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ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ENFERMEIROS DE MOÇAMBIQUE

CADERNO REINVINDICATIVO
DOS ENFERMEIROS

04 de Novembro de 2022
CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO

No âmbito do processo de revisão da Lei no 5/2022 de 14 de Fevereiro que define as


regras e os critérios para fixação de salário e remuneração dos serviços públicos, dos
titulares ou membros de órgão publico e dos titulares dos membros dos órgãos de
Administração da Justiça e que aprova a Tabela Salarial Única (TSU), O Conselho de
Direção da ANEMO, OEMo, APARMO e diversas organizações sócio profissionais,
participaram num encontro de socialização da proposta de revisão dos critérios de
enquadramento na TSU no dia 26 de agosto de 2022.

Neste encontro chegou-se ao consenso e acordo relativamente a uma proposta de


critérios de enquadramento muito diferente dos decretos recentemente aprovados pelo
Conselho de Ministros (Decretos no 50 a 55 de 14 de outubro de 2022).

Portanto, face a essas incongruências, o conselho da direção da ANEMO, APARMO e


OEMo solicitou um esclarecimento dos critérios e níveis de enquadramento que passaram
a vigorar às suas Excelências o Primeiro Ministro, Ministro da Saúde, Economia e
Finanças, Administração Estatal e Função Publica.

Após a obtenção deste esclarecimento, o conselho da direção da ANEMO, APARMO e


OEMo enviará uma carta no dia 28 de outubro a S. Excia Ministro da Saúde para um
encontro. No entanto, o encontro realizado no dia 1 de novembro de 2022, onde estiveram
presentes os sindicatos acima citados, Diretores Nacionais de Recursos Humanos e
Diretor Nacional do Gabinete Jurídico do MISAU, referentes a questão relacionadas ao
enquadramento de funcionários e quantitativos de suplementos dos servidores públicos,
e obteve-se como respostas os seguintes termos:

• O Governo reconhece incoerências sendo que decorrem correções no sentido de


estabelecer um equilíbrio nestas grandes diferenças;
• O governo responde ainda que o processo de harmonização de salários da
administração publica, o percentual de subsídios foi reduzido para incrementar o
salário base, refletindo como vantagem na aposentação e não ter grande redução
no 13o.

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CAPÍTULO II. FUNDAMENTAÇÃO
No presente ano, a ANEMO solicitou a intervenção do Digníssimo Provedor de Justiça,
porém, o MISAU e o MEF têm usado sempre de subterfúgios para não cumprirem com a
Lei.
Em Junho deste ano, o MISAU iniciou o processo de revisão unilateral do EMAPU, onde
retirou os direitos aos suplementos e enquadramento adequado.
Adicionalmente, depois da submissão à Assembleia da República da proposta de Lei da
criação da Tabela Salarial Única (TSU), a ANEMO foi auscultada, informou e
fundamentou por escrito, os pontos que julgava pertinentes que tivessem sido ressalvados
na proposta de Lei, porém sem resposta satisfatória.

Com isso, leva a classe de enfermagem na realização de greve pela falta de resposta
satisfatória dos pontos referidos nos encontros. A falta de estatutos para suportar a classe
de enfermagem, a redução de valores nos salários sem explicação administrativa, o
enquadramento injustiçado, a redução de suplementos.

Sucede, pois que, no dia 14 de outubro de 2022, o Governo aprovou os decretos 50 a


55/2022, que colocam o nível 1 para carreira de apoio, nível 2 para a carreira de
Assistente técnico, nível 4 para carreira de técnico, nível 6 para carreira de Técnico
Profissional, nível 7 para carreira de Técnico especializado, nível 9 para carreira de
Técnico N2, nível 12 para carreira de Técnico N1 e nível 16 para carreira de
especialista. Adicionalmente, estes decretos reduziram os subsídios à que os enfermeiros
têm direito, designadamente:

• Subsídio de Risco: antes 30% para 5%.


• Subsídio de Turnidade: antes 15% para 7.5%.
• Subsídio de localização: antes 15% para 5%.
• Subsídio de casa para enfermeiros superiores em diante (CEDREPEM).
• Aprovação do estatuto dos enfermeiros (CEDREPEM).
• Pagamento de cargo de chefia e confiança devidamente enquadrado.

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CAPÍTULO II – DIRETRIZES DA GREVE
Sessão 1. Data e hora da greve
1. Data e hora da greve: de modo a nos distanciarmos de início da greve dos médicos,
os enfermeiros terão que marcar uma data divergente, a contar no dia 14 de
novembro de 2022, pelas 7:00 horas.

Sessão 2. Serviços/sectores e actividades abrangidos pela Greve

1. Serviços paralisados: A greve abrangerá todos os enfermeiros em serviço na


administração pública, em todo o território Nacional do Rovuma ao Maputo, da
Republica de Moçambique, afectos as Unidades Sanitárias Públicas e Instituições
subordinadas ao MISAU (Servições Provinciais de Saúde; Direcções Províncias
de Saúde; Serviços Distritais de Saúde, Mulher e Acção Social; Vereações
Municipais de Saúde; Instituto de Investigação; Instituições de formação de
Saúde; Centros de exames, Armazém de Medicamentos e artigos Médico-
cirúrgicos)
2. Actividades e sectores paralisadas pela Greve:
• Actividades de campanha de vacinação.
• Enfermeiros abrangidos nas consultas (em Hospitais Centrais, Províncias,
Distritais.
• Serviços de Pequena cirurgia.
• Enfermaria de Cirurgia/Medicina, Bloco operatório, com exceção de casos
de Urgência e UTI.
• Realização de pensos.
• Canalização Venosa Periférica e Central, excepto em emergências e
urgências.
• Colheita de Amostras sangue, urina, expetoração, fezes.
• Casa Morgue;
• Actividades de saúde publica, tutoria e supervisão de estágios;
• Unidade de Tratamento Ortopédico Ambulatório;
• PNCT.

Sessão 3. Serviços Mínimos


1. Os enfermeiros de cada sector deverão elaborar escalas, que assegurem a
prestação de serviços mínimos aos pacientes;

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• Serviços de Internamento, enfermarias.
• Serviços de Urgência (Banco de Socorro, Pequena Cirurgia e Traumatologia).
• Serviços de Reanimação de adultos e pediátricos.
• Serviços de Urgências de Genecologia, Salas de Parto e maternidades.
• Bloco operatório de urgências.

Sessão 4. Escalas de serviços mínimos por níveis de Hospitais.

1. Hospitais Centrais:
• Serviços de Internamento e enfermarias: 2 enfermeiros para a realização de
piquete e 1 enfermeiro para vela, em todas as enfermarias com internamento.
• Serviços de Urgências: 1 enfermeiro para cada serviço, nomeadamente B/S,
Traumatologia, pequena cirurgia.
• Serviços de reanimação de adultos e pediátricos: 1 enfermeiro para cada serviço,
nomeadamente adultos e pediátricos.
• Serviços de Urgências Ginecológicas, sala de parto: 1 enfermeiro para cada
serviço.
2. Hospitais Gerais Provinciais:
• Serviços de Urgências de adultos e pediátricos: 1 enfermeiro por sector.
• Bloco operatório de Urgências: 1 enfermeiro por especialidade.
• Urgências ginecológicas e sala de parto: 1 enfermeiro para cada serviço.
3. Hospitais Rurais e Distritais
• Serviços de Urgências de adultos e pediátricos: 1 enfermeiro por sector.
• Bloco operatório de Urgências: 1 enfermeiro por especialidade.
• Urgências maternidade: 1 enfermeiro.
4. Centros
• Serviços de CPN, CCR e PAV: 1 enfermeiro das 7:30 às 12:00 horas.
• Consultas de enfermagem: sem enfermeiros
• B/S: 1 enfermeiro por regime de turnos.
• Maternidade: 1 enfermeiro.
5. Postos de saúde
• 1 enfermeiro somente para piquete.

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Sessão 5. Enfermeiros na greve

5.1. Todos os enfermeiros afetos aos sectores/serviços abrangidos pela greve não
deverão se apresentar no local de trabalho;
5.2.Os enfermeiros não escalados para prestar serviços mínimos não deverão se
apresentar no local de trabalhos.
5.3.Os enfermeiros escalados para realização dos serviços mínimos, deverão se
apresentar nos seus respectivos locais de trabalho nos horários em que estiverem
escalados, de modo a garantir o atendimento aos pacientes;
5.4.Ao decorrer deste período a ANEMO, anunciara as actividades de carater social
ou reivindicativo para os enfermeiros em greve.

N.B.: A greve não terá uma data limite ate que o governo se pronuncie
relactivamente a Implementação da TSU e as condições e termos mencionados como
problemas.

Sessão 6. Comunicação

Durante o período da greve a comunicação sera feita sera feita pelo conselho diretivo da
ANEMO a nível nacional;

O conselho de Direção da ANEMO, indicara um porta voz por província e cada distrito,
que serão os responsáveis por partilhar as comunicações e orientações da ANEMO bem
como reforçar as principais incidências da greve.

a) Constituição dos aspectos a reportar:

- Em casos de ameaças e tentativas de Coação ou de impedimento ao exercício do


direito a greve.

- Incumprimento dos serviços mínimos dos enfermeiros escalados para o efeito, em


caso de incidentes, informar com antecedência.

- Contratação por substituição pelo empregador dos enfermeiros por causa dos
profissionais afectos pela greve, constituindo a violação no 8 do artigo 2002 da Lei do
trabalho.

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N.B.: Em caso de violação do exercício do direito a greve (previsto no artigo no
8/2002 na Lei de trabalho), paralisamos totalmente os serviços dos enfermeiros
em todos os Hospitais, e isso alterara as diretrizes aqui previstas.

Sessão 7. Considerações finais: Termino ou desconvocação da greve

Em concordância com o recomendado na reunião realizada pela ANEMO, OEMo,


ocorrido no dia 3 de novembro de 2022, o término da convocatória desta greve deverá ser
decidido em uma nova reunião nacional convocada pelo conselho de Direcção da
ANEMO, após a satisfação do caderno reivindicativo.

A Presidente do Conselho de Direcção

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Maria Olga Matavel

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I – O REINVENDICADO

Em 1 de Novembro de 2022 a Ordem dos Enfermeiros de Moçambique que integra a


Associação Nacional dos Enfermeiros de Moçambique – ANEMO, entregou o seu
Ministro da Saúde o seu caderno de reivindicações, o qual:

- em termos de diagnostico de situação, caracterizou os principais problemas laborais nos


domínios da Carreira de Enfermagem (desvalorização económica e social do trabalho dos
enfermeiros, a redução de subsídios de risco, subsidio de localização e de turnnidade, o
enquadramento injustiçado do enfermeiros elementares, médios, básicos, superiores,
mestrados e especialistas), entretanto, decorrente da implementação da Tabelaria salarial
Única surgem esses problemas, demonstrando assim a extrema desigualdade de níveis.

A ANEMO e a Ordem dos Enfermeiros de Mocambique, pronuncia-se em relação a


implementação da Tabela Salarial Única (TSU), suportadas pelos decretos Decreto no
50/2022, Decreto no 51/2022 e Decreto no 52/2022 que alteram os decretos Decreto no
29/2022 de 9 de Junho, no 31 e 32/2022, referentes aos aspectos de enquadramento de
funcionários e do regime e os quantitativos de suplementos dos servidores públicos, nos
seguintes termos:

A – Pela valorização económica e social do trabalho dos enfermeiros e


enquadramento dos enfermeiros.

Enquadramento:

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