saúde. Porém, o Director Clínico do Hospital
Central de Maputo, António de Assis, considerou que não há razões para tal tendo em
conta que todos funcionários e médicos regressaram aos seus postos de trabalho.

Os serviços públicos de saúde em Mocambique estiveram à beira do colapso na sequência


da greve por 46 dias protagonizada pelos médicos, bem como devido a paralização das
actividades por parte do outros profissionais deste sector, enfermeiros, serventes,
anestesistas, motoristas entre outros.

A retoma do atendimento nos mais variados hospitais moçambicanos tende a regressar à


normalidade, ainda que os intentes reclamem da morosidade na prestação destes
serviços, segundo cidadãos ouvidos pela VOA em alguns unidades sanitárias da capital do
país.

Depois dos relatos do impacto da greve no sector de saúde, os utentes vão regressando
timidamente aos hospitais públicos. Contudo para António Mathe, do Observatório do
Cidadão para a Saúde, a paralisação recente aumentou a falta de confiança dos
moçambicanos pelos serviços públicos saúde.

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“Alertamos sobre a falta de material médico cirúrgico e outros insumos hospitalares e


reportamos sobre urgentes que tinham que recorrer a fundos próprios para poder
adquirir seringas e agulhas porque o próprio hospital não tinha isso disponível, então esse
é um sinal de crise."

Mathe acrescenta que com o retorno ao trabalho normal dos profissionais do sector de
saúde isto acaba por criar um grande embaraço para os cidadãos que antes já não tinham
confiança nos serviços nacionais de saúde e agora o nível de confiança vai se tornando
mais crítico. Uma questão que torna a situação mais preocupantes é que neste período em
que se verificou a greve houve muita a questão de morosidade no atendimento,
remarcação de consultas e de urgentes que tinham que sacrificar entre alimentar-se ou
ter acesso a medicamentos tiveram que recorrer a empréstimos e dívidas para recorrer à
clínica privadas”, sublinha António Mathe.

António de Assis, Director Clínico da maior unidade sanitária do país, o Hospital Central
de Maputo, diz não haver motivos para haver falta de continuidade dos serviços públicos
de saúde, considerando que a maioria, se não a totalidade dos funcionários de saúde e
médicos regressaram aos seus postos.

“Nós recebemos os nossos colegas de volta, temos os serviços de urgência que durante
estes dias trabalhavam com menos médicos, imaginem que para uma equipa que
precisavava de cinco médicos e trabalhava com três, agora temos todas equipas médicas
completas não só nos serviços de urgência de adultos, como no serviços de urgência
pediátricos”, disse Assis.

Sem recursos para usar clínica privada

A maioria dos cidadãos vêem-se sem recursos para recorrer aos serviços de saúde
proporcionados por hospitais ou clínicas privadas, daí que Manuel Cumbane, que aguarda
pelos resultados de análises para uma intervenção cirúrgica, apela a intervenção do
Governo para responder ao exigido pelos profissionais de saúde, de modo a que o
atendimento nos hospitais públicos melhore.

“Realmente o Governo tem que fazer alguma coisa. Tem que resolver isto. Não precisava
que o Chefe de Estado intervisse, o Governo teria entrado em conversações com os mé
dicos e chegar a um consenso e resolver isto de uma vez por todas”, disse Manuel
Cumbana.

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António Cumbana sublinha que grande parte da população moçambicana não tem
recursos para optar pelo tratamento em clínicas privadas.

“Temos uma grande parte da população moçambicana que depende dos serviços públicos
para resolver os seus problemas de saúde, sabemos que temos ao nível da resposta do
Governo através do Ministerio da Saúde estes desafios, ainda temos uma fraca cobertura
das unidades sanitárias ao nível do país que não respondem cabalmente aos anseios e
desafios do acesso ao serviço de saúde públicos”, disse Mathe.

Apesar da falta de confiança nos serviços de saúde pública, a médica em serviço, Manuela
Ribeiro, apela para que as famílias levem os doentes para os hospitais públicos.

“Toda família que tem um doente em casa que não permaneça em casa porque nós
estamos aqui para garantir que todo utente que se faça à unidade sanitária seja atendido,
realmente temos está situação mas nós garantimos assistência médica”, disse a médica.

Enquanto isso, prosseguem as negociações entre o Governo, médicos e profissionais de


saúde para ultrapassar as questões que levaram a greve neste sector importante para a
vida do país.

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