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No ano de 2019, apenas 1 em cada 4 pessoas com restrições físicas, intelectuais, auditivas ou

visuais, estava empregada no Brasil, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios. Esse fator indica uma disparidade significativa em relação à taxa e acessibilidade ao
emprego da população sem e com deficiência e ressalta que há desafios na inclusão profissional
desses indivíduos no país. Dessa maneira, é possível analisar que não há um compromisso com a
inserção social dos deficientes devido a negligência do estado e o capacitismo, os quais são
obstáculos significativos ao analisar e compreender essa problemática.

Primeiramente, vale ressaltar que a Lei de Cotas para Deficientes, a qual garante a inclusão
de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, completou 30 anos de vigência em 2021.
Apesar dos avanços legais e das políticas públicas voltadas para essa inserção, na prática, pouco se
avançou já que das 7 milhões de pessoas com deficiência, somente 381.322 tiveram acesso às
vagas criadas. Sem a negligência do estado e com a correta fiscalização da legislação, cerca de 827
mil postos de trabalho estariam disponíveis a esse público, segundo o Ministério do Trabalho e
Previdência Social. Além disso, a negligência estatal também se manifesta na falta de acessibilidade
física necessária a pessoas com deficiência. Muitos locais de trabalho não possuem infraestrutura
adaptada, seja com a ausência de rampas, elevadores e escadas rolantes em estações de transporte
público, até sinalizações, banheiros e calçadas inadequadas. Esse déficit restringe as opções de
emprego desse indivíduo, impedindo- o de se deslocar de forma autônoma, dificultando o acesso e a
oportunidades de emprego.

Ademais, o capacitismo também representa um dos grandes obstáculos à inclusão de


pessoas com deficiência no mercado de trabalho. O termo "capacitismo" refere-se a uma forma de
discriminação baseada na ideia de que pessoas com deficiência são menos capazes, menos
produtivas ou menos valiosas do que as pessoas sem deficiência. Essa visão preconceituosa acaba
perpetuando estereótipos negativos e limitando as oportunidades desses indivíduos no ambiente
profissional. Dessa forma, o capacitismo é usado como”justificativa” na não contratação do
deficiente já que esse não seria um profissional qualificado. Entretanto, segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem quase três milhões de pessoas com
deficiência no país com ensino superior, mestrado e doutorado. A falta de conscientização e
formação adequada leva a atitudes discriminatórias e a uma cultura organizacional excludente no
trabalho.

Portanto, é possível analisar que o Estado negligencia a fiscalização e a aplicação rigorosa da


legislação, e consequentemente as empresas continuam operando sem cumprir as exigências da lei
justificada pelo capacitismo. Dessa maneira é necessário que o Governo Federal investe em
políticas públicas adequadas, que sejam fiscalizadas de maneira correta e apresentem adaptações
físicas e tecnológicas em seus espaços de trabalho, garantindo a acessibilidade para pessoas com
deficiência. Isso deve ser feito por meio de campanhas que conscientizem a população sobre o
capacitismo, com o intuito de superar os obstáculos e promover uma inclusão plena e igualitária no
mercado de trabalho para as pessoas com deficiência.

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