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Termos de referência para o recrutamento de um consultor para

realizar a avaliação final do projecto:


"Gestão da dor e cuidados paliativos: reforço da capacidade dos actores da sociedade civil para um
acesso mais fácil dos doentes a cuidados domiciliários de qualidade.»

DSF – Missão Moçambique

Douleurs Sans Frontières obteve financiamento da Agência Francesa de Desenvolvimento para realizar
um projecto plurianual para a melhoria da gestão da dor e o desenvolvimento de cuidados paliativos
domiciliários em Moçambique. A duração do projecto é de 3 anos (Julho 2017- Junho 2020). O projecto
termina, portanto, em 30 de Junho de 2020 e é necessária uma avaliação final. Esta avaliação deve
permitir assegurar informações objetivas sobre a utilização adequada dos fundos disponibilizados,
analisar os efeitos e impactos do projecto sobre os beneficiários, com vista a retirar ensinamentos
relevantes para um possível desenvolvimento das intervenções da DSF no terreno e promover um
diálogo reforçado com os seus parceiros. O seu principal objectivo é formular um parecer independente
e fundamentado sobre os financiamentos concedidos pela AFD em termos das alterações produzidas em
resultado da intervenção.

1. Descrição do projeto a ser avaliado

1.1 Contexto

Localizado na África Austral, Moçambique ganhou a independência em 1975. 16 anos de guerra civil
dilaceraram o país e enfraqueceram gravemente as instituições públicas, incluindo o sector da saúde. É
ainda considerado um dos países mais pobres do mundo com um baixo IDH (0,416) no ranking 180º do
mundo1.

A epidemia de SIDA no país está a limitar severamente a capacidade de desenvolvimento do país.


Apesar dos muitos esforços e decisões tomadas pelo Governo, a situação contínua alarmante. A taxa de
novas infeções continua a aumentar (120.000 novos casos em 2013). Segundo o INSIDA, existem
grandes diferenças regionais nas taxas de incidência na população de 15-49 anos com uma incidência
muito maior no Sul de Moçambique, particularmente na Província de Gaza (25,1%) onde o DSF decidiu
implementar o seu projecto.
O sistema de saúde de Moçambique é extremamente fraco, com uma rede de estabelecimentos de
saúde que cobre apenas cerca de metade da população, privando assim uma grande parte da
população, especialmente a população rural, do acesso à saúde e a cuidados de qualidade. Os
profissionais de saúde qualificados estão em grande parte com falta de pessoal nas unidades sanitárias e
frequentemente mal distribuídos pelo país (bastante concentrados em áreas urbanas). Assim, a
província de Gaza tem uma média de 1,3 médicos por cada 10.000 habitantes, o distrito de Xai-Xai tem
uma relação centro de
saúde/habitante de 1 por 22.500. Finalmente, os estabelecimentos de referência são insuficientes e não
permitem um acompanhamento eficaz dos doentes. A estas dificuldades acresce o problema do acesso
aos centros de saúde, sejam eles geográficos, financeiros ou socioculturais.
Além disso, o país entrou em 2016 numa crise financeira e política que levou a uma inflação elevada (de
10,5% para 26,8% em menos de um ano). Esta crise está a ter um impacto ainda maior nas populações
rurais marginalizadas, cujo poder de compra está a diminuir drasticamente.
Finalmente, Moçambique sofre regularmente de desastres naturais como as cheias de 2013 que
afeitaram mais de 100.000 pessoas na província de Gaza, ou a grande seca provocada pelo El Nino que
mais uma vez afeita a vida das famílias e o preço dos produtos básicos (em alta).
O trabalho realizado nos últimos anos pela DSF e seus parceiros tornou possível melhorar o acesso das
populações rurais aos cuidados de saúde e a qualidade dos seus cuidados. Desde 2009, foi estabelecido
um sistema de atendimento da dor e cuidados paliativos para pacientes atendidos em casa nos distritos
de Chibuto, Distrito de Xai-Xai, Cidade de Xai-Xai, Guijá, Chókwè e Massingir, localizados na província de
Gaza, bem como Consultas de Dor nos hospitais rurais de Chibuto, Chicumbane e no Hospital Provincial
de Xai-Xai. Assim, mais de 9.746 pacientes foram acompanhados durante os últimos 3 anos. Destes
9.746 pacientes da rede SADi, 68% são mulheres e 83% são portadores de HIV/AIDS. A avaliação final da
Fase II do projeto destacou a cobertura limitada da população (limites geográficos, número limitado de
activistas) e a dificuldade de capacitação das associações responsáveis pelos activistas (pagamento de
uma compensação imposta pelo governo).
No entanto, ao mesmo tempo, há uma verdadeira necessidade de consultas sobre dor. Tendo em conta
este sucesso, as autoridades pretendem, portanto, alargar este serviço inovador a outros hospitais rurais
nos distritos em que a rede SADI já se encontra implementada. Finalmente, pode-se ver que a advocacia
está começando a dar frutos e os centros de saúde estão se tornando mais conscientes da dor e de CP.
Estas várias observações levaram a DSF a desenvolver esta fase final, respondendo às várias solicitações
feitas durante a avaliação anterior.

1.2 Áreas geográficas da acção

O projecto está a ser implementado na Província de Maputo e Gaza, particularmente nos Distritos de
Xai- Xai, Chókwè, Chibuto, Chicumbane, Massingir, Guijá e na Cidade de Xai-Xai.

1.3 Parceiros principais

MOPCA : é a associação moçambicana de referência em cuidados paliativos e colabora activamente com


o DSF para o avanço das estratégias nacionais no campo da dor e CP. É responsável pela implementação
operacional e comunitária da Acção nos Distritos da Província de Gaza.
Kulima : é uma associação moçambicana especializada no desenvolvimento rural e comunitário. É
parceira da DSF na implementação de Actividades Geradoras de Rendimento (AGR), formação e
monitorização de associações comunitárias parceiras.
Unidade da Dor do Hospital Central de Maputo (HCM): A DSF foi a força motriz por trás da criação
desta Unidade em 2007, que foi integrada com sucesso no organograma do HCM.
É responsável pela formação de profissionais de saúde em Gaza e pelo reforço das consultas de dor no
Hospital Provincial de Xai-Xai, Hospital Rural de Chibuto e Chicumbane.
Faculdade de Medicina : A DSF mantém boas relações com esta Faculdade, que disponibiliza
regularmente a sua logística à DSF e à UdD para cursos de formação.
A DPS de Gaza e as SDSMAS dos 6 distritos onde serão realizadas as ações deste projeto: Nossa
colaboração desde 2006, visa otimizar a intervenção e o impacto no campo da saúde e melhorar o
acesso aos cuidados de saúde de qualidade para o maior número de habitantes da província.
6 associações comunitárias são parceiras neste projecto: Eles estão em contato direto com os pacientes
que identificam e referem-se às Unidades de Saúde antes de acompanhá-los às suas casas no dia-a-dia.
Autoridades Locais de Saúde: são responsáveis pela supervisão, monitorização e avaliação do sistema
integrado de cuidados domiciliários e cuidados paliativos.

1.4 Grupos-alvo pretendidos: natureza, número...

Beneficiários diretos: 6.200 pacientes com doenças crónicas, incluindo HIV, e seus familiares; 3.900
pacientes tratados nas 5 Consultas de Dor; 75 profissionais de saúde; 5 Enfermeiros/Supervisores
MOPCA; 86 Activistas; 30 médicos tradicionais; 1 estudante do Instituto ESNEC.

Beneficiários indiretos: Actores na vida económica de Moçambique, a população dos seis distritos
envolvidos (970.000 habitantes), a população de Moçambique.

1.5 Objectivos e Resultados Esperados

Objetivo global :

O fortalecimento da gestão da dor e cuidados paliativos, articulados entre os actores da saúde


institucionais e da sociedade civil a nível central, provincial e distrital, está a melhorar o acesso
sustentável a cuidados de qualidade para os doentes que sofrem de HIV/SIDA e outras doenças crónicas
em Moçambique.

Objetivos especificos :

1/ A sustentabilidade da rede SADi e das Consultas de Dor presentes nos 6 Distritos da Província
de Gaza está assegurada para continuar a melhorar o acesso a cuidados de saúde de qualidade
para a população que vive em zonas rurais remotas.
2/ A continuidade das acções de advocacia a nível Nacional, Provincial e Distrital é assegurada
de modo a formalizar o reconhecimento pelo governo da importância do atendimento da dor e
dos cuidados paliativos no sistema de saúde em Moçambique.

Resultados esperados :

1. A sustentabilidade da rede SADi e das CdD presentes nos 6 Distritos da Província de Gaza está
assegurada para continuar a melhorar o acesso a cuidados de saúde de qualidade para a
população que vive em zonas rurais isoladas.

1_1: A rede de cuidados domiciliários integrados existente é mantida nos 6 distritos da província de Gaza.
1_2: As capacidades de desenvolvimento e governança das 6 associações comunitárias que já são
parceiras são reforçadas.
1_3: As Consultas de Dor dos Hospitais Provinciais e Rurais de Xai-Xai, Chibuto e Chicumbane são
mantidas e tornam-se autónomas.

1_4: A iniciativa do governo de abrir duas consultas de dor nos hospitais rurais dos distritos de Chokwé e
Massingir é encorajada e apoiada.

2. A continuidade das acções de advocacia a nível Nacional, Provincial e Distrital é assegurada de


modo a formalizar o reconhecimento pelo governo da importância da dor do cuidado paliativo
no sistema de saúde moçambicano.

2-1: A rede MOPCA é fortalecida na sua governação e o seu papel na gestão da dor e dos CP é
reconhecido a nível distrital, provincial e nacional.

2_2: O Ministério da Saúde reconhece a importância da dor e da gestão do CP e integra-os no seu


sistema de saúde

2. Conteúdo do trabalho de avaliação

O objectivo geral da avaliação final é medir da forma mais abrangente possível o nível de resultados
obtidos e os objectivos específicos e globais alcançados em relação aos inicialmente previstos pelo
projecto.

Especificamente, a avaliação deve:


- Analisar as actividades implementadas, os resultados alcançados e os progressos alcançados;
- Identificar quaisquer problemas relacionados com o planeamento, implementação,
monitorização e as várias ferramentas de gestão operacional implementadas;
- Analisar os pontos fortes e fracos das estratégias de intervenção implementadas;
- Avaliar o nível de apropriação de conhecimentos e práticas das populações alvo em termos de
gestão da dor;
- Estimar o impacto das ações realizadas durante o projeto e identificar;
- Analisar o impacto do projeto sobre as instituições parceiras;
- Identificar as restrições internas e externas que possam ter tido impacto nos resultados
esperados do projecto.
- Analisar o impacto da consideração das questões transversais relacionadas com: género, juventude,
biodiversidade/clima; na implementação global do projecto.

O trabalho de avaliação incluirá os seguintes componentes:

2.1 Elaboração de um balanço global do projecto avaliado

O consultor terá de estabelecer uma avaliação global e objetiva das acções do projecto desde o seu
início. Esta etapa deve permitir-lhe ter um conhecimento preciso e detalhado do projecto, da sua
evolução e do seu contexto.
Para este fim, ele terá, em particular, de:
- Reunir e consultar todas as informações e documentos relativos ao projecto avaliado e estudar
o quadro lógico da intervenção (finalidade, objectivos específicos, realizações, indicadores de
acompanhamento e pressupostos críticos), de modo a adquirir um bom conhecimento do
mesmo. Os documentos a serem consultados estarão disponíveis na coordenação do projeto.
- Realizar entrevistas com as pessoas envolvidas ou que tenham estado envolvidas na
concepção, gestão e supervisão do projecto.

2.2 Realização de uma análise avaliativa

Com base nas conclusões e informações disponíveis, o consultor terá de avaliar o desempenho do
projecto em função dos seguintes cinco critérios: relevância, eficácia, eficiência, impacto,
sustentabilidade. Para cada um destes critérios, são recomendadas as seguintes diretrizes de avaliação.
Caberá ao consultor especificá-los e completá-los, tendo em conta que esta é uma avaliação final
centrada principalmente nos cinco critérios acima mencionados.

 Relevância

A relevância examina a adequação da ação realizada em relação aos objetivos e questões determinados
no início em relação às necessidades e problemas identificados.
Como tal, o consultor irá examinar a correspondência do projecto com:
- As reais necessidades e expectativas dos beneficiários (pacientes e profissionais de saúde);
- As orientações nacionais no domínio da saúde (acesso aos serviços, programas nacionais,
formação de profissionais, etc.);
- As estratégias e intervenções de outras partes interessadas, incluindo estruturas de saúde,
instituições de formação e associações e sociedades médicas parceiras.

Esta análise será completada por uma avaliação de:


- A coerência interna do projecto (concordância dos vários meios e instrumentos mobilizados
para contribuir para a realização dos objectivos),
- A coerência externa do projeto (coerência com as ações empreendidas por outros atores:
faculdades, ONGs, prestadores de serviços...).

 Eficiência

A eficiência examina a relação entre os meios implementados e os seus custos, por um lado, e os
resultados financiados, por outro.
A avaliação realizada pelo consultor deve tornar possível:
- Avaliar se os recursos necessários foram de facto postos em prática, dentro do prazo e ao
menor custo.
- Para analisar quaisquer atrasos e ultrapassagens observadas.

 Eficácia

A eficácia avalia em que medida os objectivos do projecto (técnicos, financeiros, institucionais, etc.) foram
alcançados, bem como os seus possíveis efeitos não intencionais (positivos ou negativos).
Inclui:
- Uma comparação dos resultados esperados e reais do projeto,
- Uma análise das discrepâncias encontradas.
 Impacto

Neste caso, o consultor analisará principalmente os efeitos imediatos sobre os actores envolvidos e, em
particular, sobre os beneficiários finais, que podem ser razoavelmente atribuídos, em parte ou na
totalidade, à acção avaliada.
Quando apropriado, o consultor avaliará as perspetivas de efeitos a longo prazo.
A análise deve referir-se, tanto quanto possível, a indicadores de resultados quantificáveis. Para isso, o
consultor processará as informações relevantes do sistema de monitoramento do projeto e verificará
seus dados através da coleta de dados in situ.
No entanto, esta análise será completada, se necessário, por uma avaliação qualitativa dos impactos.
As questões transversais de género, juventude e biodiversidade/clima deverão ser tidas em conta na
análise fornecida.

Para informação: as questões transversais são descritas no guia metodológico da AFD. Este guia está
disponível em seu site ou pode ser fornecido a pedido do consultor selecionado.

 Viabilidade/sustentabilidade

O consultor examinará se a realização dos objectivos e os resultados e impactos obtidos são susceptíveis
de ser sustentáveis, ou mesmo de aumentar, a longo prazo e, em caso afirmativo, em que condições.

3. Organização da avaliação

3.1 Competências necessárias para realizar a avaliação

As competências necessárias para realizar esta avaliação são:


- Conhecimento profissional e experiência em avaliação,
- Experiência em gestão de projectos de desenvolvimento
- Conhecimentos técnicos e experiência na área da saúde pública
- O conhecimento do contexto e do sistema de saúde em Moçambique seria uma vantagem;
- Conhecimentos de informática (Word, Excel, Access, Internet).

3.2 Duração da avaliação

O tempo total necessário para completar esta avaliação é estimado em 24 a 30 dias úteis.
Inclui nomeadamente uma reunião de lançamento (em Maputo ou Paris), uma missão de avaliação no
terreno (estimada entre 10 e 14 dias úteis a realizar de 1 a 17 de Abril de 2020), uma reunião para
restituir as conclusões do consultor em Maputo, na presença dos parceiros envolvidos no projecto. A
apresentação dos primeiros resultados da pesquisa está prevista para 30 de Abril de 2020. O relatório
final da avaliação deve ser apresentado a DSF até 15 de Maio de 2020, o mais tardar.
O serviço será iniciado após a assinatura do contrato entre o consultor e a DSF.

3.3 Documentos a serem apresentados por consultores

Os consultores convidados para licitar deverão fornecer o seguinte:


 Uma proposta técnica que inclui:
- Uma nota de compreensão dos termos de referência e apresentação da metodologia utilizada;
- As referências e experiência do consultor,
- O calendário provisório de intervenção.

 Uma oferta financeira incluindo o orçamento global (excluindo impostos e todos os impostos
incluídos) e preços detalhados (taxas, ajudas de custo, transporte...).

Para informação: orçamento limitado.

4. Produtos esperados

 A restituição dos primeiros resultados da avaliação ao nível do escritório nacional da DSF


em Moçambique;
 Um relatório final provisório a ser produzido no final do trabalho do consultor.
 O relatório final, incorporando quaisquer comentários da DSF, deve estar disponível no
prazo de 15 dias após o recebimento dos comentários. Se esses comentários
expressarem diferenças de apreciação não compartilhadas pelo consultor, podem ser
anexados ao relatório final e comentados pelo consultor.
 Um resumo do relatório final.

O relatório final permanecerá propriedade da DSF, o que garantirá a sua divulgação.

5. Termos e condições de envio

Os candidatos (estruturas ou pessoas independentes) interessados em submeter uma proposta para


esta avaliação devem enviar seu arquivo por e-mail para: recrutement@douleurs.org

O prazo para apresentação de documentos de concurso é 29 de Fevereiro de 2020 às 17:00 horas.

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