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Em outubro de 1988, a sociedade conheceu um dos documentos mais importantes da

história do Brasil: a Constituição Cidadã, cujo conteúdo assegura o direito à cidadania, à


educação e ao trabalho. Entretanto, a persistência do capacitismo no país impede que pessoas
com deficiência usufruam desse direito constitucional na prática. Com efeito, a solução do
problema pressupõe que se combata não só o preconceito estrutural, atrelado à falta de
informação, mas também a negligência do Estado.

Diante desse cenário, uma das causas da problemática que se destaca é o


desconhecimento da população a respeito do tema. Nessa perspectiva, as histórias em
quadrinhos “X-Men” retratam de forma metafórica, por meio de humanos mutantes, o modo
como a sociedade enxerga pessoas que não se encaixam no padrão de beleza midiático. Sob
essa ótica, a realidade não se afasta da ficção, afinal constantemente, devido à discriminação
enraizada, vemos pessoas com deficiência serem vítimas de piadas repugnantes e tidas como
aberrações à parte da sociedade. Com isso, enquanto não houver desconstrução dos padrões
estéticos, o resultado será indivíduos deficientes, lamentavelmente, sendo desrespeitados e
empurrados para os braços da autodepreciação.

Ademais, a omissão estatal também promove desserviço para a vida desses cidadãos
com necessidades especiais. Nesse sentido, segundo o IBGE, das mais de 17 milhões de
pessoas com deficiência no Brasil, cerca de 70% não concluiu o Ensino Médio e, dentre as
aptas ao trabalho, cerca de 72% não tem emprego. Sob esse viés, fica evidente que o esforço
do Governo é insuficiente, já que ele não cumpre seu papel básico de garantir qualidade de
vida, incluindo acesso ao conhecimento e à ocupação profissional, para toda a nação. Dessa
forma, se não houver uma maior atenção a esse grupo, ele continuará, inaceitavelmente,
excluído da comunidade brasileira.

Portanto, embora resolver os problemas da persistência do capacitismo no Brasil


pareça utópico, existem medidas para combatê-los. Para isso, a mídia, responsável pelo papel
social de informar, por meio de campanhas publicitárias e debates, deve unir especialistas e
grandes personalidades nacionais com deficiência. Tal ação terá a finalidade de levar
conhecimento à sociedade sobre as PcD e acabar de vez com o preconceito estrutural. Além
disso, o Governo, através de parcerias público-privadas, deve garantir que essas pessoas
tenham acesso à ambientes educacionais totalmente adaptados às necessidades delas e ao
ensino técnico profissionalizante, para adentrarem com mais facilidade o mercado de trabalho.
Somente dessa maneira, as pessoas com deficiência terão seu direito à cidadania, garantido
pela Constituição, de fato exercido, e se livrarão das amarras impiedosas que o preconceito
pode provocar.

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